Blog - Página 28 de 94 - IberCultura Viva
Entrelaçando experiências: cursos de animação sociocultural marcam intercâmbio entre coletivos do Uruguai e do México
Em 06, abr 2022 | Em Notícias | Por IberCultura
Na edição 2019 de IberEntrelaçando Experiências, convocatória de intercâmbios lançada por IberCultura Viva, o coletivo Tierra Negra (Uruguai) pediu para receber em seu território a coletiva CulturAula (México). O encontro estava programado para abril de 2020; no entanto, pelas medidas sanitárias diante do contexto de pandemia, só se concretizou este ano, de 21 a 26 de março, com atividades em Montevidéu e Fray Bentos.
O intercâmbio consistiu na realização de duas oficinas de animação sociocultural ministradas por Rocío Orozco, gestora cultural comunitária e psicóloga social, junto com Victor Arcienega, pedagogo e formador de formadores em animação sociocultural. Ambos são membros de CulturAula, coletivo fundador da Rede Ibero-Americana de Animação Sociocultural “RIA-Nodo México”.
A organização e coordenação territorial ficou a cargo do Coletivo Tierra Negra, com apoio logístico do Programa Puntos de Cultura, por meio da equipe de Gestão Territorial da Diretoria Nacional de Cultura (DNC) do Ministério da Educação e Cultura (MEC) do Uruguai.
.
A primeira oficina foi realizada em Montevidéu em duas jornadas de quatro horas, nos dias 21 e 22 de março, no Espaço Espínola Gomez, anexo da DNC. A atividade contou com um grupo de 13 participantes, a maioria ligada a organizações sociais e culturais da região metropolitana e cadastradas no programa Puntos de Cultura, além de participantes do programa Urbano, que se baseia no trabalho sociocultural com pessoas em situações de rua em Montevidéu.
A segunda etapa do intercâmbio se deu de 23 a 26 de março na cidade de Fray Bentos, na sala “La Estrella”, no histórico bairro ANGLO, com carga total de 16 horas. O grupo foi composto por 21 participantes, oriundos de diversas áreas de caráter coletivo: agentes comunitários, educadores, estudantes universitários, representantes de organizações sociais e esportivas.
.
De acordo com os oficineiros, as instâncias foram recebidas e avaliadas de forma muito positiva pelos participantes. Em relação aos conteúdos, foram avaliadas as ferramentas compartilhadas e contextualizadas, reconhecendo-as como relevantes para as respectivas áreas de inserção a partir da análise dos princípios básicos da animação sociocultural, como horizontalidade, participação, inclusão, empoderamento e democracia, e ferramentas e dispositivos como arte, pedagogia, cultura e educação popular.
Da organização, a experiência foi avaliada como “um espaço agitador e provocativo de reflexão e análise de possibilidades, uma experiência de formação com outras comunidades que possibilitou produzir uma sinergia muito proveitosa”, após dois anos de pandemia, período em que as atividades de reunião e interconsulta coletiva eram muito escassas. Essas instâncias permitiram construir novas redes locais e regionais a partir de novos contatos e também revitalizar outras a partir do encontro e do pensamento conjunto sobre situações compartilhadas.
Os conteúdos compartilhados na programação foram baseados na análise da realidade local. Na proposta metodológica, ferramentas de diagnóstico e trabalho com grupos foram visualizadas e facilitadas, combinando a produção de dados concretos com a dimensão mais simbólica de pessoas e grupos, possibilitando a composição de mapas com a combinação de aspectos históricos, sociais, culturais e de natureza pessoal e coletiva.
12ª Reunião do Conselho Intergovernamental: a diversidade que nos une e nos enriquece
Em 30, mar 2022 | Em Notícias | Por IberCultura
Característica essencial da humanidade, a diversidade cultural é um dos principais motores do desenvolvimento sustentável de comunidades, povos e nações. Não por acaso, grande parte da agenda da 12ª Reunião do Conselho Intergovernamental do IberCultura Viva, realizada nos dias 24 e 25 de março no México, girou em torno da importância das ações de proteção e promoção da diversidade das expressões culturais.
“A diversidade cultural é a maior força de nossas nações. Muitas vezes foi motivo de racismo, classismo, exclusão, violência, discriminação, mas para nós representa a maior riqueza que temos como humanidade. Somos diversos, somos ricos, somos diferentes e temos uma sociedade muito mais complexa”, disse Alejandra Frausto Guerrero, secretária de Cultura do Governo do México, em mensagem transmitida no início da conferência, no Palácio da Cultura, em Tlaxcala.
Em sua vídeo-intervenção, Alejandra Frausto destacou que a cultura comunitária está transformando o cenário político da região (“Não há comunidade sem cultura, nem cultura sem comunidade”) e comentou alguns pontos que serão eixos para a Conferência Mundial da UNESCO sobre Políticas Culturais e Desenvolvimento Sustentável – Mondiacult 2022, que ocorrerá no México de 28 a 30 de setembro.
.
Além da diversidade como maior riqueza da humanidade, os eixos estratégicos para Mondiacult, propostos mediante fóruns regionais, têm a ver com a cultura da paz (a cultura como elemento de transformação social e unidade entre as sociedades); o reconhecimento e defesa dos direitos coletivos (nem uma língua a menos); a defesa das liberdades (criativa, expressão, trânsito), a fraternidade entre as nações para a valorização do patrimônio cultural como bem da humanidade e o combate ao tráfico ilícito de bens culturais.
.
Um tema recorrente
A celebração da diversidade cultural e a reafirmação de sua riqueza estiveram presentes em muitos momentos da 12ª Reunião do Conselho Intergovernamental no México, tanto nas intervenções dos participantes quanto nos temas das atividades programadas para os dois dias (uma oficina sobre línguas indígenas, outra sobre reconhecimento de experiências comunitárias de patrimônio cultural imaterial) e na conversa virtual com representantes de organizações culturais comunitárias (“Aportes da cultura comunitária para Mondiacult 2022”)
Na abertura do primeiro dia, por exemplo, a presidenta do Conselho Intergovernamental (CI), Esther Hernández Torres, diretora geral de Vinculação Cultural da Secretaria de Cultura do Governo do México, destacou “a diversidade e a riqueza” dos Semilleros Creativos de Tlaxcala que se apresentariam naquela tarde no Palácio da Cultura com uma leitura dramática, um coro comunitário e uma mostra de arte. Os Semilleros Creativos, uma das principais iniciativas do programa Cultura Comunitária, da Secretaria de Cultura, são concebidos como espaços de ensino e aprendizagem artística com crianças e jovens em contextos comunitários, com vistas à transformação social.
“O país tem cerca de 300 Semilleros Creativos. É uma das nossas apostas mais fortes, porque uma das populações mais abandonadas do México são as crianças e os jovens”, afirmou a presidenta do CI, que também destacou como essas iniciativas estão se aproximando das comunidades, “celebrando sua cultura, sua diversidade” e promovendo transformações nos territórios e nas trajetórias de meninos e meninas em todo o país.
.
O secretário de Cultura de Tlaxcala, Antonio Martínez Velázquez, uma das pessoas convidadas a participar do encontro, também comentou sobre a importante bagagem de culturas comunitárias que Tlaxcala tem, incluindo os grupos carnavalescos (segundo ele, “mais importantes que os partidos políticos locais”). O diretor geral do Instituto Nacional de Línguas Indígenas (INALI), o poeta mazateco Juan Gregorio Regino, por sua vez, celebrou o encontro, “a oportunidade de compartilhar ideias, projetos, sonhos e utopias” de uma região unida por um passado comum.
“A cultura comunitária é um caminho para tentar transformar esses processos coloniais que causaram tantos danos às culturas universais e, em particular, às culturas indígenas e às línguas indígenas. Quando falamos de cultura comunitária, falamos da possibilidade de poder gerar políticas a partir dos próprios autores, proprietários de bens e serviços culturais. No INALI, a ideia não é trabalhar para os indígenas, mas com os indígenas. Estamos empenhados em trabalhar essa transformação a partir de baixo, dos autores, vendo os artesãos e artistas como protagonistas de sua própria cultura, sua própria tradição, seus próprios projetos”, disse Regino.
.
Iniciativas dos países
É assim, de baixo para cima, dando força e reconhecimento institucional às organizações da sociedade civil que desenvolvem atividades culturais em suas comunidades, que a maioria dos países membros do IberCultura Viva trabalha em suas políticas culturais de base comunitária. Muitos deles se inspiraram na política de Cultura Viva do Brasil e criaram seus próprios programas de Pontos de Cultura, adaptando-se às suas características. Outros têm políticas semelhantes que não se chamam Pontos de Cultura, mas estão presentes neste programa porque apostam na cultura como elo fundamental para transformar realidades e também buscam reconhecer e promover as iniciativas culturais das comunidades nos locais onde elas ocorrem.
.
A seguir, apresentamos as intervenções dos REPPIs (representantes dos países ante ao programa) no primeiro dia da 12ª Reunião do Conselho Intergovernamental no México, onde informaram a situação de cada um dos países e identificaram as contribuições que poderiam realizar para o programa a partir de suas funções.
.
ARGENTINA – Diego Benhabib, coordenador dos Pontos Culturais da Argentina, comemorou o retorno dos encontros presenciais do IberCultura Viva e mencionou que a construção do consenso tem a ver com a dinâmica de trabalho que ocorre nessas reuniões. “Trabalhamos com absoluto respeito à palavra e às posições que o outro/a outra tem e sempre tentamos construir a melhor alternativa possível para o que estamos planejando em termos estratégicos para o programa”, afirmou, destacando que um programa com tantas arestas como o IberCultura Viva, com tamanha preponderância sobre o que devem ser as políticas culturais de base comunitária, tem funcionado como um guarda-chuva interessante para todos os que fazem parte deste conselho.
Da mesma forma, Benhabib lembrou que aquele foi um dia importante para a Argentina, o Dia Nacional da Memória pela Verdade e Justiça, e que o 46º aniversário do último golpe de Estado na Argentina reforça a necessidade de continuar construindo uma cultura diferente, solidária, longe dessa cultura de terror. “Na Argentina continuamos promovendo políticas culturais vinculadas ao protagonismo popular, à democratização do acesso a bens e serviços culturais, políticas vinculadas à diversidade sexual e de gênero e ações de reconhecimento das línguas nativas”, destacou. Na Argentina, o programa Puntos de Cultura está completando 10 anos.
CHILE – Marianela Riquelme Aguilar, chefe do Departamento de Cidadania Cultural do Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio do Chile, trouxe os cumprimentos da ministra Julieta Brodsky Hernández, que integra a equipe do recém-empossado presidente Gabriel Boric, e comentou que o país vive um período de esperança, em processo de elaboração de uma nova Constituição, produto de uma mobilização popular nacional, com foco nos direitos humanos e no reconhecimento territorial.
“O governo do presidente Boric chega também com a bela missão de ‘desenvolver programas inovadores de cultura comunitária, como os Pontos de Cultura, nos quais grupos artísticos, sítios de memória, comunidades, clubes esportivos, festivais artísticos e culturais, se articulam em busca de uma identidade comum’”, ressaltou.
Segundo ela, agora o Chile tem o desafio de criar um programa junto com as comunidades, reconhecendo seu valor e contribuição no fortalecimento das identidades locais, reconhecimento e respeito à diversidade cultural presente no território. “Nisso, os países que compõem esse programa ganharam muito terreno. Esperamos contar com a sinergia de todos nós, o que nos permitirá concluir com sucesso os desafios que nos propusemos como país, de mãos dadas com a cultura comunitária”, acrescentou.
COSTA RICA – Sofía Yglesias, diretora de Cultura do Ministério da Cultura e Juventude da Costa Rica, comentou que a Direção de Cultura acaba de passar por um processo de reflexão que mudou seu nome para Direção de Gestão Sociocultural, para enfatizar a importância da cultura processos de gestão em nível local e participativo, reconhecendo que o foco é o processo com as comunidades.
Além disso, disse que o país vive um momento de transição (o segundo turno da eleição presidencial será em 3 de abril), com mudança de partido após oito anos, e lembrou que a Política Nacional de Direitos Culturais expira no próximo ano (2014-2023). “Esta foi a primeira política de direitos culturais do país, foi um processo participativo. Para a equipe do ministério, nosso desafio é ver como a política de entretenimento cultural e criativo pode ser conciliada e gerenciada, para que seja inclusiva, respeitosa e harmoniosa”, comentou.
Aprovada em dezembro de 2013, a Política Nacional de Direitos Culturais foi um marco importante na história da Direção de Cultura, deixando claro que a cultura é um direito, que as pessoas são protagonistas da cultura e que participam ativamente da criação de condições para acesso, produção e fruição cultural em sua comunidade.
EL SALVADOR – Walter Romero, diretor de Casas de Cultura e Convivência da Direção Geral de Redes Territoriais do Ministério da Cultura de El Salvador, levou ao encontro uma saudação da ministra Mariemm Pleitez e disse estar sempre comprometido com as questões do programa, inclusive porque antes de ser funcionário do governo conheceu o IberCultura Viva a partir de organizações culturais comunitárias.
“Para mim é um prazer estar aqui porque Tlaxcala representa algo muito valioso para nossos avós, que emigraram daqui e se estabeleceram em El Salvador, no assentamento o náhuatl (que eles chamam náhuat, sem o ‘l’)”, comentou o diretor, que trouxe para o México alguns exemplares da edição nahuat-espanhol do livro “O Pequeno Príncipe”, do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry. Esta edição, lançada em El Salvador no Dia Internacional da Língua Materna, é a primeira obra literária traduzida para a língua náhuat no país e a primeira da coleção Yultaketza, nova linha editorial em línguas indígenas da Direção de Publicações e Impressos do Ministério da Cultura.
PARAGUAI – Humberto López La Bella, diretor-geral de Diversidade, Direitos e Processos Culturais da Secretaria Nacional de Cultura do Paraguai, que este ano participa como país convidado das atividades do IberCultura Viva, fez uma saudação em guarani e anunciou formalmente o início do processo para se tornar um país membro pleno do Conselho Intergovernamental, a partir de 2023.
“O Paraguai tem duas línguas oficiais – espanhol e guarani – e 19 línguas indígenas faladas por 19 povos. Ainda não temos um ponto de cultura indígena, mas será uma honra poder incorporar este ano”, disse o diretor, manifestando o interesse do governo paraguaio em participar do programa para fortalecer sua política cultural de base comunitária. Em 2021, a Secretaria Nacional de Cultura apresentou o programa Pontos de Cultura como uma das estratégias para a reativação do setor cultural, a fim de fortalecer e garantir a sustentabilidade dos espaços e centros culturais comunitários.
URUGUAI – Juan Carlos Barreto, coordenador de Cidadania Cultural da Direção Nacional de Cultura do Ministério da Educação e Cultura, comentou que no Uruguai se formou uma rede de 19 diretores de Cultura em que todos deixaram de lado a política partidária para pensar em políticas culturais de fundo, “algo que hoje é uma ferramenta fundamental para todas as políticas culturais do Estado”.
Além disso, disse que o programa Pontos de Cultura está renovado e hoje se articula institucionalmente com os três poderes de governo: estadual, departamental e municipal. “Estamos chegando para trabalhar com as pequenas comunidades, as comunidades mais remotas. No Uruguai existem 125 municípios, 19 departamentos e um estado central. Com esse reconhecimento dos Pontos de Cultura, hoje temos 92. Alguns são coletivos, outros contam com infraestrutura cultural, e buscamos fortalecer essa articulação para gerar uma rede de agentes culturais”, afirmou.
Os destinatários do programa Puntos de Cultura são as organizações, movimentos, associações, cooperativas, coletivos e grupos culturais da sociedade civil que têm um tempo de atuação na comunidade, desenvolvendo atividades, promovendo o exercício dos direitos culturais e o desenvolvimento local.
ESPANHA – Pablo Jiménez, assessor técnico do Ministério da Cultura e do Esporte da Espanha, falou sobre diversidade e globalização, refletindo sobre os tempos em que vivemos e alguns elementos que temos que enfrentar, como os processos de globalização, “que começaram quando os neandertais começaram a se mover”. “Vivemos em um tempo em que a globalização atinge um nível de profundidade que está causando processos inéditos de homogeneização das sociedades, dos grupos (somos todos iguais, querem nos transformar em uma massa amorfa), mas, no entanto, continua sendo mais hierárquico do que nunca. Uma sociedade muito amorfa, no sentido de ser homogênea (todos cantamos igual, todos gostamos das mesmas coisas, todos nos vestimos igual), mas que se divide entre quem sabe e quem não sabe, os de cima e os de baixo, os que podem e os que não podem.
Comentando os elementos fundamentais para este programa, ele escolheu dois: línguas e ambiente. “A defesa da língua, porque a língua é uma forma de pensar, a forma como a pessoa se relaciona com o que a cerca. Na medida em que a pessoa é rica em sua língua, ela consegue se relacionar com o mundo, isso tem uma força especial”, explicou. Em relação ao meio ambiente, mencionou como fundamental “a relação da comunidade com sua paisagem, com a natureza”.
PERU – Carlos Andrés La Rosa Vásquez, diretor de Artes do Ministério da Cultura do Peru, comentou que a Lei de Promoção de Pontos de Cultura foi formalizada em 2016 e regulamentada no final de 2018. Segundo ele, hoje existem 543 Pontos de Cultura no país, dos mais diversos perfis. Em termos de perfis artísticos, alguns se dedicam à dança, ao livro e à leitura, ao circo, ao cinema e ao teatro comunitário, ao resgate, valorização e divulgação das línguas indígenas, ao cuidado com o patrimônio cultural, entre outras áreas.
“Estamos tentando fortalecer as estratégias de territorialização e identificar as necessidades dos diferentes perfis, repensando as plenárias e imaginando como podemos gerar um espaço de diálogo com tantos e tão diversos Pontos de Cultura. Algo que possa perceber essa participação ativa e que os Pontos também sejam visíveis como decisores de políticas públicas”, frisou.
“Durante a pandemia houve um subsídio histórico para os Pontos de aproximadamente 1.300.000 dólares. Como não temos um marco legal para subsídios, estamos trabalhando em uma modificação da Lei de Pontos, de modo a ter um valor alocado – não apenas subsídios – para os mecanismos de visibilidade, geração de conhecimento e monitoramento. Também estamos com muitas expectativas para o 5º Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária, que acontecerá de 7 a 15 de outubro”.
EQUADOR – Karina Fernández Silva, coordenadora técnica do Instituto para a Promoção da Criatividade e Inovação (IFCI), que agora responde como instituição REPPI do IberCultura Viva, comentou que a mudança foi uma conquista do setor e um reconhecimento da institucionalidade da importância da abordagem comunitária. Criado com a Lei Orgânica da Cultura (2016), o IFCI faz parte de um dos dois subsistemas do Sistema Nacional de Cultura – o Subsistema de Artes e Inovação – e tem entre suas atribuições promover e fortalecer a geração e articulação de comunidades redes culturais.
“O IFCI administra os fundos de fomento, o que nos dá uma capacidade mais ampla, porque nos dá os recursos para fazer as coisas. O instituto é responsável pela rede de gestão cultural comunitária, cabe a ele implantar a rede e articular os gestores culturais, os governos autônomos descentralizados e as organizações que se relacionam com a economia popular e solidária, pela democratização da cultura e exercício dos direitos culturais. Esse é o norte legal, que se traduz principalmente em duas questões: 1) mecanismos de articulação e fortalecimento de redes, que já avançaram no Equador, mas ainda faltam; e 2) promoção da cultura comunitária”.
Karina Férnandez disse que está em andamento um concurso público para uma linha chamada Cultura Viva Comunitária, que este ano quadruplicou o número de inscritos, e que em 2021 a linha de fomento Teatro del Barrio teve 1,2 milhão dólares alocados e 47 projetos vencedores. “Todos eram projetos comunitários, com histórico de atuação em um território específico e uma dinâmica de interação dos atores comunitários”, reforçou. Outra iniciativa recente foi uma linha de pós-produção de longas-metragens de ficção de povos e nacionalidades indígenas e afro-equatorianas, bem como uma tradução de línguas nativas.
COLÔMBIA – Luis Sevillano Boya, diretor de Populações do Ministério da Cultura da Colômbia, iniciou seu discurso lembrando que a entrada do país no IberCultura Viva, em março de 2020, não foi simplesmente uma iniciativa do governo, mas uma iniciativa de organizações culturais. “A recepção ao IberCultura Viva da Colômbia foi muito boa. Começamos em uma pandemia, com o desafio de gerar circulação de conteúdos e recursos para o setor, que estava parado, e tivemos uma resposta muito boa com as bolsas FLACSO e o programa Mulheres Narram seu Território, que tem uma abordagem de base populacional, com capítulos dedicados às mulheres afro, indígenas, ciganas, camponesas, com diversidade de gênero e com deficiência”, afirmou.
Sevillano também mencionou que a Colômbia está trabalhando muito na questão das línguas nativas, que somam 68 no país (65 indígenas, duas criolas e a língua Rrom, falada pelos ciganos). Em fevereiro, foi apresentado o Plano Decenal das Línguas Nativas, ferramenta que busca proteger e preservar as línguas das diferentes etnias do país, “porque é direito de cada um falar na sua língua; não é uma questão acessória”. Nesse contexto, também foi possível criar, com o Ministério da Educação, uma rota de qualificação de tradutores e intérpretes de línguas nativas.
A Colômbia é um dos países que compõem a iniciativa do Instituto Ibero-Americano de Línguas Indígenas (IIALI), que tem sua origem na 27ª Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo, realizada em Andorra em 2021, e foi criado com o objetivo de promover o uso, a conservação e o desenvolvimento das línguas indígenas faladas na América Latina e no Caribe, apoiando sociedades e Estados indígenas no exercício de direitos culturais e linguísticos.
“Acreditamos que as línguas indígenas terão um foco poderoso na recuperação, revitalização e reivindicação do comunitário, justamente porque os espaços comunitários são onde a língua é salvaguardada”, acrescentou. “Como diz a secretária de Cultura do México, acreditamos que a diversidade nos enriquece. Embora muitos de nós crescemos sem entender claramente que a diversidade nos fortalecia, e sim que era uma dificuldade, reconhecer a diversidade é uma imensa oportunidade”.
BRASIL – Iara da Costa Zannon, coordenadora da Política Nacional de Cultura Viva da Secretaria Especial de Cultura do Brasil, comentou que o país possui uma imensa diversidade de culturas e línguas, e que a Cultura Viva traz uma grande responsabilidade, por tratar da cultura de base comunitária, por tratar de inclusão e pertencimento. “São os fazedores culturais que mostram onde vivemos, como vivemos, para onde vamos. A cultura indígena é a base do nosso pertencimento”, frisou.
Ao falar das ações da Política Nacional de Cultura Viva, a coordenadora destacou uma série de questões importantes que precisam ser fortalecidas, como cultura de paz, direitos culturais, culturas populares e tradicionais, cultura indígena, cultura infantil e juvenil, cultura nos territórios, cultura e diversidade de gênero, acessibilidade e inclusão cultural, patrimônio cultural imaterial, cultura afrodescendente, cultura e diversidade linguística…
“No Brasil temos cerca de 180 línguas indígenas, e aproximadamente outras 30 línguas de migrantes, além da língua brasileira de sinais, e a inclusão é muito importante, junto com a articulação internacional. (…) Na Cultura Viva, as ações do Estado partem das demandas da sociedade. É preciso muita escuta da sociedade para que as ações sejam produtivas”.
12ª Reunião do Conselho Intergovernamental: uma oficina de gestão do patrimônio cultural imaterial
Em 30, mar 2022 | Em Notícias | Por IberCultura
“Reconhecimento e promoção de portadores/as e experiências comunitárias de gestão do patrimônio cultural imaterial (PCI)” foi o tema da atividade realizada na tarde do segundo dia da 12ª Reunião do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva, sexta-feira, 25 de março, no Museu Nacional de Culturas Populares, em Coyoacán, Cidade do México. A ideia era trabalhar a questão da salvaguarda do PCI para a linha de ação que o programa adotará em 2022, conforme estabelecido no Objetivo Estratégico 3 do Plano Operacional Anual (POA).
Marianela Riquelme, chefe do Departamento Cidadania Cultural do Ministério da Cultura, das Artes e do Patrimônio do Chile, começou apresentando a experiência de Tesouros Humanos Vivos, gerida pelo Serviço do Patrimônio Nacional. Esta é a instância oficial de reconhecimento que o Estado concede a indivíduos, grupos e coletivos que se distinguem por seus pares, pelas significativas contribuições que fizeram para a salvaguarda e o cultivo de elementos do patrimônio cultural imaterial no Chile.
Elena Tito, professora de cerâmica atacameña, Região de Antofagasta, norte do Chile
.
Além de contribuir para o reconhecimento e a divulgação do patrimônio cultural imaterial e da diversidade cultural presente no país, Tesouros Humanos Vivos visa fortalecer a identidade local das comunidades, grupos e indivíduos envolvidos, e contribuir para a valorização pública da contribuição e do papel estratégico que determinados grupos e cultores/as têm tido na continuidade e vigência de um elemento específico do patrimônio cultural.
O Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio concede um máximo de quatro prêmios Tesouros Humanos Vivos por ano. O reconhecimento inclui registro contempla a inscrição no Registro de Tesouros Humanos Vivos do Chile, certificação pública, registro etnográfico, audiovisual e fotográfico, para a elaboração de materiais de divulgação e incentivo econômico. Para cultores/as individuais, o valor varia de 2.400 a 6.000 mil dólares (cerca de 2 a 5 milhões de pesos chilenos); para os cultores coletivos, de 6.000 a 11.900 dólares (cerca de 5 a 10 milhões de pesos).
Podem se apresentar para receber o reconhecimento indivíduos, grupos e coletivos que são cultores/as de elementos incluídos no Inventário do Patrimônio Cultural Imaterial do Chile, e que estão identificados no arquivo. O pedido de reconhecimento deve surgir do acordo e consenso dos membros da comunidade que cultiva o elemento registrado. As candidaturas são recebidas ao longo do ano de forma permanente. As que chegam até 30 de abril são avaliadas pelo Comitê Consultivo do Patrimônio Cultural Imaterial para o ano em curso; as recebidas posteriormente são revisadas no ciclo anual seguinte.
Amalia Quilapi Huenul, artesã mapuche, região de Biobío, sul do Chile
.
Becas Taller de Costa Rica
A segunda pessoa a apresentar uma experiência nesta atividade sobre gestão do patrimônio cultural imaterial foi Sofía Yglesias, diretora de Cultura do Ministério da Cultura e Juventude da Costa Rica, que falou sobre Becas Taller, um dos dois fundos concursáveis da Direção de Cultura (o outro é Puntos de Cultura).
Becas Taller é um programa de incentivos e sinergias cujo objetivo é promover o trabalho de gestores e organizações que atuam no campo da cultura, apoiando projetos que reconheçam, deem visibilidade e fortaleçam as diferentes expressões do patrimônio cultural imaterial presentes no território costarriquenho. Neste fundo, as pessoas bolsistas/organizações têm 8 meses para desenvolver seus projetos, e o valor máximo que pode ser aplicado atualmente é de aproximadamente 6.200 dólares.
Sofia Yglesias comentou a experiência do fundo Becas Taller na Costa Rica
.
Entre 2015 e 2022, Becas Taller apoiou 228 projetos como forma de contribuir para o fortalecimento das capacidades de gestão cultural nas comunidades, bem como para a salvaguarda das múltiplas manifestações do PCI. Em média, são apoiados 29 projetos por ano, a maioria deles desenvolvidos fora da Grande Área Metropolitana de San José.
Sofía Yglesias disse que esse fundo já existia antes de 2015, vinha de uma lei antiga e era destinado a artistas, que recebiam uma bolsa para fazer uma viagem. “Em 2015, a Costa Rica aderiu à Convenção da UNESCO para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial. Um ano depois, o fundo Becas Taller muda seu regulamento e se concentra em projetos vinculados ao PCI. Desde 2016, foram apoiados mais de 40 projetos e bolsistas de territórios e populações indígenas do país”, destacou.
.
Um dos exemplos de projetos de Becas Taller apresentados no encontro foi “Ao redor do Palo de Mayo – Finca San Juan”, de Johnny Monestero Spellman, músico de origem indígena Miskito nicaraguense, estabelecido em uma comunidade migrante na comunidade Finca San Juan, Pavas.
O projeto de Monestero teve como objetivo criar espaços para a visibilidade e reconhecimento do multiculturalismo presente na comunidade de Finca San Juan, através do resgate da manifestação cultural do Palo de Mayo, um tradicional festival miskito repleto de música, dança e tradição. Para manter vivo esse legado, foram feitas oficinas com meninos e meninas da comunidade e gravadas peças em seu idioma.
Outro exemplo apresentado foi “Entre guardas e portadores”, de Elvia R. Salazar Herrera, professora e gestora de projetos relacionados ao swing e bolero criollo, duas formas de dança popular que são expressões do PCI do país. Seu projeto visava validar o encontro intergeracional como um elo essencial na transmissão do bolero e do swing crioulo, investigando, preservando e transmitindo da forma mais orgânica possível a dança da “velha guarda” para meninas, meninos e jovens, descobrindo seu valor patrimonial e sua contribuição como ferramenta para a vida comunitária.
.
Registro de bens culturais no Brasil
Iara Zannon, coordenadora da Política Nacional de Cultura Viva do Brasil, apresentou a cartilha do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que faz parte da Secretaria Especial de Cultura e é o órgão responsável pelas ações de preservação do patrimônio cultural nacional.
“O Iphan investiga o que o patrimônio traz em termos de qualidade de vida, de características de cidadania e pertencimento. A identificação e o registro baseiam-se em algumas normativas, que vão separar a linha de trabalho do Iphan em relação aos monumentos, obras de arte, festas, celebrações, comidas, saberes, línguas”, comentou a representante brasileira, destacando que no país existem cerca de 180 línguas indígenas e que o registro é feito por temáticas, com base na Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural de 2003.
.
Outras normativas do país mencionadas em seu discurso foram o Decreto 3.551, de 04/08/2000, que instituiu o Registro de Bens de Natureza Imaterial e criou o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI), e o Decreto 7.387, de 09/12/2010, que regulamentou o Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL), destinado ao reconhecimento e à valorização das línguas que fazem referência à identidade, ação e memória dos diferentes grupos que formam a sociedade brasileira.
Ao detalhar o Registro de Bens Culturais Intangíveis, Iara Zannon comentou que no Brasil um bem é reconhecido como patrimônio cultural da nação por meio da inscrição desse bem em um ou mais livros. “As formas de apoio são destinadas a organizações e grupos, não em seu nome, mas em relação à sua atuação junto ao imóvel registrado. Quem recebe esses recursos tem que ser registrado nos livros”, explicou.
Existem quatro livros para registro de bens culturais de natureza imaterial: 1) Livro de Registro dos Saberes, para a inscrição de conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades; 2) Livro de Registro das Celebrações, para rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social; 3) Livro de Registro das Formas de Expressão, para o registro das manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas; e 4) Livro de Registro dos Lugares, destinado à inscrição de espaços como mercados, feiras, praças e santuários, onde se concentram e reproduzem práticas culturais coletivas.
Edital de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2022 tem 235 inscrições habilitadas
(Foto: Pablo Lopes)
.
O Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo, que em 2022 chegou à sétima edição com um montante de 120 mil dólares, o maior outorgado pelo programa até então, teve também o maior número de postulações já recebido desde 2016: 251. Desse total, 235 candidaturas foram consideradas habilitadas a seguir no processo de seleção. O prazo para apresentar recursos terminou na quarta-feira, 30 de março.
A Unidade Técnica publicou na segunda-feira, 28 de março, uma primeira lista com 215 projetos habilitados, informando os motivos que haviam invalidado 36 postulações. Entre eles, problemas com a apresentação de carta aval, orçamento, cronograma, personalidade jurídica, e propostas que não apresentavam o número mínimo de organizações culturais comunitárias requerido (3). Terminado o prazo e análise dos recursos enviados ao programa, foram reconsideradas 20 propostas: 7 do Peru, 5 do Brasil, 5 do Uruguai, 2 do Equador e 1 do Chile.
.
Inscrições
O Edital de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2022 teve inscrições abertas no Mapa IberCultura Viva entre 14 de janeiro e 14 de março. O país que apresentou o maior número de postulações foi a Colômbia, com 113 redes candidatas. México teve 32 propostas enviadas; Argentina e Brasil, 21; Chile, 20. O programa também recebeu 17 projetos do Peru, 10 do Uruguai, 6 da Costa Rica, 6 do Equador, 2 de El Salvador, 2 da Espanha e 1 do Paraguai.
A Unidade Técnica enviará essas 235 propostas habilitadas aos/às representantes governamentais dos países participantes, que farão a avaliação dos projetos conforme os critérios estabelecidos no regulamento da convocatória. Aqueles que obtiverem a maior pontuação por país serão os selecionados para receber até 5 mil dólares para utilizar nos gastos de produção e comunicação dos eventos propostos. Está prevista a seleção de 23 propostas no total, repartidas de forma equitativa entre os países membros.
(*) Texto atualizado em 31 de março, após o prazo e análise de recursos
.
Confira a lista de habilitadas e não habilitadas
.
Leia também:
12ª Reunião do Conselho Intergovernamental: os aportes das organizações comunitárias para a Mondiacult
Em 25, mar 2022 | Em Notícias | Por IberCultura
O conversatório “Aportes da Cultura Comunitária a Mondiacult 2022”, que se realizou nesta sexta-feira, 25 de março, dentro da programação da 12ª Reunião do Conselho Intergovernamental, recebeu de forma virtual 27 representantes de organizações culturais comunitárias (OCC) de diversos países. Representantes governamentais de 12 países que estiveram presentes no encontro no Museu Nacional de Culturas Populares, na Cidade do México, acompanharam as intervenções em vídeo e também deram suas contribuições. O secretário técnico do IberCultura Viva, Emiliano Fuentes Firmani, foi o responsável pela moderação.
As pessoas que se inscreveram para participar da discussão manifestaram a importância de contemplar a participação social nas políticas públicas de cultura e nas políticas culturais comunitárias; os mecanismos de formalização a que as organizações de cultura comunitária deveriam ter acesso; o importante papel desempenhado pelos governos locais no pleno desenvolvimento dos direitos culturais das comunidades, bem como a necessidade de contar com espaços de capacitação para fortalecer as capacidades de gestão das OCCs. Também se comentou a dificuldade de se chegar a uma definição correta dos conceitos relacionados à cultura comunitária e ao patrimônio cultural imaterial, uma vez que a participação da comunidade pode aparecer como requisito subsidiário.
.
O representante do governo da Argentina, Diego Benhabib, destacou a importância desse debate para conhecer o pensamento das organizações, trabalhar de acordo com elas e gerar uma contribuição conceitual, metodológica e política para apresentar na Conferência Mundial da UNESCO sobre Políticas Culturais e Desenvolvimento Sustentável – Mondiacult 2022, que será realizada no México de 28 a 30 de setembro. Em seguida, o representante do Peru, Carlos La Rosa, destacou que a lógica do bem viver é um bom marco para pensar a cidadania que fortalece a vida comunitária.
A representante do Chile, Marianela Riquelme Aguilar, comentou sobre a probabilidade de instalar-se em seu país um programa seguindo o modelo de Pontos de Cultura, com ações voltadas para a participação comunitária, e concordou sobre a importância das redes de governos locais para a implementação de políticas culturais comunitárias. Em seguida, a representante da Costa Rica, Sofía Yglesias, destacou a importância de trabalhar localmente, de forma que reflita o que será feito no nível macro.
O representante da Argentina, que também responde pela vice-presidência do programa, foi quem fez o comentário final, indicando a importância de estabelecer os objetivos que levem a um exercício real dos direitos culturais para todos com base em políticas culturais comunitárias. Para concluir, destacou a concepção especial de cultura que se desenvolve a partir de políticas culturais de base comunitária, que enriquecem o que se propõe no campo artístico e patrimonial.
.
Termina no México a 12ª Reunião do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva
A 12ª Reunião do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva terminou nesta sexta-feira, 25 de março, no Museu Nacional de Culturas Populares, na Cidade do México, com a aprovação de convocatórias e a formação de comissões especiais para trabalhar alguns temas estratégicos para 2022, como o reconhecimento a experiências do patrimônio cultural imaterial e a participação do programa na Década Internacional das Línguas Indígenas do Mundo, proclamada pela ONU.
O encontro contou com a participação de representantes de governos de 12 países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Espanha, México, Paraguai (país convidado), Peru e Uruguai. Também estiveram presentes nesta segunda jornada da reunião representantes da Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB), da Direção Geral de Culturas Populares, Indígenas e Urbanas da Secretaria de Cultura do México, do Instituto Nacional de Línguas Indígenas (INALI), da Fonoteca Nacional e do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH).
Um dos acordos firmados foi a concessão dos recursos da Convocatória de Mobilidade para apoiar a participação de organizações culturais comunitárias no 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que será realizado no Peru entre 8 e 15 de outubro, com uma representação institucional do programa no encontro. Também foi aprovada a proposta do México para trabalhar o tema “Memórias vivas e arquivos comunitários” no Concurso de vídeos de 2022.
Além de aprovar o informe de execução financeira do Plano Operativo Anual (POA 2021), o Conselho Intergovernamental aceitou a proposta apresentada pelo Instituto Casa Comum, do Brasil, para realizar uma edição especial em espanhol e em formato eletrônico, com acesso aberto, do livro “Por todos os caminhos: Pontos de Cultura na América Latina”, do historiador Célio Turino.
Também foi acordado que os valores que estavam previstos no POA para a publicação de obras em línguas indígenas traduzidas ao espanhol e ao português (12 mil dólares) e para traduções de documentos e instrumentos do programa (4,5 mil dólares) não serão usados para este fim. Este fundo de 16,5 mil dólares será destinado a impulsionar um reconhecimento a organizações culturais comunitárias que trabalhem em práticas de educação intercultural, ou na dinamização e revitalização das línguas indígenas.
Os/as representantes dos países também decidiram criar uma comissão especial de trabalho para avançar nas propostas de aportes a Mondiacult, integrada por Argentina, Espanha, Peru, Chile e Uruguai, e uma comissão para a redação do edital de reconhecimento a experiências do patrimônio cultural imaterial, formada por México, Chile, Colômbia, Paraguai, Equador e Costa Rica.
Paraguai também anunciou formalmente o início do processo para incorporar-se como país membro pleno, uma vez que tenha finalizado o período como país convidado. Além disso, foi aceita a designação de Florencia Minici, proposta pela Argentina, para ocupar o cargo de secretária técnica de IberCultura Viva, com o acompanhamento da equipe do México. Emiliano Fuentes Firmani, que responde como secretário técnico do programa desde 2016, deixará o cargo na próxima quinta-feira, 31 de março.
Começa a 12ª Reunião do Conselho Intergovernamental do IberCultura Viva
Em 24, mar 2022 | Em Notícias | Por IberCultura
Representantes de governos de 12 países estão presentes na 12ª Reunião do Conselho Intergovernamental do IberCultura Viva, que se realiza nesta quinta-feira, 24 de março, no Palácio da Cultura, sede da Secretaria de Cultura do Governo do México em Tlaxcala. Esta é a primeira reunião presencial do Conselho Intergovernamental em três anos; o encontro anterior aconteceu em Buenos Aires (Argentina), em maio de 2019.
Ao longo do dia, serão discutidos temas como o lançamento do Concurso de Vídeo 2022 e a Convocatória de Mobilidade, que apoiará a participação de organizações culturais comunitárias no 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em outubro, no Peru. Também será apresentado um relatório sobre o desempenho e o andamento do Plano Estratégico Trienal 2021-2023.
O dia terminará com uma apresentação dos Semilleros Creativos do estado de Tlaxcala, pertencentes ao programa Cultura Comunitária. Além de um espetáculo cênico, com leitura dramática e coro comunitário, haverá uma mostra artística, com obras de crianças e jovens dos Semilleros Creativos de San Pablo del Monte, Santa Ana Nopalucan, Tzompantepec e Tlaxcala de Xicohténcatl.
O programa Cultura Comunitária, desenvolvido pela Secretaria de Cultura do México, tem como objetivo promover o exercício dos direitos culturais de indivíduos, grupos e comunidades, priorizando aqueles que ficaram de fora das políticas culturais. Através do desenho e implementação de diversas estratégias, promove a cultura para a paz, a transformação social, a participação na vida cultural, o desenvolvimento cultural comunitário e o fortalecimento das capacidades locais.
Os Semilleros Creativos são concebidos como espaços de ensino e aprendizagem artística com crianças e jovens em contextos comunitários. Assim, formam-se grupos permanentes de criação coletiva de participação e incidência comunitária que permitem construir diálogos e relações solidárias com o seu entorno.
Amanhã o encontro continuará no Museu Nacional de Culturas Populares, na Cidade do México. Uma conversa virtual com representantes de organizações culturais comunitárias dos países membros do programa será realizada a partir das 11h30 (horário da Cidade do México), com transmissão ao vivo no canal IberCultura Viva no YouTube.
IberCultura Viva convoca organizações para o conversatório “Aportes da Cultura Comunitária para Mondiacult 2022”
Em 15, mar 2022 | Em Notícias | Por IberCultura
O programa IberCultura Viva convida representantes de organizações culturais comunitárias a participar do conversatório “Aportes da Cultura Comunitária para Mondiacult 2022”. Essa atividade é realizada de maneira colaborativa com a Secretaria de Cultura do Governo do México e faz parte da 12ª Reunião do Conselho Intergovernamental, que será realizada na Cidade do México, nos dias 24 e 25 de março. As inscrições estarão abertas até o dia 22 de março na plataforma Mapa IberCultura Viva.
O conversatório tem como objetivo contribuir com o posicionamento das políticas culturais de base comunitária no âmbito da Conferência Mundial da UNESCO sobre Políticas Culturais e Desenvolvimento Sustentável – MONDIACULT 2022.
Poderão participar representantes de organizações culturais comunitárias (OCC) dos 12 países participantes do IberCultura Viva: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Espanha, México, Paraguai (país convidado), Peru e Uruguai. Não é necessário que essas pessoas tenham tido vínculo prévio com o programa.
O encontro por videoconferência está programado para o dia 25 de março, às 11h30 do México (14h30 no horário de Brasília), pela plataforma Zoom. As pessoas participantes poderão realizar aportes com o microfone aberto, assim como pelo chat da sala de videoconferência. Também poderão ser enviados documentos ou outro tipo de participação (vídeos, canções, obras, etc) para serem incluídas na sistematização.
O conversatório contará com uma pessoa mediadora que fará circular a palavra com a intenção de garantir uma participação plural, com ampla representação territorial e de diversidade de experiências, temáticas e trajetórias. Também se buscará que as participações respeitem a equidade e a diversidade de gênero, o multiculturalismo e promovam o diálogo intergeracional.
As participações com microfone aberto não poderão superar os 3 minutos. Este tempo servirá também para as intervenções de representantes governamentais dos países no programa (REPPIs). As participações por chat serão sistematizadas pela equipe da Unidade Técnica, e os aportes em formato de documentos serão recebidos pelo correio eletrônico programa@iberculturaviva.org.
.
Sobre a conferência
A Conferência Mundial da UNESCO sobre Políticas Culturais e Desenvolvimento Sustentável – MONDIACULT 2022 será realizada pela UNESCO 40 anos depois da primeira Conferência Mundial Mondiacult sobre Políticas Culturais celebrada na Cidade do México, em 1982, e 24 anos depois da Conferência Mundial da UNESCO sobre Políticas Culturais para o Desenvolvimento celebrada em Estocolmo (Suécia), em 1998. A Conferência Mundial UNESCO-MONDIACULT 2022 será acolhida de 28 a 30 de setembro de 2022 pelo Governo do México.
.
Saiba mais sobre Mondiacult: https://www.unesco.org/es/mondiacult2022
Inscreva-se para o conversatório: https://mapa.iberculturaviva.org/oportunidade/216/
Participantes da Rede de Cidades e Governos Locais reúnem-se para ordenar ações de 2022
Em 11, mar 2022 | Em Notícias | Por IberCultura
Nesta quinta-feira, 10 de março, a Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais realizou a primeira reunião do ano para começar a ordenar as ações previstas para 2022. Participaram deste encontro virtual 19 pessoas. Estavam presentes representantes de 12 cidades e províncias que fazem parte da rede (incluindo as mexicanas Guadalajara e Nueva Ciudad Guerrero, que agora integram o grupo), bem como representantes dos governos do Chile e do México e a equipe da Unidade Técnica .
Alexandre Santini, subsecretário de Culturas da cidade de Niterói (Rio de Janeiro, Brasil), iniciou o encontro apresentando a programação do Ciclo de Vídeo Diálogos sobre Direitos Culturais e Cultura Viva, que havia sido proposto em 2021 pela Comissão de Formação e agora está com formato e calendário definidos. A iniciativa é uma colaboração da rede com a Secretaria Municipal de Culturas de Niterói.
Esses webinars ocorrerão semanalmente, às segundas-feiras, de 16 de maio a 20 de junho, com transmissão ao vivo pela internet. Os diálogos terão quatro ou cinco palestrantes e um moderador na sala de videoconferência, cada um com 15 a 20 minutos para suas intervenções, e um espaço para perguntas e respostas.
Estão previstas cinco sessões em torno de três temas centrais: 1) “Marco geral dos direitos culturais e paradigma da cultura viva”; 2) Instrumentos de garantia dos direitos culturais e de promoção da cultura viva”; 3) “Políticas culturais de base comunitária na Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais”. Uma sexta sessão será dedicada ao Laboratório “Rumo a uma Cátedra UNESCO de Direitos Culturais, Equidade Territorial e Cultura Viva”.
O objetivo desta última sessão, em formato de laboratório, é identificar relevância, possibilidades, alianças, sinergias, parcerias, necessidades e requisitos, bem como elaborar um plano de trabalho ou cronograma para o desenho e apresentação da proposta à UNESCO. Membros da Rede de Cidades e Governos Locais poderão participar dessa atividade, mediante inscrição prévia.
Além desses webinars propostos pela Comissão de Formação, a Rede de Cidades e Governos Locais deve articular alguma forma de participar de dois importantes eventos programados para este ano: Mondiacult, a Conferência Mundial de Políticas Culturais, que será realizada no México em setembro, e o 5º Congresso Latino-Americano de Cultura Comunitária Viva, que acontecerá no Peru em outubro.
Federico Prieto, que é representante da província de Entre Ríos (Argentina) e porta-voz da Comissão de Articulação e Sistematização, será responsável por articular com a comissão organizadora do congresso no Peru a realização de alguma atividade da rede dentro da programação do encontro. No caso da Mondiacult, ficaram de pensar em possibilidades de ações específicas sobre a contribuição da cultura comunitária nas políticas culturais, talvez por meio de uma publicação ou de um encontro virtual.
Outro evento mencionado no encontro como algo para colocar na agenda é o Primeiro Encontro Patagônico de Cultura Viva, marcado para os dias 29 e 30 de abril e 1º de maio. Liliana Peralta, secretária de Cultura de Comodoro Rivadavia (Argentina) e membro da Comissão de Comunicação, comentou que o número de fazedores/as culturais da Patagônia que participarão deste encontro é estimado em 150 a 200, e que ela também espera ter a presença de alguns membros da rede, para que contem o que está sendo feito em diferentes países, no âmbito da rede, em termos de políticas culturais de base comunitária.
Estão habilitadas 323 candidaturas a bolsas para o Curso de Políticas Culturais de Base Comunitária
O Edital de Bolsas do Curso de Pós-Graduação Internacional em Políticas Culturais de Base Comunitária 2022 teve 323 candidaturas habilitadas, de um total de 360 enviadas ao programa pela plataforma Mapa IberCultura Viva. México, Chile e Peru foram os países com maior número de candidaturas habilitadas: 68, 47 e 37, respectivamente. Em seguida vieram Brasil (32), Colômbia (30), Equador (29), Costa Rica (20), Paraguai (15), Uruguai (15), Argentina (14), El Salvador (14) e Espanha (2).
O prazo de inscrições foi aberto em 17 de dezembro de 2021 e terminou em 18 de fevereiro de 2022. Uma primeira lista de candidaturas habilitadas, com 256 nomes, foi publicada na sexta-feira, 10 de março, dia em que se abriu o prazo de recursos para que as pessoas com candidaturas inabilitadas pudessem completar a documentação que faltava até segunda-feira, 14 de março. A Unidade Técnica aceitou recursos de 67 pessoas candidatas.
As pessoas com candidaturas habilitadas passarão para a fase de avaliação do edital, que concederá um total de 96 bolsas, distribuídas igualmente entre os países membros do IberCultura Viva. Nesta segunda etapa do processo de seleção, a avaliação das candidaturas ficará a cargo dos/das representantes governamentais de cada país participante. Aquelas que obtiverem a maior pontuação por país, de acordo com os critérios estabelecidos no regulamento, serão selecionadas para receber as bolsas.
O resultado final do edital, considerando as pontuações mais altas obtidas por candidatos/as dos 12 países participantes, deve ser divulgado antes da primeira semana de abril.
O Curso de Pós-Graduação Internacional em Políticas Culturais de Base Comunitária FLACSO-IberCultura Viva será ministrado de modo online entre abril e dezembro de 2022, através do Campus Virtual da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO-Argentina). Os conteúdos serão distribuídos em cinco módulos e 27 aulas (em espanhol), em suporte escrito e audiovisual.
.
(*) Texto atualizado em 16 de março de 2022, após a análise dos recursos
.
Confira a lista de candidaturas habilitadas:
.
Leia também:
IberCultura Viva concederá 96 bolsas para o Curso de Políticas Culturais de Base Comunitária de 2022
Informação às Pessoas Interessadas I - Etapa de Habilitação – Edital de Bolsas 2022