Image Image Image Image Image
Scroll to Top

Para o Topo.

Blog

19

jun
2017

Em Notícias

Por IberCultura

Três dias de festa para celebrar o primeiro aniversário da Rede Cultural Chacras de Coria

Em 19, jun 2017 | Em Notícias | Por IberCultura

A Rede Cultural Chacras de Coria e Luján de Cuyo, de Mendoza (Argentina), festejará seu primeiro aniversário de 23 a 25 de junho, com um festival no Teatro Leonardo Favio e em outros espaços culturais e educativos de Chacras de Coria que abrirão suas portas para a comunidade.

A rede, formada por mais de 20 organizações, instituições e fazedores culturais, integra o programa Puntos de Cultura, do Ministério de Cultura da Argentina, que junto com o festival realizará o Encontro Regional de Puntos de Cultura de Cuyo. Está prevista a participação de representantes de Puntos de Cultura de Mendoza, San Juan, San Luis e La Rioja.

Entre as atividades programadas estão a oficina “Descolonização do corpo”, a cargo do boliviano Iván Nogales (Teatro Trono – Fundación Compa); a palestra “As organizações e seu protagonismo na vida cultural de sua comunidade”, do brasileiro Célio Turino; oficinas de danças nativas, tradicionais e folclóricas, bordado latino-americano, percussão, brincadeiras, conversas sobre bioarquitetura e ecopedagogia, e um espaço multimídia para jovens com informação sobre segurança e ferramentas no mundo digital.

O cronograma também conta com apresentação de espetáculos nos três dias, com entrada gratuita, além da realização do circuito cultural “Artistas de Portas Abertas” e de uma feira de artesãos e microempreendedores na praça distrital. A Radio Red Cultural acompanhará a programação com transmissão ao vivo.

O Festival Rede Cultural Chacras de Coria e Luján foi um dos projetos ganhadores do Edital Ibercultura Viva de Apoio a Redes 2016. Também conta com o apoio do Ministério de Cultura da Argentina, da Secretaria de Cultura da província de Mendoza, da Prefeitura de Luján de Cuyo e da Universidade Nacional de Cuyo.

A Rede Cultural Chacras de Coria foi lançada em agosto de 2016

 

 

O cronograma

 

Saiba mais:

www.facebook.com/Red-Cultural-Chacras-de-Coria-687738348098094/

 

Leia também:

Organizações comunitárias lançam a Rede Cultural de Chacras de Coria, em Mendoza

 

12

jun
2017

Em Notícias

Por IberCultura

“Tenemos Que Ver”: o cinema como ferramenta para a mudança social

Em 12, jun 2017 | Em Notícias | Por IberCultura

Somos realmente livres para escolher onde viver? Vemos como iguais aqueles que são culturalmente distintos? Será que realmente integramos a pessoa que chega? São questões como estas que buscam trazer à tona os organizadores da 6ª edição de “Tenemos Que Ver – Festival Internacional de Cine y Derechos Humanos de Uruguay”, que começa nesta terça-feira (13) e segue até 20 de junho no Auditório Nelly Goitiño (Sodre), em Montevidéu,  com entrada gratuita para todas as sessões.

Este ano o evento enfoca a migração como direito humano, buscando olhar para cada um(a) de nós como promotores da mudança e construtores de uma melhor forma de convivência, sem fronteiras. Mais de 40 longas e curtas-metragens de ficção, documentário e animação foram selecionados para mostrar as diferentes realidades que ocorrem no mundo e compartilhar experiências e reflexões sobre o tema.

Além da mostra principal de filme ao longo de uma semana, o festival conta com atividades paralelas, como as que integram o projeto “Cine y DDHH para niñas, niños y adolescentes” (Cinema e direitos humanos para crianças e adolescentes), um dos ganhadores do Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes 2016. A proposta, levada adiante pela Red Inclusiva NNA, consiste em abordar diferentes problemáticas da vida cotidiana através do cinema, gerando reflexões e debate, e buscando possíveis soluções para os conflitos, em um diálogo aberto, de respeito e intercâmbio.

O projeto

O projeto teve diferentes etapas, a começar por um chamado internacional para a apresentação de filmes sobre direitos humanos para crianças e adolescentes. Após uma primeira filtragem da equipe de programação de Tenemos Que Ver (que elegeu aqueles que tinham a ver com a temática e seguiam os critérios do festival), foram realizadas oficinas (em março, abril e maio) com grupos de crianças e adolescentes para selecionar os curtas que fariam parte da Mostra Internacional “Cine y DDHH para NNA” do festival.

Também entraram na programação da mostra os curtas de um minuto de duração ganhadores do Concurso “1 minuto 1 derecho”, em que participaram meninos e meninas de centros educativos formais e não formais. Escolas, liceus e centros juvenis estão convocados a participar das sessões do festival, com posterior debate sobre os filmes vistos. A mostra “Cine y DDHH para NNA” será apresentada em Montevidéu e em cidades de Canelones e Maldonado onde estão situadas algumas das organizações da Red Inclusiva NNA.

A rede

A Red Inclusiva NNA é uma articulação de organizações que trabalham pelos direitos de crianças e adolescentes (NNA), especialmente em contexto de vulnerabilidade e pobreza, em distintos departamentos do Uruguai. A proposta é a de unificar forças para potencializar uma cultura de respeito, utilizando o cinema como ferramenta para a mudança social.

Com o festival busca-se contribuir para a criação de condições para o exercício de uma democracia cultural, promovendo a participação, reforçando a identidade, a autoestima, o sentido de comunidade e o desenvolvimento de capacidades individuais a partir da participação cidadã e do trabalho coletivo.

 

Saiba mais:

www.facebook.com/TenemosQueVer/

www.tenemosquever.org.uy

 

 

 

09

jun
2017

Em Notícias

Por IberCultura

Recultivar México inicia suas atividades com o Colóquio Políticas e Direitos Culturais

Em 09, jun 2017 | Em Notícias | Por IberCultura

O Colóquio Políticas e Direitos Culturais, que se realiza hoje e amanhã (9 e 10) na cidade de Orizaba (Veracruz, México), marca o início das atividades de Recultivar México, Rede de Cultura Viva Comunitária. A programação  ocupa a Plaza Bicentenario de Orizaba com rodas de conversas, apresentações e mesas redondas sobre temas como  “Políticas culturais e participação na vida cultural”, “Direitos e patrimônio cultural” e “Identidade e diversidade cultural criativa”.

A rede pretende ser um espaço para o encontro dos saberes, práticas, necessidades e propostas de diversos agentes culturais, a fim de sistematizar a informação que permita incidir nas políticas culturais do estado e do país. Entre seus objetivos está a realização de atividades como oficinas, colóquios, seminários, fóruns e encontros, que enriqueçam o fazer criativo em benefício das comunidades, o fortalecimento da formação e da capacitação das organizações.

Recultivar México começou a ser formada em agosto de 2016 a partir da parceria do Observatório de Políticas Culturais da Faculdade de Antropologia da Universidade Veracruzana (UV) com o Laboratorio Escénico A.C., a incubadora cultural Nodo Sur e a Universidade Veracruzana Intercultural UVI.

 

Programa

Sexta-feira, 9 de junho

10:00  > Registro

10:30  > Inauguração e apresentação “Rumo à construção de Recultivar México”

11:20  > Conversatorio “A implementação das políticas e dos direitos culturais a partir da sociedade civil”

12:00  > Mesa redonda “Direitos e patrimônio cultural”

13:10  > Mesa redonda “Identidade e diversidade cultural criativa”

14:30  > Almoço

15:30  > Conversatorio “Redes culturais compartilhando experiências”

 

Sábado, 10 de junho

10:00 > Painel “Políticas culturais no México”

11:30 > Recesso

12:00 > Mesa redonda “Políticas culturais e participação na vida cultural”

13:10 > Apresentação “Rota metodológica de intervenção comunitária do Laboratorio Escénico, A.C.”

14:00 > Articulação de agenda conjunta

 

Saiba mais:

www.uv.mx/redrecultivarmexico

www.facebook.com/Recultivarmexico

09

jun
2017

Em Notícias

Por IberCultura

Encontro Metropolitano: os sons e as cores da Cultura Viva em Santa Ana Tepetitlán

Em 09, jun 2017 | Em Notícias | Por IberCultura

No dia 6 de maio foi realizado o primeiro dos três encontros que a rede Cultura Viva Comunitária Jalisco promoverá com o objetivo de visibilizar e articular iniciativas de arte, comunicação e educação que trabalham em nível comunitário na área metropolitana de Guadalajara (México).

Este primeiro encontro em Santa Ana Tepetitlán (Zapopan) serviu, segundo seus organizadores, “para compartilhar e dialogar sobre os fundamentos do movimento latino-americano Cultura Viva Comunitária e demonstrar, através da música, da comida, do artesanato e da tradição oral, o que nos referimos como cultura viva”.

O próximo encontro será no  dia 29 de julho ao sul de Guadalajara, em Colonia Polanco, tendo como anfitriões o coletivo CulturAula e o Coletivo Cultural Polanco. Na ocasião, as organizações devem reconhecer suas experiências, seus conhecimentos e anseios, assim como começar a vislumbrar as possibilidades de articulação.

Este ciclo de encontros metropolitanos da rede Jalisco — um dos projetos selecionados no Edital de Apoio a Redes IberCultura Viva 2016 — prevê a realização de rodas de conversa,  oficinas, atividades artísticas e dinâmicas que permitam ampliar as relações colaborativas entre as organizações e conscientizar sobre o pensar, fazer e viver o comunitário.

 

(Fotos: CVC México)

Saiba mais:

www.facebook.com/cvcmx/

 

06

jun
2017

Em Notícias

Por IberCultura

Encontro em Santiago reúne mulheres trabalhadoras das culturas e das artes

Em 06, jun 2017 | Em Notícias | Por IberCultura

Gestoras, artistas, produtoras e líderes de agrupações sociais e culturais de todas as regiões do Chile e da América Latina estarão reunidas em Santiago, de 4 a 7 de julho, para o 1º Encontro Internacional “Mujeres Trabajadoras de las Culturas y las Artes”.

O evento, um dos projetos ganhadores do Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes 2016, tem como objetivo gerar uma rede nacional e latino-americana que permita a troca de conhecimentos, potenciando a participação e a associatividade para a incidência nas políticas culturais e o desenvolvimento de um plano de trabalho colaborativo num prazo de três anos.

O encontro é de caráter gratuito, com inscrições prévias, e será realizado em três espaços de Santiago: Centro de Creación Infante (José Manuel Infante 1415, Providencia), Centro Cultural Gabriela Mistral (Alameda 227, Santiago) e Bar El Clan (Bombero Nuñez 363, Recoleta).

Seleção

Mais de 500 interessadas enviaram pedidos de inscrição a “Gestoras en Red”, a Rede de Gestoras e Produtoras Culturais do Chile, organizadora do evento. Foram realizadas três convocatórias para a seleção das participantes: “internacionais”, “inter-regionais” e “região metropolitana”.

Da região metropolitana foram selecionadas na modalidade 1 23 representantes de organizações e coletivos e sete criadoras, gestoras e produtoras independentes. Estas 30 participantes terão acesso a almoços comunitários e a todas as atividades do encontro.

Devido ao alto número de inscrições recebidas, foi aberta uma segunda modalidade, na qual as 78 selecionadas da região metropolitana deverão se encarregar da própria alimentação. Deste total, 32 são representantes de organizações e coletivos e 46 são criadoras, gestoras e produtoras independentes.

Na convocatória “inter-regionais” (com candidatas de todo o país, à exceção da região metropolitana) foram escolhidas 34 participantes na modalidade 1 (em que a organização facilita a hospedagem solidária e providencia alimentação, enquanto as selecionadas se encarregam de passagens e traslados) e 29 na modalidade 2, na qual as selecionadas devem se responsabilizar por passagens, hospedagem e alimentação.

Entre as candidatas internacionais, foram selecionadas 10 na modalidade 1, provenientes de Argentina (4), Brasil (2), Bolívia (1), Colômbia (1), México (1) e Peru (1). Na modalidade 2 (autogestão) participarão 18, provenientes de Argentina (6), Brasil (4), Bolívia (1), Costa Rica (1), Equador (1), México (1), Peru (1) e Uruguai (3).

Durante quatro dias, elas participarão de todas as atividades do encontro, buscando criar um espaço de diálogo e conhecimento entre as organizações e o trabalho que desenvolvem em seus territórios. A ideia é potenciar as relações em seus contextos nacionais e internacionais. Além disso, serão reforçadas atividades relacionadas a direitos e incidência política das mulheres trabalhadoras em nível nacional e latino-americano.

Temas

Serão desenvolvidas as seguintes temáticas: a participação das mulheres nas economias criativas; os direitos laborais e sociais para as mulheres trabalhadoras da cultura; estratégias e metodologias colaborativas para a sustentabilidade dos projetos culturais; e políticas culturais e modelos latino-americanos de colaboração. A programação está disponível aqui.

“Gestoras en Red” é integrada por FMN Chile Frente Música Nacional, Red Cultural Nekoe, Red Cultura Independiente, Colectivo Las Niñas, Red de Gestoras y Productoras Culturales de Latinoamérica, Escuela Jiwasa Jatiña, Bar El Clan, programas “Escena Viva” e “Cultura Viva” Radio USACH, Red Colaborativa de Mujeres en la Gestión y Producción Musical, Productoras Independientes e REDM.

 

Saiba mais:

https://gestorasenred.com 

 www.facebook.com/gestorasencuentro/

 

Encontro Gestoras en Red

  • 4 e 5 de julho – Centro de Creación Infante 1415. Rua José Manuel Infante 1415, Providencia.
  • 6 de julho – Centro Cultural Gabriela Mistral (GAM). Av. Libertador Bernardo O’Higgins 227.
  • 6 de julho –  Fiesta de Cierre. Bar El Clan. Bombero Nuñez 363, Barrio Bellavista. Recoleta.
  • 7 de julho –  Atividade de extensão – Centro Cultural Lo Prado. Paseo de la Artes 880, Lo Prado.      

 

Confira a programação

(*Texto atualizado em 28 de junho de 2017)

 

05

jun
2017

Em Notícias

Por IberCultura

Ministério da Cultura premiará 500 iniciativas de cultura popular no Brasil

Em 05, jun 2017 | Em Notícias | Por IberCultura

Fotos: Janine Moraes/MinC

A Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura do Brasil (SCDC/MinC) lançou nesta segunda-feira a 5ª edição do edital Culturas Populares, que tem como homenageado o cordelista Leandro Gomes de Barros. Serão premiadas 500 iniciativas de mestres, grupos/comunidades e instituições que fortaleçam expressões culturais populares brasileiras, retomando práticas em processo de esquecimento e difundindo-as para além de de suas comunidades de origem. As inscrições seguem até 28 de agosto.

Das 500 premiações, 200 serão destinadas a pessoas físicas, outras 200 a coletivos culturais sem constituição jurídica, 80 a pessoas jurídicas sem fins lucrativos e com natureza ou finalidade cultural, e 20 a herdeiros de mestres já falecidos (in memorian), em homenagem à dedicação do trabalho voltado aos saberes e fazeres populares e às expressões culturais, com reconhecimento da comunidade onde viveram e atuaram. Cada iniciativa selecionada receberá R$ 10 mil.

A secretária Débora Albuquerque

“É um recurso considerável (nestes tempos de corte orçamentário) que reflete a nossa preocupação em preservar a memória, incentivar os fazedores de cultura, reconhecer o trabalho dos mestres e das mestras, dos coletivos culturais, dos grupos tradicionais. A gente sabe que há um empenho muito grande das comunidades para manter vivas suas manifestações culturais, muitas vezes sem apoio financeiro. (O prêmio) é um reconhecimento às pessoas que dedicam a vida a manter esses trabalhos”, disse Débora Albuquerque, secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC, no lançamento do edital.

O ministro da Cultura interino, João Batista de Andrade, também presente no lançamento, falou do momento de crise vivido no país e da importância de ações como esta, de valorização de manifestações da cultura popular brasileira. “A base fundamental da nossa vida é essa cultura que nasce do povo, que se manifesta ali. Ela tem uma intensidade muito grande. Pode não ter o brilho final de um artista erudito, por exemplo, mas tem profundidade e a capacidade de revelar a vida brasileira”, afirmou.

O ministro interino, João Batista de Andrade

Ao comentar que a literatura de cordel é um fenômeno raro (“é difícil encontrar em outro lugar do mundo algo tão popular, com tantos autores, que movimente a economia e tenha esta capacidade de revelar a vida, como o cordel”), o ministro lembrou que o filme mais conhecido de sua carreira como cineasta, “O homem que virou suco” (1981), trazia uma citação do cordel  “Vida e Testamento de Cancão de Fogo”, de autoria de Leandro Gomes de Barros. “Bem só pode estar o sol/ porque ninguém o alcança/ Haja no mundo o que houver/ o sol lá nem se balança/ Enquanto a fortuna dorme/ a desgraça não descansa”, dizia Deraldo, o poeta popular deste premiado filme-cordel, interpretado pelo ator José Dumont.

O homenageado

Leandro Gomes de Barros — o “príncipe dos poetas populares”, como certa vez disse o escritor Carlos Drummond de Andrade — nasceu em Pombal, no sertão da Paraíba, em 1865. Considerado pelo folclorista Câmara Cascudo  “o mais lido dos escritores populares”, “escreveu para sertanejos e matutos, cantadores, cangaceiros, almocreves, comboieiro, feirantes e vaqueiros”.

Uma das maiores expressões desta literatura que apresenta o Nordeste brasileiro em rima, métrica e oração, Barros foi um poeta que viveu de sua obra, como autor, editor e distribuidor, fazendo versos e vendendo seus folhetos nos mercados, nas bodegas e nos trens. O período mais rico de sua produção teve início em 1893 e seguiu até 1918, ano de sua morte.

A pesquisadora Ione Severo

“O cordel foi durante muitos anos o único texto disponível para alfabetização de milhares de nordestinos que viviam longe dos centros urbanos. Também foi um jornal de época, por onde circulavam as notícias”, destacou a pesquisadora Ione Severo, conterrânea do poeta e responsável pelo acervo dele.

Em 2015, por ocasião dos 150 anos do nascimento do cordelista, foi montada uma “cordelteca” em Pombal. “Para os 100 anos de encantamento do poeta, estamos programando o Circuito Leandro Gomes de Barros, com a realização de eventos no Nordeste e em outros lugares do Brasil para divulgar sua obra”, adiantou Ione, referindo-se ao centenário de morte, em 2018.

A literatura de cordel está em processo de registro como patrimônio imaterial pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Outras manifestações da cultura popular brasileira já registradas – ou em processo de registro – pelo Iphan são o frevo, o bumba-meu-boi, o jongo, o fandango caiçara, o tambor de crioula, as congadas de Minas, os cocos do Nordeste e a marujada de São Benedito. O edital Culturas Populares 2017 se destina a iniciativas como essas, que nascem dos costumes e tradições de um povo e se expressam em saberes, fazeres, práticas e artes produzidos pela comunidade e pelos seus mestres e mestras.  

Saiba mais: 

Leia também: https://culturaspopulares.cultura.gov.br/

“Um povo deve ser reconhecido por sua cultura”

Leandro Gomes de Barros, o Príncipe dos Poetas

Entenda o que é cultura popular e suas diferentes manifestações

Cordel: literatura, diversão e informação

31

maio
2017

Em Notícias

Por IberCultura

Visitas a comunidades durante a 6ª Reunião: recuperando espaços, construindo pontes

Em 31, maio 2017 | Em Notícias | Por IberCultura

“Os velhinhos deste grupo nos divertimos/ ao diabo com a dor”, avisam os integrantes da Murga Tres de Abril àqueles que os escutam cantar e dançar. Estão juntos há uma década, desde que começaram uns cursos de teatro na vizinhança (como parte do Programa Esquinas da Cultura, desenvolvido desde 2005 pela Intendência de Montevidéu) que acabaram tornando realidade o sonho que eles tinham de subir ao palco e sair no carnaval. Alegres, de cara pintada, rindo deles mesmos em suas roupas de espetáculo, os integrantes desta “murga de avós” fizeram uma bela apresentação ao final do primeiro dia da 6ª Reunião do Conselho Intergovernamental do IberCultura Viva no Uruguai.

A apresentação da murga comunitária, na sede da Associação Civil Monte de la Francesa, no bairro Colón (Município G), encerrou a programação da quarta-feira, 24 de maio. Neste dia, terminada a sessão no Centro de Formação da Cooperação Espanhola, os participantes da 6ª Reunião do Conselho se dividiram em dois grupos para percorrer diferentes municípios do departamento de Montevidéu e conhecer algumas iniciativas de cultura comunitária desenvolvidas conjuntamente pelo Estado e pela sociedade civil.

Os grupos contavam com representantes dos países membros do programa, da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib), do Ministério de Educação e Cultura do Uruguai (MEC), do Ministério do Desenvolvimento (Mides), da Intendência de Montevidéu e a Unidade Técnica do Programa IberCultura Viva.

Enquanto metade do grupo se dirigia aos bairros Palermo/Barrio Sur, Bella Italia e Casavalle, a outra passava por Cerro, Paso de la Arena e Colón. Vários dos projetos visitados tinham uma característica em comum: funcionam em espaços que estavam abandonados, passaram por uma recuperação e hoje são geridos por vizinhos e vizinhas.

Integrantes do coral do Monte de la Francesa

 

GRUPO 1

Primeira parada: Cerro

Um dos percursos começou pelo Cerro, um dos bairros mais emblemáticos de Montevidéu, que surgiu como uma vila (fundada em 1834 com o nome de Cosmópolis), ponto de chegada de imigrantes das mais distintas procedências. No ex-Parador do Cerro, os visitantes encontraram três integrantes do coletivo Teatro para el Fin del Mundo (TFM), um programa de intervenção iniciado no México em 2012 e que tem entre suas atividades a realização de um festival artístico multidisciplinar.

Entre os princípios do TFM está a reconstrução de espaços que se encontram em condições de abandono e neles promover programas culturais. “A ideia é ressignificar estes espaços e dar-lhes visibilidade com esta característica do trabalho territorial”, explicou a coordenadora do TFM Uruguay, Susana Souto. Nas ruínas do Parador, o grupo oferece oficinas artísticas para crianças e adolescentes da zona. A Planchada e o antigo Frigorífico Castro são outros espaços do Cerro de atuação do colectivo, que hoje conta com 30 integrantes.

Além do trabalho direto com a comunidade, o TFM promove atividades voltadas aos profissionais das artes cênicas, com vistas ao intercâmbio e a experimentação entre coletivos artísticos de diferentes países. Para isso, desenvolve trabalhos de residência com grupos uruguaios interessados em intervenções artísticas, e organiza o Festival de Teatro para el Fin del Mundo, que chega à terceira edição este ano, de 1º a 5 de novembro.

 

O TFM ocupa espaços abandonados do Cerro de Montevidéu

Segunda parada: Paso de la Arena

Saindo do Cerro, os visitantes se dirigiram ao bairro Paso de la Arena, onde estavam reunidos na Casa Jovem alguns participantes do Ronda Oeste, um coletivo de organizações que trabalham com crianças, adolescentes e jovens na Zona Oeste de Montevidéu.

Considerada uma referência em termos de trabalho em rede no Uruguai, Ronda Oeste surgiu com a intenção de construir de pontes e promover atividades em comum entre aqueles que já vinham trabalhando na região, como o Liceu de Paso de la Arena, a UTU (Universidade do Trabalho do Uruguai), a Casa Jovem, a Aula Comunitária nº 4 e a Biblioteca Comunitária.Paco Espínola.

“Como organizações e projetos de trabalho, temos certa autonomia, já que existíamos antes do coletivo (…) O que tratamos de fazer com a formação do coletivo é transcender os projetos mais pontuais e gerar espaços de encontro”, afirmou Camilo Silvera, coordenador da Aula Comunitária, ressaltando que alguns dos projetos são de gestão pública (caso do liceu), e outros são de organizações que mantêm convênios com o Estado, como a Casa Jovem. A biblioteca comunitária é a única 100% gerida pelos vizinhos.

Financiado pelos fundos concursáveis do Ministério do Desenvolvimento Social, Ronda Oeste tem promovido uma série de atividades culturais na região entre os meses de setembro e dezembro. Títeres, teatro, planetário móvel, música e cinema têm chegado de forma gratuita a diferentes bairros do Oeste montevideano por meio deste projeto conjunto das organizações.

Visitantes e integrantes do coletivo Ronda Oeste, na Casa Jovem

 

Terceira parada: o castelo

Castillo Idiarte Borda

A terceira parada do percurso foi num castelo que começou a ser construído na Villa Colón em 1896, a mando do então presidente da República, Juan Idiarte Borda. Pensado em viver ali os meses de primavera e verão, Borda encomendou uma mansão em estilo francês, neoclássico, com cinco andares e amplos jardins, mas não chegou a ver o edifício terminado. Vítima do único magnicídio registrado na história del Uruguay, foi assassinado por um tenente em agosto de 1897. Levou uma bala no coração, em frente ao Club Uruguay.

Após décadas de histórias de fantasmas, luzes nas janelas das torres, invasão de indigentes e outros casos mal-assombrados, o Castillo Idiarte Borda passou a funcionar como um centro cultural que oferece atividades gratuitas aos vizinhos, como oficinas de teatro, balé, percussão, piano, violão, ginástica, karatê e filosofia. A casa é propriedade de uns espanhóis e esteve abandonada por muito tempo, até que a Comissão do Patrimônio Cultural da Nação a recebeu em comodato e passou a financiar sua manutenção, os gastos de energia elétrica, água, e a segurança. A Intendência de Montevideo colabora com seu programa Esquinas, cedendo professores para algumas disciplinas artísticas.

Quem administra o espaço é um grupo de vizinhos, que há quatro anos trabalham voluntariamente e em 2015 formaram uma associação civil. “Quando ingressamos não havia nada. A casa estava abandonada, haviam colocado fogo no piso, estava tudo muito feio”, lembrou Fabiana Scirgalea, a vizinha que atualmente responde pela presidência da Asociación de Amigos del Castillo Idiarte Borda. “Este é o orgulho maior: é um luxo que hoje as pessoas venham aqui. Não importa se têm dinheiro ou não, as portas estão abertas”.

Fabiana Scirgalea (C): “Este é o orgulho maior: que hoje as pessoas venham aqui”

 

GRUPO 2

As Usinas Culturais

A Casa de la Cultura Afrouruguaya, ponto de partida do percurso do segundo grupo, é uma construção que data de aproximadamente 1865, e que estava prestes a ser derrubada até que se conseguiu o apoio financeiro da Cooperación Española para que abrigasse este espaço da coletividade afro do Uruguai. A casa está aberta desde dezembro de 2011, como uma instituição sem fins lucrativos dedicada a promover o conhecimento, a valorização e difusão da contribuição dos afrodescendentes e seu acervo histórico, assim como a criação e a recriação de suas manifestações artísticas, culturais e sociais.

A Casa da Cultura Afro-uruguaia, no Palermo

Ali também funciona a Usina Cultural Palermo, uma das 17 “Usinas Culturales” instaladas no Uruguai. Estes centros regionais equipados com salas de gravação musical e/ou equipamento para a produção audiovisual conformam um programa da Direção Nacional de Cultura que busca descentralizar o acesso à produção cultural, instalando infraestrutura a lugares que tenham um notório déficit, e dirigindo suas atividades especialmente a jovens em situação de pobreza.

Além da sala de gravação de Palermo, os visitantes conheceram a Usina Cultural Bella Italia, inaugurada em 2013 no Mercadito do bairro, e desde então administrada por uma comissão de vizinhos. As Usinas de Bella Italia e Palermo são as duas que o programa da Direção Nacional de Cultura instalou por convênio firmado com associações civis – os outros centros regionais se tratam, em sua maioria, de convênios com as intendências/prefeituras).

A Fábrica de Turismo

O grupo também passou pelo Centro Cultural C1080, no Barrio Sur, conhecido como o berço do candombe e da cultura afro-uruguaya. A associação, vinculada a uma das grandes comparsas do carnaval uruguaio (Cuareim 1080, a C1080), está sediada no edifício onde antes existia o Conventillo Medio Mundo, o cortiço “onde começou a história de amor do candombe com o Barrio Sur”, como contou o músico Miguel Almeida.

Miguel é o guía turístico da Fábrica de Cultura que organiza o “Paseo Barrio Sur Candombe – una forma de vivir y sentir”, no qual relata – a partir da história do “conventillo” e com a participação dos vizinhos – a história dos tambores e dos moradores do bairro. O Medio Mundo teve um papel tão importante na trajetória deste gênero musical no Uruguai que o Dia Nacional do Candombe é celebrado em 3 de dezembro, data em que este prédio foi demolido (em 1978).

A Fábrica de Turismo Cultural é uma das 29 Fábricas de Cultura que foram criadas no Uruguai nos últimos 10 anos, neste programa da Direção Nacional de Cultura que leva adiante espaços de formação e desenvolvimento de empreendimentos culturais. As Fábricas se dedicam a um amplo leque de artes e ofícios, desde a produção de móveis até a joalheria, passando pelo patrimônio imaterial (como no caso do turismo cultural), e este ano – como agradecimento pelo apoio recebido – foram tema do espetáculo de carnaval  da comparsa C1080.

Miguel (D) é guia turístico do Passeio Barrio Sur Candombe

O complexo Sacude

O percurso do grupo terminou no Complexo Municipal Sacude, um projeto que busca melhorar a qualidade de vida dos vizinhos e vizinhas do Município D mediante a promoção do acesso à saúde, à cultura e ao esporte (o nome “Sacude” vem daí: “salud + cultura + deporte”).

Alba Antúnez coordena o Programa Esquinas

Construído em 2010, na regularização de três assentamentos da zona de Casavalle, o Sacude é gerido por representantes da Intendência de Montevidéu e por vizinhos e vizinhas do bairro. A comissão de cogestão é o órgão máximo de decisão del complejo. É integrada por três técnicos da Intendência, responsáveis por cada uma das áreas (saúde, cultura e esporte), três vizinhos eleitos pelo bairro, também nas três áreas, um coordenador de gestão (da Intendência), um representante do Município D e um integrante do conselho de vizinhos. Todos eles têm direito a voto e as decisões são tomadas por maioria absoluta.

“A Intendência fez uma intervenção para recuperar urbanisticamente o bairro”, comentou Alba Antúnez, coordenadora do Programa Esquinas, da Intendência de Montevidéu. “Quando se recuperou o bairro e já se tinha tudo em termos de saneamento, os vizinhos tiveram acesso a um fundo próprio para construir o que lhes interessava. Os mais veteranos, basicamente mulheres, doaram este fundo para que se construísse a parte cultural do bairro. Argumentaram que sabiam o que isso devia significar para seus netos em termos de valores e integração. Do ponto de vista econômico foi mínimo o que se aportou, mas simbolicamente foi muito forte. Eles sentem que isso é deles.”

Os vizinhos do teatro

No fim dos percursos, os dois grupos de visitantes se encontraram no Teatro de Verano de Colón, onde está a Asociación Civil Monte de la Francesa. Ali, em 1997, um grupo de vizinhos soube que havia sido assinado um decreto permitindo a demolição do Teatro de Verano e decidiu formar uma comissão para tratar de evitá-la. Depois de apresentar à Intendência em 2001 um projeto que tinha como centro o teatro, esta comissão de vizinhos deu início a uma série de tarefas para recuperar o Teatro de Verano de Colón e o espaço verde em que ele se encontra, conhecido como Monte de la Francesa.

Atualmente, o teatro tem como finalidade ser um espaço aberto de uso comunitário, onde realizam oficinas gratuitas de candombe, murga, maquiagem artística, canto coral, danças, fotografia etc, financiadas por convênios com a Intendência e aportes da associação, com fundos que saem especialmente das atividades de carnaval. Também se organizam no local rodas de conversas, geralmente sobre temas relacionados aos direitos humanos, e  as celebrações do Dia das Crianças, com espetáculos e brincadeiras. A recuperação de valores e a promoção do respeito e da segurança são considerados pilares fundamentales para este espaço de inclusão social autogerido pelos vizinhos.

“Buscamos melhorar a zona para que a recuperação do teatro não fosse vista apenas do ponto de vista arquitetônico, e sim como uma recuperação do espaço, para que as pessoas pudessem voltar a ter o sentido de identidade e pertencimento”, destacou Luís Guerreiro, um dos vizinhos integrantes da associação. “Há 10 anos ninguém transitava por esta zona. Hoje vemos gente caminhando pelas ruas à noite. Por isso é interessante o trabalho da  comunidade, a autogestão dos espaços. Além de ter a capacidade de identificar os problemas que têm, as pessoas encontram soluções para eles. O Estado deveria prover os recursos necessários e acreditar mais na gente para melhorar ou mudar a realidade do país.”

Acreditando na gente

Os avós da murga, que pintam a cara e fazem graça das limitações da idade em suas canções satíricas de carnaval, rindo deles mesmos e realizando antigos sonhos, são também um bom exemplo do que dizia Luís: que é necessário acreditar mais na gente. Ou do que afirmou Alba Antúnez ao final da apresentação dos “viejitos” no Monte de la Francesa. “Cada vez que nos aproximamos dos vizinhos, há uma força que estamos obrigados a não perder nunca. Devemos ter sempre presente que o que vale é isso: a gente, o ser humano. Somos nada mais que humanidade caminhante. E esta é nossa grandeza.”

Tags | , , ,

29

maio
2017

Em Notícias

Por IberCultura

Estão abertas as inscrições para o registro de Pontos de Cultura no Uruguai

Em 29, maio 2017 | Em Notícias | Por IberCultura

O encontro de coletivos e organizações de cultura de base comunitária realizado na última sexta-feira (26), como parte da programação da 6ª Reunião do Conselho Intergovernamental do IberCultura Viva em Montevidéu, terminou com uma boa notícia: o lançamento do registro dos “Puntos de Cultura” do Uruguai. A abertura das inscrições para o registro das organizações é o início do que pretende ser uma construção coletiva – do governo uruguaio com a sociedade civil – em torno do programa Puntos de Cultura no país.

O anúncio foi feito pelo diretor de Cultura do Ministério de Educação e Cultura do Uruguai, Sergio Mautone, no encerramento do encontro das organizações e representantes de governos, no Centro Cultural Mistério. Com a iniciativa, o Uruguai será o sexto país ibero-americano a implantar este modelo de política pública iniciado no Brasil em 2004. Argentina, Peru, El Salvador e Costa Rica também lançaram programas inspirados na experiência brasileira dos Pontos de Cultura.  

“Na Direção Nacional de Cultura entendemos que um dos pilares substantivos do desenvolvimento cultural está no desenvolvimento da política comunitária, porque é a partir desta transversalização que aportamos para a coesão social, a inclusão, o desenvolvimento e a sustentação de um sistema que tem que viver independente do Estado”, comentou o diretor.

Entendendo que o Estado tem o papel de facilitador, e que os conceitos de cultura devem ser construídos coletivamente, Mautone acredita que ferramenta ajudará o poder público a identificar e conhecer melhor as organizações da sociedade civil. Fortalecer a capacidade de gestão, poder estabelecer redes de convivência e contribuir para que todos os atores envolvidos nos processos possam redefinir ou reformular as políticas de apoio seriam alguns dos benefícios deste registro de organizações, segundo ele.

“É uma oportunidade rica para pensar conceitualmente, encher de sentido a palavra cultura, valendo-nos de uma ferramenta transformadora para poder situá-la na centralidade das decisões da agenda política e mostrar que a partir daí podemos construir uma perspectiva de desenvolvimento. Sem incorporar a cultura às estratégias de longo prazo não será possível pensar em um país no futuro.”

Participação social

Diego Benhabib, coordenador do programa Puntos de Cultura da Argentina, celebrou  com entusiasmo a iniciativa do país vizinho. “Para nós do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva, (a implementação desta política pública) é uma questão central e estratégica na região”, comentou, ao explicar de que se trata o programa de cooperação ibero-americano, suas linhas estratégicas e apoios concretos, por meio de ações como os editais de intercâmbio e apoio a redes, além da proposta de um programa de formação em gestão e políticas públicas apresentada dois dias antes na reunião do Conselho.

“O que trabalhamos na jornada de hoje, seguramente, as organizações vão seguir debatendo, porque estes processos de refletir sobre a própria realidade, as formas de participação social, são a própria essência das organizações”, ressaltou Benhabib, referindo-se às mesas de trabalho “Participação nos contextos de cultura comunitária” e “Formação nos âmbitos da cultura comunitária”, que reuniram aproximamente 100 pessoas nesta sexta-feira no Centro Cultural Mistério.

“As organizações nascem a partir da ideia de que sozinhos é mais difícil conseguir objetivos do que coletivamente”, observou o coordenador dos Puntos argentinos. “Por isso a importância da cultura comunitária: para repensar o paradigma cultural, entender que cultura também é como melhoramos a relação com o vizinho, como entendemos que o outro é um companheiro que nos complementa com a sua voz e pode nos ajudar a alcançar aquilo que individualmente não podemos.”

Benhabib: “É preciso repensar o paradigma cultural, entender que cultura também é como melhoramos a relação com o vizinho”

Mesa de encerramento

Diego Benhabib foi um dos participantes da mesa de encerramento do evento,  ao lado de Sergio Mautone, diretor nacional de Cultura; Mariana Percovich, diretora de Cultura de Montevidéu; Federico Graña, diretor nacional de Promoción Sociocultural do Ministério de Desenvolvimento Social (MIDES), e Alejo Ramírez, diretor sub-regional para o Cone Sul da Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB).

Ramírez falou da importância para a Cooperação Sul-Sul de contar com um programa como IberCultura Viva, “que tem um impacto real” e “onde todos se beneficiam mutuamente”. Graña chamou a atenção para aqueles cidadãos e cidadãs que “só têm direito a certos direitos”, e destacou a necessidade de ações concretas dirigidas às comunidades, como os projetos que trabalham, por exemplo, cultura e afrodescendentes, cultura e diversidade, cultura e discapacidade. Também comentou a importância da geração de redes, a autogestão, a participação. “As políticas são das pessoas para as pessoas, mas elas também têm que aportar, ser parte da construção da política”, afirmou.

Percovich, por sua vez, destacou a ideia de descentralização cultural defendida pela Intendência de Montevidéu, com projetos emblemáticos como o Sacude, um centro cultural gerido por vizinhos e vizinhas do bairro Casavalle. “É uma beleza de projeto que tem que ver com vocês, com a gente organizada. O Estado, neste caso o governo departamental, aporta recursos humanos, mas quem toma as decisões são as pessoas”, afirmou.

No fim do encontro, Alba Antúnez, coordenadora do programa Esquinas (desenvolvido desde 2005 pela Intendência de Montevidéu em oito municípios), tomou o microfone para agradecer a todos os presentes e lembrar que o lançamento do registro dos Puntos de Cultura se trata de um início de processo. “É um registro que obviamente, com o correr do tempo, vai implicar apoios de diferentes tipos, mas iremos conversando, construindo como será tudo isso. Para chegar a estes encontros temos avançado, e à medida que trabalhamos mais próximos, também confiamos mais uns nos outros.”

Construção coletiva

A ideia de ter no Uruguai um programa de Puntos de Cultura vem sendo discutida nos últimos meses pelas organizações e coletivos que trabalham com cultura comunitária no país  e tem avançado bem, como mostrou o encontro de sexta-feira no Centro Cultural Mistério. Entre as cerca de 100 pessoas que participaram das mesas de trabalho estavam representantes de iniciativas governamentais, como os Centro MEC e os programas Urbano e Fábricas de Cultura, e de organizações da sociedade civil, como comissões de vizinhos, centros juvenis, teatros e rádios comunitárias.

Também estava presente a Rede Metropolitana de Cultura Viva Comunitária, uma das ganhadoras do Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes 2016. Criada em novembro de 2015, por iniciativa de uruguaios que participaram das duas edições do Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária (La Paz e El Salvador) e de coletivos que queriam se juntar para articular propostas, a Rede Metropolitana propôs no edital a realização de seu segundo encontro em setembro, em Canelones, com o objetivo de reunir aportes para o 3° Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que será realizado de 20 a 25 de novembro em Quito, Ecuador.

Com o avanço dos diálogos em torno da construção do programa de Puntos de Cultura no Uruguai, o encontro metropolitano previsto passou a ter uma dimensão nacional. Por isso os dias 16 e 17 de setembro agora serão dedicados ao 1º Encontro Nacional de Cultura Viva Comunitária. O evento buscará reunir todos os coletivos e/ou participantes interessados na construção de políticas culturais que contribuam com formas de vida e trabalho comunitárias e coletivas no país.

O movimento começou há três anos no país com a Red Cultura Viva Comunitaria, que esteve à frente do primeiro encontro regional em Paysandú em 2014 e vem realizando reuniões de organizações e coletivos pensando em como contribuir com a organização do 1º Encontro Nacional. “Gostaríamos de nos encontrar com aquelas experiências que a partir da arte, da cultura e da comunicação trabalham  em bairros e populações de todo o país promovendo o encontro solidário e a participação entre vizinhos e famílias”, avisam os integrantes da rede nos chamados para o encontro. “É importante que nos reconheçamos, nos encontremos e pensemos juntos práticas de democracia participativa que nos permitam habitar o espaço público, incidir na política pública, promover ações comuns, gerar novas realidades estéticas e iniciativas sociais em diálogo permanente com as experiências latino-americanas”. O lançamento do registro dos Puntos de Cultura já é um  primeiro grande passo.

 

O registro dos Pontos

Podem se registrar como Puntos de Cultura no Uruguai as organizações, movimentos, associações, cooperativas, coletivos ou agrupações culturais da sociedade civil que trabalhem em nível comunitário, sem fins lucrativos, com pelo menos um ano de atividades ininterruptas. O registro é feito através da plataforma culturaenlinea.uy.

Os Puntos de Cultura podem ser centros culturais dos bairros, bibliotecas comunitárias, rádios comunitárias, grupos de teatro comunitário, de dança, artes circenses, audiovisuais, muralismo, literatura, boletins de barrios, gestão cultural comunitária, propostas alternativas econômicas solidárias e colaborativas, hortas comunitárias, sociedades de fomento e associações de vizinhos, que valorizem o papel da cultura e todas aquelas iniciativas que reconheçam a cultura como eixo e motor de desenvolvimento comunitário.

Para registrar um Punto de Cultura:

https://culturaenlinea.uy/proyecto/232/

Leia também:

Como organizar nossa esperança: O movimento de Cultura Viva Comunitária no Uruguai (por Paula Simonetti)

 

26

maio
2017

Em Notícias

Por IberCultura

6ª Reunião do Conselho Intergovernamental: Argentina assumirá a presidência do programa

Em 26, maio 2017 | Em Notícias | Por IberCultura

A Argentina terá a presidência do programa IberCultura Viva nos próximos três anos. A decisão foi tomada por consenso por representantes de governos de oito países nesta quinta-feira (25), ao final da 6ª Reunião do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva, realizada em Montevidéu, Uruguai. O Brasil esteve à frente do programa desde o início de sua implementação, em 2014. Além de responder pela presidência, a Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SCDC/MinC) abrigou a Unidade Técnica do IberCultura Viva nestes primeiros três anos do programa. Com o fim do mandato, decidiu-se que a Unidade Técnica também deixará Brasília em julho de 2017, passando a ter como sede a cidade de Buenos Aires.

A função da vice-presidência, que vinha sendo exercida pela Argentina desde 2016, será dividida por dois países — Chile e Uruguai — até junho de 2020. O governo chileno responderá pela primeira metade do mandato, até o fim de 2018. Ao governo uruguaio caberá a segunda metade. O Comitê Executivo, que acompanha a Unidade Técnica na execução dos trabalhos e atualmente é integrado por Argentina, Chile e Costa Rica, será formado a partir deste ano por Brasil, El Salvador e Peru. Uruguai e Chile, nos períodos em que não estarão encarregados da vice-presidência, se somarão ao trio de países do Comitê Executivo.  

A programação da 6ª Reunião do Conselho Intergovernamental começou na manhã de quarta-feira (24), no Centro de Formação da Cooperação Espanhola em Montevidéu, e terminou nesta sexta (26) com um encontro de representantes de organizações uruguaias que trabalham com cultura comunitária no Centro Cultural Mistério. Cerca de 100 pessoas, entre gestores públicos e participantes de coletivos, estiveram reunidas ao longo do dia em torno das mesas de trabalho “Participação nos contextos de cultura comunitária” e “Formação nos âmbitos da cultura comunitária”. O encontro marcou o início do que se pretende ser uma construção coletiva — do governo uruguaio com a sociedade civil — em torno de um programa “Puntos de Cultura” no país.

Participantes da 6ª Reunião no Centro de Formação da Cooperação Espanhola em Montevidéu (Foto: Clara Belda/CFCE)

Dois dias de avaliações

Nos dois primeiros dias da reunião do Conselho em Montevidéu, foram apresentados informes de desempenho técnico e financeiro do programa no período de 2014 a 2017, análises dos editais de Intercâmbio e Apoio a Redes (lançados, respectivamente, em 2015 e 2016), propostas de plano operativo para os próximos seis meses, as linhas de ação e os objetivos estratégicos para o triênio seguinte.

Na abertura do evento, Débora Albuquerque, secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura do Brasil e presidente do Conselho Intergovernamental, ressaltou a importância do encontro e a diferença deste para os cinco anteriores. “Estamos terminando o primeiro mandato e este é o momento de fazer avaliações, análises e reflexões, dos avanços do programa neste primeiro triênio. Sabemos que o Brasil é protagonista nesta política (de Cultura Viva), mas ainda precisamos avançar muito, e este programa traz a possibilidade real de intercâmbio, para trocar experiências e crescer, poder fomentar e estimular as culturas de base comunitária da região”, afirmou.

A mesa de abertura: Sergio Mautone, Débora Albuquerque, Ricardo Ramón e Marcos Acle

Além da secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC, participaram da mesa de abertura Sergio Mautone, diretor de Cultura do Ministério de Educação e Cultura do Uruguai; Marcos Acle, gerente de Cooperação do Escritório Sub-Regional da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib), e Ricardo Ramón Jarne, diretor do Centro de Formação da Cooperação Espanhola. Representantes de governos de oito dos nove países membros do programa IberCultura Viva estavam presentes: Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, El Salvador, Espanha, Peru e Uruguai. 

Programa de formação

Uma das propostas apresentadas no primeiro dia de encontro do Conselho foi a de um programa de formação IberCultura Viva a ser desenvolvida nos próximos meses: um projeto de formação em políticas culturais de base comunitária dirigido a organizações, agentes e coletivos culturais (por meio de uma convocatória para projetos nacionais, bilaterais ou multilaterais), e outro voltado para gestores públicos (um curso virtual internacional). A proposta, elaborada pela Unidade Técnica do programa, teve como base um levantamento de 107 cursos de formação em políticas e em gestão cultural identificados em 17 países do Espaço Cultural Ibero-americano.Também foram discutidas colaborações com outros programas ibero-americanos de cooperação, como Ibercozinhas, Iber-rutas  e Televisão Educativa Ibero-americana (TEIB), e com a organização do 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que será realizado entre os dias 20 e 25 de novembro de 2017 no Equador.

Equipe Segib: Jacqueline Maitza, Gabriela García e Marcos Acle

Além disso, os participantes da reunião decidiram por consenso que a administração do fundo IberCultura Viva, atualmente a cargo da Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI – Escritório Regional de Brasília), passará a ser responsabilidade da Secretaria Geral Ibero-americana, por meio do Escritório Sub-Regional do Cone Sul da Segib, sediado no Uruguai. O fundo é formado pelas cotas pagas anualmente pelos países membros do programa (os valores estabelecidos variam de país para país).

No encerramento da reunião dos representantes do Conselho, nesta quinta-feira (25), Diego Benhabib, coordenador do programa Puntos de Cultura da Argentina, agradeceu a confiança dos países membros e “a generosidade do Brasil”, e falou da responsabilidade de assumir a presidência neste momento. “É um compromisso que fomos construindo ao longo dos anos e esperamos estar à altura do que o Brasil tem significado para este processo. Queremos poder dar nosso aporte também e depois de três anos achar um outro país em condições de assumir isso, trabalhando coletivamente para fortalecer as políticas de base comunitária nos países da região e fazer crescer esta política na Ibero-América”.

Tags | ,

15

maio
2017

Em Notícias

Por IberCultura

Montevidéu será a sede da 6ª reunião do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva

Em 15, maio 2017 | Em Notícias | Por IberCultura

A 6ª reunião do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva será realizada de 24 a 26 de maio em Montevidéu, Uruguai. Nos dois primeiros dias, os representantes dos governos dos países membros farão uma avaliação dos três anos do programa e planejarão as linhas estratégicas para o próximo período. No dia 26, o Conselho se reunirá com algumas organizações locais de cultura comunitária.

Coletivos culturais da sociedade civil que trabalham em comunidades no Uruguai e estejam interessados em participar deste encontro do dia 26 devem se inscrever até 18 de maio no site da Direção Nacional de Cultura (aqui o formulário). Poderá participar um representante por organização. As vagas são limitadas. No caso de superar a capacidade, será realizada uma lista de espera.

A 6ª reunião será uma parceria da Direção Nacional de Cultura, do Ministério de Educação e Cultura de Uruguai, com o Escritório para o Cone Sul da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib) e o Centro de Formação da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid).

O encontro do governo com as organizações é uma realização conjunta da Direção Nacional de Cultura, da Direção Nacional de Promoção Sociocultural do Ministério de Desenvolvimento Social (Mides) e da Intendência de Montevidéu (por meio do Programa Esquinas de la Cultura).