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Blog

03

fev
2023

Em Notícias

Por IberCultura

Novos REPPIs participam de reunião para conhecer o funcionamento e os editais do programa

Em 03, fev 2023 | Em Notícias | Por IberCultura

A primeira reunião do ano de 2023 do IberCultura Viva foi realizada nesta quarta-feira, 1º de fevereiro, com novos/as representantes (REPPIs) e responsáveis ​​técnicos de países onde houve mudanças em algumas áreas de governo recentemente. Oito representantes dos governos do Brasil, Costa Rica, Equador e Peru participaram desta reunião por videoconferência com a Unidade Técnica.

A secretária técnica do IberCultura Viva, Flor Minici, abriu o encontro explicando que a intenção era explicar o funcionamento deste programa de cooperação intergovernamental, sua organização, os editais que vêm sendo lançados, além de tirar dúvidas para poder avançar nas tarefas previstas para 2023, quando completam 10 anos de criação do IberCultura Viva.

“Em 10 anos o contexto mundial mudou muito, e não em favor dos de baixo, mas em função do aprofundamento das desigualdades. (…) Embora em alguma fase do século XX tenha havido avanços que de fato possibilitaram a existência dos ministérios e secretarias de Cultura, das políticas que elevaram os direitos culturais e sociais em diferentes países latino-americanos, não poderíamos dizer que é uma narrativa universal. Na primeira metade do século XX, a expectativa de vida dobrou em alguns países, em outros caiu e em outros permaneceu inalterada, aprofundando as desigualdades em termos globais”, destacou Minici.

“Digo isso porque é um norte que nunca devemos perder de vista. Quando realizamos nossas políticas e tentamos juntos, em colaboração, apoiar políticas culturais de base comunitária, buscamos incidir na organização da comunidade, na produção de experiências democráticas que possam combater a desigualdade. As políticas culturais de base comunitária colaboram enormemente para a recomposição dos tecidos sociais, onde foram danificados e onde são permanentemente danificados por diferentes ataques e políticas injustas e desiguais”, acrescentou a secretária da Unidade Técnica.

Após mencionar os objetivos do IberCultura Viva, o foco nas organizações comunitárias e o espírito democrático que permeia o programa (“para construir a cidadania também é importante construir a democracia”, destacou), a secretária deu a palavra aos/às representantes dos países para comentar como estão se saindo em seus processos atuais.

Jorge Xavier Carrillo Grandes, diretor executivo do Instituto para a Promoção da Criatividade e da Inovação (IFCI), entidade ligada ao Ministério da Cultura e Patrimônio que desde o ano passado é a instituição REPPI do Equador, comentou sobre a oportunidade de trabalhar em conjunto com o programa e a rede equatoriana de Cultura Viva Comunitária. “Esta rede é bastante potente no sentido de propor e exigir da institucionalidade o que deve fazer para gerar e sustentar seus processos culturais, contribuir para isso e gerar políticas públicas”, afirmou o REPPI do Equador. Ele destacou, também, o entusiasmo de estar vinculado a este programa de cooperação que “para além do meramente artístico, se afirma e assenta em processos culturais”, podendo trabalhar com outras miradas e com objetivos de médio e longo prazo.

Também representando o Equador participaram Marcia Ushiña, diretora de Promoção de Artes Plásticas, Artes Visuais e Artesanato do IFCI e responsável técnica do país perante o IberCultura Viva, além de Ivannia Michelena e Adrián Chuquiguanga, que fazem parte de sua equipe no departamento e vão acompanhar as ações do programa.

Pelo Peru, estiveram presentes Caridad Pizarro, diretora de Artes do Ministério da Cultura e nova REPPI do país no Conselho Intergovernamental IberCultura Viva, e Iskra Gargurevich, coordenadora de Pontos de Cultura que responde como responsável técnica pelo país. As duas fizeram consultas sobre editais e questões técnicas da plataforma Mapa IberCultura Viva. (Florencia Neri, responsável pelos assuntos de gestão da Unidade Técnica, fez uma apresentação do Mapa no final da reunião).

Iara Zannon, coordenadora da Política Nacional de Cultura Viva que atuou como REPPI no Brasil nos últimos anos, citou a reestruturação do Ministério da Cultura (MinC), iniciada neste mês com a chegada do novo governo. O MinC havia sido extinto em 2018 e agora volta com uma nova estrutura e maior atenção às políticas culturais de base comunitária, inclusive com uma Diretoria de Cultura Viva na Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural.

Eduardo Reyes, que acompanha IberCultura Viva desde seus primeiros anos de implantação como responsável técnico da Costa Rica e coordenador dos Pontos de Cultura, participou em nome da nova REPPI do país, Anayensy Herrera Villalobos, diretora de Gestão Sociocultural do Ministério da Cultura e Juventude.

Em sua apresentação, Reyes explicou que a Política Nacional de Direitos Culturais, que foi gerida em 2014, é válida até este ano e, portanto, a equipe do ministério aguarda qual será a linha que a atual gestão traçará. Além disso, comentou como está organizada atualmente a Dirección de Gestión Sociocultural (a mudança de nome ocorreu em 2022, para fortalecer sua estrutura, missão e funções; antes era “Dirección de Cultura”).

A DGS está voltada para o apoio técnico ligado à gestão de processos comunitários, dividindo-se em duas grandes áreas de trabalho: uma delas é a de fundos e serviços para organizações socioculturais, formalmente constituídas ou não, e a outra é a linha que trabalha com manifestações ligadas ao patrimônio cultural imaterial. Este suporte é fornecido através de 9 escritórios distribuídos geograficamente nas 7 províncias e 2 áreas limítrofes do país: Zona Sul (na fronteira com o Panamá) e Zona Norte (com a Nicarágua).

Após as apresentações dos representantes dos países, Flor Minici falou sobre a estrutura do programa (Presidência, Conselho Intergovernamental, Comitê Executivo, Unidade Técnica), como funciona, as cotas que compõem o Fundo Multilateral e as diversas iniciativas que são desenvolvidas, como editais, capacitações, intercâmbios e linhas de articulação com governos locais, entre outras ações.

A secretária da Unidade Técnica aproveitou também esta “primeira sensibilização” para destacar as duas convocatórias que têm lançamento previsto para este mês de fevereiro: o Edital de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023 e a “Convocatória Cenzontle: uma janela para as línguas originárias da região”, que visa dar visibilidade e estimular aqueles projetos e iniciativas que divulguem e valorizem o uso e/ou preservação das línguas dos povos originários.

18

jan
2023

Em Notícias

Por IberCultura

Seminário Nacional de Políticas Culturais para Territórios Rurais: dois dias de debates e reflexões com transmissão ao vivo

Em 18, jan 2023 | Em Notícias | Por IberCultura

A Rede Nacional de Pontos de Cultura e Memória Rurais realizará nos dias 25 e 26 de janeiro o 1º Seminário Nacional de Políticas Culturais para Territórios Rurais. Organizado pelos Pontos de Cultura Quilombo do Sopapo, Ecomuseu Rural e Olho do Tempo, o evento foi um dos projetos brasileiros selecionados no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2022.

O seminário será transmitido pelo canal da rede no YouTube e contará com seis círculos da palavra com temas que envolvem os saberes e fazeres dos (e nos) territórios rurais que se relacionam com a Política Nacional Cultura Viva. Serão discutidos, por exemplo, a democracia e a organização associativa e em rede na defesa ao direito à cultura; a participação social nas definições das políticas sociais, do fomento à cultura e da sustentabilidade de equipamentos culturais e das trabalhadoras e trabalhadores da cultura através da economia solidária.

Também estarão em debate a importância de políticas públicas como as Leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc; a valorização das práticas ancestrais e das manifestações culturais que envolvem processos de memória, preservação de patrimônios materiais e imateriais, além da valorização da agricultura familiar, agroecológica, e dos usos e cultivos de plantas medicinais e seus biomas para promover a soberania, a segurança alimentar e o combate à fome, na busca pelo bem viver.

Será fornecido um certificado para os inscritos que tiverem presença em pelo menos quatro dos seis círculos da palavra. Em cada encontro será aberta uma lista digital para o registro dos presentes.

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Inscrições: https://forms.gle/79ogyvYs8SuYF3GD6
Transmissão: http://bit.ly/3iLuR5N

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PROGRAMAÇÃO

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PRIMEIRO DIA – 25 de janeiro de 2023, quarta-feira

Das 10h às 12hCírculo da palavra “Cultura de base comunitária, territórios rurais e integração latino-americana”

Participantes:

. Zulu Araújo, secretário de Cidadania e Diversidade Cultural/ Ministério da Cultura (MinC)

. Flor Minici, secretária técnica do IberCultura Viva – Argentina

. Leandro Anton – Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo – Porto Alegre (Rio Grande do Sul)

. Claudio Paolino, coordenador do Ecomuseu Rural – Bom Jardim (Rio de Janeiro)

. Gue Oliveira – Coordenação Nacional da Cultura do Movimento Sem Terra

. María Emilia de la Iglesia, articuladora da Rede Latino-americana de Cultura Rural e uma das fundadoras da cooperativa La Comunitaria -Argentina


Das 15h às 17hCírculo da palavra “Cultura viva: Participação social e leis Cultura Viva, Paulo Gustavo e Aldir Blanc”

Participantes:

. Roberta Martins, secretária dos Comitês de Cultura do Ministério da Cultura

. Leandro Anton, integrante do Comitê Gestor da Política Cultura Viva – Rio Grande do Sul

. Marcos Antonio Monte Rocha – Rede Cearense de Pontos de Cultura

. Damiana Campos – Coordenação do Instituto Rosa e Sertão/Minas Gerais

. Pedro Vasconcelos, diretor de Articulação e Governança do Ministério da Cultura (MinC)


Das 18h às 20hCírculo da palavra: “Economia solidária e reafirmação da identidade cultural através do artesanato e do turismo de base comunitária”

. Juca Ferreira, assessor da Presidência do BNDES, área da Economia Criativa

. Regilane Fernandes, analista de políticas sociais no governo federal/ Ministério do Desenvolvimento Social (MDS)

. Maria Aparecida Alcantara – Rede de Turismo Comunitário (Rede Tucum/Ceará)

. Angelim do Icó, coordenador da Aproarti (Ceará)

. Edirlaine Reis – Instituto Capiá – Ubatuba (São Paulo)

. Werter Valentim de Moraes, articulador da Rede Brasileira de Turismo Solidário e Comunitário (Turisol)


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SEGUNDO DIA – 26 de janeiro de 2023, quinta-feira
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Das 10h às 12hCírculo da palavra “Cultura e educação: Linguagens artísticas, leitura e cultura popular pelo Brasil profundo”

Participantes:

. Maria Marighella, presidenta da Fundação Nacional das Artes (Funarte)

. Catarina Ribeiro – Coletivo Confluência Roda de Prosa – Cantá (Roraima)

. Maria da Penha, coordenadora da Associação Olho do Tempo (Paraíba)

. Marjorie Botelho, coordenadora do Pontão de Cultura Rural – Ecomuseu Rural – Bom Jardim (Rio de Janeiro)

. Dani Mirini – Casa de Cultura e Artes da Floresta Vivartes (Acre)

. Maria Raimunda César – Coletivo de Cultura MST (Pará)


Das 15h às 17h – Círculo da palavra “Resistência pelo interior: Museologia comunitária preservando o patrimônio imaterial e material”

Participantes:

. Mirela Araújo. diretora do Museu da Abolição – Instituto Brasileiro de Museus (Ibram)

. Rosane Luchtenberg – Instituto Boi Mamão – Bombinhas (Santa Catarina)

. Maria de Fatima da Silveira Santos (Fatinha do Jongo), coordenadora do grupo Jongo do Pinheiral (Rio de Janeiro)

. Gilson Maximo – Associação Cultural Matakiterani – Lages (Santa Catarina)

. Afro Moura Negrão Jr – Memorial Carnauba/Acaap Associação Cultural dos Artesãos, Artistas e Produtores Rurais de Jaguaruana – Ceará

. Yara Mattos – Ecomuseu da Serra – Ouro Preto e Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários (Minas Gerais)


Das 18h às 20hCírculo da palavra “Cultura alimentar e agroecologia na defesa das medicinas dos biomas e do combate à fome”

Participantes: 

. Iracema Moura, coordenadora-geral do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (NEAD/MDA)

. Tayna Marajoara – Iacitata Cultura Alimentar Amazônica (Pará)

. Giordani Ottone – Centro Cultural Tapera Real (Minas Gerais)

. Cristiano de Jesus Braga – Quilombo da Fazenda – Ubatuba (São Paulo)

. Natália Almeida – Associação Nacional de Agroecologia e Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz (Rio de Janeiro)

. Victor Tinoco, pesquisador do Grupo de Estudos Urbanos e Rurais da PUC-Rio


(*) As místicas das aberturas dos círculos da palavra serão realizadas pelo Ponto de Cultura Quintal da Aldeia, de Goiás (Daraína Pregnolatto), pelo Cavalo Marinho Estrela da Paraíba (Nélio Bezerra Torres) e pelos Meninos de São João, do Tocantins (Dorivã Passarim do Jalapão).

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(**) Texto atualizado em 24/01/2023 após a divulgação das pessoas participantes dos círculos da palavra

03

jan
2023

Em Destaque
EDITAIS
Notícias

Por IberCultura

Conheça as 13 receitas selecionadas no concurso Sabores Migrantes Comunitários

Em 03, jan 2023 | Em Destaque, EDITAIS, Notícias | Por IberCultura

Os programas IberCultura Viva, Iber-rutas e Ibercocinas divulgaram no dia 27 de dezembro os resultados da edição 2022 do concurso Sabores Migrantes Comunitários. Esta chamada pública, realizada anualmente desde 2019, é uma iniciativa conjunta dos programas da Cooperação Ibero-Americana nas áreas de cultura, gastronomia e migração. Nesta edição, 13 receitas e práticas culinárias foram selecionadas para receber o reconhecimento como “Boa prática de cozinha migrante comunitária ibero-americana” e um prêmio de US$ 600.

A seguir apresentamos as receitas vencedoras, suas histórias e formas de preparo. Bom proveito.


1. Laura Gabriela Linares Colmenares

  • País de nascimento: Venezuela
  • País de residência: México

* Nome da receita: Turmada

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A receita apresentada por Laura vem de sua avó Maria Auxiliadora (e tias-avós e bisavós), lembrança que ela trazia da cozinha da casa materna sabanera. “Minha avó conta que quando a mãe e as irmãs faziam a turmada em Sabana Grande, cada ingrediente também era feito em casa; o leite, a manteiga, o queijo, assim como os ovos das galinhas que tinham no solar e as ervas do jardim.  Eram esses ingredientes caseiros que definiam o sabor autêntico da turmada familiar”, conta a candidata mexicana no texto “A turmada das irmãs Gaitán e as cozinhas invisíveis dos Andes venezuelanos”, enviado em seu formulário de inscrição.

“À medida que me aproximava cada vez mais da gastronomia sabanera, reconhecia que eram os seus sabores que me faziam sentir em casa, em paz, e que a sua cozinha despretensiosa, com procedimentos que respeitavam os tempos, o seu ambiente, o ecossistema, me proporcionou experiências à mesa que eu não encontraria fora de lá”, acrescenta.

O nome “turmada”, segundo ela, vem de turma, que significa “batata” na língua dos Timoto-cuicas, população indígena dos Andes venezuelanos. “A turmada é um prato simples que caracteriza a certeza dos processos de uma cozinha andina; cozedura lenta e aromática, com produtos locais e que também é rentável. Um prato de baixo custo que mantém os comensais aquecidos e fornece a quantidade necessária de carboidratos para enfrentar o trabalho de campo e as baixas temperaturas. Um prato que, como recorda María Auxiliadora, se comia no café da manhã, no almoço ou no jantar, e caía sempre bem”.

 Conheça a receita

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*Comunidade com a qual a prática será compartilhada: A receita será feita com um grupo de venezuelanos e mexicanos, e os pratos serão preparados no abrigo para refugiados em Tlalpan, na Cidade do México, para compartilhar com migrantes venezuelanos e de outras partes do mundo. A refeição está prevista para cerca de 60 pessoas que estariam naquele abrigo.


2. Aybi Loarte Esquivel

  • País de nascimento: Peru
  • País de residência: Argentina

* Nome da receita: La pachamanca 

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A pachamanca é um prato da gastronomia peruana que teve início na cultura Wari entre 500 e 1100 dC, como resultado de uma técnica culinária que ajudava a conservar e preparar os alimentos. Esta prática culinária é um ritual à Mãe Terra em agradecimento às divindades do mundo andino pelas boas colheitas da estação. A partir do século 13, os incas continuaram com o costume.

“Pacha” significa “Terra” e “manca” significa pote. Seu significado é tão importante para o país que em 2003 o prato foi declarado Patrimônio Cultural da Nação. Tradicionalmente, a pachamanca de barro era muito popular, costumava ser cozida por horas com pedras quentes. Com o passar do tempo, sua preparação foi evoluindo e hoje todos podem desfrutar deste prato andino em qualquer lugar do Peru, especialmente se estiverem em regiões montanhosas como Ayacucho, Junín, Huancavelica e Huánuco. A receita tem como ingredientes borrego, alpaca, lhama, guanaco, vaca, vários tipos de tubérculos e de ervas aromáticas.

Aybi Loarte Esquivel, que apresenta esta receita no concurso, é peruana, pertencente ao povo Quechua, e mora há 12 anos em Comodoro Rivadavia (Chubut), na Patagônia Argentina. Ela conta que o Dia Nacional da Pachamanca é comemorado todo primeiro domingo de fevereiro, com o objetivo de revalorizar a importância da gastronomia nacional, e que a pachamanca representa bem a união das diferentes regiões andinas do Peru. Além disso, o preparo do prato está relacionado a eventos importantes da vida da comunidade, como casamentos, batizados ou encontros entre amigos.

Conheça a receita

. Comunidade com a qual a prática será compartilhada: A ideia é fazer a receita para estreitar os laços comunitários dos migrantes peruanos com os vizinhos e vizinhas em um bairro popular da cidade de Comodoro Rivadavia. Cerca de 20 pessoas pertencentes ao grupo de migrantes, peruanos e moradores/as do bairro (que são migrantes internos) devem participar do encontro.


3. Viviana Ester Bieciuk (CECAP)

* País de nascimento: Argentina

* País de residência: Argentina

* Nome do coletivo: CECAP. Integrantes: Anastasio Francia (cozinheiro), Julia Francia (narradora), Ema Cuañeri (cantora), Carla Delgado (som), Alejandro Vallejo (direção), Viviana Ester Bieciuk (produção), Juan Fernández (câmara, edição e direção)

* Nome da receita: Sábalo asado

A comunidade do bairro Nam Qom, em Formosa (Argentina), descende dos Tobas. Desde os seus primórdios organizaram-se como famílias alargadas, com um sentido de comunidade que se limitava a esses grupos reduzidos, que tenderam sempre para uma grande autonomia, uma vez que nunca se reuniram em grandes tribos ou comunidades sob um cacicazgo unificado. Ancestralmente eram caracterizados como caçadores, nômades e coletores.

“Através de sua alimentação, observa-se a mais sincera expressão de respeito à natureza, pois sua alimentação sempre esteve sujeita ao que cada estação proporcionava. No outono, eles preferiam refeições feitas com peixe; no verão recorriam à caça de animais silvestres, como capivara, jacaré, tatu, ‘mañek’ (mais conhecido como ñandú), todos preparados de maneira semelhante: cavavam um poço, colocavam brasas, seguidas da carne, que cobriam com brasas”, comenta Viviana em sua inscrição em nome do coletivo CECAP.

Segundo o grupo, embora o peixe seja comido sem tempero – eles só usam sal –, seus ancestrais tinham o costume de cobri-lo com mel (após o cozimento na grelha). Complementava-se o prato com um bolo denominado “nabole” e uma bebida de alfarroba, que também fazia parte de cerimônias ou rituais, e era feita esmagando-se num pilão a vagem extraída da alfarrobeira. Outra forma de cozinhar, utilizada tanto para os peixes como para os animais selvagens, consistia na utilização de uma panela de três pés. Trata-se de um recipiente de ferro fundido, utilizado até hoje, para cozinhar alimentos por longos períodos de tempo, geralmente sopas ou ensopados.

“É notável como a criatividade em suas receitas não se manifesta tanto nos ingredientes, mas sim na forma como as preparam. A marca cultural se torna visível, expressando um fenômeno que está impresso na identidade cultural de sua comunidade. Estamos habituados a ouvir e a aceitar a linguagem como forma de nos distinguirmos, mas a cozinha abrange também povos e sujeitos. Ao dizer ‘nós comemos assim’, estamos estabelecendo um sentimento de pertencimento e identidade”, afirmam.

Saiba mais sobre a receita

*Comunidade com a qual a prática será compartilhada: A socialização do projeto terá lugar no centro municipal, que consideram ser um espaço relevante, o que dará visibilidade à cultura Qom e ao seu grau de vigência na atualidade. O espaço tem capacidade para mais de 200 pessoas.


4. Djanira Nascimento Abreu

* País de nascimento: Brasil

* País de residência: Argentina

* Nome da receta: Acarajé

Todas as vezes que Djanira Nascimento cozinha acarajé na Argentina, ela o faz por meio da arte. Foi por isso que em 2016 surgiu o Acarajé, um evento que une arte e gastronomia, no qual ela convida as pessoas do bairro para ajudá-la a fazer o acarajé enquanto ela conta sua história, compartilhando cantos e ensinando a receita. “Mais do que cozinhar um prato típico do meu país, pretendo gerar um espaço de aproximação entre o conhecido (o bairro, a cultura local, o autóctone) e o desconhecido (eu, o acarajé, a cultura afro-baiana, o estrangeiro ), buscando que o ato de cozinhá-lo seja a própria obra de arte. Quando nos reunimos para preparar algo que se está por conhecer, mediante sabores, aromas, histórias, cantos, saberes ancestrais, poemas, acontece uma espécie de encantamento”, comenta a brasileira.

Na cidade onde mora, San José del Rincón (Santa Fé), poucos conhecem essa comida típica baiana, herança da culinária africana. Djanira fez o prato pela primeira vez em sua casa no dia 4 de dezembro, dia de Santa Bárbara (para o catolicismo) e de Oyá (para as religiões afro-brasileiras). “Desconfio que o vento tenha vindo a mando de Oyá para ver como preparamos sua comida preferida. Parece-me que ele gostou, porque logo nos deu a chuva fresca para aliviar o calor”, diz. Em 2017, ela voltou a fazê-lo, desta vez junto ao ateliê de fotografia do Centro Cultural El Birri, com a mesa armada na rua para que qualquer pessoa pudesse chegar para comer.

Baiana, além da pessoa de sexo feminino nascida na Bahia, é como chamamos as vendedoras de acarajé (e de outras iguarias) que desde o período colonial brasileiro vendem nas ruas das cidades. (…) As primeiras baianas eram as adeptas do culto a Oyá, orixá da tempestade, do vento e dos raios. Elas sabiam o segredo do acarajé porque cozinhavam para oferecer a ela”, explica. Em 2005 o ofício da baiana foi incorporado ao Livro de Registro de Saberes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio cultural do Brasil.

Do período colonial até hoje, o acarajé é o sustento econômico de muitas famílias afrodescendentes brasileiras, principalmente baianas, e é a mulher, em sua maioria, quem administra os negócios da família. A venda do acarajé movimenta a comercialização dos insumos utilizados na massa e nos recheios: feijão, azeite de dendê, quiabo, amendoim, castanha de caju, pimenta, etc. Segundo Djanira, o óleo usado para fritar os bolinhos de acarajé é considerado sagrado. Representa o líquido que contém a força vital da natureza, por isso é de extrema importância para os rituais religiosos.

Conheça a receita

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*Comunidade com a qual a prática será compartilhada: A prática do acarajé será compartilhada no espaço Casita Corazón, criado por Laura Monje, artista que ensina, cozinha e vende comidas criadas por ela há 16 anos. Estima-se a presença de 20 pessoas no evento Acarajé. Algumas delas serão convidadas a interpretar (e comer) a obra através da escrita: frases, canções, histórias, poemas, o que lhes ocorrer.


5. Bernarda Paiz

* País de nascimento: El Salvador

* País de residência: Costa Rica

* Nome da receita: Pupusas salvadoreñas

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Na Costa Rica, o consumo de pupusas salvadorenhas é muito popular atualmente. Em feiras agropecuárias, restaurantes, app de alimentação,  festivais gastronômicos, culturais e afins, é comum ver como são preparados e vendidos. As pupusas são uma espécie de tortilha grossa de milho (ou arroz), recheada com diferentes ingredientes, como chicharrón (carne de porco frita), quesillo (queijo fresco sem soro de consistência mastigável), abóbora ou feijão, cebola, alho).

A principal diferença entre as pupusas feitas em El Salvador e as feitas na Costa Rica é a massa. Na Costa Rica, a massa é feita com farinha refinada encontrada no supermercado, e para dar a consistência do tradicional quesillo salvadorenho (mistura de queijos de consistência mastigável), usa-se queijo fresco (o que se costuma chamar de queijo Turrialba com mussarela). Além disso, em El Salvador, você come com as mãos; na Costa Rica, é comum usar garfo e faca. Quanto à salada, repolho, pimentão verde, cenoura, orégano, sal, vinagre, acompanhado de molho de tomate natural, tomate, cebola, alho e pimentão verde; cozido e batido e fervido novamente adicionando orégano a gosto.

“Tive a oportunidade de preparar pupusas aqui na Costa Rica em várias ocasiões, para eventos privados, para oficinas com mulheres costarriquenhas e migrantes, para um encontro de mulheres migrantes e indígenas em território costarriquenho, para pessoas que o solicitam e para compartilhar com vizinhos e amigos. Preparar pupusas me conecta com minha essência salvadorenha, com minhas raízes. Como mulher migrante, poder partilhar e preparar este prato tradicional enche-me de orgulho e saudade”, diz Bernarda em sua candidatura.

Segundo ela, esse prato é importante porque representa um meio de vida e subsistência tanto para quem o faz (mercado) quanto para quem o consome, pois é uma alimentação completa, simples e barata, podendo ser consumido em qualquer lugar e a qualquer hora do dia (café da manhã, lanche, almoço ou jantar). “É uma prática popular que vem passando de geração em geração e se reproduz de forma popular nas festividades dos povoados de El Salvador”, destaca.

⇒ Conheça a receita (vídeo)

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*Comunidade com a qual a prática será compartilhada: A atividade de retorno à comunidade será realizada com um grupo de 15 mulheres, jovens ativistas e gestores culturais. O espaço onde decorrerá a atividade será nas instalações do Ministério da Cultura e Juventude, no Centro Nacional de Cultura (CENAC). “É um lugar simbólico e importante para mim, porque o Ministério da Cultura e a Direção de Gestão Sociocultural têm nos apoiado, os migrantes do grupo Diamante Azul; temos colaborado em ações participativas, formações, passeios e oficinas”, explica Bernarda Paiz.

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6. Katy Zuelima Cabezas Tunja

* País de nascimento: Colombia

* País de residência: Ecuador

* Nome da receita: Encocao de chautiza

Na cidade de Esmeraldas (Equador), onde mora a colombiana Katy Zuelima, o encocado de chautiza é um dos pratos mais consumidos em tempos de abundância de peixes. Segundo ela, a cidade tem características semelhantes à sua região natal, a ilha de Tumaco (Colômbia), já que são países costeiros e produtos do mar, como a chautiza, e da terra têm relação com a comunidade afro. Em Esmeraldas, a chautiza é consumida de diversas formas, assada, suada, “encocada”, etc, e acompanhada de um pedaço de banana frita.

Ao falar desse prato, Katy relembra sua infância na Colômbia, onde a situação econômica de seus pais não era fácil e a pesca na temporada de chautiza era o prato preferido na mesa de muitas famílias colombianas do Pacífico como a dela. “Lembro-me claramente de esperar meu pai perto do cais, ver o balde em que trazia as chautizas e curiosamente analisar cada parte de seu minúsculo ser”, recorda.

“Quando chegava em casa, mamãe estava pronta para começar a preparar a comida. Com a ajuda de minhas irmãs mais velhas, a preparação era rápida e simples. Nessa altura, como eu era muito pequena, eu me dedicava a observar, embora por vezes ajudasse em pequenas tarefas, como raspar o coco ou espremer os limões para fazer o suco (limonada com açúcar mascavo, o acompanhamento perfeito para este prato)”, comenta. Cebola, pimentão, tomate, coco, alho, coentro, sal e pimenta a gosto são os ingredientes do encocado de chautiza.

 “Hoje com 26 anos, apesar de não estar no meu país, carrego essa receita comigo. Na época reprodutiva da chautiza, não perco a oportunidade de comprar, preparar e saborear com amigos e familiares. Alguns compatriotas também se identificam com este prato, por vezes juntamo-nos para preparar esta iguaria e reviver momentos de confraternização. É curioso como uma receita pode despertar um portal de experiências ligadas ao país de origem, atravessando fronteiras que interligam a tradição cultural das suas regiões”.

Conheça a receita

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*Comunidade com a qual a prática será compartilhada: Esta receita será ensinada na cidade de Esmeraldas, freguesia de Montalvo, com um grupo de aproximadamente 20 pessoas, entre familiares, amigos e compatriotas.


7. Widmar Edizon Muj Cumes

* País de nascimento: Guatemala

* País de residência: México

* Nome da receita: Paches. “Habitar o território com a língua”

Edizon Muj Cumes é um jovem Kaqchikel Maya de Iximulew (Guatemala) que migrou para o México em 2019 para fazer um mestrado na Cidade do México, que não conseguiu terminar no prazo. Como seu contrato de bolsa era de apenas dois anos, e nesse período houve greve e pandemia de Covid-19, ele passou quase um ano sem ajuda financeira e ainda estudando. “Depois de quase desistir, pensei em vender pamonhas e anunciá-las virtualmente. Foi assim que administrei minha permanência e consegui sustentar minha vida na CDMX, graças à venda de paches (“tamales de batata”, comida parecida com a pamonha), receita de minha avó Florencia Tohom, uma mulher maia de 65 anos”, escreveu Edizon em sua postulação.

Curioso desde pequeno, Edizon conta que adorava ir todos os sábados de manhã à cozinha da avó para ajudá-la a preparar os tamales. “Nunca me dei conta de quando aprendi, não houve uma receita ditada, mas sim uma prática constante de fazer esses tamales, por isso aprendi a conhecer os cheiros e as cores da grelha de legumes, as quantidades e proporções dos ingredientes e a cozedura. Dessa forma, herdei a receita da minha avó Florencia e sua prática de sustentar a vida graças à venda de tamales”, comenta. “Vale ressaltar que também existe uma grande população guatemalteca estudando e trabalhando no México, então isso me beneficiou, pois a maioria das pessoas para quem eu vendia não sabia cozinhar esta receita e sentia muita falta da comida do nosso território.”

A proposta que ele apresenta no concurso é um encontro chamado “Habitar o território com a língua”, em que guatemaltecos/as residentes na Cidade do México se reuniriam para cozinhar esses tamales. “Minha avó sempre me dizia: ‘Mijo, a comida te aproxima das pessoas’. Esse encontro pode nos ajudar de várias formas, a falar da nossa vida em outro território, como nos adaptamos a outros modos de vida, alimentação e a necessidade de cozinhar nossas receitas de família combinando ou substituindo alguns ingredientes por estar fora do nosso território”, explica .

Conheça a receita

 

*Comunidade com a qual a prática será compartilhada: A intenção é realizar a atividade no espaço da cooperativa El Porvenir de los Obreros, na Cidade do México, onde são recolhidos produtos cultivados por pequenos agricultores em diferentes povoados originários da CDMX, entre eles Xochimilco e Milpa Alta. A atividade será realizada com 25 guatemaltecos/as em situação migratória na Cidade do México.


8. Sor Angela Popo Mejia

* País de nascimento: Colômbia

* País de residência: Chile

* Nome da receita: Sopa de queso

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Na prática desta receita houve uma adaptação, pois alguns dos ingredientes essenciais não são encontrados no mercado local. Ela substituiu o inhame pela batata; o leite de coco por creme de leite e o “queijo costeño” por “queijo boliviano” (pela consistência e salinidade). Na Colômbia, local de origem da receita, a maioria das hortaliças utilizadas são cultivadas em hortas familiares; no Chile, lugar de acolhida, são encontradas em feiras ou em mercados locais, e o peixe que era trazido pelos pescadores hoje é fornecido em latas. Para o restante dos ingredientes existem fornecedores no mercado local, como é o caso da banana verde. Por outro lado, existem insumos comuns, que variam apenas os nomes, como cebolla/cebolla cabezona, cebollin/cebolla larga e palta/aguacate (abacate).

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* Comunidade com a qual a prática será compartilhada: Pretende-se realizar esta receita para uma degustação com os moradores do comitê “Flor de población” (La Pampa, Alto Hospicio, região de Tarapacá, Chile), cujos participantes são de diferentes nacionalidades, produzindo um intercâmbio de culturas e identidades entre bolivianos, peruanos, haitianos, venezuelanos e colombianos, entre outros. Esta amostra gastronómica será para cerca de 100 pessoas.


9. Edmariee Karolyn B. Valerio Medina

País de nascimento: Venezuela

* País de residência: Colômbia

* Nome do coletivo: Fundación Renaciendo Esperanzas (Integrantes: Edmariee Valerio, Paola Benavides, Carol Aros)

* Nome da receita: Hallacas

A hallaca venezuelana é um dos pratos mais importantes na mesa da família nos tempos de dezembro. Tem todo um simbolismo e, em sua execução, representa a união familiar. As hallacas são semelhantes aos tamales colombianos, também preparados na época do Natal, mas variam em alguns ingredientes como arroz de frango, cenoura, carne de porco, ervilhas, entre outros. “Os traços culturais da Colômbia e da Venezuela fazem com que sua gastronomia apresente várias semelhanças em alguns de seus pratos típicos”, afirma Edmariee em sua postulação feita em nome da Fundação Renaciendo Esperanzas.

Além das hallacas, Edmariee Valerio, Paola Benavides e Carol Aros pretendem realizar um workshop gastronômico na cidade de Cali, na Colômbia, com outras receitas similares venezuelanas e colombianas, como cachapas/arepa de chocho, tizana/salpicón e o pabellón criollo/ bandeja paisa.

A bandeja paisa é um dos pratos típicos da Colômbia, elaborado com alimentos como arroz, chouriço, ovos, carne moída, abacate, torresmo, feijão, fatias de maduro e arepa. É semelhante ao pabellón criollo, prato da gastronomia venezuelana composto por arroz branco, carne desfiada, feijão preto e fatias de maduro, e costuma ser acompanhado de queijo e abacate.

A arepa de choclo, originária do Valle del Cauca (Colômbia), é feita com massa de milho doce moída, leite, sal e açúcar, e geralmente é preparada envolta em uma casca. Esses mesmos ingredientes são usados ​​na cachapa, prato tradicional venezuelano. A tizana, popular na Venezuela, e o salpicón, tradicional da Colômbia, também são feitos com os mesmos ingredientes (uma mistura de diferentes frutas picadas no próprio suco ou em outro líquido) e servidos com a mesma apresentação.

 

⇒ Conheça a receita

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* Comunidade com a qual será compartilhada a prática: A intenção é compartilhar a prática com 15 pessoas, em um espaço de intercâmbio gastronômico com os colombianos. Espaço: Biblioteca Centro Cultural Comuna 1. Vista Hermosa, Cali, Colômbia


10. Genesis Gómez Maita

* País de nascimento: Venezuela

* País de residência: Peru

* Nome da receita: Hallacas

Génesis Gómez é venezuelana, tem 29 anos e mora no Peru há cinco anos. No formulário de inscrição, ela conta que primeiro viajou sozinha para o Peru, deixando o filho de 1 ano, em busca de uma vida melhor e de um trabalho; uma jornada difícil em que teve que passar por muitos lugares e meios de transporte. Depois de um ano, o marido e o filho chegaram ao Peru para morar com ela no bairro de San Juan de Miraflores, em Lima. “Conheci uma família de Ayacucho que tinha seus costumes e tradições e comecei a participar com eles, pois também podia compartilhar as tradições do meu país e do meu povo, e podíamos intercambiar nossas comidas”, conta ela, que passou a participar de pequenas feiras gastronômicas com esta família e também compartilhar suas músicas.

A receita que Génesis apresenta no concurso, as hallacas, ela aprendeu com a mãe e a avó, que desde pequenas as preparavam no final do ano e dividiam com os vizinhos de sua comunidade. “É um prato que preparamos também em família e na comunidade, onde todos podem participar e ajudar. Assim os jovens e as crianças aprendem este prato tradicional. Por isso também continuo preparando e agora compartilho com a comunidade onde moro e assim todos participam. Realizamos uma feira e preparamos comidas típicas para um encontro cultural sem fronteiras”, conta Génesis.

⇒ Conheça a receita

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* Comunidade com que a prática será compartilhada: A receita será compartilhada com cerca de 30 famílias de Laderas de Villa.


11. Julia Rosa Casas Chuquispuma

* País de nascimento: Peru

* País de residência: Brasil

* Nome da receita: Seco de Cabrito

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Nascida no Peru, Julia Rosa mora no Rio de Janeiro (Brasil), onde decidiu preparar o “seco a cabrito” durante a pandemia e teve que adaptar alguns ingredientes que não são encontrados na cidade para fazer uma boa releitura da receita. O resultado alegrou os corações abatidos nesse período e ela continuou com a receita nos almoços de família aos domingos ou feriados.

O “seco de cabrito” é uma receita de sua avó Benedicta, que acreditava que dividir um prato de cabrito em uma data importante, como o dia do nascimento de filhos, netos e parentes mais próximos, ajudaria aquela pessoa a viver muitos anos. Ela também o preparava quando seus parentes iam visitá-la, para que voltassem sãos e salvos para suas casas e em algumas festividades.

Em sua inscrição, Júlia conta que morou muitos anos com a avó Benedicta e sempre quis aprender sua língua materna: o quechua. “Certa vez, com a ajuda dela, aprendi a contar de 1 a 100 em quechua”, lembra. Sua avó cresceu em um pequeno lugar chamado San Juan de Luyo, no distrito de Chavín (província de Chincha, departamento de Ica), ao sul da capital peruana. “Chavín é conhecida por suas minas, arqueologia e por ser uma terra andina ótima para cultivo e criação de gado, aves, entre outros, onde se fala o quechua”, afirma.

Em San Juan de Luyo, Benedicta aprendeu a bordar, a fazer hilados com lã de ovelha e a cozinhar as deliciosas receitas de sua mãe, passadas de geração em geração. A receita do “seco de cabrito” foi ensinada pela avó à mãe, que por sua vez lhe transmitiu os segredos da cozinha familiar. “Minha mãe conta que quando a família vinha visitar a casa da minha avó, naquela época não tinha geladeira para guardar a carne, e como a família era grande, ela aproveitava para preparar um cabrito inteiro do seu gado para agradecê-los pela visita. Foi numa dessas ocasiões que ela compartilhou a receita com a minha mãe, que tempo depois passou para mim”, conta.

Em algumas fontes é dito que o “seco de cabrito” é de origem árabe e com a chegada dos espanhóis começou a ser feito no Peru e no Equador, mas em cada lugar o prato tem seu sabor peculiar e sua forma de apresentação e acompanhando-o. No norte do Peru, o “seco de cabrito” com feijão é muito popular, mas a receita que Júlia aprendeu com a ajuda da mãe só é servida com arroz.

Conheça a receita


* Comunidade com a qual a prática será compartilhada: O prato será compartilhado com cerca de 20 pessoas, incluindo estudantes peruanos/as da Escola de Engenharia Naval da Universidade Nacional de Engenharia (UNI, Peru) que estão no Brasil para fazer pós-graduação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


12. Ariana Mikaela Moyano Prieto

* País de nascimento: Colômbia

* País de residência: Argentina

* Nome do coletivo: Familia Prieto (Pedro Martín Moyano Prieto / Constanza Prieto/ Ariana Mikaela Moyano Prieto)

* Nome da receita: Arepas de anis

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A receita de arepas de anís faz parte da comunidade que acolhe a família Prieto na cidade de Alta Gracia (Córdoba, Argentina) como pretexto para reunir, celebrar e compartilhar diferentes aspectos de suas identidades culturais. “A comida como ‘ponte’ e elo de ligação entre pessoas, cosmogonias e práticas”, como aponta Ariana Prieto na sua candidatura. “Costumamos partilhar as arepas no bairro/família sem troca económica, mas também as vendemos no âmbito de uma economia autogerida que contempla todos os processos artesanais e onde a soberania alimentar e os ecofeminismos estão sempre presentes.”

Esta receita passa de geração em geração pelo lado materno, resistindo às mudanças nas estruturas familiares e à migração da Colômbia para a Argentina ocorrida em 2006. “Entre os poucos pertences que trouxemos na viagem terrestre com a família, o molino era quase obrigatório, pois é um utensílio essencial para o preparo das arepas. Do objeto, do milho, das tradições culturais que se encontram, a receita é e vive, se transforma e se adapta a cada lugar, nos une, nos ensina”, comenta Ariana.

Segundo ela, a comunidade onde a receita está inserida é muito rica culturalmente. “Aqui vivem pessoas de diferentes províncias e países; portanto, há naturalmente uma troca de saberes tanto na culinária quanto nos aspectos culturais, simbólicos e patrimoniais”, afirma.

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*Comunidade com a qual a prática será compartilhada: Anisacate. Degustação e preparação coletiva no Espaço Cultural Ritmos de la Tierra, com a participação de 20 a 30 pessoas.


13. Abraham Silva Monada

* País de nascimento: Venezuela

* País de residência: Perú

* Nome do coletivo: Tacarigua Casa Orgánica (com Cusy Mejia Paz)

* Nome da receita: El hervido venezolano – Una fiesta intercultural

O hervido venezuelano é uma espécie de festival intercultural, “o festival da colheita”, realizado no final de um ciclo de produção em uma horta comunitária, onde as pessoas se aquecem ao redor de um fogão, enchendo a panela, colhendo, conversando, contando casos e celebrando a criação de uma nova horta que ajudará a criar laços de solidariedade e segurança alimentar para o bairro.

“Preparar o hervido venezuelano em diferentes bairros de Lima significa celebrar a grande diversidade cultural culinária que nos une e fortalecer os laços de confiança e empatia entre peruanos e venezuelanos”, destaca Abraham Silva, venezuelano que mora em Lima (Peru) há quatro anos e há três anos ajudou a criar a Casa Orgânica Tacarigua, um projeto que propõe a produção de alimentos saudáveis, o resgate do conhecimento e a vida comunitária por meio da criação de hortas urbanas comunitárias em Villa El Salvador.

As sopas ocupam um lugar importante na gastronomia do Peru e da Venezuela, e o hervido venezuelano é uma sopa cheia de misticismo, interculturalidade, histórias, culturas e amor pela culinária. “O caldo feito no fogão é a melhor herança que me deixou minha avó Elena, que morava nos Andes venezuelanos (San Cristóbal, estado de Táchira)”, comenta Abraham. “Minha avó sempre dizia que uma boa fervura é feita na lenha, como faziam nossos ancestrais indígenas. Tinha toda a razão, porque é um convite à camaradagem e à amizade, em que os participantes ajudam cortando os legumes, acendendo a lenha e o fogão para fazer a sopa, ou acompanhando-nos, partilhando, rindo, enquanto essa tarefa é realizada. Um leve sabor defumado é o segredo para o sabor e cor nesta sopa.

Segundo ele, este prato é a expressão máxima da partilha venezuelana. Nas diversas regiões do país existe uma caldeirada que identifica a zona; sua elaboração depende dos costumes, temperos e ingredientes de cada região, que lhe conferem um sabor característico. Podem ser preparados à base de carne, frango, frango, peixe ou apenas vegetais, ou podem ainda ser feitos ‘cruzados’ com dois ou mais destes ingredientes principais. “Em nosso país, esta sopa faz parte de nossa herança mestiça, um exemplo de nossa cor, representa a fusão perfeita da cultura indígena americana, espanhola e afro na culinária venezuelana”, afirma. “Acredita-se que um hervido pode levantar o ânimo dos mais deprimidos, aliviar as tristezas, confortar uma pessoa doente. É sinônimo de união familiar e partilha.”

* Comunidade com que a prática será compartilhada: Horta comunitária Ayllu 21, no primeiro setor de Villa El Salvador, Lima (Peru), com a participação de 40 mulheres da terceira idade.


27

dez
2022

Em Destaque
EDITAIS
Notícias

Por IberCultura

13 práticas culinárias foram selecionadas no concurso Sabores Migrantes Comunitários 2022

Em 27, dez 2022 | Em Destaque, EDITAIS, Notícias | Por IberCultura

Os programas de cooperação IberCultura Viva, Iber-Rutas e Ibercocinas anunciaram nesta terça-feira, 27 de dezembro, a lista de receitas e práticas culinárias ganhadoras da quarta edição do concurso Sabores Migrantes Comunitários. As 13 propostas selecionadas receberão um prêmio de 600 dólares e um reconhecimento como ‘Boa prática de cozinha migrante comunitária ibero-americana’.

A convocatória estava destinada a pessoas maiores de 18 anos de origem ibero-americana* que vivem em outro país que não o seu país de origem. Elas deveriam enviar, a título pessoal ou em nome de iniciativas comunitárias, uma proposta de prática culinária que contasse uma receita de sua comunidade de procedência, a história por trás dela, e a forma com que esta receita se insere na comunidade de acolhida, dentro de uma experiência migratória. 

As inscrições estiveram abertas na plataforma Mapa IberCultura Viva entre 26 de setembro e 11 de novembro, período em que foram enviadas 44 postulações. Desse total, 41 foram consideradas habilitadas e passaram à segunda etapa do processo de avaliação.  

A seleção seguiu os critérios estabelecidos no regulamento, como a representatividade da preparação para a comunidade de origem; a experiência de inserção na comunidade de acolhimento; a geração de conhecimentos e práticas tradicionais e criativas promovidos por cozinheiros e cozinheiras migrantes; o impacto direto na segurança alimentar, e as estratégias de disseminação do conhecimento culinário e/ou a construção de um legado culinário às novas gerações com a consciência de sua cultura diversa. Também se buscou privilegiar a diversidade cultural das propostas, por meio da seleção de projetos provenientes de diferentes países.

Apresentações feitas por mulheres, jovens entre 18 e 29 anos, bem como indígenas ou afrodescendentes, receberam um ponto a mais na avaliação. Dois pontos extras estavam previstos para as pessoas postulantes que pertencessem a uma comunidade que se encontrasse em movimento, ou transitando pelo processo de migração em um refúgio. A seleção incluiu pessoas que apresentaram receitas de pessoas migrantes de sua família com até segundo grau de parentesco (pai/mãe, avô/avó). 

Nesta edição, todas as pessoas que tiveram suas práticas culinárias selecionadas deverão compartilhá-las em uma atividade com a comunidade atual. Esta experiência pode ser realizada em um âmbito familiar ou entre vizinhos, em uma organização cultural comunitária, em uma instituição educativa, uma associação civil ou similares. Um depoimento sobre esta atividade deverá ser enviado aos programas organizadores.  

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Edições anteriores

Esta foi a quarta convocatória conjunta apresentada pelos programas IberCultura Viva, Iber-Rutas e Ibercocinas. A primeira foi “Sabor à Iberoamérica”, lançada em abril de 2019. Dez histórias de receitas culinárias tradicionais de comunidades migrantes na região ibero-americana receberam US$ 500 cada. Além dos 10 vencedores, quatro menções honrosas (sem prêmios em dinheiro) foram concedidas a inscrições que não atenderam aos requisitos do prêmio por não serem migrantes, mas que apresentaram as histórias de migração de seus ancestrais nas receitas. 

Em julho de 2020, foi aberta a segunda edição do concurso, agora com o nome “Sabores migrantes comunitários”, com o objetivo de premiar vídeos que expressassem práticas culinárias de cozinheiros e cozinheiras migrantes com impacto nas suas comunidades. Interessada especialmente destacar como cozinheiros e cozinheiras migrantes estavam ajudando a encontrar soluções comunitárias para a crise derivada da pandemia Covid-19 por meio de suas receitas. As 14 propostas selecionadas receberam um reconhecimento como “Boa prática de cozinha migrante comunitária ibero-americana” e um apoio de US$ 500 cada.

Em setembro de 2021 foi lançada a terceira edição, que – diferentemente das duas anteriores – permitiu a participação de pessoas nascidas em países ibero-americanos residentes em qualquer país do mundo, e pessoas que apresentassem práticas culinárias e receitas de pessoas migrantes de sua família, como pais e avós. As 16 iniciativas selecionadas receberam 500 dólares cada.

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Confira a lista de propostas ganhadoras

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21

dez
2022

Em Notícias

Por IberCultura

GT de Sistematização se reúne para comentar o que foi feito em 2022 e as projeções para 2023

Em 21, dez 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

Nesta segunda-feira, 19 de dezembro, foi realizada a última reunião do ano do Grupo de Trabalho de Sistematização e Difusão de Práticas e Metodologias de Políticas Culturais de Base Comunitária (GT Sistematização). Quinze pessoas participaram deste encontro por videoconferência, comentando o que foi feito no âmbito do GT durante o ano de 2022, bem como algumas pendências e projeções para 2023.

A secretária técnica do IberCultura Viva, Flor Minici, abriu o encontro explicando que a ideia era falar de impressões, comentar como foi o ano, o trabalho em comum, incluindo as experiências vividas pelo GT no 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. “É uma escuta para saber como podemos melhorar, ver qual seria a próxima etapa e como podemos nos apoiar para ter mais força”, ressaltou.

Em seguida, o argentino Marcelo Vitarelli falou da alegria de reencontrar esse grupo de voluntários que abraçam a cultura comunitária e de como a elaboração do relatório anual do GT ajudou a ordenar tudo o que fizeram, reforçar as conquistas, ver o que falta, mostrar que eles têm em mãos uma produção e uma identidade. “Nos encontrar é sempre um grato momento porque nos ajuda a seguir construindo uma identidade”, afirmou Vitarelli, que é professor, pesquisador e extensionista social da Universidade Nacional de San Luís e da Universidade Nacional de Villa Mercedes.

Segundo ele, o relatório entregue à Unidade Técnica mostra que há um caminho percorrido, há construções realizadas, “talvez não como pensávamos originalmente, mas são as reais”, e que muitos querem que isso continue, que se fortaleça. “O IberCultura Viva permitiu que nós, latino-americanos, nos juntássemos em rede, e isso não tem preço. Fazer redes a partir da universidade é complexo, sustentá-las é mais ainda, e poder trocar experiências realmente é algo que valorizo ​​muito e agradeço. São muitas as perguntas que continuamos a fazer, e seguramente se continuarmos a caminhar continuaremos a fazê-las, mas isso é sinal de que estamos trabalhando, que estamos vivos, que queremos fazer e que também estamos aprendendo a conhecer.”

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Na sequência, Clarisa Fernandez (Argentina), Elena Román (México), Giselle Dupin (Brasil), Inés Lasida (Uruguai), Rocío Orozco e Bárbara Vega (México) fizeram suas considerações sobre algumas dificuldades encontradas, como abordar algumas estratégias para o trabalho conjunto em dois idiomas, a necessidade de fortalecer o grupo e a participação dos integrantes para garantir a continuidade do GT. Também comentaram sobre os avanços e o interesse em seguir, por exemplo, com o ciclo de seminários iniciado em 2022, dando continuidade à ideia de que sejam autoconvocados e autogeridos por pessoas com expertise.

O relatório que o grupo entregou à Unidade Técnica na sexta-feira, 16 de dezembro, além de informar sobre o que foi feito ao longo do ano, reuniu algumas propostas para realizar em 2023. Numa seção de objetivos, foram detalhadas as atividades pendentes e que serão retomadas no próximo ano (seminários, repositório), bem como a concepção e ativação da Rede de Universidades ligadas à Cultura Viva da Comunidade.

O GT de Sistematização foi formado no ano passado, a partir de uma convocatória do IberCultura Viva, por meio da qual foram selecionados 59 pesquisadores/as de 10 países, dedicados a trabalhar questões relacionadas às políticas culturais de base comunitária. O grupo reuniu-se pela primeira vez em 30 de setembro de 2021, e a partir daí realizou oito reuniões com a Unidade Técnica para decidir coletivamente os trabalhos a desenvolver. Outras reuniões internas do GT foram realizadas para organizar as atividades propostas.

Dessas reuniões surgiu a necessidade de promover uma série de seminários que permitissem colocar na mesa a diversidade de pontos de vista sobre conceitos-chave, de forma a ter uma palavra geral para delinear eixos, estratégias e projetos. Os seminários realizados durante o ano de 2022 foram os seguintes: “Culturas e diversidades comunitárias” (14 de maio), “Políticas públicas de base comunitaria”(18 de junho), “Gestão cultural comunitária” (13 de agosto) e “Património cultural, memórias e museus comunitários” (15 de outubro). As apresentações desses quatro seminários já realizados serão reunidas num livro em formato digital, que se encontra em elaboração.

Outra proposta do GT levada adiante este ano foi a participação do grupo no 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado no Peru de 8 a 15 de outubro. Seis integrantes do GT viajaram para Lima e Huancayo com o apoio do IberCultura Viva: Nicolás Lozano, Valeria Graziano, Rocío Orozco, Daniel Zas, Francisca Jara e Inés Lasida. Como resultado do trabalho realizado no Peru, o GT conta hoje com 19 entrevistas em vídeo, 6 mini entrevistas em áudio, registros escritos de discussões em rodas de palavra e assembléias, além de pesquisas em papel e online.

O apoio do programa à participação no 5º Congresso teve como objetivo a construção colaborativa de espaços de encontro e troca de conhecimentos e experiências entre o Movimento Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, gestores culturais, membros da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos e o GT de Sistematização, de forma a partilhar as diferentes visões, identificar pontos de convergência, identificar boas práticas e construir e projetar estratégias e linhas de ação comuns de governança participativa e de base comunitária.

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20

dez
2022

Em Notícias

Por IberCultura

No Chile, 46 agentes de organizações comunitárias de Los Ríos receberam diploma em gestão cultural

Em 20, dez 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

Quarenta e seis representantes de organizações comunitárias da região de Los Ríos, no Chile, receberam os certificados que os credenciam como diplomados em Gestão Cultural para Organizações Culturais Comunitárias. O plano de estudos foi ministrado de maneira virtual pela Universidade de Los Lagos (ULA) em aliança com a Secretaria Ministerial Regional (Seremi) das Culturas, das Artes e do Patrimônio e seu programa Red Cultura, em duas edições, nos anos de 2020 e 2021.

“Este programa acadêmico nasceu da aliança entre a Universidade de Los Lagos e a Seremi, para responder às próprias organizações, que solicitavam acesso a instâncias de capacitação que permitissem aprimorar os conhecimentos que vêm desenvolvendo há anos com a prática em âmbito comunitário em seus territórios”, destacou a secretária ministerial regional (seremi) de Culturas de Los Ríos, Antonia Torres.

O programa acadêmico gratuito beneficiou 46 representantes de organizações comunitárias da região de Los Ríos, 28 deles na edição de 2020 e 18 em 2021. O plano de estudos visava entregar conhecimento, exercitar e desenvolver habilidades e competências necessárias para o exercício profissional da gestão cultural. Entre os conteúdos estavam o  desenvolvimento de projetos, patrimônio, mídias digitais e legislação cultural.

Em 2020, o plano de estudos chegou a 300 horas, divididas em nove módulos de trabalho online. A versão 2021 teve 144 horas divididas em 24 horas de aulas (síncronas) e 120 horas (assíncronas).

“Os anos de pandemia e confinamento nos obrigaram a nos adaptar à utilização das novas tecnologias de comunicação e educação à distância, e ao mesmo tempo permitiram a mais gestores o acesso a um programa de qualidade, ditado pelos melhores profissionais de cada área de especialização”, disse o vice-diretor de Arte, Cultura e Patrimônio da casa de estudos, Sergio Trabucco.

A equipe acadêmica foi composta por Fabián Retamal, Catalina Pavez, Catalina Matthei, Bárbara Negrón, Andrea Hoare e Claudio Ulloa, entre outros, e o processo de virtualização de conteúdo contou com o apoio da equipe de Educação Continuada da ULA.

“A concretização do diploma nasce dos territórios como uma necessidade imperiosa, que aponta para o que fazemos com as nossas organizações dentro deles. Essa formação veio para nos profissionalizar, nos fornecer ferramentas, levantar as necessidades dos territórios e talvez nos deixar uma visão de futuro que nos permita influenciar a política cultural”, disse Liliana Salinas, presidente da Comunidade Indígena Cun-Cun do Rio Bueno, formada no ano de 2020.

Antes da cerimônia, os formandos e formandas receberam uma master class das convidadas Clara Mónica Zapata, da Colômbia, e Susana Salerno, da Argentina.

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(Fonte: Ministerio de las Culturas, las Artes y el Patrimonio)

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19

dez
2022

Em Notícias

Por IberCultura

Rede de Cidades e Governos Locais se reúne para compartilhar impressões e receber novos membros

Em 19, dez 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

A Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais realizou sua última reunião de 2022 nesta segunda-feira, 19 de dezembro. Representantes de municípios de 5 países (Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica e Peru) participaram da reunião por videoconferência.

A intenção desta reunião foi, além de uma saudação de fim de ano, dar as boas-vindas aos novos governos locais que recentemente aderiram à rede: a Municipalidade de Lima (Peru), a província de Santiago del Estero (Argentina) e nove comunas do Chile (Concepción, Lonquimay, Quilaco, Valparaíso, San Felipe, Puqueldón, Hualaihué, La Unión e Puerto Saavedra).

“A ideia é compartilhar impressões, ouvir e iniciar o processo de integração desses novos representantes dos governos locais na rede para 2023, que esperamos seja um ano de muito trabalho coletivo”, disse Flor Minici, secretária da Unidade Técnica de IberCultura Viva, na abertura do encontro.

Minici também contou aos participantes algumas novidades, como a aprovação do Plano Operacional Anual (POA 2023) na última reunião do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva, realizada virtualmente no dia 30 de novembro.

“No POA aprovamos um aumento do orçamento da rede, com base na execução orçamentária bem-sucedida que a rede teve em 2022, o que implica felicitações pelo trabalho que realizaram, um trabalho que não só tem a ver com números, mas que fala do fato de que está vivo, dinâmico e ainda tem muito a dar”, afirmou. “Apesar da rede ter pouco tempo, ela é muito promissora e por isso foi decidido continuar expandindo-a, fortalecendo-a.”

Uma reunião de integração, para explicar como a rede está organizada, deve ser realizada com os novos membros no início do ano.

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16

dez
2022

Em Destaque
EDITAIS
Notícias

Por IberCultura

IberCultura Viva concederá 96 bolsas para o Curso de Políticas Culturais de Base Comunitária em 2023

Em 16, dez 2022 | Em Destaque, EDITAIS, Notícias | Por IberCultura

O programa IberCultura Viva abre nesta sexta-feira, 16 de dezembro, o edital de bolsas para a turma de 2023 do Curso de Pós-graduação Internacional em Políticas Culturais de Base Comunitária, que se realizará no campus virtual da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO-Argentina) de abril a dezembro de 2023. As pessoas interessadas em postular a uma bolsa deste curso poderão fazer suas inscrições até o dia 15 de fevereiro. O formulário de inscrição já está disponível na plataforma Mapa IberCultura Viva.

As 96 bolsas que estão previstas neste edital serão repartidas equitativamente entre os 12 países integrantes do programa IberCultura Viva: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Espanha, México, Paraguai, Peru e Uruguai. 

As pessoas candidatas devem trabalhar com políticas culturais, podendo ser funcionários/as em órgãos públicos de Cultura, ser membros de organizações culturais de base comunitária ou de povos originários ou se dedicar à gestão cultural nos países integrantes do IberCultura Viva. 

Experiência na incidência, elaboração e execução de políticas culturais públicas e/ou em gestão cultural comunitária estão entre os critérios que serão levados em conta na seleção das pessoas candidatas. Também será valorizada a formação certificada em gestão cultural e em disciplinas afins, como artes, ciências sociais, humanas e económicas. Pelo menos 50% das pessoas selecionadas devem ser mulheres.

Lançado em 2018, este curso de pós-graduação internacional foi construído em conjunto por IberCultura Viva e FLACSO Argentina com o objetivo de fortalecer a formação e a pesquisa das políticas culturais de base comunitária e o conceito de “cultura viva” como política pública. Em suas quatro primeiras edições, entre 2018 e 2021, o curso contou com 504 estudantes. Este ano, foram matriculados na quinta turma 147 estudantes (desse total, 96 pessoas de 12 países foram selecionadas no Edital de Bolsas 2022). Aquelas que receberam bolsas nas convocatórias anteriores do IberCultura Viva não serão habilitadas a participar da edição 2023.

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Proposta acadêmica

Os conteúdos estão distribuídos em seis módulos e 26 aulas, em suporte escrito e audiovisual assincrônico, nas quais são trabalhadas noções sobre processos culturais contemporâneos, propondo um marco teórico amplo sobre as distintas teorias da cultura e dos debates atuais em torno dela. A proposta acadêmica coordenada por Belén Igarzábal e Franco Rizzi busca a diversidade de miradas, com a participação de professores de vários países ibero-americanos. 

Também são abordadas noções de políticas culturais com ênfase nas questões de direito, cidadania e comunidade e debatidas as teorias existentes a respeito das políticas culturais de base comunitária, as novas formas de produção cultural e o uso de tecnologias a serviço da criação de redes. Além disso, o curso oferece ferramentas de gestão, planejamento, monitoramento e avaliação de políticas públicas culturais específicas para territórios e comunidades. 

As aulas são publicadas uma vez por semana – com uma semana de recesso no final de cada módulo – e se abre um fórum para cada aula publicada, gerando um espaço de debate e intercâmbio de ideias e experiências em torno dos temas tratados. Também se realizam encontros sincrônicos virtuais com professores/as convidados e com as tutoras do curso.

Para cumprir com os objetivos do curso, deve-se realizar um trabalho parcial escrito sobre os três primeiros módulos e um trabalho final integrador, que consiste em desenhar e planejar um projeto cultural comunitário ou uma política cultural pública de base comunitária. Os trabalhos podem ser entregues em espanhol ou português. As aulas são ministradas em espanhol, exceto as que estão a cargo de professores brasileiros, que são dadas em português e têm tradução para o espanhol. 

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 Confira o regulamento do edital

Inscrições: https://mapa.iberculturaviva.org/oportunidade/230/

Consultas: programa@iberculturaviva.org

Como se cadastrar no Mapa IberCultura Viva: http://iberculturaviva.org/manual/

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Saiba mais sobre o curso

http://flacso.org.ar/formacion-academica/posgrado-internacional-en-politicas-culturales-de-base-comunitaria/

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(*Atenção: para concorrer a uma das vagas, é necessário se inscrever através da plataforma Mapa IberCultura Viva. As pessoas que não forem selecionadas no edital e/ou aquelas que não são provenientes dos países integrantes do programa IberCultura Viva podem se inscrever pagando a matrícula do curso diretamente a FLACSO Argentina.)

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07

dez
2022

Em Notícias

Por IberCultura

Memória Institucional: 10 anos de Pontos de Cultura na Argentina

Em 07, dez 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

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Como parte do Encontro Nacional de Pontos de Cultura 2022, realizado nos dias 11 e 12 de novembro no Centro Cultural Kirchner, na cidade de Buenos Aires, foi apresentada a Memória Institucional do Programa de Pontos de Cultura no período 2011-2021. O documento foi elaborado pela Direção de Planejamento e Acompanhamento de Gestão do Ministério de Cultura da Argentina.

O relatório deixa claro o sentido transformador dos Pontos de Cultura como uma política que surge da necessidade de ampliar noções de cultura, e que incorpora as organizações sociais como protagonistas. “Não há democratização da cultura se as expressões da cultura popular e comunitária não forem efetivamente incluídas”, diz o documento, que, por sua vez, enfatiza a relação do programa com o perfil institucional e os objetivos estratégicos do Ministério da Cultura.

A publicação traz dados que demonstram o impacto que o programa Pontos de Cultura teve em seus 10 anos de história nas mais de 1.800 organizações comunitárias e comunidades indígenas beneficiadas. Mostra, por exemplo, o fortalecimento de organizações e comunidades indígenas com longa trajetória (mais de 1.000 organizações têm pelo menos 5 anos e 548 existem há mais de 10 anos).

Dos mais de 600 espaços culturais apoiados em todo o país, 37% estão localizados em bairros populares e 62% realizam ações relacionadas à prevenção da violência de gênero em seu entorno. O documento reconhece, ainda, o papel das organizações enquanto articuladoras comunitárias e promotoras do apoio social na emergência sanitária vinculada à Covid-19, através do reforço extraordinário concedido em 2021 a mais de 830 organizações. 

Outro aspecto relevante é que recupera o contexto do surgimento do programa Pontos de Cultura na Argentina, a partir dos debates e medidas nacionais da época (Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual, recuperação de fundos da AFJP, implementação da Cessão Universal por Criança, Lei do Casamento Igual). 

Além disso, faz alusão à emblemática experiência do Brasil, que em 2004 implantou o Programa Nacional de Cultura, Educação e Cidadania Cultura Viva. Por fim, complementa esse histórico com marcos regulatórios internacionais como a Declaração Universal sobre Diversidade Cultural (UNESCO, 2001) e a Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais (UNESCO, 2005).

Este trabalho é resultado de informações fornecidas pelas organizações ao Registro Federal de Cultura e pesquisas do Sistema de Informação Cultural da Argentina (SInCA), ambos dependentes da Direção de Planejamento e Monitoramento de Gestão. Alimenta-se também de uma primeira etapa de avaliação que está sendo realizada em coordenação com a Subsecretaria de Fortalecimento Institucional do Gabinete de Ministros. 

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Confira o documento:

Relatório Institucional do Pontos de Cultura 2011-2021

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(Fonte: Ministerio de Cultura de la Nación)

07

dez
2022

Em Notícias

Por IberCultura

226 projetos foram selecionados na segunda chamada da 8ª Convocatória de Pontos de Cultura na Argentina

Em 07, dez 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

O Ministério de Cultura da Argentina anunciou esta semana os 226 projetos selecionados na segunda chamada da 8ª Convocatória Nacional de Pontos de Cultura. Desse total, 37 correspondem a entidades que já integram a Rede Nacional de Pontos de Cultura (duas delas foram elaboradas de forma colaborativa entre dois ou mais Pontos de Cultura) e 190 são novos pontos, entre os quais, 73 organizações com personalidade jurídica, 114 sem personalidade jurídica e três de comunidades indígenas.

Participaram desta chamada organizações de base territorial com ou sem personalidade jurídica e comunidades indígenas de todo o país que atuam na promoção da solidariedade, inclusão social, identidades locais, participação popular e desenvolvimento regional. Associações civis, cooperativas, fundações, centros comunitários e culturais, bibliotecas populares, mídia comunitária, clubes de bairro, grupos de teatro comunitário e artistas, organizações de expressão da diversidade, murgas e comparsas também se inscreveram.

Os projetos apresentados respondem a 12 linhas de trabalho: Comunicação comunitária; Economia social e cooperativas; diversidade sexual e de gênero; Igualdade de gênero; Crianças e adolescentes; Jovens; Projetos educativos, desportivos e de promoção da leitura; Coletivos artísticos comunitários; projetos artísticos; Direitos Culturais, identidade e memória; Soberania alimentar e ambiental; Cultura de atenção e promoção da saúde.

A avaliação foi realizada por um júri especializado formado por integrantes da Rede Nacional de Pontos de Cultura, do Conselho Federal de Cultura e do Ministério da Cultura da Nação. A avaliação levou em consideração o trabalho territorial e comunitário das organizações, a distribuição federal de recursos e a qualidade e área de desenvolvimento das propostas.

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Duas etapas

A Convocatória Nacional de Pontos de Cultura de 2022 foi dividida em duas instâncias. Na primeira chamada, 725 projetos foram inscritos e 210 selecionados. Na segunda, 804 organizações apresentaram projetos e 226 foram selecionadas. As organizações comunitárias da 8ª Convocatória receberão um total de 150 milhões de pesos argentinos para realizar suas iniciativas e, assim, dar visibilidade e promover a cultura comunitária em seus territórios.

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Confira a lista de projetos selecionados na segunda chamada do edital

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