Uruguay
Fundos de Cultura 2021: inscrições abertas para três convocatórias no Uruguai
Em 27, abr 2021 | Em Notícias | Por IberCultura
No Uruguai, estão abertas as inscrições para o Fundo Concursável para a Cultura (FCC), o Fundo Regional para a Cultura (FRC) e o Fundo de Estímulo à Formação e Criação Artística (Fefca). As convocatórias permanecem abertas, respectivamente, até 28 de junho, 2 de agosto e 31 de maio de 2021. Para se inscrever, é necessário se cadastrar na plataforma fondos.culturaenlinea.uy e realizar seu cadastro antes da data de encerramento de cada uma, anexando toda a documentação solicitada nas bases.
O Fundo de Estímulo à Formação e Criação Artística, que este ano conta com 10 milhões de pesos uruguaios, destina-se a artistas e criadores de cultura que se candidatem a bolsas de formação ou de criação Justino Zavala Muniz. As categorias competitivas são: artes visuais, audiovisual, dança, letras, música, teatro, arte circense e títeres.
O Fundo Concursável de Cultura, por sua vez, conta com 17 milhões de pesos uruguaios nesta edição para alocar em projetos artísticos e culturais em todo o território nacional. Os candidatos devem apresentar um único projeto de criação artística / cultural dentro de uma das seguintes categorias: artes visuais; fotografia; dança; teatro, arte circense e títeres; música; videogames e propostas editoriais.
No Fundo Regional de Cultura, o valor total é de 7,2 milhões de pesos uruguaios e as categorias são cinco: artes visuais; dança; memória e tradições; música; teatro, arte circense e títeres. Esta convocatória é dirigida a artistas e realizadores culturais que apresentam um único projeto artístico/cultural de qualquer departamento do Uruguai, exceto Montevidéu.
Confira os regulamentos dos editais:
Edital 2020 do Fundo de Estímulo à Formação e Criação Artística é lançado no Uruguai
Em 27, maio 2020 | Em Notícias | Por IberCultura
A Direção Nacional de Cultura do Ministério de Educação e Cultura do Uruguai anunciou na sexta-feira passada, 22 de maio, a abertura do edital 2020 do Fundo de Estímulo à Formação e Criação Artística (Fefca), mecanismo concursável aberto aos cidadãos com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento artístico-cultural do país.
No contexto das medidas de contenção para a recuperação do setor cultural, os editais dos Fundos para a Cultura se adiantam com fundos para a atividade artístico-docente e instituições docentes.
Este ano, o Fefca conta com 10 milhões de pesos uruguaios (cerca de 232 mil dólares) destinados a artistas nacionais com interesse em postular para receber os seguintes apoios: Estímulo a Formadores, que tem como objetivo apoiar os processos de formação artística propostos em nível nacional por artistas e instituições, e Bolsas para Criadores “Justino Zavala Muniz”, para artistas com trajetória relevante e consolidada.
Os participantes poderão realizar suas postulações dentro de uma das seis categorias concursáveis: Artes Visuais, Audiovisual, Dança, Letras, Música, Teatro, arte circense e títeres. As inscrições se realizam somente de forma online pela plataforma Cultura en Línea, de 25 de maio a 7 de junho, às 23h59.
Saiba mais: Fondo de Estímulo a la Formación y Creación Artística
Inscrições: https://culturaenlinea.uy/opportunity/single/896/
Fonte: Ministerio de Educación y Cultura
Uma tarde de alegria: a visita de Carlinhos Brown a uma escola primária de Montevidéu
Em 12, nov 2019 | Em Notícias | Por IberCultura
Fotos e vídeo: Pancho Pastori & Joaquín González
“Quem está contente levanta a mão e grita”, pediu Carlinhos Brown aos meninos e meninas que foram vê-lo no ginásio da Escola Brasil de Montevidéu, na tarde de segunda-feira, 4 de novembro. A gritaria foi imensa. Assim como havia sido uma meia hora antes, sem nenhum pedido prévio, quando o músico brasileiro – que desde 2018 é embaixador ibero-americano da cultura – entrou no pátio desta escola primária, no bairro de Pocitos, para uma visita e uma breve apresentação musical para alunos e professores. A atividade, realizada pela Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB) em conjunto com o programa IberCultura Viva, encerrou a programação da 3ª Semana da Cooperação Ibero-americana.
Foi uma tarde de alegria, acompanhada também pelo percussionista e luthier uruguaio Fernando “Lobo” Nuñez, que subiu ao palco comovido com a recepção das crianças. “Esta paisagem é a mais linda que há, cheia de pimpolhos. É uma honra estar aqui”, disse o “Lobo” antes de sentar-se diante de um dos tambores para tocar candombe com Brown e os percussionistas das organizações culturais comunitárias convidadas para este encontro em Montevidéu. Os coletivos presentes (Nación Zumbalelé e Tierra Negra, do Uruguai, e La Bombocova, da Argentina), além de trabalhar com percussão nas atividades de suas comunidades, foram selecionados para os intercâmbios do edital IberEntrelaçando Experiências, lançada este ano pelo IberCultura Viva.
Jogos de Ritmo
Antes da apresentação do grupo de percussionistas, os argentinos Laura Rabinovich e Santiago Comin, de La Bombocova, demonstraram no palco a metodologia “Juegos de Ritmo”, que adotam em suas atividades desde 2005 e que levarão a Cuba em dezembro, em um dos projetos de intercâmbio ganhadores do edital IberEntrelaçando Experiências. A proposta pedagógica utiliza o corpo, instrumentos convencionais ou elementos cotidianos como tubos e baldes transformados em instrumentos. Na Escola Brasil, os alunos fizeram a festa dançando e tocando com um par de varas nas mãos e nas cabeças (como “antenas tristes” e “antenas felizes”).
“Estou enamorado desta terra”, disse Carlinhos Brown aos entusiasmados meninos e meninas que não se cansavam de brincar. “Estou muito emocionado e agradecido pela oportunidade de ter este dia de sonho, de coisas mágicas, neste posto em que colocaram de embaixador ibero-americano da cultura. Vou sair daqui maior. Estou muito feliz.”
A agenda do músico brasileiro no Uruguai – que começou no domingo com uma visita ao Centro Cultural La Calenda, onde funciona a oficina de “Lobo” Nuñez, e seguiu pelas ruas de Palermo com a comparsa Valores de Ansina – terminou no final da tarde desta segunda-feira com um reconhecimento de seu trabalho. Carlinhos Brown foi nomeado “Visitante Ilustre” da cidade de Montevidéu por parte do intendente (prefeito) Christian Di Candia. “Que a cultura, a música, nos transforme e nos integre em uma América Latina mais unida, mais viva e mais feliz”, afirmou o embaixador ibero-americano da cultura após receber a distinção na Intendência de Montevidéu. Axé.
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Carlinhos Brown e a “orquestra humana de boas forças”: um dia de roda de conversa em Montevidéu
Em 12, nov 2019 | Em Notícias | Por IberCultura
“Bom dia. Sou Antônio Carlos Santos de Freitas e estou embaixador ibero-americano da cultura”. Foi assim, modestamente, que Carlinhos Brown se apresentou na roda de conversa sobre cultura comunitária que deu início à segunda jornada de sua visita ao programa IberCultura Viva em Montevidéu (Uruguai), na segunda-feira 4 de novembro. A atividade, que fez parte da programação da Semana da Cooperação Ibero-americana, reuniu representantes da Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB), da Direção Nacional de Cultura (MEC), do IberCultura Viva e de Pontos de Cultura do Uruguai e da Argentina.
Sentado no meio do círculo de cadeiras armado na entrada do Museu do Carnaval, o músico brasileiro contou sobre sua experiência com o projeto social que desenvolve no Candeal, bairro onde nasceu (em 1962), em Salvador. A Associação Pracatum Ação Social, fundada por ele em 1994, conta com dois programas principais: Tá Rebocado, voltado para o desenvolvimento comunitário, e Pracatum, a escola de música e tecnologias. E ainda que a iniciativa tenha partido dele, Carlinhos fala sempre no coletivo, dividindo as conquistas com o grupo de percussionistas que começou os trabalhos no bairro. “Criou-se ali uma nova forma de liderar a comunidade e isso foi uma revolução”, afirma. “Na verdade, nunca me considerei uma liderança, e sim uma mirada atenta junto a outras miradas. Cada um tem seu momento de fazer silêncio para aprender com o outro”.
Ao longo das duas horas em que esteve no Museu do Carnaval, Carlinhos Brown escutou atento a todas as pessoas que falaram sobre suas experiências em seus territórios. Os coletivos convidados – La Bombocova, da Argentina, Nación Zumbalelé e Colectivo Tierra Negra. Espacio Chirimoya, do Uruguai –, além de trabalhar com percussão nas atividades de suas comunidades, foram selecionados para os intercâmbios do Banco de Saberes do Edital IberEntrelaçando Experiências, lançado este ano por IberCultura Viva. O músico brasileiro quis conhecer um pouco dos projetos de cada um deles, compartilhou algumas de suas inquietudes, e ficou contente de saber que “O milagre do Candeal”, documentário sobre suas iniciativas musicais na comunidade, havia inspirado os companheiros ali presentes.
Uma cidadania multicultural
Integrantes da Cooperativa Nación Zumbalelé, os candomberos Gustavo Fernández e Gonzalo Palacios contaram como os tambores os levaram ao Brasil e como o documentário dirigido pelo espanhol Fernando Trueba em 2004 acabou sendo uma das principais referências deste coletivo de Salinas. “Ver este filme sobre o processo do Candeal foi fundamental para a gente naquela época, não só para montar uma comparsa (um bloco carnavalesco), mas também para construir um projeto social”, afirmou Fernández. “(Escolhemos o nome) Nación Zumbalelé porque tentávamos criar esta sensação de nação, formar uma nação de pessoas e grupos que se tocam”, completou Palacios.
A cooperativa, que veio através do movimento do bairro pela comparsa, atualmente trabalha também em escolas e prepara um festival chamado Nazoombit, que este ano chega à sétima edição. O evento, além de um fórum social, é um festival internacional de dança e percussão, realizado por meio de articulações com outras organizações sociais e organismos do Estado que trabalham pela equidade racial. A iniciativa é pioneira no departamento de Canelones no desenvolvimento de atividades como estas, para a construção de uma cidadania multicultural e inclusiva, a partir da articulação sociedade civil-Estado.
O devir da diáspora africana
O outro Ponto de Cultura uruguaio presente, Tierra Negra, é um coletivo de ação social, cultural e artística que existe desde 2010 na cidade de Fray Bentos. “Começou como um projeto musical, quando familiares e amigos nos juntamos para aprender a música que tinha a ver com o aporte da diáspora africana na América Latina e no Caribe. Vivíamos estudando as rítmicas, e o candombe passou a se transversalizar aí, não somente como esta cultura ancestral, musical, mas também como fundamento sobre como nos relacionamos, como compartilhamos com os demais”, contou a percussionista Lucía Quiroga, uma das fundadoras do coletivo.
Desde 2013 Tierra Negra conta com o Espacio Chirimoya, um espaço onde se canta, dança e toca, e onde as diversas áreas de ação do projeto se articulam, se conjugam, criando a oportunidade de intervir no (e a partir do) comunitário. Nesta aposta pela cultura comunitária como possibilidade de transformar realidades através da arte, seus integrantes fazem intervenções em praças, espaços e instituições, buscando impulsionar o fazer cultural desde o coletivo e propiciar o intercâmbio de saberes em múltiplas temáticas.
O ritmo como fio condutor
La Bombocova, a organização argentina convidada a participar deste encontro, é uma associação civil e produtora artística de Buenos Aires, nascida do teatro comunitário dos bairros de La Boca e Barracas, e que conjuga em suas propostas diversos elementos das artes cênicas, como a música, a dança, o teatro e o circo. Formada por uma equipe multidisciplinar, com cerca de 30 artistas, docentes e gestores, leva más de 25 anos de trajetória na criação de espetáculos, seminários e oficinas, e desde 2013 está constituida como uma associação civil para o desenvolvimento de programas de integração social.
A proposta pedagógica que La Bombocova utiliza em suas atividades desde 2005 é uma metodologia própria, chamada “Jogos de Ritmo”. “É um método que tem a ver com ritmos, não só dos tambores, mas também do corpo”, explicou o percussionista Santiago Comin, diretor da organização, que participou da roda de conversa ao lado da coordenadora da área de dança, Laura Rabinovich. Com esta ferramenta para multiplicar a arte comunitário, eles realizam oficinas de música e brincadeiras com instrumentos reciclados e convencionais, dinâmicas de ritmo em grupos para crianças e jovens, batucadas, aulas de cajón peruano, teatro de bonecos, dança e jogos teatrais, entre outras atividades. O ritmo é o vínculo e fio condutor de cada uma das propostas.
Fortalecendo as políticas culturais
Antes que os convidados falassem de seus projetos, Diego Benhabib, coordenador do Programa Pontos de Cultura da Argentina e representante da presidência do IberCultura Viva, explicou aos participantes do encontro como funciona este programa de cooperação ibero-americana que trata de promover e fortalecer as políticas culturais de base comunitária da região.
“A partir do IberCultura Viva apoiamos distintos projetos de redes e promovemos o intercâmbio de saberes, buscando valorizar os saberes comunitários e populares que as organizações têm, tanto em termos de produções artísticas como em metodologias de intervenção territorial”, comentou Benhabib, ressaltando também o propósito de criar espaços de formação, inclusive com a concessão de bolsas para o Curso de Pós-graduação Internacional em Políticas Culturais Comunitárias, ministrado de modo virtual pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO-Argentina).
O modelo brasileiro de Pontos de Cultura, que inspirou outros países a trabalhar em uma lógica similar (“a lógica de reconhecer o trabalho das organizações e coletivos culturais em seus territórios, valorizando aqueles que trabalham para melhorar as condições de vida de suas comunidades”), também foi abordado por Diego Benhabib, assim como a importância de criar políticas públicas não necessariamente de bairro, mas que se comprometam com a sociedade e tratem de transformá-la através de consensos populares, que incluam projetos de vida e tenham a cultura como ferramenta central.
“No IberCultura Viva seguimos tratando de fortalecer as políticas culturais de base comunitária. Seguimos dialogando, conversando com os atores principais, que são os coletivos culturais, porque toda transformação é coletiva. Se não é coletiva, não se sustenta no tempo, não tem impacto”, afirmou o representante da presidência do programa.
Um espaço para o intercâmbio
Encontros como este, além de proporcionar um espaço de diálogo e intercâmbio de experiências entre as organizações culturais comunitárias, são também uma boa oportunidade de juntar forças. “Que esses encontros promovidos pela SEGIB nos tragam unidade, para que sejamos verdadeiramente uma orquestra humana de boas forças”, disse Carlinhos Brown.
Durante esta manhã no Museu do Carnaval, os participantes do encontro não apenas apresentaram os projetos que realizam em suas comunidades, como também dividiram alguns dos problemas que enfrentam no cotidiano de seus trabalhos. O racismo, o preconceito em torno das religiões de matriz africana, o separatismo social, os desafios para manter os jovens das comunidades longe do álcool e do tráfico de drogas, a dificuldade de obter recursos e inclusive reconhecimento pelo trabalho comunitário, foram alguns dos temas abordados pelo grupo durante o bate-papo.
“Trabalhamos com ferramentas ancestrais e agregamos costumes de positividade a uma sociedade que se perde e se distancia a todo tempo. Juntamos pessoas e etnias através de tambores e movimentos artísticos. Trabalhamos com o ser humano, mas parece que isso não é meritório”, comentou Carlinhos Brown. “Parece que estamos abaixo da luz (não da luz divina, mas da luz da mirada), como alguém que está de festa todos os dias. As pessoas imaginam que a gente se embebeda todos os dias, e isso em toda a parte do mundo. Mas, na verdade, temos um trabalho que se antevém ao dos médicos, dos advogados, à prisão, porque trabalhamos em zonas de risco, com pessoas de todos os tipos, sem oportunidades. Somos militantes sociais, e ainda que sejamos pessoas de bom coração, não somos ‘bonzinhos’. Somos técnicos e necessitamos ser vistos assim.”
Segundo Brown, “somos ‘perigosos’ porque somos um movimento de paz, não nos conformamos com a forma que o mundo tem tratado nossos iguais”. “Por isso temos que ser organizações potentes, que se conjuntam, porque a moeda mais valiosa que existe hoje é o conhecimento. Quanto tempo levará para que tenhamos a atenção que deveríamos ter? (…) Necessitamos que aqueles que estão em cima ajudem os que estão abaixo. Precisamos de fundos que possam fazer nossos trabalhos sustentáveis. Que olhem para nós, para que à nossa maneira, pela força do nosso trabalho, refaçamos uma sociedade mais justa e não violenta.”
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Em 12, nov 2019 | Em Notícias | Por IberCultura
Fotos e vídeos: Pancho Pastori & Joaquín González
Ao entrar no Centro Cultural La Calenda, onde funciona a oficina do percussionista e luthier Fernando “Lobo” Nuñez, no Barrio Sur de Montevidéu (Uruguai), Carlinhos Brown viu os tambores no corredor e seguiu logo na direção deles. Do outro lado do prédio, pessoas faziam sinais para o músico brasileiro, como se ele tivesse se equivocado de rumo. “Estamos aqui!”, gritavam. Carlinhos deu mais uns passos, saudou os instrumentos, levantou mãos e olhos para o alto, sorriu e finalmente se dirigiu ao estúdio onde estavam Lobo Nuñez e seus convidados. Não havia se equivocado. Sempre que há tambores em um lugar, ele os reverencia primeiro. “Os tambores evocam o melhor da nossa alma. Eles têm uma riqueza ancestral, nossos avós estão todos aí”, explicou.
A visita ao espaço de Lobo Nuñez, no domingo 3 de novembro, foi a primeira atividade de Carlinhos Brown em Montevidéu como embaixador ibero-americano da cultura, título que recebeu da Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB) em abril de 2018. Esta programação no Uruguai, realizada em conjunto com IberCultura Viva, fez parte da 3ª Semana da Cooperação Ibero-americana (de 28 de outubro a 4 de novembro), promovida em várias cidades para dar visibilidade aos 27 programas, iniciativas e projetos de cultura, educação, ciência e coesão social que melhoram a vida das pessoas nos 22 países da Ibero-América.
Foram dois dias de alegria, em meio a encontros, reencontros e atividades variadas com representantes de organizações culturais comunitárias do Uruguai e da Argentina. “Foi histórico, inesquecível”, celebrou o músico brasileiro, que passou por momentos emocionantes desde os primeiros minutos desta agenda. A começar pelo reencontro com Lobo Nuñez, um dos principais nomes do candombe uruguaio, a quem não via desde a década de 1980. Carlinhos foi à oficina de Lobo com a sensação de que aquele nome lhe era familiar, mas só o reconheceu mesmo quando chegou lá, depois das saudações iniciais aos tambores no corredor. “Fernando viveu no Pelourinho (Salvador, Bahia) em 1982, foi um de meus mestres. É um grande músico, um grande luthier, deixou um legado na Bahia”, afirmou, comovido.
Uma prática comunitária
Instalado na antiga usina de gás do Barrio Sur, berço da cultura afro-uruguaia, o Centro Cultural La Calenda é a sede da Asociación Civil La Calenda, que promove atividades culturais e sociais em torno do candombe e outros ritmos de origem africana. Neste espaço se encontram a oficina de fabricação de tambores El Power, de Lobo Nuñez, uma sala de ensaios para músicos que queiram usá-la, e o Museu do Candombe, onde está um acervo de objetos e registros familiares e da cultura afro no Uruguai. Para eles, o candombe não é só a expressão de uma resistência, mas também uma festividade musical uruguaia, um símbolo e uma manifestação da memória da comunidade, uma prática social coletiva arraigada na vida diária.
“O candombe aqui em suas origens, no início do século passado, não estava permitido. Só nos permitiam tocar em 6 de janeiro, Dia de Reis. Hoje se toca todos os dias, com toda a sociedade, com todas as coletividades neste país e fora dele”, contou Lobo na sala de ensaios de La Calenda. “Foi uma proposta cultural que não precisou nem de leis nem de decretos para admitir todo mundo. Quando saímos para tocar, ninguém pergunta a ninguém qual é seu partido político, sua orientação sexual, a que religião pertence, se tem dinheiro ou não tem… Todo mundo dança, toca e desfruta.”
Tendo os tambores como um idioma em comum, Brown e Nuñez recordaram os tempos “pré-axé music” na Bahia (Neguinho do Samba, que ficou conhecido como o criador do samba-reggae, também fazia parte deste grupo de percussionistas que se reunia no bairro do Pelourinho nos anos 1980), e falaram de suas escolas de música, dos projetos sociais que desenvolvem respectivamente no Candeal, em Salvador, e no Barrio Sur de Montevidéu.
“Com o tambor temos conseguido muitas coisas”, comentou o percussionista uruguaio. “Temos feito um trabalho invisível através do tambor, sobretudo quando se trata de propor entretenimento, para que os jovens ocupem a cabeça com algo saudável. Só pelo fato de reunir, de convocar para tocar, já estamos contribuindo. Há muita gente que, enquanto toca, não está em outras atividades. Com cultura eu acredito que se possa ganhar da violência”, reforçou Lobo. “Eu digo a meus alunos, sobretudo aos que estão em situação de risco: ‘Venham tocar!’. Porque cada hora em que estão na percussão é uma hora a menos que dedicam a outras coisas. E eles saem dali ganhando vida”, complementou o brasileiro.
A conversa se deu na sala de ensaios, enquanto os dois improvisavam nos tambores, acompanhados do filho e dos netos do Lobo, e de convidados como o percussionista Santiago Comin, da organização argentina La Bombocova, uma das beneficiadas com os intercâmbios do edital IberEntrelaçando Experiências, lançado por IberCultura Viva. Também estavam presentes integrantes de dois Pontos de Cultura uruguaios selecionados no mesmo edital (Nación Zumbalelé e Colectivo Tierra Niegra), além de representantes do IberCultura Viva, da SEGIB e da Direção Nacional de Cultura do Ministério de Educação e Cultura do Uruguai. O cantor, compositor, percussionista e ator Rubén “El Negro” Rada chegou ao final da visita para cumprimentar o músico brasileiro. Foi recebido com festa.
A festa na rua
Depois da visita a La Calenda, Carlinhos Brown, Lobo Nuñez, Ruben Rada e demais convidados foram assistir ao toque de cordas de tambores do Barrio Sur e Palermo. Ao chegar ao ensaio da comparsa Valores de Ansina, o músico brasileiro foi recebido com uma roda de capoeira, uma fogueira acesa no meio da rua para esquentar os tambores, uma centena de abraços e beijos de toda parte. Com os tambores enfileirados, e as dançarinas à frente deles, Brown deu início ao ensaio com a habitual saudação ao instrumento (e à ancestralidade) e seguiu com eles pelas ruas de Palermo, acompanhando o ritmo com um agogô. Chegou ao final do percurso com uma bandeira uruguaia pendurada sobre os ombros, e um sorriso largo, um tanto surpreso com o carnaval que encontrou no Uruguai.
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(Vídeo da Agência EFE sobre a visita de Brown a Montevidéu)
Representantes de Pontos de Cultura do Uruguai participam de oficina de formação em Montevidéu
Em 07, set 2019 | Em Notícias | Por IberCultura
A Oficina de Formação II – “Marco legal da cultura e direitos de autor”, dirigida aos Pontos de Cultura do Uruguai, começou nesta sexta-feira (06/09) no Espaço Espínola Gómez, em Montevidéu. A atividade, a cargo de Luis Fernando Iglesias, professor da Faculdade da Cultura do Centro Latino-americano de Economia Humana (CLAEH), segue neste sábado, das 9h às 17h30.
A oficina é uma das atividades do projeto “Fortalecimento da Rede de Pontos de Cultura através da Formação em Gestão Cultural Comunitária”, promovido com o apoio do programa IberCultura Viva e da Universidade CLAEH entre julho e outubro de 2019.
“Formulação de projetos e apresentação para fundos existentes” foi o tema da primeira oficina, realizada nos dias 26 e 27 de julho no mesmo espaço. Esta oficina esteve a cargo de Mariné Villalba, Danilo Urbanavicius e Joaquín D’Alessandro, também docentes da Faculdade da Cultura CLAEH.
(Foto: Dirección Nacional de Cultura)
Encontro Nacional de Pontos de Cultura: conheça o projeto do Uruguai selecionado no Edital de Apoio a Redes 2019
Em 29, ago 2019 | Em Notícias | Por IberCultura
Nome do evento: Puntos y Cultura – Encuentro Nacional de Puntos de Cultura
Nome da rede: Encuentro Nacional de Puntos de Cultura
Organização responsável: COOPCAN25
Data prevista: 7 e 8 de dezembro de 2019
O Encontro Nacional de Pontos de Cultura de Uruguai, marcado para 7 e 8 de dezembro de 2019, será um evento para a integração, a interação e a interinstitucionalidade, com o propósito de fortalecer a rede e potenciar as capacidades e práticas culturais do território que visita – neste caso, Kiyú, um balneário do departamento de San José.
Neste espaço organizado para trocar saberes, práticas e conhecimentos, todas as atividades serão abertas, gratuitas e produzidas em conjunto por atores vinculados ao desenvolvimento cultural da comunidade. Mais de 60 organizações e coletivos estão envolvidos nesta proposta uruguaia selecionada no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2019.
Para este encontro se pretende formar círculos da palavra que busquem incluir a Cultura Viva Comunitária nas decisões políticas e orçamentárias, além de organizar um plano de difusão e criar uma oficina de expressão corporal e sonora para facilitar os processos criativos, reflexivos e propositivos durante o evento. Também estão previstos um festival artístico de encerramento e uma marcha cultural pela preservação e o cuidado das águas.
As atividades estão destinadas tanto a integrantes da Rede de Pontos de Cultura do Uruguai como a habitantes da região onde se realiza o evento, e se dividem em cinco áreas: Saúde e bem-estar, Comunicação, Articulação cultural, Criação e Meio ambiente. Os Pontos de Cultura participam desde a criação, idealização e gestão do encontro, que conta também com o apoio da municipalidade, do governo departamental e do governo nacional.
Com esta articulação, os Pontos de Cultura buscam contribuir para a sistematização, quantificação e elaboração de metodologias e ações colaborativas para a construção e o fortalecimento das políticas de Cultura Viva Comunitária no Uruguai. Também esperam criar alianças público-privadas-comunitárias, facilitar a articulação em nível nacional entre os projetos culturais dos bairros e das áreas rurais, e consolidar linhas de trabalho intersetoriais que potenciem, criem e fortaleçam as políticas de base comunitária.
(Foto: Dirección Nacional de Cultura. Representantes de Pontos de Cultura do Uruguai na oficina “Formulação de projetos e apresentação para fundos existentes”. Montevidéu, julho de 2019.)
Começa em San José a atividade de intercâmbio entre Uruguai e Costa Rica
Em 21, ago 2019 | Em Notícias | Por IberCultura
Duas representantes dos ministérios de Educação e Cultura (MEC) e do Desenvolvimento Social (MIDES) do Uruguai participam de uma atividade de intercâmbio em Costa Rica, hoje e amanhã, no Centro Nacional de la Cultura (Cenac), em San José.
O encontro, organizado pelo Ministério de Cultura e Juventude de Costa Rica com o apoio do programa IberCultura Viva, tem o objetivo de conhecer a experiência de articulação do setor cultural e social no Uruguai e dialogar sobre oportunidades de articulação em Costa Rica, no âmbito da Estratégia de Segurança Humana.
Participam da atividade Begoña Ojeda, diretora geral de Programas Culturais da Direção Nacional de Cultura (DNC/MEC), e Mariana Silva, diretora da Divisão Socioeducativa da Direção Nacional de Promoção Sociocultural (MIDES).
As sessões serão nesta quarta-feira (21/08) e quinta (22/08), das 8h30 às 15h, no Cenac de San José. Ao longo das duas jornadas serão trabalhadas três temáticas: 1) Abordagem conceitual sobre desenvolvimento humano a partir da experiência no Uruguai (paradigmas do setor social e cultural); 2) Metodologia dos processos para vincular o social e o cultural; 3) O papel das organizações de base comunitária em processos de trabalho cultural e do setor social.
O encontro em San José é uma das ações de intercâmbio realizadas com o apoio do programa IberCultura Viva, para o fortalecimento das políticas culturais de base comunitária no Espaço Ibero-americano. Para este semestre estão previstas outras três atividades de intercâmbios entre funcionários de ministérios: duas serão realizadas no Chile (em setembro e outubro), e uma na Espanha (em outubro).
2° Encontro de Mulheres Trabalhadoras das Culturas e das Artes terá transmissão ao vivo
Em 24, maio 2019 | Em Notícias | Por IberCultura
Nesta sexta-feira (24/05), às 19h, começa em Montevidéu (Uruguai) o 2° Encontro de Mulheres Trabalhadoras das Culturas e das Artes. Amanhã (das 10h30 às 11h30 e das 16h às 17h30) e domingo (das 10h às 11h30), o evento terá transmissão ao vivo pela página https://www.facebook.com/CulturaMEC/
Organizado pelo coletivo Gestoras en Red, rede chilena de gestoras culturais, o encontro busca, por meio de palestras, mesas temáticas, oficinas, apresentações artísticas, feiras, e outras propostas, aproximar as participantes com o fim de consolidar uma rede internacional de mulheres trabalhadoras das culturas e das artes.
Os principais objetivos desta segunda edição do encontro são desenvolver planos de trabalho colaborativo, ações de incidência, projetos conjuntos, potenciar a participação e a associatividade para melhorar o impacto das políticas culturais em nível local e internacional, intercambiar conhecimentos e saberes, gerar uma proposta de economia alternativa e feminista de trabalho e estabelecer mecanismos de intercâmbio em torno da cultura de rede entre organizações e instituições lideradas por mulheres.
Primeira edição
O 1º Encontro Internacional Mulheres Trabalhadoras das Culturas e das Artes – Gestoras, realizado em Santiago (Chile) de 4 a 7 de julho de 2017, foi um dos projetos ganhadores do Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes 2016. Mais de 150 produtoras e gestoras culturais de nove países participaram deste evento, que firmou as bases para a articulação de mulheres nesta rede latino-americana que tem como objetivo o empoderamento e o trabalho colaborativo.
Transmissão ao vivo
SÁBADO 25 de MAIO
Das 10h30 às 11h30 (Atividade aberta)
Diálogos Gestoras
Tema: Situação laboral e artística das MTCA na América Latina.
Apresentam-se: Uruguai, Brasil, Argentina, Chile e México.
Sala Nelly Goitiño, Auditorio Nacional del Sodre.
Das 16h às 17h30 (Atividade fechada)
Círculos da palavra 1
Tema: Desafios das Gestoras e Ativistas Culturais para 2030, ações de incidência.
Sala Delmira Agustini, Teatro Solís.
DOMINGO 26 de MAIO
Das 10h às 11h30 (Atividade aberta)
Diálogo Gestoras
Tema: Ativismos e Movimentos de mulheres artistas no mundo
Sala Nelly Goitiño, Auditorio Nacional del Sodre.
Saiba mais: https://cultura.mec.gub.uy/
https://www.gestorasenred.com/
Confira a programação: https://bit.ly/2M8Zz83
Um encontro para conversar sobre patrimônio: o projeto do Uruguai selecionado no Edital de Apoio a Redes 2018
Em 20, nov 2018 | Em Notícias | Por IberCultura
Nome do evento: “Patrimonio invisible, construyendo cultura viva”
Nome da red/articulação: Las Vías
Organização responsável: Intermedios Producciones
O projeto “Patrimônio invisível, construindo cultura viva”, apresentado pela rede uruguaia Las Vías, aposta na criação de um espaço de encontro e reflexão sobre patrimônio vivo, sobre o patrimônio imaterial e seu diálogo com o patrimônio material, resgatando sua história e sua memória.
As instituições que integram a rede Las Vías (Oficina de la Juventud, Comparsa Cuerda de la Explanada, Espacio Cultural Ignacio Espino, Intermedios Producciones) estão baseadas no bairro Las Palmas da cidade de San José de Mayo (departamento de San José), onde ficavam as instalações da Antiga Estação de Trem do Estado. Mantêm identidade própria, mas num contínuo trabalho colaborativo, atendendo a públicos de diferentes idades e contextos, potenciando o bairro como um polo sociocultural da cidade.
A proposta dos coletivos busca gerar uma instância de reflexão sobre os projetos sociais, culturais, artísticos e educativos da zona da Antiga Estação de Trem do Estado, e estabelecer um contraste entre ontem e hoje, entre o visível e o invisível (para visibilizar o invisível), entre o material e o intangível. A zona esteve abandonada durante anos, até que os coletivos se apropriaram do lugar.
O “encontro-conversatório” tem como objetivos: conscientizar sobre a importância do patrimônio imaterial em diálogo com o patrimônio material; valorizar as expressões culturais e artísticas; estimular o trabalho conjunto entre diferentes organizações e coletivos da zona territorial onde se baseia o projeto; criar uma exposição fotográfica que reflexione sobre o valor do patrimônio imaterial; oferecer ao bairro uma infraestrutura fixa para exposições a céu aberto durante os 365 dias do ano; aumentar o trânsito de público pela zona.
As três etapas
Esta proposta será desenvolvida em três etapas. A primeira jornada propiciará o encontro de diferentes atores, integrantes das organizações e coletivos, vizinhos do bairro e público em geral. Também serão convidados a participar do encontro agentes locais e nacionais envolvidos com o tema do patrimônio imaterial, para dar sua visão e enriquecer o intercâmbio. Desse encontro será produzido um documento com as propostas e conclusões.
Fotógrafos profissionais (da cidade) e emergentes (dos espaços formativos do Espaço Cultural Ignacio Espino e integrantes dos coletivos da zona) serão convidados a transitar um dia pelo bairro com a premissa de registrar a convivência do patrimônio material e imaterial. Serão registradas as diversas atividades realizadas durante um dia nos espaços a cargo dos coletivos: oficinas, atividades ao ar livre, espetáculos de artes cênicas, saída e percurso da Comparsa Cuerda de la Explanada (o bloco carnavalesco local), etc.
Com base no material elaborado durante o encontro e tendo como insumos o material fotográfico, será montada uma exposição de 28 fotografias e 2 placas (una apresentando o projeto e outra apresentando o bairro). A etapa 2 abarca a realização/curadoria e inauguração da exposição fotográfica a céu aberto. A etapa 3 será de circulação da mostra.
Saiba mais sobre o Espaço Cultural Ignacio Espino: https://www.ecie.com.uy