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Blog - Página 5 de 95 - IberCultura Viva

07

set
2024

Em Governos Locais
Notícias
Redes e organizações

Por IberCultura

Municipalidade de Alajuelita lança projeto de construção coletiva do Manual de Boas Práticas Territoriais

Em 07, set 2024 | Em Governos Locais, Notícias, Redes e organizações | Por IberCultura

Nesta segunda-feira, 9 de setembro, a Municipalidade de Alajuelita (Costa Rica) apresentará o projeto de construção coletiva do Manual de Boas Práticas Territoriais para o exercício dos direitos culturais. A iniciativa é uma das atividades que se realizam no âmbito da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais no ano de 2024. 

O lançamento se realizará num encontro virtual com transmissão na página do Facebook da Municipalidade de Alajuelita, às 15h na Costa Rica e no México (16h na Colômbia e no Equador; 18h na Argentina, no Chile e no Brasil).

O objetivo geral da proposta é construir coletiva e colaborativamente um manual de boas práticas territoriais, baseado em experiências e conhecimentos gerados por meio de ações interculturais e cosmovisões pactuadas pelos governos locais que fazem parte da rede. 

Para isso, serão realizadas rodas de conversa e mesas de trabalho com organizações de base comunitária e com a Rede de Cidades e Governos Locais, com o intuito de documentar práticas replicáveis ​​e adaptáveis ​​a diferentes realidades territoriais. 

Esta proposta será desenvolvida a partir do intercâmbio de experiências de grupos, comunidades e gestores/as culturais de governos locais que permitam o reconhecimento de práticas no campo da governança participativa e do sentido da base comunitária na construção de políticas públicas culturais. A ideia é instalar um mecanismo permanente de reuniões periódicas para apoiar e analisar os conhecimentos adquiridos durante a execução dos conversatórios e mesas de trabalho.

Os membros da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais que participam desta construção coletiva esperam poder socializar os resultados deste processo e do Manual de Boas Práticas durante o 6º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que acontecerá em Michoacán, México, em abril de 2025.

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Se estendem por uma semana as inscrições para o edital IberEntrelaçando Experiências

Em 02, set 2024 | Em Editais, IberEntrelaçando Experiências, Intercâmbios, Notícias | Por IberCultura

(Foto: CulturAula)

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Foi ampliado até o dia 10 de setembro o prazo de inscrição para a convocatória IberEntrelaçando Experiências. Esta chamada, lançada no dia 13 de agosto, coloca em circulação as propostas de formação que se encontram disponíveis no Banco de Saberes Culturais e Comunitários IberCultura Viva. São 53 propostas de oficinas/capacitações, provenientes de 12 países, que podem ser realizadas em outros territórios com o apoio do programa.

Neste edital, podem se candidatar como comunidades anfitriãs as organizações culturais comunitárias, povos originários e comunidades afrodescendentes dos países membros de IberCultura Viva, assim como os 37 municípios, províncias e estados que integram a Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais.

O primeiro passo é escolher uma das propostas de formação que aparecem listadas no Banco de Saberes e entrar em contato com as pessoas facilitadoras do projeto em questão, para ver se elas têm interesse em realizar o intercâmbio em sua comunidade. Uma vez que se aceitam as condições do intercâmbio, a organização anfitriã se registra para receber a proposta em seu território, apresentando uma carta de aceitação da organização que propõe a capacitação.

Este edital funciona desta maneira: se a proposta de intercâmbio for selecionada, o programa IberCultura Viva paga as passagens aéreas e os seguros de viagem das pessoas facilitadoras. A organização que se candidata como anfitriã se compromete a dar hospedagem e alimentação para as pessoas facilitadoras da oficina (uma ou duas). A organização anfitriã também se encarrega de providenciar os traslados no território e os materiais necessários para a realização do projeto (as necessidades técnicas e espaciais das propostas estão descritas no Banco de Saberes).

Para alguns países há alguns requisitos especiais: no caso do Brasil, tem que ser um Ponto de Cultura certificado pelo Ministério da Cultura (MinC). No caso do Chile, é necessário que a organização anfitriã seja um Punto de Cultura Comunitaria validado pelo Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio. 

As organizações que postulam pelo México deverão ter certificado de inscrição em TELAR (Registro Nacional de Espacios, Prácticas y Agentes Culturales), e as do Equador, inscrição no RUAC (Registro Único de Artistas y Gestores Culturales).

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Inscrições: https://mapa.iberculturaviva.org/oportunidade/292/

Consultas: programa@iberculturaviva.org

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IberCultura Viva abre a convocatória IberEntrelaçando Experiências, para o intercâmbio de saberes

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28

ago
2024

Em Direitos culturais
Governos Locais
Notícias

Por IberCultura

Concepción torna-se a primeira cidade do Chile a implementar uma Carta dos Direitos Culturais

Em 28, ago 2024 | Em Direitos culturais, Governos Locais, Notícias | Por IberCultura

 

Nesta segunda-feira, 26 de agosto, depois de um ano e meio de um intenso processo de construção participativa, a Municipalidade de Concepción apresentou oficialmente a Carta dos Direitos Culturais da comuna, em evento realizado no Salão de Honra Carlos Contreras Maluje. O município é um dos 37 membros da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, o primeiro do Chile a desenvolver um instrumento normativo como este. Outras duas cidades membros desta rede, San Luis Potosí (México) e Niterói (Brasil), lançaram suas Cartas em 2021.

A Carta dos Direitos Culturais de Concepción tem como eixo central o reconhecimento da cultura como um direito fundamental dos habitantes da cidade, promovendo a participação ativa da comunidade na construção da sociedade que desejam.

A cerimônia de lançamento contou com a presença de autoridades locais, incluindo o prefeito de Concepción, Álvaro Ortiz Vera; a secretária ministerial regional (Seremi) das Culturas, das Artes e do Património da Região do Biobío, Paloma Zúñiga Cerda; o diretor municipal de Cultura, Maurício Castro; a Câmara Municipal; líderes regionais e dezenas de moradores da cidade que se reuniram para saber mais sobre este documento.

Além disso, representantes de instituições culturais em âmbito nacional e internacional juntaram-se remotamente, com a intervenção da ministra das Culturas, das Artes e do Património do Chile, Carolina Arredondo; Jordi Pascual, coordenador cultural de Cidades e Governos Locais Unidos (CGLU), e Pilar Vicuña, coordenadora cultural da Unesco Chile.

“Esta é uma conquista de muita gente, é a primeira Carta de Direitos Culturais que uma cidade tem aqui no nosso país e somos nós, Concepción. Em dezembro de 2012, quando chegamos ao município, propusemos como um dos nossos eixos de desenvolvimento fazer da cultura um direito para todos os penquistas”, disse o prefeito Álvaro Ortiz Vera. 

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“Este instrumento permitirá compreender o que são os direitos culturais dos habitantes do município, promovendo o cumprimento e o desfrute desses direitos por parte da comunidade”, destacou o diretor de Cultura de Concepción, Mauricio Castro.

A Seremi das Culturas da Região do Biobío, Paloma Zuñiga Cerda, afirmou que para o ministério “estas atividades são muito importantes, permitindo gerar políticas públicas a partir da governança local para promover os direitos culturais. Uma das áreas que me parece fundamental nesta carta fala da igualdade substantiva entre homens e mulheres e da sua participação no campo cultural, uma deficiência que tornamos visível e que acreditamos ser importante promover.” 

O evento de lançamento contou com intervenções artísticas de música e dança, começando com o Coro Gospel Chile se apresentando na varanda do prédio municipal, e depois dando lugar a apresentações do elenco de dança do Centro Artístico Cultural (CAC) e da Orquestra de Câmara Cidadã de Concepción.  Depois das palavras das autoridades presentes, o diretor de cultura municipal fez a apresentação oficial do documento e a entrega dos textos físicos da Carta dos Direitos Culturais. A jornada terminou com a apresentação da Big Band Concepción, dirigida pelo maestro Ignacio González. 

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O processo de preparação

A Diretoria de Cultura do Município de Concepción iniciou o processo de construção participativa da Carta dos Direitos Culturais no começo de 2023. Assim como fizeram outras cidades do mundo, como Barcelona, ​​Mérida, Roma, San Luis de Potosí e Niterói, a elaboração deste documento se deu por meio de um longo processo em que participaram instituições públicas e privadas, agentes culturais e a comunidade. 

Este processo foi patrocinado pelo Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio do Chile e validado por organizações globais da área cultural: Unesco, IberCultura Viva, Mercociudades e Cidades e Governos Locais Unidos (UCLG).

Na primeira enquete de diagnóstico, realizada de 6 de fevereiro a 6 de março de 2023, 535 moradores deram sua percepção sobre como são vivenciados os direitos culturais no território. Uma segunda pesquisa foi aplicada entre os moradores da cidade em abril de 2023, buscando ampliar e aprofundar alguns tópicos do primeiro. 

Além destas consultas públicas aplicadas aos habitantes e agentes culturais do território, foram realizados encontros como o conversatório  “A cidade e os direitos culturais”, que ocorreu no dia 29 de março de 2023, em formato híbrido, com a presença de autoridades locais e painelistas que apresentaram as experiências de elaboração das Cartas de Roma, San Luis Potosí e Niterói. 

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No dia 28 de setembro de 2023 se realizou uma jornada intensiva de revisão e elaboração conjunta da declaração local. O exercício foi realizado em torno de duas sessões de trabalho, a primeira delas com o Conselho Consultivo Cultural Municipal, composto por representantes de instituições culturais locais, incluindo centros de desenvolvimento, espaços de expressão artística, museus e outros que promovem o trabalho criativo na cidade.

A segunda sessão contou com a participação de cerca de 30 agentes culturais, representantes da sociedade civil, artistas e organizações comunitárias, que, em torno de uma oficina de moderação participativa e orientada, realizaram a identificação e delimitação de barreiras e necessidades que afetam o exercício livre e pleno dos direitos culturais e do direito à cidade.

Abriu-se então uma nova fase de consultas, em que o esboço da Carta pôde receber comentários e contribuições gratuitas de agentes, comunidades, cidadãs e cidadãos que vivem na comuna para a sua melhoria e fortalecimento.

Após a cerimônia de lançamento, espera-se amplificar o impacto da Carta aproximando-a da comunidade penquista. Nesta terça-feira, 27 de agosto, iniciou-se o processo de entrega da versão física deste documento no Ponto de Cultura, localizado na O’Higgins 555, das 9h às 13h30 e das 15h às 17h30. A versão digital pode ser encontrada aqui.

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GT de Sistematização do IberCultura Viva participa de uma das mesas do 20º Enecult, em Salvador

Em 26, ago 2024 | Em Cultura Viva, GT de Sistematização, Notícias, Universidades | Por IberCultura

As universidades são relevantes nos processos de cultura viva comunitária? Essa foi a pergunta que serviu de base para a mesa do Grupo de Trabalho (GT) de Sistematização de Políticas Culturais de Base Comunitária do IberCultura Viva, no dia 22 de agosto, no Encontro Internacional de Pesquisa sobre Cultura Viva, realizado em programação conjunta com o 20º Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (20º Enecult), em Salvador (Bahia).

Com mediação de Laura Elena Román García (Universidad Autónoma de Ciudad de México-UACM), este painel contou com apresentações da mexicana Rocío Orozco (Universidad Jesuita de Guadalajara-ITESO) e dos argentinos Marcelo Vitarelli (Universidad Nacional de San Luis-UNSL) e Daniel Zas (Escuela Popular de Música-EPM). 

Esses quatro integrantes do GT Sistematização viajaram ao Brasil com o apoio do IberCultura Viva, com a proposta de estabelecer um diálogo sobre o trabalho de sistematização, divulgação e metodologias horizontais de políticas culturais de base comunitária que o grupo vem realizando e sua contribuição a processos no território de diversas comunidades: infâncias, vizinhos em contextos urbanos, comunidades artísticas.

Elena Román e Luana Vilutis (UFBA)

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Elena Román abriu o painel explicando que a ideia desta mesa, além de apresentar o trabalho que realizam em suas universidades, era contar de forma geral como nasceu este grupo, em 2021 (IberCultura Viva lançou uma chamada para pessoas de universidades que trabalham com a cultura comunitária e selecionou 59 pesquisadores de 10 países), e comentar a proposta que o GT apresentou ao programa em 2023 para formar uma rede de universidades que trabalham para promover a cultura viva comunitária.

“Essa rede ainda não está formada. Especificamente, o que queremos é que se juntem a esta rede, (…) que pode fortalecer os laços de cooperação entre universidades, mas também entre agentes múltiplos, diversos, heterogêneos, que trabalham pela cultura viva comunitária”, destacou a professora-pesquisadora da Universidade Autônoma da Cidade do México, onde coordena o Observatório de Políticas Culturais.

Segundo ela, a ideia é que as pessoas que trabalham nas universidades sejam “uma ponte que detona processos, um espaço de mediação, de cooperação, um espaço de diálogo que possa fortalecer processos comunitários”, e que também possam defender a cooperação e o coletivo. o território que lhes é comum, em termos gerais. 

“Achamos que as universidades podem aprender, formar nos processos territoriais de agentes da cultura viva comunitária. Mas também podemos cooperar e colaborar com os processos de formação de agentes do território, de gestão comunitária, para fortalecer esta defesa e a construção de indicadores que nos permitam dialogar como território latino-americano”, acrescentou Elena Román.

Rocío Orozco, Marcelo Vitarelli e Daniel Zas, que participaram desta mesa redonda apresentando suas pesquisas, fazem parte da equipe impulsora desta rede de universidades. Assim como a equatoriana Paola De La Vega, outra integrante do GT Sistematização que viajou a Salvador para apresentar seu trabalho no 20º Enecult, a convite do Consórcio Universitário Cultura Viva, formado pelas universidades federais da Bahia, Fluminense e Paraná (UFBA-UFF-UFPR).

Daniel Zas, Rocío Orozco e Marcelo Vitarelli

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A rede argentina de universidades

Em sua intervenção, Marcelo Vitarelli comentou que a manutenção de uma rede de universidades que trabalham com cultura viva comunitária na região ibero-americana foi considerada o objetivo final da criação do Grupo de Sistematização, em 2021. “A rede está sendo definida e estamos contribuindo para essa construção de consenso, tentamos chegar a um acordo baseado no trabalho em nossos territórios. No meu caso, venho da Argentina, de uma universidade pública onde trabalhamos há mais de cinco anos de forma sistemática, problematizando o papel da cultura viva comunitária”, afirmou.

Vitarelli lembrou um conceito que é compartilhado no Río de la Plata (Argentina e Uruguai): a ideia de compromisso social universitário, presente em diferentes momentos históricos desde a Reforma de 1918. “Se a Universidade é um ator comprometido, a Universidade participa desses diálogos e aprende a linguagem dos vários atores. Este é o desafio, pelo menos para a minha universidade: a academia falar na língua da comunidade, e a comunidade falar na academia, na sua própria língua, e aí gerar diálogos comunitários em torno de problemas sociais comuns”, afirmou. Para ele, isso significa comprometer-se, dialogar, produzir em conjunto.

A Universidade Nacional de San Luis, onde trabalha, tem 50 anos de história na vida pública do território. Com sede em diferentes locais da província de San Luis, no centro da Argentina, a UNSL uniu forças com a Universidade Nacional de Córdoba e a Universidade Nacional do Litoral para estabelecer redes sobre as dimensões da formação, da pesquisa e dos vínculos no problemático campo das culturas comunitárias do país. Atualmente, 14 universidades públicas da Argentina compõem o Encontro de Universidades para Cultura Comunitária.

Um dos propósitos desta rede argentina é contribuir para o fortalecimento dos laços de cooperação entre universidades, atores sociais e governos locais na busca da construção de agendas comuns baseadas em um compromisso social, ético e político, apostando na cultura comunitária como estratégia voltada para o desenvolvimento humano. Segundo Vitarelli, a responsabilidade de se colocar a serviço das comunidades – numa perspectiva reflexiva, crítica e proativa – baseia-se em alguns princípios como o diálogo de saberes, a construção conjunta de conhecimentos, visões descolonizadoras e ancoragens territoriais.

Sobre o trabalho de diálogo comunitário dentro da universidade pública, o investigador disse que o programa institucional da UNSL conta com oito unidades académicas que vão desde o social, da saúde, até às engenharias e ao turismo, e que é justamente nessa diversidade que está a riqueza da perspectiva comunitária. “Quando o turismo fala em turismo rural comunitário, por exemplo, os engenheiros contribuem e geram coisas maravilhosas, porque se vê que o diálogo é possível”, afirmou.

Marcelo Vitarelli também mencionou conceitos que de alguma forma marcam o debate atual em torno da ideia de território não como espaço geográfico, mas de territorialidades. “Como um conceito antropológico complexo, que implica o sujeito, a representação e a abordagem e ancoragem da cultura”, sublinhou, citando ainda o trabalho sobre diversidades, gêneros e variabilidades linguísticas, um problema que tem atravessado nos últimos 10 anos a universidade.

Mencionou, ainda, a importância de construir a partir do consenso, a partir de visões comuns nos territórios, de pensar e continuar dialogando em rede, porque isso tem a ver com as visões das territorialidades que os sujeitos constroem. “Nesses diálogos aqui, por exemplo, apesar da dificuldade de a gente entender o português, e de quem fala português nos entender, quando a gente senta para ouvir o outro a gente aprende. E vemos que é possível trabalhar em rede”, observou.

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Cultura comunitária em Jalisco: rumo a uma proposta formativa 

Após a apresentação de Marcelo Vitarelli, a mexicana Rocío Orozco Sánchez tomou a palavra para contar um pouco do trabalho que desenvolve como professora pesquisadora da Universidade Jesuíta de Guadalajara e bacharel em Artes da Secretaria de Cultura de Jalisco. É também gestora cultural comunitária, cofundadora do Coletivo CulturAula, organização comunitária de Guadalajara que integra o Banco de Saberes IberCultura Viva com três projetos.

Nesta mesa do encontro, Rocío Orozco apresentou uma pesquisa sobre um modelo de formação de agentes culturais comunitários no estado de Jalisco, desenvolvido a partir de um processo participativo, com o objetivo de fortalecer as organizações e assim contribuir para o impacto das políticas culturais. Além disso, apresentou avanços em torno da construção de novas poéticas para construir conhecimento colaborativo entre universidades e organizações comunitárias. 

No artigo “Cultura Viva Comunitária em Jalisco, desafios e oportunidades, rumo a uma proposta de formação”, que serviu de base para sua apresentação em Salvador, ela explica que esta pesquisa se baseia em uma abordagem de sistematização de mais de uma década de análise e estudo do Movimento Cultura Viva Comunitária, e também na experiência do Coletivo CulturAula no México. 

O estudo abrange o espaço temporal correspondente da Área Metropolitana de Guadalajara, Tonalá, El Salto, Tlaquepaque e Zapopan, com o objetivo de desenhar uma proposta de formação integral que englobe as necessidades dos diversos atores socioculturais que, todos os dias, realizam, projetam, acompanham ou participam de diversas práticas e ações em prol da exaltação da cultura em suas comunidades e/ou projetos.

Em sua intervenção, Rocío comentou como ocorreu o processo de pesquisa e fez uma comparação com o contexto atual, já que desde 2019 a Secretaria de Cultura do Governo do México, por meio da Direção Geral de Vinculação Cultural, executa o programa Cultura Comunitária, estabelecendo uma nova forma de pensar e fazer política cultural. Em seguida, detalhou o trabalho que foi realizado na região metropolitana de Guadalajara, com o objetivo de conhecer a opinião dos agentes culturais comunitários sobre seus processos de formação, capacitação e atualização no tema gestão cultural comunitária. 

Para identificar perfis dos agentes e obter os primeiros resultados em relação à categoria análise de necessidades de aprendizagem, foi elaborada uma pesquisa, aplicada a partir de uma plataforma virtual e divulgada nas redes sociais. Também foram realizadas quatro entrevistas com três funcionários do Programa de Cultura Comunitária de Jalisco e um acadêmico especialista em profissionalização em gestão cultural. 

Os resultados obtidos mostraram três grupos de agentes socioculturais, denominados grupos A, B e C. O grupo A é formado majoritariamente por funcionários/as, acadêmicos/as e gestores/as culturais com pós-graduação relacionada à gestão cultural ou carreira afim, e com experiência em gestão pública da cultura, mas sem experiência em processos comunitários.

O Grupo B, por sua vez, reúne oficineiras/os, artistas, promotores/as e lideranças de bairro, com idade entre 25 e 60 anos, com ampla experiência em trabalho comunitário e aprendizagem que recai na prática. São pessoas com ensino médio, bacharelado, carreiras técnicas, algumas com cursos ou diplomas voltados para cultura comunitária ou gestão cultural; muitas autodidatas. Algumas trabalham para o governo; outras de forma independente, resolvendo seus projetos por meio da autogestão.

O grupo C é o das organizações de bairro ou de vizinhança, cuja ação cultural inclui vários eixos, como social, cultural, perspetiva de gênero, economia solidária, educação, entre outros. Estas organizações, coletivos, grupos e redes com experiência em trabalho comunitário costumam trabalhar de forma colaborativa, dificultando a identificação de um único ator como organizador ou responsável. 

Como detalhou Rocío Orozco em seu artigo, a pesquisa mostrou que os agentes possuem estudos de formação em gestão cultural comunitária por meio de diplomas, cursos e oficinas, seguidos de algumas ofertas na modalidade virtual. Destacou, ainda, a importância dada por alguns participantes à aprendizagem autodidata e à articulação com outros agentes com foco na cultura comunitária. “Descobrimos que frequentar encontros, conhecer experiências, é uma forma de partilhar saberes, e que participar de congressos contribui para o seu processo de formação e recupera práticas e processos”, afirmou a investigadora, destacando a ênfase dada a este tema, uma vez que mostra a falta de programas curriculares focados na gestão cultural comunitária. 

O desenho curricular do modelo de formação de agentes culturais comunitários em Jalisco surgiu da análise das características metodológicas descritas pelos participantes da pesquisa. Foram aplicados 73 questionários entre 7 de abril e 17 de junho de 2020. No ano seguinte, de 16 a 29 de março de 2021, foi desenvolvido o “Ciclo de Capacitação e Diálogo em Gestão Cultural Comunitária”, uma série de encontros virtuais que reuniu mais de 70 pessoas, com o apoio da Secretaria de Cultura do Governo do México, Museus, Exposições e Galerias de Jalisco (MEG) e da Secretaria de Cultura de Jalisco.

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Uma Escola de Música Popular no Espaço da Memória e dos Direitos Humanos

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O argentino Daniel Zas, por sua vez, apresentou a experiência da Escola de Música Popular, espaço que surgiu da vontade das Madres de Plaza de Mayo-Línea Fundadora, em convênio com a Fundação Música Esperanza. A iniciativa faz parte do projeto de recuperação do Espaço Memória e Direitos Humanos (antiga ESMA), e é uma das muitas atividades realizadas pela Casa ”Nuestros Hijos, Vida y Esperanza” no prédio que funcionou como centro clandestino de detenção, tortura e extermínio durante a última ditadura civil-militar na Argentina. 

Daniel iniciou sua intervenção contando um pouco da história e do contexto do projeto comunitário que está sendo desenvolvido em Villa Hidalgo (José León Suárez, distrito de San Martín, província de Buenos Aires), um dos bairros mais pobres da Zona Norte de Buenos Aires, e que assim como muitos territórios da América Latina, está repleto de assentamentos que foram construídos por vizinhos/as, migrantes de províncias e países que fazem fronteira com a Argentina. “Foi-se conformando aí uma integração cultural de um monte de pessoas que vinham de lugares diferentes, e para conseguir trabalho, ter acesso a uma vida melhor, foram habitando esses terrenos baldios, construindo precariamente suas casas neste bairro que fica sobre um lixão, um aterro sanitário”, comentou.

Em Villa Hidalgo foi criado há 40 anos o Centro de Comunicación Popular Renaciendo, uma iniciativa de ativistas, professores/as e catequistas que contaram com a comunicação popular como ferramenta de unidade do bairro e de desenvolvimento social. O centro criou a revista “Renaciendo” e, em 1988, a FM Reconquista, uma das primeiras rádios comunitárias da Argentina, administrada pela Asociación de Mujeres La Colmena. Em 1990, é criado lá um jardim materno-infantil, o  primeiro jardim comunitário reconhecido no município de General San Martín. E em 2009, um grupo de jovens da FM Reconquista passou a ministrar oficinas artísticas e musicais (guitarra, canto, baixo, teclado e percussão) para meninas e meninos do bairro.

É neste contexto que surge a Escola Popular de Música, tema do artigo apresentado por Daniel Zas neste encontro. O espaço está em funcionamento há mais de 13 anos e mais alguns desde que as Madres de Plaza de Mayo- Línea Fundadora decidiu apelar à Fundação Música Esperanza para criar uma escola de arte popular com uma perspectiva de direitos humanos.

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Madres de Plaza de Mayo é uma organização criada em 1977 por um grupo de mulheres que se reuniram em frente à Casa Rosada (sede da presidência da República Argentina), em plena ditadura, para exigir informações sobre seus filhos e filhas sequestrados, dos quais nada se sabia. Durante o período da ditadura civil-militar no país (1976-1983), mais de 30 mil pessoas foram detidas-desaparecidas.

Como detalhou Daniel Zas em sua apresentação, esses desaparecimentos ocorreram em mais de 800 centros de detenção clandestinos administrados pelo Estado. “Nesses centros funcionavam maternidades clandestinas, para onde foram levados mais de 500 bebês. Conseguimos recuperar algumas centenas pelo trabalho das Avós da Praça de Maio, mas há muitos que ainda procuramos”, explicou.

Um destes centros clandestinos funcionou na Escola de Mecânica da Marinha (ESMA), onde se estima que mais de 5 mil pessoas foram detidas e torturadas durante a ditadura. Em 2004, após 20 anos de recuperação da democracia na Argentina, o governo federal decidiu que a Ex-ESMA se tornaria o Espaço Memória e Direitos Humanos, um local administrado de forma tripartite pelo Estado nacional, pela prefeitura de Buenos Aires e entidade que reúne organizações de Direitos Humanos nos edifícios que estavam dentro da propriedade da Ex-ESMA, para que aí desenvolvam atividades e políticas de forma a sustentar a memória, a verdade e a justiça.

As Mães da Plaza de Mayo – Línea Fundadora administram um desses edifícios da propriedade, a Casa “Nuestros HIjos, Vida y Esperanza”, onde funciona a sede da entidade e a Escola Popular de Música. Esta iniciativa foi idealizada em conjunto com a Fundação Música Esperanza, pelo pianista argentino Miguel Ángel Estrella (1940-2022), que foi sequestrado por membros da ditadura civil-militar no Uruguai (1973-1985). ).

 “Durante a tortura, suas mãos ficaram feridas e ele não pôde continuar tocando piano, porque parte do seu trabalho era tocar em sindicatos, em organizações comunitárias, em bairros populares. Este trabalho social que Miguel realizou não foi bem visto pela ditadura. Ele foi preso, sequestrado e torturado. Conseguiu sobreviver, e ao retornar à vida artística, depois de muitos anos, decidiu criar a Fundação Música Esperanza e atuar em diversos territórios da Argentina no desenvolvimento de oficinas de música para crianças, jovens e adultos”, contou Daniel Zas.

Uma das principais iniciativas destas duas organizações, em 2011, foi projetar e executar, em conjunto com a Universidade de La Plata, uma Tecnicatura de Música Popular, com formação universitária de quatro anos, onde se realiza uma construção muito particular. “Ali a universidade propõe um programa de disciplinas relacionadas com a formação musical, propõe seus professores, mas as organizações também têm uma participação concreta na montagem e na proposta de disciplinas e da equipe docente”, sublinhou Zas.

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O próprio Daniel, que cresceu no bairro de Villa Hidalgo e trabalha na FM Reconquista desde 2006, estudou com um grupo de colegas na primeira turma. “Eu estava trabalhando na construção do projeto da Orquesta Estable de Rádio Reconquista quando este curso começou e nos chamaram a diferentes organizações territoriais para que pudéssemos nos formar nesses espaços. Como disse a colega Ro (Orozco), temos experiência, muitos anos de trabalho no território, e estamos construindo a forma de fazer, aprender e ensinar, mas há momentos em que é difícil para nós ampliar ou aprofundar o desenvolvimento de projetos por falta de profissionalização dos nossos trabalhadores”, afirmou. 

Daniel Zas foi uma das pessoas que se formaram em 2014 e passaram a integrar o corpo docente da Escola Popular de Música. Convocado pela área de Direitos Humanos, coordenado pelas Mães da Plaza de Mayo, ele atua em projetos desenvolvidos simultaneamente à tecnicatura, como a Rede Arte, Memória e Territórios, que potencializa a ideia de transformação social e territorial por meio da arte, em articulação com organizações sociocomunitárias. “Lá conseguimos articular o trabalho de organizações comunitárias, orquestras populares e oficinas de música do território com a tecnicatura, gerando um espaço de prática”, observou. 

Outro espaço fundamental, tanto como contribuição para a carreira, como para as organizações territoriais que integram a rede, é a Oficina-Escola de Luteria, dedicada à arte e ao ofício de criação e reparação de instrumentos musicais. “Temos também um espaço de formação naquilo que tem a ver com audiovisual, redes sociais, com o qual apoiamos espaços comunitários a partir da virtualidade, e oficinas para a terceira idade. E estamos construindo diversos projetos, tentando fazer com que essa construção – que tem muitas pernas e que visa construir comunidade – também possa profissionalizar e potencializar projetos comunitários em articulação, pensando no coletivo como estratégia.”

Entre os desafios que surgem está o de fortalecer o trabalho em rede com as organizações e poder gerar maiores vínculos, para que o acesso, especialmente para moradores/as de bairros populares, tenha uma chegada concreta e direta aos espaços de formação profissionais e universitários. “Temos universidades públicas e gratuitas, mas se os setores populares não tiverem acesso a elas, continuaremos segmentando”, disse o professor.

Ao encerrar sua apresentação, Daniel Zas destacou a importância de valorizar pública e socialmente o papel dos agentes comunitários e de perpetuar o legado das Mães da Praça de Maio na busca pela memória, verdade e justiça. “As mães têm idade média de 93, 94 anos. Procuramos trabalhar lado a lado com elas para poder compreender e conhecer toda a sua luta, tudo o que conquistaram, não só na Argentina mas no mundo, pela promoção em defesa dos direitos humanos”, destacou.

E acrescentou: “Estamos empenhados em sustentar esse legado e continuar a trabalhar nesse sentido para podermos articular concretamente as experiências de cultura comunitária com a Academia. Não só a partir de um lugar onde a Academia formará o território, mas onde se partilham experiências e há uma chegada real dos setores populares à universidade, o que nos parece uma dívida pendente das nossas democracias e dos nossos governos populares.” 

O Encontro Internacional de Pesquisa Cultura Viva foi promovido pelo Consórcio Universitário Cultura Viva, formado pelas universidades federais da Bahia, Fluminense e do Paraná (UFBA-UFF-UFPR), com apoio da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura do Brasil (SCDC/MinC), no âmbito do projeto “Cultura Viva 20 anos: Pesquisa e Formação”.

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19

ago
2024

Em Cultura Viva
GT de Sistematização
Notícias

Por IberCultura

Começa a 20ª edição do Enecult, que destaca os 20 anos de Cultura Viva no Brasil

Em 19, ago 2024 | Em Cultura Viva, GT de Sistematização, Notícias | Por IberCultura

De hoje a sábado, 24 de agosto, se realiza em Salvador (Bahia, Brasil) o 20º Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (Enecult). O evento, criado como um espaço de discussão sobre temas relacionados à cultura, numa perspectiva transversal e multidisciplinar, este ano conta com uma programação especial, com apresentação de artigos e mesas coordenadas de 23 Grupos de Trabalho (GTs), além de encontro de redes, exposição e lançamento de 15 livros. Os 20 anos de Cultura Viva no Brasil são um dos destaques desta edição.

A programação tem formato híbrido, com atividades online nos dois primeiros dias e um conjunto de atividades presenciais entre os dias 20 a 24, em diferentes espaços da Universidade Federal da Bahia, e uma confraternização na Casa Rosa. A primeira mesa, organizada pelo GT Políticas Culturais, foi “Políticas Públicas de Cultura e Geração de Conhecimento”, transmitida ao vivo na tarde desta segunda-feira (19/08).

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O Encontro Internacional de Pesquisa sobre a Cultura Viva, que começa nesta terça-feira (20/08), é uma iniciativa do GT Cultura Viva, coordenado por Deborah Rebello Lima (Universidade Federal do Paraná – UFPR), Luana Vilutis (Universidade Federal da Bahia – UFBA) e Luiz Augusto Fernandes Rodrigues (Universidade Federal Fluminense – UFF). Além de contemplar propostas que discutem a Política Nacional de Cultura Viva, criada como um programa do Ministério da Cultura em 2004, o GT visa debater as interações e contribuições entre esta política brasileira e políticas de cultura viva comunitária na América Latina.

Pesquisadoras e pesquisadores de várias partes do Brasil e da América Latina foram convidados para este encontro internacional que se realiza em programação conjunta com o Enecult. A mesa da tarde desta terça-feira será “Cultura Viva en América Latina. Cultura viva comunitaria”, mediada por Luana Vilutis e coordenada pelo argentino Emiliano Fuentes Firmani (Universidad Nacional Tres de Febrero), que apresentará o artigo “Cultura Viva en la cooperación: Ibercultura Viva y Comunitaria”. Também participarão desta mesa Paola de la Vega (Pontificia Universidad Católica del Ecuador – PUCE) e Guillermo Valdizán Guerrero (Movimiento Latinoamericano de CVC – Peru)

No dia 22, quinta-feira, quatro integrantes do GT de Sistematização de Políticas Culturais de Base Comunitária participarão de uma mesa do evento com o apoio do programa IberCultura Viva: as mexicanas Elena Román (Universidad Autónoma de la Ciudad de México – UACM) e Rocio Orozco (Universidad de Guadalajara – UDG) e os argentinos Marcelo Vitarelli (Universidad Nacional de San Luis – UNSL) e Daniel Zas (Escuela Popular de Música).  

Essas mesas do Encontro Internacional de Pesquisa sobre a Cultura Viva terão início às 16h30 (hora de Brasília) e transmissão pelo canal de YouTube do Enecult.

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No dia 21, às 16h, Márcia Rollemberg, secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura e presidenta do IberCultura Viva, falará sobre “A importância da pesquisa para a Política Nacional Cultura Viva”. Às 16h30, será a vez da mesa “Cultura Viva – Programa, Política e Poesia”, que reunirá parte da equipe da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC/MinC), com mediação de Deborah Rebello Lima (UFPR). Serão apresentados os trabalhos “Cultura Viva: rede de poema e poema em rede”, por Leandro Anton; “A dimensão econômica solidária na Cultura Viva”, a cargo de Juliana Caetano e Carolina Freitas; “Cultura Viva e Pontos de Cultura celebram 20 anos com o maior investimento da história”, por João Pontes, diretor da Política Nacional Cultura Viva e representante do Brasil no IberCultura Viva.

Além da programação do Encontro Internacional de Pesquisas sobre a Cultura Viva, o Enecult contará com pesquisadores latino-americanos em outros painéis, como a mesa online “Mondiacult y después: el futuro de las políticas culturales en América Latina”, do GT Políticas Culturais, que se realizará nesta terça-feira, às 16h.  Estarão presentes Alexandre Barbalho (Universidade Estadual do Ceará), María Adelaida González (Universidad de Antioquia, Colômbia), María Elena Figueroa Díaz (Universidad Nacional Autónoma de México) y Tomás Peters (Universidad de Chile). A mesa será coordenada por Nicolás Sticotti (Universidad Nacional de Avellaneda, Argentina) e transmitida pelo YouTube do Enecult.

Já a mesa “Cultura e políticas culturais na América Latina”, que faz parte do GT Culturas e América Latina, tem como objetivo apresentar e discutir o progresso de pesquisas recentes sobre cultura e políticas culturais no Brasil, na Argentina e no Uruguai no século XXI. A pesquisa faz parte do programa 2023-2025 dos Grupos de Trabalho do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso). Esta mesa, que tem a coordenação de Rubens Bayardo (UNSAM, Argentina), será apresentada no dia 21 de agosto, às 14h (também com transmissão online). Participarão deste encontro Antônio Albino Canelas Rubim (UFBA), Jacqueline Gama (UFBA) e Alexandre Santini (Fundação Casa de Rui Barbosa – FCRB).

No sábado, dia 24 de agosto, às 9h, o GT Cultura e Políticas Culturais de Clacso promoverá a mesa “Democracias e culturas na América Latina”, que também terá transmissão online. A mesa será mediada pela professora e pesquisadora Lia Calabre (Universidade Federal Fluminense/ Fundação Casa de Rui Barbosa) e contará com a exposição de Albino Rubim (UFBA, Brasil), Carlos Yanez (Universidad Nacional de Colombia), Eduardo Nivón (Universidad Nacional Autónoma de México), Rubens Bayardo (Universidad de Buenos Aires) y Guillermo Valdizán (TECUS, Peru).

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O 20º Enecult é realizado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), por meio do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (CULT), em parceria com o Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (Pós-Cultura) do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC) e Faculdade de Comunicação (Facom), e pelo Ministério da Cultura. Este ano, conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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Confira aqui a programação das sessões e mesas coordenadas.

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13

ago
2024

Em Destaque
Editais
Intercâmbios
Notícias

Por IberCultura

IberCultura Viva abre o edital IberEntrelaçando Experiências, para o intercâmbio de saberes

Em 13, ago 2024 | Em Destaque, Editais, Intercâmbios, Notícias | Por IberCultura

(Foto: Akántaros Asociación Cultural)

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Nesta terça-feira, 13 de agosto, o programa IberCultura Viva abre as inscrições para o edital IberEntrelaçando Experiências. A partir de hoje, organizações culturais comunitárias, povos indígenas e comunidades afrodescendentes dos países membros do programa* podem solicitar uma das 53 propostas de formação cadastradas no Banco de Saberes Culturais e Comunitários IberCultura Viva, para que seja desenvolvida em seus territórios. As propostas são provenientes de 12 países e estão disponíveis na seção “Banco de Saberes” do site www.iberculturaviva.org.

Nesta chamada, as 37 entidades governamentais que compõem a Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais** também podem se inscrever como comunidades anfitriãs. Neste caso, os municípios, estados ou províncias requerentes deverão garantir que o intercâmbio ocorra em pelo menos uma organização cultural comunitária ou coletivo de povos indígenas ou comunidades afrodescendentes de seu território. 

As inscrições ficarão abertas até o dia 10 de setembro* na plataforma Mapa IberCultura Viva. Primeiro, as organizações culturais comunitárias, povos indígenas, comunidades afrodescendentes ou governos locais interessados ​​em receber alguma destas propostas de formação em seu território deverão entrar em contato com as pessoas facilitadoras da oficina/capacitação (cada projeto conta com uma ou duas pessoas facilitadoras, mencionadas na proposta). No momento da escolha, devem avaliar se contam com as necessidades técnicas e espaciais exigidas para a realização da proposta (essas necessidades estão detalhadas em cada um dos projetos). Depois, ao coordenar com a pessoa facilitadora, devem acordar as condições do intercâmbio, tanto em termos logísticos como nos requisitos técnicos. 

Uma vez acordada entre ambas as partes a vontade de realizar o intercâmbio, a candidatura é feita como organização anfitriã no Mapa IberCultura Viva. Além da produção e divulgação da atividade, as comunidades anfitriãs deverão garantir hospedagem, alimentação e transporte dentro do território local para as pessoas facilitadoras. O programa IberCultura Viva se encarregará da compra de passagens aéreas e seguro viagem para uma ou duas pessoas facilitadoras do intercâmbio. Não haverá repasse de recursos para os projetos. 

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Requisitos

Para postular como comunidade anfitriã, as organizações devem ter pessoa jurídica (CNPJ, para o Brasil). Caso não possuam, deverão apresentar uma carta aval assinada pelo/a representante do governo de seu país perante o programa IberCultura Viva (REPPI). Cada país determinará os critérios exigidos para a emissão da sua garantia. 

No caso do Brasil, especificamente, é necessário que a organização anfitriã seja um Ponto de Cultura cadastrado na Rede Cultura Viva e certificado pelo Ministério da Cultura (MinC); a opção de solicitar uma carta aval não estará habilitada. Os governos de Niterói e São Leopoldo, que compõem a Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, também deverão apresentar o certificado de Ponto de Cultura da organização com a qual se inscrevem.  

No caso do Chile, as organizações candidatas deverão ser aquelas já validadas como Pontos de Cultura Comunitária pelo Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio. Os 12 municípios do Chile que participam da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais que tenham interesse em se candidatar como anfitrião, também devem indicar uma organização que tenha inscrição no Registro Nacional de Pontos de Cultura Comunitária para receber o intercâmbio.

As organizações participantes pelo México deverão apresentar o certificado de registro em TELAR (Registro Nacional de Espaços, Práticas e Agentes Culturais); isso inclui aquelas que participam com governos locais do México. No caso do Equador, é necessário ter o certificado de registro no RUAC (Registro Único de Artistas e Gestores Culturais).

As candidaturas devem incluir uma carta de aceitação da(s) pessoa(s) facilitadora(s) responsável(eis) pela proposta do Banco de Saberes escolhida para o intercâmbio, comprometendo-se a realizá-lo na comunidade anfitriã. A carta deverá indicar a data do intercâmbio, entre os meses de outubro de 2024 e janeiro de 2025.

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Seleção

A avaliação das propostas será realizada pelo Comitê de Seleção, formado por membros do Conselho Intergovernamental do IberCultura Viva.  As pessoas avaliadoras verificarão se se trata de um intercâmbio significativo, de acordo com a trajetória das organizações e dos povos indígenas envolvidos, e se se destina a um número considerável de pessoas da comunidade anfitriã.

Além disso, serão levados em conta critérios como o estabelecimento claro de ações de visibilidade e difusão dos saberes comunitários no território anfitrião e a inclusão de temas específicos e significativos para comunidades em condições de vulnerabilidade, coletividades, diversidade étnica, entre outros.

Também contará pontos a inclusão da perspectiva de gênero de forma transversal. Ou seja, serão valorizados os projetos em que os conteúdos não reforçam noções estereotipadas, e sim desafiam os papéis tradicionais de gênero entre homens e mulheres; bem como as propostas que abordem temas relevantes para as problemáticas enfrentadas por mulheres e meninas (violência, direitos sexuais e reprodutivos, assédio no local de trabalho, participação política, etc.), e que contem com a participação ativa das mulheres nas atividades (como oficineiras, destinatárias, incluídas na bibliografia ou vídeos, etc.). 

A intenção é que a seleção final contemple a maior diversidade cultural possível, garantindo que sejam selecionados projetos de diferentes países. Assim, o montante de 31 mil dólares destinado a esta convocatória será dividido de forma a cobrir a maior quantidade de propostas de distintos países. 

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Propostas

As propostas que se encontram no Banco de Saberes Culturais e Comunitários IberCultura Viva foram enviadas por meio de três convocatórias, lançadas em 2024, 2019 e 2018. A mais recente, que esteve aberta entre 7 de maio e 7 de junho, recebeu um total de 42 candidaturas. Desse total, foram aprovados 35 projetos, que já estão publicados no site www.iberculturaviva.org.

Estes 35 projetos somaram-se aos já cadastrados no Banco de Saberes IberCultura Viva, cujas pessoas facilitadoras escreveram ao programa manifestando interesse em continuar nesta instância: dos 30 que haviam sido aprovados nas chamadas lançadas em dezembro de 2018 e dezembro de 2019, 18 confirmaram a vontade de continuar no banco, alguns com pequenas modificações já atualizadas no site.

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(*) Texto atualizado em 02/09/2024, após o anúncio de extensão do prazo de inscrições

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Confira o regulamento

Inscrições: https://mapa.iberculturaviva.org/oportunidade/292/

Consultas: programa@iberculturaviva.org

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TOTAL DE PROJETOS DISPONÍVEIS NO BANCO DE SABERES: 53

Projetos que entraram na convocatória de 2024: 35

Projetos que entraram em 2018 e 2019 e manifestaram interesse em continuar: 18

(Clique nos títulos dos projetos para ver as propostas completas)

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Argentina (9)

Gestão e produção de projetos comunitários. Uma arte essencial e quase sempre invisívelOrganização responsável: Matemurga de Villa Crespo

Jogos de ritmo, criação coletiva e arte comunitária – para grupos e referênciasOrganização responsável: La Bombocova

Clínica intensiva sobre práticas arquivísticas pessoaisOrganização responsável: Archivo de la Memoria Trans

EVA (Em Voz Alta) Redes Feministas de BairroOrganização responsável: Ni Una Menos Santiago del Estero 

Capoeira. Formação Cultural Antirracista, Feminista e InterseccionalOrganização responsável: Capoeira Onda

A Experiência da Orquesta Estable da Rádio Reconquista e a Articulação com a Rede Arte, Memória e TerritóriosOrganização responsável: Cooperativa Cultural Devenir Proyecto

Terra Firme. Uma Cartografia AfetivaOrganização responsável: Dos Ombúes

“Conte como quiser”, Oficina de Criação Coletiva AudiovisualOrganização responsável: Contala como Quieras

Ponto de Gestão Cultural ComunitáriaOrganização responsável: Fundación Comunidad Contemporanea

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Brasil (5)

Afroescola pelo MundoOrganização responsável: Ponto de Cultura AfroEscola

Dramaturgias Emergentes – Organização responsável: Ponto de Cultura Coletivo Justina

Tecendo redes em Raposa – organização responsável: Pontão de Cultura Instituto Maranhão Sustentável

Puxirão musical – Intercâmbio de conhecimentos tradicionaisOrganização responsável: Ponto de Cultura Na Ginga da Maré 

Ipadê – Encontros com Axé Organização responsável: Ile Aleketu Ijoba Bayo (Ile Barú/Grupo Senzala Foz)

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Chile (7)

Chauque Kimün (Intercâmbio de Conhecimento) Têxtil – Organização responsável: Agrupación de Mujeres Lafquenches

Silhuetas na RuaOrganização responsável: Pájarx Entre Púas

Mosaicos Comunitários para Cultura Viva na América LatinaOrganização responsável: Centro Cultural Creando Valle

Oficina Comparsa de Figurinos ComunitáriasOrganização responsável: Espacio Comunitario Santa Ana

Intercâmbio Territorial de Saberes a partir da Forma de Representação – Amelkantun”Organização responsável: Centro Cultural La Célula 

Oficina de Ourivesaria com Cobre RecicladoOrganização responsável: Mesa de Cultura Ciudadana “Raíces” de Chanco

EnRedArteOrganização responsável: Centro Cultural Margot Loyola

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Colômbia (10)

Oficina de Criação Teatral a partir das Técnicas do Teatro do OprimidoOrganização responsável: Colectivo Mujeres de Fuego

Laboratório Teatral de Criação e Exploração Social sobre Questões de Gênero, suas Raízes e suas TransformaçõesOrganização responsável: Colectivo Mujeres de Fuego

Criação de Livros Infantis com Visão InterculturalOrganização responsável: Asociación Runapacha

Aula viva itinerante. Intercâmbio de Saberes e Construção de Novas CidadaniasOrganização responsável: Fundación Creando Lazos de Saber y Vida

Metodologias de Pesquisa – Criação para a Defesa Comum dos Territóriosorganização responsável: Fundación Cuas

Escola Feminista Popular: Bordando para uma Vida Livre de ViolênciaOrganização responsável: Colectiva Miradas Violetas

Ler para nos narrar: uma viagem por experiências metodológicas para reconhecer as vozes das crianças por meio das linguagens literáriasOrganização responsável: Libros Buenos a la Vereda 

Eros e Tânatos em Gabo. Projeto Social: “Contar histórias para curar: um legado da Colômbia para o mundo” Organização responsável: Encuentro de Voces 

Bibliotecas fazem cinemaOrganização responsável: Fundación Cultural Territorios, Arte y Paz

Saberes e Sabores Ancestrais: Nós, Caucanos, Salvaguardamos e Fortalecemos Nossas Cozinhas TradicionaisOrganização responsável: Cooperativa Red de Mesa Larga

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Costa Rica (2)

“C.A.O.S.” (Comunidades Artísticas-Organização Social)Organização responsável: Fundación KEME

Vozes do Passado e do Presente (Povo Brunca – Diversidade Cultural)Organização responsável: Jícaro Artesanía

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Cuba (3)

Rodando Fantasias

Rodando FantasiasOrganização responsável: Projeto Comunitário de Produção Audiovisual Infantil Rodando Fantasías/ Red Cámara Chica, Cuba 

Maravilhas da Infância, Cultivadora de Sonhos – Organização responsável: Proyecto Sociocultural Comunitário Maravillas de la Infancia Cultivador de Sueños

Manancial de Artes: Agricultura, Cultura, Educação Ambiental  – Organização responsável: Proyecto Comunitario Granjita Feliz

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Equador (3)

Rimaykuna (Conversas) e Muskuykuna (Sonhos)  – Organização responsável: Kitu Samay Wasi

Memória: Oficina para Criar Exposições Comunitárias a partir da Memória e da IdentidadeOrganização responsável: Museu Etnográfico Daniel Rodríguez Sacoto

Desenvolvimento do Projeto MapeateOrganização responsável: Rede de Gestores Culturais do Centro Histórico de Quito (REDGESCHQ)

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El Salvador (1)

Colectivo Alcapate

Oficina: Património Cultural em Cena. Jogo Cênico para Contar Histórias.- Organização responsável: Colectivo Alcapate

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Espanha (2)

Dance do seu jeito, o corpo como textoOrganização responsável: Asociación Cultural Akántaros

 “Enquanto tudo acontece.” Rotas para o Fazer ColetivoOrganização responsável: Asociación Cultural Akántaros

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México (5)

Oficina de cinema comunitário para crianças  – Organização responsável: CinemaTequio

Seminário de Animação Sociocultural ComunitáriaOrganização responsável: Colectivo CulturAula 

“Enredando Saberes” – Formação em Pedagogias da Esperança para o Cuidado das Crianças através da Arte e da CulturaOrganização responsável: CulturAula

Cinema para o Barrio – Laboratório Audiovisual de Identidades Infâncias e AdolescênciasOrganização responsável: CulturAula

Itinerarte – Oficina de Planejamento e Produção de Eventos Comunitários, Culturais e Artísticos em Espaços de VizinhançaOrganização responsável: Más Música, Menos Balas

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Paraguai (1)

Como construir uma participação comunitária autêntica. Compartilhando a experiência de 17 anos de El Cántaro Bioescuela PopularOrganização responsável: Fundación El Cántaro BioEscuela Popular

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Peru (5)

Dicionários Audiovisuais Comunitários (DAC) – Organização: La Combi-arte rodanteOrganização responsável: The Rolling Combi-arte

Bem Viver na Cidade: Recuperação de Saberes Ancestrais, Práticas Bioculturais e Artes ComunitáriasOrganização responsável: Asociación Taller de Educación y Comunicación a través del Arte Arena y Esteras

Animação Stop Motion: da ideia à açãoOrganização responsável: Asociación Civil Chaski José María Arguedas

O sentido da sua ideiaOrganização responsável: Microcine Nazarenas

Construindo conexões em nossa comunidadeOrganização responsável: Associação cultural Microcine San Juan

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(*) Os países membros do IberCultura Viva são: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Espanha, México, Paraguai, Peru e Uruguai. A República Dominicana participa este ano como país convidado.
(**)  As cidades, estados e províncias que compõem a Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais são: 
  • Argentina: Almirante Brown, Comodoro Rivadavia, Marcos Juárez, Província do Chaco, Província de Entre Ríos, Província de Jujuy, Província de La Rioja, Província de Santiago del Estero, Quilmes.
  • Brasil: Niterói e São Leopoldo. 
  • Chile: Alto Biobío, Cauquenes, Concepción, Hualaihué, Lonquimay, Puerto Saavedra, Puqueldón, Quilaco, San Felipe, San Pedro de la Paz, La Unión e Valparaíso. 
  • Colômbia: Bogotá e Medellín.
  • Costa Rica: Alajuelita e Curridabat.
  • México: Estado de Tabasco, Guadalajara, Jojutla, Nueva Ciudad Guerrero, San Luis Potosí, San Miguel de Allende, Tempoal de Sánchez, Xalapa e Zapopan.
  • Peru: Lima

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07

ago
2024

Em Formação
Notícias

Por IberCultura

Ana Higuera ministra a segunda aula aberta do Curso de Políticas Culturais de Base Comunitária 2024

Em 07, ago 2024 | Em Formação, Notícias | Por IberCultura

No dia 15 de agosto, a argentina Ana Higuera ministrará a segunda aula aberta da edição 2024 do Curso de Pós-graduação Internacional em Políticas Culturais de Base Comunitária FLACSO-IberCultura Viva. O encontro “Políticas públicas culturales: una mirada desde adentro” terá transmissão ao vivo pelo canal de YouTube do IberCultura Viva a partir das 12h (hora de Brasília). 

Ana Higuera é consultora em elaboração de projetos e políticas públicas para o desenvolvimento cultural. Licenciada em Artes pela Universidade de Buenos Aires (UBA) e com pós-graduação em Política e Gestão em Cultura e Comunicação (FLACSO), conta com larga experiência no âmbito público. Trabalhou no ex-Ministério de Cultura da Argentina, onde se especializou em planejamento estratégico, elaboração e implementação de programas em nível nacional e ibero-americano enfocados no financiamento de projetos culturais, potenciando redes e a profissionalização das e dos gestores culturais. 

Ela foi responsável pela Unidade Técnica do programa Ibermúsicas e trabalhou com a Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB) em iniciativas de cooperação ibero-americana. Além disso, elaborou e coordenou programas de fomento federais, entre eles o Fundo Argentino de Desenvolvimento Cultural e o programa Gestionar Futuro.

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Encontros anteriores

As aulas transmitidas pelo YouTube foram uma novidade da edição 2021 do Curso de Pós-Graduação Internacional em Políticas Culturais de Base Comunitária, que se realiza desde 2018 na Área de Comunicação e Cultura da FLACSO-Argentina. A primeira palestra aberta, realizada em 27 de maio de 2021, foi “Cultura: espécies culturais digitais e territoriais“, do professor colombiano Omar Rincón. A segunda foi “Gestão cultural dissidente, decolonial, comunitária e feminista“, dada pela guatemalteca Lucía Ixchíu. A argentina Laura Taube ministrou a terceira aula aberta do ano de 2021, “Desenvolvimento de públicos para o setor cultural”.

Em 2022 foram realizadas duas aulas abertas: “Cultura e Decolonialidade”, com Andrea Neira, e “Como construir tramas poéticas com territórios”, com Paula Mascias. Em 2023, Andrea Neira retornou à sexta turma do curso com Cultura e Decolonialidade, e neste ano de 2024 esteve de volta para mais uma aula, no dia 30 de maio. 

Esses encontros virtuais (pelo Zoom) contam com a participação de alunas e alunos matriculados no curso (que podem tirar dúvidas durante a videoconferência) e estão disponíveis no canal do IberCultura Viva no YouTube para quem quiser assistir depois.

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Quando:

Quinta-feira, 15 de agosto

9:00 (CRI-MEX-SLV), 10:00 (COL-ECU-PER), 11:00 (CHL-DOM-PRY), 12:00 (ARG-BRA-URY), 17:00 (ESP)

Onde assistir:

https://www.youtube.com/@IberCulturaViva/streams

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31

jul
2024

Em Editais
Intercâmbios
Notícias

Por IberCultura

53 projetos de 12 países compõem o Banco de Saberes Culturais e Comunitários IberCultura Viva

Em 31, jul 2024 | Em Editais, Intercâmbios, Notícias | Por IberCultura

Os projetos enviados ao Banco de Saberes Culturais e Comunitários IberCultura Viva já estão publicados no site www.iberculturaviva.org, em suas versões em espanhol e português. Estas propostas estarão disponíveis para intercâmbios na convocatória IberEntrelaçando Experiências, que será lançada em breve.

Das 53 propostas que se encontram no Banco de Saberes, 35 foram selecionadas na convocatória 2024, que esteve aberta de 7 de maio a 7 de junho. As outras 18 são propostas que haviam sido enviadas ao Mapa IberCultura Viva nas convocatórias lançadas em dezembro de 2018 e em dezembro de 2019, e que manifestaram interesse em seguir participando.

Ao participar do Banco de Saberes IberCultura Viva, as pessoas facilitadoras das oficinas – integrantes de organizações culturais comunitárias e/ou povos originários – se dispõem a viajar a outros países para compartilhar suas experiências com outras comunidades. As propostas aprovadas e publicadas no Banco de Saberes são postas em circulação através dos editais IberEntrelaçando Experiências. 

O programa IberCultura Viva comprará as passagens aéreas e seguros de viagem para as pessoas facilitadoras das oficinas/capacitações selecionadas nos editais IberEntrelaçando Experiências. As comunidades anfitriãs estarão encarregadas da hospedagem, alimentação e traslados dentro do território local durante a realização da oficina/capacitação.

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TOTAL DE PROJETOS DISPONÍVEIS NO BANCO DE SABERES: 53

(Clique no nome do projeto para conhecer a proposta completa)

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Argentina (9)

. Gestión y producción de proyectos comunitarios. Un arte imprescindible y casi siempre invisible – Organização responsável: Matemurga de Villa Crespo

. Juegos de ritmo, creación colectiva y arte comunitario – para grupos y referentxs – Organização responsável: La Bombocova

. Clínica intensiva sobre prácticas archivísticas personales – Organização responsável: Archivo de la Memoria Trans

EVA (En Voz Alta) Redes Feministas Barriales – Organização responsável: Ni Una Menos Santiago del Estero 

Capoeira. Formación Cultural Antirracista, Feminista, Interseccional – Organização responsável: Capoeira Onda

La Experiencia de La Orquesta Estable de Radio Reconquista y la Articulación con la Red Arte, Memoria y Territorios – Organização responsável: Cooperativa Cultural Devenir Proyecto

Tierra Firme. Una Cartografía Afectiva – Organização responsável: Dos Ombúes

“Contala Como Quieras”, Taller de Creación Colectiva Audiovisual – Organização responsável: Contala como Quieras

Punto de Gestión Cultural Comunitario –  Organização responsável: Fundación Comunidad Contemporánea

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Brasil (5)

Afroescola no Mundo – Organização responsável: Ponto de Cultura AfroEscola

Dramaturgias Emergentes – Organização responsável: Ponto de Cultura Coletivo Justina

Tecendo Redes em Raposa – Organização responsável: Pontão de Cultura Instituto Maranhão Sustentável

Puxirão musical – Intercâmbio de conhecimentos tradicionaisOrganização responsável: Ponto de Cultura Na Ginga da Maré

Ipadê – Encontros com AxéOrganização responsável: Ile Aleketu Ijoba Bayo Ase Baru Orobolape (Ilê Baru/ Grupo Senzala Foz)

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Chile (7)

Chauque Kimün (Intercambio de Saberes) Textil – Organização responsável: Agrupación de Mujeres Lafquenches

Siluetas a la Calle

Organização responsável: Pájarx Entre Púas

Mosaicos Comunitarios para la Cultura Viva en América Latina

Organização responsável: Centro Cultural Creando Valle

Taller Comparsa de Figurines Comunitarios

Organização responsável: Espacio Comunitario Santa Ana

Intercambio Territorial de Saberes a partir de la Forma Representacional “Amelkantun”

Organização responsável: Centro Cultural La Célula 

Taller de Orfebrería con Cobre Reciclado

Organização responsável: Mesa de Cultura Ciudadana «Raíces» de Chanco

Enredarte

Organização responsável: Centro Cultural Margot Loyola

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Colômbia (10)

Taller de Creación Teatral desde las Técnicas del Teatro Del Oprimido

Institución responsável:  Colectivo Mujeres de Fuego

Laboratorio Teatral de Creación y Exploración Social sobre Cuestiones de Género, sus Raíces y sus Transformaciones ​

Organização responsável: Colectivo Mujeres de Fuego

Creación de Libros Infantiles con una Visión Intercultural

Organização responsável: Asociación Runapacha

Aula Viva Itinerante. Intercambio de Saberes y Construcción de Nuevas Ciudadanías

Organização responsável: Fundación Creando Lazos de Saber y Vida

Metodologías de Investigación – Creación para la Defensa Común de los Territorios

Organização responsável: Fundación Cuas

Escuela Popular Feminista: Bordando Por Una Vida Libre De Violencias

Organização responsável: Colectiva Miradas Violetas

Leer para Narrarnos: Recorrido por Experiencias Metodológicas para Reconocer las Voces de las Niñeces a través de Lenguajes Literarios

Organização responsável: Libros Buenos a la Vereda 

Eros y Thanatos en Gabo. Proyecto Social: “Narrar Para Sanar: Un Legado de Colombia al Mundo” 

Organização responsável: Encuentro de Voces 

Las Bibliotecas Hacen Cine

Organização responsável: Fundación Cultural Territorios, Arte y Paz

Saberes y Sabores Ancestrales: Los Caucanos Salvaguardamos y Fortalecemos Nuestras Cocinas Tradicionales 

Organização responsável: Cooperativa Red de Mesa Larga

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Costa Rica (2)

“C.A.O.S.” (Comunidades Artísticas-Organização Social)

Organização responsável: Fundación KEME

Voces del Pasado y Presente (Pueblo Brunca-Diversidad Cultural)

Organização responsável: Jícaro Artesanía

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Cuba (3)

. Rodando Fantasías – Organização: Proyecto Comunitario de Realización Audiovisual Infantil Rodando Fantasías/ Red Cámara Chica, Cuba 

. Maravillas de la Infancia, Cultivador de Sueños – Organização: Proyecto Sociocultural Comunitario Maravillas de la Infancia Cultivador de Sueños

. Manantial de Artes: Agricultura, Cultura, Educación Ambiental  – Organização: Proyecto Comunitario Granjita Feliz

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Equador (3)

Rimaykuna (Conversaciones) Y Muskuykuna (Sueños)

Organização responsável: Kitu Samay Wasi

Memoridad: Taller para Crear Exposiciones Comunitarias desde la Memoria e Identidad

Organização responsável: Museo Etnográfico Daniel Rodríguez Sacoto

Desarrollo del Proyecto Mapeate – Organização: Red de Gestores Culturales del Centro Histórico de Quito (REDGESCHQ)

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El Salvador (1)

Taller: El Patrimonio Cultural a Escena. Juego Escénico para Contar Historias.

Organização responsável: Colectivo Alcapate

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Espanha (2)

Baila a tu manera, el cuerpo como texto – Organização: Akántaros Asociación Cultural

 “Mientras Todo Ocurre”. Rutas para el Hacer Colectivo

Organização responsável: Akántaros Asociación Cultural

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México (5)

. Taller de cine comunitario para niños y niñas – Organização: CinemaTequio

. Seminario en Animación Sociocultural Comunitaria – Organização: Colectivo CulturAula 

“Enredando Saberes» – Formación Sobre Pedagogías de la Esperanza para la Atención de las Infancias desde el Arte y la Cultura

Organização responsável: CulturAula

Cinema al Barrio-Laboratorio Audiovisual de Identidades para Infancias y Adolescencias

Organização responsável: CulturAula

Itinerarte – Taller de Planeación y Producción de Eventos Comunitarios, Culturales y Artísticos en Espacios Barriales

Organização responsável: Más Música, Menos Balas

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Paraguai (1)

Cómo Construir Participación Auténtica de las Comunidades. Compartiendo La Experiencia de 17 Años del Cántaro Bioescuela Popular

Organização responsável: Fundación El Cántaro BioEscuela Popular

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Peru (5)

. Diccionarios Audiovisuales Comunitarios (DAC) – Organização: La Combi-arte rodante

Organização responsável: La Combi-arte rodante

Buen Vivir en la Ciudad: Recuperación de Saberes Ancestrales, Prácticas Bioculturales y Artes Comunitarias

Organização responsável: Asociación Taller de Educación y Comunicación a través del Arte Arena y Esteras

Animación Stop Motion: De La Idea a La Acción

Organização responsável: Asociación civil Chaski José María Arguedas

El Sentido de tu Idea

Organização responsável: Microcine Nazarenas

Construyendo Conexiones en Nuestra Comunidad

Organização responsável: Asociación cultural Microcine San Juan

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31

jul
2024

Em Notícias
Países membros
Pontos de Cultura

Por IberCultura

Ministério das Culturas do Chile abre edital para apoiar planos de fortalecimento dos Pontos de Cultura

Em 31, jul 2024 | Em Notícias, Países membros, Pontos de Cultura | Por IberCultura

(Foto: Galpão do Ponto de Cultura Nosso Circo de Arica)

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O Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio do Chile, por meio do Departamento de Cidadania Cultural, abriu na última terça-feira, 23 de julho, a Convocatória para Apoiar os Planos de Fortalecimento dos Pontos de Cultura  Comunitária (PCC) 2025. As organizações selecionadas neste processo poderão sustentar e fortalecer suas práticas socioculturais, e assim contribuir para o desenvolvimento da cultura comunitária em suas respectivas localidades, com a cobertura de vários tipos de gastos. A convocatória representa uma oportunidade para as organizações, clubes desportivos, associações de bairro, coletivos e grupos que promovem a cultura nos seus ambientes comunitários.

Até o momento, existem 294 PCCs validados pelo Registo Nacional de Pontos de Cultura Comunitária, distribuídos por 149 comunas, em todas as regiões do país. O corte de 2024 (que terminou em 30 de junho) recebeu 506 inscrições de organizações que este ano buscam ser validadas por seu trabalho cultural comunitário. Durante o mês de agosto, as Secretarias Ministeriais Regionais (Seremis) do país entregarão os certificados dos novos PCCs reconhecidos. Os selecionados este ano poderão se inscrever em uma das linhas desta chamada, tendo um prazo maior para apresentar sua postulação.

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Datas de inscrição
As duas linhas de aplicação entregarão recursos no valor de 3,2 bilhões de pesos chilenos (cerca de 3,5 milhões de dólares), que deverão ser executados entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2025.

Linha do Plano de Fortalecimento de Continuidade

O objetivo desta linha é continuar durante 2025 com o apoio aos Planos de Fortalecimento dos Pontos de Cultura Comunitária, que já receberam este apoio em 2023, através de procedimento sujeito a avaliação.

Prazo de inscrição: de 23 de julho a 22 de agosto de 2024, às 17h.

Linha do Plano de Fortalecimento de Novos PCC

O objetivo desta linha é apoiar o financiamento de um Plano de Fortalecimento, a ser executado entre janeiro e dezembro de 2025, de um Ponto de Cultura Comunitária validado em 2023 ou 2024. A lista de PCCs reconhecidos durante 2024 será divulgada em cada região do país. durante o mês de agosto.

Prazo de inscrição: de 23 de julho a 11 de setembro de 2024, às 17h.

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⇒Regras e inscrições neste link:

https://www.fondosdecultura.cl/convocatoria-de-apoyo-a-los-planes-de-fortalecimiento-a-puntos-de-cultura-comunitaria-pcc/

(Fonte: Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio)

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14

jul
2024

Em Cultura Viva
Notícias
Países membros

Por IberCultura

20 Anos de Cultura Viva: um ato de celebração da “história vitoriosa” da política nacional de base comunitária

Em 14, jul 2024 | Em Cultura Viva, Notícias, Países membros | Por IberCultura

(Fotos: Amanda Tropicana/MinC)

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Depois de três dias de reflexões, diálogos, debates e rodas de saberes – e tambores, cantos e danças e amorosidades –, o Encontro Nacional Cultura Viva 20 Anos chegou ao fim com um cortejo e um ato de celebração em Salvador (Bahia), no sábado 6 de julho. Participaram do encerramento a ministra da Cultura, Margareth Menezes; o ex-ministro Juca Ferreira; a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura e presidenta do IberCultura Viva, Márcia Rollemberg, entre outras autoridades, gestores/as, pesquisadores/as, mestres/as e fazedores/as de cultura de todas as regiões do Brasil.

No palco da Casa Rosa, além de citar algumas pessoas que contribuíram para a construção “dessa história vitoriosa que é a política de Cultura Viva”, a ministra lembrou as Bases de Apoio Cultural, que acabaram sendo uma semente para a construção e implementação da política Cultura Viva. Mandou, também, um abraço a todos os Pontos e Pontões de Cultura, “que são protagonistas e potencializadores das expressões e manifestações culturais, da memória, da identidade cultural do Brasil, a partir dos territórios”.

“Como chamas acesas em nosso país, ponteiros e ponteiras representam a pluralidade da nossa diversidade cultural em todas as mais diversas expressões e manifestações e pensares culturais, nas periferias, nas favelas, nas comunidades indígenas, nos quilombos, nas comunidades tradicionais, nas comunidades ribeirinhas, nas florestas, no campo, nas cidades. Cultura digital, cultura tradicional, cultura popular, cultura contemporânea, das juventudes, das infâncias, dos idosos. São espelhos da potencialidade cultural brasileira”, complementou.

Margareth Menezes também destacou que a Política Nacional Cultura Viva é resultado de um longo processo de escuta, de diálogo, de debate, envolvendo a sociedade civil, Pontos de Cultura, parlamentares, gestores municipais e estaduais e universidades. “É uma política construída por muitas pessoas. É um legado do povo brasileiro. A Cultura Viva materializa a conexão entre cultura, educação, desenvolvimento, inclusão social, cidadania, como política de cultura abrangente e descentralizada, em rede e em diálogo, junto com as comunidades, com os territórios, com todo o Brasil”.

Segundo ela, ao longo desses 20 anos, a política Cultura Viva demonstrou “a resiliência das pessoas, a força do fazer cultural de base comunitária, como ferramenta de transformação social, inclusão, e geradora também de emprego e renda”. “De maneira significativa, esta política parte da necessidade de construção de um mundo mais justo, mais igualitário, guiado por valores democráticos e justiça social. (…) “Como disse um dia Gilberto Gil, se a partir de um ponto a gente pode refazer o mundo, a partir de muitos pontos reunidos, fortes e visíveis, presentes, ativos, vamos desenhar muitas linhas para mudar as coisas e derrotar os preconceitos”.

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Uma ideia que surgiu numa conversa informal

Juca Ferreira, que em 2004, ano de lançamento do Cultura Viva, era secretário-executivo do ministro Gilberto Gil, contou que a ideia do programa nasceu nos primeiros meses do governo Lula. Segundo ele, depois de assumir o Ministério da Cultura em janeiro de 2003, Gil criou uma rotina com sua equipe: todos os dias, em torno das 18h, havia uma conversa informal na sala do ministro. Nessa roda, sem ordem pré-estabelecida, as pessoas que tinham saído para fazer suas tarefas contavam o que tinham visto, as ideias que haviam tido, as ideias que alguém havia sugerido. “Foi um dos momentos mais ricos do Ministério da Cultura”, lembrou Ferreira, que assumiria a Pasta em 2008.

Numa dessas conversas, Gil disse que por todo lugar onde andava era procurado por mestres da cultura popular. Uma turma que até então não era lá muito considerada no Ministério da Cultura, sempre cheio de confetes para a “arte consagrada”, para a elite brasileira. E ele foi logo perguntando aos gestores e gestoras: o que fazer com isso? “Essa provocação de Gil gerou uma conversa animadíssima. Todo mundo que estava ali tinha contato com grupos de capoeira, cineclubes, grupos de arte urbana, maracatus, era uma quantidade enorme. Aí, depois de muita conversa, ele me disse: ‘Juca, tome conta disso’”. Pesquisando aqui e ali, o então secretário-executivo chegou ao nome de Célio Turino para conduzir esse projeto, à altura da grandeza que queriam que tivesse. 

As dificuldades, no entanto, foram muitas, “imensas”. Inclusive porque o Estado, segundo ele, muitas vezes não está organizado para prestar serviços, mesmo quando tem a intenção de fazê-lo. “É preciso revolucionar o Estado brasileiro, colocá-lo a serviço do conjunto da sociedade. É preciso interromper essa continuidade da escravidão, do colonialismo. Somos uma das sociedades mais diversas e ricas culturalmente do mundo. A riqueza cultural da América Latina é gigantesca”, ressaltou.

Para Juca Ferreira, uma sociedade precisa de uma base cultural diversa, capaz de representar o conjunto da população. “O Brasil é uma Babilônia em termos de reunião de povos de todo lugar do mundo. Isso não é um problema, isso é uma riqueza. E os Pontos de Cultura são as expressões dessa rica diversidade cultural que nós temos. É preciso fortalecê-la, incentivá-la, valorizar os mestres, valorizar esses grupos culturais. Não existe coesão nacional de nenhum povo se a cultura não une. A cultura está acima da política nesse aspecto. O gaúcho, o mato-grossense, o baiano, o carioca, o paulista, o mineiro, o paraense tem que desenvolver o sentimento de pertencimento a uma mesma nação e saber que nós somos diferentes, mas aí é que está a nossa riqueza.”


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Uma política com quatro dimensões

Márcia Rollemberg, secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC, ressaltou que essa política tem quatro dimensões importantes: sua poética, sua estética, sua métrica e sua ética. Segundo ela, a poética vem do conceito do “do-in antropológico” lançado por Gilberto Gil, quando reconhece a relevância de incluir “os pontos de cultura” no fomento cultural. A métrica (“que agora tem que ter o tamanho do Brasil”) vem com a ministra Margareth Menezes, neste momento de “maioridade” e investimento histórico. A dimensão estética, por sua vez, garante a gestão compartilhada e participativa, da sociedade civil e do poder público. Já a dimensão da ética tem a ver com o seu propósito, de impactar de forma positiva a vida das pessoas e de suas comunidades.

“Cultura Viva é o exercício do amor, como diz Cris Alves. Cultura Viva são as culturas indígenas, as culturas populares e tradicionais, as culturas de matriz africana, as culturas ciganas, tantas vezes invisibilizadas e ainda necessitando seu lugar, seu espaço. E esse Brasil precisando compreender a sua história, a sua afro-latinidade, a sua essência como país, para poder andar para frente, mirar o futuro e construir um país menos desigual, com menos violência, com uma juventude viva. Cultura viva, sociedade viva”, completou a secretária.

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Um evento com quatro eixos estruturantes

O Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural, foi uma das entidades organizadoras deste encontro, que teve como base quatro eixos estruturantes: Memória, Reflexão, Futuro e Celebração. Buscando dialogar com elementos do passado para refletir sobre o presente e seguir tecendo o futuro, o evento procurou dar aos mestres e mestras das culturas populares e tradicionais um lugar de destaque em todas as atividades realizadas. A programação foi feita em conjunto com a Comissão Nacional dos Pontos de Cultura (CNPdC) e o Consórcio Universitário Cultura Viva.

Formado para a realização do projeto “20 anos de Cultura Viva: pesquisa e formação”, que será desenvolvido ao longo de dois anos e meio, o Consórcio integra estudantes de graduação e de pós-graduação, professores/as e pesquisadores/as de três universidades: Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Federal do Paraná (UFPR). A ideia do grupo é contribuir para a reformulação conceitual e institucional da ação governamental da Política Nacional Cultura Viva. 

“A gente queria muito deixar esse gesto de como é importante que o poder público olhe para a universidade como um parceiro. Um parceiro que pode ajudar a implementar a política pública, pode ajudar na conexão entre o saber acadêmico e o saber tradicional e comunitário”, comentou Guilherme Varela, professor da UFBA.

“Aprendemos com essa rede a repensar a troca, a prática tradicional, a prática comunitária, mas ainda precisamos aprender muito mais. E aqui nos colocamos, consorciadamente, a serviço da sociedade, das comunidades, para que a gente consiga dar toda a potência que essa política merece”, completou Deborah Rebello Lima, representante da UFPR no Consórcio Universitário.

Em nome da Comissão Nacional de Pontos de Cultura, Marcelo das Histórias abriu o ato de celebração lembrando que “a cultura nasceu irmanada, germinada com a natureza” e que tem o poder de gerar a dominação ou libertação dos povos. “Ponteiros e ponteiras, numa trajetória de 20 anos, reconectando e ressignificando cultura e natureza, chegaram a vários países da América Latina. E quando a pandemia chegou, os Pontos de Cultura seguraram o rojão com a (Lei de) Emergência Cultural. Depois a gente construiu, junto com o Congresso Nacional, a Lei Paulo Gustavo, a Política Nacional Aldir Blanc. Agora que fazemos 20 anos, temos um grande desafio no pensar, no sentir, no agir. Que cada um de nós carregue no coração, na mente e no corpo, a alegria e o amor que a Cultura Viva tem e proporciona.”

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Confira o vídeo da transmissão do ato de encerramento no canal do MinC no YouTube:

https://www.youtube.com/live/MLpBmf7-2Z4?si=ejrIgLvTohuvh8ns

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Leia também:

Cultura Viva 20 anos: memória, reflexão, futuro e celebração. (Caderno digital elaborado pelo Consórcio Universitário Cultura Viva)

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