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25

jan
2018

Em Notícias

Por IberCultura

Começa hoje em Barcelona a segunda edição das Jornadas Cultura Viva

Em 25, jan 2018 | Em Notícias | Por IberCultura

As Jornadas Cultura Viva que serão realizadas em Barcelona, hoje e amanhã (25 e 26/01), se apresentam como um espaço de trabalho e reflexão conjunta, um ponto de encontro das pesquisas e dos projetos levados a cabo em torno do programa Cultura Viva na Espanha. As atividades desta segunda edição das Jornadas (a primera ocorreu em março de 2016) serão no bairro  Ciudad Vieja (El Borsí, Carrer Avinyó, 23).

Na Catalunha, “Cultura Viva” é um programa transversal coordenado pelo Instituto de Cultura de Barcelona em parceria com diferentes áreas do Ayuntamiento (Prefeitura) de Barcelona, ​​entidades e projetos sociais e culturais da cidade. Vem se desenvolvendo como um programa aberto que busca reconhecer e favorecer os espaços de participação, circulação e coprodução cultural de Barcelona.

O programa Cultura Viva trabalha a relação entre comunidades, instituições e espaços independentes da cultura a partir do reconhecimento da diversidade presente nos ecossistemas culturais e no fortalecimento da produção cultural descentralizada, participada e em rede, com base nos seguintes eixos: Democracia, Inovação cidadã, Diversidade, Gestão Comunitária e Novas economias culturais.

Daniel Granados, diretor do programa, participou do 1º Encontro de Redes IberCultura Viva, realizado de 30 de novembro a 2 de dezembro de 2016 em Buenos Aires (Argentina). Por três dias, esteve na mesa “Participação social e cooperação cultural”, um dos treê grupos de trabalho formados durante o encontro por pesquisadores, representantes de governos e organizações sociais que desenvolvem políticas culturais de base comunitária em 17 países ibero-americanos.

Daniel Granados (C) leu as recomendações de seu grupo no encerramento do 1º Encontro de Redes IberCultura Viva

 

Oficinas e grupos de trabalho

As jornadas que se realizam esta semana incluem oficinas como “Economia social, cooperativismo e cultura” (Como se constitui uma cooperativa cultural? Quais são os benefícios e as vantagens de trabalhar dentro de um sistema alinhado com a economia social, solidária e cooperativa?), um workshop do projeto de Rede de Rádios Cidadãs de Barcelona, e os grupos de trabalho “Música na rua”, “Criar uma Rede de Comunidades de Memória” e “Gestão comunitária. Bens comuns e políticas culturais”.

A oficina de La Hidra Cooperativa, sobre gestão comunitária da cultura, foi uma das atividades das Jornadas de 2016

 

Confira a programação

Quinta-feira, 25 de janeiro

10:00  Bienvenida a cargo de Daniel Granados, Director del programa Cultura Viva

10:30 – 14:00  Grupo de trabajo: Música en la calle

10:30 – 14:00  Taller: Economía social, cooperativismo y cultura

10:30 – 14:00  Grupo de trabajo: Crear una Red de Comunidades de Memoria

14:30 – 16:00  Almuerzo

16:00  Bienvenida y presentación a cargo de Gala Pin, Concejala de Ciutat Vella y Participación y Daniel Granados, director del programa Cultura Viva

16:00 – 17:00  Mesa debate: Producir cooperando. “Solo no puedes, con amigos sí”. Producción Cooperativa de eventos Culturales

17:00  Presentación de las conclusiones del grupo de trabajo “Tramar una Xarxa de Comunitats de Memòria”

17:30  Presentación y debate: Música y espacio público

18:30 – 19:00  Presentación del proyecto Discofòrum Rodrigo Laviña, Joan Gual i Jordi Oliveras

19:00  Presentación y debate: Cultura, experimentación e innovación: una defensa de las instituciones excentricas

20:30  The Rigodonians

 

Sexta-feira, 26 de enero

10:00 – 14:00 Grupo de trabajo: Gestión comunitaria. Bienes comunes y políticas culturales

10:00 – 14:00 Workshop: Red de Radios Ciudadanas de Barcelona

10:00 – 12:00 Taller: sostenibilidad para nuevas economías de la cultura

11:00 – 14:00 Plenario BAM-Cultura Viva

14:30 – 16:00 Almuerzo

16:00 – 17:00 Presentación de las conclusiones del grupo de trabajo Gestión comunitaria. «Bienes comunes y políticas culturales. Retos y itinerarios»

17:00 – 17:30 Presentación de la investigación: Una nueva economía para una nueva cultura: innovaciones en las economías de la cultura en Barcelona

17:30 – 18:00 Presentación de las conclusiones del plenario BAM – Cultura Viva

18:00 – 19:00 Presentación Red de Radios Comunitarias de Barcelona

19:00 Final de las jornadas: Ciudad abierta y Cultura Viva. El derecho a la cultura

20:30 Seward en acústico

 

Fonte: Ayuntamiento de Barcelona

 

Saiba mais:?https://bit.ly/2E4EVhs.

 

23

jan
2018

Em Notícias

Por IberCultura

Impressões de viagem (V): três brasileiros contam suas vivências no Congresso de Quito

Em 23, jan 2018 | Em Notícias | Por IberCultura

O 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em Quito (Equador) de 20 a 25 de novembro de 2017, reuniu cerca de 450 participantes provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Cinquenta deles foram selecionados no Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017. Receberam passagens aéreas para acompanhar as atividades do congresso e voltaram cheios de histórias para contar sobre os seis dias de espetáculos, palestras, debates, exposições, círculos da palavra e percursos culturais que tiveram a oportunidade de ver/ouvir/viver lá.

A seguir, algumas das impressões compartilhadas por três representantes de Pontos de Cultura do Brasil ganhadores deste edital: Takaiúna Correia, Cacau Arcoverde e Gabriel Horsth.

Takaiúna Correia e o compromisso com o teatro comunitário

Takaiúna Correia é fundadora e presidenta da Associação Sócio-Cultural Cidade Livre, uma das poucas instituições que trabalham com teatro comunitário no estado de Goiás. Reconhecida como Ponto de Cultura desde 2010, a organização foi criada em 2004, em Aparecida de Goiânia, por professores, universitários, funcionários públicos e pessoas da comunidade que resolveram montar um grupo para desenvolver um trabalho socioeducativo e artístico nas escolas públicas da periferia.

Participar do 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, segundo ela, foi um divisor de águas no trabalho da instituição, “que agora se encontra pertencente a um espaço ainda maior, uma comunidade latino-americana”. “Isso transforma o pensamento, os sonhos e as perspectivas de nosso grupo, além de reforçar nossa identidade”, afirma.

Para Takaiúna, que há 14 anos desenvolve esse trabalho, a oportunidade de encontrar outros grupos e compartilhar as vivências/experiências representa um salto no que diz respeito ao pensar comunitário. “Isso consequentemente afeta o nosso fazer”, observa. “Ainda mais comprometidos com o teatro comunitário, retornamos à comunidade com o compromisso do estudo, do acompanhamento das atividades de outros grupos de teatro comunitário e do desejo de realizar um trabalho que possa ser  ampliado cada vez mais em sua qualidade técnica e afetiva, que se faça vivo e comunitário.”

 

Durante o congresso, ela assistiu a espetáculos de teatro comunitário (como o do grupo argentino Cooperativa La Comunitaria) e participou de atividades como o círculo da palavra “Arte e Transformação Social” e os circuitos das escolas promovidos pela organização Pintag Amaru. Com estes, inclusive, articulou um retorno para que o Ponto de Cultura Cidade Livre promova oficinas de teatro comunitário com crianças e adolescentes da região. Outras articulações foram realizadas com grupos como Convocados por Lúdica (Argentina), Festival del Sur (Equador) e Teatro Trono (Bolívia).

“A participação no círculo da palavra fez renovar as energias e o desejo de aprimorar o trabalho com o teatro comunitário, entendendo o seu grandioso espaço. (…) Os circuitos trouxeram o encontro com as comunidades, no caso a comunidade escolar e da montanha, e o desejo de permanecer e contribuir com elas. Agora, em solo brasileiro, estamos buscando essa oportunidade”, comenta.

Com as emoções ainda tão presentes, ela diz que “não é possível transpor as infinitas marcas deixadas pelo encontro”. “O que escrevo é uma tradução de um turbilhão de experiências/transformações que causam impactos impossíveis de mensurar, principalmente em um curto espaço de tempo, e que ainda estão em movimentos tão fortes”.

 

Cacau Arcoverde e a ampliação das representatividades

Se a Cultura Viva Comunitária é apontada como um nova alternativa de vida a ser experimentada e difundida, o sonho do pernambucano Cacau Arcoverde é ver armada uma “rede afro-ameríndia” de CVC. “Os congressos têm sido experiências muito ricas, mas olhamos em volta e quase não vemos a presença do povo negro e suas diferentes expressões culturais, suas danças, seus cantos, sua música, sua ancestralidade”, argumenta.

“Não vemos os griôs de Abya Ayala sentados em roda, compartilhando seus saberes e planejando a sua perenidade. Não vemos nossos diversos povos indígenas e suas diversas culturas vivas comunitárias”, reclama o percussionista, luthier, poeta, produtor musical, produtor fonográfico, artista visual e xilogravurista, que desde 2009 é também arte-educador no Ponto de Cultura Orquestra Sertão, em Arcoverde (Pernambuco), a 250 quilômetros de Recife.

Além de uma produtora e um selo musical, Cacau Arcoverde (na certidão, Claudio José Moreira da Silva) mantém uma web rádio, a Catimbau, para a qual fez uma série de gravações durante o Congresso de Quito. “Estou produzindo um programa que será transmitido na web rádio todos os dias, com músicas latino-americanas e fragmentos das gravações do congresso e informações gerais do movimento de CVC que está acontecendo no Brasil e na América Latina”, conta o músico em seu informe de viagem.

Gravando a plenária final, ao lado do colombiano Jorge Blandón (foto: Vera Cristina Athayde)

Entre as articulações realizadas nos dias em que esteve no Equador, ele destaca dois coletivos com os quais vê possibilidades de intercâmbios artísticos e socioculturais: o Nina Shunku, de Quito, e o Altepee, de Acayucan (México). Com o primeiro, a conversa inclui um CD de hip-hop trabalhado com instrumentação afro-brasileira. Com o segundo, o assunto são gravações de música tradicional mexicana misturadas com a música tradicional do Nordeste do Brasil.

Para Cacau, estar no 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária foi uma experiência muito proveitosa, “no sentido de fazer parte da construção dessa grande rede latino-americana, contribuindo com o desenvolvimento das redes e coletivos populares, firmando novos acordos e encontrando soluções e maneiras de ampliar nossas representatividades no contexto CVC”.

Quando fala em representatividades, ele se refere ao povo negro, aos povos indígenas, e também às mulheres e a população LGBT. “Normalmente, a presença feminina é metade da população de cada povo, porém neste território de possibilidades e trocas culturais não conseguimos que sejam metade nos momentos de fala”, alerta. “Nossa identidade de gênero, a comunidade LGBT não está representada e abordada como temática. Grupos que estão sendo assassinados sistematicamente em todo mundo, e não estamos fazendo nosso dever de casa. Devemos tomar cuidado para não reciclarmos modelos organizacionais e de representatividade dos que nos subjugaram historicamente.”

 

Gabriel Horsth e a experiência do Teatro do Oprimido

“Participar do 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária foi uma experiência muito importante, principalmente para um representante negro, homossexual e favelado como eu”, diz o carioca Gabriel dos Anjos Horsth. “Compartilhar, receber e se envolver com demandas específicas, e outras nem tanto, de cada país sobre as possíveis formas e possibilidades de desenvolver uma cultura viva e comunitária foi deslumbrante.”

Gabriel é integrante da equipe do Centro de Teatro do Oprimido, no Rio de Janeiro. Em Quito, durante três dias, realizou um curso para 23 pessoas na Casa de la Cultura Ecuatoriana,  ao lado de Micaela Bermúdez, da Plataforma Teatro del Oprimido de Quito, buscando oferecer uma experiência mais profunda sobre o método criado por Augusto Boal. Além da experimentação prática de jogos e exercícios do arsenal do Teatro do Oprimido, foram apresentados aos participantes alguns dos princípios básicos da teoria e com eles foi criada uma cena de teatro-fórum.

Gabriel e Micaela: eles ministraram junto o curso de Teatro do Oprimido durante o Congresso

 

Além do curso, esteve presente na plateia no dia de abertura do congresso — “um dos momentos mais impressionantes e mágicos do evento, onde conhecemos trabalhos de diversos grupos culturais comunitários da América Latina” — e em alguns dos círculos da palavra que faziam parte da programação. “A estratégia do Centro de Teatro do Oprimido foi focar nas discussões sobre diversidade sexual em cena para a construção e o avanço das políticas culturais e sociais numa sociedade ainda muito conservadora”, comenta.

Em um dos círculos, foi proposto o tema “gênero e diversidade”.O objetivo, ele conta, era a criação de duas mesas que incluíssem o debate sobre ações concretas para “o avanço de uma cultura comunitária menos machista e LGBTfóbica”. As mesas escolhidas foram sobre “feminismo” e “diversidade sexual ”. Como a segunda acabou cancelada por falta de quórum, o tema foi parar na mesa sobre “feminismo”, o que acabou gerando muitas discussões sobre a inclusão de pessoas LGBT no congresso, nas articulações e nos espaços de poder em geral.

“Essas discussões resultaram em enfrentamentos ideológicos, mas ao final os resultados extraídos do círculo foram importantes. No que tange à arte LGBT comunitária, infelizmente ainda temos que avançar muito em nossas ações e discursos, pois muitas das vezes estamos reproduzindo ou fortalecendo o discurso do opressor”, ressalta Gabriel, que acabou fazendo articulações com grupos e coletivos LGBT em outros eventos realizados naquela semana na cidade.

“A ferramenta mais poderosa para a construção de novos paradigmas para uma arte verdadeiramente livre de barreiras é a diversidade. E continuaremos a apostar nessa alternativa”, reforça ele, contente com o “ganho imensurável” proporcionado pela experiência no Equador. “Assistir a espetáculos incríveis de grupos comunitários é de uma beleza surreal. O congresso possibilita, ainda, o oxigênio cultural e político para continuarmos lutando e resistindo, mesmo com todos os conflitos e dificuldades diárias que existem”.

“Sou um jovem negro, gay e favelado. Estar em Quito, vivenciando, escutando, trocando e compartilhando dessa experiência é, literalmente, quebrar barreiras e paradigmas sociais impostos diariamente para minha figura. Chego ao Rio, no Centro de Teatro, no Grupo Pantera (Grupo de Teatro do Oprimido LGBT do qual sou curinga-diretor), no Complexo da Maré, com uma bagagem que não se pode colocar numa balança.”

 

18

jan
2018

Em Notícias

Por IberCultura

Impressões de viagem (IV): Dois espanhóis contam sua experiência no Congresso de Quito

Em 18, jan 2018 | Em Notícias | Por IberCultura

O 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em Quito (Equador) de 20 a 25 de novembro de 2017, reuniu cerca de 450 participantes provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Cinquenta deles foram selecionados no Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017. Receberam passagens aéreas para acompanhar as atividades do congresso e voltaram cheios de histórias para contar sobre os seis dias de espetáculos, palestras, debates, exposições, círculos da palavra e percursos culturais que tiveram a oportunidade de ver/ouvir/viver lá.

A seguir, algumas das impressões compartilhadas por dois representantes de entidades/coletivos da Espanha ganhadores deste edital: Fina Ancin Martinez e Miguel Maciel Carneiro.

 

 

Miguel Maciel e a rede transatlântica de conexões

Miguel Maciel Carneiro, do Laboratório dos Comuns La Casa Colorida (Pontevedra, Galícia), conta que desde o primeiro minuto em Quito se sentiu conectado com as diferentes coletividades dos países que faziam  parte do encontro. “Foram sete dias de conexão, participação e conversas, que nos levaram a fortalecer uma rede transatlântica de conexão e hibridações de projetos”, afirma.

Participar do 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, segundo ele, o ajudou a compreender a cultura viva comunitária, “que segue latente na América Latina, seus processos de empoderamento, e os agentes comunitários, culturais, artísticos e sociais que intervêm para mantê-la viva”. “Foi uma experiência magnífica conectar as culturas vivas de diferentes pontos do mundo para ver os processos delas.”

Miguel participou como coordenador internacional do círculo da palavra “Autonomia, soberania e território”. Neste espaço de debate, conversa, rede e construção, acompanhou os processos das mesas de trabalho “Governança comunitária” e “Articulação, circulação e passaporte cultural”, facilitando o processo para trabalhar os diferentes “comuns” de cada mesa, fomentando o trabalho em rede e impulsando as diferentes propostas apresentadas.

”Cada atividade do encontro nos permitiu compartilhar os processos que desenvolvemos na Casa Colorida, na Espanha, com coletivos, artistas, agentes sociais de todo o território latino-americano”, comenta. “Este 3º Congresso nos permitiu conhecer, compreender e interiorizar os diferentes projetos, ações e realidades que estão sendo realizados na América Latina como modelo para futuras gestões e formas de fazer em nosso território.”

As conexões começaram no alojamento escolhido para a semana de atividades no Equador: a Casa Retume. “Este espaço nos permitiu conviver com pessoas de Equador, Peru, Uruguai e Argentina, abrindo um processo de aprendizagem entre pares, fazendo um processo de universidade e intercâmbio de processos e conhecimentos com a própria vivência”, conta.

Em Quito, Miguel pôde realizar articulações com coletivos e organizações de Argentina (Nodo Cultural Córdoba, Rotonda Cultural, Movimiento de las Murgas Independientes), Chile (Comuna Recolecta, Universidad Popular), Colômbia (Funafro, Movimiento Social Afroamericano), Equador (Núcleo Federación Chachi, Casa Jaguar, Festival del Sur, La Casa de Guayasamin), Peru (Compañía Anaqueronte, Consorcio Cultural La Compañía) e Uruguay (Colectivo Cultural el Faro). “Se abriu para nós um mundo em criamos rede e coesão com diferentes agentes e coletivos.”

Fina Ancin e o passaporte da cultura comunitária

Para Fina Ancin Martinez, do coletivo Camino de la Lana (presente na Espanha, no Chile e na Argentina), a experiência no Equador foi muito enriquecedora. “Poder compartilhar com gente de diferentes países me deu ideias e formas de trabalhar dos diferentes coletivos”, comenta. “Temos que aprender a trabalhar em rede como vi que se faz, com essa troca de fazeres e saberes, nos países da América do Sul”.

Segundo ela, a atividade que mais se destacou nos dias em que esteve lá foi o círculo da palavra “Circulação e  passaporte comunitário”, no qual se propôs a criação de um “passaporte cultural” para que os coletivos possam levar seus instrumentos de trabalho pelos diferentes países sem ter problemas nas fronteiras.

Conforme a proposta apresentada no Congresso de Quito, deveriam ser beneficiadas com o passaporte pessoas que pertençam à rede de Cultura Viva Comunitária ou trabalhem em redes com os valores e princípios da CVC.

Para implementá-lo, seria necessário: 1) Criar uma lista de Pontos de Cultura nos territórios que transcenda as fronteiras nacionais; 2) Abrir um processo participativo que defina um protocolo para o passaporte comunitário; 3) Definir os diferentes selos que deem conta da atividade que a pessoa tem realizado nas comunidades.

“Este passaporte é uma autodeclaração que reconhece horizontalmente saberes e conhecimentos de quem é parte de nossa rede e empodera os fazeres e saberes populares”, explicam os componentes da mesa. “Em um futuro queremos que este passaporte sirva para articular com instituições públicas e que os Estados reconheçam sua validade, facilitando as viagens dos seres comunitários.”

Leia também:

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Impressões de viagem (III): Três costa-riquenhas comentam suas experiências no Congresso de Quito

17

jan
2018

Em Notícias

Por IberCultura

Impressões de viagem (III): Três costa-riquenhas comentam suas experiências no Congresso de Quito

Em 17, jan 2018 | Em Notícias | Por IberCultura

O 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em Quito (Equador) de 20 a 25 de novembro de 2017, reuniu cerca de 450 participantes provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Cinquenta deles foram selecionados no Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017. Receberam passagens aéreas para acompanhar as atividades do congresso e voltaram cheios de histórias para contar sobre os seis dias de espetáculos, palestras, debates, exposições, círculos da palavra e percursos culturais que tiveram a oportunidade de ver/ouvir/viver lá.

A seguir, algumas das impressões compartilhadas por três representantes de entidades/coletivos da Costa Rica ganhadoras deste edital: Mauren Pérez, Nathalia Vargas Umaña e María José Bermúdez Bonilla.

 

Nathalia Vargas e a construção de outros mundos

Nathalia Vargas Umaña é integrante de GuanaRED, iniciativa que busca gerar um espaço de intercâmbio de conhecimento, experiências e projetos entre artistas, gestores e pessoas relacionadas às Peñas culturales de 10 cantões da Costa Rica. Para ela, participar do 3º Congresso Latino-americano de CVC foi “uma maravilhosa experiência de crescimento pessoal e profissional”.

“Foi um espaço de construção e intercâmbio de conhecimentos, abarcando as diversas áreas das culturas vivas comunitárias, como as expressões artísticas e culturais, a gestão sociocultural, a agroecologia e as comunidades alternativas, assim como o encontro com povos originários de toda a América Latina”, comenta.

“Esse compartilhar nos faz pensar e acreditar que podemos seguir construindo alternativas ao desenvolvimento, que há pessoas como formigas ajudando a criar outros mundos em seus espaços cotidianos, e que o potencial de transformação social está no trabalho comunitário e de base”, ressalta.

Nathalia traz consigo a ideia de que o tema da Cultura Viva Comunitária é um eixo transversal em tudo o que faz, sobretudo na Rede de Pontos de Cultura de Costa Rica e nas atividades desenvolvidas a partir da GuanaRED. “Ainda que muitos de nós conheçamos o contexto e a que se refere (a CVC), ainda há muito desconhecimento entre coletivos e comunidades”, observa, afirmando ter voltado com muito para dividir com seu coletivo e cheia de novas ideias para colocar em prática.

Parte da delegação costa-riquenha em Quito

María José Bermúdez e a cultura da água

María José Bermúdez Bonilla foi ao Equador como representante do Escritório de Culturas Vivas Comunitárias da Asociación Administradora del Acueducto Rural de Poás y Barrio Corazón de Jesús, Aserrí. Sobre esta experiência, fez inclusive uma apresentação durante o 2º Encontro de Redes IberCultura Viva, realizado durante o 3º Congresso Latino-americano de CVC com a participação de representantes de governos locais.

Também esteve numa reunião com a delegação costa-riquenha, trabalhando uma primeira ideia da facilitação metodológica do círculo da palavra “Educação criativa e transformação social”; fez uma palestra no círculo “Legislação e políticas comunitárias”; participou de um espaço de diálogo e articulação da Rede Maraca com gestores meso-americanos, e assistiu a espetáculos de teatro, circo e música.

Apresentação durante o 2º Encontro de Redes IberCultura Viva

 

Visitou, ainda, o Museu Yaku, um antigo aqueduto que atualmente apresenta um serviço pedagógico interativo sobre a gestão comunitária da água. O contato, segundo ela, propiciará o intercâmbio por meio de videoconferência com integrantes do museu, como uma roda de conversa, com integrantes do Aqueduto de Poás e Bairro Corazón de Jesús. Na ocasião, serão convidadas outras organizações comunitárias.

“Foi uma experiência de grandes aprendizagens e oportunidades de encontro e intercâmbio para o trabalho que se desenvolve no Escritório de Culturas Vivas Comunitárias do Aqueduto”, comenta. “A participação no congresso gera um antecedente importante para a associação, já que permite reconhecer os aquedutos como gestores de cultura. O congresso seria assim uma plataforma para posicionar reflexões vinculadas à política pública em matéria da gestão da cultura da água.”

Maria José: “Foi uma experiência de grandes aprendizagens e oportunidades de encontro” (Foto: CVC Ecuador)

Mauren Pérez e o “bastão da Cultura Viva Comunitária”

Mauren Pérez, integrante do Movimento de Culturas Vivas Comunitárias de Costa Rica, foi quem subiu ao palco da Casa de la Cultura Ecuatoriana, no segundo dia do congresso, para receber o “bastão da Cultura Viva Comunitária”, representando seu país na linha do tempo que prepararam sobre o movimento de CVC na América Latina.  

O papel de representante da Costa Rica havia sido acordado em assembleia, durante o I Congresso Nacional de Culturas Vivas Comunitárias, realizado nos dias 29 e 30 de julho de 2017 na província de Cartago. O evento, preparatório para o 3º Congresso Latino-americano de CVC, foi um dos projetos ganhadores do Edital de Apoio a Redes IberCultura Viva 2016.

“Com isso, assumi uma série de responsabilidades e tarefas que me permitiram conhecer muitas pessoas, fazer parte das principais atividades e tomar a palavra durante o Congresso de Quito. Ainda que tenha sido uma forte carga de trabalho, foram gratas  experiências compartilhadas que somam à minha vida pessoal e profissional, e sobretudo aos processos comunitários com os quais me vinculo”, conta.

Ao comentar as articulações realizadas no Equador, Mauren divide as conquistas em três níveis. “Em nível nacional, fortalecemos a relação com as pessoas e organizações beneficiadas com o Edital de Mobilidade 2017. Além disso, o processo preparatório envolveu pouco mais de 50 organizações de cultura comunitária”, afirma. “Em nível centro-americano, foi possível dialogar estratégias para fortalecer a articulação na região, e em nível latino-americano, não apenas nas relações a partir das conversas informais, mas também durante os círculos da palavra, entre projetos, organizações e redes com afinidade temática.”

Em espaços propriamente para a articulação, a partir de encontros de redes e coletivos vinculados à Rede Equatoriana de CVC, ela pôde participar do “Diálogo e fortalecimento de atores, ativistas e gestores culturais de Quito”. Também esteve em espaços de convivência e reconhecimento que constavam na agenda da Rede Equatoriana de CVC, tais como circuitos comunitários, festivais artísticos, casas comunitárias, feiras artesanais e celebrações informais.

 

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16

jan
2018

Em Notícias

Por IberCultura

Impressões de viagem (II): Três chilenas contam suas vivências no Congresso de Quito

Em 16, jan 2018 | Em Notícias | Por IberCultura

O 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em Quito (Equador) de 20 a 25 de novembro de 2017, reuniu cerca de 450 participantes provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Cinquenta deles foram selecionados no Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017. Receberam passagens aéreas para acompanhar as atividades do congresso e voltaram cheios de histórias para contar sobre os seis dias de espetáculos, palestras, debates, exposições, círculos da palavra e percursos culturais que tiveram a oportunidade de ver/ouvir/viver lá.

A seguir, algumas das impressões compartilhadas por três representantes de entidades/coletivos do Chile ganhadoras deste edital: Rosa Angelini Figueroa, Nicole Vásquez Tapia e Manuela Cepeda Arroyo.

 

 

Rosa Angelini e a construção do “ser comunitário”

Rosa Angelini é realizadora audiovisual, codiretora de Gestoras en Red, Rede de Gestoras e Produtoras Culturais do Chile e América Latina, e também integrante da FMN Chile (Frente Música Nacional). Em seu informe de viagem, ela conta que participou de quase todas as atividades propostas na programação do congresso e dos círculos da palavra “Gênero e diversidades” e “Fortalecimento organizativo CVC”.

“Foi uma experiência de muita aprendizagem, em que se valorizou e reconheceu a contribuição do trabalho comunitário e territorial, podendo conhecer organizações emergentes e outras consolidadas em nível latino-americano”, afirmou. “Esta experiência nutre nossa organização e fortalece o trabalho de base comunitária.”

Para Rosa, toda instância que propicie o encontro entre diversos agentes culturais é valiosa. E a experiência em Quito, além de dar uma visão sobre a realidade da cultura comunitária em cada país, trouxe conhecimentos sobre a construção do “ser comunitário, construção diversa segundo cada território, disciplina artística ou trabalho, em que cada agente cultural e pessoas que formam estas comunidades dão sentido a sua visão de ser social, responsabilizando-se por seu entorno e contribuindo para a sociedade com seus fazeres coletivos e particulares”.

Em paralelo às atividades da programação oficial, delegados e organizações chilenas que participaram do congresso se reuniram para conhecer o trabalho que realizam em seus territórios e definir objetivos em comum como comitiva chilena. Além disso, levantaram uma declaração com o fim de propor e construir uma rede transparente a respeito da representatividade e articulação de um movimento de Cultura Viva Comunitária no Chile.

“Nela apelamos pela transparência, confiança e diversidade de nossas práticas culturais, assim como também por uma representatividade efetiva, democrática e respeitosa”, comentou Rosa. “Esperamos que isso seja útil para a construção de uma rede nacional que sirva para uma real articulação de práticas culturais comunitárias que se desenvolvem no Chile e que reflita o sentir comum das organizações.”

Ao falar das articulações realizadas durante o congresso, ela citou algumas conquistas. Entre elas, os pontos em comum a que chegaram as 14 organizações culturais chilenas, “para desenhar e criar futuras açõe em conjunto, como Rede Nacional de Cultura Comunitária”; a integração de mais organizações culturais lideradas por mulheres para a rede de gestoras e produtoras culturais; a concretização de aliança de trabalho e colaboração com as organizações chilenas Danza Sur, Escuelita Artística Comunitaria de Lo Espejo, Plataforma Cultura Viva Comunitaria, Cultura Puyuhuapi e Colectivo La Chispa.

Rosa Angelini é uma das diretoras de “Gestoras en Red”

 Nicole Vásquez e o fortalecimento organizativo

Nicole Vásquez é psicóloga, membro da equipo base das oficinas de cinema comunitário “Aquí Nos Vemos”. Desenvolve desde 2012 espaços educativos informais para crianças, jovens e adultos em Santiago, e foi ao Equador com a missão de representar as oficinas no  3° Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária.

Nesses dias em que esteve em Quito, além de participar da articulação do movimento chileno de CVC e poder compartilhar com organizações e coletivos de seu país, como Danza Sur, Escuela Artística Comunitaria de Lo Espejo e a Rede de Produtoras e Gestoras Latino-americanas, teve a possibilidade de conhecer entidades latino-americanas, como “La Mancha, taller de arte para niños” (Peru), e Mindo Cultura (Equador).

“A participação no congresso nos permitiu dar a conhecer nosso trabalho, sobretudo a vinculação que realizamos entre cinema e saúde comunitária. Além disso, nos permitiu mostrar o trabalho das produtoras de cinema comunitário da Rede Aquí Nos Vemos”, ressaltou. “Por outro lado, acolhemos o aprendido sobre o movimento Cultura Viva Comunitária, uma vez que nos oferece uma nova forma de apresentar o fazer comunitario, muito mais democrática e com forte caráter político. O contato com outras organizações e as articulações realizadas vão potenciar nosso trabalho, à medida que existe uma forte intenção de colaboração mútua.”

Seu diário de viagem dedica-se ao círculo da palavra “Fortalecimento organizativo”, uma atividade em que não tinha intenção de participar (pensava incorporar-se à outra mesa de trabalho, sobre comunicação popular e meios comunitários), e que acabou assistindo para saber mais sobre Cultura Viva Comunitária. “Antes do congresso não conhecia o movimento CVC, só havia lido alguns textos, mas não compreendia o horizonte estratégico que busca alcançar. Neste círculo, pude me empapar da história, das discussões atuais e das projeções do movimento, entendendo a importância de ser parte e colaborar com este espaço”, comentou.

Nicole destacou especialmente o comentário feito por um companheiro boliviano. “Ele falava que o movimento de CVC é arrítmico, está em constante processo de transformação, avança, mas também retrocede. Segundo ele, a conjuntura política de cada país afeta o movimento”, observou. “Me parece muito importante acolher esse olhar: a construção do trabalho comunitário na América Latina necessariamente deve considerar a história e as conjunturas políticas. O movimento CVC aposta na transformação social, na criação de espaços culturais contra-hegemônicos que favoreçam o trabalho de base e a cultura nascida dos próprios territórios.”

Parte da delegação chilena na Casa de la Cultura Ecuatoriana, onde se realizou o congresso

Manuela Cepeda e a experiência que lhe deu “base e a carne” 

Para a atriz Manuela Cepeda, gestora do Centro Cultural y Artístico El Cahuín, a  experiência em Quito “deu base e carne” aos seus fazeres, foi uma “instância de profunda aprendizagem, de reconhecimento e intercâmbio de experiências com outras pessoas, de diversos países da América Latina”.

Além de participar de atividades como o círculo da palavra “Fortalecimento organizativo” e da plenária final, como as companheiras chilenas, Manuela esteve no percurso histórico teatral que se fez no final do congresso e pôde realizar uma série de articulações com redes de teatro de El Salvador, Bolívia e Peru, e com representantes de organizações da Argentina, El Salvador, Bolívia, Colômbia e Equador.

Em nível nacional, nas reuniões da comitiva chilena, ficou como encarregada de difundir e coordenar o movimento de Cultura Viva Comunitária na Região do Maule. Assim, terminado o congresso, no dia 2 de dezembro, durante o “Encontro da mesa regional de ICC-OCC” do Maule, Manuela pôde expor sobre a experiência de participação no congresso, falar sobre o movimento de CVC e sobre o programa IberCultura Viva.

“Com as organizações que se interessaram em conhecer mais sobre o tema, propusemos um convite para ir às suas comunidades e difundir o vivenciado e os aprendizados”, contou em seu informe de viagem. “Me parece que IberCultura Viva, com a instância de mobilidade, oferece uma grande possibilidade a pessoas como nós, que desenvolvemos um trabalho silencioso e permanente em nossas comunidades. Participar destes encontros e conhecer o movimento, além de outras experiências, relatos, especialistas, são um aprendizagem enorme que dão corpo e teoria aos nossos fazeres, o que muitas vezes é experimental e instintivo.”

Os atores chilenos Manuela Cepeda e Cristian Mayorga em Quito

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Impressões de viagem: três argentinos contam suas vivências no Congresso de Quito

 

16

jan
2018

Em Notícias

Por IberCultura

Impressões de viagem: três argentinos contam suas vivências no Congresso de Quito

Em 16, jan 2018 | Em Notícias | Por IberCultura

O 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em Quito (Equador) de 20 a 25 de novembro de 2017, reuniu cerca de 450 participantes provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Cinquenta deles foram selecionados no Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017. Receberam passagens aéreas para acompanhar as atividades do congresso e voltaram cheios de histórias para contar sobre os seis dias de espetáculos, palestras, debates, exposições, círculos da palavra e percursos culturais que tiveram a oportunidade de ver/ouvir/viver lá.

A seguir, algumas das impressões compartilhadas por três representantes da Rede Nacional de Pontos de Cultura da Argentina ganhadores deste edital: Claudia Herrera, Margarita Palacio e Eduardo Balán.

 

Claudia Herrera e a identidade indígena

Claudia Herrera é integrante do Ponto de Cultura Indígena “Raíces Ancestrales”, produtora de conteúdos audiovisuais da Comunidade Huarpe Guaytamari, em Uspallata (Mendoza, Argentina). Chegou a Quito com a incumbência, dada por sua organização, de “dar visibilidade às identidades indígenas como culturas vivas, em um espaço latino-americano importante que tem como essência a cultura comunitária, assim como acontece com os povos originários”. Cumpriu a missão amplamente.

“É a primeira vez que tenho a possibilidade de participar de um Congresso de CVC”, contou em seu informe de viagem. “No primeiro dia me senti um pouco sozinha, mas depois participei dos distintos momentos propostos no programa e pude compartilhar nossos saberes e me alimentar de outros”.

Além disso, pôde entabular novas relações: “Meus olhos se encheram de outros olhos, meus abraços se cruzaram com outros abraços, meu coração bateu junto a outros corações, todos vindos do mesmo Grande Coração dos Povos. E então voltamos a rearmar a trama da vida das culturas com cada fibra diversa que somos nós, diversas cores, pensamentos, práticas, sentimentos…para voltar a tecer as culturas comunitárias que estão mais vivas que nunca!”.

Entre as atividades desenvolvidas na semana em que esteve no Equador, Claudia destacou a assembleia final – onde foi acordada a realização do próximo Congresso Latino-americano de CVC na Argentina – e uma palestra no círculo da palavra “Comunicação Popular e Meios Comunitários”, em que falou de comunicação com identidade, a experiência da produtora Raíces Ancestrales, e o processo histórico dos povos indígenas na Argentina.

Com participação ativa neste círculo de comunicação, também se fez presente como mestre de cerimônia indígena, na bênção do tecido realizado por todos os círculos com suas conclusões. Também foi ela quem recebeu o “bastão da Cultura Viva Comunitária”, assumindo a responsabilidade de levá-lo à Argentina, sede do 4º Congresso, em 2019.

Eduardo Balán entrega a Claudia Herrera o bastão da Cultura Viva Comunitaria: próximo congresso será na Argentina

Margarita Palacio e a comunicação comunitária

Participante pela segunda vez de um Congresso Latino-americano de CVC (foi a El Salvador em 2015), Margarita Palacio também esteve muito comprometida com os círculos da palavra “Comunicação comunitária, narrativa coletiva e meios” e “Arte e transformação social”. “Foram três jornadas intensas, com profundos intercâmbios de distintos pensamentos e modos de ver”, afirmou a dirigente da Associação de Mulheres La Colmena, que desde 1988 administra a FM Reconquista, a “rádio da esperança”, em Villa Hidalgo, José León Suárez, na região metropolitana de Buenos Aires.

Margarita foi a Quito interessada em apresentar a experiência de seu coletivo, já que em março a rádio completa 30 anos no ar, de forma ininterrupta, “algo impactante tendo em conta o território altamente vulnerável”, além de coordenar um espaço em rede constituído por 30 organizações sociais e comunitárias do território, a Rede Comunicacional e Social Reconquista.

Nos dias em que passou no Equador, ela pôde participar de debates e espetáculos, realizar gravações e fazer uma série de articulações com representantes de outras organizações, inclusive de países andinos e povos originários, como planejava, já que recentemente sua organização estreou a obra “O tesouro dos incas”.

Margarita (a 3ª, da esq. para a direita): “Foram jornadas intensas, com profundos intercâmbios”

 

Uma discussão, no entanto, seguiu como tema pendente para outra oportunidade: “Do meu ponto de vista, a contradição não resolvida é (exagerando, claro está): até que ponto as redes internéticas podem suplantar o trabalho territorial, a construção lado a lado? É possível levar adiante transformações a partir das redes aéreas?”

E se assim for, ela segue perguntando, “qual é a estética e a mensagem, ou seja, a modalidade das linguagens empregadas apropriadas por nossas comunidades? Apropriadas, assimiladas? Conteúdos que em seu fundo e forma representem isso que temos chamado de ‘bem viver’…”

“Por outro lado, ficamos no pequeno, no pontual, e persistir no isolamento também pode ser entendido como funcional para isso que hoje não permite a democratização dos setores populares”, observa. “Por isso é relevante seguir apostando nos encontros, nos intercâmbios, para ir construindo um pensamento verdadeiramente próprio e latino-americano.”

Encontro da delegação argentina

Eduardo Balán e a política colaborativa

Como se pôde ver, material para reflexão e debate não faltou nos seis dias de atividades em Quito. Eduardo Balán, coordenador geral da agrupação cultural El Culebrón Timbal e líder do coletivo Pueblo Hace Cultura, apresentou seu trabalho “Hacia una Política Colaborativa”, buscando aportar uma série de reflexões que pudessem ser úteis para repensar as condições de surgimento e desenvolvimento das organizações e redes de Cultura Viva Comunitária na América Latina e suas perspectivas para a construção de uma sociedade mais equitativa e do “bem viver”.

“Até 2019, nos propomos a impulsionar um Festival Latino-americano de Cultura Viva Comunitária que possa, neste sentido, visibilizar o esforço da convergência de uma agenda programática entre os movimentos sociais e políticos latino-americanos em torno de prioridades que possam funcionar como um horizonte de busca e construção para o ‘Povo dos povos’ que constituímos coletivamente”, escreveu.

Em sua estada no Equador, Balán teve a oportunidade de participar do círculo da palavra voltado para a temática de fortalecimento organizativo, dos debates do Conselho Latino-americano de CVC, dos percursos pelas comunidades, festivais e intercâmbios. A experiência, segundo ele, foi “altamente enriquecedora e de intensos aprendizados metodológicos e organizativos, também no aspecto conceitual e de intercâmbio de experiências”.

 

Impressões de viagem (II): Três chilenas contam suas vivências no Congresso de Quito

Impressões de viagem (III): Três costa-riquenhas comentam suas experiências no Congresso de Quito

Impressões de viagem (IV): Dois espanhóis contam sua experiência no Congresso de Quito

 

29

dez
2017

Em EDITAIS
Notícias

Por IberCultura

Dez textos são selecionados para a publicação sobre políticas culturais de base comunitária

Em 29, dez 2017 | Em EDITAIS, Notícias | Por IberCultura

O programa IberCultura Viva informa a lista de textos selecionados para integrar a publicação sobre políticas culturais de base comunitária que será editada no primeiro semestre de 2018. Foram selecionados 10 textos apresentados por participantes do Brasil, da Espanha e do Equador.

Os autores das outras cinco propostas que haviam sido habilitadas na etapa anterior do edital e não foram selecionadas terão três dias corridos para interpor recursos. Para tanto, deverão dirigir um texto com os motivos para a reconsideração da seleção ao e-mail programa@iberculturaviva.org, com a indicação de “Recurso” no assunto. O prazo termina no dia 1º de janeiro de 2018, às 23h59 (horário de Buenos Aires).

O Edital para a Seleção de Textos sobre Políticas Culturais de Base Comunitária IberCultura Viva teve como objetivo provocar reflexões e contribuir para a divulgação de experiências de organizações da sociedade civil que são ou tenham sido  colaboradoras de políticas governamentais de cultura de base comunitária.

A análise dos textos foi de responsabilidade do Comitê Curador do edital, composto por representantes do Brasil, Chile, Argentina, El Salvador e Uruguai.

 

Informação aos Interessados  III – Etapa de Avaliação: Resultado da Seleção

Informação aos Interessados II – Etapa de Habilitação: Resultado Definitivo

Informação aos Interessados I – Etapa de Habilitação: Resultado Preliminar

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15

dez
2017

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Por IberCultura

Convocatória aberta para o Curso de Pós-graduação em Políticas Culturais de Base Comunitária

Em 15, dez 2017 | Em EDITAIS, Notícias | Por IberCultura

Estão abertas a partir desta sexta-feira (15/12) as inscrições para a Convocatória de Bolsas do Curso de Pós-graduação em Políticas Culturais de Base Comunitária FLACSO-IberCultura Viva 2018. Cinquenta bolsas serão concedidas a agentes de políticas culturais, sejam eles trabalhadores dos distintos níveis do poder público ou das organizações culturais de base comunitária dos países membros do programa IberCultura Viva.

O curso será ministrado a distância, através do Campus Virtual da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO), sede Argentina, durante nove meses, de março a dezembro de 2018. Os interessados terão até o dia 15 de fevereiro de 2018 para apresentar as postulações.

Para participar, os candidatos deverão contar com disponibilidade de 10 horas semanais para acompanhar o curso e comprometer-se a realizar as avaliações parciais e o trabalho final. As inscrições poderão ser apresentadas nas línguas portuguesa ou espanhola.

As aulas serão em espanhol, exceto aquelas a cargo de professores brasileiros, que serão dadas em português e terão tradução para o espanhol. Os trabalhos poderão ser entregues no idioma nativo (espanhol ou português).

Docentes

Com o objetivo de fortalecer a formação e a pesquisa das políticas de cultura de base comunitária e o conceito de “cultura viva” como política pública, a proposta acadêmica busca a diversidade de olhares, com a participação de professores de vários países ibero-americanos.

Entre eles estarão George Yúdice (EUA), Fresia Camacho (Costa Rica), Carmen Lía Meoño Soto (Costa Rica), Giancarlo Priotti (Costa Rica), Fernando Vicario (Espanha), Alberto Quevedo (Argentina), Belén Igarzábal (Argentina), Emiliano Fuentes Firmani (Argentina), Diego Benhabib (Argentina), Célio Turino (Brasil), Alexandre Santini (Brasil), Rodrigo Savazoni (Brasil), Guillermo Valdizán Guerrero (Peru), Víctor Vich (Peru), Paloma Carpio (Peru), Doryan Bedoya (Guatemala), Bernardo Guerrero Jiménez (Chile), Omar Rincón (Colômbia), Ana María Restrepo (Colômbia), César Pineda (El Salvador) e Rafael Paredes (México).

 

Seleção

O edital está destinado aos países membros do IberCultura Viva com participação plena no Conselho Intergovernamental, segundo o regulamento do programa: Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, Equador, El Salvador, Espanha, Guatemala, Peru e Uruguai. As 50 bolsas serão repartidas equitativamente entre os países participantes.

A seleção dos candidatos levará em conta critérios como a experiência em gestão cultural, em ações culturais comunitárias e no desenho e execução de políticas públicas culturais, além da formação universitária em gestão cultural, ciências sociais, humanas ou econômicas. Aqueles que pertençam a povos originários e/ou afrodescendentes terão um ponto extra na avaliação. Ao menos 50% das pessoas selecionadas deverão ser mulheres. Os resultados finais serão divulgados até 6 de março de 2018.

 

Confira o edital: Bolsas Curso de Pós-graduação em Políticas Culturais de Base Comunitária

O formulário está disponível aqui

Baixe a declaração de compromisso

 

Saiba mais: https://bit.ly/2AAJRfr

 

Consultas: franco@iberculturaviva.org.

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30

nov
2017

Em Notícias

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3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária: uma semana de encontros, debates e afetos

Em 30, nov 2017 | Em Notícias | Por IberCultura

No dia 1º de dezembro de 2016, um novelo passou de mão em mão no palco do Centro Cultural San Martín, em Buenos Aires, durante o 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura de Argentina. A ideia era apresentar uma linha do tempo da cultura viva comunitária, com alguns dos ritos e personagens que marcaram esta história na América Latina. Passado quase um ano, em 21 de novembro de 2017, os personagens voltaram ao palco buscando  recuperar o fio da história, desta vez na Casa de la Cultura Ecuatoriana, em Quito. Em vez de um novelo, passou-se um bastão. E em vez de 10, subiram ao palco mais de 100.

Os primeiros convidados estavam no roteiro deste ato que seguiu à abertura oficial do 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. Os brasileiros Célio Turino e Aderbal Ashogun Moreira falariam sobre a ideia de cultura viva e da Cúpula dos Povos que se deu na Rio+20; o colombiano Jorge Blandón representaria Medellín, a primeira cidade a ter uma política de cultura viva comunitária; os bolivianos Iván Nogales e Mario Rodríguez  seriam referências à Caravana por la Vida e o 1º Congresso Latino-americano de CVC; a salvadorenha Marlen Argueta comentaria o 2º Congresso Latino-americano de CVC; o argentino Diego Benhabib falaria da criação do programa IberCultura Viva… E assim foi, mas muito mais gente quis subir ao palco e se ver também como personagem desta história. No final, havai mais de uma centena de pessoas sorrindo para as fotos.

Ao todo, o 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária reuniu cerca de 450 participantes provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Foram seis dias de espetáculos, debates, exposições, círculos da palavra e percursos culturais realizados nos bairros e na periferia da cidade de Quito, de 20 a 25 de novembro. O ponto central foi a Casa de la Cultura Ecuatoriana, mas houve atividades em outros lugares, como o Parque Cumandá e as Universidades Central, Católica, Andina e Salesiana, além das ruas e praças do centro histórico de Quito.

Atores-vizinhos de La Comunitaria (foto: Mario Alberto Siniawski)

Os 11 Círculos da Palavra programados foram realizados simultaneamente em diferentes pontos da cidade e abordaram temas como “Memória, identidade e patrimônio”, “Gestão colaborativa nos territórios”, “Economia social e sustentabilidade”, “Comunicação e meios comunitários”, “Arte e transformação social”, “Estado e políticas comunitárias” e “Ancestralidades”. As apresentações artísticas incluíram espetáculos de grupos de música  e circo equatorianos e de dois grupos de teatro comunitário argentinos: Chacras para Todos, de Mendoza, que apresentou “De muros a puentes”, e a Cooperativa La Comunitaria (Rivadavia, Buenos Aires), que levou a Quito a obra “Se cayó el sistema. Disculpe las molestias”.

O evento, organizado pela Red Ecuatoriana de Cultura Viva Comunitaria, teve como tema  “Ser comunitário” e contou com o apoio do Ministério da Cultura e Patrimônio do Equador e do programa IberCultura Viva, que realizou durante o congresso seu 2º Encontro de Redes e a 8ª Reunião do Conselho Intergovernamental.

Outras edições

Os Congressos Latino-americanos de Cultura Viva Comunitária são iniciativas da sociedade civil, organizadas pelas redes latino-americanas de CVC. A primeira edição, na Bolívia, se deu em maio de 2013, quando a cidade de La Paz foi “tomada poeticamente por assalto” por cerca de 1.200 ativistas artístico-culturais provenientes de 17 países da América Latina.

Plenária final do 2º Congresso, em El Salvador

O 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em El Salvador, foi organizado pela Red Salvadoreña de CVC com o apoio da Secretaria de Cultura da Presidência, em outubro de 2015, sob o lema “Convivência para o bem comum”. Durante cinco dias, cerca de 500 congressistas da América Latina e do Caribe participaram de conferências, fóruns, debates, reuniões, oficinas, apresentações e visitas às comunidades.

O 4º Congresso será na Argentina em 2019. A decisão foi tomada na plenária final do Congresso de Quito, no dia 24 de novembro, na Sala Benjamín Carrión da Casa de la Cultura Ecuatoriana, com a presença de delegações de todos os países presentes.

Plenária final do 3º Congresso (Foto: CVC Ecuador)

 

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29

nov
2017

Em Notícias

Por IberCultura

MinC anuncia os 500 ganhadores do Prêmio Culturas Populares

Em 29, nov 2017 | Em Notícias | Por IberCultura

Texto: Ascom/MinC

O Ministério da Cultura do Brasil (MinC) divulgou, nesta terça-feira (28), os 500 ganhadores da 5ª edição do Prêmio Culturas Populares: Edição Leandro Gomes de Barros. Lançado em junho, o prêmio foi recordista em número de inscrições – 2.862 – no âmbito da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC) do MinC. Cada premiado receberá R$ 10 mil. Foram selecionadas iniciativas de todas as regiões: 258 do Nordeste, 151 do Sudeste, 42 do Norte, 21 do Centro-Oeste e 28 do Sul.

O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, explicou que o edital integra o programa de fomento do MinC e tem por objetivo incentivar e preservar expressões culturais que formam o DNA do Brasil. “Trata-se de um reconhecimento da importância de nossas tradições e dos que as mantêm vivas e potentes em todas as regiões deste vasto e diverso País”, afirmou.

Débora Albuquerque no lançamento do prêmio, em junho (foto: Janine Moraes/MinC)

“O edital teve número expressivo e recorde de premiados porque queríamos atender e contemplar as mais diversas manifestações e valorizar o trabalho desses mestres e grupos culturais”, afirmou a secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural, Débora Albuquerque.

A comissão de seleção do prêmio, formada por servidores públicos e membros da sociedade civil, elegeu iniciativas que retomam práticas populares em processo de esquecimento e difundem tais expressões para além dos limites de suas comunidades de origem. Entre elas, o cordel, a quadrilha, o maracatu, o jongo, o cortejo de afoxé, o bumba-meu-boi e o boi de mamão, entre outros. Não foram incluídas no prêmio culturas indígenas, culturas ciganas, hip hop e capoeira por já serem objeto de editais específicos lançados pelo MinC.

Foram avaliados a contribuição sociocultural do projeto às comunidades; a melhoria da qualidade de vida das comunidades a partir de suas práticas culturais; e o impacto social e contribuição da atuação para a preservação da memória e para a manutenção das atividades dos grupos, entre outros.

De todas as regiões do Brasil

Dos 500 selecionados, 200 foram na categoria “Mestres e Mestras”, 200 na categoria “Grupos/Comunidades”, 80 na categoria “pessoas jurídicas sem fins lucrativos” e 20 herdeiros de mestres já falecidos (In Memorian).

O Grupo Afrolage, do Rio de Janeiro (RJ), foi um dos 151 premiados na região Sudeste, do total de 500 selecionados em todo o País. Idealizado pela professora e coreógrafa Flávia Souza, busca dar visibilidade à cultura de matriz afro-brasileira, por meio de manifestações culturais como o jongo, a capoeira angola, o maracatu, o coco e o samba de roda. Todo último domingo do mês, seus membros promovem, de forma voluntária, um encontro na Praça Agripino Grieco, Zona Norte da capital fluminense. Com 12 integrantes, o grupo reúne até 100 pessoas.

Na região Sul, o Boizinho da Praia foi um dos contemplados. No município Cidreira (RS), trata-se de um folclore da cultura popular local. A manifestação havia caído em desuso por mais de 50 anos e foi resgatada, registrada e socializada pelo Mestre Ivan Therra.

No Centro-Oeste, uma das selecionadas foi a Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, fundada em 1997, na pequena Vila de São Jorge, em Alto Paraíso de Goiás. Sede e precursora do Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, a Casa de Cultura ficou conhecida em todo o país por acolher, anualmente, as manifestações artísticas e expressões culturais do povo simples brasileiro. A catira e a curraleira, executadas pelos foliões de São João da Aliança; a sussa dançada pelos Calungas do Vão do Moleque e do Vão das Almas; o lundu e o batuque, representados pelo grupo A Caçada da Rainha, de Colinas do Sul; e o congo, encenado pela comunidade de Niquelândia, são alguns dos exemplos mais emblemáticos das expressões artísticas que se apresentam anualmente.

Roda de conversa no Cavaleiro de Jorge durante o Encontro de Culturas de 2015  (foto: Leonil Junior)

No Nordeste, o mestre Severino Vitalino, natural de Caruaru (PE), também foi agraciado pelo prêmio. Com o pai, o consagrado mestre Vitalino, aprendeu a modelar o barro e retratar personagens e bonecos da realidade local. As obras de Mestre Vitalino podem ser vistas no Museu do Barro de Caruaru, em Pernambuco; e no Museu Casa do Pontal, o mais importante museu de arte popular do Brasil, no Rio de Janeiro. O mestre criou uma narrativa visual expressiva sobre a vida no campo e nas vilas do nordeste pernambucano. Realizou esculturas antológicas, como “o enterro na rede”, “cavalo marinho” e “casal no boi”, entre outras.

Já na região Norte, o “botador de boi”, repentista, cantador de carimbó, compositor de sambas, poeta e pescador Mestre Damasceno foi um dos premiados. Ele criou, a exemplo do boi-bumbá, o “Búfalo-Bumbá” de Salvaterra. A escolha do búfalo se deu por ser um símbolo da paisagem de Marajó. Trata-se de uma brincadeira coletiva, que percorre as ruas da cidade duas vezes por ano, em junho e agosto.

 

Veja a lista de premiados: https://bit.ly/2i0sJ78

 

(*Texto originalmente publicado no site do MinC)