Image Image Image Image Image
Scroll to Top

Para o Topo.

Blog

29

out
2022

Em Notícias

Por IberCultura

Começam os encontros para a construção coletiva de um ciclo de formação em direitos culturais e cultura viva

Em 29, out 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

.

Mais de 40 pessoas participaram do encontro inaugural do Ciclo de Vídeodiálogos e Laboratório “Direitos Culturais e Cultura Viva”, que se realizou em 11 de outubro no Centro Cultural de Ate (Lima), durante o 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. A atividade da Comissão de Formação da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais foi concebida como um espaço de construção participativa e intersetorial para imaginar coletivamente o que poderia ser um novo programa de formação e pesquisa do IberCultura Viva. Após este encontro inicial, as discussões continuarão virtualmente em novembro, com quatro sessões, uma por semana.

Federico Prieto, secretário de Gestão Cultural do Ministério da Cultura da Argentina e vice-presidente do IberCultura Viva, iniciou a sessão agradecendo a todas as pessoas presentes a disponibilidade para participar desta instância, “para criar um espaço de formação onde pessoas que participam de organizações e governos locais possam aprimorar suas habilidades técnicas, gerar espaços de diálogo, compartilhar conhecimento e divulgar as experiências realizadas para continuar fortalecendo o vínculo entre organizações e governos”.

Segundo ele, trata-se também de uma oportunidade de gerar instâncias para que outros governos saibam o que é cultura viva comunitária e políticas culturais de base comunitária. “Sim, acreditamos que um outro mundo é possível, e acreditamos no diálogo real e sincero entre organizações e governos, em busca de melhorar as condições, de garantir estruturas para que quem quiser fazer possa fazê-lo. E sobretudo manter vivos e bem desenvolvidos os conceitos que a cultura viva comunitária nos ensina o tempo todo: despatriarcalização, descolonização, bem viver, bem comum, (…) como nos relacionamos com a natureza, como indivíduo, como coletivo, e como um coletivo de coletivos”.

.

Um espaço intersetorial

Alexandre Santini, secretário das Culturas de Niterói, que propôs essa atividade em nome da Comissão de Formação da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, comentou que há quase um ano o grupo trabalha nessa ideia de criar um espaço de formação intersetorial, com representantes de governos locais, governos nacionais e também representantes de organizações culturais. “Não se trata de competir com nenhum dos espaços autônomos de formação ou com os espaços acadêmicos formais de formação e gestão cultural que existem, mas sim de gerar algo novo para poder trabalhar com organizações culturais comunitárias”, explicou.

A intenção, segundo Santini, é gerar algo novo também na história da política e da gestão cultural. “Esta é uma novidade que a América Latina dá ao mundo: propor um novo olhar para as políticas públicas culturais, com uma visão civilizatória dentro da cultura comunitária”, observou, ressaltando também que o que desencadeou essa proposta foi a iniciativa das cidades de San Luis Potosí (México) e Niterói de construir coletivamente, de forma participativa, suas Cartas de Direitos Culturais. 

“Estamos na vanguarda do mundo junto com Roma, Barcelona e algumas outras poucas cidades que desenvolveram suas Cartas de Direitos Culturais. Este é o ponto de partida, não o ponto de chegada. Estamos falando de direitos culturais, equidade territorial, cultura viva, para que seja possível, a partir desse diálogo, estabelecer a construção metodológica do que esse espaço de formação pode se tornar”, destacou o secretário de Culturas de Niterói. “A ideia é coletar insumos e contribuições no congresso, começar com sessões virtuais em novembro e depois avaliar coletivamente e ver que continuidade pode ser dada a essa iniciativa experimental.”

Luisa Velásquez, representante de Guadalajara (México) na Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, lembrou que a intenção é escutar, estar aberta ao diálogo. “Nos círculos da palavra ouvimos várias vezes sobre a necessidade de formação, e na Rede de Cidades vimos esta oportunidade para este ciclo de formação. Embora as linhas temáticas sejam direitos culturais e equidade territorial, e elas já estejam claras, acreditamos que é importante co-construir os conteúdos e perfis. Sabemos que dentro do movimento existem pessoas com muita experiência, com conhecimento empírico”, disse.

Gerardo Padilla, secretário técnico da Carta de Direitos Culturais Unesco-San Luis, mencionou o processo de construção participativa desse instrumento na cidade de San Luis Potosí, tentando imaginar uma sequência, uma vez que há alguma demanda por parte do movimento para espaços de formação, para capacitação, e por outro lado, a falta de um programa de formação com/para/das organizações. 

Além disso, lembrou que em julho de 2021, após três sessões de trabalho no 2º Encontro de Cultura Viva Comunitária em Cidades e Governos Locais da América Latina, realizado em Zapopan e Guadalajara (Jalisco, México), a Rede de Cidades e Governos Locais chegou à redação final do seu Estatuto de Constituição. O documento, elaborado em colaboração com os representantes dos governos locais que participaram deste encontro, detalha a organização da rede em forma de comissões de trabalho. Uma delas, a Comissão de Formação, foi a que propôs a criação deste espaço de diálogo.

“Pensamos como este espaço de trabalho poderia ser desenhado, qual deveria ser o conteúdo, para onde deveria ir, quais capacidades deveria fortalecer, qual abrangência deveria ter, os melhores formatos… algo que a rede se propôs a resolver não só pelas miradas dos governos locais, mas pela perspectiva das organizações de base. O que estamos propondo hoje é pensar juntos, lançar as primeiras perguntas para saber qual deve ser o conteúdo, e até mesmo descobrir sua relevância, porque este é um passo importante para a Rede de Cidades e o programa IberCultura Viva, e o que queremos é pensar juntos todas e todos”, destacou Padilla.

.

Questões norteadoras

Uma série de questões norteadoras foi elaborada para este encontro, para começar a delinear como deve ser um novo programa de formação promovido a partir do programa IberCultura Viva. A ideia era ter um espaço de conversa em torno de pelo menos seis perguntas, começando pela identificação desse espaço de capacitação. “Que capacidades precisamos fortalecer? Quais são as ausências? Quais são as necessidades? Quais são as capacidades que, entre todas, são as que precisamos ativar, trabalhar, gerar um dispositivo que as fortaleça?”, sugeriu Padilla.

A segunda questão que se projetou tinha a ver com as deficiências, com como resolver as ausências (quais são os conteúdos, que disciplina, que oficina, que espaço de troca não deve faltar neste espaço formativo que queremos imaginar?). A terceira versava sobre os melhores formatos de trabalho (virtual? híbrido? síncrono ou assíncrono?), e a quarta dizia respeito aos dispositivos que deveriam ser incluídos em um programa de treinamento com essas características.

A quinta pergunta, sobre como devem ser os perfis, foi dividida em várias: sobre o que queremos falar? O que queremos aprender? O que queremos ver acontecer em uma comunidade de aprendizagem? Que perfis devem ser? Existe um equilíbrio entre teoria e prática, uma equidade intergeracional? Por fim, quais são as prioridades? 

.

Dois dias de discussões

A conversa inicial deste ciclo incluiu as pessoas que se inscreveram para participar do laboratório por videoconferência (cerca de 15) e levou mais de uma tarde, com continuação no dia seguinte, na Feira de Saberes do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária que aconteceu no Parque Cívico de Santa Clara, no distrito de Ate. Representantes de organizações culturais comunitárias, representantes de governos locais vinculados ao programa e membros do Grupo de Trabalho de Sistematização do IberCultura Viva participaram dos dois dias de discussões.

Entre os temas que os participantes mencionaram durante o encontro como importantes para essa construção coletiva estão desde acessibilidade e formação de formadores até influência política, estratégias de comunicação interna e externa, metodologias participativas, desenho de políticas públicas, monitoramento e avaliação de projetos, bem como a importância da adoção de metodologias de educação popular como ferramenta de trabalho e a necessidade de entrega de certificados de formação.

O grupo que participou virtualmente no primeiro dia de discussões trabalhou especialmente em torno de duas questões propostas: sobre as capacidades que deveriam ser fortalecidas e sobre como seria a estruturação desse espaço. Em relação à primeira questão, reforçaram a importância da capacidade decisória (“as organizações buscam mais protagonismo, mais participação”, defenderam). Também mencionaram a existência de valiosos projetos de formação, tanto de universidades como de organizações culturais, e recomendaram que isso fosse levado em consideração e que se reconhecesse que o processo não é homogêneo, que há países onde o acesso é mais fácil e outros menos.

Os participantes do debate por videoconferência também recomendaram que este projeto coloque em circulação um conjunto de conhecimentos da cultura viva comunitária e reconheça suas metodologias pedagógicas. Mencionaram também que os processos de pesquisa comunitária que não são publicados devem ser visibilizados, e que acham que não é necessário outro curso de pós-graduação, pois o IberCultura Viva já conta com o Curso de Pós-Graduação em Políticas Culturais de Base Comunitária ministrado pela FLACSO-Argentina (“não duplicar os esforços que já estão sendo feitos”, recomendaram). Por fim, comentaram que esse espaço poderia ser não só de pesquisa, mas também de ação, incidência, incluindo um observatório de políticas culturais comunitárias.

.

Combinando saberes

“Estamos sempre no espírito de construção coletiva, e propomos isso também nesta área de trabalho”, reforçou Diego Benhabib, coordenador do programa Pontos de Cultura na Argentina e representante do país ante o programa, ao final do primeiro dia de discussões. “Sempre há tensões, (mas a ideia é) tentar combinar o conhecimento acadêmico e o popular, reavaliar e reconhecer os saberes populares e comunitários e colocá-los no lugar que deveriam estar.” 

Como salientou Benhabib, este trabalho parte de uma proposta da Rede de Cidades e Governos Locais, que tinha um orçamento exclusivo e quis colocá-lo também à disposição do movimento e das organizações culturais comunitárias em geral, “o que é muito valioso” e demonstra a necessidade de continuar com esses mecanismos de trabalho intersetorial. “Devemos pensar que aqueles de nós que estão participando nestas áreas são militantes desta causa, e temos que continuar a construir coletivamente, para melhorar as condições para todos e todas.”

Tags | , ,

21

out
2022

Em Notícias

Por IberCultura

5º Congresso de CVC: um convite para a construção conjunta de um novo espaço formativo

Em 21, out 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

No quarto dia do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, terça-feira, 11 de outubro, os participantes se reuniram no pátio da Pousada Conafovicer, em Ate (Lima), para apresentar os relatórios dos países que tinham ficado pendentes no dia anterior, na Assembleia de Diagnóstico de CVC na América Latina. Ao final das contribuições das delegações, o vice-presidente do IberCultura Viva, Federico Prieto, e o secretário das Culturas de Niterói (Rio de Janeiro, Brasil), Alexandre Santini, tomaram a palavra para convidar o público a participar da construção conjunta de um espaço de formação vinculado ao programa.

Em seu discurso, Federico Prieto agradeceu ao Grupo Impulsor do 5º Congresso o convite para que o IberCultura Viva pudesse participar do evento, não de forma paralela (como ocorreu nas três edições anteriores, quando foram realizadas reuniões com o Conselho Intergovernamental e com governos no âmbito dos congressos), mas participando ativamente, tentando se envolver com os processos culturais. “Decidimos estar presentes para ouvir os processos, tomar nota e também aprimorar a política que pode ser gerada a partir do programa”, afirmou.

Além de Prieto, viajaram para o Peru a presidente do IberCultura Viva, Esther Hernández Torres; o representante (REPPI) da Argentina, Diego Benhabib; a secretária técnica, Flor Minici; três membros da Unidade Técnica; seis representantes do Grupo de Trabalho de Sistematização e quatro da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais. O programa também contou com a participação de 61 pessoas de 12 países por meio do Edital de Mobilidade.

Ao destacar a participação do programa no congresso, o vice-presidente explicou que o IberCultura Viva possui um fundo comum distribuído igualmente entre todos os países membros, que permite a realização de editais como os de Mobilidade e Apoio a Redes. Apontou também o espírito de cooperação, de construção conjunta, “para poder levar a perspectiva da cultura comunitária a muitos mais governos, a mais legislações, sempre a partir do campo do encontro, do diálogo e da reciprocidade entre as organizações”.

“O movimento CVC também vem propor incidência política, e isso não pode faltar. A incidência política é tão grande que fez com que muitos de nós que participamos do movimento hoje tivéssemos responsabilidades institucionais nos governos”, destacou Prieto, que atualmente é secretário de Gestão Cultural do Ministério da Cultura da Argentina. Antes de assumir este cargo, que também corresponde à vice-presidência do programa,ele  foi membro da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais como representante da província de Entre Ríos.

O convite que Prieto fez aos presentes foi para participar do lançamento do Ciclo de videodiálogos e do Laboratório “Direitos Culturais e Cultura Viva”, atividade da Comissão de Formação da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais agendada para aquela tarde. “Viemos fazer um convite para que você participe desse espaço de construção conjunta. Porque se há algo que queremos é que se apaguem as fronteiras políticas para termos realmente as fronteiras culturais do nosso continente. Que os rios, as montanhas, os mares, a selva, o deserto, também sejam capazes de conectar, de igualar, e não de separar, e não de gerar fronteiras entre um processo cultural e outro”, destacou.

.

Ao lado dele estavam os quatro representantes da Rede de Cidades que participaram do congresso com o apoio do programa, e que também já fizeram parte do movimento CVC: Alexandre Santini (Niterói, Brasil), Luisa Velásquez (Guadalajara, México), Carola Gonzalez (Marcos Juárez, Argentina) e Tania Alvarez (Alajuelita, Costa Rica).

Alexandre Santini, que esteve presente em todos os Congressos Latino-americanos de CVC, falou em nome da rede sobre essa proposta de criar um espaço intersetorial de formação, tendo como conceitos básicos os direitos culturais e a cultura viva. “O processo começou a ser construído a partir da colaboração entre as cidades de San Luis Potosí (México) e Niterói, duas cidades que lançaram suas Cartas de Direitos Culturais, onde a questão da cultura viva e as organizações culturais comunitárias estão muito presentes”, ressaltou.

Segundo ele, o movimento CVC tem vocação para o poder, “mas para mudar o poder”, e nesse sentido o diálogo intersetorial é essencial. “A ideia é pensar no que vai ser este espaço formativo, a quem se destina, que conteúdos não podem ficar de fora, qual seria o melhor formato para o desenvolver”, explicou, lembrando que após o lançamento as discussões continuarão em sessões virtuais, com inscrições abertas a todas as pessoas interessadas.

20

out
2022

Em Notícias

Por IberCultura

Uma mesa de compromissos: propostas e desafios dos governos para a cultura comunitária

Em 20, out 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

Processos de incidência de organizações em diferentes instâncias dos Estados foram o tema de uma das atividades programadas para o sétimo dia do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária: a Mesa de Compromissos dos Estados. A atividade, realizada no dia 14 de outubro, no Colégio Santa Isabel, em Huancayo (Junín), contou com a participação de Flor Minici, secretária da Unidade Técnica do IberCultura Viva, e gestores culturais de dois municípios membros da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais: Guadalajara e Alajuelita.

Na mesa estavam Ronald Montero Bonilla, gestor cultural da Municipalidade de Alajuelita (Costa Rica); Luisa Velásquez, gestora cultural do Governo de Guadalajara (Jalisco, México), e Patricia Torres Sepúlveda, uma das coordenadoras regionais do programa Red Cultura, do Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio do Chile. A moderação esteve a cargo de Pamela Otoya, integrante do Grupo Impulsor do 5º Congresso.

A ministra da Colômbia (no telão) anunciou a intenção de que o país seja a sede do 7º Congresso, em 2026

Antes do início das intervenções, a ministra de Cultura da Colômbia, Patricia Ariza Flórez, cumprimentou a plateia por videochamada. “Sei que tem gente de muitos países da América Latina, que é um evento cultural e histórico. Daqui, deste ministério, estamos trabalhando pela integração cultural da América Latina e Caribe, uma integração pela paz”, afirmou. Além de expressar seu respeito pelo movimento e por aqueles que têm promovido a cultura viva comunitária, “que vai desempenhar um papel muito importante na integração cultural”, a ministra propôs que a Colômbia sediasse o 7º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em 2026, o que foi recebido com aplausos no auditório.

.

ALAJUELITA

Ao abrir a mesa de propostas e desafios dos governos para a cultura comunitária, Ronald Montero destacou que os governos locais não são nada sem a comunidade. “Não há governo local se não houver comunidade e, a partir desse princípio, o movimento de Culturas Vivas Comunitárias pode ser vinculado ao exercício dos direitos humanos culturais. Isso pode promover uma troca de conhecimento, de metodologias, do movimento para os governos locais e vice-versa”, comentou.

Montero também falou da importância de respeitar a autonomia, do movimento e dos governos locais, e de promover políticas culturais de base comunitária desde a comunidade, e não desde o marco institucional. Segundo ele, os governos locais são entidades estratégicas para dar visibilidade às ações realizadas pelas organizações nos territórios. “Essa articulação é fundamental, (e uma das propostas é) criar mesas de diálogo e mediação artística para uma abordagem respeitosa do setor, para que os governos locais possam ser promotores e não detratores do movimento. Também devemos buscar orçamentos participativos para financiar as ações do movimento, respeitando os marcos legais e jurídicos de cada instituição”, observou.

Entre os desafios, Montero destacou a responsabilidade de ambas as partes na implementação de ações que apoiem o desenvolvimento local. “Todos queremos comunidades melhores, queremos melhorar as condições de vida e trabalhamos para viver bem. Alguns desde o movimento, outros de alguma institucionalidade. Ambas as partes podem contribuir. E podemos contribuir para o desenvolvimento local como aliados, não como promotores de políticas partidárias de governo. Nem todos os gestores culturais respondem aos interesses políticos de um partido do governo. Existem programas implantados nos municípios onde a cultura é vista como mais um serviço municipal, como parte do desenvolvimento humano de um território”. 

.

GUADALAJARA

Luisa Velásquez iniciou seu discurso contextualizando a complexidade da gestão local, já que Guadalajara – capital do estado de Jalisco, a segunda maior cidade do país –  é um município com cerca de 1 milhão 385 mil habitantes, mas em sua área metropolitana é constituída por mais oito municípios, autônomos e independentes, atingindo uma população estimada em mais de 5 milhões de habitantes, o que “implica uma visão metropolitana de gestão pública, de articulação intermunicipal”.

“Guadalajara é uma cidade que não tem uma regulamentação legal de direitos culturais, ao contrário de outras cidades, como a Cidade do México e San Luis Potosí, que têm uma importante legislação sobre direitos humanos na cultura”, afirmou. “Este é um dos principais desafios: conseguir construir um corpo jurídico que apoie a gestão cultural em direitos humanos com uma visão de equidade territorial. Nesta gestão temos o desafio de poder sair e deixar um instrumento legal que permita, por exemplo, que a participação do Conselho Municipal de Artes não seja disciplinar como agora. Porque há muitas vozes que não participam de uma disciplina artística, como é o caso da gestão cultural comunitária”, acrescentou.

A Coordenação de Cultura Comunitária da Diretoria de Cultura de Guadalajara implantou recentemente um programa de Pontos de Cultura com o objetivo de identificar, reconhecer, fortalecer e promover o trabalho em rede entre organizações sociais que mantêm um trabalho a partir das culturas vivas comunitárias, fortalecendo os processos de desenvolvimento individual e comunitário. “O que queremos é que tenha um corpo jurídico para que vire uma política, e não um programa que acabe quando a gente sair”, reforçou Luisa.

.

CHILE

Patricia Torres Sepúlveda, por sua vez, parabenizou o movimento de Cultura Viva Comunitária pela incidência política que teve e que tem permitido avanços e transformações como as verificadas no Chile. Ao mencionar a formalização, em 2018, do Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio (o Chile tinha antes um Conselho de Cultura), e com ele a criação do Departamento de Cidadania Cultural, a servidora destacou o vínculo com o compromisso latino-americano e o interesse em trabalhar com a base, com organizações culturais comunitárias. 

“Hoje, o programa Red Cultura continua mudando para ver como as organizações respondem”, afirmou, lembrando que o presidente Gabriel Boric afirmou em seu plano de governo seu desejo de criar um programa de Pontos de Cultura no Chile, “olhando para todos os países e todas as ações que realizaram na América Latina”. “Isso se consegue graças ao fato do movimento Cultura Viva Comunitária ter conseguido expressar sua demanda, ter conseguido influenciar”, enfatizou. 

Patricia Torres também destacou que no Chile querem construir o programa Pontos de Cultura desde as bases, e por isso estão realizando os “Diálogos Cidadãos”, espaços de participação e escuta onde as pessoas podem dar suas contribuições e dizer como querem que seja esse programa. Essas rodas de conversa serão realizadas nos meses de outubro e novembro em todas as regiões do país. 

Segundo ela, o desafio é continuar avançando na governança local, na mediação. “Que o movimento no Chile seja fortalecido e consiga dialogar tanto com os municípios, a governança local, quanto com o governo. Percebemos que precisamos conversar, circular e nos encontrar. O desafio é que, quando estivermos prontos, comecemos a dialogar como deve ser e possamos continuar caminhando juntos. Existe uma disposição política, existe uma disponibilidade do quadro institucional”, afirmou, referindo-se a Marianela Riquelme, chefe do Departamento de Cidadania Cultural e representante (REPPI) do Chile perante o programa IberCultura Viva, que tem se dedicado a fortalecer e tornar visíveis as políticas públicas de base comunitária. 

.

IBERCULTURA VIVA

Ao tomar a palavra na mesa, Flor Minici agradeceu ao Grupo Impulsor o convite ao programa para participar do encontro. “A experiência é muito enriquecedora porque saímos com muitas demandas. Quando nós que desempenhamos um papel institucional participamos desses espaços, o fazemos de forma ética, em termos de justiça social, com a vocação de ouvir, anotar, trazer demandas e reforçar o compromisso de continuar aprofundando as políticas que ali existem e criá-las onde não existem”, afirmou.

Além dos agradecimentos, Minici mencionou a intenção de continuar com este espaço de diálogo, desde a cordialidade, o respeito, a integração, a solidariedade e a cooperação. “Entendo que é um ponto em comum que todos temos aqui, independentemente dos contrapontos que possam surgir e que é muito saudável”, afirmou, destacando também o convite que foi feito às companheiras e companheiros do Grupo de Trabalho de Sistematização e a Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, para que participassem de diferentes atividades de formação, intercâmbio e debate ao longo dos oito dias do evento.

“Acho que este congresso está em um momento dramático, não só pela desigualdade histórica que a América Latina atravessa, mas porque hoje, em 2022, os níveis de desigualdade na região aumentaram exponencialmente. Há quase 30 milhões de novos pobres na América Latina que vivem na pobreza e na extrema pobreza após a pandemia. Acredito que temos uma agenda política na qual temos que intervir porque essa fratura social que a pandemia e a desigualdade produzem em nossa região também possibilita o surgimento e o avanço de movimentos antidemocráticos, desestabilizando a democracia”, afirmou.

Segundo ela, essa discussão sobre políticas antidemocráticas e de desigualdade não é apenas uma discussão de funcionários, de ministérios, mas uma discussão da comunidade. “Não acreditamos que movimentos desestabilizadores na América Latina só ganhem eleições. Para ganhar eleições, por muitos anos eles constroem comunidade, eles entram nas nossas comunidades, eles constroem centros culturais, bibliotecas populares, eles constroem igrejas, espaços seculares, espaços que os que estão aqui disputam diariamente, colocando o corpo em suas organizações, em suas comunidades. 

Minici fez um convite em nome do programa, para que continuemos construindo aliança e articulação. “Se nós que acreditamos que a desigualdade deve ser erradicada na América Latina não nos juntamos, e não só discutindo a pobreza, mas também discutindo a riqueza e a concentração da riqueza, não conseguiremos construir. É com esse espírito que pretendemos continuar construindo parcerias e alianças entre órgãos governamentais e organizações comunitárias”, destacou.

Por fim, a secretária técnica chamou a atenção para a necessidade de alianças do movimento Cultura Viva Comunitária com outros militantes da América Latina, como os movimentos feminista, ambiental e de direitos dos povos indígenas. “Todos os movimentos populares dos próximos anos vão ter uma dura tarefa, e aí, os servidores que estão sentados aqui nesta mesa, que sabem que falta muita coisa, mas que estão participando dos debates aqui, não vamos dar como certo, porque você sabe que muitas vezes alguém bate na porta e não é atendido.”

.

Confira a transmissão da mesa:

https://www.facebook.com/CongresoCVCLatAm/videos/1348278982593093

Tags | ,

20

out
2022

Em Notícias

Por IberCultura

Célio Turino apresenta a versão em espanhol do livro “Por todos os caminhos: Pontos de Cultura na América Latina” 

Em 20, out 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

Célio Turino passou os últimos 12 anos viajando pela América Latina. Convidado a participar de conferências, conversatórios e os mais variados encontros para falar sobre Cultura Viva e Pontos de Cultura – ideia que ajudou a criar no Ministério da Cultura, onde foi secretário de Cidadania Cultural entre 2004 e 2010 –, o historiador, escritor e gestor cultural brasileiro realizou mais de 50 viagens nesse período. O convite sempre foi para falar, mas nessas visitas ele também ouviu muitas histórias, viu e sentiu os processos nas comunidades, e voltou querendo sistematizar tudo. Quem o incentivou a fazer em formato de livro foi o Papa Francisco.

No lançamento do livro “Por todos os caminhos: Pontos de Cultura na América Latina” no Peru, Turino detalhou esta história: “O Papa Francisco é um grande entusiasta dos Pontos de Cultura. Ele conheceu a experiência quando ainda era arcebispo em Buenos Aires, quando organizou um programa chamado Escuelas de Vecinos. A ideia dos Pontos de Cultura era muito parecida com o que ele pensava, com o que pretendia fazer com as Escolas de Vizinhos. Em 2015 nos encontramos no Vaticano, depois tivemos outros encontros, e num desses momentos eu estava contando essas histórias e ele me disse: ‘Por que você não escreve um livro sobre a América Latina?’ Como uma sugestão de Francisco não pode ser negada, aceitei o desafio e, com o apoio de uma organização do Brasil, o Instituto Olga Kos, conseguimos fazer as viagens. Não para falar. Viajei apenas para ouvir e anotar as histórias”. 

A versão em espanhol deste livro, publicada em formato digital pela argentina RGC Ediciones com o apoio da IberCultura Viva, foi lançada na quarta-feira, 12 de outubro, na Feira de Saberes do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. Em uma das tendas montadas no Parque Cívico Santa Clara, no distrito de Ate (Lima), cerca de 30 pessoas se reuniram para ouvir Célio Turino em sua participação por videoconferência. Ao longo de mais de 30 minutos, ele falou sobre a experiência de escrever este livro, ouviu comentários e respondeu algumas perguntas dos participantes, que vieram de vários países, como Panamá, Chile, Argentina e Paraguai.

Célio Turino participou do lançamento por videoconferência

.

A força das comunidades

Turino iniciou sua apresentação falando sobre o início do movimento, como foi decidido que o 1º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária teria como sede a Bolívia. Contou que tudo começou com a “Caravana pela Vida – De Copacabana a Copacabana”, que saiu do Lago Titicaca, na Bolívia, rumo à Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, no final de maio de 2012. Cerca de 25 pessoas estavam neste ônibus, a maioria integrantes do Teatro Trono, fundado por Iván Nogales (1963-2019), que foram à Cúpula dos Povos da Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, e fizeram uma série de apresentações ao longo do caminho. (Esta caravana foi um marco no movimento de Cultura Viva Comunitária. A bravura de seus integrantes inspirou pessoas de vários países a quererem fazer o caminho de volta, mobilizando-se para realizar o primeiro congresso na Bolívia, com a Caravana para La Paz.)

“Agora estamos no 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. Parabéns a todos que estão nessa empreitada autogestionada e muito potente”, comemorou o escritor, que também parabenizou a editora argentina RGC, que já havia lançado um livro de sua autoria em 2013 (Puntos de Cultura, cultura viva en movimiento). “É uma editora significativa que compila este novo fazer da gente que produz de baixo para cima, a partir da potência das comunidades”, destacou. Os dois livros de Turino lançados pela RGC em formato digital têm acesso gratuito, porque segundo o autor, o importante é lançar as ideias ao vento, “oferecer as sementes para alguém apanhar, plantar e cultivar”. “É assim que nasce a cultura viva.”

As viagens relatadas no livro foram realizadas em sua maior parte em 2017. A primeira versão dessas narrativas foi publicada em uma edição especial do Instituto Olga Kos, com o título Cultura a unir os povos: a arte do encontro. Esta edição (esgotada), em formato de livro de mesa, foi lançada em 2018 em Castel Gandolfo, o castelo de verão do Papa Francisco. A segunda versão, revisada e ampliada, saiu em 2020 pelas Edições Sesc São Paulo, com 360 páginas, e o título Por todos os caminhos: Pontos de Cultura na América Latina. A publicação em espanhol que agora sai com o apoio do IberCultura Viva é uma tradução desta versão 2020 adaptada para leitura em tela, com 565 páginas.

.

Capítulos extras

A edição em espanhol conta com dois capítulos extras, dedicados ao Chile e ao Paraguai. O Ministério da Cultura, das Artes e do Patrimônio do Chile convidou Turino para conhecer o trabalho de organizações culturais comunitárias de diferentes regiões do país depois que o Conselho Intergovernamental IberCultura Viva decidiu financiar a tradução do livro para o espanhol. O convite para ir ao Paraguai partiu de um Ponto de Cultura de Areguá, El Cántaro Bioescuela Popular, para uma participação na segunda edição dos Intercâmbio de Saberes para a Gestão Cultural Comunitária.

O escritor contou em sua apresentação que, no caso do Chile, optou pelo tema da construção do ser coletivo a partir da experiência do país (daí o nome do capítulo: Cultura y el sujeto colectivo. Sembrando semillas en la cordillera“). As histórias do Paraguai entraram no capítulo final, “Cultura: Tiempo y espacio compartido en el vientre de Sudamérica”. Turino explicou que, assim como vê a Bolívia como “o coração da América do Sul”, vê o Paraguai como “o ventre” do continente. “É como uma ilha, mas rodeada de terra, e mais interior, como o útero, como o ventre”, comparou o autor, que partiu da ideia do ñanduti (“teia de aranha” em guarani), das rendas de fios delicados, mas também fortes, de tecelãs locais, para expressar o refinamento cultural do povo paraguaio.

Joe Giménez, fundadora do El Cántaro, esteve no lançamento da publicação na Feira de Saberes do 5º Congresso e aproveitou para agradecer mais uma vez a Célio Turino pela visita à bioescola de Areguá e por somar a experiência ao livro. “Houve um antes e depois no meu país”, disse Joe a Célio Turino. “A frase ‘Dê-me um ponto de apoio e moverei o mundo’ (do matemático grego Arquimedes de Siracusa, também citado por Turino no livro) ficou muito na nossa memória. Para nós, é incrível que os funcionários públicos comecem a falar de você, comecem a usar essa frase. Sua presença no Paraguai nos ajudou muito a fortalecer esse vínculo. Celebro sua existência! O Paraguai, esta terra guarani, está sempre esperando por você”.

Joe Gimenez, fundadora de El Cántaro, que levou Turino para uma visita ao Paraguai

.

Agradecimento ao trabalho

Quem também agradeceu ao escritor pelo trabalho que vem desenvolvendo foi a argentina Gisela Pérez, do Centro Cultural e Biblioteca Popular La Carcova, um Ponto de Cultura localizado em um bairro popular da região metropolitana de Buenos Aires (José León Suárez, distrito de San Martín), na periferia do aterro sanitário e também de um complexo prisional. “Gostaríamos de agradecer o seu trabalho em toda a América Latina e convidá-lo a vir a San Martín e à Área da Reconquista, para visitar as bibliotecas e espaços de cuidado, as cooperativas de reciclagem. Existe toda uma rede de organizações que se unem e confiam umas nas outras, para que a partir dessa confiança possamos construir o desenvolvimento local, a boa convivência no nosso bairro. Essa comunidade produz cultura, produz economia, produz presente e futuro”, afirmou a presidenta de La Carcova, também integrante da Mesa Reconquista.

Diego Benhabib, coordenador do programa Pontos de Cultura na Argentina e representante (REPPI) do país no IberCultura Viva, reforçou sua gratidão a Célio Turino, “uma pessoa que nos inspira, não só para desenvolver e trabalhar políticas culturais de base comunitária, mas também transformar nossas percepções sobre as questões relacionadas à natureza, ao bem viver, ao poder colocar um ponto e poder modificar as coisas, com um horizonte coletivo de transformação”.

Emiliano Fuentes Firmani (D) lembrou os 4Cs da cultura: “cuidar, compartilhar, colaborar e cooperar”

Por fim, o editor Emiliano Fuentes Firmani, ex-secretário técnico do IberCultura Viva, falou em nome da RGC Ediciones, citando o que Célio Turino disse anteriormente sobre a ideia de trabalhar para lançar ideias ao vento. “O paradigma da cultura viva comunitária tem a ver com o que chamamos  de 4Cs da cultura: cuidar, compartilhar, colaborar e cooperar”, destacou, comentando o fato de o autor ter permitido que o livro estivesse aberto a todos, em acesso público, o que considera “coerente com a prática comunitária”.

Para Emiliano, a primeira parte do livro, mais teórica, deveria ser leitura obrigatória para todas as pessoas que trabalham com políticas públicas: “Célio trabalha com a matemática da vida. Originalmente, havia armado essa equação de que um ponto de cultura = autonomia + protagonismo social elevado à potência das redes. Aí ele aprofunda seu pensamento matemático, incorpora o tema de Arquimedes (que trouxe Joe Gimenez) e vai além, fazendo uma ligação entre a cultura viva comunitária e a cultura do encontro (da qual fala o Papa Francisco), para construir um novo horizonte civilizatório.  

A cultura do encontro, explicada no livro, é um conceito desenvolvido por Jorge Bergoglio, o Papa Francisco, que pressupõe o encontro das três linguagens do ser: coração, mente e mãos. Expressa-se na ideia de sentir-pensar-agir e se realiza a partir da integração e diversidade entre indivíduos e comunidades, rompendo com a fragmentação e buscando a unidade. É o estímulo para o encontro entre os diferentes, buscando a unidade na diversidade. 

.

Baixe o livro gratuitamente em https://bit.ly/PorTodosLosCaminos

Leia também:

Pontos Culturais na América Latina: versão em espanhol do livro de Célio Turino sai em formato digital

Histórias escondidas: Célio Turino lança livro sobre experiências comunitárias na América Latina

Tags | , , ,

18

out
2022

Em Notícias

Por IberCultura

Terceiro volume da coleção IberCultura Viva é lançado no 5º Congresso Latino-americano de CVC

Em 18, out 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

“Redes na rede: Relatos do 4º Encontro de Redes” é o terceiro volume da coleção IberCultura Viva, que a Prefeitura de Medellín (Colômbia) desenvolveu em coordenação com o programa no âmbito da Rede de Cidades e Governos Locais. Esta edição em formato digital, com 85 páginas, está disponível com acesso gratuito no site www.iberculturaviva.org desde 12 de outubro, dia em que foi lançada na Feira de Saberes do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, no Peru. 

A publicação sintetiza três conversatórios que se realizaram no 4º Encontro de Redes IberCultura Viva, de maneira virtual, em setembro e outubro de 2020: “Educação popular, arte e transformação social”, “Saúde e cultura comunitária” e “Desafios das organizações culturais comunitárias em torno dos direitos das mulheres e diversidades sexuais e de gênero.”

O lançamento desta edição na Feira de Saberes que se armou no Parque Cívico de Santa Clara, no distrito de Ate (Lima), contou com a presença de uma das pessoas que participaram do debate sobre gênero e cultura comunitária. A peruana Celia Solís, que esteve em um dos painéis realizados em 11 de setembro de 2020, foi convidada pelo IberCultura Viva para apresentar este livro no 5º Congresso, para contar sua experiência como líder social no bairro La Balanza, localizado no bairro de Comas, e seu trabalho no Centro Cultural e Comedor Popular San Martín del Once

Celia Solís começou a trabalhar no San Martín del Once em 2000; assumiu a presidência em 2007 e entre 2012 e 2019 participou do processo de transformação do comedor num centro cultural, no âmbito do projeto Fitekantropus. O projeto tem origem na FITECA (Fiesta Internacional de Teatro de Calles Abiertas), evento cultural lançado há 20 anos no bairro de La Balanza.

Diego Benhabib e Celia Solís no lançamento do livro

.

Um sonho de mães e jovens

No lançamento do livro, ela contou que tudo começou com uma grata experiência com um grupo de jovens organizados no bairro. “Os malucos do bairro, era assim que a gente os chamava. Demos comida para eles e muita coisa aconteceu, começamos a nos organizar, sempre com a FITECA, uma organização de teatro de rua que luta muito pelo bairro. Com o movimento da FITECA conseguimos contatar muitos peruanos dispostos a nos ajudar, depois fazer acordos com países amigos, como a Espanha, e com isso conseguimos apoio para a construção do refeitório, que aconteceu de 2009 a 2013”, comentou.

Segundo Celia, foi uma longa trajetória de organização, de conversas, para criar este espaço pensado não só para um grupo, mas para todos. “Eles disseram que era mentira, que não poderia ser alcançado, mas nós dissemos que era uma porta aberta e que tínhamos que aproveitar ao máximo”, ressaltou. “Fizemos o trabalho, e ali participaram crianças, jovens, adultos, idosos. As oficinas eram exaustivas, aos sábados e domingos. Nós éramos as mães e os jovens do bairro e conseguimos conscientizar as pessoas sobre isso, que todos têm direito, inclusive os pequenos. Porque os jovens tinham um campo, e para os outros era um espaço vazio e sujo. Queríamos espaço para todos. E conseguimos construir isso, o melhor de tudo foi construir isso, e foi graças à FITECA.”

Graças ao trabalho coletivo, hoje no bairro de La Balanza existe um grande refeitório, usado todos os dias; um espaço multiuso no segundo andar; uma biblioteca para os menores; uma pista de skate; um parque bom para futebol e vôlei; um pequeno jardim que estão tentando recuperar. “O que eu quero dizer é o seguinte: quando você quer alcançar algo, você deve perseverar nisso. Trabalhe, trabalhe e persevere. Pela força, pela vontade, as coisas saem. Isso aconteceu conosco”, afirmou a dirigente, que vem de Apurímac de Abancay. “Apurímac significa ‘deus que fala’, acho que trouxe algo assim. Há alguns anos eu não falava nada. Ao ir para o comedor, aprendi a falar, aprendi a me comunicar. Eu mesma não acredito.”

.

Construindo comunidade

Diego Benhabib, representante da Argentina no programa IberCultura Viva, que acompanhou as sessões do 4º Encontro de Redes em 2020, comentou o relato comovente de Celia Solís, expressão de uma infinidade de experiências e iniciativas que as organizações culturais comunitárias têm nos territórios. “Sem este esforço organizativo e esta concepção solidária de vida seria impossível melhorar as nossas condições. Esse trabalho territorial que eles fazem é fundamental e acredito que seja o germe pelo qual cada um de nós está neste espaço, construindo coletivamente comunidade, construindo cultura e trabalhando em conjunto para melhorar as condições de vida de nossas comunidades”, apontou o coordenador do programa Pontos de Cultura da Argentina.

Para Benhabib, as organizações culturais comunitárias são escolas de cidadania, “escolas onde se produz conhecimento, experiências valiosas que nos fazem transformar a própria vida e a dos demais”. Esse protagonismo adquirido pela comunidade organizada  – e que produz transformação nas pessoas, nos grupos e nos bairros – faz parte da essência política de um programa como o IberCultura Viva, que reúne 11 países ibero-americanos (e um 12º que está por entrar, o Paraguai). “Esses trabalhos de incidência fazem com que os Estados estejam presentes de forma articulada em um programa como o IberCultura Viva, que funciona como um farol para o desenvolvimento de políticas culturais de base comunitária”, afirmou.

Falando em nome do programa, o representante argentino também agradeceu à Prefeitura de Medellín, que vem produzindo esta coleção de livros em parceria com o IberCultura Viva. O primeiro volume publicado foi Puntos de Cultura Viva Comunitaria Iberoamericana, com histórias do 2º Encontro de Redes IberCultura Viva (2017), e o segundo, Ideas de Cultura Comunitaria, que reúne as obras selecionadas na convocatória de textos do IberCultura Viva lançada em 2016. 

“Esses livros fazem parte do patrimônio cultural que produzimos coletivamente a partir do programa, com as vozes de companheiras e companheiros que nos contaram essas histórias, suas trajetórias, seus trabalhos”, observou. “Publicações desse tipo contribuem para continuar construindo a memória, no contexto de construção coletiva que as organizações fazem e que muitas vezes fazemos junto com os Estados, com as políticas públicas. No IberCultura Viva procuramos sempre acompanhar esses processos e reconhecemos o valor da cultura comunitária como agente transformador. Cultura comunitária, como bem disse Célio Turino, é a forma de entender o mundo a partir do nosso próprio território, de cuidar do outro e da outra”. 

O próximo livro da coleção será o segundo volume de “Redes na red: Relatos do 4º Encontro de Redes  IberCultura Viva”, com a sistematização de outros conversatórios, sintetizando as principais ideias e propostas apresentadas nas mesas “Estudos sobre cultura comunitária”, “Políticas culturais e cultura viva comunitária” e no encontro da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais (“Habitar territórios e cidades locais no novo normal”). 

.

Leia também:

“Redes na Rede”: terceiro livro da coleção IberCultura Viva compila conversas do encontro de 2020

Segundo livro da Coleção IberCultura Viva reúne textos sobre experiências de organizações culturais comunitárias

Experiências ibero-americanas de cultura comunitária estão reunidas em livro que será lançado em Mendoza

10

out
2022

Em Destaque
Notícias

Por IberCultura

Pontos de Cultura na América Latina: versão em espanhol do livro de Célio Turino sai em formato digital

Em 10, out 2022 | Em Destaque, Notícias | Por IberCultura

(Fotos: Mario Miranda Filho)

Célio Turino dedicou sua vida a pensar e executar políticas públicas em larga escala, atraído pelas ideias da cultura do encontro. Escritor, historiador e gestor cultural, foi secretário de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura do Brasil e um dos idealizadores e do programa Cultura Viva, implantado no país em 2004 e transformado em política de Estado em 2014 com a sanção da Lei 13.018. Suas andanças pelo continente para falar sobre esse modelo de política pública “de baixo para cima” resultaram no livro Por todos los caminos: Puntos de Cultura en América Latina, que foi lançado em português em 2020 e agora ganha tradução para o espanhol com o apoio do IberCultura Viva. 

A publicação será apresentada no Peru, na quarta-feira, 12 de outubro, na Feira de Saberes do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. O lançamento será às 11:00, no Parque Cívico Santa Clara, no distrito de Ate (Lima), aberto a todas as pessoas interessadas.

A edição que sai em espanhol – em formato digital, com acesso aberto – é a tradução da edição revisada e ampliada que saiu em 2020 no Brasil, por Edições Sesc São Paulo. (Antes, em 2017, ele havia publicado uma edição mais visual, pelo Instituto Olga Kos, como um livro de arte, com o título Cultura para unir os povos: a arte do encontro). O livro agora publicado pela RGC Ediciones tem mais de 550 páginas e dois capítulos extras dedicados ao Chile e ao Paraguai. 

Os capítulos que encerram a publicação foram escritos no segundo semestre de 2022, após as viagens do autor ao Chile e ao Paraguai para conhecer o trabalho e as histórias de diferentes organizações culturais comunitárias nos dois países. O Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio do Chile, que convidou Turino para esta visita, implementará um programa de Pontos de Cultura em 2023. No Paraguai, o convite partiu de uma organização reconhecida como Ponto de Cultura, El Cántaro Bioescuela Popular, para que ele participasse da segunda edição dos Intercâmbios de Saberes para a Gestão Cultural Comunitária, realizada com o apoio da Secretaria Nacional de Cultura.

.

Andanças

Desde que deixou o Ministério da Cultura do Brasil, em 2010, Célio Turino tem sido convidado a viajar para diferentes países da América Latina, para falar sobre este modelo de política pública que ajudou a criar e que estabeleceu novos parâmetros de gestão e democracia, aplicando conceitos como “Estado-rede” (Manuel Castells) e “Estado ampliado” (Antonio Gramsci). Tendo como base de apoio os Pontos de Cultura – ou seja, as entidades ou coletivos culturais certificados pelo Ministério da Cultura –, o programa apostou num processo vindo de baixo para cima, dando força e reconhecimento institucional a organizações da sociedade civil que já desenvolviam atividades culturais em suas comunidades.

Nos últimos 12 anos, foram mais de 50 viagens a países da América Latina para falar sobre Pontos de Cultura e compartilhar suas ideias sobre cultura viva comunitária, bem viver e cultura do encontro. Convidado para conferências, palestras e encontros com representantes de governos, instituições e organizações culturais comunitárias, Turino se acostumou a falar. Para este livro, no entanto, quis ouvir e observar. 

Para recolher as experiências apresentadas em Por todos os caminhos, o historiador passou quatro meses de 2017 viajando, visitando comunidades, reencontrando amigos, conhecendo pessoas, ouvindo histórias, observando, anotando. Em suas andanças, do México ao Chile, do Atlântico ao Pacífico, “atravessando a América Central, com seus vulcões e memórias, passando da selva ao deserto, das planícies às montanhas, das metrópoles às cidades e vilas”, pôde observar laboratórios originais para a reinvenção da vida social, da política, da economia e da relação entre o ser humano e a natureza. Era isso o que ele queria compartilhar com este livro. 

Mulher no memorial em homenagem aos jesuítas assassinados durante a guerra civil salvadorenha, na Universidade Católica Centro-americana de El Salvador

.

“Livro carta”

Por todos os caminhos: Pontos de Cultura na América Latina é um “livro  carta”, segundo o autor, com histórias que viu, viveu e sentiu. Uma carta com histórias de práticas ancestrais e comunitárias que nos cercam, com narrativas de personagens vivos, atuantes em seus territórios, que lhe chamaram a atenção pelo que tinham de excepcional e também pelo que tinham em comum. Uma carta ao passado, “em busca de luz e força para a reinvenção do futuro”. Uma carta ao presente, para aquelas pessoas que, diariamente, mudam o mundo a partir de suas comunidades. 

“Para esse livro mudei o meu papel, fui um escutador e na escuta me esforcei em transmitir as histórias como um narrador, oferecendo elementos para que as pessoas pudessem penetrar nessas histórias, conhecendo as pessoas e suas formas de pensar e agir. Nos tempos atuais fala-se muito de identidades, mas identidade sem alteridade não gera solidariedade e emancipação coletiva. Com o livro procurei demonstrar que é possível fazer com que alteridade e identidade caminhem lado a lado”, comentou o autor em entrevista ao IberCultura Viva. 

A publicação está dividida em duas partes. Na primeira, mais teórica, o autor explica os conceitos fundamentais e tenta demonstrar como a cultura viva é realizada a partir de equações matemáticas. Na segunda parte, dedicada a histórias de vida e processos culturais promovidos por organizações em seus territórios, ele muda sua forma de escrever, posicionando-se como um narrador que vai alinhavando pontos de identidade ancestral e contemporânea dos diversos países por onde passou, falando de “pessoas comuns” e sua capacidade de mudar suas realidades. “Comum talvez não seja a palavra mais adequada, embora esse seja o conceito historiográfico, porque são pessoas e histórias extraordinárias”, diz.

Fachada da Biblioteca comunitária Don Quijote y su Manchita em Santa Rosa, Peru .

.

Compromisso

A decisão de financiar a tradução do livro para o espanhol foi acordada* na 12ª Reunião do Conselho Intergovernamental do IberCultura Viva, realizada no México nos dias 24 e 25 de março de 2022. Para os e as representantes dos países membros do IberCultura Viva, este apoio reforça o compromisso dos governos com as organizações culturais comunitárias, sujeitos principais com os que se trabalha no programa, e em particular com os Pontos de Cultura, que são a principal referência de política cultural de base comunitária no Espaço Ibero-americano. 

.

. Onde baixar a versão em espanhol: https://bit.ly/PorTodosLosCaminos

.

(*) Considerada uma importante contribuição para a constituição do sistema de informação cultural que promove o programa, a tradução para o espanhol deste livro faz parte da atividade “Promoção para a realização de estudos e pesquisas sobre políticas culturais de base comunitária”, prevista no Plano Operativo Anual (POA 2022).

.

Confira o vídeo editorial do SESC-SP em que Célio Turino fala sobre o livro

.

Leia também:

Histórias Ocultas: Célio Turino apresenta seu livro sobre experiências comunitárias na América Latina

Scholas Occurrentes e Cultura Viva: el arte do encontro em um projeto do Papa Francisco

Pontos de Cultura: Cultura Viva em Movimento (RGC Ediciones, 2013)

Tags | , ,

09

out
2022

Em Notícias

Por IberCultura

“Redes en la Red”: terceiro livro da coleção IberCultura Viva compila palestras de encontro de 2020

Em 09, out 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

O maior evento realizado pelo IberCultura Viva desde o início de sua implementação, em 2014, ocorreu justamente no ano em que quase tudo parou. Em 2020, quando as ações de intercâmbio previstas no Plano Operativo Anual não puderam ser realizadas devido à pandemia de Covid-19, o Conselho Intergovernamental encontrou uma alternativa surpreendente: o 4º Encontro de Redes IberCultura Viva. Esta edição especial, realizada em modo virtual, durou 38 dias. Foram mais de 45 horas de transmissão ao vivo, iniciadas em 8 de setembro e finalizadas em 15 de outubro de 2020.

Três das palestras realizadas nesse período deram origem a um livro, Redes en la red: Relatos del 4º Encuentro de Redes IberCultura Viva – Tomo I”, que será apresentado na próxima quarta-feira, 12 de outubro, na Feira de Saberes do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, no Peru. O lançamento está marcado para as 11h (horário do Peru), no Parque Cívico de Santa Clara.

A publicação é o terceiro volume da coleção IberCultura Viva, que a Prefeitura de Medellín (Colômbia) desenvolve em parceria com o programa, no âmbito da Rede de Cidades e Governos Locais. Esta edição, agora apresentada em formato digital, com 85 páginas, resume as palestras “Gênero e cultura comunitária”, “Saúde comunitária”, “Educação popular, arte e transformação social”.

Conversatório “Educação popular, arte e transformação social”

.

Um segundo volume, com a sistematização de outras conversas, sintetizará as principais ideias e propostas apresentadas nas mesas “Estudos sobre cultura comunitária”, “Políticas culturais e cultura comunitária viva” e na discussão da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos (“Habitar territórios locais e cidades no novo normal”). Cada livro inclui as apresentações dos ministros, ministras e secretárias da Cultura que participaram, dividindo a publicação em ordem alfabética. 

Ao longo de seus 38 dias de duração, o 4º Encontro de Redes apresentou uma conferência (que reuniu autoridades de ministérios e secretarias de Cultura de 8 países), 15 palestras, 3 seminários, 8 espetáculos de marionetes e um trabalho de animação. A programação contou, ainda, com a Mostra de Cinema Comunitário Ibero-americano, organizada pela Secretaria de Cultura do Governo do México. Nesta mostra foram realizados outros 5 conversatórios, 4 ciclos de cinema, 2 entrevistas, uma retrospectiva e uma oficina, num total de 83 curtas-metragens e 7 longas-metragens exibidos. 

O evento teve uma grande diversidade de referências, com 110 pessoas convidadas como painelistas (numa proporção de 60% mulheres). Destes, 52 eram representantes de organizações culturais comunitárias, 4 representantes de povos indígenas e 54 representantes do governo. Além disso, foram organizadas instâncias de capacitação em conjunto com CRESPIAL, FLACSO e Ministério da Cultura do Peru, nas quais participaram 335 pessoas, e uma instância de participação social que teve 3 sessões com 30 pessoas.

Para baixar: https://bit.ly/3EEQywX

Tags | , ,

09

out
2022

Em Notícias

Por IberCultura

IberCultura Viva participa do círculo da palavra “Legislação e políticas públicas”

Em 09, out 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

Cerca de 50 pessoas participaram do círculo da palavra “Legislação e políticas públicas”, um dos 10 círculos iniciados neste domingo, 9 de outubro, segundo dia do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em San Juan de Lurigancho (Lima, Peru). O encontro na Casa Comunal do Assentamento Humano (AH) Santa Rosa del Sauce contou com a presença de representantes da Rede de Cidades e Governos Locais, do Grupo de Trabalho de Sistematização do IberCultura Viva e de ganhadores/as do Edital de Mobilidade 2022. 

Também estiveram presentes neste círculo a presidenta do IberCultura Viva, Esther Hernández Torres, que é diretora-geral de Vinculação Cultural da Secretaria de Cultura do Governo do México; o vice-presidente, Federico Prieto, secretário de Gestão Cultural do Ministério de Cultura da Argentina; o representante (REPPI) da Argentina perante o programa, Diego Benhabib, e a secretária técnica do IberCultura Viva, Flor Minici.

Em seu discurso ao final dos debates, Federico Prieto agradeceu ao Grupo Impulsor do 5º Congresso e destacou a importância de gerar estruturas e possibilidades de relações entre as políticas públicas e as políticas desenvolvidas pelas organizações que atuam no territórios, para que haja um bom entendimento para avançar. “Nasceu o movimento e pouco depois nasceu o programa, refletindo também os processos da realidade. É por isso que estamos aqui, para entender um pouco a realidade, para ouvir, tomar nota e começar a trabalhar para o que é realmente necessário”, comentou.

Segundo ele, as políticas públicas têm que organizar estruturas para que quem queira fazer possa fazê-lo. “Se há algo que a cultura comunitária traz, é democratizar o poder. As organizações que participam dos movimentos, nos territórios, são o primeiro elo da democracia. A participação, do poder ser, da discussão, da descolonização, do bem viver, do bem comum, é isso que não temos que perder”.

Para o vice-presidente do IberCultura Viva, a melhor política pública que pode ser tomada, as melhores demandas, são aquelas que se tornam visíveis. “E aqueles que se tornam visíveis têm que ser o denominador para que quem tem responsabilidades institucionais possa tomar nota e aplicar essa demanda específica em uma política pública. Temos que trabalhar nesse horizonte simbólico que nos permite unir, que nos permite conhecer as organizações da América Latina e defender a democracia. Que este horizonte simbólico nos permita caminhar nesta cultura de que precisamos, em comunidade, em comunhão, onde quer que estejamos”.

08

out
2022

Em Destaque
Notícias

Por IberCultura

Tecendo esperança: começou o 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária

Em 08, out 2022 | Em Destaque, Notícias | Por IberCultura

A cerimônia de abertura do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizada neste sábado 8 de outubro, no Auditório Los Incas do Ministério da Cultura, em Lima (Peru), foi marcada por apresentações artísticas, uma mesa continental sobre “crise civilizatória e horizonte comunitário” e algumas saudações e discursos de autoridades, incluindo a presidente do IberCultura Viva, Esther Hernández Torres, diretora geral de Vinculação Cultural da Secretaria de Cultura do Governo do México.

A alegria, a energia, o trabalho feito de coração pelo grupo que organiza o evento e as organizações comunitárias presentes (cerca de 500 pessoas se inscreveram para participar do encontro) foram destacados pelas autoridades que subiram ao palco neste ato inaugural.

Janie Gómez Guerrero, vice-ministra do Patrimônio Cultural e Indústrias Culturais do Peru, destacou o trabalho do Grupo Impulsor, reconhecendo o esforço e a dedicação dos/das organizadores/as e agradeceu a energia e o bom espírito. “Quando perguntaram o que vocês trouxeram, entre todas as coisas que têm aqui, alguém gritou: amor! E, na verdade, o amor é a chave de tudo”, comentou, após reafirmar o compromisso institucional com o fortalecimento e a co-construção de políticas culturais de base comunitária, “e com ele o fortalecimento e a visibilidade do trabalho que vêm realizando em suas comunidades para o seu desenvolvimento”. 

“Esperamos que este espaço de reflexão e encontro de organizações culturais comunitárias, funcionários/as públicos/as e sociedade civil nos permita fortalecer a ação colaborativa para o empoderamento de bairros e comunidades numa perspectiva intercultural, intergeracional e de gênero”, disse a vice-ministra, ressaltando também a participação do Peru no IberCultura Viva desde o início da implementação do programa, em 2014. 

Fabíola Figueroa, Esther Hernández e Janie Gomez (no centro)

.

Esther Hernández, por sua vez, destacou que para este período (2020-2023) a presidência do IberCultura Viva dobrou o orçamento para organizações culturais comunitárias, o que permitiu que o Edital de Mobilidade 2022 apoiasse 61 organizações dos 11 países que fazem parte do programa, além do Paraguai, que é país convidado este ano e passará a integrar oficialmente o Conselho Intergovernamental em 2023.

Ela também mencionou como importante contribuição a participação da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais nos círculos da palavra do 5º Congresso, bem como em atividades com organizações culturais comunitárias, apresentando experiências e boas práticas, e capacitações sobre políticas públicas de base comunitária. 

Nessas experiências compartilhadas, ela espera que os/as participantes possam criticar e sugerir como os/as representantes de governos podem melhorar as políticas culturais comunitárias. “O principal é o que vocês têm a dizer, para nos observar e sugerir que continuemos melhorando. O compromisso do programa é continuar apoiando e aumentando os orçamentos para a cultura viva comunitária”, afirmou.

Hernández mencionou a presença do vice-presidente do IberCultura Viva, Federico Prieto, secretário de Gestão Cultural do Ministério de Cultura da Argentina, e do representante (REPPI) da Argentina no programa, Diego Benhabib, que viajou ao Peru com a secretária técnica do IberCultura Viva, Flor Minici, e a equipe da Unidade Técnica. Destacou ainda a participação do Grupo de Trabalho de Sistematização do programa, através de uma comissão que vai apoiar o 5º Congresso com a sistematização das atividades realizadas e a entrega de um documento com os resultados, articulação que foi possível com o apoio do IberCultura Viva. 

Diego Benhabib, Flor Minici e Esther Hernández

.

Ela também citou os dois livros que serão apresentados pelo programa na próxima quarta-feira, 12 de outubro, na Feira de Saberes do 5º Congresso: “Redes na Rede: Relatos do 4º Encontro de Redes IberCultura Viva”, publicação realizada em conjunto com a Prefeitura de Medellín (Colômbia) e “Por todos os caminhos: Pontos de cultura na América Latina”, escrito pelo historiador e gestor cultural brasileiro Célio Turino e traduzido para o espanhol com o apoio do IberCultura Viva.

“Parabéns por ser um congresso cheio de alegria, energia e luta constante para tornar visível o trabalho político e social que se faz a partir dos territórios. É a força desse trabalho, que está penetrando pelas brechas que às vezes são deixadas pelos discursos dominantes, que hoje está obrigando os governos a mudar a perspectiva no desenho de suas políticas públicas”, afirmou.

Em seguida, Fabiola Figueroa Cárdenas, gerente de Cultura da Municipalidade de Lima, falou sobre a emoção de participar deste encontro com muitos que estiveram com ela no 1º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em 2013 em La Paz, Bolívia. Ela também mencionou a ausência de Iván Nogales, sociólogo boliviano e fundador do Teatro Trono e da Comunidade de Produtores nas Artes (COMPA), um incansável promotor da arte comunitária, falecido em março de 2019.

“É muito bom sentir essa energia, a esperança de que tanto precisamos no mundo”, sublinhou. “Acho que é um momento importante para pensar como construir, como articular, que esse tipo de encontro aconteça nos bairros, nos territórios, do lugar onde temos que estar no momento, sempre procurando trabalhar de mãos dadas com a sociedade civil, governos locais, Estado, organismos internacionais, para buscar essas ideias de bem viver, solidariedade, a reivindicação dos povos originários, mas sobretudo a alegria que a cultura viva comunitária traz para curar nossos corações”.

08

out
2022

Em Notícias

Por IberCultura

Está chegando o 5º Congresso Latino-americano de CVC

Em 08, out 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

Começa neste sábado, 8 de outubro, no Peru, o 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. Ao longo de 8 dias, sob o lema “Tecendo esperança e solidariedade para o bem viver”, serão realizadas mais de 50 atividades, entre debates, palestras, oficinas, assembleias, feiras, apresentações artísticas e lançamentos de livros, com o objetivo de difundir a riqueza da diversidade de expressões da cultura comunitária, bem como da importância das políticas que a promovem.

Esta quinta edição do encontro, que terá formato itinerante, será realizada de 8 a 12 de outubro nas sedes de Lima (Lima Centro, Ate-Vitarte e San Juan de Lurigancho), e de 13 a 15 de outubro em Huancayo, na região de Junín. A programação inclui espaços de diálogo e intercâmbio de saberes, elaboração de planos de trabalho, apresentações artísticas e ações de incidência pública, integradas com uma abordagem de gênero e interculturalidade. 

.

Participação do IberCultura Viva 

Além de apoiar o evento com o Edital de Mobilidade, que ofereceu passagem aérea, inscrição e seguro viagem para 61 pessoas de 12 países, o programa IberCultura Viva participará da programação do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária com uma série de atividades, desde a abertura do evento, no Ministério da Cultura, até o encerramento, no sábado, 15 de outubro, no Auditório Municipal de Huancayo. 

Estarão presentes no congresso a presidente do IberCultura Viva, Esther Hernández Torres, diretora geral de Vinculação Cultural da Secretaria de Cultura do Governo do México, e o vice-presidente, Federico Prieto, secretário de Gestão Cultural do Ministério de Cultura da Argentina. O programa também será representado por Diego Benhabib, coordenador do programa Puntos de Cultura na Argentina, e a equipe da Unidade Técnica.

.

.

Dois livros serão apresentados pelo IberCultura Viva na Feira de Saberes, no dia 12 de outubro, no Parque Cívico de Santa Clara, no distrito de Ate. Um deles é “Por todos los caminos: Puntos de Cultura en América Latina”, livro do escritor e historiador brasileiro Célio Turino que sai agora em formato digital, traduzido para o espanhol, com o apoio do programa. 

A outra publicação é “Redes en la Red. Relatos del 4º Encontro de Redes IberCultura Viva – Volume I”, uma compilação dos conversatórios “Gênero e cultura comunitária”, “Saúde comunitária”, “Educação popular, arte e transformação social”, que ocorreram em setembro e outubro de 2020, virtualmente. A publicação é o terceiro volume da coleção que a Alcaldía de Medellín (Colômbia) vem desenvolvendo em conjunto com o IberCultura Viva. 

Também participam do encontro representantes da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, que estarão nos Círculos da palavra (especialmente o círculo “Legislação e políticas públicas”) e agendaram atividades com organizações culturais comunitárias, apresentando experiências e boas práticas. 

Um projeto especial da Comissão de Formação da Rede de Cidades e Governos Locais também terá início no congresso: o Ciclo de Vídeodiálogos “Direitos Culturais e Cultura Viva”, desenvolvido em colaboração com a Secretaria Municipal de Culturas de Niterói. Haverá uma apresentação inaugural, no dia 11 de outubro, seguida do Laboratório “Rumo a uma Cátedra UNESCO em Direitos Culturais, Equidade Territorial e Cultura Viva”, dirigido a representantes de governos locais, organizações paraestatais e aliados dos municípios. 

Representantes do Grupo de Trabalho de Sistematização do IberCultura Viva, por sua vez, vão apoiar o 5º Congresso Latino-Americano do CVC com a sistematização de algumas atividades realizadas esta semana, entregando um documento com os resultados, articulação que foi possível com o apoio do programa.

.

Sobre o congresso

O Congresso Latino-americano de Cultura de Comunidade Viva é o espaço de intercâmbio presencial do Movimento Latino-americano de CVC. Acontece a cada dois anos (este no Peru estava previsto para 2021, foi adiado devido à pandemia de Covid-19) e permite que os participantes compartilhem aprendizados de suas experiências, analisem a situação política e social da região, definam metas comuns e articular ações para influenciar políticas que fortaleçam e multipliquem as práticas de CVC e seu impacto nas comunidades.

O encontro é organizado em torno dos chamados “Círculos da palavra”, que são espaços orgânicos do Movimento Latino-americano de CVC, onde se canaliza a participação, deliberação e decisão das organizações e das pessoas que fazem parte do movimento.

Cada círculo aborda um tema, e esses temas expressam áreas do trabalho comunitário realizado pelas organizações em seus territórios. São eles: Arte e cultura para a transformação social; Legislação e políticas públicas; Comunicação; Infância e juventudes; Povos originários; Gênero e diversidades; Por outras economias; Educação popular e criativa; Direitos humanos; Saúde e bem viver.

No 5º Congresso Latino-americano de CVC, integrantes dos Círculos da Palavra realizarão diagnósticos a partir de experiências concretas; apresentarão propostas que respondam aos aspectos positivos e negativos dos diagnósticos e discutirão formas de se organizar para realizar as propostas apresentadas.

Além dos Círculos da Palavra, o evento conta com as Assembleias, que são a instância máxima de deliberação e tomada de decisões do Movimento CVC; a Feira do Conhecimento, definida como “espaço de encontro e intercâmbio de saberes, experiências e sensibilidades”, e os Roteiros Culturais, que incluem passeios para conhecer e trocar conhecimentos com organizações que atuam nos territórios. Os chamados “intercâmbios artísticos” incluem atos simbólicos, desfiles ou caravanas, além dos festivais CVC que costumam estar na programação. 

.

Grupo Impulsor

O Grupo Impulsor (GI) do Congresso Latino-americano de CVC, que auto-organiza esta quinta edição do encontro, é uma rede de organizações de várias regiões do Peru e membro do Movimento Latino-americano de CVC. Esse grupo foi formado em 2019, após a plenária final do 4º Congresso Latino-americano de CVC, na Argentina, onde ficou acertado que o Peru sediaria a próxima edição. 

Confira a agenda do congresso

Perguntas frequentes

Saiba mais: https://linktr.ee/perucvc

Tags | ,