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26

nov
2021

Em Notícias

Por IberCultura

Conectando culturas, armando redes: os quatro projetos regionais selecionados no Edital de Apoio a Redes 2021 

Em 26, nov 2021 | Em Notícias | Por IberCultura

Dos 20 projetos selecionados no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2021, quatro foram apresentados por redes/articulações que reúnem organizações e coletivos de diferentes países. A esses projetos chamamos de “regionais”. 

São eles: Diversidade Indígena Viva (Argentina, Brasil e Equador), Articulación Latinoamericana de Organizaciones Culturales Rurales (Argentina, Brasil e Chile); Intersecciones, X Encuentro Internacional de la Red de Mujeres x la Cultura (Argentina, Brasil e Equador); Estação Sonidos de Esperanza / O Som do Recomeço da Vida / Vozes dos Pontos de Cultura (Brasil, Argentina, Chile e México).

(Foto: Thydêwá)

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Nome do projeto: Diversidade Indigena Viva

Nome da rede: Diversidade Indígena Viva

Diversidade Indígena Viva é uma comunidade colaborativa de aprendizagem, composta por 12 indígenas de diferentes etnias, provenientes de Argentina, Brasil e Equador. Esses homens e mulheres, jovens e adultos, partilham experiências, opiniões, visões, saberes e sentimentos através das ferramentas digitais, ora de forma sincrônica, ora não, dialogando sobre a diversidade das sabedorias indígenas vivas que inspiram, e podem inspirar mais ainda, a nova humanidade que nasce. 

Além de fortalecer as capacidades dos membros da comunidade e suas redes, o projeto visa a produção de um conteúdo multimídia (e-book ou página web, um por etnia participante), com vídeos, textos, imagens, áudios que espalhem reflexões e semeiem provocações, desde e com a identidade indígena, para o mundo atual e suas gerações vindouras. Também está prevista a produção de conteúdo colaborativo para compartilhar a experiência da comunidade, seu processo e metodologia.

A ideia é pensar nos patrimônios imateriais de cada povo indígena participante e dos povos indígenas do mundo, pensar no bem viver de seu povo e no bem viver da humanidade. É pesquisar e sistematizar uma “sabedoria” partindo do identitário, valorizando essa ciência ou prática e compartilhando-a com os outros participantes da iniciativa. É produzir comunicação para a humanidade, para que a diversidade de sabedorias indígenas sirva como inspiração para todas as pessoas.

Diversidade Indígena Viva é um projeto realizado no ciberespaço por uma rede de 15 pessoas, formada para executar esta proposta apresentada ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes 2021. Das 15 pessoas que compõem a rede, 12 são indígenas: 4 do Brasil (dos estados de Alagoas, Santa Catarina, São Paulo e Amazonas); 4 da Argentina (provincias de Córdoba, Entre Ríos, Jujuy y Salta), e 4 do Equador (2 da região amazônica, 1 andino e 1 da costa). Os 3 não indígenas são provenientes do Brasil (1 da Bahia, 2 de Minas Gerais).

1ª Fogueira Digital do projeto Diversidade Indígena Viva

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Organizações participantes

Uma das organizações que apresentam o projeto é a brasileira Thydêwá, criada em 2002 na Bahia. Entre as mais de 70 iniciativas idealizadas e promovidas pela Thydêwá, destacam-se o Ponto de Cultura Índios On-Line, o Pontão Esperança da Terra, a Rede de Pontos de Cultura do Nordeste Mensagens da Terra, a rede e coleção de livros Índios na Visão dos Índios, a Rede Índio Educa, a Rede Risada, a Rede Pelas Mulheres Indígenas, Kwatiara, AEI – Arte Eletrônica Indígena e AIRE – Arte com Indígenas em Residências Eletrônicas.

Premiada duas vezes como Ponto de Mídia Livre e três vezes como Ponto de Memória, a organização tem trabalhado com indígenas de 30 etnias diferentes, especialmente na valorização dos patrimônios imateriais, seus direitos e no uso da informação e da comunicação. Além das parcerias com povos indígenas da Argentina e Colômbia, mantém parcerias com o Reino Unido, a Alemanha e a França, promovendo o diálogo intercultural e o bem-viver.

Mariela Tulian e Sebastián Gerlic, da Thydêwá: intercâmbio entre Pontos de Cultura Indígena começou em 2015

A parceria com comunidades indígenas da Argentina vem desde 2015, ano em que foram selecionados para o Edital IberCultura Viva de Intercâmbio e deram início aos primeiros projetos em conjunto com Mariela Jorgelina Tulián, casqui curaca de la Comunidad Indígena Territorial Comechingón Sanavirón “Tulián”, que também participa deste projeto apresentado ao Edital de Apoio a Redes 2021.

Situada em San Marcos Sierras (Argentina), a Comunidade Indígena Comechingón Sanavirón “Tulián” foi fundada em 2010 e está presente em escolas, tramitando bolsas de estudos  secundários, dando palestras e cursos de cosmovisão, compartilhando cerimônias com os membros dessas instituições e, de maneira mais efetiva, na escola secundária IPEM nº 45 Dr. Ernesto Molinari Romero, por meio de uma tutora intercultural que realiza atividades constantemente. 

Há vários anos eles participam de encontros com outras comunidades indígenas, integrando a Coordinadora de Comunicación Audiovisual Indígena de Argentina (CCAIA), onde uma de suas autoridades comunitárias exerce a função de vice-presidenta. E há algum tempo integram o Consejo Continental de Ancianas, Ancianos y Guías Espirituales de América.

Foi Mariela Tulián quem apresentou a Thydewá a parceira equatoriana neste projeto de 2021: a Fundación Guanchuro. Criada em 2010, em Pichincha (Equador), esta fundação promove a interculturalidade, os processos de economia solidária, o turismo comunitário, a educação intercultural bilíngue, a promoção da língua e da cultura. É uma das participantes da Rede DVV Internacional, organização de cooperação com sede em Bonn (Alemanha), especializada em educação de jovens e adultos com presença em mais de 50 países do mundo. 

Os três principais atores desta iniciativa trabalharam juntos no projeto AIRE – Arte com Indígenas em Residências Eletrônicas, realizado de janeiro a junho de 2021

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Nome do projeto: Articulação Latino-americana de Organizações Culturais Rurais

Nome da rede ou articulação: Articulação Latino-americana de Organizações Culturais Rurais

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Oito associações do Brasil, da Argentina e do Chile participam da Articulação Latino-americana de Organizações Culturais Rurais, que propôs ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2021 a realização de um seminário virtual sobre cultura comunitária e ruralidade, com a intenção de promover o debate sobre políticas culturais para territórios rurais e o diálogo entre afrodescendentes, migrantes, povos originários e camponeses. 

A proposta também prevê um encontro presencial de produção e síntese para incidir em políticas culturais e ampliar a reflexão sobre seus territórios, e a publicação de um livro em pdf sobre políticas culturais em territórios rurais com as experiências e debates produzidos. Este encontro será na localidade de Vieytes, provincia de Buenos Aires, no prédio onde se encontra a Escola Nacional de Agroecologia. 

Também na Argentina, na cidade de La Plata, será apresentada uma obra de teatro de criação coletiva chamada “Las capas de nuestra lucha“, realizada por jovens filhos de migrantes bolivianos produtores de cebola do sul da província de Buenos Aires. O projeto tem execução prevista para o período entre novembro de 2021 e abril de 2022.

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Histórico da rede

A Articulação Latino-americana de Organizações Culturais Rurais nasceu em junho de 2019 no Brasil, durante a I Teia Latino-americana de Pontos de Cultura e de Memória Rurais, com organizações culturais do Brasil, Argentina, Colômbia, Chile e Uruguai. Além de promover a integração, neste encontro foi possível elaborar ações para fortalecer as organizações culturais rurais, articular lutas em defesa da soberania alimentar e planejar ações sobre processos sociais, econômicos e sustentáveis. 

Nesse período, foram se fortalecendo os vínculos entre as organizações culturais comunitárias rurais e se instalando no Movimento Latino-americano de Cultura Viva Comunitária a necessidade de abordar o tema “cultura e ruralidade”, assim como o lugar dos migrantes, afrodescendentes e camponeses neste processo, para o 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que se realizará no Peru em 2022.

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Organizações participantes

Criada em 2012, La Comunitaria de Rivadavia é uma cooperativa social, cultural e de produção que se desenvolve em uma ampla rede de povoados e paragens rurais em duas províncias argentinas: Buenos Aires e La Pampa. Seu trabalho territorial se desenvolve em 16 sedes e envolve cerca de 2 mil pessoas. O grande motor, desde 2006, é o teatro comunitário. Com o tempo se incorporaram mais de 120 oficinas artísticas, ofícios, propostas comunitárias, múltiplos eventos, encontros e viagens de intercâmbio com outros países e províncias. 

A cooperativa trabalha pela cultura dos povoados e paragens rurais, por arraigo, desenvolvimento de comunidades e diálogo intercultural. É parte do Movimento de Trabalhadores Excluídos Rural, da Rede Latino-americana de Cultura Viva Comunitária, Rede Nacional de Teatro Comunitário, da Rede de Jovens Rurais Cultura Comunitária, do Coletivo das Infâncias e da Articulação Latino-americana de Organizações Culturais Rurais.

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A Comunidade Kilombola Morada da Paz, de Triunfo (Rio Grande do Sul, Brasil), trabalha há 18 anos com a recuperação da história, memória, arte e cultura ancestral afro-brasileira, através de oficinas e experiências dirigidas a um público intergeracional. Certificados como quilombolas e reconhecidos desde 2012 como Ponto de Cultura (Omorodê Ponto de Cultura da Infância), atualmente fazem parte do Comitê de Gestão para a Implementação da Lei de Cultura Viva no estado do Rio Grande do Sul, além da Rede Nacional de Pontos de Cultura Rurais e da Rede de Pontos de Cultura do Rio Grande do Sul.

A Rede Tucum é uma articulação formada em 2008 por grupos de comunidades da zona costeira que realizam turismo comunitário no estado do Ceará (Brasil). Respeitando os estilos de vida e entornos locais, os grupos comunitários que planejam e promovem esses intercâmbios culturais construíram uma forma de turismo que valoriza a diversidade cultural e fortalece atividades tradicionais, como a agricultura e a pesca artesanal. O movimento Rede Tucum amplia a mobilização para garantir os territórios tradicionais das populações costeiras com justiça socioambiental e autonomia econômica.

Também participam desta articulação dois coletivos de comunidades migrantes do Movimento de Trabalhadores Excluídos de Argentina: o MTE Rural de La Plata (Buenos Aires) e o MTE Rural Sur Cebollero, da zona rural sul da província de Buenos Aires. O primeiro começou suas atividades em 2015, com umas poucas famílias produtoras imigrantes que encontram no movimento um espaço de proteção. Hoje em dia, chega a reunir 4 mil produtores em La Plata, Florencio Varela e sua expansão para todo o país.  

Encontro do MTE Rural

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O Sur Cebollero, por sua vez, é uma regional do Movimento de Trabalhadores Excluídos constituída há cerca de três anos por uma série de povoados que atravessam a realidade dos produtores de cebolas (longas jornadas de trabalho, acompanhadas dos riscos do uso de agroquímicos). A partir da organização das famílias produtoras, luta-se pela melhora de condições trabalhistas e de habitação, assim como o acesso à terra e à cultura.

Outra cooperativa da Argentina que apresenta o projeto é COCAM, de Chos Malal, Neuquén. Criada em 2011, esta cooperativa realiza uma intervenção territorial colocando ênfase na defesa da vida camponesa e das comunidades mapuches do norte do país. Nesses anos tem se focado no desenvolvimento de ações estratégicas de intervenção para garantir o direito à terra, a um teto e ao trabalho. Implementando ações culturais e sociais para a ressignificação da identidade cultural, potenciando os direitos econômicos, sociais e culturais da população rural. 

Do Chile participa o Centro Cultural e Artístico El Cahuín, com sede em Molina, uma comuna eminentemente rural da Região do Maule. Criada em 2003, esta organização e iniciativa cultural comunitária se dedica à gestão, à promoção, à programação e ao desenvolvimento sociocultural através da arte, da cultura e da educação. O território de ação é Molina, tendo presentes os setores rurais e as populações. Realizam trabalho colaborativo e associativo com estabelecimentos educacionais, organizações sociais e culturais da comuna, a região do Maule e de outras regiões do país.


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Nome do projeto: Intersecciones, X Encuentro Internacional de la Red de Mujeres x la Cultura

Nome da rede ou articulação: Red de Mujeres x la Cultura

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O X Encontro Internacional da Rede de Mulheres pela Cultura é uma atividade de formato híbrido (presencial e virtual) que busca destacar a participação das mulheres afro e originárias no setor cultural e visibilizar as dimensões do trabalho de gestoras e realizadoras culturais, através de atividades de formação em um campus virtual e oficinas presenciais  nos territórios de três organizações da rede. 

Estas três organizações, com sedes em Buenos Aires, Quito e Rio de Janeiro, contam com projetos específicos sobre comunidades afro, originárias e migrantes, Neste projeto apresentado ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2021, realizarão atividades como um conversatório sobre os aportes das criações afro-cênicas na região, o significado ancestral do turbante da vestimenta afro, oficinas de dança afro tradicional e afro-fusão, e uma mostra de filmes produzidos por mulheres negras, indígenas e caribenhas.

O projeto tem como meta facilitar o intercâmbio de práticas de economias colaborativas e conceitos como associatividade, cooperação, ativismo cultural, empoderamento e feminismo. Também busca fortalecer uma comunidade de criadoras culturais a partir da construção de uma plataforma, que sob a modalidade de economia colaborativa desenvolve estratégias para apoiar a comercialização de produtos, serviços, o intercâmbio de saberes, e a visibilização de produções artísticas das mulheres. 

(Foto: Cinema Nosso)

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Histórias da rede

Mujeres por la Cultura é uma rede que nasce em 2012, impulsionada pela Fundação Proyecta Cultura. Seu objetivo é promover a perspectiva de gênero e a participação feminina, visibilizando o trabalho e impulsando o empoderamento dentro de um tecido que cresce sustentadamente. O coletivo tem presença em vários territórios de Ibero-América, integrando lideranças culturais de distintas gerações, com saberes e saberes diversos. 

Desde 2013 têm realizado encontros presenciais em países como Chile, México, Equador, Argentina e República Dominicana, e encontros virtuais nos últimos dois anos. Esta iniciativa busca realizar um décimo encontro de caráter híbrido e destacar a participação das mulheres afro e originárias no setor cultural. Assim mesmo, persegue visibilizar as dimensões do trabalho de gestoras e realizadoras culturais no Espaço Ibero-americano.

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Organizações participantes

Uma das organizações que compõem a rede Mujeres por la Cultura é Todo en Sepia– Associação de Mulheres Afrodescendentes na Argentina, criada em 2004 na Cidade Autônoma de Buenos Aires. A associação desenvolve um trabalho teatral com a companhia Teatro en Sepia, que desde 2010 apresenta cenicamente a afrodescendência no país e especialmente as opressões das mulheres negras. 

De Quito, Equador, participa a Casa Ochún, uma fundação sem fins lucrativos que se consolida oficialmente no ano 2007. Sua principal missão é gerar um fortalecimento identitário em crianças, jovens e mulheres afro e refugiados, nos setores periféricos da cidade. Da fundação se desprendem vários projetos relacionados com a arte e a cultura afro, como escola de música, escola de dança, oficina têxtil, turismo, gastronomia, capacitações em ofícios e direitos, entre outros. 

Do Brasil, participa Cinema Nosso, uma instituição sociocultural que, ao longo de seus 20 anos de trajetória, trabalha para a democratização do acesso aos bens culturais, especificamente o acesso aos produtos cinematográficos e de novas tecnologias, bem como o uso dessas ferramentas para potencializar a juventude periférica no Rio de Janeiro.

Nos últimos anos, o Cinema Nosso vem realizando projetos e ações para fortalecer as capacidades de crianças, jovens, adultos e pessoas com transtornos mentais. Devido à pandemia da Covid-19, todas as atividades que eram presenciais migraram para o universo virtual, incluindo as formações e workshops em formatos de lives. Mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia, em 2020 foram produzidos 16 curtas-metragens e um jogo analógico educativo, “NIA – A Jornada de uma Jovem Negra”, desenvolvidos por jovens negras do projeto “Empoderamento e Tecnologia – Jovens Negras no Audiovisual”.

Nome do projeto: Estação Sonidos da Esperanza / O Som do Recomeço da Vida / Vozes dos Pontos de Cultura (CVC)

Nome da rede ou articulação:: Estação Sonidos da Esperanza / O Som do Recomeço da Vida / Vozes dos Pontos de Cultura (CVC)

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Estação Sonidos de la Esperanza / O Som do Recomeço da Vida / Vozes dos Pontos de Cultura (CVC) é uma articulação de oito organizações e coletivos de Brasil, Argentina, Chile e México que tem como principal objetivo salvaguardar a memória do movimento latino-americano de Cultura Viva Comunitária. Entre as ações propostas estão a criação de podcasts com informações sobre políticas públicas e narrativas do movimento que mostram a diversidade sociocultural ibero-americana, e a difusão de entrevistas com pessoas como Iván Nogales (sociólogo e ator boliviano, fundador do Teatro Trono e da Comunidad de Productores en Artes – COMPA, falecido em março de 2019), entre outras já realizadas e inéditas.

Através desse projeto, as organizações e coletivos participantes pretendem trabalhar na produção de programas radiofônicos que abordem temas vinculados à diversidade de gênero, povos originários, população afrodescendente e coletivos de comunidades migrantes. Esses programas, produzidos em formato de cápsulas, estarão disponíveis para serem transmitidos por rádios comunitárias e web rádios conectadas com o movimento de Cultura Viva Comunitária. O projeto tem como meta a produção de oito séries em formato de podcast, com cinco episódios de cada instituição participante. 

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Organizações participantes

A Radio Comunitaria Franklin, de Santiago de Chile, surgiu em agosto de 2015, como parte do programa Radio Escuela, da Subdireção de Cultura da Municipalidade de Santiago, que convocou vizinhos, vizinhas e organizações de bairro a participar de um processo de formação e capacitação comunitária, participação e novas tecnologias.

Inspirada nos princípios da comunicação comunitária, da autonomia, do pluralismo e da liberdade de expressão, Radio Franklin é administrada por vizinhos e vizinhas, que desenvolveram sua proposta editorial e elaboram os conteúdos de sua programação. Um espaço aberto que busca fortalecer o diálogo democrático, as identidades locais e o patrimônio do bairro, e os coletivos de comunidades migrantes.

Radio Comunitaria Franklin, do Chile

A Comunidade Huarpe Guaytamari– Organização de Nações e Povos Indígenas na Argentina (ONPIA) tem seu sede nas terras comunitárias de San Alberto Uspallata (departamento de Las Heras, Mendoza). Guaytamari surge por decisão de um grupo de famílias com ascendência Huarpe para reforçar a identidade cultural originária, baseada no trabalho solidário, como o faziam os antepassados, permitindo-lhes a recuperação de suas práticas e cosmovisão. 

De Porto Alegre (Rio Grande do Sul, Brasil), quem participa é a Rede Sapatà – Rede Nacional da Promoção e Controle da Saúde das Lésbicas, Bissexuais e Transexuais Negras. Lançada em dezembro de 2007, no Quilombo dos Alpes, a Sapatá tem como propósito pensar e agir para a qualificação e o atendimento a este segmento no Serviço Único de Saúde (SUS), bem como somar-se à rede nacional de controle da saúde da população negra.

Também integram a rede a Associação Urucungo/Ponto de Cultura Orquestra do Sertão, de Arcoverde (Pernambuco, Brasil); o Coletivo Conexão Catimbau (Brasil), La Coyotera Radio Comunitaria (México), a ONG Más Música, Menos Balas Guadalajara (México), e o Ponto de Cultura Associação do Culto Afro-Itabunense (Bahia, Brasil).

24

nov
2021

Em Notícias

Por IberCultura

Partilhando saberes tradicionais: os dois projetos do Brasil selecionados no Edital de Apoio a Redes 2021

Em 24, nov 2021 | Em Notícias | Por IberCultura

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 Nome do projeto: Okan Ilu – Tambor do Coração

Dados da rede ou articulação: Rede de Envolvimento Solidário e Multiversidade Mãe Preta dos Povos da Terra

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O Okan Ilu (Tambor do Coração), uma das propostas brasileiras selecionadas no Edital de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2021, é um momento de encontro da Rede de Envolvimento Solidário, um momento de partilha cultural e artística dos povos negro e indígenas. Realizado anualmente desde 2015 em Triunfo (Rio Grande do Sul), é um ritual de culminância das atividades da Comunidade Kilombola Morada da Paz – Território de Mãe Preta (CoMPaz), um coletivo constituído majoritariamente de mulheres negras.

A Morada da Paz é “um modo de ser e de viver”, como dizem as mais velhas da comunidade, e tem como projeto existencial a defesa da vida e da diversidade. O calendário da comunidade é constituído por datas sagradas voltadas tanto para ritualísticas de atendimento espiritual, quanto para atividades voltadas para a preservação e disseminação da cultura afro-brasileira. Ali são promovidos encontros entre diferentes lideranças dos povos originários e comunidades tradicionais, com o intuito de construir redes de articulação política, cultural e espiritual em defesa da vida. 

Fotos: Okan Ilu 2020

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O projeto apresentado ao Edital de Apoio a Redes tem entre seus objetivos reconhecer as tradições, a memória, a história e a cultura afro-brasileira e celebrar a vida dos povos e comunidades tradicionais através dos tambores sagrados na CoMPaz; salvaguardar, transmitir e honrar a força ancestral dos povos de terreiro e quilombolas; construir ações em unidade, como redes, projetos conjuntos, parcerias e alianças que derivam desses encontros.

A proposta prevê a realização de oficinas e vivências de partilha de saberes e fazeres ancestrais dos povos e comunidades participantes do Okan Ilu, e ipàdés (círculos sagrados de diálogos) com a participação dos anciões e anciãs da Comunidade Morada da Paz. Também estão previstas apresentações artísticas e culturais dos diversos povos e coletivos presentes, como o Grupo Semente de Baobá, formado por jovens da Comunidade Morada da Paz, os tambores do candombe uruguaio da Nação Zumbalelê, as maracas e flautas indígenas e declamações de poesias, cirandas e a contação de histórias e lendas dos povos tradicionais pelos mestres da Cultura Viva, além de rodas de capoeira.

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Organizações participantes

A Comunidade Kilombola Morada da Paz trabalha com a recuperação da história, da memória e da cultura ancestral afro-brasileira desde 2003, sendo sede do Omorodê Ponto de Cultura da Infância e da Escola CoMKola Kilombola Epè Layiè. Desenvolve oficinas e vivências tanto na sede como em outros espaços, inclusive em ambiente virtual, trabalhando com a educação, a espiritualidade, a cultura, a arte e a saúde holística. 

O Instituto CoMPaz, que faz parte deste projeto, realiza desde 2015 cursos, palestras e oficinas nas áreas de cultura, educação, espiritualidade, permacultura, agroecologia e ciências, com crianças e jovens de escolas de Montenegro, Triunfo e da região metropolitana de Porto Alegre. Também desenvolve projetos de empreendedorismo sociocomunitário com jovens da Comunidade Morada da Paz e de sua biorregião.

(Foto: Nación Zumbalelé)

Outra organização participante é Nación Zumbalelé, de Salinas (Uruguai). Este Ponto de Cultura uruguaio trabalha desde 2001 com pesquisa, educação e prática do candombe, cultura afro-uruguaia e equidade racial, realizando intercâmbios pela América Latina, inclusive com uma participação do Okan Ilu, na Comunidade Morada da Paz, em 2019.

Já o Ponto de Cultura A Bruxa tá Solta, de Boa Vista (Roraima), começou em 1992 como um grupo de teatro. Em 2016, ampliou suas atividades como Ponto de Cultura, e em 2017 se reorganizou novamente, agregando comunidades e grupos numa rede focada na gestão cultural, com ênfase nas tradições populares da Amazônia, com recorte em Roraima. Dessa aliança com o Ponto de Cultura fazem parte 25 grupos/comunidades de seis municípios.

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Assista ao vídeo do Okan Ilu realizado em 2020:


 * Nome do projeto: Fórum Sagarana: Saberes Tradicionais, Cultura e Mudanças Climáticas

* Nome da rede ou articulação: Fórum Sagarana: Saberes Tradicionais, Cultura e Mudanças Climáticas

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O Fórum Sagarana: Saberes Tradicionais, Cultura e Mudanças Climáticas é uma proposta de articulação em rede para a produção de uma série de atividades, diálogos e formações, focando no fortalecimento institucional de organizações e comunidades presentes no território do Vale do Rio Urucuia, na Região Norte-Noroeste do estado de Minas Gerais, Brasil. 

Com sede na cidade de Arinos, o projeto visa – a partir de três eixos de atividades –, o diálogo sobre temáticas que permeiam a conservação dos saberes tradicionais, o desenvolvimento sociocultural, as juventudes, a comunicação e o impacto das mudanças climáticas na agenda global até 2030. O objetivo é criar um ambiente de debate que fomente reflexões e gere impactos positivos nas estruturas das organizações e comunidades alvo do fórum.

A proposta privilegia os princípios da pedagogia griô, buscando dialogar e abordar de forma efetiva e integrada com a realidade e a visão de mundo dos diferentes atores das comunidades cerratenses, sertanejas e interioranas, assim como quilombolas, respeitando seus modos de vida e criando pontes entre a oralidade e o conhecimento formal. 

A ideia é que as rodas de prosa, os círculos dialógicos, as oficinas de elaboração do conhecimento e produção partilhada e as formações técnicas sejam realizadas com a comunidade – nunca para a mesma –, dialogando também com metodologias de cocriação artística, de mapeamento afetivo, de pesquisa-ação e de economia solidária.

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Vila de Sagarana (Foto: CineBaru)

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A escolha da Vila de Sagarana para o fórum foi pensada como uma ação para reconhecer e fortalecer a identidade geraizeira e dos povos do Cerrado. A pequena vila de 300 habitantes está localizada no sertão de Veredas, narrado por João Guimarães Rosa, na mata seca, fitofisionomia única e rara do cerrado, um território altamente biodiverso, rico em tradições e de culturas únicas, ainda pouco conhecido e já muito ameaçado. Segundo o Sexto Relatório de Avaliação (AR6/WG1), do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, esse território tem enfrentado secas mais intensas e temperaturas mais altas, sendo uma das áreas do mundo onde a mudança do clima provocará efeitos mais drásticos.

Como resultados do projeto, espera-se o fortalecimento de articulações, em nível regional, para a constituição dos espaços de diálogos entre comunidades, organizações e instâncias de governança em prol da valorização do sentimento de pertencimento, da atenção aos impactos ambientais provocados pelas mudanças climáticas, assim como para a conscientização para a conservação da memória e histórica socioculturais dos povos tradicionais presentes no território do Vale do Rio Urucuia.

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Histórico da rede

A rede do Fórum Sagarana possui um amplo histórico de diálogos, debates e atividades construídas em prol do desenvolvimento social, cultural, ambiental e econômico do território, agindo conjuntamente com instâncias governamentais e da sociedade civil. 

Dentre as atividades promovidas conjuntamente por instituições presentes na construção da proposta do Fórum Sagarana, estão as sete edições do Encontro dos Parceiros do Vale do Rio Urucuia (2009-2015); sete edições do Festival Sagarana (2008-2015); cinco edições do projeto O Caminho do Sertão (2014-2019), cinco edições da Mostra Sagarana de Cinema (2017-2021), além de diversas propostas de formações, parcerias público-privadas, emendas parlamentares e dinâmicas de articulação comunitárias.

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Organizações participantes

Uma das organizações que apresentam o projeto é o Portal de Cultura Grande Sertão Veredas – Agência de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Vale do Rio Urucuia (ADISVRU). Criado em fevereiro de 2001, o Portal de Cultura, enquanto Ponto de Cultura, tem como proposta principal identificar e fortalecer a cultura local e regional na sua diversidade tendo como foco os grupos de teatro, música, dança, os núcleos de artesanato, cultura digital e familiares de quilombolas e ciganas. Enquanto parte da Instituição ADISVRU, realiza ações de fortalecimento da diversidade cultural, economia criativa, sentimento de pertencimento e diálogos entre patrimônios imateriais, materiais e meio ambiente.

Já o Coletivo Ecos do Caminho, criado em 2015, é uma associação de pessoas físicas sem fins lucrativos (não formalizada) que promove iniciativas, em geral independentes, em um processo de intensa convivência com as comunidades locais, contando com a parceria de instituições e ONGs do Território Baiangoneiro. O coletivo é composto por produtores culturais, fotógrafos, cineastas, jornalistas, historiadores, biólogos, pesquisadores e artistas, oriundos de diferentes territórios e vivências. Eles mantêm uma sede na vila de Sagarana e realizam há sete anos atividades socioculturais e ambientais na região, tal como as cinco edições da Cinebaru (entre 2017 e 2021) e a 7ª edição do Festival Sagarana, em 2015. 

Também participa do projeto a Associação do Cresertão – Centro de Referência em Tecnologias Sociais do Sertão, fundada em 2010, com a proposta de demonstrar, divulgar e aplicar as tecnologias sociais – soluções de baixo custo e ecologicamente corretas, capazes de gerar trabalho e renda e melhorar a vida das comunidades. As tecnologias sociais refletem um novo conceito de desenvolvimento, que alia saberes populares e conhecimento científico. 

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19

nov
2021

Em Notícias

Por IberCultura

Memórias e histórias de luta: os dois projetos uruguaios selecionados no Edital de Apoio a Redes 2021

Em 19, nov 2021 | Em Notícias | Por IberCultura

* Nome do projeto: Hermosa Intervención: Museo Afroviviente

* Nome da rede ou articulação: Hermosa Intervención

“Hermosa Intervención: Museo Afroviviente”, um dos projetos uruguaios selecionados no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2021, consiste na montagem de uma visita guiada onde são representadas e narradas a vida de 12 mulheres negras do continente americano que contribuíram na construção da cultura, das nações, da luta anti-racista e na defesa dos direitos da população negra e LGBTIQ +.

O passeio é realizado na companhia de um mestre de cerimônias, que inicia a atividade com um poema sobre as mulheres negras, ao mesmo tempo em que convida os participantes a ouvirem as vozes de 12 mulheres do interior do Uruguai, Brasil e Argentina. Dando voz e corpo às histórias das mulheres que serão representadas neste Museo Afroviviente, pretende-se – além de tecer uma rede de mulheres afro – reconstruir, reconhecer e contribuir para a visibilidade da história de mulheres negras do Uruguai e da região.

“Esta intervenção é, em sua essência, uma ação de reconhecimento e fortalecimento de nossa identidade sociocultural como mulheres afro-latino-americanas. Buscamos não só o reconhecimento das mulheres a serem representadas, mas também a nós mesmos, nossas identidades culturais, as conexões que nelas encontramos e a possibilidade de colocá-las em diálogo, destacando fusões, misturas e semelhanças que reconhecemos que se encontram dentro desse grupo”, ressaltam no formulário de inscrição. 

A proposta se baseia em duas intervenções realizadas por ocasião do dia 25 de julho, Dia Internacional das Mulheres Afro-Latino-Americanas, Afro-Caribenhas e da Diáspora. Na criação coletiva de 2020, cinco Orixás femininos foram representados por cinco mulheres negras e diversas. Em 25 de julho de 2021, o Museu Afroviviente levou para a Casa de la Cultura Afrouruguaya, em Montevidéu, uma homenagem a 12 mulheres afro-americanas (foto).

O projeto apresentado no edital do IberCultura Viva está programado para ser executado entre 20 de novembro de 2021 e 15 de fevereiro de 2022. A atividade tem realização prevista em dois departamentos do Uruguai. Um com alto índice de população negra, como é o caso de Cerro Largo (município de Melo), com 10,9%, e outro com baixo índice, como o departamento de Río Negro (município de Young), com 6,8% .

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A articulação

A proposta reúne três grupos uruguaios: Hermosa Intervención, Colectiva Mujeres e Valorarte. Criado em 2020, Hermosa Intervención é um coletivo colaborativo intersetorial, formado por mulheres afrodescendentes uruguaias, migrantes, pertencentes ao coletivo LGBTIQ +, que habitam a capital e o interior do país. Pela força da palavra e da corporeidade, elas destacam os aportes de seus antecessores, que de suas regiões contribuíram (“substancial, brava e genuinamente”) à comunidade e à sociedade, para a consolidação identitária.

Fundada em 2009, a Colectiva Mujeres reúne mulheres com vasta experiência no movimento feminista que buscam promover a igualdade étnica e racial de gênero na prática democrática e no desenvolvimento teórico. Eles têm concentrado seu trabalho no interior do país, especialmente nos departamentos com maior população afrodescendente: Tacuarembó, Cerro Largo, Rivera, Artigas, Região Metropolitana.

Valorarte, a terceira entidade participante deste Museo Afroviviente, é uma iniciativa da Sociedade Uruguaia de Atores. Esta associação civil, criada em 2011, é o sindicato de artistas de teatro, profissões e profissões afins. 

Museo Afroviviente: Virginia Brindis de Salas (Uruguay)

 * Nome do projeto: Integrando Marindia

* Nome da rede ou articulação: Integrando Marindia

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O evento “Integrando Marindia”, que se realizará nos dias 20 e 21 de novembro na cidade de Marindia, foi criado por três grupos que partilham o mesmo território dentro do departamento de Canelones, com intercâmbios em várias atividades culturais. Com base nos bons resultados das atividades partilhadas, Charrúa Oipik Nomada, Terreiro Mandinga de Angola e Por Amor al Arte decidiram unir-se numa proposta única que contemplasse a identidade de cada grupo. 

Amor al Arte, um dos grupos que participam nesta articulação, está sediado no Espaço Cultural Camping Marindia, onde vem gerenciando diferentes propostas de difusão cultural e artística, como por exemplo, o Encontro Latino-Americano de Esculturas na Areia; os ensaios da companhia de teatro “La Barraquita”; o concurso “Esencia Escena” (com mini shows, teatro, dança, fantoches, monólogos) e oficinas de teatro para todas as idades, entre outras atividades.

O Grupo Artístico Charrúa Oipik Nomada, criado em 2019, dedica-se ao resgate das memórias Charrúa (através da pesquisa), caminhadas e divulgação dos costumes Charrúa (através das artes). O Grupo de Capoeira Terreiro de Mandinga de Angola Uruguai, por sua vez, desde 2015 vem ministrando aulas de capoeira para adultos (música, entretenimento físico, cosmogonia africana e indígena) e oficinas de capoeira angolana para meninos e meninas de 5 a 9 anos.


(Foto: Terreiro Mandinga de Angola)

Com o evento “Integrando Marindia”, os três grupos pretendem promover a articulação das organizações de base comunitária no departamento de Canelones, gerando um encontro para valorizar o seu património cultural e trazer à palavra memórias ancestrais, buscando restabelecer um sentido no presente e no território.

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O programa

As atividades programadas para este fim de semana no Espaço Cultural Por Amor al Arte vão começar com Charrúa Oipik Nomada e uma proposta de caminhada para crianças, de, na manhã de sábado (das 7h às 12h). O primeiro dia será encerrado com uma “fogueira ancestral”, que irá gerar um círculo da palavra, e uma apresentação da peça “Curuguaty 1831” de Tatuteatro, relacionada com a história e memória dos povos indígenas. 

No segundo dia, os grupos convocam um público jovem e adulto para participar de uma oficina de capoeira, ligada ao reconhecimento da memória ancestral dessa manifestação cultural. A roda de capoeira Angola será realizada das 10h às 12h; em seguida, haverá um círculo da palavra. O evento encerrará com o encontro da Rede de Cultura Viva Comunitária e da Rede Cultural Costa de Canelones. A sessão final está programada para durar duas horas, das 14h às 16h.

17

nov
2021

Em Notícias

Por IberCultura

Preservação e salvaguarda do patrimônio: os três projetos colombianos selecionados no Edital de Apoio a Redes 2021

Em 17, nov 2021 | Em Notícias | Por IberCultura

(Foto: Cabildo Indígena Inga de Colón-Putumayo. Atun Puncha 2021)

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* Nome do projeto: Juntanza para Diálogos de Paz Afro Culturales: La Esgrima Con Machete y Bordón como herencia de Cultura Viva

* Nome da rede ou articulação: Alianza por El Patrimonio Cultural Inmaterial del Norte del Cauca “Pro-Patrimonio Vivo”

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A arte marcial da esgrima com machete e bordão (EMB) é uma manifestação cultural e artística ancestral do povo afro do norte do departamento de Cauca que está em risco de desaparecer. O projeto Juntanza para Diálogos de Paz Afro Culturales: La Esgrima Con Machete y Bordón como herencia de Cultura Viva reivindica os direitos culturais dos portadores do jogo da EMB, em sua maioria de idade avançada, por meio de espaços de pesquisa e outras práticas que giram em torno de suas práticas e conhecimentos ancestrais. 

Além de realizar um processo de identificação/pesquisa para a transferência da história do EMB para as novas gerações, a iniciativa visa realizar um processo de construção coletiva do Plano Especial de Salvaguarda de Esgrima com Machete e Bordão do Norte do Cauca e promover o XI Festival de Esgrima de Machete e Bordão 2021 como uma amostra da Cultura Viva da região.

A intenção é gerar espaços de integração e cocriação por meio de “convites virtuais” e encontros presenciais com as comunidades dos municípios de Buenos Aires, Padilla, Guachené, Suarez, Villa Rica e Puerto Tejada. A proposta faz parte do Plano Operacional de Trabalho da Aliança Pró-Patrimônio Vivo do Norte do Cauca.

IV Festival de Esgrima de Machete y Bordón, septiembre de 2019 (Foto: Semana)

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A articulação

Alianza por el Patrimonio Cultural Inmaterial del Norte del Cauca “Pro-Patrimonio Vivo” é uma organização que há sete anos consecutivos trabalha pela proteção, salvaguarda e preservação do patrimônio cultural do povo afro no norte do departamento do Cauca, na Colômbia. A aliança reúne a Fundación Paz Aporte de Mujer del Cauca, el Consejo Comunitario de Negritudes Cuenca del Río Palo y la Paila e o Grupo Vigías del Patrimonio Cultural Inmaterial del Norte del Cauca.

Fundada em 2017, a Fundación Paz Aporte de Mujer del Cauca é organização de mulheres que defendem projetos de saúde mental, física e emocional, realizam projetos de reconstrução da memória e há quatro anos trabalham em parceria com a Prefeitura de Puerto Tejada com uma perspectiva de gênero para reivindicar os direitos das mulheres e da população LGBTIQ+. 

O Conselho Comunitário de Negritudes Cuenca del Río Palo e La Paila, criado em 2015, é responsável pela preservação do patrimônio cultural e imaterial das comunidades afro do Norte do departamento de Cauca e tem liderado projetos em defesa dos direitos  coletivos do povo negro. Trabalha com a comunidade e a academia para uma educação de qualidade a partir do empoderamento cultural.

O Grupo de Vigías del Patrimonio Cultural del Norte del Cauca, criado em 2019, realiza pesquisas e trabalho de defesa do legado ancestral do povo afro. Eles são voluntários que trabalham pela valorização do patrimônio cultural e do conhecimento das diásporas africanas. Uma de suas pesquisas é sobre a boneca Abayomi, que seus ancestrais faziam para amenizar a dor de seus filhos e filhas quando, em condições de escravidão, rasgavam seus vestidos e faziam bonecos com nós para eles brincarem.

* Nome do projeto: Fortalecimento da Língua Materna Inga no Território Ancestral Carlos Tamabioy

* Nome da rede ou articulação: Territorio Carlos Tamabioy Inga Cabildos

A proposta apresentada pelos Cabildos Indígenas Inga do Território Carlos Tamabioy consiste no fortalecimento da língua materna através da construção de um software que contenha jogos, canções, vocabulário, histórias, contos, mitos e lendas na língua Inga e seja de fácil acesso à comunidade. 

Participam dessa articulação o Cabildo Indígena Inga de Colón, fundado em 1955; o Cabildo Inga San Pedro (departamento de Putumayo) e o Cabildo Inga San Francisco, ambos constituídos em 1991. Esta rede é pessoa jurídica sem fins lucrativos, de natureza pública especial, criada por decreto em 1991 e devidamente reconhecida pela Direção de Assuntos Indígenas do Ministério do Interior da Colômbia, com o objetivo de representar a comunidade Inga e fortalecer os processos culturais e educacionais para a sobrevivência de usos e costumes.

O projeto para a realização deste software com conteúdo de canções, números e alfabeto em Inga está previsto para ser concluído em 30 de dezembro de 2021. Estão previstos seis dias para seleção das informações; a preparação de uma cartilha; a construção de um documento de compilação de conteúdo em inga; a reprodução pela rádio de cinco áudios de conteúdos em língua inglesa e a realização de cinco entrevistas com especialistas para recolher informações a serem traduzidas para o software. 

* Nome do projeto: La web de turismo comunitario como estrategia de conservación y salvaguarda del patrimonio

* Nome da rede ou articulação: Asociación Red Nacional de Turismo Comunitario Colombia

A Red Nacional de Turismo Comunitário, formada por 44 organizações/coletivos de diferentes departamentos e municípios da Colômbia, apresentaram ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2021 um projeto de criação de uma página web como estratégia de conservação e salvaguarda do patrimônio.

A intenção é desenvolver uma série de ações e acordos a fim de identificar, conhecer e pesar os recursos, processos e valores culturais e ambientais de cada uma das comunidades integrantes da rede. O projeto tem direção dupla: uma é proporcionar espaços de encontro para o reconhecimento dos valores culturais e ambientais das comunidades; a outra é fornecer à rede um site para exibir e comercializar seus produtos e serviços, oferecendo experiências baseadas na comunidade para visitantes e/ou turistas.

Dessa forma, a iniciativa busca dar visibilidade ao patrimônio cultural e natural das comunidades indígenas, palenqueras, afro, camponesas e rurais vinculadas à rede. “Esperamos divulgar a experiência local de cada um deles, seu modo de vida, relacionamento, visão de cuidado com a natureza, idioma, destinos turísticos, produtos e serviços de base comunitária”, comentam no formulário de inscrição. A ideia é que cada comunidade escolha os valores culturais que deseja salvaguardar e visualizar no processo, gerando uma amostra fotográfica e um vídeo a partir da apropriação da comunidade. 

A metodologia a desenvolver no âmbito do projecto é a pedagogia social, “aprender vivendo, aprender sentindo”, que parte da criação de um espaço de conscientização para os desafios das alterações climáticas e da sustentabilidade. Estão em fase de planejamento pelo menos quatro reuniões que permitirão trabalhar na construção de acordos de testamentos por regiões: Andina, Pacífico, Caribe, Região das Planícies Centrais e Orientais. Também está prevista uma reunião de diálogo intercultural para revisão dos acordos anteriores que visam salvaguardar os valores e uma reunião geral de dirigentes que confirmam o documento base do acordo. 

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A rede

A Asociación Red Nacional de Turismo Comunitario Colombia é uma organização comunitária sem fins lucrativos que une forças para acompanhar e promover o desenvolvimento dos empreendimentos turísticos comunitários no país. Nascida em 2017 (e legalizada em 2020), a entidade promove e divulga os produtos e atividades das comunidades associadas à rede por meio de ferramentas digitais. 

Em relação ao meio ambiente, cada uma das organizações está orientada a zelar por florestas, manguezais, oceanos, rios e sua biodiversidade para o alcance da sustentabilidade. Na esfera cultural, o trabalho gira em torno da guarda dos costumes e do patrimônio material e imaterial de cada território. Para eles, a gestão do turismo comunitário e a associatividade são a ferramenta para melhorar a qualidade de vida das comunidades que representam. 

Além da Asociación Red Nacional de Turismo Comunitario Colombia, este projeto foi apresentado ao edital de IberCultura Viva pela Asociación de Lancheros para el Desarrollo Agroambiental y Turístico- Cochatour e a Asociación de Artesanas de Chorrera.

17

nov
2021

Em Destaque
Notícias

Por IberCultura

Paraguai ingressa no programa IberCultura Viva como país convidado

Em 17, nov 2021 | Em Destaque, Notícias | Por IberCultura

 

Em um webinar realizado nesta terça-feira, 16 de novembro, foi oficializada a incorporação do Paraguai ao programa IberCultura Viva como país convidado, pelo período de um ano, a partir de 1º de dezembro. O anúncio se deu durante o intercâmbio de experiências com Pontos de Cultura, uma das atividades da Semana da Cultura e da Diversidade 2021, organizada pela Secretaria Nacional de Cultura do  Paraguai. 

Participaram deste encontro por videoconferência, por parte do Paraguai, o diretor geral de Diversidade, Direitos e Processos Culturais da Secretaria Nacional de Cultura, Humberto López La Bella; a diretora de Apoio a Espaços Culturais, Mariela Muñoz Barresi, e representantes de Pontos de Cultura selecionados neste ano no país. Por parte do IberCultura Viva, participaram o secretário técnico do programa, Emiliano Fuentes Firmani, e o coordenador de Pontos de Cultura da Argentina, Diego Benhabib, que falou em nome da  vice-presidência do Conselho Intergovernamental. 

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(Re)incorporação

O Paraguai foi um dos primeiros países a aderir ao programa IberCultura Viva logo após sua criação, aprovada em outubro de 2013, na 23ª Cúpula Ibero-americana de Chefes de Estado e de Governo, na Cidade do Panamá. A Secretaria Nacional de Cultura esteve presente nas reuniões do Conselho Intergovernamental desde 2014 até 2016, quando o governo paraguaio deixou o programa.

No encontro desta terça-feira, Humberto López La Bella começou sua intervenção ressaltando que considera esta “reincorporação” como um passo importante para a Secretaria Nacional de Cultura e para todo o setor cultural comunitário do país. “Desde o ano passado temos incentivado a retomada da formação de uma mesa técnica setorial de cultura viva comunitária, desde onde viemos trabalhando com diferentes agentes, de distintos pontos do país, indicando as necessidades e priorizando algumas ações que respondam às necessidades do setor”, comentou o diretor.

Este ano, a Secretaria Nacional de Cultura apresentou o programa Pontos de Cultura como uma das estratégias para a reativação do setor cultural em 2021, a fim de fortalecer e garantir a sustentabilidade de espaços e centros culturais comunitários. Uma primeira convocatória para Pontos de Cultura foi lançada no país em abril. Neste edital foram selecionados 27 Pontos de Cultura.

O programa Pontos de Cultura hoje se encontra em pleno desenvolvimento no país, e sua implementação foi uma das motivações para o convite do Conselho Intergovernamental do IberCultura Viva ao governo paraguaio, para que retornasse ao programa, inicialmente como um país convidado, podendo participar dos editais e demais atividades previstas para 2022. “Estamos certos que este processo que vai se consolidando servirá para que o Paraguai possa ser membro pleno do programa e através disso ir fortalecendo a política pública para o setor cultural comunitário”, afirmou Humberto López.

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Boas-vindas

Diego Benhabib deu as boas-vindas ao governo paraguaio em nome do programa IberCultura Viva. “Para nós é um prazer enorme que Paraguai volte a se incorporar a este programa de cooperação ibero-americana, pelo que fez ali no início, quando nos formamos, em 2014”, celebrou, ressaltando também o “compromisso e a convicção de que através de políticas culturais de base comunitária se alcançam grandes transformações em nossas sociedades e comunidades”.

O coordenador de Pontos de Cultura da Argentina também mencionou a participação de El Cántaro BioEscuela Popular neste processo de retomada de vínculo do governo paraguaio com o programa. El Cántaro é uma organização cultural comunitária com sede em Areguá que organizou este ano, em parceria com o Centro Cultural de España Juan de Salazar (Paraguai), o Seminário “Intercâmbios de Saberes para a Gestão Cultural Comunitária”. O evento foi declarado de interesse por IberCultura Viva e também motivou o convite para que o Paraguai voltasse ao programa. 

“El Cántaro tem feito muito para que as organizações culturais do país possam se interessar pelo trabalho do que é a cultura viva comunitária e possam incorporar-se ao movimento latino-americano”, comentou Benhabib. “As políticas culturais de base comunitária estão construídas com protagonismo popular, com a participação das organizações, reconhecendo sujeitos e coletivos culturais de forte trabalho territorial. Neste sentido, o trabalho mancomunado entre organizações, coletivos, sociedade civil e Estado, é fundamental”. 

Em seguida, Emiliano Fuentes Firmani explicou cómo funciona IberCultura Viva, quais são seus valores, missão, objetivos estratégicos, linhas de ação e resultados esperados, comentou algumas das atividades realizadas pelo programa em 2021, falou de concursos e convocatórias, apresentou a plataforma Mapa IberCultura Viva (onde, desde 2018, se realizam as inscrições para os editais do programa) e respondeu a perguntas de representantes de Pontos de Cultura do Paraguai que participaram do encontro virtual. 

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Antecedentes

Esta não será a primeira vez que IberCultura Viva terá um governo participando de suas atividades como país convidado. Em novembro de 2018, na 10ª Reunião do Conselho Intergovernamental, um dos acordos firmados foi o convite ao governo cubano para que participasse das atividades do programa durante o ano de 2019. Desta maneira, representantes de organizações culturais comunitárias de Cuba foram selecionados/as em editais lançados pelo IberCultura Viva, como IberEntrelaçando Experiências, que promove intercâmbios entre organizações de diferentes países, e o Edital de Mobilidade, que em 2019 levou pessoas dos países membros para participar do 4º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária na Argentina. 

Para 2022 está previsto o lançamento do Edital de Mobilidade para apoiar a participação de representantes de organizações culturais comunitárias de países membros de IberCultura Viva no 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que se realizará no Peru. Pessoas do Paraguai também vão poder participar, ao lado de representantes de organizações dos 11 países que atualmente integram o programa. Antes, provavelmente na terceira semana de dezembro de 2021, será lançado o Edital de Bolsas para o Curso de Pós-graduação Internacional em Políticas Culturais de Base Comunitária 2022. Ao menos oito bolsas estarão disponíveis para pessoas provenientes do Paraguai.

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Assista ao vídeo do webinar “Incorporación de Paraguay al programa IberCultura Viva: intercambios de experiencias con Puntos de Cultura”: https://fb.watch/9j-OmuzaSg/

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15

nov
2021

Em Notícias

Por IberCultura

Sabores ancestrais e soberania alimentar: os dois projetos argentinos selecionados no Edital de Apoio a Redes 2021

Em 15, nov 2021 | Em Notícias | Por IberCultura

Nome da rede ou articulação: Monte Sabor

Nome do projeto: Monte Sabor

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Duas comunidades indígenas da província de Córdoba, Hijos del Sol Comechingón e Tulián, se uniram à cooperativa Viarava para apresentar o projeto “Monte Sabor”, que se realizará até março de 2022 em Punilla e noroeste de Córdoba (Capilla del Monte, San Marcos/ Tay Pichín, San Esteban). A proposta foi uma das duas argentinas selecionadas no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2021.

O projeto consiste na articulação dos saberes e sabores ancestrais das comunidades originárias da região com os meios de comunicação presentes no território, para a realização de uma oficina de comunicação comunitária, uma série de micro programas de rádio e um livro de receitas sobre alimentos e ervas da mata nativa que deixam sua marca na identidade cultural, ao mesmo tempo em que dialogam com a cozinha e a produção popular hoje. 

“Monte Sabor” nasce, por um lado, da ligação entre Viarava e referentes das duas comunidades indígenas, com as quais têm produzido conteúdos radiofónicos sobre o bem viver e a diversidade. Por outro lado, surge do trabalho em rede gerado entre as diversas rádios comunitárias do território, tanto para a troca de conteúdos quanto para a cobertura colaborativa em momentos como eleições, mobilizações em prol do meio ambiente e da mata nativa.

Além de promover o diálogo intercultural na construção da identidade da região, o projeto busca contribuir para a transformação e organização social por meio do trabalho em rede e da comunicação comunitária. Seus objetivos específicos são: 1) Levar ao público conteúdos de rádio relacionados à soberania alimentar e ao cuidado com a mata nativa; 2) Contribuir para a divulgação dos benefícios dos produtos da serra nativa utilizados desde a antiguidade até a atualidade; 3) Fortalecer as capacidades de produção de peças de comunicação elaboradas de forma colaborativa e com enfoque comunitário.

As ações e conteúdos propostos surgem da troca de anseios e necessidades das organizações participantes. Os podcasts vão combinar a dramaturgia inicial para criar um personagem que migra da cidade para a serra de Córdoba e que vai relatar seus conhecimentos recentes da gastronomia ancestral, compartilhando uma receita simples e prática feita com ingredientes locais. Cada microprograma será completado com a voz de membros de povos indígenas que enriquecem a informação em seus aspectos simbólicos e nutricionais; dialogam com o personagem e o validam a partir do respeito à soma de saberes. As receitas serão então resumidas para distribuição virtual. 

Foto: Comunidad Indígena «Hijos del Sol Comechingón»

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As organizações

A Comunidade Indígena Territorial Comechingón Sanavirón “Tulián”, que habita este território desde tempos imemoriais nas serras Tay Pichín-San Marcos, mantém uma economia baseada na coleta de ervas medicinais e frutos da floresta, tanto para venda a turistas como para consumo próprio. Com esses produtos, são feitas cerca de 30 variedades diferentes de xaropes, doces, geleias, farinhas e infusões. Presentes nas instituições educativas, com bate-papos e oficinas de cosmovisão, representantes de Tulián há vários anos participam de encontros com outras comunidades indígenas, integrando a Coordenadora de Comunicação Audiovisual Indígena de Argentina, assim como o Conselho Continental de Anciãs, Anciãos e Guias Espirituais da América.

A comunidade indígena Hijos del Sol Comechingon, de Dolores (San Esteban), atua principalmente na preservação do território, por se tratar de uma área de reserva aquífera, flora, fauna e cultura (há vestígios e costumam ser encontrados vestígios arqueológicos). Também se concentram no preparo de medicamentos (tinturas mãe, óleos) de forma rústica e caseira, utilizando argamassas e ferramentas de seus ancestrais, bem como certos preparados comestíveis, como doces e bebidas naturais, para consumo interno e eventualmente para venda. No trabalho de resgate de sua identidade, eles buscaram cerimônias, histórias e lugares em seu território.

A Cooperativa de Trabalho Viarava, sediada em Capilla del Monte, é definida como “uma cooperativa que entende o desenvolvimento local, a cultura, a sociedade, a arte e a educação como entidades em permanente construção, numa perspectiva integradora da diversidade”. Suas linhas de atuação são a comunicação comunitária, a educação popular e a organização de atividades artísticas. A cooperativa possui uma sala denominada “Espacio Viarava”, onde são desenvolvidas atividades educacionais, culturais e artísticas, e administra “Uma rádio, muitas vozes”, meio comunitário com diversos programas. A produção de conteúdo é complementada pela agência de notícias “CDM Noticias”.

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Nome do projeto: Promoção de sementes nativas e crioulas na província de Jujuy

Nome da rede ou articulação: Movimento Nacional Camponês Indígena de Jujuy

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A produção de sementes nativas e crioulas é uma atividade em declínio no setor da agricultura familiar camponesa e indígena, especialmente nas áreas baixas da província de Jujuy (Argentina), principalmente pelo avanço no uso de “pacotes tecnológicos”. Esses pacotes supõem o uso majoritário de sementes híbridas dependentes de agroquímicos. 

A ideia do projeto “Promoção das sementes nativas e crioulas na província de Jujuy”, apresentado ao Edital de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2021 pelo Movimento Nacional Camponês Indígena de Jujuy, é tornar visível a importância de resgatá-los e promover a multiplicação de experiências individuais e coletivas em busca da soberania alimentar.

A proposta prevê a realização de cinco encontros mensais no campo, em cinco diferentes localidades da província (Rinconada, Palma Sola, Palpalá, León e Perico), para levantar e sistematizar as experiências de produção, reprodução e troca de sementes nos territórios. Ao final deste trabalho, será realizada uma feira aberta ao público para mostrar a diversidade de culturas e variedades e a diversidade de experiências na reprodução de sementes nativas e crioulas. 

Nesta última feira, que acontecerá na cidade de El Carmen, está prevista uma exposição de venda e troca de sementes e produtos da agricultura familiar camponesa e indígena; uma rádio aberta com atores com experiência em proteção de sementes e profissionais especializados no assunto; uma exposição audiovisual; a entrega de material escrito sobre as experiências de salvaguarda das sementes pesquisadas, bem como um espaço para meninos e meninas.

Foto: Asociacion San Marcos de los Alisos

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A articulação

Formado em 2006, o Movimento Nacional Camponês Indígena de Jujuy (MNC-J) é atualmente integrado por 10 organizações camponesas e indígenas de base nas quatro regiões da província de Jujuy. O MNCI-J promove a defesa dos territórios, da soberania alimentar e do acesso aos direitos de mulheres, homens e jovens que vivem da relação amorosa com a terra e do trabalho de suas famílias. 

A partir de sua articulação, as organizações de base potencializam suas capacidades e trocam conhecimentos na defesa de seus territórios, comunicação popular, direitos das mulheres, modos de produção, comercialização, formação, misticismo, fortalecimento de suas organizações, acesso aos recursos, defesa das sementes. Desde 2019 dirige o programa “Alerta Camponês” na Rádio La Voz del Cerro. Esse empreendimento busca promover, intercambiar e divulgar a importância das sementes nativas e crioulas para a soberania alimentar.

As organizações que apresentaram a proposta ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2021 são: Organización Campesina de los Perilagos (OCP), de El Carmen; Associação Civil Periurbana de Agricultura Familiar San Marcos de Los Alisos, de Palpala; e Happy Boy Picnic Area, de Piquete. 

Foto: Organización Campesina de los Perilagos

14

nov
2021

Em Notícias

Por IberCultura

Artistas e grupos culturais periféricos de Costa Rica, Venezuela e Brasil se encontram no 3º Festival Internacional Comunitário

Em 14, nov 2021 | Em Notícias | Por IberCultura

A terceira edição do Festival Internacional Comunitário (FIC) será realizada nos dias 27 e 28 de novembro, de modo virtual (via Zoom), como um espaço de formação, encontro e intercâmbio entre artistas e grupos culturais periféricos de Costa Rica, Venezuela e Brasil. 

O FIC é um espaço itinerante de diálogo onde se busca fortalecer o comunitário através do teatro social junto a comunidades segregadas pelo estigma da violência. A primeira edição do festival, em 2016, ocorreu na comunidade La Carpio, na Costa Rica. A segunda, em 2019, foi na sede do Grupo Iuna de Capoeira Angola, na comunidade de Alto Vera Cruz, na periferia de Belo Horizonte (Minas Gerais, Brasil).

Organizada de forma autogestionada, por coletivos que no dia a dia – e em suas respectivas localidades – se dedicam ao cuidado de espaços comunitários, esta terceira edição do festival é uma produção conjunta da Asociación Masaya (Costa Rica) e de dois grupos da cidade de Belo Horizonte: o Grupo Levante de Teatro del Oprimido e o grupo de teatro de mulheres negras Morro Encena. A participação da Venezuela se dá por meio da Rede Cecosesola, composta por mais de 50 organizações comunitárias.

A cada edição o festival recebe um subtítulo que fala de algo que os organizadores querem ressaltar. No primeiro FIC, na Costa Rica, onde conseguiram envolver mais de 500 pessoas de 12 nacionalidades distintas, o subtítulo foi “Convivendo sem fronteiras?!”. O segundo, “Convivendo em liberdade?!”, chegou a mais de 400 pessoas que fazem a vida em 15 organizações de diversos países. Este terceiro, que tem como subtítulo “Cultura Periférica”, contará com duas oficinas com tradução simultânea (espanhol-português) e um sarau, onde os grupos poderão compartilhar um pouco da arte e da cultura que desenvolvem em suas vidas. 

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O que e quando? 

Sábado, 27 de novembro 

Oficina 1: Como facilitar aulas virtuais cativantes? (Asociación Masaya – Costa Rica) 

Das 12h às 14h (hora Brasil) / Das 9h às 11h (hora Costa Rica) 

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Oficina 2: Introdução ao Teatro do Oprimido (Grupo Levante de Teatro do Oprimido – Brasil)

Das 17h às 19h (hora Brasil) / Das 14h às 16h (hora Costa Rica) 

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Domingo, 28 de novembro 

Sarau (Peña cultural

Das 14h às 17h (hora Brasil) / Das 11h às 14h (hora Costa Rica) 

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*Todas as atividades serão via Zoom. Haverá tradução espanhol-português. 

 

Saiba mais sobre o festival:

@FIComunitario (Instagram) y @FICFestivalInternacionalComunitario (Facebook) 

 

Consultas: ficomunitario@gmail.com

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Leia também:

Encontros de alegrias: Pontos de Cultura da Costa Rica e do Brasil se unem em festival comunitário

Asociación Masaya: um mundo mais solidário através do teatro e do aprendizado cooperativo 

13

nov
2021

Em Notícias

Por IberCultura

Identidade cultural e memória: os dois projetos do Peru selecionados no Edital de Apoio a Redes 2021

Em 13, nov 2021 | Em Notícias | Por IberCultura

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Nome do projeto: Llaqtaypac Cocinanmi

Nome da rede ou articulação: Articulación Comunitaria Huascar Parlaqushun

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A Articulação Comunitária Huascar Parlaqushun é um espaço que já vem trabalhando durante um ano e meio em iniciativas de apoio comunitário, tanto a partir das artes como da alimentação ou da educação comunitária, a uma população de quase 200 pessoas, entre crianças, adolescentes e adultos acima dos 60 anos.

As organizações que a integram têm mais de 10  anos trabalhando na comunidade desde distintos âmbitos, sempre com enfoque comunitário, sob uma perspectiva inclusiva e social. As cinco são do distrito de San Juan de Lurigancho (Lima, Peru): Comedor de Madres Migrantes Sagrado Corazón de Jesús, Par Diez Artes Escénicas, Sonqo Kusichiy, Junta Vecinal Grupo 17 de Huascar e Juglar Teatro de Títeres.

O projeto Llaqtaypac Cocinanmi, apresentado por essas organizações ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e  Projetos de Trabalho Colaborativo 2021, busca fortalecer a identidade cultural da população indígena migrante do bairro El Paraíso, no assentamento Huascar, em San Juan de Lurigancho.

Seus objetivos específicos são três: 1) Recuperar os saberes ancestrais e autóctones das mulheres indígenas migrantes do bairro; 2) Reativar o exercício dos direitos culturais nas mulheres, crianças e pessoas da terceira idade, por meio da apreciação e expressão artística comunitária; 3) Sensibilizar sobre a importância da cultura comunitária e seu aporte à prevenção da violência de gênero.

Com início previsto para 1º de dezembro e encerramento em 5 de março de 2022, as atividades incluem a preparação (com pesquisa prévia) de comidas em desaparição, usando ingredientes autóctones, cozinhas ancestrais e milenares (“Sabores e saberes”); a realização de oficinas artísticas comunitárias, onde as mulheres adultas e as crianças possam resgatar e fazer memória de sua identidade cultural a partir da prática da dança folclórica e do teatro, e um festival artístico cultural, gerado pela comunidade articulada, com apresentações artísticas e módulos de exposição onde a população mostrará seus costumes e aprendizagens.

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Nome do projeto: Memorias para transformar el presente

     Nome da rede ou articulação: Memorias para el presente

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“Memórias para transformar o presente” é o nome do projeto que se realizará até fevereiro de 2022, em Lima e Ayacucho, com o objetivo de fortalecer a ação de iniciativas de memória de organizações comunitárias em torno à igualdade de direitos para todas as pessoas, gerando espaços de capacitação, difusão, diálogo e reflexão sobre as causas e consequências da discriminação em todas suas formas. 

A proposta foi apresentada ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2021 por quatro iniciativas de memória da sociedade civil que colaboram entre si de maneira constante no Peru: ANFASEP (Ayacucho), ANFADET (Huachipa, Lima), Caminos de la Memoria (Jesús María, Lima) e Mujeres Esperanza (Villa El Salvador, Lima). 

Essas organizações promovem a defesa dos direitos humanos a partir das memórias do período de violência política no Peru (1980-2000), que afetou maioritariamente os povos andinos e amazônicos. Cada organização realiza ações que reivindicam a memória das vítimas e promovem os direitos de mulheres, da comunidade LGBTQI, dos povos indígenas, andinos e amazônicos.

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Organizações participantes

Caminos de la Memoria é uma associação formada por voluntários/as que administram o Memorial El Ojo que Llora desde a sua criação, em 2005. É um espaço de memória composto por uma escultura de pedra, que representa a Pachamama, e um labirinto, onde estão inscritos os nomes de milhares de pessoas desaparecidas e assassinadas no período de violência política (1980-2000). 

Neste espaço são realizadas atividades de celebração às vítimas, em sintonia com as tradições dos povos andinos e amazônicos, além de atos de reparação simbólica através do reconhecimento e do encontro com os familiares, e atividades educativas dirigidas a escolas e a comunidade em geral.

Reconhecida como Ponto de Cultura, a associação Caminos de la Memoria é membro da Coordenação Nacional de Direitos Humanos e da Rede de Sítios de Memória de Latino-americanos e Caribenhos (RESLAC), de onde reflexiona e promove ações de incidência em torno de políticas de memória.

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A Asociación Nacional de Familiares de Secuestrados, Detenidos y Desaparecidos del Perú (ANFASEP), por sua vez, administra dois espaços de memória com fins democráticos, cidadãos e de reparação simbólica às vítimas e familiares: o Museu da Memória e o Santuário da Memória, onde funcionou o quartel Cabitos, onde desapareceram milhares de pessoas na década de 1980. 

A associação oferece assistência humanitária aos familiares das vítimas da violência; implementa programas de educação e emprego para os familiares e filhos das vítimas da violência política; busca fortalecer as bases distritais, provinciais e departamentais mediante a promoção da participação ativa, da liderança e da prática de democracia.

A articulação que apresenta esta propuesta também conta com a Asociación Nacional de Familiares de Asesinados, Desaparecidos, Ejecutados Extrajudicialmente, Desplazados y Torturados  (ANFADET), que existe desde 1991, e a Associação Promotores da Esperança. 

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Atividades propostas

A proposta apresentada prevê a realização de cinco visitas virtuais mediadas, com enfoques de interculturalidade e gênero, e dois conversatórios virtuais sobre discriminação racial (povos originários e afroperuanos) e de gênero. 

Em El Ojo que Llora serão abordadas a discriminação aos povos originários, mulheres e comunidade LGBTQI. ANFASEP percorrerá o Santuário da Memória, enfocando a busca por verdade e justiça de familiares das/dos desaparecidos. ANFADET percorrerá sua Casa da Memória reconhecendo a busca por justiça, reparação, memórias de desabrigados pela violência política na capital e a recuperação de suas tradições andinas. Mujeres Esperanza fará uma atividade com foco na vida de María Elena Moyano (dirigente assassinada em 1992), na situação das mulheres e na exclusão vivida por afro-peruanos. 

As atividades buscam gerar experiências e aprendizados sobre a importância da defesa dos direitos humanos e os valores democráticos. A partir das experiências dos familiares, sobreviventes e ativistas, a ideia é reconhecer a importância dos laços comunitários em cada uma das localidades em que se realizará o projeto. Além do fortalecimento da organização comunitária, o projeto tem como propósito o estabelecimento de laços entre as iniciativas participantes para gerar um núcleo articulador.

Foto: ANFASEP

08

nov
2021

Em Notícias

Por IberCultura

Xalapa ingressa na Rede de Cidades Criativas da UNESCO

Em 08, nov 2021 | Em Notícias | Por IberCultura

Entre as 49 cidades que se unem nesta segunda-feira, 8 de novembro, à Rede de Cidades Criativas da UNESCO, está Xalapa (México), uma das municipalidades integrantes da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais. 

A Rede de Cidades Criativas da UNESCO conta a partir de agora com 295 cidades em 90 países. São lugares que investem em cultura e criatividade (artesanato, design, cinema, gastronomia, literatura, artes digitais e música) para avançar para o desenvolvimento urbano sustentável.

Nos últimos cinco anos, a cidade de Xalapa investiu mais de 12 milhões de dólares em infraestrutura e equipamento produtivo para apoiar as diversas atividades musicais que se desenvolvem no município. O curso para manter a oferta musical e acadêmica, incluindo os programas sociais de acesso e desfrute para a população vulnerável, chega a 39 milhões de dólares.

Xalapa tem mais de 50 espaços para apresentações musicais. São espaços que podem abrigar grandes shows, assim como espetáculos para poucos espectadores. A prefeitura promove a música e as artes nos setores mais marginalizados por meio de 13 centros comunitários localizados na periferia e em áreas de baixa renda.

A cidade conta com 3 orquestras sinfônicas, 4 big bands, 1 noneto, 1 orquestra filarmônica, 4 orquestras de música pop, 11 bandas marciais e 81 grupos ou ensambles que abarcam gêneros como jazz, salsa, son jarocho, son huasteco, rock, fusion e outros gêneros do resto do país e do exterior. Também existem numerosos grupos e comunidades musicais, muitos deles de curta duração, uma vez que se criam com fins recreativos.

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Postulação 

Em 2019 se deu a primeira tentativa de postulação de Xalapa à Rede de Cidades Criativas da UNESCO no âmbito da música. Na Prefeitura de Xalapa se trabalhou em aliança com a Secretaria de Educação do Estado de Veracruz e a Universidade Veracruzana para fazer um primeiro projeto, em conjunto com a comunidade de músicos.

Ainda que Xalapa não tenha sido selecionado para ingressar à rede em 2019, o trabalho continuou, com a finalidade de criar um programa que abordasse a economia criativa como um eixo estratégico no desenvolvimento econômico de Xalapa. Para isso, criou-se a Mesa Estratégica em Economia Criativa (MEEC), um esquema de governança independente que apoia a tomada de decisões no setor criativo e que conta entre seus integrantes com reconhecidas figuras da música, da luthieria, das artes plásticas, das artes cênicas, do cinema, da cerâmica e membros do setor cultural da cidade. Alguns dos membros da MEEC formaram o Comitê de Postulação de Xalapa para ingressar na Rede de Cidades Criativas da UNESCO 2021.

Este Comitê de Postulação de 2021 reuniu as seguintes instituições: Instituto Veracruzano de la Cultura, Ayuntamiento de Xalapa, Fundación México – Estados Unidos para la Ciencia, Dirección de Difusión Cultural (Universidad Veracruzana), Orquesta Sinfónica de Xalapa (Universidad Veracruzana), Cauz | Foro & Librería, Festival Internacional de Música y Laudería, Red de Espacios Culturales Independientes de Xalapa, Red de Extensionistas en Economía Creativa de Xalapa, Grupo DIX, Habitante Revista, Artolin – Arte en la Blockchain e Artist Liberation Front.

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Saiba mais sobre o projeto Xalapa, Cidade da Música: https://xalapacreativa.com/

Saiba mais sobre a iniciativa da UNESCO:

https://es.unesco.org/…/49-nuevas-ciudades-se-unen-red…

05

nov
2021

Em Notícias

Por IberCultura

Comunicação comunitária e autocuidado: os dois projetos do México selecionados no Edital de Apoio a Redes 2021

Em 05, nov 2021 | Em Notícias | Por IberCultura

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Nome do projeto: Laboratorio Nómada de Registro Documental del “Gran Nayar y Tunal”- Arte y ciencia para la reflexión socio-cultural. Edición Durango.

 Nome da rede ou articulação: Red Transdisciplinaria para la Investigación, Protección y Difusión del Patrimonio Biocultural e Inmaterial en México.

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O Laboratorio Nómada de Registro Documental del “Gran Nayar y Tunal, que se realizará de maneira gratuita de 15 de novembro a 15 de dezembro, é um programa de formação sobre comunicação comunitária dirigido a mulheres e homens de 18 a 40 anos, pertencentes a comunidades vizinhas de Brasiles, El Mezquital (Durango, México). As pessoas interessadas em participar têm até esta sexta-feira, 5 de novembro, para se inscrever. O número de vagas está limitado a 25 participantes.

Além de oferecer ferramentas em uma oficina teórico-prática sobre elaboração e execução de projetos de comunicação comunitária, a iniciativa tem como objetivo realizar um registro documental (visual, sonoro, audiovisual) de lugares sagrados e de expressões da tradição oral de povos originários em Durango, que permitam gerar produtos de comunicação e acervos culturais a partir da participação e do olhar comunitário.

O laboratório se propõe como um espaço para a identificação, documentação, registro e proteção de expressões culturais tradicionais, por meio de produtos de comunicação participativa. O projeto consta de três diferentes etapas, onde serão abordados temas como proteção do patrimônio, cartografias participativas, narrativas audiovisuais e direitos de autor. 

O programa didático foi trabalhado com a União de Comunidades Indígenas Huicholas de Durango, como uma forma de estabelecer os temas de maior relevância, para fortalecer habilidades que considerem pertinentes para a salvaguarda do patrimônio biocultural e imaterial da região. A ideia é que, com este programa, as comunidades possam criar produtos de comunicação que ajudem a fortalecer a identidade coletiva da localidade/região, e produtos que também possam ser utilizados em escolas, preparatórias e outros que possam incidir no diálogo intercultural, tornando-se uma ferramenta pedagógica.

Foto: Unión de Comunidades Huicholas de Durango

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Articulação

A proposta foi apresentada ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2021 pela Red Transdisciplinaria para la Investigación, Protección y Difusión del Patrimonio Biocultural e Inmaterial en México. Participam da iniciativa as seguintes organizações: CIRCULAR, Gestión y Difusión de Proyectos Culturales, Siguiendo las huellas del venado, Unión de Comunidades Indígenas Huicholas de Durango, A.C., e Creatividad y Cultura Glocal, A.C.

Estas organizações têm feito vários projetos em colaboração, e se estabeleceram oficialmente como rede em função deste edital. A rede se apresenta como um grupo de agentes culturais interessados em pesquisa e gestão sobre o patrimônio biocultural e imaterial no México, criado para impulsionar projetos comunitários de pesquisa e ação participativa. Seu principal objetivo é desenhar projetos junto com as comunidades locais, que permitam fortalecer as expressões e práticas culturais de seus territórios.

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Onde se inscrever: https://www.circular.org.mx/actividades/laboratorio-nomada-de-registro-documental-edicion-durango

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Nome do projeto: “Encomunarte”– Cultura de la Salud y el Buen Vivir

Nome da rede ou articulação: Red de Cultura Viva Comunitaria de Jalisco

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Três oficinas, um conversatório e uma aula de autodefesa estão na programação de novembro do projeto “Encomunarte – Cultura da saúde e do bem viver”, dirigido a mulheres indígenas da colônia 12 de Diciembre, en Zapopan (Jalisco, México). Este “programa de cultura comunitária, arte, desenvolvimento humano e resiliência”, que terá atividades também em dezembro e janeiro de 2022, foi apresentado ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2021 pela Rede de Cultura Viva Comunitária de Jalisco. 

A atividade que será realizada nesta sexta-feira, 5 de novembro, é uma oficina sobre autogestão, autonomia e mecanismos para a defesa dos direitos das mulheres. Para o dia 16 de novembro está prevista uma oficina sobre ferramentas para empreender um pequeno negócio, e para o dia 19 de novembro, uma oficina sobre trabalho colaborativo e organizado entre mulheres. A aula de autodefesa será no dia 10 de novembro. A programação do mês se encerrará com o conversatório “Mulheres que sabem juntas fazer comunidade”, em formato híbrido (presencial e com transmissão em vivo), no dia 30. 

Em dezembro, um programa de autocuidado para mulheres se dará por meio de três oficinas, nos dias 1, 7 e 10. Em 18 de dezembro se realizará a “Posada Comunitaria”, um festival com música ao vivo, poesia, contação de histórias, postos de comida, etc. Por fim, em janeiro, nos dias 11, 13 e 18, será a vez de três oficjnas lúdicas, artísticas e educativas para crianças.

O programa “Encomunarte 2021” se apresenta com seis objetivos: 1) Gerar e fortalecer processos comunitários entre mulheres e crianças através de atividades educativas, lúdicas, artísticas e culturais; 2) Fortalecer a identidade cultural de mulheres e crianças; 3) Sensibilizar as novas gerações sobre a riqueza cultural de sua comunidade; 4) Contribuir para a construção deste sentido de identidade que os povos das comunidades dão a si mesmos; 5) Promover a cultura do bem viver como um detonante do desenvolvimento comunitário sustentável; 6) Empoderar as mulheres indígenas da comunidade na autogestão e autonomia para decidir sobre suas vidas.

As mulheres da colônia 12 de Diciembre são de diferentes povos originários: purepechas, mazahuas, triquis, nahuatl, wirraricas, mayas, entre outros. As atividades que integram as oficinas foram desenhadas para alcançar a inter-relação entre estas mulheres de origens culturais diferentes, que chegaram à zona conurbana de Zapopan em busca de novas oportunidades de desenvolvimento. As propostas incluem tanto práticas  mais tradicionais (preparar alimentos, por exemplo) como experiências com realidade aumentada (adaptando os recursos tecnológicos à vida cotidiana), que buscam fortalecer a identidade cultural e o diálogo. 

Com estas atividades se espera melhorar a convivência entre vizinhos e vizinhas, através da reativação e recuperação dos espaços públicos da comunidade, assim como fortalecer os saberes comunitários, reconhecer os ofícios tradicionais e quem os mantêm vigentes, além de diminuir as violências contra as mulheres da comunidade.

 Nascida em 2014 na cidade de Guadalajara, a Rede de Cultura Viva Comunitária de Jalisco, responsável pelo projeto, se apresenta como uma rede colaborativa integrada por organizações culturais de base comunitária, pessoas aliadas que se somam ao fortalecimento da cultura comunitária e de seus processos derivados. Participam desta proposta ganhadora do Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes: a Red de Promotoras de los Derechos de las Mujeres Indígenas en Jalisco (Red PRODEMI A.C.), a iniciativa Raíces del Verso e a ONG Más Música, Menos Balas Guadalajara.