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Para o Topo.

Blog - Página 13 de 95 - IberCultura Viva

04

out
2023

Em Governos Locais
Notícias

Por IberCultura

Começa em Barcelona a quarta atividade da iniciativa “Estratégias culturais para a participação cidadã” 

Em 04, out 2023 | Em Governos Locais, Notícias | Por IberCultura

Começou nesta terça-feira, 3 de outubro, a visita de estudo a Barcelona (Espanha), quarta atividade da Iniciativa de Cooperação Triangular (TIC) “Estratégias Culturais para a Participação Cidadã”, que se realiza no âmbito da Janela Adelante 2023.

As entidades beneficiárias da iniciativa são a Secretaria de Cultura, Recreação e Esportes de Bogotá (Colômbia) e a Diretoria de Cultura de Guadalajara (México). Tanto Bogotá quanto Guadalajara são municípios membros da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais.

A primeira sessão em Barcelona foi liderada por Trànsit Projectes, com a participação de #Plantauno por Mario Hinojos e Ángel Mestres, diretor de Trànsit Projectes.

O objetivo desta visita é conhecer experiências de agentes culturais espanhóis sobre o trabalho em projetos relacionados com os eixos e áreas de conhecimento das TIC a serem incorporados no modelo a ser criado com base na dimensão que irá articular os campos da cultura e desenvolvimento sustentável.

Também procura comparar as experiências e realizações de agentes culturais europeus com as de participantes na visita de estudo para identificar visões e estratégias que possam ser apropriadas e adaptadas ao trabalho que realizam em Guadalajara e Bogotá.

Por parte do México, participam da visita José Luis Coronado, diretor de Cultura Guadalajara e Luisa Velasquez, coordenadora de Cultura Comunitária. Participam também Diego Benhabib, coordenador do programa de Pontos de Cultura da Argentina; Alexandre Santini, presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), vinculada ao Ministério da Cultura do Brasil, e Sara Díez, técnica do Espaço Cultural Ibero-Americano.

A FCRB e o Ministério da Cultura da Argentina (por meio da Secretaria de Gestão Cultural) são as entidades ofertantes da iniciativa, junto com a Secretaria Geral Ibero-Americana (SEGIB)/ Programa IberCultura Viva. O projeto conta ainda com a colaboração do Mestrado e Doutorado em Gestão Cultural UDGVirtual (Universidade de Guadalajara).

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03

out
2023

Em Governos Locais
Notícias

Por IberCultura

Concepción realiza jornada participativa pelos direitos culturais

Em 03, out 2023 | Em Governos Locais, Notícias | Por IberCultura

 


Texto: Claudia Araya e Gerardo Daniel Padilla

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Nesta quinta-feira, 28 de setembro, no âmbito do processo de elaboração da Carta dos Direitos Culturais da Cidade de Concepción, no Chile, foi realizada uma jornada intensiva de revisão e elaboração conjunta da futura declaração local.

O exercício foi realizado em torno de duas sessões de trabalho; a primeira delas, com o Conselho Assessor de Cultura da Municipalidade, composto por representantes de instituições culturais locais, incluindo centros de desenvolvimento, espaços de expressão artística, museus e outros que promovem o fazer criativo na cidade. O encontro matutino foi dedicado à visualização e à construção de compromissos por parte das autoridades e instituições em torno da realização progressiva e garantia dos eixos temáticos, simbólicos e de ação que a Carta traça no seu Rascunho 1.0, sendo estes:

  1. Participação, contribuição e acesso
  2. Liberdade artística e desenvolvimento de habilidades criativas
  3. Memória, patrimônio e identidades
  4. Diversidade, equidade, inclusão, igualdade substantiva e interculturalidade
  5. Democracia cultural

Cabe destacar que os referidos eixos são produto da sistematização de um diagnóstico inicial ligado a este processo, que foi levantado a partir de consultas públicas e inquéritos aplicados aos cidadãos durante o primeiro semestre de 2023.

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A segunda sessão, na tarde do mesmo dia, ocorreu graças à participação de cerca de 30 agentes culturais, representantes da sociedade civil, artistas e organizações comunitárias, que, em torno de uma oficina participativa com moderação guiada, realizaram a identificação e delimitação de barreiras e necessidades que impedem o livre e pleno exercício dos direitos culturais e do direito à cidade.

Neste sentido, os/as participantes sugeriram possibilidades e oportunidades para instrumentar uma política pública a partir do local em termos de direitos humanos, abordando questões como o reconhecimento das pessoas trabalhadoras da cultura, sua proteção social ou seus direitos económicos; o acesso e o aproveitamento de espaços públicos para artistas que trabalham ao ar livre; o trabalho comunitário e a mediação cultural nos bairros, bem como vinculações, intercâmbios e outros trabalhos de promoção e exposição entre os diferentes territórios locais e seus respectivos talentos.

De ambos os espaços de desenho colaborativo foi possível recuperar uma série de ideias que permitirão concretizar a Carta, uma ferramenta inédita na República Chilena, que adianta, em sua versão preliminar, três premissas essenciais: 1) reconhecimento e agrupamento máximo dos direitos culturais até agora reconhecidos no país; 2) os sentidos de política pública para a sua garantia e, 3) a reivindicação da resposta autónoma, da resposta situada e do papel do localismo como elementos favoráveis ​​ao pleno desenvolvimento individual e da comunidade.

Agora, como mecanismo de democracia direta, até o último dia de outubro deste ano abre-se uma nova etapa de consulta, na qual o Rascunho 1.0 da Carta, alojado no wikidoc bit.ly/comenta-el-borrador-de-Carta, poderá receber comentários e contribuições gratuitas de agentes, comunidades, cidadãos e cidadãs que habitam a comuna para a sua melhoria e fortalecimento.

(*) Concepción é um dos municípios integrantes da Red IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais

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28

set
2023

Em GT de Sistematização
Notícias
Universidades

Por IberCultura

GT de Sistematização reúne-se para discutir projeto de criação de Rede de Universidades

Em 28, set 2023 | Em GT de Sistematização, Notícias, Universidades | Por IberCultura

Na sexta-feira, 22 de setembro, o Grupo de Trabalho de Sistematização e Divulgação de Práticas e Metodologias de Políticas Culturais de Base Comunitária (GT de Sistematização) se reuniu por videoconferência para discutir algumas pendências, além da proposta de criação da Rede de Universidades do IberCultura Viva, apresentada por membros do GT duas semanas antes. Doze pessoas participaram do encontro.

Marcelo Vitarelli (Argentina), que apresentou o projeto da Rede de Universidades junto com Elena Román (México), Paola de la Vega (Equador), Rocío Orozco (México), Daniel Zas (Argentina) e Francisca Jara Pájara (Chile), abriu o encontro lembrando algumas conquistas do GT, como a realização dos quatro seminários em 2022 e a recente edição do livro digital Desafios, debates e experiências sobre culturas comunitárias na Ibero-América (“uma importante carta de apresentação dos nossos espaços e que já circula pelas universidades e grupos comunitários”). Lembrou, ainda, que entre os principais objetivos do GT está promover a construção de uma Rede de Universidades vinculadas ao programa IberCultura Viva.

“Somos um grupo de colegas que se mantém curiosos, ativos e preocupados com a cultura comunitária. Cada um de nós tem um papel diferente na universidade, uns com mais representatividade institucional, outros menos, mas o importante é que estamos trabalhando com abertura para o assunto, e começamos a trabalhar questões operacionais: quais são as nossas ideias, o que temos feito, como nos vemos dentro das universidades… porque (a ideia) não é criar uma superestrutura, algo utópico, mas sim algo concreto que sirva também como uma ferramenta mais possível e possibilitadora”, comentou Vitarelli.

O projeto apresentado procura contribuir para o desenvolvimento da formação, da pesquisa, da gestão e do apoio aos diversos setores envolvidos na abordagem das culturas comunitárias nos territórios. Além disso, tem como objetivo fortalecer os laços de cooperação entre as universidades latino-americanas, os atores sociais dos territórios e os governos locais, construindo agendas comuns baseadas em um compromisso social, ético e político com as culturas comunitárias, sua gestão e as políticas culturais que as acompanham. 

O documento que o grupo entregou à Unidade Técnica reúne fundamentação, objetivos da rede, campos de atuação e uma apresentação de algumas das universidades que participaram da construção da proposta, para mostrar o que estão fazendo, “para mostrar que há um movimento de cultura comunitária dentro das universidades da América Latina”. “Somos professores universitários que trabalham com organizações de base, seja por meio de pesquisa, extensão ou gestão. Nós vamos e voltamos (às comunidades), conhecemos isso concretamente”, destacou Vitarelli.

A possibilidade de esta iniciativa proporcionar intercâmbios entre estudantes de vários territórios latino-americanos foi apontada por Rocío Orozco, que integra o coletivo mexicano CulturAula e participa do GT Sistematização por conta de um projeto de vinculação comunitária na Universidade Jesuíta de Guadalajara (ITESO), focada por um lado na formação e, por outro, no trabalho de base no bairro Mexicaltzingo. Para Orozco, que também participa da Escola de Artes da Secretaria de Cultura de Jalisco, esta rede poderia inclusive apoiar as atividades do 6º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que acontecerá em 2024 no México.

Elena Román, pesquisadora da Universidade Autônoma da Cidade do México (UACM), destacou o interesse do grupo em formalizar esta proposta de rede, e ver como podem fazer para que mais membros possam aderir, para que se fortaleça e se torne um organismo autônomo de várias maneiras. “Nós que estamos nesta configuração de rede também apostamos que é um trabalho de e para as pessoas que constituem esta rede. A rede tem que ser fluida, porque o que nos interessa é trabalhar. E sim, queremos que haja uma formalização do programa, pois esta era uma aposta do programa, e também para que possamos sustentar o nosso trabalho dentro das nossas instituições.”

Ricardo Klein, professor pesquisador do Departamento de Sociologia da Universidade de Valência (Espanha), parabenizou os/as colegas por esse esforço e chamou a atenção para que seja levado em conta o trabalho conjunto no âmbito ibero-americano, embora os primeiros membros desta proposta sejam de universidades da América Latina. Ele também pensa que seria bom amadurecer esse processo com as comunidades, conversando com os coletivos, para uma retroalimentação. Em seguida, Elena Román explicou que o documento foi criado justamente para que isso fosse formalizado e que depois trabalhariam em equipe. “Uma vez formalizado, podemos sentar-nos para fazer esse trabalho minucioso, real e concreto, porque sabemos que já há apoios”, afirmou.

A importância de pensar nessa ida e volta com as comunidades também foi defendida por Marcelo Vitarelli, que participa do GT Sistematização por seu trabalho na Universidade Nacional de San Luís, mas também é um dos membros fundadores da Rede de Universidades da Argentina para a Cultura Comunitária. Nos últimos cinco anos, a Universidade Nacional de San Luis vem trabalhando em conjunto com a Universidade Nacional de Córdoba e a Universidade Nacional do Litoral no que diz respeito às dimensões de formação, investigação e vínculos no campo problemático das culturas comunitárias do país. Atualmente, esta rede é formada por 14 universidades públicas da Argentina. “É formado por universidades e coletivos de base comunitária que estão dentro ou trabalham com as universidades”, destacou Vitarelli, destacando também o interesse de algumas dessas instituições em trabalhar de forma colaborativa com o IberCultura Viva.

Diego Benhabib, representante da Argentina no programa IberCultura Viva, parabenizou a todos/as pelo trabalho que vêm realizando e disse que a proposta de articulação da Rede de Universidades reflete um dos objetivos centrais do GT Sistematização. Ele também explicou que, tal como foi feito com o Grupo de Trabalho de Governos Locais, que nasceu em 2017 e em 2019 foi formalizado como Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, o processo de formalização da Rede de Universidades exigirá que haja uma assinatura e uma carta de adesão, para estabelecer um compromisso de participação institucional de universidades ou centros acadêmicos.

“Podemos trabalhar coletivamente neste documento, para que ele se adapte às diferentes realidades que temos na Ibero-América. (…) Claro que o nosso espírito e o nosso trabalho são abertos, mas a ideia é que a universidade ou espaço académico que queira participar nesta rede tenha que se comprometer com algumas questões, e por outro lado, definir quem é a pessoa .ou qual é a área que ficará responsável pela gestão operacional desses acordos”, detalhou.

Uma vez construído o instrumento para esta formalização, o tema será discutido no âmbito do Conselho intergovernamental do IberCultura Viva, que é o órgão de decisão sobre as diferentes iniciativas promovidas pelo programa. A intenção é poder incluir a proposta da Rede de Universidades no Plano Estratégico Trienal 2024-2026 que será elaborado nos próximos meses, além de refletir sua formação no Plano Operacional Anual 2024, para que esta instância possa ter recursos no orçamento do programa.

Manuel Trujillo, responsável técnico da presidência do IberCultura Viva, reforçou a importância de uma revisão conjunta do projeto, dos seus objetivos e necessidades, com a intenção de que no próximo ano possa ser aberto a mais participantes, para que mais instituições possam integrar-se e aderir e se possa trabalhar diretamente com as organizações. Neste sentido, deve ser desenvolvido um plano de trabalho para garantir o orçamento e o apoio institucional dos 12 países membros do Conselho Intergovernamental.

Para Elena Román, neste momento o mais importante é ter, por parte do programa, a ata de adesão. “Porque a nossa abordagem é muito clara: ‘sim, queremos trabalhar, seja como for’, mas há quem esteja nas instituições públicas, há quem não esteja. Há quem seja professor pesquisador em tempo integral, o que nos permite ter um tipo de negociação diferente, e há quem tenha uma estrutura muito hierárquica nas suas universidades”, comentou a pesquisadora da UACM, destacando que seria bom ter alguma flexibilidade nos parâmetros gerais de adesão à rede. “Assim que tivermos isso, poderemos saber quem vai estar lá, como vai ser, se as nossas universidades vão querer entrar e formalizar.”

A amplitude de possibilidades de adesão à rede foi citada por outros participantes da reunião, em diferentes contextos. Marcelo Vitarelli, por exemplo, responde como coordenador institucional da Universidade Nacional de San Luis para IberCultura Viva. Outros/as colegas do GT, no entanto, não contam com essa representação institucional. Por isso, o grupo defende que a carta de adesão permita a participação como universidade, mas de lugares diferentes, porque as instituições têm lógicas identitárias distintas. “Temos o nome de uma instituição em nossa representação, mas nem todos respondemos às políticas institucionais do mesmo lugar”, disse Vitarelli, oferecendo ajuda na revisão desta carta, para que ela seja redigida da melhor forma possível.

Daniel Zas mencionou o caso da Escola de Música Popular (Argentina), que junto com a Universidade de La Plata desenhou e executou a Tecnicatura em Música Popular. Ao falar das dificuldades que os projetos de extensão têm tido em receber recursos, perguntou como seria no caso da rede, como poderiam se unir a partir de cada cátedra ou criar um grupo de cátedras, pensando em outras possibilidades além do caminho direto da universidade para conseguir institucionalizar a rede. Um pouco antes, Zas havia mencionado as dificuldades que as organizações comunitárias estão passando, e questionado sobre a possibilidade de circulação de algum orçamento para apoiar atividades realizadas nos territórios.

Bárbara Vega, que ingressou no GT devido ao seu trabalho no Instituto Tecnológico de Sonora (México), também comentou que não está vinculada à universidade em tempo integral; ela trabalha por horas e por grupos especiais, mas sim, tem interesse em participar da rede. “Eu tinha comentado isso esta semana com o coordenador da área onde trabalho. Entendo que a universidade tem que se envolver, mas não sei exatamente o que eles precisam fazer ou o que eu precisaria pedir a eles, porque no final o trabalho da rede recairia sobre as pessoas que fazem parte dela, certo?”, indagou.

Rocío Orozco citou o seu caso, em que a Secretaria da Cultura de Jalisco tem sua própria licenciatura, e também manifestou sua preocupação com a adesão de universidades muito grandes, com muitos departamentos. “Se essas universidades não têm muita clareza sobre os benefícios que vão obter, não participam. Os benefícios devem ser muito claros e concisos nessa construção”, recomendou. Além disso, ela queria saber o que acontece com o orçamento do GT que não foi executado este ano e se seria possível utilizá-lo em algumas das ações que se propuseram iniciar, como a edição de um site.

Diego Benhabib explicou um pouco mais sobre as questões da institucionalidade, da participação no orçamento, e do grau de formalidade que existe e que exige a assinatura de autoridades. “Neste caso, vamos pedir a ajuda de vocês para reunir a estrutura institucional existente neste grupo de trabalho, para saber que tipo de institucionalidade têm e quem poderá assinar este instrumento para a adesão à rede. O reitor ou reitora da universidade, talvez um decano/a de determinada faculdade, poderia assinar a ata de adesão e comprometer-se a participar da rede. Vocês é que vão dizer que tipo de quadro institucional temos hoje disponível para pensar em uma ata de adesão viável”, afirmou.

Sobre o orçamento proposto por Daniel Zas e Rocío Orozco, Benhabib esclareceu que os recursos são destinados ao GT Sistematização e à produção realizada pelo grupo de trabalho. Ele afirmou ainda que o programa não costuma fazer repasses do fundo para uma universidade ou respectivas instituições. “Trabalhamos com projetos”, destacou. Quer dizer, os membros da Rede de Universidades deverão apresentar um projeto ou vários projetos que serão discutidos no plenário ou nas assembleias desta rede (que terá autonomia, mas com acompanhamento da Secretaria Técnica do IberCultura Viva). Uma vez definida a proposta, ela será levada ao programa como a proposta acordada para ser trabalhada durante aquele ano, já com o orçamento estabelecido.

“Não seria especificamente um projeto do IberCultura Viva, porque é basicamente de vocês. O trabalho que nos resta é pensar e começar a desenhar este instrumento de adesão, uma estruturação e regulação do que implica uma Rede de Universidades ou de espaços de formação e conhecimento”, resumiu o representante do governo argentino, que também sugeriu que o grupo tente sintetizar as diversas estruturas possíveis de participação institucional, com a correspondente autoridade e assinatura institucional.

Benhabib mencionou ainda a possibilidade de o programa continuar com o Grupo de Trabalho de Sistematização, mesmo com a formalização da Rede de Universidades. Uma vez que a rede estaria vinculada a um ambiente institucional, o GT atuaria em um ambiente mais “pessoal” ou profissional, inclusive para atender às pessoas interessadas que não conseguem ter sua correlação institucional, no sentido de que a instituição a que pertence não esteja realmente interessada no fortalecimento da cultura comunitária, por desinteresse ou desconhecimento, ou por uma estrutura burocrática demasiado complexa.

Ao final da reunião, ele disse que levaria o tema para a próxima reunião do Conselho Executivo do IberCultura Viva, marcada para o dia 3 de outubro, e que nos dias seguintes o programa trabalharia na construção dos instrumentos de adesão e discutiria com o grupo as diversas estruturas de participação que poderiam ser geradas. Foi estabelecido um prazo de 15 dias para que ambas as partes tenham seus documentos delineados e avancem com a formalização da Rede de Universidades.

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25

set
2023

Em Notícias

Por IberCultura

Governo de Tabasco realizará o 1º Encontro do Patrimônio Cultural Imaterial da Região Sul-Sudeste do México

Em 25, set 2023 | Em Notícias | Por IberCultura

O que é patrimônio cultural imaterial? Porque é importante? Qual a importância deste património no cotidiano? São muitas as perguntas que têm sido feitas nos últimos anos nas comunidades de Tabasco (México), no trabalho que o governo do estado tem desenvolvido com as prefeituras dos 17 municípios para a identificação e registro de manifestações do PCI. Para compartilhar as experiências e resultados alcançados neste caminho, a Secretaria de Cultura do Estado de Tabasco realizará o 1º Encontro de Patrimônio Cultural Imaterial da Região Sul-Sudeste do México nos dias 28 e 29 de setembro, em Villahermosa.

A iniciativa conta com o apoio da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, da Secretaria de Cultura do Governo do México (através da Direção Geral de Vínculação Cultural e da Direção Geral de Culturas Populares Indígenas e Urbanas), do Instituto Nacional Instituto de Antropologia e História (INAH) e a Representação da UNESCO no México.

Ao longo dos dois dias de atividades serão abordados diversos temas associados ao patrimônio cultural imaterial, como salvaguarda, metodologias de planos de salvaguarda e políticas públicas vinculadas ao PCI nos estados da região Sul-Sudeste do México (Tabasco, Oaxaca, Guerrero, Campeche, Quintana Roo, Yucatán, Chiapas) e na região ibero-americana, bem como experiências de gestão comunitária.

A programação inclui conferências, oficinas, painéis, mesas de diálogo, visita aos Pântanos Centla, degustação de gastronomia tradicional, apresentação do Laboratório de Teatro Campesino e Indígena de Tabasco e reunião do Comitê Regional de Cultura Sul-Sudeste. Está também prevista uma conversa com organizações culturais comunitárias da região, com o objetivo de criar um espaço de troca de experiências, em que as pessoas se reconheçam como portadoras e gestoras do património a partir do seu trabalho cultural.

Com este encontro, a Secretaria de Cultura de Tabasco procura promover o fortalecimento das capacidades institucionais em termos de salvaguarda do PCI, bem como definir o papel dos governos como agentes que geram as condições e acompanham as ações que as comunidades decidem realizar para a salvaguarda de seu patrimônio. A iniciativa de Tabasco junta-se às ações do vigésimo aniversário da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, adotada em 17 de outubro de 2003, durante a 32ª sessão da Conferência Geral da UNESCO.

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Programação

A cerimônia de abertura será ao meio-dia de quinta-feira, dia 28, na Sala de Arte Antonio Ocampo Ramírez, seguida da apresentação do Inventário PCI de Tabasco, por Elisabeth Casanova, diretora de Culturas Populares e Indígenas da Secretaria de Cultura do Governo de Tabasco .

Esther Hernández Torres, diretora geral de Vínculação Cultural da Secretaria de Cultura do Governo do México e presidenta do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva, estará presente na cerimônia de abertura e será a moderadora do painel “Experiências na gestão do PCI nos estados da Região Sul-Sudeste”, que acontecerá a partir das 17h, no Planetário Tabasco 2000.

Carlos Portilla Reyes, coordenador de Educação, Cultura e Esportes do município de Tempoal de Sanchez (Veracruz), um dos membros da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, será o responsável pela oficina “Defesa e promoção comunitária dos patrimônios culturais” (quinta-feira, dia 28, das 15h00 às 19h00, na Sala de Arte Antonio Ocampo Ramírez) e a oficina “Património cultural e arte popular, defesa e promoção” (sexta-feira, 9: 00h00, às 12h30, no Palco María Alicia Martínez).

A gestora cultural Vanessa Biasetti Vargas, coordenadora de Becas Taller, um dos fundos concursáveis da Diretoria de Gestão Sociocultural do Ministério da Cultura e Juventude da Costa Rica, apresentará a palestra “Fundo Becas Taller para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial” (dia 28, às 19h15, na Sala de Arte Antonio Ocampo Ramírez).

Antes do encerramento do evento, no Planetário Tabasco 2000, está prevista a leitura e assinatura da Declaração Conjunta sobre Compromissos de Políticas Públicas para a Proteção Regional do Patrimônio Cultural Imaterial.

Confira a programação completa

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Apoios

O apoio do programa IberCultura Viva ao evento foi discutido na última reunião da Rede de Cidades e Governos Locais, no dia 8 de agosto, quando Elisabeth Casanova apresentou a proposta. “Ao trabalhar em conjunto com as comunidades, percebemos que tínhamos algumas necessidades, como partilhar o que fizemos que deu resultados, e aprender com o que outras cidades, outras organizações, outros governos, têm feito em torno deste assunto e trocar. E também socializar entre outras áreas, como o meio acadêmico e a população em geral”, afirmou a representante da Secretaria de Cultura de Tabasco.

Neste encontro por videoconferência foi proposto o apoio da rede para a realização de uma oficina com um especialista na temática do património, além de gastos com traslados e diárias de conferencistas e coffee break. Além disso, os/as representantes dos países membros do programa foram convidados a indicar um especialista no tema para uma palestra durante o evento (daí a participação de Vanessa Biasetti).

Manuel Trujillo, representante técnico da presidência do programa, também destacou na ocasião que o Governo do México utilizará os recursos de formação disponíveis no Fundo IberCultura Viva para apoiar a participação de organizações comunitárias da região nas atividades que acontecerão nestes dois dias.

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12

set
2023

Em Notícias

Por IberCultura

Intercambiando saberes para a gestão cultural comunitária: os projetos do Paraguai selecionados no Edital de Apoio a Redes 2023

Em 12, set 2023 | Em Notícias | Por IberCultura

(Foto: El Cántaro Bioescuela Popular)

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Os projetos paraguaios selecionados no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023 darão continuidade a iniciativas bem-sucedidas realizadas em diferentes partes do país em 2022 e 2021. Um deles é a terceira edição dos Intercâmbios de Saberes para a Gestão Cultural Comunitária, promovidos por El Cántaro BioEscuela Popular (Areguá) desde 2021. Outro é o 2º Encontro Nacional de Gestão Cultural Comunitária, que será realizado em Paraguarí, onde se esperam reflexões sobre os avanços do setor desde a edição anterior, que se deu na cidade de Yaguarón em 2022. O terceiro projeto selecionado é o Festi Feria da Red EscuCha, que este ano terá uma edição única, um evento de 12 horas na Plaza de los Desaparecidos, em Assunção, no mês de outubro.

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*Nome da rede ou articulação: Centro de Desarrollo de las Artes y la Cultura Avaré Sumé

*Nome do projeto: 2º Encontro Nacional de Gestão Cultural Comunitária

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O 2º Encontro Nacional de Gestão Cultural Comunitária, que se realizará na cidade de Paraguarí durante dois dias, pretende reunir umas 150 pessoas, entre gestores/as culturais e artistas comunitários/as, representando cerca de 100 territórios ou espaços culturais do Paraguai. A intenção é poder aproveitar estes espaços para dialogar e refletir sobre o avanço da gestão cultural comunitária, tendo em conta o 1º Encontro Nacional, realizado em 2022 na cidade de Yaguarón.

O evento tem como objetivo consolidar a plataforma nacional de gestão cultural comunitária do Paraguai, e levantar propostas para a inclusão de ações concretas que favoreçam o setor de cultura viva comunitária. Espera-se a participação de espaços culturais comunitários, bem como de representantes dos governos locais, departamentais e nacionais empenhados em seguir uma linha de ação comum em favor do fortalecimento dos territórios.

No encontro serão realizadas as seguintes atividades: círculo da palavra; intercâmbio de experiências em gestão cultural comunitária; exposição de gestores/as culturais de comunidades indígenas, afrodescendentes e camponesas; feira comunitária e fogueira artística cultural. A fogueira e a feira serão atividades abertas à comunidade. Nas demais, participarão pessoas inscritas no encontro.

   (Fotos: 1º Encontro Nacional de Gestão Cultural Comunitária, Yaguarón, 2022)

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Organizações participantes

O Centro de Desarrollo de las Artes y la Cultura Avaré Sumé, que figura como órgão responsável pelo projeto, é membro da Mesa Técnica de Cultura Viva Comunitária coordenada pela Secretaria Nacional de Cultura e é membro fundador da Federação das Entidades Culturais do 9º Departamento de Paraguarí (Fedec). Esta rede de cultura conta com 31 anos de experiência em gestão cultural comunitária, reunindo 17 espaços culturais, localizados no 9º Departamento de Paraguarí, em áreas urbanas e rurais.

Desde a sua criação, a FEDEC ativou novos espaços culturais em vários bairros do departamento e colaborou em oficinas de dança, teatro, memória oral e na valorização e revitalização do patrimônio cultural das antigas estações ferroviárias de Paraguarí, Pirayù e Caballero. Também organizou feiras de artes e festivais regionais e promoveu oficinas de Círculos da Palavra em quatro municípios.

(Foto: Koreko Guá)

Koréko Guá é uma escola comunitária de teatro fundada em 2013 em Paraguarí. Dedicada à formação de atores e atrizes de teatro com perfil comunitário, realiza oficinas de atuação para crianças e oficinas de animação sociocultural em comunidades vulneráveis ​​do meio rural. Além de participar de oficinas comunitárias de cinema, coopera com seus pares de outras comunidades na formação de grupos de teatro. É membro da Plataforma Nacional de Grupos de Teatro Comunitários do Interior.

Jakaira Org Desarrollo, outra organização participante do projeto, foi criada em 2003 em Itauguá e desde então tem colaborado com diversos grupos e associações comunitárias para capacitar temas de arte comunitária, arte social e educação pela arte. Também tem trabalhado em comunidades rurais para a capacitação de suas culturas e modos de vida comunitários, e liderado projetos em áreas vulneráveis, junto com outras organizações sociais, em planos e programas sobre o uso da água.

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*Nome da articulação: Intercambio de Saberes para la Gestión Cultural Comunitaria

* Nome do projeto: 3ª Edição Intercâmbio de Saberes para a Gestão Cultural Comunitária

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A 3ª edição dos Intercâmbios de Saberes para a Gestão Cultural Comunitária pretende continuar o percurso pelo Movimento Latino-americano de Cultura Viva Comunitária para aprofundar seus principais conceitos e trajetórias. A intenção é continuar construindo juntos os significados de cultura, comunidade e território, descobrindo práticas culturais comunitárias e identificando espaços de vivência de experiências de territórios para o bem viver.

Um dos objetivos desses intercâmbios é continuar a construir a identidade de uma futura rede de organizações, grupos e/ou agentes culturais que pretendem atuar na comunidade. Com estas reuniões espera-se articular e fortalecer a Rede CVC do Paraguai, a fim de influenciar a visibilidade e o fortalecimento das organizações de base comunitária em nível local e nacional. A iniciativa conta com o apoio da Secretaria Nacional de Cultura do Paraguai e do Centro Cultural da Espanha Juan De Salazar.

Com base em levantamentos feitos durante os intercâmbios de 2021 e 2022, este ano os encontros serão reduzidos a quatro (em 2022 foram sete; em 2021, oito), realizados de maneira intensiva (8 horas). A ideia é promover o ciclo em formato itinerante, passando por quatro espaços culturais comunitários diferentes. Dois desses encontros serão na Comunidade Kamba Cua (Fernando de la Mora) e nas instalações de El Cántaro BioEscuela Popular (Areguá).

Durante este ciclo de intercâmbios, será distribuída aos participantes uma edição especial do livro “Pontos de Cultura: Cultura Viva em Movimento” (Edições RGC), de Célio Turino, impressa especialmente para estes intercâmbios. Também será distribuído material elaborado a partir da convocatória “Telar de Voces de las Culturas Vivas Comunitarias”, que recebeu 21 histórias de experiências escritas por seus próprios protagonistas (10 serão incluídas na compilação).

Além disso, propõe-se melhorar a qualidade e ampliar a série de podcasts “Saberes Comunitários”, iniciada nas edições anteriores a partir de conversas surgidas durante e antes dos encontros. A ideia é agregar vozes de outros atores do território, iniciando um banco de experiências e entrevistas sobre processos culturais territoriais do setor.

As apresentações que serão feitas no âmbito desta terceira edição dos intercâmbios deverão estar relacionadas com as seguintes problemáticas ou ferramentas: medição de impacto, empoderamento local, sustentabilidade, sistematização, educação popular, comunicação popular e não violenta, diversidade, memória comunitária e justiça restaurativa, Cultura Viva Comunitária (esta lista foi extraída dos formulários de avaliação feitos por participantes dos intercâmbios de 2021 e 2022).

   (Fotos: 2ª Edição dos Intercâmbios de Saberes para a Gestão Cultural Comunitária, 2022)

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Organizações participantes

El Cántaro BioEscuela Popular, a organização responsável pelo projeto, é uma comunidade de aprendizagem, local de união entre cultura e comunidade, de oficinas de artes, artesanato e conscientização socioambiental na cidade de Areguá. O espaço conta com biblioteca popular, salão polivalente (Oga Guasú), sala de produção artesanal e gastronomia, sala de tecnologia social e armazém de arte, onde são oferecidos produtos artesanais.

Criada em 2007, a bioescola foi construída pela própria comunidade e oferece a mais de 1.000 meninos, meninas, jovens e adultos a oportunidade de desenvolver não apenas expressões artísticas, mas também aspectos integrais dos valores comunitários. Isso é feito por meio de uma ampla variedade de oficinas, atividades socioculturais e palestras de acesso gratuito que conectam pessoas de todas as idades.

O Grupo Tradicional San Baltazar de Kamba Cua, que participa deste projeto com El Cántaro, foi criado em 2011 na cidade de Fernando de la Mora, tendo como área de atuação o resgate e valorização da cultura afro. Sua dança e seus tambores são um instrumento de desenvolvimento comunitário para os moradores afrodescendentes de Kamba Cua e do Paraguai.

A proposta também conta com a participação de Emerger Teatro, organização que foi criada em 2018 em San Antonio e que se define como uma organização comprometida com a comunidade e que presta serviços a outras organizações e instituições com responsabilidade social, através da arte.

(Foto: Grupo Tradicional San Baltazar de Kamba Cua)

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* Nome da rede ou articulação: Red EscuCha (Espaços Culturais do Centro Histórico de Assunção)

* Nome do projeto: Festi Feria de la Red EscuCha 2023

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A Rede de Espaços Culturais do Centro Histórico de Assunção (Rede EscuCha) reúne 10 espaços autogeridos, cuja área territorial está delimitada no Centro Histórico da capital paraguaia: La Caósfera, Mango Tango, La Chispa, El Agujero de Vysoka , Casa Karaku, Literaidade, Multiarte, Nhi-Mu, Sala La Correa e Obradora Cultural. Desde a sua formação em 2018, a rede tem realizado diversas atividades, com destaque para as feiras, nas quais participam artesãos/ãs e artistas de diversas disciplinas (música, performance, dança, etc.).

Em 2021, foram realizados cinco Festi Ferias da Rede EscuCha. Em 2022, foram três. Nestes dois anos, as feiras contaram com o apoio da Secretaria Nacional de Cultura, através do programa Pontos de Cultura. Para 2023, a Rede EscuCha propõe a realização de uma edição única da Festi Feria, em um evento de 12 horas na Plaza de los Desaparecidos, no mês de outubro.

As Festi Feiras contemplam três espaços: o palco, onde artistas emergentes e consagrados/as expõem os seus trabalhos; a feira, onde artesãos e artesãs oferecem a sua produção, e onde também são oferecidos outros tipos de produtos (gastronomia, economia circular); as oficinas e palestras, que acontecem paralelamente e oferecem atividades de interação com o público (oficina de percussão, oficina de graffiti, etc.).

(Foto: Red EsCuCha)

Nesta edição de 2023, pretende-se consolidar o evento como local de referência para a população do Centro Histórico de Assunção, após (nas edições anteriores) fortalecer os vínculos dos espaços em rede com os bairros próximos, integrando a participação dos bairros na organização das apresentações, além de proporcionar atividades interativas de participação (rodas de leitura, aulas de dança, minioficinas abertas, etc.).

Entre os resultados esperados estão a ativação do espaço público no Centro Histórico de Assunção, a revitalização de propostas de acesso à produção artística e cultural local, bem como a consolidação do processo de crescimento da Rede EscuCha e a reafirmação do vínculo dos espaços que compõem a rede com os bairros. Além de fazer parte do programa Pontos de Cultura, a Rede EscuCha participa da Mesa Técnica de Cultura Viva, organizada pela Secretaria Nacional de Cultura do Paraguai.

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Organizações participantes

La Caosfera, fundada em 2015 na cidade de Assunção, é um espaço cultural autogerido e multidisciplinar, com ênfase nas artes cênicas. Ali são realizadas oficinas, concertos, peças teatrais e outras apresentações teatrais, além de feiras, encontros organizacionais e encontros comunitários e culturais em geral. No pátio existe uma horta biológica, iniciada para promover o autoconsumo e a viabilização da alimentação saudável na cidade.

O espaço também funciona como centro de coleta e distribuição da Rede Agroecológica, proposta de troca de comércio justo que reúne dezenas de produtores agroecológicos, artesãos, empreendimentos culinários e outras áreas, à qual La Hilaria adere desde 2019. Em 2021, torna-se um espaço multidisciplinar onde atua La Mutante Taller, na área da carpintaria, outra área de manutenção do espaço.

La Chispa, que também existe desde 2015 em Assunção, tem sido palco de diversas expressões artísticas e culturais e espaço de encontro de artistas com conteúdo político e dissidente. Todas as suas atividades são gratuitas e na rua. La Chispa busca incentivar o uso dos espaços públicos, recuperar a rua e devolvê-la à população, para que o Centro Histórico de Assunção possa voltar a ser o coração da cidade. A intenção é que toda a rua seja palco de novos espaços culturais e artísticos para ampliar e enriquecer esta experiência, onde sejam promovidas práticas em prol de espaços de proteção contra a violência e contra todos os tipos de discriminação.

Nhi-Mu Teatro Aéreo, grupo de Assunção criado em 1997, é inspirado na companhia argentina ‘De la Guarda’, abrindo um leque de oportunidades aos amantes do teatro aéreo e aos aspirantes a intérpretes de palco. A principal proposta do Nhi-Mu é apostar no teatro alternativo e promover uma rede de oficinas, para que quem queira fazer teatro alternativo tenha um espaço de formação e aulas específicas de representação, como as oficinas de alpinismo, trapézio e cordas acrobáticas.

Outros espaços culturais da Rede EscuCha são: Manga Tango, centro cultural que nasceu em 2016 em um pátio do Bairro Jara e que hoje chamam de “Casa Cultura” no Centro Histórico de Assunção; Multi Arte, galeria de arte e espaço cultural alternativo e autogerido que foi fundadi em 1997 e oferece oficinas para crianças, jovens e adultos; Obradora Cultural, espaço sociocultural que surgiu em 2019 e desenvolve suas atividades em torno de três eixos temáticos: Arte, Consciência e Permacultura.

A rede também conta com a participação de Literaity, espaço fundado em 2017 que acolhe encontros literários, recitais de poesia, concertos, oficinas, rodas de conversas, peças de teatro, exibição de filmes, exposições, festas, entre outras atividades. O Centro Cultural Comunitário El Agujero de Vysoka, inaugurado em 2019, é outro integrante dessa articulação, assim como a Sala La Correa, espaço teatral do circuito independente iniciado em 2020, e a Casa Karaku, um espaço cultural autogerido de convívio comunitário, criado em 2015 por um grupo de teatro e que tem realizado iniciativas de diversas disciplinas (literatura, teatro, dança, música, audiovisual, artes plásticas).

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08

set
2023

Em Destaque
Notícias

Por IberCultura

GT de Sistematização lança livro “Desafios, debates e experiências sobre culturas comunitárias”

Em 08, set 2023 | Em Destaque, Notícias | Por IberCultura

Entre maio e novembro de 2022, o Grupo de Trabalho de Sistematização do IberCultura Viva realizou um ciclo de seminários virtuais, com o objetivo de contribuir para a construção de um referencial teórico e o debate de categorias vinculadas às políticas culturais de base comunitária. Sem a intenção de apresentar definições ou conceitos absolutos, as pessoas integrantes do GT se propuseram a dialogar e repensar coletivamente essas ideias, em reuniões por videoconferência com três ou quatro palestrantes. As produções preparadas para estes seminários deram origem a um livro, com 203 páginas, já disponível para download no site www.iberculturaviva.org.

Coordenado por Clarisa Fernández, Paula Simonetti, Camila Mercado, Robert Urgoite e Vânia Brayner, o livro “Desafios, debates e experiências sobre culturas comunitárias na Ibero-América: reflexões a partir do Grupo de Trabalho de Sistematização do Programa IberCultura Viva” está dividido em sete capítulos (reformulados pelos/as autores/as para esta edição) correspondentes aos quatro seminários realizados em 2022. A publicação procura recuperar as análises realizadas em algumas das apresentações, esperando ser ao mesmo tempo uma contribuição teórica significativa e um insumo para o desenho de políticas culturais de base comunitária.

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Os capítulos

Os capítulos 1 e 2 correspondem ao seminário “Culturas Comunitárias e Diversidades”, realizado em 14 de maio de 2022. No primeiro capítulo, “Culturas e diversidades comunitárias, itinerários para caminhar”, Marcelo Fabián Vitarelli (Argentina) traça um percurso por conceitos e práticas-chave para culturas vivas comunitárias, em caminhos que relacionam culturas, diversidades, territorialidades, direitos humanos, sujeitos coletivos e intervenções inclusivas dialógicas. Numa segunda parte do texto, Vitarelli se concentra na experiência da Universidade Nacional de San Luis, membro fundador da Rede de Culturas Comunitárias, na Argentina.

Seminário 1: “Culturas comunitárias e diversidades”

No capítulo 2, Andrea Mata Benavides (Costa Rica) reflete sobre o Movimento Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, tomando especialmente os casos da Costa Rica e da Argentina. Além de caracterizar o movimento, reconstrói alguns marcos, eventos e ações significativas que fazem parte dessa história iniciada em 2010, em Medellín (Colômbia), após o Encontro Latino-americano Plataforma Puente Cultura Viva Comunitária. Entre os eixos problemáticos que a autora aborda estão as desigualdades e divergências a respeito de como o movimento se desenvolveu em diferentes países e as modalidades de participação e construção que vem sendo adotadas durante os congressos (como os círculos da palavra) e em outras instâncias de encontro.

Os capítulos 3 e 4 são do seminário “Políticas Públicas de Base Comunitária”, que ocorreu em 18 de junho de 2022. No primeiro deles, Clarisa Fernández (Argentina) reconstrói histórica e conceitualmente a categoria de políticas culturais comunitárias, buscando articular as experiências coletivas e as iniciativas governamentais que moldaram esse conceito. Ela também propõe diretrizes para a reflexão sobre seu alcance e incorporação tanto nos espaços de gestão como no campo acadêmico.

Seminário 2: “Políticas públicas de base comunitária”

No capítulo 4, “Cultura de barra. O caso da Trincheira Celestial: modelo de gestão cultural baseado na realidade de La Banda del Capo”, Francisca Jara (Chile) apresenta um projeto de pesquisa que investiga as características fundamentais e a dinâmica da torcida do Clube Deportivo O’Higgins, na cidade de Rancagua, no Chile. O capítulo procura, a partir desta análise do trabalho territorial da organização, contribuir para o desenvolvimento de um plano cultural para a organização.

O capítulo 5 (“Saúde comunitária e cultura de vivência comunitária, modos de viver e produção de territórios”), de Robert Urgoite (Uruguai), vem do terceiro seminário do ciclo, sobre “Gestão Cultural Comunitária”, realizado em 13 de agosto de 2022. O autor propõe pensar de forma articulada a saúde e a vivência das culturas comunitárias, colocando a saúde como uma questão territorial, indissociável dos contextos. Para aprofundar sua proposta, Urgoite conta com a experiência do Coletivo Paranáuticxs, da cidade de Fray Bentos, no litoral uruguaio.

Seminário 3: “Gestão cultural comunitária”

No capítulo 6, um dos dois correspondentes ao quarto seminário, “Património Cultural, Memórias e Museus Comunitários”, de 2 de novembro de 2022, Martina Inés Pérez (Argentina) aborda a gestão do patrimônio arqueológico desde uma perspectiva comunitária, aproveitando a experiência de uma equipe de pesquisa multidisciplinar em Antofagasta de la Sierra, Catamarca. O caso permite refletir sobre um fenómeno de maior escala que implica mudanças profundas na dinâmica de vida das comunidades rurais afetadas pelo crescimento exponencial da atividade turística.

Por fim, o capítulo 7, de Vânia Brayner (Brasil), propõe repensar o conceito antropológico de cultura nas políticas públicas, especificamente no campo da memória e do patrimônio cultural. A autora analisa o impacto dessas políticas no campo da memória, dos museus e da museologia, em particular, da chamada museologia social brasileira.

Seminário 4: “Património cultural, memórias e museus comunitários”

Como destacam os autores na publicação, “este percurso permite-nos dar conta de uma articulação de temas, abordagens disciplinares e perspetivas teóricas que abordam uma mesma preocupação: a necessidade de repensar as experiências, os atores, as políticas e as instituições do mundo cultural comunitário. Nesse sentido, este livro apresenta-se como uma contribuição para o mapa das discussões que ocorrem tanto nas áreas da gestão pública, como no campo acadêmico e dentro das organizações, na busca por uma cultura mais igualitária e democrática para toda a Ibero-América”.

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Sobre o GT

O Grupo de Trabalho de Sistematização e Difusão de Práticas e Metodologias de Políticas Culturais de Base Comunitária (GT de Sistematização) foi formado há dois anos, por meio de uma convocatória lançada pelo IberCultura Viva em junho de 2021. Das 87 inscrições recebidas nesta chamada pública, foram selecionadas 59 pessoas de 10 países: 17 do Brasil, 14 da Argentina, 7 do México, 6 do Equador, 4 da Colômbia, 4 do Peru, 3 do Uruguai, 2 do Chile, 1 da Costa Rica e 1 da Espanha.

As candidaturas aceitas foram aquelas de pessoas que exerciam atividades de pesquisa, ensino e/ou vinculadas a projetos de extensão cultural em instituições de ensino (universidades, centros de pesquisa ou formação, institutos ou similares). A primeira reunião do grupo se deu no dia 30 de setembro de 2021, de forma virtual, para que as pessoas participantes pudessem se encontrar e discutir uma forma de organizar este espaço de trabalho.

A primeira reunião do GT, em setembro de 2021

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Na reunião seguinte, no dia 9 de dezembro de 2021, foram debatidas algumas propostas que haviam sido apresentadas antes do encontro, como a criação de um seminário permanente e de um repositório ou revista digital. Também foram propostas mais algumas reflexões e redefinidas as equipes de trabalho para 2022, ano em que realizaram este ciclo de seminários e também acompanharam o 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que ocorreu no Peru de 8 a 15 de outubro. Com o apoio do IberCultura Viva, seis integrantes do GT viajaram ao Peru para realizar entrevistas e participar de algumas atividades do congresso, como os círculos da palavra “Legislação e políticas públicas” e “Educação popular e criativa”.

 

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06

set
2023

Em Governos Locais
Notícias

Por IberCultura

Congresso de Cultura e Participação Comunitária: 3 dias de intercâmbios, reflexões e debates em Guadalajara

Em 06, set 2023 | Em Governos Locais, Notícias | Por IberCultura

(Fotos: Cultura Guadalajara)

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De 31 de agosto a 2 de setembro, a cidade de Guadalajara (Jalisco, México) acolheu o Congresso de Cultura e Participação Comunitária, no âmbito da Iniciativa de Cooperação Triangular “Estratégias culturais para a participação cidadã”.

Flor Minici, secretária técnica do IberCultura Viva, participou de algumas atividades realizadas no Edifício Arroniz: esteve na abertura, no encerramento e no conversatório “Cooperação cultural internacional para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, ao lado de Enrique Vargas, coordenador do Espaço Cultural Ibero-americano (SEGIB), que participou por videoconferência, e José Luis Coronado, diretor de Cultura de Guadalajara.

Outros conversatórios realizados durante os três dias do evento foram “Legislação e políticas culturais de base comunitária” e “Projetos culturais a partir do desenvolvimento sustentável” (este com a presença do argentino Eduardo Balán, de El Culebrón Timbal). Realizaram-se também sessões dos grupos de trabalho “Políticas e participação cidadã”, “Cultura e ambiente”, “Cultura e inclusão social” e “Sustentabilidade económica das organizações culturais comunitárias”.

Além disso, foram apresentados três painéis: “Ninguém fica para trás: Experiências de inclusão”, “O trabalho cultural não vive de aplausos: Experiências de sustentabilidade econômica” e “Somos cultura e somos natureza: Experiências de cultura ambiental e saberes agroecológicos”.

Nestes painéis foram partilhadas diversas experiências de inclusão cultural, desde abordagens éticas, de gênero, deficiência e diversidade, e modelos de gestão e processos de sustentabilidade económica de organizações culturais comunitárias, bem como iniciativas cidadãs e comunitárias ligadas à cultura ambiental desde a agroecologia como política e compromisso cultural.

No último dia, no sábado, foi realizada a conferência “Políticas Culturais para o Bem Viver”, ministrada pelo historiador e escritor Célio Turino, ex-secretário de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura do Brasil e um dos idealizadores e principais promotores do programa Cultura Viva, que foi implementado no país em 2004 e tornou-se política de Estado em 2014, baseado nos Pontos de Cultura. 

Também participaram do congresso Alexandre Santini, presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa (uma das entidades ofertantes da iniciativa), e Viviana Ramírez, representando a Secretaria de Cultura, Recreação e Esporte de Bogotá (Colômbia), que é uma das entidades beneficiárias deste projeto, juntamente com a Diretoria de Cultura de Guadalajara. Tanto Bogotá como Guadalajara são municípios membros da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais.

Este congresso é uma das sete atividades programadas até março de 2024 no âmbito da iniciativa “Estratégias Culturais para a Participação Cidadã”, da Ventana 2023 de Cooperação Triangular União Europeia- América Latina e Caribe. Outras reuniões serão realizadas (virtualmente e/ou presencialmente) na Espanha, na Argentina, na Colômbia e no México.

A aliança tem como objetivo a construção de um modelo conjunto de desenho e aplicação de ação cultural com foco no desenvolvimento sustentável, nos direitos humanos e na participação social ativa, baseado nos conhecimentos e experiências das entidades ofertantes, na formação de agentes culturais e na sistematização de suas experiências culturais de trabalho.

As entidades ofertantes são o Ministério da Cultura da Argentina (através da Secretaria de Gestão Cultural), a Fundação Casa de Rui Barbosa (vinculada ao Ministério da Cultura do Brasil) e a Secretaria Geral Ibero-americana/ Programa IberCultura Viva. A iniciativa conta também com a colaboração do Mestrado e Doutorado em Gestão Cultural da UDGVirtual  (Universidade de Guadalajara).

Leia também:

Bogotá e Guadalajara iniciam um novo intercâmbio no âmbito da Ventana Adelante 2023

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01

set
2023

Em Cultura Viva
Editais
Notícias

Por IberCultura

Um novo tempo: MinC reativa a Política Nacional de Cultura Viva com o lançamento de dois editais

Em 01, set 2023 | Em Cultura Viva, Editais, Notícias | Por IberCultura

(Fotos: Filipe Araújo/MinC)

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“Brasil, teu nome é bordado por incontáveis valores, costura de muitos fios, desenho de muitas cores. Cada esquina, uma ribalta, e até onde muito falta, teu povo insiste em cantar, jogando na voz do vento a alma e o sentimento da cultura popular. (…) Sob o azul do teu céu, tudo se transforma em festa na calçada, no terreiro, no altar, no tabuleiro, na cidade ou na floresta. Depois de anos vazios, outra vez a alegria da vida, verde esperança da nossa democracia (…).”

Foi em forma de verso, lembrando que “o Brasil voltou”, que o poeta pernambucano Antônio Marinho deu início à cerimônia de lançamento de dois editais de Cultura Viva, na manhã desta sexta-feira, 1º de setembro, na Concha Acústica Paulo Freire, em Recife. Juntos, o Edital Cultura Viva – Fomento a Pontões de Cultura e o Edital de Premiação Cultura Viva – Sérgio Mamberti somam R$ 61 milhões. É o maior investimento já feito pela Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SCDC/MinC).

Margareth Menezes

“Em seus 19 anos de existência, a Política Nacional de Cultura Viva é uma das principais expressões da ruptura e do avanço institucional no campo das políticas culturais no Brasil, e também com representação em outros países. É uma iniciativa que busca valorizar e fortalecer a diversidade cultural, reconhecendo o papel fundamental dos artistas, artesãos, músicos, dançarinos e de todos aqueles que dedicam suas vidas à criação da expressão artística e à memória da cultura”, ressaltou a ministra da Cultura, Margareth Menezes, durante o lançamento. 

A cerimônia durou três horas e contou com a participação do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida; da secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC, Márcia Rollemberg; do prefeito de Recife, João Campos; do secretário municipal de Cultura, Ricardo Mello; da secretária de Cultura do Estado de Pernambuco, Cacau de Paula; do reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Macedo Gomes; da presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, entre outras autoridades.

Mais de mil pessoas participaram do lançamento, muitas delas representantes de movimentos sociais e culturais, trabalhadores/as e fazedores/as da cultura. No palco, Lydia Lúcia Nunes representou a Comissão Nacional de Pontos de Cultura; Mãe Beth de Oxum, a Rede Nacional de Pontos de Cultura; Joana Corrêa, a Rede Nacional de Culturas Populares e Tradicionais. 

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Cultura pernambucana

O evento foi entrecortado por apresentações artísticas de grupos locais, como o cortejo do Afoxé Omo Inã, o Maracatu Almirante do Forte, a Escola Pernambucana de Circo, o grupo de frevo Guerreiros do Passo, a Orquestra Só Mulheres, Lucas & Conceição dos Prazeres, e o trio formado por Aglaia Costa (rabeca), Val Janie (violoncelo) e a cantora Gabi do Carmo. No final, a ministra cantou Leão do Norte, do pernambucano Lenine.

Segundo Margareth Menezes, a escolha de Recife para o lançamento dos editais, nesta retomada das ações da Política Nacional de Cultura Viva, deve-se à “capacidade de agregar inovação e tradição, com um modo muito próprio de renovar narrativas e repertórios culturais a partir dos seus territórios, da cidadania, da educação popular”. “A cultura pernambucana é extremamente rica, diversa, vibrante, referindo a história, os costumes e as tradições dos povos do estado localizado na região Nordeste do Brasil. O povo pernambucano tem orgulho das suas manifestações culturais, das suas tradições, das suas modernidades”, agregou.

Ao saudar Mãe Beth de Oxum, ialorixá, percussionista, juremeira, comunicadora popular, ativista cultural e realizadora do Coco de Umbigada no bairro do Guadalupe, a ministra destacou a “capacidade revolucionária” dos Pontos de Cultura. “Eles pautam novas linguagens, desestabilizando padrões culturais impostos. Conseguem ser inovadores, justamente por estarem plugados em suas raízes ancestrais. É isso o que queremos para o Brasil: que essa força transformadora das comunidades resgate valores humanitários, ambientais, civilizatórios; resgatem o Brasil em sua vocação mais profunda”, afirmou.

Ela também destacou que o lançamento desses dois editais celebra o início de um novo tempo para a Política Nacional da Cultura Viva. “Hoje, no Brasil, há cerca de 5 mil grupos culturais reconhecidos e potencializados como Pontos de Cultura. Com o desmonte dos últimos anos, a maior parte desses pontos não conta atualmente com fontes de financiamento. Nesse processo de retomada, temos dois grandes desafios: garantir escala necessária para que a Cultura Viva possa se afirmar como política de base comunitária do Sistema Nacional de Cultura e aperfeiçoar a gestão do Estado para chegar a uma estrutura institucional preparada para lidar com a diversidade cultural brasileira. Teremos o maior investimento que a Cultura Viva já teve em toda a sua história”, garantiu.

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Primeiros anos

Um pouco antes, a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC, Márcia Rollemberg, lembrou o início desse movimento, quando o então ministro Gilberto Gil ampliou o campo de ação da política pública e o conceito de cultura, trazendo o Brasil de raiz originária, de matriz africana, inter-geracional e plural. “Ele trouxe a política macro do patrimônio imaterial, o campo simbólico. Ele atiçou a cidadania cultural e destacou a potência econômica da cultura. Hoje tentamos consolidar todos esses conceitos, esses princípios, nesse grande momento do Sistema Nacional de Cultura. O programa Cultura Viva vai fazer 20 anos no ano que vem, e a sua história mostra impactos significativos, não só nas comunidades, mas nos processos de gestão pública, de agregação das redes da sociedade civil, no Brasil e no mundo”, observou. 

O modelo brasileiro dos Pontos de Cultura há mais de uma década vem inspirando a criação de políticas públicas de base comunitária em vários países, como Peru, Argentina, Uruguai, Costa Rica e Chile. “A força do movimento no Brasil e na América Latina nos dá ânimo e esperança para a retomada dessas políticas em nível nacional e regional”, comentou Márcia Rollemberg, que também esteve à frente da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC entre 2011 e 2014, período em que participou da criação do programa IberCultura Viva. Em 2014, na cidade de Natal, a secretária presidiu a primeira reunião do Conselho Intergovernamental do IberCultura Viva, durante a Teia de Pontos de Cultura. 

Nesse mesmo período, ela participou da articulação, criação e aprovação da Lei Cultura Viva (Lei 13.018/2014), que transformou o programa Cultura Viva em política de Estado. A Lei Cultura Viva foi sancionada em 22 de julho de 2014, nove dias antes do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (Mirosc). Ambas as leis estabeleceram novos parâmetros da gestão e da democracia, ampliando conceitos como “Estado-rede” (Manuel Castells) e “Estado ampliado” (Antonio Gramsci). “A Política Nacional de Cultura Viva nasce como fruto de um processo dialógico, de encontro de saberes, que reconhece a autonomia, o protagonismo e o empoderamento da sociedade civil”, afirmou.

Marcia Rollemberg

Segundo ela, os Pontos de Cultura hoje são a estrutura mais ativa e mobilizadora das culturas nas comunidades. “Há municípios que não tem uma Secretaria de Cultura, mas certamente tem um Ponto de Cultura. Por isso, estamos trabalhando para que esse processo de retomada evolua para novos meios e instrumentos, para além de ferramentas como estas dos editais”, destacou a secretária, ressaltando que a Política Nacional de Cultura Viva é uma política interfederativa, intrafederativa e de gestão compartilhada.

“Precisamos de fôlego para dar o salto necessário, aprofundando e retomando os conceitos originais dessa política, fortalecendo a pactuação com gestores e sociedade civil, modelando a política com investimentos e construindo uma escala institucional com marcos programáticos que busquem dar conta deste imenso país. Queremos avançar, pensando junto com essa poderosa rede de Cultura Viva, num processo amplo de diálogo, a fim de aperfeiçoarmos a gestão do Estado para chegar a uma estrutura mais preparada para lidar com a diversidade cultural brasileira, evitando perseguições jurídicas aos Pontos de Cultura, conhecendo mais de perto essa diversidade e suas especificidades”, complementou.

Nesses processos que marcam a quinta geração desta política, têm prioridade a inclusão da diversidade cultural, a pluralidade de identidades, a ampliação da acessibilidade e a valorização de mestres e mestras da cultura popular e tradicional. Os dois editais que foram lançados nesta sexta-feira, e que ficam abertos até o dia 16 de outubro* na plataforma Mapa da Cultura, preveem bonificações no processo de seleção para iniciativas que tenham como proponente e/ou público beneficiário: mulheres, pessoas com deficiência, afrodescendentes, indígenas e população LGBTQIA+. 

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Premiação Sérgio Mamberti

Um dos editais lançados nesta sexta-feira, a Premiação Cultura Viva Sérgio Mamberti, destinará R$ 33 milhões para contemplar 1.117 iniciativas culturais em quatro categorias, com prêmios individuais de R$ 30 mil. O edital presta homenagem ao legado do ator, gestor cultural e defensor dos direitos culturais Sérgio Mamberti (1939-2021). A Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural foi idealizada e liderada por ele, em 2004 (inicialmente com o nome de Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural). 

Carlos Mamberti, filho do ator, compareceu à cerimônia e se emocionou com a homenagem. “Meu pai sempre foi um ator engajado, com um trabalho muito forte, e no primeiro mandato do presidente Lula (2003-2006), ele resolveu assumir uma função importante, de brigar pela cultura. E ele passou quase 12 anos no Ministério da Cultura. Foi presidente da Funarte, passou por várias áreas, mas a parte de que ele mais se orgulhava era a criação desta secretaria, porque ele sabia a importância da diversidade. Ele tinha um olhar muito próprio para quem estava mais excluído; olhou para os quilombolas, para os indígenas, para os ciganos, para o pessoal LGBTQIA+. Este prêmio representa todo esse esforço, essa semente que ele plantou”, comentou.

Uma das quatro categorias deste edital é o Prêmio Culturas Populares e Tradicionais – Mestre Lucindo, que reconhecerá a atuação de mestres e mestras dos saberes e fazeres, grupos, coletivos e instituições culturais que promovem as culturas populares e tradicionais brasileiras. O prêmio homenageia Luiz Rebelo da Costa (1908-1988), conhecido como Mestre Lucindo, figura icônica da cultura musical paraense que se destacou como pescador, compositor e rezador de ladainha em latim. Ele se tornou uma voz proeminente do carimbó, tendo sido o primeiro a gravar um disco de vinil como líder do grupo Os Canarinhos. Suas composições registraram a vida cotidiana da população da região, capturando o conhecimento das comunidades. Renilson Bentes, filho do mestre, estava presente no lançamento.

Outra categoria, o Prêmio Culturas Indígenas – Vovó Bernaldina, presta homenagem a Bernaldina José Pedro, líder do povo Macuxi. Originária da comunidade Maturuca, da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, ela era detentora de conhecimentos ancestrais preciosos, incluindo cantos, danças, artesanato, medicina tradicional e rezas do povo indígena. Foi também uma defensora incansável na luta pela homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e pela denúncia da violência contra os povos indígenas. Morreu aos 75 anos, em junho de 2020, devido à Covid-19. A artista Daiara Tukano e a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, foram convidadas para falar sobre a importância de Vovó Bernardina durante a cerimônia.

Também faz parte deste edital o Prêmio Diversidade Cultural, que reconhecerá e valorizará as iniciativas e produções culturais de pessoas idosas, com deficiência, LGBTQIA+ e em sofrimento psíquico. Já a categoria Prêmio Cultura Viva reconhecerá e incentivará atividades culturais desenvolvidas por Pontos de Cultura e por grupos, coletivos e instituições privadas sem fins lucrativos que querem ser reconhecidas e certificadas com o Selo Cultura Viva, para fazer parte da Rede Cultura Viva e dar destaque às suas atividades culturais e às comunidades onde atuam.

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Fomento a Pontões

O Edital Cultura Viva: Fomento a Pontões de Cultura, por sua vez, vai investir cerca de R$ 28 milhões em 46 projetos propostos por Pontões de Cultura, para que desenvolvam, articulem e deem continuidade a ações culturais das redes de Pontos de Cultura que sejam relevantes para a diversidade cultural brasileira e para o fortalecimento da Política Nacional de Cultura Viva.

Este edital promoverá a atuação de Pontões de Cultura junto às redes estaduais, distrital, temáticas, setoriais e identitárias de interesse comum, com a participação de Agentes Cultura Viva e de um Comitê Gestor. Cerca de 600 jovens entre 18 e 24 anos serão selecionados como Agentes Cultura Viva para apoiar as ações de diagnóstico, mapeamento, mobilização, articulação de redes e formação. Cada agente receberá uma bolsa de R$ 900 por mês. 

O Comitê Gestor será formado para a realização das ações do projeto de forma compartilhada com os Pontos de Cultura de sua rede de atuação, com o objetivo de desenvolver ações conjuntas de mobilização, articulação, formação, mapeamento, registro e ampliação da Rede Cultura Viva, destinadas a difundir e acompanhar atividades das redes estaduais, distrital, temáticas, setoriais e identitárias.

Serão selecionados 31 projetos de redes territoriais e 15 de redes temáticas, setoriais e identitárias de Pontos de Cultura. Esperam-se projetos nas seguintes áreas: Culturas Indígenas e Mãe Terra; Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana; Culturas Populares e Tradicionais; Cultura Digital, Comunicação e Mídia Livre; Patrimônio e Memória; Linguagens Artísticas; Livro, Leitura e Literatura; Gênero, Diversidade e Direitos Humanos; Acessibilidade Cultural e Equidade; Economia da Cultura, Solidária e Criativa; Cultura e Infância; Formação e Educação Cultural; Territórios Rurais e Cultura Alimentar; Cultura Urbana, Direito à Cidade e Juventudes; e Cultura, Territórios de Fronteira e Integração Latino-americana.

Os projetos contemplados vão celebrar um Termo de Compromisso Cultural (TCC) e receber entre R$ 400 mil e 800 mil, considerando o critério populacional e o tamanho das redes estaduais de Pontos de Cultura. Os Pontões de Cultura situados na Amazônia Legal receberão um acréscimo de R$ 50 mil.


Qual é a diferença entre um Ponto de Cultura e um Pontão de Cultura?

Pontos de Cultura são entidades sem fins lucrativos, grupos ou coletivos com ou sem constituição jurídica, de natureza ou finalidade cultural, que desenvolvam e articulem atividades culturais continuadas em suas comunidades ou territórios.

Já um Pontão de Cultura é uma entidade cultural ou instituição pública de ensino que articula um conjunto de outros pontos ou iniciativas culturais, desenvolvendo ações de mobilização, formação, mediação e articulação de uma determinada rede de Pontos de Cultura e demais iniciativas culturais, seja em âmbito territorial ou em um recorte temático e identitário.

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(*) Texto atualizado em 29 de setembro de 2023, após o anúncio da ampliação do prazo de inscrições

(**) A cerimônia foi transmitida pelo canal de YouTube da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e está disponível para quem quiser assistir: https://www.youtube.com/live/ZERe6yH-HSc?si=bV_BpHIA7v-XUa5H

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Inscrições abertas até 02/10/2023:

. Edital Cultura Viva: Fomento a Pontões de Cultura: https://mapas.cultura.gov.br/oportunidade/2086/

. Edital de Premiação Cultura Viva – Sérgio Mamberti

Prêmio Culturas Populares e Tradicionais – Mestre Lucindo: https://mapas.cultura.gov.br/oportunidade/2089/

Prêmio Culturas Indígenas – Vovó Bernardina:

https://mapas.cultura.gov.br/oportunidade/2083/

Prêmio Diversidade Cultural:

https://mapas.cultura.gov.br/oportunidade/2084/

Prêmio Pontos de Cultura Viva:

https://mapas.cultura.gov.br/oportunidade/2085/

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25

ago
2023

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Municípios chilenos que participam da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais realizam primeiras reuniões

Em 25, ago 2023 | Em Governos Locais, Notícias | Por IberCultura

As comunas chilenas que participam da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais começam a realizar suas primeiras reuniões de trabalho, com o apoio do Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio através do Departamento de Cidadania Cultural.

Três reuniões foram realizadas nos últimos dias pelos municípios chilenos que compõem a rede. As reuniões — duas virtuais e uma presencial, realizada em Valdivia, no Encontro de Governos Locais — permitiram organizar comissões com o objetivo de desenvolver um plano de trabalho colaborativo e coordenar a participação da rede no próximo encontro do Conselho Intergovernamental, que será realizado no Chile em dezembro.

As conversas têm delineado os propósitos da rede no Chile, como a visibilidade do trabalho em cultura a partir de pequenos territórios, a troca de experiências, a construção de redes e a articulação de práticas de ação com outros municípios.

Outros objetivos que surgiram nesses diálogos foram a projeção da rede do local para o ibero-americano, buscando mostrar ao mundo o patrimônio e a identidade cultural, bem como incorporar a perspectiva dos povos originários na construção de políticas culturais de base comunitária. Será uma tarefa colaborativa que busca visibilizar, promover e fortalecer a implementação de políticas culturais de base comunitária entre os municípios do Chile.

De acordo com os compromissos com a Rede de Cidades e Governos Locais do programa IberCultura Viva, as comissões foram constituídas da seguinte forma:

  • Secretário de Sistematização e Registro: Mauricio Castro (Concepción);
  • Articulação: Paula Aguirre (Valparaíso), Juan Manuel Pizarro (Hualaihué) e Genoveva Reuca (Puerto Saavedra);
  • Comunicações: Bárbara Venegas (Puqueldón);
  • Formação: Pablo Heads (Quilaco), Antonieta Utreras (Lonquimay), Jovita Uribe e Alejandra Urra (The Union).
  • Metodologias: Rotativo entre os municípios conveniados.

O Ministério das Culturas será a plataforma de apoio, embora a partir de agora os que compõem este conjunto de municípios sejam agentes ativos da rede. A proposta apresentada será apoiada financeiramente através de um plano de trabalho elaborado e co- projetado pela mesma rede.

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Políticas culturais de base comunitária

O objetivo da rede é promover a implementação de políticas culturais de base comunitária nos governos locais do Espaço Ibero-americano, numa perspectiva de trabalho intersetorial e de promoção do diálogo intercultural para a plena vigência da democracia cultural e dos direitos culturais.

A Rede de Cidades e Governos Locais vem se formando desde 2019 no âmbito do programa IberCultura Viva. No Chile, implementa-se com o apoio do Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio, através do Departamento de Cidadania Cultural. Atualmente, é composta por 38 cidades e governos locais da América Latina.

As doze comunas chilenas que participam da rede são: Hualaihué, Lonquimay, Puqueldón, Quilaco, San Felipe, Valparaíso, Concepción, La Unión, Saavedra, Alto Biobío, Cauquenes e San Pedro de la Paz.

 

(*) Na foto estão Andrea Castellon (Rede Cultura), Pablo Cabezas (Quilaco), Juan Manuel Pizarro (Hualaihué), Catherine Nunez (Cauquenes), Jovita Uribe (A União), Ana Elosua (Rede Cultura), Alejandra Urra (A União) e Marianela Riquelme, chefe do Departamento de Cidadania Cultural do MINCAP

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24

ago
2023

Em Notícias

Por IberCultura

Um encontro de mulheres rurais e dois eventos nacionais de CVC: os projetos mexicanos selecionados no Edital de Apoio a Redes 2023

Em 24, ago 2023 | Em Notícias | Por IberCultura

(Foto: Delegação mexicana no 5º Congresso Latino-americano de CVC, no Peru)

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Um encontro de mulheres rurais para promover o diálogo, o intercâmbio e a criação coletiva a partir da comunicação popular e dos feminismos. Esse é o objetivo do 1º Encontro COMAL – Comadres Comunicadoras Comunitárias e Populares da América Latina, que se realizará em novembro com mulheres indígenas e camponesas do território de Oaxaca (México) e da região de Sumapaz (Colômbia). O evento foi um dos três selecionados no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos Colaborativos 2023. Os outros dois, além de fortalecer o Movimento de Cultura Viva Comunitária do México, servirão como eventos preparatórios para o 6º Congresso Latino-Americano de CVC, que acontecerá no México em 2024. Um deles é o 3º Encontro Nacional de Cultura Viva Comunitária, que a rede CVC México se propõe a realizar em outubro em Tatahuicapan de Juárez (Veracruz). O outro é o Congresso Nacional de Culturas Vivas Comunitárias do México, que será realizado em novembro nas cidades de Guadalajara e Zapopan (Jalisco).

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* Nome da rede: RED COMAL – Comadres Comunicadoras Comunitarias y Populares de América Latina

* Nome do projeto: 1º Encontro COMAL – Comadres Comunicadoras Comunitarias y Populares de América Latina

O 1º Encontro COMAL – Comadres Comunicadoras Comunitárias e Populares da América Latina reunirá mulheres rurais, indígenas e camponesas, dos territórios de Oaxaca (México) e Sumapaz (Colômbia). A partir de círculos da palavra, intercâmbio de saberes e criação coletiva, serão compartilhadas experiências e estratégias da comunicação popular e dos feminismos, com o intuito de cuidar e defender seus corpos-territórios e tecer um terreno comum para fortalecer e articular uma rede de mulheres rurais comunicadoras populares.

A reunião será realizada na Casa da Mulher das Organizações Indígenas de Direitos Humanos de Oaxaca (OIDHO), localizada em Santa María Atzompa, de 5 a 11 de novembro. A ideia é convocar três mulheres de cada uma das três escolas das Doñas Paramunas em Sumapaz (Cidade 20, Veneza e Pandi), além de nove mulheres do Istmo, da Mixteca, da Costa e dos Vales Centrais. Serão cerca de 35 mulheres no total, incluindo a equipe executora.

O projeto parte da necessidade de reconhecer e fortalecer a identidade cultural das mulheres do campo como sujeito importante dentro de seus processos organizacionais, territoriais e pessoais, que são -ou podem ser- fortalecidos e sustentados a partir dos exercícios de comunicação popular e das reflexões a partir do gênero e dos feminismos.

O evento foi pensado como um encontro entre mulheres de diferentes nacionalidades, territórios e idades, com potencial curativo, já que é possível que as participantes ressignifiquem suas vidas narrando a partir de sua própria voz e de suas formas de comunicação, e também podem se reconhecer em suas diferenças.

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A rede

A Rede COMAL é uma rede de mulheres, comadres, comunicadoras comunitárias e populares da América Latina que defendem o “comadreo” como um encontro com o outro em lugares comuns, para entender os processos cotidianos onde os sentires das mulheres são gestados. A rede foi criada para que comadres mexicanas e colombianas se reúnam em torno do comal (A palavra “comal” vem do nahuatl “comalli”, utensílio em forma de disco onde a comida é tostada.). As comadres se reúnem ao redor de fogo, milho, lama, tortilhas, feijão, arepas e café.

(Foto: Ojo de Comunicación)

As quatro organizações/coletivos que apresentaram esta proposta ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023 são a mexicana Comunicación Indígena S.C. (Ojo de Agua Comunicación) e as colombianas Las Doñas Paramunas, Equipe Colombiana de Pesquisa em Conflito e Paz (ECICP)) e La Partida Feminista.

Comunicación Indígena S.C. (Ojo de Agua Comunicación) nasceu em 1998 em Oaxaca de Juárez com o objetivo de transformar os meios de comunicação em ferramentas úteis para os povos indígenas e cidadãos. Por meio de acompanhamento, informação, conscientização, produções próprias, incidência política e divulgação de materiais, a organização criou e acompanhou conteúdos de rádio e vídeo que dão visibilidade aos povos e mulheres indígenas, valorizam a vida comunitária, defendem direitos e promovem a justiça com dignidade. Na última década, Ojo tem investido no empoderamento das mulheres e, em 2023, a terceira geração de rádios comunitárias segue capacitando-se sobre violência de gênero, masculinidades não hegemônicas e vida livre de violência.

Las Doñas Paramunas é uma escola de comunicação popular com mulheres camponesas da ecorregião de Sumapaz que desenvolve laboratórios de vídeo e rádio para fomentar o diálogo e a criação coletiva, promovendo narrativas próprias de mulheres em torno da defesa do corpo-território. Em 2020, a primeira versão da escola foi realizada em conjunto com o Conselho Local de Mulheres da Localidade 20, onde foram produzidos dois curtas-metragens: Historias del campo e El legado de las doñas. Em 2021, uma segunda versão ocorreu em Venecia, Cundinamarca, com outros dois curtas: Mercedes e Respirando felicidad en los campos de Colombia. Para encerrar 2021, foi promovido um evento no Centro de Memória, Paz e Reconciliação como uma socialização aberta do processo. Em 2022, houve um segundo módulo na Localidade 20, focado na produção de rádio. Em 2023 decidiu-se fazer uma terceira versão da escola em Pandi, Cundinamarca.

(Foto: Las Doñas Paramunas)

A Equipe Colombiana de Pesquisa em Conflito e Paz (ECICP)), criada em Bogotá (Colômbia) em 2012, estrutura seu trabalho em áreas de pesquisa e abordagens transversais com o objetivo de gerar uma incidência integral nos territórios. A organização atua na coordenação, formulação, execução e acompanhamento de projetos e relatórios de pesquisa; promove espaços educativos e de acompanhamento às comunidades e processos sociais e implementa uma estratégia de comunicação que contribui para a visibilidade dos processos territoriais.https://www.facebook.com/ECICP

La Partida Feminista foi criada em 2019, em Bogotá, a partir do Laboratório Comunitário de Cinema e Audiovisual Ojo Semilla, organizado por El Churo Comunicación no Equador (2018). Entre as atividades realizadas a partir de metodologias de pedagogia popular, cinema comunitário e feminismos, estão Minga Audiovisual: mulheres criando e narrando a partir de seus territórios em Praia Renaciente, Cali (2021), Começando pelas Raízes em Ciudad Bolívar, Bogotá (2021), o 1º Encontro Latino-americano As que gravam: mulheres, cinema e audiovisual comunitário entre Ciudad Bolívar e a Cinemateca de Bogotá (2022), e Potoescuela: Laboratório de artes visuais para meninas e mulheres em Ciudad Bolívar (2023).

Laboratorio de artes visuales para niñas (Foto: La Partida Feminista)

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* Nome da rede: Cultura Viva Comunitaria México – Plataforma Puente

* Nome do projeto: 3º Encuentro Nacional Cultura Viva Comunitária México

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O 3º Encontro Nacional de Cultura Viva Comunitária, que a rede CVC México se propõe a realizar em outubro em Tatahuicapan de Juárez (Veracruz), pretende unir esforços para a produção do 6º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que será realizado em México em 2024.

A proposta apresentada ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023 prevê uma etapa de “Pré-Encontro” a partir de agosto, com o desenvolvimento de atividades virtuais, como o “Diálogo Meso-americano e Caribenho para a Cultura Viva Comunitária”; sessões com o círculo da palavra “Gênero e Diversidades” para revisar e adaptar o protocolo de prevenção da violência de gênero e diversidade para congressos, bem como sessões informativas sobre a história e os princípios do movimento CVC no México e na América Latina.

O projeto prevê ainda a criação de um “rali fotográfico” sobre as intervenções e/ou experiências culturais comunitárias que cada grupo tem vivido nos seus territórios. Também haverá apresentações artísticas de cada coletivo participante com a finalidade de compartilhar suas experiências no palco, seus processos, e abrir um diálogo que permita conhecer outros contextos a partir dessas manifestações, as formas com que essa intervenção tem permitido impactar nos territórios, somar propostas, entre outras.

Seguindo uma metodologia participativa, durante o encontro presencial serão realizadas duas rodas temáticas ou laboratórios. A primeira terá como foco o desenho da produção do 6º Congresso Latino-americano de CVC; o segundo servirá para a orgânica da rede CVC México. Além disso, serão integrados espaços de convivência comunitária para as organizações participantes e a comunidade habitante de Tatahuicapan. A programação artística e cultural será moldada pelas ações das organizações participantes ou coletivos ligados ao movimento.

A soma desses esforços, propostas e conclusões será apresentada na assembleia geral do encontro nacional e ao Tejido de Culturas Vivas Comunitarias de México, grupo impulsor encarregado da produção do 6º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária.

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A rede

A rede Cultura Viva Comunitaria México começou a ser tecida em 2009 com a troca de experiências com organizações da Guatemala (Caja Lúdica) e do México (Coletivo Altepee). Em 2011 Habitajes A.C. participa do encontro Juventude e Arte Comunitária, onde foram instaladas a Plataforma Ponte CVC e as diretrizes da rede latino-americana em Medellín, Colômbia. A partir de 2014, foram realizadas reuniões nacionais, regionais e metropolitanas com organizações culturais de base comunitária de diferentes latitudes do México. Além disso, foram promovidas assembleias, colóquios, ciclos de diálogo em parceria com a Comissão de Direitos Humanos do Distrito Federal (CDDHF) e a Prefeitura de Tlalpan. A rede esteve presente nos últimos três Congressos Latino-americanos de Cultura Viva Comunitária no Equador (2017), Argentina (2019) e Peru (2022).

O projeto apresentado pela rede tem Habitajes – Centro de Estudos e Ações do Espaço Público como organização responsável pela gestão de recursos. Também participam da proposta os coletivos Altepee, Rses Crew e Kejtsitani.

2º Encontro Nacional de CVC em Cherán Keri (Foto: Habitajes)

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Organizações participantes

(Foto: Fogata Kejtsitani)

A Fogata Kejtsitani Mujeres por la Memoria de Cherán foi criada em 2015, ano em que seus membros consolidaram um projeto de história oral na comunidade de Cherán K’eri. Através do Coletivo Kéjtsitani, eles pretendem investigar, documentar, salvaguardar e divulgar seus valores, usos e costumes, bem como lutas passadas e presentes. Com a coleta de testemunhos orais, espera-se produzir uma narrativa própria que capte a natureza complexa do esforço de Cherán K’eri para desenvolver instituições políticas, educacionais e culturais autônomas. A narrativa da comunidade é recriada nas mídias digitais, buscando criar uma linguagem mais acessível para jovens.

O projeto também foi apresentado pelo Colectivo Altepee, fundado em 2013 em Acayucan por jovens interessados ​​na música de cordas do sul de Veracruz. O coletivo foi criado por um grupo de amigos que se reuniam em torno de suas jaranas pelo prazer de tocar, e que perceberam que a tradição do fandango (festa que congrega músicos e sapateadores em torno do palco) era uma forma natural de a comunidade se organizar e de se aproximar dos conhecimentos dos avós. Além de fazer um programa de rádio todas as quartas-feiras, os integrantes do Altepee produzem podcasts e vídeo-aulas sobre diversos temas, como saúde, culinária tradicional e promoção de sistemas alimentares locais.

Rses Crew é outro participante da rede. Criado em 2014, na Cidade do México, o coletivo se encarrega de propor e trabalhar expressões visuais e artísticas ligadas às comunidades, tendo como principal ferramenta a técnica do graffiti. Neste processo de reconstrução simbólica do espaço social, a reflexão transferiu-se para os desafios que se colocam às pessoas da terceira idade na apropriação do espaço público e privado. Em 2019, foi realizado um projeto de caravana cultural com um grupo de mulheres bordadeiras que criaram, compartilharam saberes e experiências de vida na oficina “Bordado da Memória”.

Uma noite de fandango (Foto: Colectivo Altepee)


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* Nome da rede ou articulação: Tejido de Culturas Vivas Comunitarias de México

* Nome do projeto: Congresso Nacional de Culturas Comunitárias Vivas do México

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Em outubro de 2022, diversas organizações e redes culturais mexicanas se reuniram no 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, no Peru, e chegaram a um importante acordo para reafirmar o México como sede do próximo Congresso Latino-Americano de CVC. Após o congresso no Peru, formou-se o Grupo Impulsor, que desde fevereiro se chama “Tejido de Culturas Vivas Comunitarias de México” e que vem se dedicando a uma agenda comum, com reuniões regulares de trabalho colaborativo.

O evento que este tecido propôs ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023 é o Congresso Nacional de Culturas Vivas Comunitárias do México, que será realizado em novembro nas cidades de Guadalajara e Zapopan (Jalisco).

Com o objetivo de fortalecer o movimento Cultura Viva Comunitária no México, o congresso incluirá atividades como a apresentação de um fanzine histórico educativo sobre o movimento na América Latina e no México, além de círculos da palavra e uma assembleia nacional que reunirá organizações, coletivos culturais e atores sociais com sólida atuação comunitária. A intenção é reunir pelo menos 150 pessoas de organizações culturais de base.

Também estão previstas apresentações artísticas e uma feira de saberes/mercado cultural. As atividades serão compostas por diversas expressões culturais, com a intenção de gerar um círculo de economia solidária,  promover as identidades culturais e suas relações interculturais e, sobretudo, o fortalecimento da organização comunitária por meio do conhecimento do trabalho realizado nos territórios e da aprendizagem coletiva resultante dos intercâmbios.

Delegação mexicana no 5º Congresso Latino-americano de CVC, no Peru

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Organizações participantes

A Cooperativa Cultural El Arbolillo Cuautepec iniciou seu trabalho em 2015, na Cidade do México, como um coletivo de jovens artistas urbanos que buscavam criar espaços e promover a cultura pintando murais e dando oficinas. Em 2018 constituíram-se como cooperativa, tendo a possibilidade de oferecer as suas práticas como serviço cultural de apoio à educação artística a diferentes ONGs, instituições e empresas a partir da perspetiva da economia social e solidária.

No estado de Jalisco, a ONG Mais Música, Menos Balas há mais de uma década desenvolve projetos culturais e comunitários que promovem a comunidade, a solidariedade, o voluntariado e a transformação social por meios pacíficos, intermediando a arte, a cultura, a educação e o esporte. Alguns de seus projetos são o Ciclo Itinerante de Música e Arte Mais Música, Menos Balas, realizado desde 2012, e o SaludArte, programa de saúde mental com arteterapia, para atender mulheres vítimas de violência e seus filhos.

O coletivo CulturAula, criado em 2013 na cidade de Guadalajara, é uma organização transdisciplinar dedicada à pesquisa, formação e defesa da gestão e desenvolvimento sociocultural a partir de vários enfoques. Seu trabalho é direcionado a agentes, movimentos e organizações de base comunitária, artistas, educadores e instituições.

Quem também participa como integrante do projeto é a rede de Cultura Viva Comunitária de Jalisco, uma rede colaborativa nascida em 2014 em Guadalajara, formada por organizações culturais de base comunitária e pessoas aliadas que se unem no fortalecimento da cultura comunitária e seus processos derivados.

1º Encuentro de Cultura Viva Comunitaria, en 2014 (Foto: CulturAula)

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