GT de Sistematização
Série de depoimentos coletados pelo GT de Sistematização marca um ano do 5º Congresso Latino-americano de CVC
Em 04, out 2023 | Em GT de Sistematização, Notícias, Universidades | Por IberCultura
Há um ano, de 8 a 15 de outubro de 2022, foi realizado no Peru o 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. Com o apoio do IberCultura Viva, seis membros do Grupo de Trabalho de Sistematização viajaram a Lima e Huancayo para acompanhar as atividades: Nicolás Lozano, Valéria Graziano, Rocío Orozco, Daniel Zas, Francisca Jara e Inés Lasida.
Como resultado do trabalho realizado no Peru, o GT reuniu 19 entrevistas em vídeo, entre outros registros, a maioria delas com representantes de organizações culturais comunitárias. A partir de hoje, publicaremos nas redes sociais do programa esses depoimentos coletados durante o evento. Os vídeos também estarão disponíveis no canal do IberCultura Viva no YouTube. O primeiro vídeo é um resumo dos 19 depoimentos que serão apresentados nos próximos dias.
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O apoio do programa à participação do GT no 5º Congresso teve como objetivo construir colaborativamente espaços de encontro e troca de saberes e experiências entre o Movimento Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária, gestores/as culturais, membros da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais e do GT de Sistematização, com o objetivo de partilhar diferentes perspetivas, identificar pontos de convergência, identificar boas práticas e construir e projetar estratégias e linhas de ação comuns.
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⇒Confira alguns dos depoimentos registrados pelo GT no Peru:
Depoimento de Daniela Gutiérrez, do “PARALELO Colectivo de Arte y Cultura” (Chile)
Depoimentos de Eloanah Carolina Gentil e Maiara Carvalho, do Centro de Teatro do Oprimido (Brasil)
Depoimento de Noemi Lopez Dominguez, do Círculo de Arte e Cultura Huaraz (Peru)
Depoimento de Adriana Diosa, do Grupo Teatral Arlequín y los Juglares (Colômbia)
Depoimentos de Maria Eugenia Romero e Randy Perdomo García (Cuba)
Depoimento de Carola Gonzalez, representante da Municipalidade de Marcos Juárez, Córdoba (Argentina)
Depoimento de Robert Urgoite, do Colectivo Tierra Negra, do Uruguai
Depoimentos de Joe Giménez y Gustavo Diaz, de El Cántaro BioEscuela Popular (Paraguai)
Depoimento de Noel Canto (docente), do Panamá
Depoimento de Emiliano Fuentes Firmani, da Asociación Civil por los Derechos Culturales (Argentina)
Depoimento de Luis Vasquez, do Colectivo Trono (Bolívia)
Depoimentos de Maria Emilia de la Iglesia, da Cooperativa La Comunitaria, y Andrea Hanna, do Grupo de Teatro Comunitario Matemurga (Argentina)
Depoimento de Reyna Mamani Mita, do Colectivo Trono (Bolívia)
Depoimento de Venus Valeria Corona Hernández, do Festival Regional de Artes Textiles Zongolica (México)
Depoimento de Pamela Otoya, del Kilombo Artes Escénicas (Peru)
Depoimento de Mario Waranqamaki Castillo, narrador oral indígena do Peru
GT de Sistematização reúne-se para discutir projeto de criação de Rede de Universidades
Em 28, set 2023 | Em GT de Sistematização, Notícias, Universidades | Por IberCultura
Na sexta-feira, 22 de setembro, o Grupo de Trabalho de Sistematização e Divulgação de Práticas e Metodologias de Políticas Culturais de Base Comunitária (GT de Sistematização) se reuniu por videoconferência para discutir algumas pendências, além da proposta de criação da Rede de Universidades do IberCultura Viva, apresentada por membros do GT duas semanas antes. Doze pessoas participaram do encontro.
Marcelo Vitarelli (Argentina), que apresentou o projeto da Rede de Universidades junto com Elena Román (México), Paola de la Vega (Equador), Rocío Orozco (México), Daniel Zas (Argentina) e Francisca Jara Pájara (Chile), abriu o encontro lembrando algumas conquistas do GT, como a realização dos quatro seminários em 2022 e a recente edição do livro digital Desafios, debates e experiências sobre culturas comunitárias na Ibero-América (“uma importante carta de apresentação dos nossos espaços e que já circula pelas universidades e grupos comunitários”). Lembrou, ainda, que entre os principais objetivos do GT está promover a construção de uma Rede de Universidades vinculadas ao programa IberCultura Viva.
“Somos um grupo de colegas que se mantém curiosos, ativos e preocupados com a cultura comunitária. Cada um de nós tem um papel diferente na universidade, uns com mais representatividade institucional, outros menos, mas o importante é que estamos trabalhando com abertura para o assunto, e começamos a trabalhar questões operacionais: quais são as nossas ideias, o que temos feito, como nos vemos dentro das universidades… porque (a ideia) não é criar uma superestrutura, algo utópico, mas sim algo concreto que sirva também como uma ferramenta mais possível e possibilitadora”, comentou Vitarelli.
O projeto apresentado procura contribuir para o desenvolvimento da formação, da pesquisa, da gestão e do apoio aos diversos setores envolvidos na abordagem das culturas comunitárias nos territórios. Além disso, tem como objetivo fortalecer os laços de cooperação entre as universidades latino-americanas, os atores sociais dos territórios e os governos locais, construindo agendas comuns baseadas em um compromisso social, ético e político com as culturas comunitárias, sua gestão e as políticas culturais que as acompanham.
O documento que o grupo entregou à Unidade Técnica reúne fundamentação, objetivos da rede, campos de atuação e uma apresentação de algumas das universidades que participaram da construção da proposta, para mostrar o que estão fazendo, “para mostrar que há um movimento de cultura comunitária dentro das universidades da América Latina”. “Somos professores universitários que trabalham com organizações de base, seja por meio de pesquisa, extensão ou gestão. Nós vamos e voltamos (às comunidades), conhecemos isso concretamente”, destacou Vitarelli.
A possibilidade de esta iniciativa proporcionar intercâmbios entre estudantes de vários territórios latino-americanos foi apontada por Rocío Orozco, que integra o coletivo mexicano CulturAula e participa do GT Sistematização por conta de um projeto de vinculação comunitária na Universidade Jesuíta de Guadalajara (ITESO), focada por um lado na formação e, por outro, no trabalho de base no bairro Mexicaltzingo. Para Orozco, que também participa da Escola de Artes da Secretaria de Cultura de Jalisco, esta rede poderia inclusive apoiar as atividades do 6º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que acontecerá em 2024 no México.
Elena Román, pesquisadora da Universidade Autônoma da Cidade do México (UACM), destacou o interesse do grupo em formalizar esta proposta de rede, e ver como podem fazer para que mais membros possam aderir, para que se fortaleça e se torne um organismo autônomo de várias maneiras. “Nós que estamos nesta configuração de rede também apostamos que é um trabalho de e para as pessoas que constituem esta rede. A rede tem que ser fluida, porque o que nos interessa é trabalhar. E sim, queremos que haja uma formalização do programa, pois esta era uma aposta do programa, e também para que possamos sustentar o nosso trabalho dentro das nossas instituições.”
Ricardo Klein, professor pesquisador do Departamento de Sociologia da Universidade de Valência (Espanha), parabenizou os/as colegas por esse esforço e chamou a atenção para que seja levado em conta o trabalho conjunto no âmbito ibero-americano, embora os primeiros membros desta proposta sejam de universidades da América Latina. Ele também pensa que seria bom amadurecer esse processo com as comunidades, conversando com os coletivos, para uma retroalimentação. Em seguida, Elena Román explicou que o documento foi criado justamente para que isso fosse formalizado e que depois trabalhariam em equipe. “Uma vez formalizado, podemos sentar-nos para fazer esse trabalho minucioso, real e concreto, porque sabemos que já há apoios”, afirmou.
A importância de pensar nessa ida e volta com as comunidades também foi defendida por Marcelo Vitarelli, que participa do GT Sistematização por seu trabalho na Universidade Nacional de San Luís, mas também é um dos membros fundadores da Rede de Universidades da Argentina para a Cultura Comunitária. Nos últimos cinco anos, a Universidade Nacional de San Luis vem trabalhando em conjunto com a Universidade Nacional de Córdoba e a Universidade Nacional do Litoral no que diz respeito às dimensões de formação, investigação e vínculos no campo problemático das culturas comunitárias do país. Atualmente, esta rede é formada por 14 universidades públicas da Argentina. “É formado por universidades e coletivos de base comunitária que estão dentro ou trabalham com as universidades”, destacou Vitarelli, destacando também o interesse de algumas dessas instituições em trabalhar de forma colaborativa com o IberCultura Viva.
Diego Benhabib, representante da Argentina no programa IberCultura Viva, parabenizou a todos/as pelo trabalho que vêm realizando e disse que a proposta de articulação da Rede de Universidades reflete um dos objetivos centrais do GT Sistematização. Ele também explicou que, tal como foi feito com o Grupo de Trabalho de Governos Locais, que nasceu em 2017 e em 2019 foi formalizado como Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, o processo de formalização da Rede de Universidades exigirá que haja uma assinatura e uma carta de adesão, para estabelecer um compromisso de participação institucional de universidades ou centros acadêmicos.
“Podemos trabalhar coletivamente neste documento, para que ele se adapte às diferentes realidades que temos na Ibero-América. (…) Claro que o nosso espírito e o nosso trabalho são abertos, mas a ideia é que a universidade ou espaço académico que queira participar nesta rede tenha que se comprometer com algumas questões, e por outro lado, definir quem é a pessoa .ou qual é a área que ficará responsável pela gestão operacional desses acordos”, detalhou.
Uma vez construído o instrumento para esta formalização, o tema será discutido no âmbito do Conselho intergovernamental do IberCultura Viva, que é o órgão de decisão sobre as diferentes iniciativas promovidas pelo programa. A intenção é poder incluir a proposta da Rede de Universidades no Plano Estratégico Trienal 2024-2026 que será elaborado nos próximos meses, além de refletir sua formação no Plano Operacional Anual 2024, para que esta instância possa ter recursos no orçamento do programa.
Manuel Trujillo, responsável técnico da presidência do IberCultura Viva, reforçou a importância de uma revisão conjunta do projeto, dos seus objetivos e necessidades, com a intenção de que no próximo ano possa ser aberto a mais participantes, para que mais instituições possam integrar-se e aderir e se possa trabalhar diretamente com as organizações. Neste sentido, deve ser desenvolvido um plano de trabalho para garantir o orçamento e o apoio institucional dos 12 países membros do Conselho Intergovernamental.
Para Elena Román, neste momento o mais importante é ter, por parte do programa, a ata de adesão. “Porque a nossa abordagem é muito clara: ‘sim, queremos trabalhar, seja como for’, mas há quem esteja nas instituições públicas, há quem não esteja. Há quem seja professor pesquisador em tempo integral, o que nos permite ter um tipo de negociação diferente, e há quem tenha uma estrutura muito hierárquica nas suas universidades”, comentou a pesquisadora da UACM, destacando que seria bom ter alguma flexibilidade nos parâmetros gerais de adesão à rede. “Assim que tivermos isso, poderemos saber quem vai estar lá, como vai ser, se as nossas universidades vão querer entrar e formalizar.”
A amplitude de possibilidades de adesão à rede foi citada por outros participantes da reunião, em diferentes contextos. Marcelo Vitarelli, por exemplo, responde como coordenador institucional da Universidade Nacional de San Luis para IberCultura Viva. Outros/as colegas do GT, no entanto, não contam com essa representação institucional. Por isso, o grupo defende que a carta de adesão permita a participação como universidade, mas de lugares diferentes, porque as instituições têm lógicas identitárias distintas. “Temos o nome de uma instituição em nossa representação, mas nem todos respondemos às políticas institucionais do mesmo lugar”, disse Vitarelli, oferecendo ajuda na revisão desta carta, para que ela seja redigida da melhor forma possível.
Daniel Zas mencionou o caso da Escola de Música Popular (Argentina), que junto com a Universidade de La Plata desenhou e executou a Tecnicatura em Música Popular. Ao falar das dificuldades que os projetos de extensão têm tido em receber recursos, perguntou como seria no caso da rede, como poderiam se unir a partir de cada cátedra ou criar um grupo de cátedras, pensando em outras possibilidades além do caminho direto da universidade para conseguir institucionalizar a rede. Um pouco antes, Zas havia mencionado as dificuldades que as organizações comunitárias estão passando, e questionado sobre a possibilidade de circulação de algum orçamento para apoiar atividades realizadas nos territórios.
Bárbara Vega, que ingressou no GT devido ao seu trabalho no Instituto Tecnológico de Sonora (México), também comentou que não está vinculada à universidade em tempo integral; ela trabalha por horas e por grupos especiais, mas sim, tem interesse em participar da rede. “Eu tinha comentado isso esta semana com o coordenador da área onde trabalho. Entendo que a universidade tem que se envolver, mas não sei exatamente o que eles precisam fazer ou o que eu precisaria pedir a eles, porque no final o trabalho da rede recairia sobre as pessoas que fazem parte dela, certo?”, indagou.
Rocío Orozco citou o seu caso, em que a Secretaria da Cultura de Jalisco tem sua própria licenciatura, e também manifestou sua preocupação com a adesão de universidades muito grandes, com muitos departamentos. “Se essas universidades não têm muita clareza sobre os benefícios que vão obter, não participam. Os benefícios devem ser muito claros e concisos nessa construção”, recomendou. Além disso, ela queria saber o que acontece com o orçamento do GT que não foi executado este ano e se seria possível utilizá-lo em algumas das ações que se propuseram iniciar, como a edição de um site.
Diego Benhabib explicou um pouco mais sobre as questões da institucionalidade, da participação no orçamento, e do grau de formalidade que existe e que exige a assinatura de autoridades. “Neste caso, vamos pedir a ajuda de vocês para reunir a estrutura institucional existente neste grupo de trabalho, para saber que tipo de institucionalidade têm e quem poderá assinar este instrumento para a adesão à rede. O reitor ou reitora da universidade, talvez um decano/a de determinada faculdade, poderia assinar a ata de adesão e comprometer-se a participar da rede. Vocês é que vão dizer que tipo de quadro institucional temos hoje disponível para pensar em uma ata de adesão viável”, afirmou.
Sobre o orçamento proposto por Daniel Zas e Rocío Orozco, Benhabib esclareceu que os recursos são destinados ao GT Sistematização e à produção realizada pelo grupo de trabalho. Ele afirmou ainda que o programa não costuma fazer repasses do fundo para uma universidade ou respectivas instituições. “Trabalhamos com projetos”, destacou. Quer dizer, os membros da Rede de Universidades deverão apresentar um projeto ou vários projetos que serão discutidos no plenário ou nas assembleias desta rede (que terá autonomia, mas com acompanhamento da Secretaria Técnica do IberCultura Viva). Uma vez definida a proposta, ela será levada ao programa como a proposta acordada para ser trabalhada durante aquele ano, já com o orçamento estabelecido.
“Não seria especificamente um projeto do IberCultura Viva, porque é basicamente de vocês. O trabalho que nos resta é pensar e começar a desenhar este instrumento de adesão, uma estruturação e regulação do que implica uma Rede de Universidades ou de espaços de formação e conhecimento”, resumiu o representante do governo argentino, que também sugeriu que o grupo tente sintetizar as diversas estruturas possíveis de participação institucional, com a correspondente autoridade e assinatura institucional.
Benhabib mencionou ainda a possibilidade de o programa continuar com o Grupo de Trabalho de Sistematização, mesmo com a formalização da Rede de Universidades. Uma vez que a rede estaria vinculada a um ambiente institucional, o GT atuaria em um ambiente mais “pessoal” ou profissional, inclusive para atender às pessoas interessadas que não conseguem ter sua correlação institucional, no sentido de que a instituição a que pertence não esteja realmente interessada no fortalecimento da cultura comunitária, por desinteresse ou desconhecimento, ou por uma estrutura burocrática demasiado complexa.
Ao final da reunião, ele disse que levaria o tema para a próxima reunião do Conselho Executivo do IberCultura Viva, marcada para o dia 3 de outubro, e que nos dias seguintes o programa trabalharia na construção dos instrumentos de adesão e discutiria com o grupo as diversas estruturas de participação que poderiam ser geradas. Foi estabelecido um prazo de 15 dias para que ambas as partes tenham seus documentos delineados e avancem com a formalização da Rede de Universidades.
GT de Sistematização lança livro “Desafios, debates e experiências sobre culturas comunitárias”
Entre maio e novembro de 2022, o Grupo de Trabalho de Sistematização do IberCultura Viva realizou um ciclo de seminários virtuais, com o objetivo de contribuir para a construção de um referencial teórico e o debate de categorias vinculadas às políticas culturais de base comunitária. Sem a intenção de apresentar definições ou conceitos absolutos, as pessoas integrantes do GT se propuseram a dialogar e repensar coletivamente essas ideias, em reuniões por videoconferência com três ou quatro palestrantes. As produções preparadas para estes seminários deram origem a um livro, com 203 páginas, já disponível para download no site www.iberculturaviva.org.
Coordenado por Clarisa Fernández, Paula Simonetti, Camila Mercado, Robert Urgoite e Vânia Brayner, o livro “Desafios, debates e experiências sobre culturas comunitárias na Ibero-América: reflexões a partir do Grupo de Trabalho de Sistematização do Programa IberCultura Viva” está dividido em sete capítulos (reformulados pelos/as autores/as para esta edição) correspondentes aos quatro seminários realizados em 2022. A publicação procura recuperar as análises realizadas em algumas das apresentações, esperando ser ao mesmo tempo uma contribuição teórica significativa e um insumo para o desenho de políticas culturais de base comunitária.
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Os capítulos
Os capítulos 1 e 2 correspondem ao seminário “Culturas Comunitárias e Diversidades”, realizado em 14 de maio de 2022. No primeiro capítulo, “Culturas e diversidades comunitárias, itinerários para caminhar”, Marcelo Fabián Vitarelli (Argentina) traça um percurso por conceitos e práticas-chave para culturas vivas comunitárias, em caminhos que relacionam culturas, diversidades, territorialidades, direitos humanos, sujeitos coletivos e intervenções inclusivas dialógicas. Numa segunda parte do texto, Vitarelli se concentra na experiência da Universidade Nacional de San Luis, membro fundador da Rede de Culturas Comunitárias, na Argentina.
No capítulo 2, Andrea Mata Benavides (Costa Rica) reflete sobre o Movimento Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, tomando especialmente os casos da Costa Rica e da Argentina. Além de caracterizar o movimento, reconstrói alguns marcos, eventos e ações significativas que fazem parte dessa história iniciada em 2010, em Medellín (Colômbia), após o Encontro Latino-americano Plataforma Puente Cultura Viva Comunitária. Entre os eixos problemáticos que a autora aborda estão as desigualdades e divergências a respeito de como o movimento se desenvolveu em diferentes países e as modalidades de participação e construção que vem sendo adotadas durante os congressos (como os círculos da palavra) e em outras instâncias de encontro.
Os capítulos 3 e 4 são do seminário “Políticas Públicas de Base Comunitária”, que ocorreu em 18 de junho de 2022. No primeiro deles, Clarisa Fernández (Argentina) reconstrói histórica e conceitualmente a categoria de políticas culturais comunitárias, buscando articular as experiências coletivas e as iniciativas governamentais que moldaram esse conceito. Ela também propõe diretrizes para a reflexão sobre seu alcance e incorporação tanto nos espaços de gestão como no campo acadêmico.
No capítulo 4, “Cultura de barra. O caso da Trincheira Celestial: modelo de gestão cultural baseado na realidade de La Banda del Capo”, Francisca Jara (Chile) apresenta um projeto de pesquisa que investiga as características fundamentais e a dinâmica da torcida do Clube Deportivo O’Higgins, na cidade de Rancagua, no Chile. O capítulo procura, a partir desta análise do trabalho territorial da organização, contribuir para o desenvolvimento de um plano cultural para a organização.
O capítulo 5 (“Saúde comunitária e cultura de vivência comunitária, modos de viver e produção de territórios”), de Robert Urgoite (Uruguai), vem do terceiro seminário do ciclo, sobre “Gestão Cultural Comunitária”, realizado em 13 de agosto de 2022. O autor propõe pensar de forma articulada a saúde e a vivência das culturas comunitárias, colocando a saúde como uma questão territorial, indissociável dos contextos. Para aprofundar sua proposta, Urgoite conta com a experiência do Coletivo Paranáuticxs, da cidade de Fray Bentos, no litoral uruguaio.
No capítulo 6, um dos dois correspondentes ao quarto seminário, “Património Cultural, Memórias e Museus Comunitários”, de 2 de novembro de 2022, Martina Inés Pérez (Argentina) aborda a gestão do patrimônio arqueológico desde uma perspectiva comunitária, aproveitando a experiência de uma equipe de pesquisa multidisciplinar em Antofagasta de la Sierra, Catamarca. O caso permite refletir sobre um fenómeno de maior escala que implica mudanças profundas na dinâmica de vida das comunidades rurais afetadas pelo crescimento exponencial da atividade turística.
Por fim, o capítulo 7, de Vânia Brayner (Brasil), propõe repensar o conceito antropológico de cultura nas políticas públicas, especificamente no campo da memória e do patrimônio cultural. A autora analisa o impacto dessas políticas no campo da memória, dos museus e da museologia, em particular, da chamada museologia social brasileira.
Como destacam os autores na publicação, “este percurso permite-nos dar conta de uma articulação de temas, abordagens disciplinares e perspetivas teóricas que abordam uma mesma preocupação: a necessidade de repensar as experiências, os atores, as políticas e as instituições do mundo cultural comunitário. Nesse sentido, este livro apresenta-se como uma contribuição para o mapa das discussões que ocorrem tanto nas áreas da gestão pública, como no campo acadêmico e dentro das organizações, na busca por uma cultura mais igualitária e democrática para toda a Ibero-América”.
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Sobre o GT
O Grupo de Trabalho de Sistematização e Difusão de Práticas e Metodologias de Políticas Culturais de Base Comunitária (GT de Sistematização) foi formado há dois anos, por meio de uma convocatória lançada pelo IberCultura Viva em junho de 2021. Das 87 inscrições recebidas nesta chamada pública, foram selecionadas 59 pessoas de 10 países: 17 do Brasil, 14 da Argentina, 7 do México, 6 do Equador, 4 da Colômbia, 4 do Peru, 3 do Uruguai, 2 do Chile, 1 da Costa Rica e 1 da Espanha.
As candidaturas aceitas foram aquelas de pessoas que exerciam atividades de pesquisa, ensino e/ou vinculadas a projetos de extensão cultural em instituições de ensino (universidades, centros de pesquisa ou formação, institutos ou similares). A primeira reunião do grupo se deu no dia 30 de setembro de 2021, de forma virtual, para que as pessoas participantes pudessem se encontrar e discutir uma forma de organizar este espaço de trabalho.
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Na reunião seguinte, no dia 9 de dezembro de 2021, foram debatidas algumas propostas que haviam sido apresentadas antes do encontro, como a criação de um seminário permanente e de um repositório ou revista digital. Também foram propostas mais algumas reflexões e redefinidas as equipes de trabalho para 2022, ano em que realizaram este ciclo de seminários e também acompanharam o 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que ocorreu no Peru de 8 a 15 de outubro. Com o apoio do IberCultura Viva, seis integrantes do GT viajaram ao Peru para realizar entrevistas e participar de algumas atividades do congresso, como os círculos da palavra “Legislação e políticas públicas” e “Educação popular e criativa”.
GT de Sistematização se reúne para comentar o que foi feito em 2022 e as projeções para 2023
Em 21, dez 2022 | Em Notícias | Por IberCultura
Nesta segunda-feira, 19 de dezembro, foi realizada a última reunião do ano do Grupo de Trabalho de Sistematização e Difusão de Práticas e Metodologias de Políticas Culturais de Base Comunitária (GT Sistematização). Quinze pessoas participaram deste encontro por videoconferência, comentando o que foi feito no âmbito do GT durante o ano de 2022, bem como algumas pendências e projeções para 2023.
A secretária técnica do IberCultura Viva, Flor Minici, abriu o encontro explicando que a ideia era falar de impressões, comentar como foi o ano, o trabalho em comum, incluindo as experiências vividas pelo GT no 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. “É uma escuta para saber como podemos melhorar, ver qual seria a próxima etapa e como podemos nos apoiar para ter mais força”, ressaltou.
Em seguida, o argentino Marcelo Vitarelli falou da alegria de reencontrar esse grupo de voluntários que abraçam a cultura comunitária e de como a elaboração do relatório anual do GT ajudou a ordenar tudo o que fizeram, reforçar as conquistas, ver o que falta, mostrar que eles têm em mãos uma produção e uma identidade. “Nos encontrar é sempre um grato momento porque nos ajuda a seguir construindo uma identidade”, afirmou Vitarelli, que é professor, pesquisador e extensionista social da Universidade Nacional de San Luís e da Universidade Nacional de Villa Mercedes.
Segundo ele, o relatório entregue à Unidade Técnica mostra que há um caminho percorrido, há construções realizadas, “talvez não como pensávamos originalmente, mas são as reais”, e que muitos querem que isso continue, que se fortaleça. “O IberCultura Viva permitiu que nós, latino-americanos, nos juntássemos em rede, e isso não tem preço. Fazer redes a partir da universidade é complexo, sustentá-las é mais ainda, e poder trocar experiências realmente é algo que valorizo muito e agradeço. São muitas as perguntas que continuamos a fazer, e seguramente se continuarmos a caminhar continuaremos a fazê-las, mas isso é sinal de que estamos trabalhando, que estamos vivos, que queremos fazer e que também estamos aprendendo a conhecer.”
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Na sequência, Clarisa Fernandez (Argentina), Elena Román (México), Giselle Dupin (Brasil), Inés Lasida (Uruguai), Rocío Orozco e Bárbara Vega (México) fizeram suas considerações sobre algumas dificuldades encontradas, como abordar algumas estratégias para o trabalho conjunto em dois idiomas, a necessidade de fortalecer o grupo e a participação dos integrantes para garantir a continuidade do GT. Também comentaram sobre os avanços e o interesse em seguir, por exemplo, com o ciclo de seminários iniciado em 2022, dando continuidade à ideia de que sejam autoconvocados e autogeridos por pessoas com expertise.
O relatório que o grupo entregou à Unidade Técnica na sexta-feira, 16 de dezembro, além de informar sobre o que foi feito ao longo do ano, reuniu algumas propostas para realizar em 2023. Numa seção de objetivos, foram detalhadas as atividades pendentes e que serão retomadas no próximo ano (seminários, repositório), bem como a concepção e ativação da Rede de Universidades ligadas à Cultura Viva da Comunidade.
O GT de Sistematização foi formado no ano passado, a partir de uma convocatória do IberCultura Viva, por meio da qual foram selecionados 59 pesquisadores/as de 10 países, dedicados a trabalhar questões relacionadas às políticas culturais de base comunitária. O grupo reuniu-se pela primeira vez em 30 de setembro de 2021, e a partir daí realizou oito reuniões com a Unidade Técnica para decidir coletivamente os trabalhos a desenvolver. Outras reuniões internas do GT foram realizadas para organizar as atividades propostas.
Dessas reuniões surgiu a necessidade de promover uma série de seminários que permitissem colocar na mesa a diversidade de pontos de vista sobre conceitos-chave, de forma a ter uma palavra geral para delinear eixos, estratégias e projetos. Os seminários realizados durante o ano de 2022 foram os seguintes: “Culturas e diversidades comunitárias” (14 de maio), “Políticas públicas de base comunitaria”(18 de junho), “Gestão cultural comunitária” (13 de agosto) e “Património cultural, memórias e museus comunitários” (15 de outubro). As apresentações desses quatro seminários já realizados serão reunidas num livro em formato digital, que se encontra em elaboração.
Outra proposta do GT levada adiante este ano foi a participação do grupo no 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado no Peru de 8 a 15 de outubro. Seis integrantes do GT viajaram para Lima e Huancayo com o apoio do IberCultura Viva: Nicolás Lozano, Valeria Graziano, Rocío Orozco, Daniel Zas, Francisca Jara e Inés Lasida. Como resultado do trabalho realizado no Peru, o GT conta hoje com 19 entrevistas em vídeo, 6 mini entrevistas em áudio, registros escritos de discussões em rodas de palavra e assembléias, além de pesquisas em papel e online.
O apoio do programa à participação no 5º Congresso teve como objetivo a construção colaborativa de espaços de encontro e troca de conhecimentos e experiências entre o Movimento Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, gestores culturais, membros da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos e o GT de Sistematização, de forma a partilhar as diferentes visões, identificar pontos de convergência, identificar boas práticas e construir e projetar estratégias e linhas de ação comuns de governança participativa e de base comunitária.
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Ciclo de seminários do GT de Sistematização pretende ser um espaço de intercâmbio, discussão e produção
Em 08, ago 2022 | Em Notícias | Por IberCultura
“Gestão cultural comunitária” será o tema do terceiro seminário do Grupo de Trabalho de Sistematização IberCultura Viva, que será realizado virtualmente no próximo sábado, 13 de agosto. Estão previstas apresentações de Robert Urgoite (Uruguai), Rocío Orozco (México) e do Grupo de Teatro Comunitário Arena y Esteras (Peru). A moderação ficará a cargo de Francisca Jara Pérez (Chile). Participam como sistematizadoras Martina Inés Pérez, Vania Brayner e Carla Rabelo.
Este ciclo de seminários por videoconferência foi concebido como uma atividade fechada, para discussões internas dos/das integrantes do grupo de trabalho. As reuniões são gravadas e posteriormente disponibilizadas no canal IberCultura Viva no YouTube para todas as pessoas interessadas.
A intenção é que todas as pessoas convocadas neste GT possam participar dessas instâncias de reflexão conceitual para começar a construir algo coletivo a partir do que já está feito e dos processos de cada um (em suas pesquisas acadêmicas ou experiências em organizações, em gestão, etc.) . Esses encontros virtuais buscam ser espaços de intercâmbio, discussão e produção.
O primeiro seminário, realizado no dia 14 de maio, teve como tema “Culturas comunitárias e diversidades”. Marcelo Vitarelli (Argentina), Daniel Zas (Argentina) e Andrea Mata (Costa Rica) foram os palestrantes desta apresentação inaugural. A sistematização ficou a cargo de Paula Simonetti, Clarisa Fernández, Bárbara Vega e Rocío Orozco.
No dia 18 de junho, foi realizado o segundo seminário, com o tema “Políticas públicas de base comunitária” e apresentações de Clarisa Fernández (Argentina), Ricardo Klein (Uruguai-Espanha), Francisca Jara (Chile) e Alberto Cavassa (Peru).A moderadora foi Inés Lasida (Uruguai). Nicolás Lozano, Estefanía Schneider, Camila Mercado, Ana Paula do Val e Gloria Lescano ficaram responsáveis pela sistematização deste seminário.
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Confira o vídeo do Seminário 1:
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Confira o vídeo do Seminário 2:
Inicia-se o ciclo de seminários sobre cultura comunitária proposto pelo GT de Sistematização
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“Culturas e Diversidades Comunitárias” foi o tema do primeiro seminário do Grupo de Trabalho de Sistematização e Difusão de Práticas e Metodologias de Políticas Culturais de Base Comunitária (GT de Sistematização), que foi realizada por videoconferência no dia 14 de maio. Marcelo Vitarelli (Argentina), Daniel Zas (Argentina) e Andrea Mata (Costa Rica) foram os palestrantes desta apresentação inaugural. A sistematização ficou a cargo de Paula Simonetti, Clarisa Fernández, Bárbara Vega e Rocío Orozco.
Na abertura, Flor Minici, secretária técnica do IberCultura Viva, cumprimentou os participantes em nome do programa e comentou a importância deste ciclo de seminários que o GT de Sistematização propôs para este ano. “Estas instâncias constituem um conjunto de reflexões, elaborações, produções coletivas, a partir das quais pensamos também os objetivos estratégicos e as políticas futuras, a partir dos diagnósticos e caracterizações que os companheiros e as companheiras deste Grupo de Trabalho de Sistematização realizam”, ele destacou.
Marcelo Vitarelli, que coordenou esta primeira palestra, explicou que a proposta partiu do desafio de sistematizar uma produção específica de conhecimento em torno da cultura comunitária, e que este seminário buscou discorrer sobre culturas comunitárias e diversidades, entendendo esta apresentação nos termos da estreita relação entre comunidade, diversidade e cultura.
“Hoje estamos conversando com vocês não para apresentar definições, não para falar de conceitos absolutos, muito pelo contrário. (A ideia é a) de abordar essa jornada em torno de culturas e diversidades e começar a contribuir com o diálogo para pensar em conjunto essa questão em nossa região. Este é o espírito”, destacou Vitarelli antes de sua apresentação “Culturas e diversidades comunitárias, itinerários para caminhar”.
Marcelo Vitarelli é professor, pesquisador e extensionista social na Universidade Nacional de San Luis e na Universidade Nacional de Villa Mercedes. Membro ativo da Rede de Culturas Comunitárias da Universidade, ele fez uma apresentação mais conceitual na abertura deste primeiro seminário do GT, deixando que os outros dois palestrantes trabalhassem os conceitos à luz da experiência territorial.
Daniel Zas, responsável pela segunda apresentação da tarde, falou sobre “A experiência da Orquesta Estable da Rádio Reconquista e a Articulação com a Rede Arte, Memória e Territórios”. Gestor cultural, músico, comunicador e educador popular, Daniel fez um relato sobre o trabalho que desenvolve em Villa Hidalgo, bairro popular de José León Suárez, na região metropolitana de Buenos Aires (Argentina).
Além de fazer parte da equipe de coordenação do grupo juvenil da Rádio Comunitária FM Reconquista – Associação Civil de Mulheres La Colmena, ele é um dos coordenadores do projeto Orquesta Estable da Rádio Reconquista e professor do curso de Técnica de Música Popular da Escola Popular de Música das Mães da Plaza de Mayo – Linha Fundadora.
A terceira exposição deste sábado foi “Culturas Comunitárias e Diversidades: Experiências do Movimento Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária nos casos de suas redes na Costa Rica e Argentina”, de Andrea Mata Benavides, que além de professora e pesquisadora da Universidade da Costa Rica, é antropóloga social, artista de teatro e artesã. A reflexão que ela apresentou neste seminário foi parte de sua tese para o Programa de Doutorado em Ciências Sociais da FLACSO-Argentina.
Outros cinco seminários do GT Sistematização estão programados para este ano, com intervalos não superiores a seis semanas. A próxima, prevista para junho, terá como tema “Políticas públicas de base comunitária”. As seguintes serão sobre “Gestão cultural comunitária”, “Patrimônio cultural e comunitário”, “Boa vida e saúde comunitária”, “Memórias e museus comunitários”. O ciclo deve continuar em 2023, com os seminários “Governança Cultural Comunitária”, “Economia Social”, “Gênero, Diversidade e Cultura Comunitária” e “Educação e Cultura Comunitária” e “Infância e Juventudes”.
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Proposta do GT
O GT de Sistematização conta atualmente com 57 membros de 10 países. Essas pessoas foram selecionadas em uma convocatória lançada pelo IberCultura Viva em 2021, destinada a pessoas vinculadas a instituições de ensino dos países membros (universidades, centros de pesquisa ou formação, institutos ou similares) e dedicadas à pesquisa de políticas culturais de base comunitária ou projetos de extensão voltados para a comunidade
A realização de seminários foi uma proposta das pessoas convocadas neste GT, com a intenção de que todas pudessem participar dessas instâncias de reflexão conceitual para começar a construir a partir do que já está feito e dos processos de cada um (seja pesquisa acadêmica, experiências em organizações, gestão, etc.). A ideia é que a construção do conhecimento seja concebida como algo coletivo e não exclusivamente do campo acadêmico, tornando esses seminários espaços de intercâmbio, discussão e produção atravessados por diálogos contínuos.
Os seminários foram concebidos inicialmente como atividades fechadas, para discussões internas dos membros do grupo de trabalho, com a possibilidade de alguns dos materiais serem compartilhados com os interessados nesses debates.
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GT de Sistematização se reúne para apresentar avanços sobre programação de seminários e definição de público
Em 05, mar 2022 | Em Notícias | Por IberCultura
Os seminários do Grupo de Trabalho de Sistematização e Divulgação de Práticas e Metodologias de Políticas Culturais de Base Comunitária (GT de Sistematização) terão duração de duas horas, serão realizados pela plataforma Zoom (no perfil de IberCultura Viva) e contarão com três expositores e cinco sistematizadores. O primeiro seminário se dará entre a segunda quinzena de abril e a primeira semana de maio. Outros quatro serão realizados com intervalos de no máximo seis semanas.
Esses foram alguns dos acordos da reunião virtual que foi realizada nesta quinta-feira, 3 de março, por videoconferência. No encontro participaram 18 integrantes do GT de Sistematização, além da equipe da Unidade Técnica IberCultura Viva.
A ideia é que todos os integrantes do GT (são 58 no total) participem dos cinco seminários que serão realizados este ano. O primeiro terá como tema geral “Culturas e Diversidades Comunitárias” e como subtemas “Gênero, diversidade e cultura comunitária” e “Infâncias e juventudes”. O segundo seminário será “Políticas públicas de base comunitária” e o terceiro, “Gestão cultural comunitária”, com os subtemas “Governança cultural comunitária”, “Economia social” e “Bem viver e Saúde comunitária”, com subtema “Memórias e museus comunitários”.
Durante a reunião, comentou-se a possibilidade de que alguns dos materiais sejam compartilhados com quem tiver interesse nesses debates, talvez por meio de vídeos no canal IberCultura Viva no YouTube, já que inicialmente essas reuniões são pensadas como atividades fechadas, para discussões internas dos membros do grupo de trabalho. Mencionou-se também que a incorporação de outras pessoas ao grupo não deve ser por meio de nova convocatória pública, e sim por convites a pessoas que já trabalham com o tema e que atendam aos mesmos requisitos de ingresso daqueles que fazem parte do GT desde o início.
Para a próxima reunião, a Comissão de Fomento à Pesquisa deve enviar uma proposta para utilizar os recursos disponíveis e estimular a produção de trabalhos teóricos em torno da Mondiacult, a Conferência Mundial de Políticas Culturais, que será realizada no México em setembro.
Participantes do GT de Sistematização realizam sua primeira reunião para organizar o espaço de trabalho
Em 01, out 2021 | Em Notícias | Por IberCultura
O Grupo de Trabalho de Sistematização e Difusão de Práticas e Metodologias de Políticas Culturais de Base Comunitária (GT de Sistematização) se reuniu pela primeira vez nesta quinta-feira, 30 de setembro. Ao todo, 63 pessoas participaram do encontro por videoconferência, entre participantes do GT, membros da Unidade Técnica do IberCultura Viva, representantes da presidência e da vice-presidência do programa, além de um dos países membros do Conselho Intergovernamental (Equador).
Este primeiro encontro foi pensado para que os/as participantes pudessem se conhecer e discutir uma forma de organizar este espaço de trabalho, que conta com 59 membros de 10 países. Estas pessoas, selecionadas por chamada pública, desenvolvem atividades de pesquisa, docência, extensão ou vinculação cultural em universidades e institutos ou outros tipos de instituições públicas de fomento ou salvaguarda que incluam áreas de investigação ou vinculação comunitária.
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Esther Hernández Torres, diretora geral de Vinculação Cultural da Secretaria de Cultura do Governo do México e presidenta do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva, abriu o encontro comentando que a proposta de criação do GT de Sistematização surgiu da iniciativa de construir um sistema de informação cultural sobre políticas culturais de base comunitária no Espaço Ibero-americano.
“Acreditamos que para promover e fortalecer essas políticas é necessário trabalhar na consolidação e na sistematização das práticas e experiências que estão se desenvolvendo nos diversos territórios de nossos países, e sobre as quais uma parte do meio acadêmico tem refletido e trabalhado”, comentou a presidenta.
O objetivo do programa, nesse sentido, diz respeito à criação de pontes que facilitem a transferência da produção acadêmica para as áreas de desenho e implementação de políticas públicas. Além disso, trata-se de apoiar o desenvolvimento de pesquisas que ajudem a refletir sobre as propostas do programa, e buscar os melhores dispositivos e ferramentas que contribuam para o aprimoramento da capacidade de articulação e gestão das organizações culturais.
“Somos um grande grupo de pessoas. Queremos discutir qual a melhor forma de configurar este espaço de trabalho, e decidimos convocar a partir de uma perspectiva ampla, que nos permitiria reconhecer a grande diversidade de identidades e abordagens que nos compõem”, disse Esther Hernández, ao falar sobre a opção de incluir na convocatória tanto projetos de pesquisa quanto projetos de extensão ou vinculação, apostando na intersetorialidade das missões de universidades e institutos nos países ibero-americanos.
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Ao comentar a diversidade do grupo, que reúne responsáveis pela gestão de projetos, pesquisadores e estudantes, Esther Hernández destacou a presença de pessoas que são referência no estudo das políticas culturais, como Elena Román, do Observatório de Políticas Culturais da Universidade Autônoma da Cidade do México e. José Márcio Barros, do Observatório da Diversidade Cultural da Universidade Estadual de Minas Gerais, que participa ao lado de uma turma de 9 brasileiros.
O GT conta também com um grande grupo do Mestrado em Gestão Cultural e Políticas Culturais da Universidade Andina Simón Bolívar e do Encontro Universitário pela Cultura Comunitária da Argentina, e com representantes de instituições que desenvolvem linhas de pesquisa, como é o caso de UNESCO Peru, Instituto Distrital de Patrimônio Cultural da Cidade de Bogotá (Colômbia) e Instituto Mexicano de Cinematografia (IMCINE).
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A proposta apresentada pela Unidade Técnica foi a de distribuir inicialmente o grupo em três comissões de trabalho. Em uma delas, seria trabalhado todo o relacionado ao “referencial teórico” das políticas culturais de base comunitária. A segunda comissão se dedicaria a tudo o que diz respeito às políticas públicas e à governança cultural, tanto em nível nacional, local ou multilateral, e a terceira, a tudo que se relaciona com o trabalho territorial e as organizações culturais comunitárias.
A ideia é que os comitês sejam formados e possam se reunir ao longo do mês de outubro, e que a partir das contribuições dos participantes, outras formas de trabalho e comitês mais específicos possam ser estruturados para o desenvolvimento das propostas que surgirem. “Brecha digital”, “economia social”, “participação social” e “intercâmbio de saberes” nas práticas culturais comunitárias são alguns dos temas de interesse do programa, e que serão propostos não apenas como objeto de estudo, mas também como prática para a construção do conhecimento.
Posteriormente, pretende-se incorporar ao grupo de trabalho representantes de organizações culturais comunitárias e pessoas da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais interessadas em aderir ao trabalho cooperativo.
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O programa IberCultura Viva recebeu 87 candidaturas de pessoas interessadas em integrar o Grupo de Trabalho sobre Sistematização e Divulgação de Práticas e Metodologias de Políticas Culturais de Base Comunitária (GT de Sistematização). Desse total, foram selecionadas 59: 17 do Brasil, 14 da Argentina, 7 do México, 6 do Equador, 4 da Colômbia, 4 do Peru, 3 do Uruguai, 2 do Chile, 1 da Costa Rica e 1 da Espanha.
A convocatória, que esteve aberta entre 17 de junho e 13 de agosto, estava dirigida a pessoas vinculadas a instituições de ensino nos 11 países membros (universidades, centros de pesquisa ou formação, institutos ou similares) dedicadas à pesquisa de políticas culturais de base comunitária ou projetos de extensão ou vinculação cultural voltados para a comunidade.
As candidaturas aceitas foram aquelas de pessoas que desenvolvem atividades de pesquisa, docência e extensão ou vinculação cultural em instituições de ensino. A maioria das inscrições não aceitas veio de pessoas vinculadas a organizações culturais comunitárias. Essas pessoas poderão ingressar a partir de uma convocatória específica para integrar o GT de Participação Social, com lançamento previsto para setembro.
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Perfis variados
Das 59 pessoas selecionadas, 37 são mulheres e 22 homens. O grupo inclui 4 pessoas que se declaram afrodescendentes e 4 indígenas. As pessoas que estão vinculadas de alguma maneira a universidades correspondem a 48 (28 mulheres, 20 homens); 4 mulheres se vinculam a institutos e 7 pessoas (5 mulheres, 2 homens) a outras instituições que desenvolvem linhas de pesquisa, como por exemplo UNESCO Peru, o Instituto Distrital de Patrimônio Cultural da Cidade de Bogotá (Colômbia) e o Instituto Mexicano de Cinematografia (IMCINE). No que diz respeito à área de trabalho, 31 (19 mulheres, 12 homens) se dedicam à pesquisa; 15 (8 mulheres, 7 homens) a projetos de extensão, 12 (9 mulheres, 3 homens) a atividades de formação.
Os perfis são variados, com pessoas provenientes de distintas cidades e regiões, e projetos dos mais diversos, desenvolvidos nas capitais e no interior dos países. Na lista estão, entre outros, a coordenadora do Mestrado de Gestão Cultural e Políticas Culturais da Universidade Andina Simón Bolívar- Sede Equador; uma professora-pesquisadora da Universidade Autônoma da Cidade do México que coordena o Observatório de Políticas Culturais; um politólogo colombiano vinculado a uma universidade de Londres que pesquisa o movimento latino-americano de Cultura Viva Comunitária; uma chilena que é professora de diversas instituições nacionais e internacionais e diretora de museu em Viña del Mar; uma costarricense que é antropóloga, atriz, diretora de teatro e doutoranda em investigação em ciências sociais.
Entre as pessoas candidatas do Brasil, 9 são do Observatório da Diversidade Cultural, integrado por pesquisadores de distintas instituições educativas, como a Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade Federal do Ceará (UFC). Também há um candidato com um projeto de extensão vinculado ao sistema de saúde da Universidade Federal de Pernambuco, dedicado a estudos e práticas de capoeira Angola, e uma que coordena o projeto de extensão e pesquisa “Teatro em comunidade”, vinculado à Universidade Federal de Goiás.
Entre as selecionadas da Argentina, há pessoas vinculadas a 9 universidades públicas: Universidad Nacional de las Artes, Universidad Nacional Tres de Febrero, Universidad Nacional de la Plata, Universidad de Buenos Aires, Universidad Nacional del Litoral, Universidad Nacional del Nordeste, Universidad Nacional de San Luis, Universidad Nacional de Córdoba y Universidad Nacional de Avellaneda. O selecionado da Espanha, por sua vez, faz parte de um projeto de mapeamento de boas práticas de Artes Vivas na Iberoamérica, junto a uma equipe interdisciplinar de agentes culturais ibero-americanos.
As propostas do Peru vão desde processos de pesquisa e gestão de projetos como Espacios Revelados Lima, realizado em espaços em estado de abandono do Centro Histórico, até um projeto de fortalecimento da Plataforma de Cultura Viva Comunitária de Lima Metropolitana através da geração de memória, criação de plataforma de meios e capacitações, incluindo o desenvolvimento de um Observatório de Políticas Culturais Comunitárias em nível local.
Do Uruguai se encontram propostas como a do grupo de pesquisa “Arte Comunidad y Territorios Organizados”, radicado na Universidade da República, e o projeto “Territorialidades rítmicas no habitar urbano. Anglo e Candombe em Fray Bentos”, pertencente ao Mestrado em Psicologia Social da Faculdade de Psicologia na Universidade da República.
As pessoas selecionadas para integrar o GT de Sistematização serão notificadas pela Unidade Técnica e convocadas para uma primeira reunião de trabalho junto ao Conselho Intergovernamental do programa para definir o mecanismo, cronograma e metodologia de trabalho.
Confira a ata com as candidaturas habilitadas e não habilitadas
Consultas: programa@iberculturaviva.org.