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Ministro da Cultura da Argentina reúne-se com representantes dos Pontos de Cultura de diferentes províncias
Em 30, mar 2021 | Em Notícias | Por IberCultura
Para conhecer de perto a situação do trabalho cultural comunitário, o ministro da Cultura da Argentina, Tristán Bauer, está mantendo reuniões com representantes dos Pontos de Cultura em diferentes partes do país. Em uma de suas viagens em março, em Ushuaia, esteve na Biblioteca Popular Sarmiento, onde se reuniu com beneficiários/as de alguns programas como Manta, Fondo Desarrollar e Pontos de Cultura, e conheceu a experiência de artesãos, artistas de teatro, realizadores e bibliotecários que receberam apoio financeiro no último ano para dar continuidade às suas atividades.
Na província de Neuquén, o ministro se reuniu com o artesão Walter Cardozo e a artesã Daniela Rodríguez, da comunidade mapuche Lof Newen Mapu, beneficiários do programa Manta. Em seguida, realizou um encontro, na Biblioteca Popular Eliel Aragón, com beneficiários dos programas Fondo Desarrollar e Pontos de Cultura, para conhecer seus projetos e trocar experiências.
“Estamos fazendo essas viagens pelo país com a ideia de trabalharmos juntos em uma agenda comum. A pandemia tem sido muito dura para as indústrias culturais e hoje estamos reabrindo os espaços, com muito cuidado, cumprindo os protocolos. Foram tempos de investimento para sustentar espaços culturais e apoiar os trabalhadores e trabalhadoras da cultura”, disse Tristán Bauer durante a viagem a Neuquén.
Em fevereiro, o ministro já havia visitado as províncias de Salta, Tucumán e Jujuy. Em sua viagem pela província de Tucumán, Tristán Bauer se reuniu com participantes de Pontos de Cultura para trocar experiências e conhecer o trabalho que cada organização realiza em busca do desenvolvimento cultural. Em março, esteve também em Quilmes, na província de Buenos Aires, onde se reuniu com pessoas do município que foram beneficiadas com recursos dos programas Fondo Desarrollar e Pontos de Cultura.
Encontro de Pontos
Bauer também participou do encontro de Pontos de Cultura: “Cultura Comunitária na Perspectiva de Gênero”, organizado pelo Ministério da Cultura da Nação em conjunto com o Ministério da Mulher, Gênero e Diversidade. “Cada uma dessas lutas que vocês levam adiante é um aprendizado para todos nós. Não cessem essa luta nem um instante”, disse o ministro aos participantes do evento, realizado nos dias 6 e 7 de março no Parque Tecnópolis, em Buenos Aires, também com a presença da ministra da Mulher, Gênero e Diversidade, Elízabeth Gómez Alcorta. O encontro ocorreu durante a segunda edição do “Nós Movemos o Mundo”, semana de atividades no âmbito do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora.
Representantes de Pontos de Cultura do Peru participam de cursos e bate-papos
Em 27, mar 2021 | Em Notícias | Por IberCultura
O Ministério de Cultura do Peru, por meio da Direção de Artes, tem promovido uma série de bate-papos, oficinas e cursos dirigidos às organizações reconhecidas como Pontos de Cultura no país. As capacitações continuarão ao longo do ano, com diversos temas.
Nesta terça-feira, 30 de março, começa o Curso de Desenho de Projetos Culturais Comunitários. A iniciativa busca fortalecer as capacidades dessas organizações por meio de metodologia participativa que promove a reflexão sobre o trabalho cultural comunitário. Os 40 participantes (um por organização) terão seis encontros virtuais, via Zoom, todas as terças-feiras até o dia 4 de maio. Serão oferecidas sessões teórico-práticas, com orientação para elaboração do projeto final, no dia 30 de abril. As inscrições para esta primeira edição do curso encerraram na quarta-feira, dia 24 de março.
Em abril também será realizado o workshop Diversidade Cultural e Prevenção da Discriminação Étnico-racial para Pontos de Cultura. Além de conscientizar sobre a diversidade cultural e a prevenção da discriminação étnico-racial, a oficina visa fortalecer projetos de promoção cultural, com o repasse da Videoteca de Culturas (VdC), e promover práticas no trabalho cultural comunitário que respeitem a diversidade cultural e a prevenção da discriminação racial nos participantes. As seis sessões virtuais estão programadas para as segundas-feiras 12, 19, 26 de abril, e quartas 14, 21 e 28 de abril. O prazo final para se inscrever é segunda-feira, 5 de abril.
Entre os bate-papos realizados em março, o do dia 17 foi uma atividade desenvolvida no âmbito do Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial e que contou com a vivência da Asociación Cultural Yrapakatun – Kukama. No dia 24 foi realizada a conversa “Como a cultura comunitária contribui para a recuperação de espaços seguros?”, um intercâmbio com a Estratégia Multissetorial de Bairro Seguro do Ministério do Interior em que dois Pontos de Cultura compartilharam suas iniciativas comunitárias relacionadas ao tema: a Asociación Cultural Latincine de Comunicación Audiovisual e o Instituto de Cultura Raíces del Perú – Chepén.
No dia 10 de março, em parceria com a Diretoria de Saúde Mental do Ministério da Saúde, foram compartilhadas as ações de saúde mental comunitária que vêm sendo realizadas a partir do setor público e as iniciativas cidadãs de duas organizações reconhecidas como Pontos de Cultura: o Colectivo Descosidos e a Asociación Cultural Hispanoamérica Unida. Todas os bate-papos foram transmitidos ao vivo pelo Facebook a partir da página Pontos de Cultura.
“Workshop sobre Diversidade Cultural e Prevenção da Discriminação Étnico-Racial”
📍 Inscrições: https://bit.ly/3sdUwUt
📍 Mais informações: https://cutt.ly/qxyX5Ls
“Desenho de Projetos Culturais Comunitários”
📍 Saiba mais: https : //cutt.ly/zzzOYzO
📍 Video do bate-papo do dia 17: https://fb.watch/4wLJVRLR9H/
Edital de bolsas 2021: conheça as 88 pessoas selecionadas para a quarta turma do curso da FLACSO
O programa IberCultura Viva publicou nesta sexta-feira, 26 de março, a lista de pessoas que receberão bolsas para participar da quarta turma do Curso de Pós-graduação Internacional em Políticas Culturais de Base Comunitária, que será realizado no campus virtual da FLACSO-Argentina de abril a dezembro de 2021. As 88 bolsas concedidas pelo programa foram repartidas entre os 11 países membros do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva.
O edital teve inscrições abertas de 22 de dezembro de 2020 a 1º de fevereiro de 2021. Do total de 502 postulações recebidas, foram habilitadas 486. As candidaturas que obtiveram as maiores pontuações em cada país, conforme os critérios estabelecidos no regulamento, foram selecionadas para receber as bolsas. A classificação final também considerou que ao menos 50% das pessoas escolhidas deveriam ser mulheres. Pessoas pertencentes a povos indígenas ou afrodescendentes receberam um ponto extra na avaliação.
O número de vagas que estava previsto inicialmente era de oito por país; como Uruguai não apresentou esta quantidade de candidaturas habilitadas, as três vagas restantes foram distribuídas entre os países com maior número de inscritos: Colômbia, Peru e Brasil.
As 88 pessoas selecionadas neste edital receberão um correio eletrônico com os passos a seguir para efetivar a bolsa e completar a inscrição no curso de pós-graduação. Essas pessoas ganharão uma bolsa integral e não terão que pagar nada pelo curso, desde que cumpram com as avaliações parciais e apresentem o trabalho final. Aquelas que não tenham sido selecionadas no edital e ainda quiserem se inscrever no curso, poderão fazê-lo pagando a matrícula diretamente para a FLACSO Argentina.
O curso
O Curso de Pós-graduação Internacional em Políticas Culturais de Base Comunitária será ministrado de maneira virtual durante nove meses, de abril a dezembro, na plataforma da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO-Argentina). As aulas são ministradas em espanhol, exceto as que estão a cargo de professores brasileiros, que são dadas em português e têm tradução para o espanhol.
Os conteúdos do curso de pós-graduação estão distribuídos em seis módulos e 24 aulas. As aulas são publicadas uma vez por semana – com uma semana de recesso no final de cada módulo – e se abre um fórum para cada aula publicada, gerando um espaço de debate e intercâmbio de ideias e experiências em torno dos temas tratados.
Para cumprir com os objetivos do curso, deve-se realizar um trabalho parcial escrito sobre os três primeiros módulos e um trabalho final integrador, que consiste em desenhar e planejar um projeto cultural comunitário ou uma política cultural pública de base comunitária. Os trabalhos podem ser entregues na língua nativa (espanhol ou português).
Saiba mais sobre o curso
Confira a lista de pessoas selecionadas no edital:
Leia também:
IberCultura Viva concederá 88 bolsas para o Curso de Políticas Culturais de Base Comunitária
Histórias escondidas: Célio Turino lança livro sobre experiências comunitárias na América Latina
Em 26, mar 2021 | Em Notícias | Por IberCultura
(Fotos: Mário Miranda Filho)
Uma história de abraços reais, muito reais. E de histórias imaginadas, “belissimamente imaginadas por muita gente que faz e acontece”. É assim, com histórias de encontros, que o escritor e historiador Célio Turino conta suas andanças por comunidades de 11 países no livro Por todos os caminhos – Pontos de Cultura na América Latina (Edições Sesc, 2020), lançado recentemente em novo formato. Com 380 páginas, a publicação traz uma série de relatos de coragem, alegria e destemor, de sonhos impossíveis que se fazem possíveis. Ou, como diz o autor, “histórias que vêm de longe e atravessam o tempo, histórias de bem perto, que nos foram negadas e escondidas, ou que nós mesmos escondemos de nós”.
Ex-secretário de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura, um dos idealizadores do programa Cultura Viva, lançado no Brasil em 2004, Célio Turino tem dedicado a vida a pensar e realizar políticas públicas em larga escala, atraído pelas ideias da cultura do encontro e do cultivo de sociedades e civilizações. É autor de Na trilha de Macunaíma: ócio e trabalho na cidade (Edições Sesc e Editora Senac, 2005) e Ponto de Cultura: o Brasil de baixo para cima (Anita Garibaldi, 2009), que ganhou versão em espanhol pela editora argentina RGC, Puntos de Cultura: Cultura viva en movimiento (2013). Desde 2018, cursa doutorado em diversidade e outras legitimidades pela Universidade de São Paulo (USP). Sua tese trata de temas como sabedorias ancestrais, tradição em dormência, tradição e invenção, decolonialidade e emancipação.
Para coletar as experiências que apresenta neste livro, ele passou quatro meses de 2017 viajando, visitando dezenas de comunidades na América Latina, revendo amigos, conhecendo gente, escutando histórias. Passou por México, Peru, Argentina, Brasil, Bolívia, Colômbia, El Salvador, Honduras, Guatemala, Belize, Chile e Uruguai. Depois foram mais dois meses dedicando-se à escrita do livro, que ganhou inicialmente uma edição mais visual, como um livro de arte, com o nome de Cultura a unir os povos: a arte do encontro. “Após apresentar a proposta ao SESC, fiz uma revisão profunda e detalhada, não apenas do ponto de vista teórico e ensaístico, como também literário”, conta o autor em entrevista por e-mail ao programa IberCultura Viva.
Esta edição revista e ampliada começa com um convite às leitoras e aos leitores para que imaginem um mundo onde a potência e a criatividade das comunidades fossem valorizadas e, a partir dessas, acontecesse um programa mundial de aprendizagem-serviço para jovens, os Agentes Jovens da Comunidade, proposta que o escritor apresentou ao Papa Francisco na Academia de Ciências do Vaticano, em 2016. Na sequência, Turino desenvolve a teoria e os conceitos da cultura viva comunitária, do bem viver e da cultura do encontro. O restante do livro é dedicado à narrativa das histórias escondidas na América Latina, do México ao Chile, com uma passagem especial pela Argentina. “Na Argentina, as paralelas se encontram. Argentina são muitas e, na leitura, as pessoas compreenderão a necessidade de haver me detido mais neste grande e múltiplo país”, ele comenta.
São muitos os movimentos que aparecem em Por todos os caminhos: entre eles, a cidade de Medellín se reinventando com iniciativas de corporações culturais como Nuestra Gente, Barrio Comparsa e Canchimalos, a Guatemala começando a mudar por meio da arte e do empenho de organizações como Caja Lúdica, a Bolívia se “descolonizando” com Compa e Wayna Tambo, o Brasil se “desescondendo” com os Pontos de Cultura… São muitas as histórias, as gentes, as rodas, os círculos, os pontos, as peñas. “São teias, caravanas, congressos. São encontros. São memórias. Histórias de feiura e histórias de beleza, histórias de um povo que vai se fazendo protagonista. São histórias de Quixotes”, define o escritor na parte final do livro, antes de dedicá-lo aos que andam por aí e não perdem a coragem.
ENTREVISTA// CÉLIO TURINO
Nos últimos 10 anos, depois do período em que passou no Ministério da Cultura, você foi convidado muitas vezes para falar da experiência brasileira dos Pontos de Cultura… Nessas andanças você aproveitou para ir colhendo material, já pensando na possibilidade de um livro? Ou as viagens para estes 11 países foram realizadas especialmente para a feitura do livro?
Sim, foram dezenas de viagens ao longo da última década. Mais de 50 para ser preciso, tendo passado por, praticamente, todos os países da América Latina, visitando favelas e aldeias indígenas. Nessas viagens pude perceber regularidades e pontos em comum que precisam ser compreendidos em conjunto pela potência conceitual e de práxis que representam. Sou historiador e gosto mais de escutar do que falar. Porém, eu era requisitado para falar e, daí, em 2017, refiz as viagens aos lugares que considerava mais expressivos para apresentação dessa regularidade, isso sem nenhum compromisso oficial, viajando apenas para observar, escutar, anotar. O resultado está no livro e espero ter honrado cada uma das histórias reais.
Em 2016, quando esteve com o Papa Francisco no Vaticano, você chegou a comentar que ele o incentivou a escrever um livro sobre experiências similares às dos Pontos de Cultura encontradas na América Latina. E que via muito do conceito de cultura viva no que ele chamava de “cultura do encontro”… Havia até um projeto para Scholas Occurrentes, que incluía um livro e um filme, não? O livro já está aí. O filme ainda tem alguma chance de sair?
Sim. Em 2015 tive meu primeiro encontro com o papa Francisco e entreguei um exemplar em castelhano do meu livro “Puntos de Cultura – Cultura Viva en Movimiento”, pela editora argentina RGC. Quando nos reencontramos, em 2016 , ele comentou sobre o livro, que tinha foco na experiência brasileira, e me estimulou a escrever um outro relatando e analisando experiências comunitárias nos demais países da América Latina. Confesso que, por vezes, me via escrevendo o livro como se fosse uma carta ao Papa Francisco, como um narrador, tal qual descreve Walter Benjamin, talvez as pessoas percebam isso na leitura, ao menos deixei algumas pistas.
Exatamente, a intenção era o livro e o filme, a ser dirigido pelo cineasta Silvio Tendler, mas infelizmente ainda não conseguimos recursos para o filme, mas, com a edição pronta, meu desejo é transformá-lo em uma série, quem sabe para a Netflix, pelo alcance. São muitas histórias e há uma profunda filosofia ancestral e comunitária que precisa ser melhor compartilhada e compreendida pelo mundo que vem da América Latina e seus rincões mais esquecidos e desprezados. Agora quero me dedicar a isso e, quem sabe, consiga apoio para realizar essa série. São histórias muito bonitas, originais e potentes que surpreenderão o público. Tenho certeza.
O livro está dividido em duas partes, uma primeira mais teórica, e outra em que conta histórias. Histórias de pessoas comuns, histórias de guerrilheiros, de padres “villeros”, pequenas grandes histórias que, como você diz, nos fazem perceber no mundo. Desde o princípio a ideia era esta, contar as histórias dos coletivos/ organizações comunitárias por meio de seus personagens?
Sim, a primeira parte é teórica, explicito os conceitos fundamentais, desenvolvo a teoria e procuro demonstrar como ela se realiza a partir de equações matemáticas. Na segunda parte, mudo até mesmo minha forma de escrita, colocando-me como um narrador que vai alinhavando pontos de identidade ancestral e contemporânea dos diversos países por onde passei, mas sempre a partir do método da micro-história e da descrição densa, falando de pessoas comuns e da capacidade que elas têm em mudar suas realidades. Comum talvez não seja a palavra mais apropriada, se bem que é esse o conceito historiográfico, isso porque são pessoas e histórias extraordinárias, conforme (Eric) Hobsbawm apresenta em livro sob o qual também me inspirei. A escolha das histórias vai no sentido de apresentar conexões e identidades, mesmo em realidades tão distintas.
Geralmente você é chamado para falar (em palestras, entrevistas, etc). Para o livro, parece ter invertido o papel, e viajado disposto a escutar… Foi como imaginava? Algo ou alguém em particular o surpreendeu?
Como disse, para esse livro mudei o meu papel, fui um escutador e na escuta me esforcei em transmitir as histórias como um narrador, oferecendo elementos para que as pessoas pudessem penetrar nessas histórias, conhecendo as pessoas e suas formas de pensar e agir. Nos tempos atuais fala-se muito de identidades, mas identidade sem alteridade não gera solidariedade e emancipação coletiva. Com o livro procurei demonstrar que é possível fazer com que alteridade e identidade caminhem lado a lado.
Você fala muito em alteridade, na capacidade de se perceber no outro (por mais diferente que este ‘outro’ possa parecer), e do papel da arte neste processo. Isso parece ganhar um peso ainda maior nestes tempos tão difíceis, não?
Sem dúvida! O esforço com o livro foi demonstrar exatamente isso, contando histórias aparentemente díspares de realidades sociais, econômicas e culturais muito diferentes, mas que se encontram. Se, ao final da leitura, as pessoas tiverem conseguido perceber isso, o livro terá cumprido sua missão.
As fotografias do livro são do seu irmão, Mario Miranda Filho. Vocês já fizeram outros projetos juntos?
Quem organizou as viagens foi a minha esposa, Silvana (Bragatto), que é engenheira especializada em logísticas e economia circular e que, ao longo da década, me acompanhou na maioria das viagens. As fotos são do meu irmão mais novo e este foi nosso primeiro projeto em comum. Já penso em outro…Gostaria de contar histórias de fluxos migratórios na América Latina, acompanhar o trem, La Bestia, que, na verdade, são vários trens e caminhos, no México, a fronteira norte no Brasil, os desplazados na Colômbia… Enfim, quero contar as histórias dessas pessoas com a dignidade que elas merecem e com registro fotográfico feito por meu irmão. Já trato disso em alguns capítulos, como a história de três irmãs de El Salvador, crianças com 9, 7 e 6, capturadas no sul dos EUA quando brincavam na rua e que foram deportadas para a Guatemala, colocadas em uma Casa do Migrante e que lá vivem sem os pais.
Note a situação: crianças nascidas nos EUA, filhas de migrantes não documentados, arrancadas de seus pais, levadas para um país estranho que nem é o de origem familiar, vivendo praticamente em cárcere. Nos últimos anos, notícias de deportação de crianças por parte do governo dos EUA tornaram-se públicas e chocaram o mundo. Para mim, o choque aconteceu quando quando me deparei com essa história na Guatemala, daí conto a história de um casal que tem um ponto de cultura na Cidade da Guatemala e como eles trabalham com essas crianças. São, talvez, o único fio de humanidade, gentileza e afeto a quem essas crianças podem se ligar. Relato, inclusive, a metodologia do borboletário, para meninas violadas, mas prefiro não dar spoiler.
Já recebeu alguma proposta de tradução para o espanhol?
Ainda não. Junto com a ideia da série documental, e por que não, em ficção, é minha prioridade, quero muito que o livro possa ser lido em espanhol. A propósito, já incorporei muitas palavras do mais fino portunhol (risos). Como disse, são histórias escondidas dos rincões mais afastados e que precisam ser desveladas em toda a sua força. Este é um livro decolonial e que se pretende depatriarcal, mesmo escrito por um homem, em exercício de alteridade, registro, bem como de desmercantilização das relações sociais. Esforcei-me muito para bem contar essas histórias e espero que o público aprecie. Mas gostaria que a tradução para o castelhano, e mesmo para outros idiomas, tivesse o mesmo tratamento editorial, forma e fotos que a edição brasileira para passar essa ideia de conjunto.
⇒Leia a Introdução de “Por todos os caminhos” (páginas 11 a 13)
Conheça as entidades culturais de base comunitária que ajudaram a contar essas histórias:
MÉXICO
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Huehuecoyotl – Ecovila da Paz: Tepoztlán, estado de Morelos
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Centro das Artes Indígenas do povo totonaca: Tajín, estado de Vera Cruz
EL SALVADOR
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Tiempos Nuevos Teatro (TNT): Los Ranchos, departamento de Chalatenango
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Museo de la Palabra y la Imagen (Mupi): San Salvador
HONDURAS
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Copán – cidade arqueológica do povo maia
GUATEMALA
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Caja Lúdica: Cidade de Guatemala
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Escola Frida Kahlo para ninõs y niñas pintores: Cidade da Guatemala
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La Asociación de Estudios y Proyectos de Esfuerzo Popular – Eprodep: Quetzal
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EducArte: Antigua
BELIZE
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Caracol – desenvolvimento da comunidade juvenil: Arenal
COLÔMBIA – MEDELLÍN
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Corporación Cultural Nuestra Gente
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Corporación Cultural Barrio Comparsa
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Corporación Cultural Canchimalos
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Fundación Ratón de Biblioteca
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Biblioteca El Limonar
PERU – LIMA E CUSCO
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La Tarumba
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Vichama Teatro
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5 minutos 5
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Biblioteca Comunitaria Don Quijote y su manchita
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Centro Cultural Waytay
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Colegio Pukllasunchis
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Waynakuna Tikarisunchis Paqarimpaq
BOLÍVIA – EL ALTO
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Fundación Compa
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Fundación Wayna Tambo
ARGENTINA
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Fundación Crear Vale la Pena: San Isidro, grande Buenos Aires
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Grupo de Teatro Catalinas Sur: La Boca, Buenos Aires
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Fundação Pontifícia Scholas Occurrentes: Buenos Aires
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Orquesta-Escuela de Chascomús: Chascomús, província de Buenos Aires
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Centro Cultural Chacras de Coria: cidade de Mendoza, província de Mendoza
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Grupo de Jovens de San Antonio de los Cobres: La Puna
BRASIL
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Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural: São Paulo
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Instituto Pombas Urbanas: Cidade Tiradentes, São Paulo
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Thydêwá – Índios On-Line: Olivença, Bahia
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Grãos de Luz e Griô: Lençóis, Chapada Diamantina, Bahia
Por todos os caminhos: Pontos de Cultura na América Latina
Autor: Célio Turino
Edições Sesc São Paulo, 2020
380 páginas
ISBN: 978-65-86111-06-4
Preço: R$ 90,00
www.sescsp.org.br/livraria
Secretaria de Cultura do México anuncia o lançamento de convocatória para salvaguarda do PCI
Em 23, mar 2021 | Em Notícias | Por IberCultura
A Secretaria de Cultura do Governo do México, por meio da Direção Geral de Culturas Populares, Indígenas e Urbanas, lançou nesta semana a edição 2021 da convocatória do Programa de Ações Culturais Multilíngues e Comunitarias (PACMyC). A iniciativa, com inscrições abertas até o dia 14 de maio, está dirigida a grupos, coletivos, irmandades, conselhos de idosos e criadores interessados em receber apoio econômico para desenvolver uma intervenção ou um projeto cultural comunitário que fomente a salvaguarda do Patrimônio Cultural lmaterial.
O PACMyC atende a indígenas, afrodescendentes, grupos vulneráveis e comunidades pertencentes a âmbitos rurais e urbanos interessados em instrumentar uma intervenção ou um projeto cultural relacionado a algum dos seguintes âmbitos: a) Cosmovisões, b) Práticas de comunalidade, c) Artes populares, d) Culturas alimentares, e) Tecnologias tradicionais, f) Pedagogias comunitárias, g) Proteção dos Direitos Coletivos (*).
Os apoios econômicos serão de até 40 mil pesos mexicanos para as intervenções e até 100 mil pesos mexicanos para implementar projetos culturais nas comunidades do país. Os projetos ou intervenções devem estar voltados para o desenvolvimento da diversidade cultural e contar com a participação de integrantes da comunidade. Os grupos devem ser integrados por um mínimo de cinco pessoas maiores de 18 anos. Os membros do grupo devem viver na comunidade em que desejam incidir.
A seguir detalhamos os âmbitos da convocatória:
a) Cosmovisões
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A terra como mãe e como território
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Os seres sagrados
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As dualidades
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O princípio vital das coisas
b) Práticas de comunalidade
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O consenso em assembleia para a tomada de decisões
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O serviço gratuito como exercício de autoridade
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O trabalho coletivo como um ato de recreação
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Ritos e cerimônias como expressão comunal
c) Artes populares
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Da palavra (oral ou escrita)
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Danças
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Cênicas
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Plásticas
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Visuais
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Musicais
d) Culturas alimentares
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Alimentos tradicionais e sagrados
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Alimentos e receitas que curam
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Rituais associados à alimentação
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Alimentos e práticas em perigo de desaparecer
e) Tecnologias tradicionais
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Agrícolas
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Caça
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Criação de animais
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Pesca
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Colheita e cultivo de plantas
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Têxteis e do vestido
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Domésticas
f) Pedagogias comunitárias
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Artes
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Ofícios
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Cargos
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Pautas de criação
g) Proteção dos Direitos Coletivos
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Documentação de práticas
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Reflexão coletiva
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Promoção
⇒ Confira o regulamento: https://bit.ly/3qYusee
Governo de Zapopan lança a segunda etapa do Fundo de Emergência para o Setor Cultural
Em 18, mar 2021 | Em Notícias | Por IberCultura
O Governo de Zapopan (Jalisco, México) lançou a segunda etapa da convocatória do Fundo de Emergência para o Setor Cultural do município. A iniciativa, que é parte do programa Ánimo, Zapopan!, teve sua primeira fase entre junho e dezembro de 2020, beneficiando propostas de pessoas, organizações e coletivos apresentadas em quatro categorias, entre elas a de Cultura Viva Comunitária (“Laboratório de projetos e ações culturais comunitárias” e “Mediador comunitário”).
Na edição de 2021, a comunidade artística e cultural do município está convocada a participar em distintas categorias, incluindo a de Ações Comunitárias, que se divide em três modalidades: a) “Projetos e ações culturais comunitárias”; b) “Ações de fomento à leitura”; c) “Espaços culturais independentes”. O dia 16 de abril é a data limite de recepção dos projetos.
Na primeira modalidade, dirigida a organizações, associações, coletivos, agrupações e iniciativas culturais ou de vizinhos que estejam interessadas em desenvolver projetos de cultura viva comunitária, serão concedidos apoios de 20 mil pesos mexicanos para cada projeto selecionado. O mesmo valor será destinado às propostas da segunda modalidade, para autores, mediadores, gestores, promotores, coletivos ou organizações interessados em desenvolver ações públicas interativas para o fomento à leitura.
Na modalidade “Espaços culturais independentes” serão concedidos apoios econômicos de 30 mil pesos mexicanos para cada projeto escolhido. Neste caso estão convocadas pessoas físicas que contem com um espaço cultural independente, de qualquer índole (livraria, café artístico, galeria, escola ou academia de artes, etc.), sediado no município de Zapopan, a apresentar projetos para a realização de atividades de vinculação, promoção, criação de redes, encontros ou desenho e implementação de estratégias de comercialização que lhes permitam continuar com seu trabalho de difusão da cultura.
Para participar da convocatória é necessário ser maior de idade; demonstrar experiência de ao menos três anos no âmbito que se postula; ser residente, ter seu espaço de produção em Zapopan, ou ter participado como executante, criador, instrutor ou especialista em alguma atividade artística ou acadêmica organizada pelo governo municipal. Pessoas que foram beneficiadas na primeira etapa do fundo de emergência, em 2020, não poderão ser elegíveis este ano. Coletivos, organizações ou companhias que tenham sido beneficiadas na anterior poderão postular novamente, desde que o projeto que apresentem e o representante designado para postular sejam diferentes.
⇒ Saiba mais sobre a convocatória
Consultas: fondo.emergente@zapopan.gob.mx
(*) Zapopan é uma das municipalidades integrantes da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais. Saiba mais sobre a rede em: https://iberculturaviva.org/red-de-ciudades-y-gobiernos-locales/
Secretaria de Cultura do México abre convocatória de apoio à infraestrutura cultural
Em 15, mar 2021 | Em Notícias | Por IberCultura
Na quarta-feira, 7 de abril, termina o prazo para recebimento dos projetos inscritos na convocatória de Apoio à Infraestrutura Cultural dos Estados (PAICE) de 2021. Lançado pela Secretaria de Cultura do Governo do México, através da Direção Geral de Vinculação Cultural, o edital visa criar ou aproveitar espaços dedicados à arte e à cultura em todo o país e, assim, reduzir as desigualdades sociais em termos de desenvolvimento cultural. Poderão participar governos estaduais e municipais, prefeitos, universidades públicas estaduais e organizações da sociedade civil cujos objetos constitutivos sejam a promoção e o fomento das artes e da cultura.
Anteriormente, o PAICE se limitava a fornecer suporte apenas relacionado à infraestrutura. Agora, o foco está voltado para o benefício social, para promover projetos que permitam a regeneração do tecido social nos imóveis em questão, seja com programação – para que não sejam subutilizados –, seja com construção, onde não existiam recintos com infraestrutura adequada. Além disso, sua cobertura foi ampliada, priorizando ações em municípios com condições de alta vulnerabilidade e de difícil acesso.
“A cultura faz comunidade, por isso decidimos apoiar com enorme empenho projetos em todo o país. Com o PAICE procuramos dar vida e conteúdo àquela infraestrutura já existente e subutilizada. Isso sem deixar de apoiar iniciativas que permitam proporcionar espaços adequados para a divulgação, promoção e realização de atividades como música, dança, prática de línguas indígenas, elaboração de artesanato com processos e materiais locais e regionais, entre outros, a fim de manter a identidade das populações beneficiadas”, comentou a secretária de Cultura do México, Alejandra Frausto Guerrero.
“Vida para a infraestrutura cultural” e “Fortalecimento da infraestrutura cultural” são as duas modalidades oferecidas pelo edital do PAICE. Na primeira modalidade, podem ser solicitados até 200 mil pesos mexicanos para a programação cultural e até 1 milhão de pesos para reabilitação e equipamentos. Já na segunda modalidade, podem ser solicitados até 5 milhões de pesos para construção, reabilitação e equipamentos.
Governos estaduais e municipais, prefeituras da Cidade do México e universidades públicas estaduais participantes devem se comprometer a contribuir com o mesmo valor solicitado ao PAICE, ou seja, 50% do custo total do projeto cultural. No caso das organizações da sociedade civil, elas devem se comprometer a contribuir com pelo menos 25% do custo total. No entanto, as instâncias que apresentem projetos culturais em edifícios ou espaços localizados em um dos municípios de atendimento prioritário, publicados em lista anexa ao edital, não serão obrigadas a efetuar aporte financeiro.
Confira as bases: https://bit.ly/3teVHDd
Consultas: paice@cultura.gob.mx
Fonte: Secretaria de Cultura do México
Carta de Direitos Culturais de Niterói: uma construção participativa inspirada na experiência de San Luis Potosí
Em 10, mar 2021 | Em Notícias | Por IberCultura
A Secretaria Municipal das Culturas de Niterói (Rio de Janeiro, Brasil) dá início nesta quarta-feira, 10 de março, a uma série de rodas de conversa com a população local para debater e formatar propostas para a Carta de Direitos Culturais da cidade. A iniciativa, inspirada na experiência de San Luis Potosí (México), é uma das ações de cooperação que surgem no âmbito da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais.
Serão 15 encontros virtuais, entre os dias 10 e 24 de março, com as 15 Câmaras Setoriais que têm cadeira no Conselho Municipal de Política Cultural (CMPC). Cada câmara irá discutir e apresentar, a partir da esfera de atuação de cada colegiado, um conjunto de metas e estratégias que contribuam para promover, garantir, ampliar e consolidar os direitos culturais para o cidadão e a cidadã de Niterói.
Esse processo de consulta popular, através de diálogos abertos com a sociedade, vem sendo realizado pelo Governo Municipal de San Luis Potosí desde 2019, em conjunto com o Escritório da UNESCO no México e a Comissão Estatal de Direitos Humanos. A proposta toma como ponto de partida alguns instrumentos internacionais, nacionais e estaduais de cultura e de direitos humanos, a começar pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, que dispõe que “toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam” (Art. 27).
Em San Luis Potosí, na primeira etapa das Jornadas UNESCO San Luis, foram realizadas rodas de conversa com agentes culturais e 15 mesas de trabalho, que resultaram no recebimento de 69 propostas para a ação cultural local. Uma segunda fase foi dedicada aos encontros virtuais do Ciclo de Cidades, onde apresentaram-se as experiências de outros lugares, como Cidade do México, Zapopan, Mérida (México) e Roma (Itália), que também identificaram a importância de promover os direitos culturais em nível local, para que não parecessem distantes das pessoas, assentados somente em documentos internacionais, e que pudessem ser vistos como ferramentas a ser utilizadas nos bairros, entre vizinhas e vizinhas, artistas e promotores do território.
Os três eixos temáticos que guiaram os trabalhos em San Luis Potosí também foram adotados em Niterói para a construção participativa da Carta de Direitos Culturais. São eles: 1) Democracia Cultural (“Melhorar a governança e a participação social através do diálogo permanente e a tomada de decisões sobre os assuntos públicos da cultura de forma corresponsável, equilibrada, inclusiva, justa e compartilhada”); 2) Equidade Territorial, Inclusão e Diversidades (“Pensar os diferentes territórios como espaços vivos, onde pode-se garantir a participação de cidadãs e cidadãos na vida cultural que deseja e/ou que se identifica”), e 3) Fomento à Criatividade (“Pensar a capacidade da criatividade produzir diferentes tipos de riqueza, informação, conhecimento e inovação”).
Os encontros com as 15 Câmaras Setoriais do Conselho Municipal de Política Cultural de Niterói serão transmitidos pelo Facebook do CMPC. Quem tiver interesse em participar das salas de reuniões, na plataforma Google Meet, deverá se inscrever por e-mail: participacaoculturaniteroi@gmail.com.
Programe-se:
- Arte e Cultura Urbanas: 10/03 – 19h
- Serviços de Comunicação Social, Comunitária e Difusão Cultural e Cultura Digital: 11/03 – 18h
- Movimentos Sociais: 12/03 – 17h
- Culturas e Religiões Afro-indígenas, Grupos Étnicos, Comunidades Tradicionais e Capoeira: 12/03 – 19h
- Patrimônio Histórico Artístico e Cultural (Material e Imaterial): 15/03 – 19h
- Teatro e Circo: 16/03 – 19h
- Equipamentos Privados de Cultura: 17/03 – 14h
- Bibliotecas, Literatura, Livro, Leitura e Arquivo: 17/03 – 16h
- Música: 17/03 – 19h
- Audiovisual: 18/03 – 19h
- Dança: 19/03 – 10h
- Carnaval e Festas Populares: 19/03 – 19h
- Artesanato e Economia Solidária: 22/03 – 18h
- Artes Visuais: 23/03 – 19h
- Cadeia Criativa, Produção Cultural, Moda e Mercado Cultural: 24/03 – 19h
⇒Onde assistir: facebook.com/cmpcniteroi
Construção de indicadores foi o tema da quinta sessão de planejamento do PET 2021-2023
Em 06, mar 2021 | Em Notícias | Por IberCultura
No dia 5 de março, a comissão especial de trabalho que prepara o Plano Estratégico Trienal (PET 2021-2023) do programa IberCultura Viva se encontrou por videoconferência para discutir a construção de indicadores do novo PET. Esta foi a quinta sessão de planejamento realizada este ano e contou com a presença de 14 pessoas, entre representantes de governos integrantes do programa (Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, México e Peru), da Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB) e da Unidade Técnica.
Ao longo de duas horas, as pessoas que integram a comissão trabalharam na matriz do PET, discutindo a possibilidade de considerar como indicadores a construção de marcos jurídicos para as políticas culturais de base comunitária, a existência de mecanismos de apoio às organizações culturais comunitárias (OCC), a implementação de esquemas de governança cultural, a participação da comunidade nas políticas culturais, a aplicação de protocolos, a quantidade de ações desenvolvidas na Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, entre outros exemplos mencionados.
“O indicador ilumina as coisas que contamos e os resultados de que falamos quando falamos de fortalecimento de uma política cultural. O indicador é o que vai determinar qual é o nosso alcance, até onde vamos poder chegar, e vai definir que estamos dizendo com o resultado que estamos mencionando”, explicou Adriana Osset, que trabalha na Direção de Planejamento, Seguimento e Avaliação da SEGIB e tem orientado o processo de planejamento do programa. Sara Díez Ortiz de Uriarte, assessora do Espaço Cultural Ibero-americano, também tem acompanhado algumas reuniões da comissão.
Além das duas representantes da SEGIB, participaram desta sessão Esther Hernández, diretora geral de Vinculação Cultural da Secretaria de Cultura do México e presidenta do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva; Valeria López López, diretora de Promoção, Formação e Desenvolvimento da Direção Geral de Vinculação Cultural da Secretaria de Cultura do México; Diego Benhabib, coordenador de Pontos de Cultura do Ministério de Cultura da Argentina; Iskra Gargurevich, coordenadora de Pontos de Cultura do Ministério de Cultura do Peru; Eduardo Reyes Paniagua, gestor de Fomento Cultural do MInistério de Cultura e Juventude de Costa Rica; Marianela Riquelme, profissional do programa Red Cultura do Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio do Chile; e Camilo Tovar, assessor de Assuntos Internacionais e Cooperação do Ministério de Cultura da Colômbia. Pela Unidade Técnica do programa, Emiliano Fuentes Firmani, secretário técnico, e Rosario Lucesole, consultora de projetos.
Representantes de organizações culturais comunitárias apresentam seus aportes para o PET 2021-2023
Em 02, mar 2021 | Em Notícias | Por IberCultura
A quarta sessão do processo de planejamento do IberCultura Viva para o período 2021-2023 foi dedicada ao trabalho com as organizações culturais comunitárias (OCCs) de países que integram o programa. O encontro virtual, na sexta-feira, 26 de fevereiro, contou com a participação de 44 pessoas, entre representantes de OCCs do Grupo de Trabalho Participação Social e Cooperação Cultural e dos governos de Argentina, Chile, Costa Rica, México e Peru, que formam a comissão especial de trabalho para o PET, além da Unidade Técnica.
Conforme explicou na abertura o secretário técnico do programa, Emiliano Fuentes Firmani, a ideia é que as organizações sejam protagonistas neste processo, e que baseadas na apresentação feita no dia 12 de fevereiro – e nos distintos conhecimentos e experiências que têm tido com o programa – as pessoas integrantes das redes e OCCs possam apresentar suas propostas, suas ideias, suas intenções, para alimentar o planejamento que está sendo discutido e que será apresentado ao Conselho Intergovernamental IberCultura Viva no fim de março.
“Esta sessão é muito importante, é um espaço para ouvir, para compartilhar, para colocar inquietudes, percepções e necessidades em uma forma concreta que possa ser aplicada no Plano Estratégico Trianual de IberCultura Viva. É um momento que celebramos, por poder ter este espaço de participação com o sujeito principal que dá vida ao programa, que são as organizações culturais comunitárias”, comentou Valeria López López, da Secretaria de Cultura do Governo de México, em nome da presidência do Conselho Intergovernamental.
Em seguida, Rosario Lucesole, consultora de projetos da Unidade Técnica, deu a palavra às pessoas que enviaram por correio electrónico algumas propostas para o PET 2021-2023. A maioria desses aportes foi apresentada no formato discutido duas semanas antes, na capacitação sobre Gestão Orientada a Resultados de Desenvolvimento (GORD) que Adriana Osset (SEGIB) ofereceu aos participantes do GT. Assim como havia sido comentado, algumas das propostas chegaram vinculadas aos objetivos estratégicos, resultados e linhas de ação que integram o primeiro esboço do plano estratégico.
Espanha
Guillermo Maceiras, da Comunidade VEDI-Ventana a la Diversidad (País Vasco, España), abriu o debate explicando de maneira resumida suas três propostas: 1) “Mobilidade e formação em gestão cultural comunitária a redes da Península Ibérica e intercâmbio de saberes com redes latino-americanas”; 2) “Integrar conceitos como a soberania narrativa em meios digitais como elemento vertebrador para melhorar as capacidades para o trabalho em entornos digitais das OCCs”; 3) “Economia regenerativa e a diversidade cultural não só como respeito, mas como fonte de inovação”.
Com respeito à primeira, Guillermo contou que a Comunidade VEDI está participando da REACC (Red de Espacios y Agentes de Cultura Comunitaria), uma “rede de redes espanholas que busca aglutinar e articular iniciativas de cultura comunitária e inovação cidadã”, e propôs intercâmbios com Pontos de Cultura e redes latino-americanas de CVC. A segunda proposta trata de projetos colaborativos inter-redes, priorizando comunidades e coletivos com acesso limitado à internet, e a terceira versa não sólo num modelo econômico que “não desperdiça nada”, por outro que “recupera o dano que tem feito ao entorno”, gerando oportunidades econômicas no seio das próprias comunidades.
Costa Rica
Eric Madrigal, integrante da Asociación Cultural del Swing y el Bolero Costarricenses e do Movimento CVC Costa Rica, fez aportes relacionados aos três objetivos estratégicos (OE) do PET. Sobre o primeiro objetivo, além de sugerir a inclusão do trabalho intersetorial com governos locais, propôs a criação de um espaço de intercâmbio entre as pessoas que concluem o Curso de Pós-graduação Internacional em Políticas Culturais de Base Comunitária ministrado por FLACSO.
Para o OE2, sugeriu a criação de uma oficina de participação cidadã (os indicadores seriam os diários de trabalho e documentos de planejamento), e a inclusão de uma linha para fomentar espaços de formação em gestão cultural comunitária, incluindo “pessoas que, sem ser necessariamente ‘acadêmicas’, possam oferecer seus conhecimentos, alguns deles ancestrais, na gestão comunitária e do patrimônio cultural”.
Para o OE3, propôs que se tome em consideração as visões sobre a gestão sociocultural do Património Cultural Imaterial que vai além das metodologias da UNESCO e dos países membros, incorporando a participação comunitária e a construção coletiva de inventários e planos de salvaguarda.
México
Sandra Villarreal Hernández, da agência Circular (México), voltada para a gestão de projetos culturais, propôs para o OE1 uma convocatória aberta para agentes culturais (nacionais, estaduais/municipais e internacionais), para a criação de um diretório digital público, e um mapeamento sobre políticas culturais de base comunitária, além de atividades de intercâmbio de boas práticas entre agentes culturais, “com um programa estabelecido para aterrissar desenho, implementação e avaliação de políticas culturais a partir da prática e da profissionalização”.
Para o OE2, Sandra propôs a realização de oficinas em comunidades e de fóruns virtuais “onde os representantes de projetos comunitários apresentem parte de seus processos e necessidades de colaboração”. Também mencionou uma campanha de difusão em redes para dar a conhecer a organizações culturais comunitárias e povos originários, e a geração de um diagnóstico a partir de realidades locais, em torno do tema de gênero, para definir um programa de trabalho com temáticas clave. Para o OE 3, sugeriu uma campanha de difusão sobre elementos característicos da tradição oral e o patrimônio cultural imaterial, com especial enfoque na inclusão, além de um programa de formação sobre escrituração de línguas originárias.
México 2
Rocío Orozco, de CulturAula México, realizou uma série de aportes e solicitações em torno do novo planejamento. Para o OE1 solicitou a construção de indicadores de impacto que possam servir como modelo para as políticas culturais de base comunitária. Além disso, propôs a realização de cursos de formação/sensibilização para funcionários e agentes culturais com capacidade de incidência nas políticas públicas e a abertura do programa de formação para receber propostas de OCCs e instituições educativas de todos os países. Também apoiou a iniciativa de criar uma rede de universidades que articule com o programa.
Para o OE2, Rocío propôs um mapeamento de instâncias de formação em gestão cultural comunitária e uma convocatória para promover instâncias de formação a partir da experiência de trabalho territorial, junto com articulações para acompanhar processos em marcha. Também destacou a inclusão de ações para promover a acessibilidade e diminuir a brecha digital, e o desenvolvimento de uma linha de ação para incluir a difusão em outros meios como a rádio e a televisão. No caso do OE3, propôs uma série de ferramentas para a difusão das experiências de cultura viva comunitária e a inclusão de outros meios com produções sobre gênero e cultura.
Argentina
Celia Soler, da Coletiva Cultural Posta (San Juan, Argentina), sugeriu o estabelecimento de um sistema de comunicação com agências governamentais de todas as regiões que compõem os países membros, aderidas ou não à Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais. “Isso implicaria um árduo trabalho de levantamento de referências das zonas da função pública que se constituiria em destinatários dessas comunicações para a divulgação em seus territorios”, adiantou.
Aurora Beatriz Silva, de Convocados por Lúdica (província de Buenos Aires), enviou vários documentos, incluindo uma sistematização de conceitos, um guia para a gestão e as memórias do IV Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que se realizou na Argentina em maio de 2019. Uma série de indicadores foi apresentada em seus aportes ao PET 2021-2023.
El Salvador
Ana del Carmen Cañas, da Asociación Salvadoreña para el Desarrollo Integral (ASALDI), apresentou algumas reflexões gerais e algumas considerações particulares, como o desenvolvimento de um glossário para as abreviações e siglas (CVC, PCBC, PIPA, REPPI, etc), a utilização conjunta dos termos “povos originários/povos indígenas” e a inclusão do conceito de equidade de gênero. Para o OE3, propôs que seja a promoção para o reconhecimento legal do patrimônio cultural imaterial e a sistematização de saberes no caso das línguas indígenas.
Uruguai
Julio Persa, de Intermedios Producciones, solicitou a incorporação de uma linha de ação para que o programa tenha fundos para apoiar a manutenção e a infraestrutura dos espaços culturais. “Ainda que seja um grande avanço ter incluído de forma explícita o que se refere a patrimônio imaterial, que é o patrimônio que geramos constantemente, também pode ser importante pensar em ações que apoiem o desenvolvimento de infraestrutura onde os coletivos realizam suas atividades e ações”, comentou.
Peru
Efrain Aguero, do Ponto de Cultura Cinco Minutos Cinco (Lima, Peru), que se dedica ao cinema comunitário, reforçou as sugestões enviadas por correio, com algumas estratégias/ações que poderiam ser desenvolvidas, como o mapeamento de organizações culturais comunitárias que se encontrem impulsando processos de incidência em seus territórios, e a construção de protocolos de referência para as políticas culturais de base comunitária. Também destacou a necessidade de fortalecer a capacidade de acompanhamento dos REPPIs (representantes dos países ante o programa) dos processos de incidência das OCCs e de envolver também os governos locais, por meio de estratégias de sensibilização, de capacitação e promoção.
Outras intervenções
Esta quarta sessão de planejamento também contou com intervenções de duas representantes do Movimento Latino-americano de CVC, Pamela Otoya (Peru) e María Emilia de la Iglesia (Argentina), que pediram uma melhora nos canais de diálogo com os REPPIs e o apoio aos Congressos Latino-americanos de Cultura Viva Comunitária. Emmanuel Audelo, da Plataforma Puente Cultura Viva Comunitaria México, também pediu apoio às instâncias prévias à organização do Congresso Latino-americano de CVC de 2023 e ações para acompanhar o III Congresso Mesoamericano de CVC que está projetado para ser realizado em Cuba em 2022. Pelo Chile participou Lorena Berrios, representante da Mesa Regional de Organizações Culturais Comunitárias da Região do Maule e integrante da Coletiva Cultural Equidade e Gênero.
As próximas sessões da comissão especial de trabalho serão dedicadas à construção de indicadores e ao Plano Operativo Anual (POA 2021). Todos os aportes das sessões serão processados pela Unidade Técnica para serem enviados ao Conselho Intergovernamental (CI) para sua revisão. A reunião do CI em que se discutirá a aprovação do PET 2021-2023 e do POA 2021 será realizada nas primeiras semanas de abril.