Quito
Impressões de viagem (VIII): Três uruguaios contam suas vivências no Congresso de Quito
Em 01, fev 2018 | Em Notícias | Por IberCultura
O 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em Quito (Equador) de 20 a 25 de novembro de 2017, reuniu cerca de 450 participantes provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Cinquenta deles foram selecionados no Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017. Receberam passagens aéreas para acompanhar as atividades do congresso e voltaram repletos de histórias para contar sobre os seis dias de encontros, espetáculos, palestras, debates, exposições, círculos da palavra e percursos culturais que tiveram a oportunidade de ver/ouvir/viver lá.
A seguir, algumas das impressões compartilhadas nos informes de viagem por três representantes de entidades/coletivos uruguaios ganhadores deste edital: Agustina López, Esteban Barja e Virginia Degrandi.
Virginia Degrandi e o patrimônio imaterial
“O 3º Congresso de Cultura Viva Comunitária foi uma experiência sumamente enriquecedora de intercâmbio e fortalecimento”, resume a uruguaia Virginia Degrandi. “Foi uma oportunidade de nos conhecermos, gerar e fortalecer redes. De nos dar conta de que somos muitos fazendo muito e muito variado, como também uma demonstração do crescimento das manifestações de cultura viva comunitária na América Latina.”
Virginia vive em La Paloma, uma cidade balneário do departamento de Rocha, a 240 km de Montevidéu. Como representante de El Faro Colectivo Cultural no Congresso de Quito, se encarregou de contar quem são, onde e como trabalham e de trocar experiências para depois transmitir e compartir com os companheiros do coletivo.
“Em nosso caso particular e dado que somos do interior do Uruguai, de um povo de 5 mil habitantes, esta experiência nos enriqueceu em todos os aspectos. Não perdi nenhuma oportunidade de conversar e intercambiar com companheiros de vários lugares, inclusive Espanha”, cuenta. “Voltei muito satisfeita com nossa participação e com muita informação para nossa trabalho de valorização da pesca artesanal.”
Uma da principais atividades de que participó foi o círculo da palavra “Memória, identidade e patrimônio”, onde apresentou o trabalho de seu coletivo em uma palestra. “Levei a proposta que viemos trabalhando sobre a valorização da pesca artesanal como parte de nosso patrimônio imaterial, e deixe algumas perguntas para que todos buscássemos respostas a essas questões”, comenta. .
O intercâmbio e a articulação, segundo ela, “foram permanentes e inumeráveis”. Com a Casa Colorida (Galícia, Espanha), por exemplo, estão trabalhando na elaboração de um projeto transatlântico que diz respeito às mulheres trabalhadoras da pesca. E com Caminos de la Lana (Espanha) veio uma ideia de intercâmbio com Tejido a Mano (rede de mulheres tecelãs do Uruguai).
Além disso, Virginia fez contatos com integrantes do Nodo Cultural (Córdoba, Argentina) e com equatorianos pertencentes a comunidades pesqueiras, e esteve em articulações constantes com os companheiros uruguaios.
“Estas instâncias, onde nos encontramos e podemos trocar experiências, aportam uma série de certezas sobre nosso rumo. O trabalho cultural comunitário é a resposta às necessidades das comunidades de nossos territórios e isso nos dá motivação, alívio e esperança”, afirma.
“Conhecer as dinâmicas das diferentes agrupações e coletivos ao longo da América Latina nos dá novos parâmetros de trabalho, a possibilidade de compartilhar nos leva a ampliar nossas redes. Assim podemos gerar uma verdadeira democratização da cultura e seguir levando-a como bandeira para a inclusão social.”
Agustina López e as casas culturais
Agustina López é integrante de Entropía Galpón de Circo, em Montevidéu. Segundo ela, a viagem a Quito, como primeira experiência em um Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, foi muito positiva, tanto em nível pessoal como para o coletivo que ela representa.
“É um lugar de encontro e de intercâmbio riquíssimo entre diversas culturas latino-americanas. É uma forma de criar vínculos mais fortes entre os países e poder gerar redes de sustentação que reconheçam e potenciem as identidades culturais de cada país, contribuindo também para a integração na diversidade”, afirma.
Para Agustina, é importante conhecer outras realidades, distantes das próprias, e as capacidades de resiliência, criatividade e desenvolvimento de outros povos e culturas. “Conhecer um sem-fim de exemplos, formas de ser, pensar, sentir e agir que configuram o amplo leque de identidades culturais que se encontram na América Latina e a possibilidade de encontrar pontos em comum com aqueles que imaginávamos tão distantes.”
Nos dias em que esteve no Equador, ela participou do círculo da palavra “Arte e transformação social”, de oficinas de dança acrobática, dança folclórica e canto, e (como ouvinte) das jornadas de abertura e da plenária de encerramento.
Além disso, fez contatos com diversas casas culturais e agrupações de outros países que administram casas e centros culturais. “Em particular, houve um interessante intercâmbio com distintas organizações de casas comunitárias sobre objetivos, formas de autogestão, formas organizacionais e de geração de recursos”, conta.
Seu diário de viagem destaca especialmente o Circuito Rucu Ruta – Rede de Casas Culturais, organizado por Comuna Kitu no dia 22 de novembro. Este circuito, que apresentou projetos de autogestão onde se cultivam fortes valores comunitários através da convivência e das artes e/ou dos esportes, teve três paradas: Casa Uvilla, Nervio Popular e Casa Útero (Veja aqui o informe de viagem de Agustina).
Esteban Barja e a importância de seguir lutando
Integrante do Movimento Cultural Takates, Esteban Barja voltou a Las Piedras (Canelones) irmanado com a gente do encontro, sentindo-se identificado com problemáticas de vários países. “Foi muito enriquecedor, vim com montão de perguntas”, ele conta, ressaltando a “interessante mescla” que se formou em Quito e a conexão com a espiritualidade que os representantes indígenas compartilharam com os participantes (coisas que ele não costuma ver no Uruguai).
Durante o congresso, Esteban participou de dois círculos da palavra (“Fortalecimento organizativo CVC” e “Comunicação popular, narrativa coletiva e meios”), esteve no percurso dos centros culturais e também nos atos de abertura e encerramento do encontro. As atividades realizadas junto aos companheiros uruguaios ajudaram a aproximar a delegação, que voltou fortalecida e com reuniões e projetos programados para 2018.
“Creio fundamentalmente que o encontro nos deixa a mensagem de seguir lutando para poder fortalecer e desenvolver as propostas culturais que viemos realizando e propondo em nosso país. Sinto que a experiência que se vive em cada um destes encontros nos nutrem de maneira positiva, para aprender a seguir lutando por um mundo melhor e mais justo, através do desenvolvimento cultural”, comentou. “Muito longe de onde estamos e com estratégias distintas, há muito que nos atravessa, e encontramos pontos em comum na luta.”
Impressões de viagem (VII): Dois representantes de Pontos de Cultura peruanos contam suas vivências no Congreso de Quito
Em 01, fev 2018 | Em Notícias | Por IberCultura
O 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em Quito (Equador) de 20 a 25 de novembro de 2017, reuniu cerca de 450 participantes provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Cinquenta deles foram selecionados no Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017. Receberam passagens aéreas para acompanhar as atividades do congresso e voltaram repletos de histórias para contar sobre os seis dias de encontros, espetáculos, palestras, debates, exposições, círculos da palavra e percursos culturais que tiveram a oportunidade de ver/ouvir/viver lá.
A seguir, compartilhamos algumas das impressões relatadas em informes de viagem por dois representantes de Pontos de Cultura peruanos ganhadores deste edital: Cipriano Huamancayo e Javier Maraví.
Cipriano Huamancayo e os pactos de cultura
Cipriano Huamancayo Aguilar é diretor do Grupo Cultural Pukllay, um Ponto de Cultura de Lima que começou suas atividades em 1999, quando um grupo de jovens decidiu expressar a partir do teatro seu olhar da sociedade. Com o objetivo de criar pontes e se reencontrar com a sua cultura, a sua identidade, esta agrupação passou a dedicar-se não somente à criação de obras de teatro mas também à realização de fóruns, oficinas, festivais, etc.
Ao ganhar o Edital de Mobilidade 2017, Cipriano foi também convidado a participar do 2º Encontro de Redes IberCultura Viva, realizado durante o 3º Congresso Latino-americano de CVC. Além de representantes de governos locais e dos países membros do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva, esta mesa de trabalho contou com a presença de representantes de quatro organizações culturais comunitárias que tiveram incidência no desenvolvimento de políticas públicas em nível local.
Na ocasião, Cipriano apresentou a experiência peruana, contando um pouco dos 18 anos de trajetória do Grupo Pukllay e os pactos de cultura realizados em sua localidade, tendo como base três eixos de trabalho: a promoção dos direitos culturais e da diversidade cultural; o fortalecimento da cidadania através de atividades culturais, e o fomento de uma cultura de paz, reconhecimento e defesa dos direitos humanos.
“A experiência neste 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária foi enriquecedora pelas múltiplas experiências de trabalho comunitário a partir da cultura viva que têm se conglomerado e compartilhado.Também tem contribuído e me motivado a seguir neste trabalho como gestor cultural em minha localidade”, afirmou, em seu informe de viagem.
Além da mesa do 2º Encontro de Redes, Cipriano participou de atividades como as plenárias e assembleias do Conselho Latino-americano de CVC, do círculo da palavra “Legislação e políticas comunitárias”, do encontro de teatro comunitário (onde conheceu a experiência de trabalho das companheiras da Argentina), do “Percurso histórico teatral”, do circuito organizado pelo Espacio 412 em San Antonio-Mitad del Mundo, e das atividades culturais ao ar livre organizadas pelo 3º Congresso.
“A experiência me deu a oportunidade de conhecer uma variedade de experiências de trabalho comunitário tanto em nível social como também político, e isso era o que necessitávamos como organização aqui em minha localidade”, comentou. “Assim poderemos fortalecer nossa organização com nossa localidade e olhar como latino-americanos a contribuição que cada de um de nós dá a partir da Cultura Viva, trocando experiências com amigos de outros países de forma virtual e mais constante.”
Segundo Cipriano, a semana vivida no Equador acabou fortalecendo também a articulação da caravana peruana. “Durante o congresso realizamos várias assembleias para nos integramos melhor e agora estamos em reuniões, mais motivados a formar a Plataforma Nacional de CVC, assim como também a organizar um Congresso Latino-americano de CVC no Peru.”
Javier Maraví e os sonhos reais
Javier Maraví é diretor do Centro Cultural Waytay, uma associação de artistas profissionais que “semeia sonhos reais” desde 1991 a favor da arte e da educação em seus diferentes ramos, como a pesquisa, criação, difusão, publicação, oficinas, eventos e festivais. A organização, que também é um Ponto de Cultura em Lima, abriga agrupações como o Teatro Waytay, os Títeres “Poc Pocs”, as Oficinas “Floreciendo”, os Blocos “Comparsa comunitaria” e a Batucada “Rompiendo el silencio”.
Para ele, foi uma “experiência muito grata” assistir pela primeira vez a um Congresso de Cultura Viva Comunitária. “Poder compartilhar experiências com outras organizações — já que venho do campo teatral, com as duas organizações argentinas que apresentaram obras no congresso (Chacras para Todos encenou “De muros a puentes”, e a Cooperativa La Comunitaria, “Se cayó el sistema”) — foi um aprendizado vivencial, digno de replicar em minha comunidade”, comentou Javier em seu informe de viagem.
Nos dias do congresso no Equador, ele esteve em vários círculos da palavra, nas reuniões de coordenação da delegação peruana, nas sessões teatrais, nos circuitos culturais, na feira multicultural e na plenária final, onde se decidiu que o próximo congresso será na Argentina.
“Quero destacar a articulação que se deu por parte do meu país, as novas organizações, as novas experiências que estão se dando no interior do Peru, assim como também a abertura e a união de vários frentes ou movimentos, como a Plataforma de CVC, Más Cultura Más Perú, os Pontos de Cultura do Ministério de Cultura, a Municipalidade de Lima, e as organizações do interior do país”, destacou.
“Em meu distrito, El Agustino, se elaborou uma Ordenanza (Lei) de Cultura Viva Comunitária. Agora se encontra em revisão pela gerência da Municipalidade, e depois passará à Assembleia de Vereadores, com a esperança de seja aprovada. Estivemos na elaboração dos rascunhos, e quando voltamos do congresso pudemos terminar o último esboço”, contou.
Novos desafios
Além de agradecer aos organizadores do 3º Congresso Latino-americano de CVC, Javier saudou os companheiros da Argentina por solicitar a tarefa de organizar o próximo e celebrou o interesse de Cuba de se somar à rede de cultura viva comunitária que vem ganhando o continente nos últimos anos. “A renovação, a aprendizagem, o intercâmbio nos enriquece e também nos oferecem novos desafios, novos caminhos, novas perguntas. Estamos alegres de ver o movimento crescendo cada vez mais, com vontade de nos interessar por mais temas também”, observou.
“Uma grande tarefa para todos nós, as organizações de CVC: como chegaremos ao 4º Congresso, com que tarefas cumpridas, o que mostraremos e intercambiaremos quando voltarmos a nos ver, como nos reafirmaremos neste grande caminho, de quem podemos compartilhar experiências, como será nosso agir neste tempo que falta? Temos dois anos para seguir amadurecendo nossos processos”.
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Impressões de viagem (VI): três representantes da Rede Salvadorenha de CVC comentam suas experiências no Congresso de Quito
Em 25, jan 2018 | Em Notícias | Por IberCultura
O 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em Quito (Equador) de 20 a 25 de novembro de 2017, reuniu cerca de 450 participantes provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Cinquenta deles foram selecionados no Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017. Receberam passagens aéreas para acompanhar as atividades do congresso e voltaram repletos de histórias para contar sobre os seis dias de encontros, espetáculos, palestras, debates, exposições, círculos da palavra e percursos culturais que tiveram a oportunidade de ver/ouvir/viver lá.
A seguir, algumas das impressões compartilhadas nos informes de viagem por três representantes da Rede Salvadorenha de Cultura Viva Comunitária (organizadora do congresso anterior, realizado em San Salvador em outubro de 2015): Marlen Argueta, Monica Valladares e Yesenia Contreras.
Marlen Argueta e o fortalecimento organizativo
Integrante da comissão organizadora do 2º Congresso Latino-americano de CVC, realizado em El Salvador em 2015, Marlen Argueta subiu ao palco da Casa de la Cultura Ecuatoriana, no dia 21 de novembro, para representar seu país na linha do tempo que se fez da Cultura Viva Comunitária. Seu papel de referência de El Salvador no 3º Congresso se deu em vários espaços e ela aproveitou as oportunidades para falar um pouco da Red Salvadoreña de Cultura Viva Comunitaria.
Formada por cerca de 60 coletivos, a Rede Salvadorenha de CVC firmou um convênio de cooperação com a Secretaria de Cultura da Presidência de El Salvador em 13 de outubro de 2017, durante o 3º Encontro Nacional de Cultura Viva Comunitária (um dos eventos ganhadores do Edital de Apoio a Redes IberCultura Viva 2016). Foi o pronunciamento da rede, resultado deste encontro nacional, o que Marlen leu no palco da Casa de la Cultura Ecuatoriana.
Durante o congresso, Marlen também teve a oportunidade de fazer intercâmbios com diferentes experiências, tanto nas atividades propostas pelos organizadores como nas extra-oficiais. “Acredito que a mesa de fortalecimento organizativo deu um grande passo no tema da articulação latino-americana. Nunca antes havia se desenvolvido um espaço tão plural e representativo”, comentou. “O debate propicia um espaço para repensar os fundamentos teóricos, a institucionalidade, a autonomia e as alianças conquistadas em nível latino-americano.”
Para ela (“acho que é um sentir que dividimos com muitos colegas de El Salvador”), o 3º Congresso Latino-americano de CVC significou um passo que lhes permite reafirmar no trabalho coletivo. Significou uma consolidação meso-americana e latino-americana. “Durante o encontro foram criados espaços para nos encontrar como país e repensar nosso caminho, comparando-o com os de outros países. Isso fortaleceu a visão de seguir trabalhando no avanço da CVC em El Salvador”, destacou. “O congresso permitiu que o país tenha uma voz em nível latino-americano e que se visualizem os esforços de país em nível continental.”
Monica Valladares e a aliança meso-americana
Nos dias em que esteve no Equador, Monica Valladares se hospedou na casa cultural Nina Shunku, no centro histórico de Quito, e assistiu a uma série de apresentações artísticas, feiras, palestras, caravanas e círculos da palavra propostos na programação do congresso. “A abertura destes espaços serviram como pontos de referência para criar alianças entre organizações, articular ideias, compartilhar conhecimentos, intercambiar experiências e ferramentas inovadoras que nos servem para replicá-los em nossos territórios”, afirmou.
Entre as articulações realizadas, ela citou encontros com organizações provenientes de países como Peru, Equador, Argentina e Chile. “Também conseguimos afiançar nossa relação com os países irmãos centro-americanos, Guatemala, El Salvador, Costa Rica e México, e esperamos ter nosso primeiro congresso meso-americano”, acrescentou.
Ao comentar as atividades de que participou durante o congresso, Mônica destacou a inauguração, na Casa de la Cultura Ecuatoriana, quando se armou no palco a “linha do tempo” da Cultura Viva Comunitária e um bastão foi passado de mão em mão a representantes de todos os países presentes. “Houve um brotar imenso de boas energias e entusiasmo por todos os participantes, com um pequeno convívio no palco com música, risadas e rumba.”
Além disso, falou do círculo da palavra “Arte e Transformação Social”, em que representantes de El Salvador, Peru, Equador e Argentina compartilharam suas experiências nos territórios e as diversas lutas que enfrentam como organizações em seus contextos. Jensy Santos de Guazapa, de San Salvador, representou seu país neste espaço, dividindo com a plateia as experiências vividas dentro dos Conselhos para o Desenvolvimento Artístico Cultural Comunitário (CODACC), que se encontram em vários municípios e são parte da Rede Salvadorenha de Cultura Viva Comunitária.
Do segundo dia do evento, comentou sobre as quatro mesas temáticas que se juntaram falar das problemáticas enfrentadas como movimento, reunindo representantes de Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Peru e México. Laços afetivos envolvidos na intervenção e seguimento de projetos culturais; como conjugar o profissional com o trabalho comunitário e artístico; a arte como ferramenta de transformação social; gestão cultural e processos formativos foram alguns dos pontos tocados durante a jornada.
“Os dias posteriores estiveram cheios de alegria. A marcha, que estava prevista para a quinta-feira (23/11), não se realizou por motivos climáticos, e mais uma vez se comprovou que ninguém detém a Cultura Viva Comunitária”, lembrou. Sem poder ir às ruas, os participantes se reuniram na Casa del Árbol para um pequeno convívio com música e baile.
“Pessoalmente, ter participado deste congresso foi uma experiência satisfatória não apenas pela atividade em si, mas pela quantidade de conhecimentos que pude obter através das trocas de experiências com companheiros estrangeiros. As lutas que cada um de nós assumimos em nossos países, em nossas trincheiras, é o que dá sentido a todo nosso esforço e ao empenho que colocamos no nosso fazer comunitário.”
Yesenia Contreras e a identidade viva
Para Yesenia Contreras, também integrante da Rede Salvadorenha de CVC e uma das ganhadoras do Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017, a experiência no Equador foi muito proveitosa. “Ter participado deste congresso não apenas me enche de satisfação, como também me enche de compromisso ante a realidade que vive o meu país e me sensibiliza e irmana com os processos particulares dos/as companheiros/as com que tive a oportunidade de compartilhar nestes cinco dias”, comentou em seu informe de viagem.
Ao vivenciar o dia a dia de um povoado equatoriano, ela pôde “aprender que é no cotidiano que está a cultura viva de um povo, que tudo o que o envolve e o acciona dia a dia é patrimônio e idiossincrasia”.
Além disso, teve a oportunidade de participar do círculo da palavra “Arte e transformação social”, onde se “encheu de satisfação” ao ver a companheira Jensy Santos de Guazapa tendo um espaço para compartir as experiências vividas nos CODACC, e lhe chamou a atenção a palestra de Nancy Viza, que questionava o significado da palavra transformação (“transformar para que?”) e propunha um regresso às raízes para buscar uma verdadeira identidade.
“A Cultura Viva Comunitária não é um processo isolado”, concluiu Yesenia. “Vem de dentro do ser comunitário, é criativa, se sente desde a carne e representa uma identidade viva.”
Quito será sede da 8ª Reunião do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva
Em 16, nov 2017 | Em Notícias | Por IberCultura
A 8ª Reunião do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva será realizada em Quito (Equador) no próximo dia 21 de novembro, durante o 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. Este é o terceiro encontro de representantes dos países membros do programa em 2017 e o primeiro que contará com a presença do Equador, um dos países que se somaram ao IberCultura Viva este ano, junto com a Guatemala. O anúncio da adesão dos dois novos integrantes foi feito em 15 de outubro, na 7ª Reunião do Conselho Intergovernamental, realizada em Lima junto com o 2º Encontro Nacional de Puntos de Cultura do Peru.
Além das boas-vindas oficiais ao Equador, a agenda de trabalho para a 8ª Reunião estará centrada na análise do Plano Estratégico Trianual (2018-2020) do programa e do Plano Operativo Anual 2018. Os dois temas começaram a ser debatidos no encontro anterior, em Lima, assim como o lançamento da Pós-graduação em Políticas Culturais de Base Comunitária FLACSO-IberCultura Viva 2018.
Construído ao longo de 2017, este curso se realizará de maneira virtual junto à Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO), com sede na Argentina. Trata-se de uma proposta específica de formação em políticas culturais de base comunitária, dirigida tanto a agentes públicos da Cultura, sejam gestores, funcionários/as ou trabalhadores/as do Estado, como a gestores/as comunitários e membros de organizações da sociedade civil. A duração proposta será de nove meses, de março a dezembro de 2018, e o edital estará destinado aos países membros do programa IberCultura Viva.
A 8ª Reunião também será a ante-sala da ampliação do programa na articulação com instâncias municipais e estaduais. Nos dias 22 e 23 de novembro, o programa realizará em Quito o 2º Encuentro de Redes IberCultura Viva, que estará dedicado com exclusividade à articulação de uma rede de governos locais (municipais e/ou estaduais). Nas jornadas de trabalho para constituir a Rede de Cidades IberCultura Viva participarão funcionários públicos de uma dezena de cidades da América Latina e representantes de organizações culturais comunitárias com experiências de processos de incidência na construção de políticas culturais locais.
Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária reunirá 800 pessoas em seis dias de atividades em Quito
Em 14, nov 2017 | Em Notícias | Por IberCultura
Na próxima segunda-feira (20/11) começará em Quito a terceira edição do Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. O evento, organizado pela Rede Equatoriana de Cultura Viva Comunitária, deverá reunir 800 congressistas provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Serão seis dias de espetáculos, palestras, debates, exposições, feiras, círculos da palavra e percursos culturais, de 20 a 25 de novembro.
Entre os objetivos deste encontro, que tem como tema “Ser comunitário”, estão a criação de um espaço de intercâmbio e articulação de experiências e redes de cultura viva comunitária em todo o continente” e o impulso de “âmbitos de recuperação e fortalecimento de iniciativas legislativas e de política pública estatal em relação à manutenção de experiências culturais comunitárias”.
A programação completa ocupará diferentes bairros de Quito. De 20 a 25 de novembro o ponto de encontro será a Casa de la Cultura Ecuatoriana (CCE, Av. 6 de Diciembre), mas haverá atividades em vários pontos da cidade, como as Universidades Central, Católica, Andina e Salesiana, o Museu de Medicina, o Teatro Nacional, o Teatro Politécnico Nacional, o Parque Cumandá, as Casas Pukará e Machankara, além de ruas e praças do Centro Histórico de Quito.
Antes, de 17 a 19 de novembro, serão realizados os seis circuitos regionais programados como atividades prévias ao congresso. Artistas locais e representantes de delegações internacionais devem acompanhar neste fim de semana estes espaços de convivência com as comunidades, promovidos em torno de temas como “Turismo e arte nas comunas das praias de Santa Elena”, “Arte, ativismo e articulação entre coletivos do Sul” e “Tradição oral, sementes e interculturalidade de comunidades à margem do rio”.
“Tem sido uma experiência de organização colaborativa, 34 comunidades estão trabalhando em torno do congresso”, conta Isaac Peñaherrera, que é integrante da Associação Nina Shunku e da Rede Equatoriana de Cultura Viva Comunitária e há dois anos participa da comissão organizadora do evento. “Acreditamos que este investimento na localidade ajuda a potenciar muito o trabalho que as organizações culturais comunitárias vêm desenvolvendo.”
Ao longo dos seis dias do evento serão abordadas as seguintes temáticas: Autonomia, soberania e território; Economia social e sustentabilidade; Legislação e políticas públicas; Comunicação comunitária; Educação comunitária; Arte e comunidade; Gênero e diversidades; Saúde intercultural; Espiritualidades e ancestralidades; Memória, identidade e patrimônio.
Rede de cidades
Nos dias 22 e 23, em programação conjunta com o 3º Congresso Latino-americano de CVC, será realizado no Centro de Convenções Eugenio Espejo o 2º Encontro de Redes IberCultura Viva. A atividade central deste encontro será a mesa “Rede de Cidades”, em que será debatida a criação de uma rede de governos municipais e/ou estaduais associados a IberCultura Viva, com o fim de avançar no estabelecimento de políticas culturais de base comunitária em nível local e/ou estadual, além de mecanismos de adesão ao programa.
Além de organizar esta mesa de trabalho com representantes governamentais e aportar ao 3º Congresso Latino-americano com o pagamento de passagens aéreas e inscrições para os 52 ganhadores do Edital de Mobilidade, o programa promoverá em Quito a 8ª Reunião do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva. A agenda de trabalho incluirá a análise do Plano Estratégico Trianual (2018-2020) do programa e o Plano Operativo Anual 2018.
Em outubro de 2015, quando se realizou o 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária em San Salvador (El Salvador), o programa IberCultura Viva também apoiou a viagem de representantes de organizações culturais comunitárias ibero-americanas, por meio do Edital de Intercâmbio. E ainda realizou em San Salvador a 3ª Reunião do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva.
As edições anteriores
Ainda que contem com aportes governamentais, os Congressos Latino-americanos de Cultura Viva Comunitária são iniciativas da sociedade civil, organizadas por redes latino-americanas de CVC. A primeira edição, na Bolívia, se deu em maio de 2013, quando a cidade de La Paz foi “tomada poeticamente por assalto” por cerca de 1.200 ativistas artístico culturais provenientes de 17 países de América Latina.
Participaram do Congresso de La Paz 35 representantes de governos, formando uma aliança em torno de políticas públicas que possam garantir 0,1% dos orçamentos públicos para a Cultura Viva Comunitária e uma rede de cidades criativas pela Cultura Viva Comunitária. Finalizado o congresso, foi elaborado de maneira coletiva um manifesto denominado “Declaração de La Paz”, no qual os participantes ressaltaram o que havia significado este evento e algumas de suas perspectivas.
Já o 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária foi realizado em El Salvador, um país marcado por lutas, conflitos, massacres, e que vivia um momento histórico com um governo que buscava promover a mudança social por meio da cultura. O evento foi organizado pela Rede Salvadorenha de Cultura Viva Comunitária com o apoio da Secretaria de Cultura da Presidência, de 27 a 31 de outubro de 2015, sob o lema “Convivência para o bem comum”.
Durante cinco dias, cerca de 500 congressistas da América Latina e do Caribe participaram de conferências, fóruns, debates, reuniões, oficinas, apresentações e visitas a comunidades. A cordialidade, o respeito e o espírito de irmandade marcaram o encontro antes, durante e depois. Na plenária final, na Concha Acústica da Universidade de El Salvador, os participantes se juntaram para celebrar o encontro e anunciar que o próximo “congresso da cultura da alegria e do afeto” seria no Equador, em 2017.
Saiba mais:
Página web do 3º Congresso Latino-americano de CVC
Declaração de La Paz – 1º Congresso Latino-americano (Bolívia, 2013)
Manifesto de San Salvador – 2º Congresso Latino-americano (El Salvador, 2015)
Congresso de El Salvador chega ao fim com celebração afetuosa e um novo ponto de encontro: Equador
Rumo a Quito: preparativos para o 3º Congresso Latino-americano de CVC
Em 20, out 2017 | Em Notícias | Por IberCultura
O anúncio de que Equador seria sede do 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária se deu na Concha Acústica da Universidade de El Salvador, na plenária final do 2º Congresso Latino-americano, em 31 de outubro de 2015. De lá para cá, a Rede Equatoriana de Cultura Viva Comunitária tem feito tudo para poder receber 800 congressistas da América Latina nos seis dias de atividades, de 20 a 25 de novembro.
Na 7ª Reunião do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva, realizada na última segunda-feira (16/10) em Lima (Peru), o equatoriano Isaac Peñaherrera, membro da comissão organizadora do evento, comentou como andam os preparativos para o 3º Congresso, que já conta com mais de 500 inscritos de 18 países. As pessoas interessadas em participar apresentando atividades, como palestras e oficinas, têm até 22 de outubro para fazer sua inscrição.
“Tem sido uma experiência de organização colaborativa, 34 comunidades estão trabalhando em torno do congresso latino-americano”, ressaltou Peñaherrera, que é integrante da Associação Nina Shunku e da Rede Equatoriana de CVC. Ao falar do processo de autonomia deste congresso, comentou que a maior parte do investimento vem da Rede Equatoriana e do Movimento Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, e que cerca de 40% dos US$ 280 mil previstos para a realização do congresso vem de aportes do Estado equatoriano e do programa IberCultura Viva.
Equador e Guatemala somaram-se este mês ao Conselho Intergovernamental do IberCultura Viva. O programa, além de contribuir com o 3º Congresso Latino-americano com o pagamento de passagens aéreas e inscrições para os 52 ganhadores do Edital de Mobilidade, promoverá em Quito nos dias 22 e 23 de novembro o 2º Encontro de Redes IberCultura Viva. A atividade central deste encontro será a mesa “Rede de Cidades”, em que será debatida a construção de mecanismos de cooperação entre o programa e as instâncias municipais.
Atividades
“Até o dia de hoje conseguimos completar 120 palestras, 12 círculos da palavra, 19 circuitos culturais com jornadas de convivência com as comunidades, 140 apresentações artísticas (teatro, dança, música, circo e diversas expressões cênicas com artistas internacionais e nacionais), seis galerias e museus abertos. Também vamos ter cinema, 12 feiras de empreendimentos e trocas e 6 encontros de redes”, enumerou Peñaherrera.
As atividades que serão desenvolvidas de 20 a 25 de novembro terão como ponto de encontro a Casa de la Cultura Ecuatoriana (Av. 6 de Diciembre), mas haverá programação em outros lugares. Como estão previstos o intercâmbio de sementes, cerimônias, exposições, festivais, tomadas do espaço público e comunitário, espera-se a participação (indireta) de cerca de 20.000 pessoas dentro e fora da cidade de Quito.
Ao longo dos seis dias do evento serão abordadas as seguintes temáticas: Autonomia, soberania e território; Economia social e sustentabilidade; Legislação e políticas públicas; Comunicação comunitária; Educação comunitária; Arte e comunidade; Gênero e diversidades; Saúde intercultural; Espiritualidades e ancestralidades; Memória, identidade e patrimônio.
Circuitos regionais
Alguns dias antes do congresso propriamente dito, de 17 a 19 de novembro, serão realizados os circuitos regionais. Artistas locais e alguns representantes de delegações internacionais devem acompanhar estes espaços de convivência com as comunidades, promovidos em torno de temas como “Turismo e arte nas comunas das praias de Santa Elena”, “Arte, ativismo e articulação entre coletivos do Sul” e “Tradição oral, sementes e interculturalidade de nossas comunidades à margem do rio”.
“Teremos a participação de comunidades urbanas e das periferias. Acreditamos que este investimento na localidade ajuda a potenciar muito o trabalho que os Pontos de Cultura vêm desenvolvendo”, acrescentou Peñaherrera, esclarecendo que a ideia de ter “Puntos de Cultura” no Equador é defendida pela sociedade civil, mas o país ainda não conta com este modelo de programa.
Assim como a experiência brasileira que tem inspirado a implementação desta política pública em vários países ibero-americanos, a Rede Equatoriana de CVC quer tratar de ter Puntos de Cultura também dentro das universidades. Cinco universidades já estão inscritas e participando da organização do evento. “Este congresso para nós não é o fim, e sim o primeiro passo para seguirmos articulando em rede de maneira muito mais ampla”, comentou Peñaherrera.
Confira a página web do 3º Congresso: congresolatinoamericano.cvcecuador.com
Inscrições: https://bit.ly/2hYvtBD
Consultas: cvcecuador@gmail.com