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Arquivos Peru - IberCultura Viva

04

out
2023

Em Notícias

Por IberCultura

Série de depoimentos coletados pelo GT de Sistematização marca um ano do 5º Congresso Latino-americano de CVC

Em 04, out 2023 | Em Notícias | Por IberCultura

Há um ano, de 8 a 15 de outubro de 2022, foi realizado no Peru o 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. Com o apoio do IberCultura Viva, seis membros do Grupo de Trabalho de Sistematização viajaram a Lima e Huancayo para acompanhar as atividades: Nicolás Lozano, Valéria Graziano, Rocío Orozco, Daniel Zas, Francisca Jara e Inés Lasida.

Como resultado do trabalho realizado no Peru, o GT reuniu 19 entrevistas em vídeo, entre outros registros, a maioria delas com representantes de organizações culturais comunitárias. A partir de hoje, publicaremos nas redes sociais do programa esses depoimentos coletados durante o evento. Os vídeos também estarão disponíveis no canal do IberCultura Viva no YouTube. O primeiro vídeo é um resumo dos 19 depoimentos que serão apresentados nos próximos dias. 

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O apoio do programa à participação do GT no 5º Congresso teve como objetivo construir colaborativamente espaços de encontro e troca de saberes e experiências entre o Movimento Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária, gestores/as culturais, membros da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais e do GT de Sistematização, com o objetivo de partilhar diferentes perspetivas, identificar pontos de convergência, identificar boas práticas e construir e projetar estratégias e linhas de ação comuns.

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⇒Confira alguns dos depoimentos registrados pelo GT no Peru:

Depoimento de Esther Hernández Torres, diretora geral de Vinculação Cultural da Secretaria de Cultura do Governo de México e presidenta do Conselho Intergovernamental do IberCultura Viva.

Depoimento de Daniela Gutiérrez, do “PARALELO Colectivo de Arte y Cultura” (Chile)

Depoimentos de Eloanah Carolina Gentil e Maiara Carvalho, do Centro de Teatro do Oprimido (Brasil)

Depoimentos de Catherina Salazar, Camila Paz Pizarro Flores, Betty Santander Veas e Gloria Guerra (Chile)

Depoimento de Noemi Lopez Dominguez, do Círculo de Arte e Cultura Huaraz (Peru)

Depoimento de Adriana Diosa, do Grupo Teatral Arlequín y los Juglares (Colômbia)

Depoimentos de Maria Eugenia Romero e Randy Perdomo García (Cuba)

Depoimento de Carola Gonzalez, representante da Municipalidade de Marcos Juárez, Córdoba (Argentina)

Depoimento de Robert Urgoite, do Colectivo Tierra Negra, do Uruguai

Depoimentos de Joe Giménez y Gustavo Diaz, de El Cántaro BioEscuela Popular (Paraguai)

Depoimento de Noel Canto (docente), do Panamá

Depoimento de Emiliano Fuentes Firmani, da Asociación Civil por los Derechos Culturales (Argentina)

Depoimento de Luis Vasquez, do Colectivo Trono (Bolívia)

Depoimentos de Maria Emilia de la Iglesia, da Cooperativa La Comunitaria, y Andrea Hanna, do Grupo de Teatro Comunitario Matemurga (Argentina)

Depoimento de Reyna Mamani Mita, do Colectivo Trono (Bolívia)

Depoimento de Venus Valeria Corona Hernández, do Festival Regional de Artes Textiles Zongolica (México)

Depoimento de Pamela Otoya, del Kilombo Artes Escénicas (Peru)

Depoimento de Mario Waranqamaki Castillo, narrador oral indígena do Peru

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29

abr
2023

Em Notícias

Por IberCultura

Diploma em Gestão Cultural Comunitária: chamada aberta para Pontos de Cultura do Peru

Em 29, abr 2023 | Em Notícias | Por IberCultura

O Ministério de Cultura do Peru, por meio da Direção de Artes, convoca organizações reconhecidas como Pontos de Cultura nas 25 regiões do país para participar do primeiro Diploma Superior em Gestão Cultural Comunitária, que se realizará virtualmente durante 18 semanas. O prazo para se candidatar é 21 de maio.

Este espaço de formação que se propõe a refletir sobre as práticas de gestão cultural em torno das políticas culturais de base comunitária em geral, e dos Pontos de Cultura em particular, estará a cargo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO).

Serão oferecidas 100 bolsas integrais para membros dos Pontos de Cultura de todo o país. Atualmente, existem 636 organizações reconhecidas como Pontos de Cultura no Peru que realizam ações de forma autogestionária em benefício de suas comunidades.

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Lançamento

O anúncio da convocatória foi feito na quinta-feira, 27 de abril, com uma cerimônia em formato híbrido, com a presença do diretor de Artes do Ministério de Cultura do Peru, Carlos La Rosa, e a participação por videoconferência da coordenadora de formação do CLACSO, Magdalena Rauch, e o coordenador acadêmico da proposta, Emiliano Fuentes Firmani.

“Para CLACSO, é um grande prazer poder apoiar esta iniciativa, uma proposta de formação que visa construir novas formas de pensar as políticas culturais localizadas nos territórios e a partir de uma perspectiva crítica que contribua para a transformação de nossas sociedades. A proposta deste diploma, em coordenação com o Ministério de Cultura do Peru e a equipe docente do CLACSO, composta por professores de diferentes países latino-americanos, nasce da necessidade de criar pontes, laços e, sobretudo, uma plataforma de diálogo social que favoreça o diálogo entre os tomadores de decisão de políticas públicas, academia e sociedade civil”, afirmou a argentina Magdalena Rauch no lançamento do diploma.

Para o representante do Ministério da Cultura do Peru, Carlos La Rosa, trata-se de um “diploma de alto nível”, gratuito, à disposição das organizações reconhecidas como Pontos de Cultura, que poderão se candidatar a essas 100 vagas. “Esperamos que seja de grande crescimento, de muito desenvolvimento, enriquecimento e diálogo, para que a cultura viva seja repensada além fronteiras”, destacou o diretor de Artes, lembrando uma frase dita certa vez pelo historiador brasileiro Célio Turino (o principal promotor dos Pontos de Cultura na América Latina), de que os Pontos de Cultura “merecem o melhor”.

“Penso que esta tem sido a convicção ao longo destes anos, por parte de todas as pessoas que integraram as equipes dos Pontos de Cultura: tentar estar à altura daquilo que os Pontos de Cultura fazem todos os dias, tentar estar no nível de suas expectativas. Acredito que este Diploma em Gestão Cultural Comunitária vai ser uma pequena grande ação que vai continuar ao longo do tempo, contribuindo para a profissionalização e o crescimento dos gestores e gestoras dos grupos que estão compondo a rede de Pontos de Cultura. (…) Vamos continuar a fazer o melhor para vocês porque vocês merecem o melhor e temos de nos esforçar ao máximo para estar à altura do trabalho de vocês”, acrescentou La Rosa.

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Proposta acadêmica

O Diploma em Gestão Cultural Comunitária dirigido aos Pontos de Cultura do Peru compreende 6 módulos de 18 sessões no total. Será mantida uma metodologia de participação ativa, através de dinâmicas, ferramentas interativas e audiovisuais. As datas dos módulos serão divulgadas no portal dos Pontos de Cultura (www.puntosdecultura.pe). A aula de apresentação está marcada para o dia 8 de junho.

Segundo o coordenador acadêmico da proposta, Emiliano Fuentes Firmani, trata-se de um diploma sintético, com módulos que abordarão diversos temas, começando por destacar o que foi a construção das políticas culturais de base comunitária. “Há 20 anos falávamos de políticas socioculturais e hoje se consolidou a ideia de que as políticas socioculturais estão mais para políticas culturais de base comunitária, pensando a comunidade associada a um território, e os territórios como espaços vivos, como dizia Milton Santos, enquanto comunidades”, disse Firmani na apresentação do curso.

A proposta, portanto, é rever essas iniciativas, os avanços que tiveram como base os Pontos de Cultura e a Cultura Viva, trabalhando com o reconhecimento desses avanços, e como ocorrem as práticas de gestão cultural, a dimensão mais tática das políticas, aquele trabalho que as organizações e os movimentos sociais desenvolvem com as comunidades.

Além disso, serão abordados alguns aspectos relacionados à profissionalização da gestão cultural comunitária. “Há um senso comum arraigado em pensar o comunitário como iniciativas que têm a ver com o voluntariado. Desta forma, invisibiliza-se a necessidade do reconhecimento dos direitos económicos e sociais de todos os trabalhadores e trabalhadoras da cultura que intervêm na comunidade”, completou o coordenador.

Alguns dos módulos deste diploma, de caráter mais instrumental, foram pensados ​​com a ideia de que as pessoas que participam dos Pontos de Cultura possam adquirir certas tecnologias sociais, certas ferramentas no domínio da administração, destinadas a permitir-lhes um melhor desenvolvimento das suas tarefas culturais comunitárias. Outros módulos são mais dedicados a como pensamos sobre políticas culturais de base comunitária e gestão cultural na América Latina.

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Módulos

Paola de la Vega

O Módulo 1 (“Introdução à Gestão Cultural Comunitária”), com duração de 4 semanas, procura apresentar e compreender o que é a gestão cultural comunitária. Neste módulo inicial, as pessoas participantes revisarão conceitos, modelos, paradigmas de como as políticas culturais foram inicialmente construídas na região latino-americana e como o setor de base comunitária se organizaria e começaria a se articular intersetorialmente, não apenas com os movimentos sociais, mas também com governos e academia. A aula final, ministrada por Paola de la Vega (Equador), trabalhará especialmente com o surgimento da gestão cultural e a repolitização que pode levar a uma gestão cultural crítica, mais pensada desde a comunidade.

O Módulo 2 (“Mediação e pedagogias comunitárias”), com duração de 3 semanas, será iniciado com uma aula de Célio Turino, um dos idealizadores do programa Cultura Viva no Brasil, que falará sobre “a matemática da vida e a cultura de encontro”. Em seguida, haverá uma aula com Fresia Camacho, ex-diretora de Cultura do Ministério da Cultura e Juventude da Costa Rica, militante ecofeminista que trabalha com comunidades a partir de uma perspectiva decolonial. Haverá também uma aula sobre memória social comunitária, ministrada pelo brasileiro Lucas Lara, do Museu da Pessoa, que desenvolveu uma tecnologia social para pensar a construção de arquivos comunitários e a potência política das memórias.

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O Módulo 3 (“Dimensão econômica da cultura comunitária”), também com duração de 3 semanas, trata do senso comum de que o trabalho comunitário é sempre voluntário, fazendo com que se percam as dimensões econômicas tanto dos aportes dos processos comunitários quanto da necessidade de sustentabilidade dos projetos, de forma a garantir os direitos sociais e econômicos dos trabalhadores e trabalhadoras. Para este módulo foi convidada uma especialista brasileira, Luana Vilutis, que vem trabalhando com economia solidária, Pontos de Cultura e dimensões econômicas. Também estará presente a argentina Valéria Escobar, que fundou a organização Ronda Cultural, e a partir dela começou a estudar a sustentabilidade de projetos culturais comunitários. Além disso, está prevista uma aula especial sobre cooperação e redes, com a brasileira Valéria Graziano.

André de Paz

Para abrir o Módulo 4 (“Desenho de projetos culturais comunitários”), outro que terá duração de 3 semanas, a especialista peruana Gloria Lescano foi convidada a abordar como pensar a questão dos formulários, algumas estratégias de apresentação de editais, para a inscrição de projetos. Em seguida, o colombiano Jorge Melguizo, ex-secretário de Cultura Cidadã e de Desenvolvimento Social de Medellín, falará sobre como construir um projeto cultural desde uma perspectiva territorial. Da Guatemala, André De Paz apresentará casos bem-sucedidos a serem considerados na hora de pensar em políticas culturais de base comunitária ou no exercício da gestão cultural comunitária.

Os módulos finais serão instrumentais: Módulo 5 (“Aspectos jurídicos e tributários para a gestão de organizações sem fins lucrativos”) e Módulo 6 (“Estratégia de comunicação institucional e comunitária”). O relativo à legislação peruana para organizações culturais sem fins lucrativos será dividido em duas aulas com especialistas peruanos. Para o módulo final, foi convidada a equipe da Fundação Procomum, do Brasil, que vem trabalhando na geração de marcas culturais para projetos comunitários e tem realizado uma série de laboratórios de inovação cidadã. Além dessa aula voltada para a comunicação institucional, o Módulo 6 terá uma aula de comunicação comunitária com um comunicador popular, o argentino Eduardo Balán, do grupo El Culebrón Timbal.

Eduardo Balán dará a aula final, de comunicação comunitária

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Convocatória

A apresentação de candidaturas é gratuita e será feita apenas online, completando e/ou anexando a informação solicitada no formulário desta convocatória, até as 23h59 (fuso horário peruano) de 21 de maio.

Somente membros de Pontos de Cultura do Peru podem se candidatar a esta chamada. E pode-se inscrever mais de uma pessoa por organização reconhecida como Ponto de Cultura. Caso haja mais de uma inscrição por Ponto de Cultura, será considerada aquela que obtiver a maior pontuação de acordo com os critérios estabelecidos. Caso exista mais de um candidato da mesma organização com a mesma pontuação, será considerada a pessoa que apresentou primeiro a sua candidatura. Caso a capacidade do diploma não seja preenchida, serão considerados os candidatos com maior pontuação, considerando-se um por organização. Se, apesar disso, a lotação ainda não estiver completa, serão considerados os candidatos restantes.

 A seleção das inscrições ficará a cargo de uma Comissão de Seleção composta por três especialistas da Direção de Artes do Ministério de Cultura do Peru, que avaliarão as inscrições recebidas de acordo com os critérios estabelecidos nas bases.

Leia também:

Chamada: “Diploma em Gestão Cultural Comunitária” para Pontos de Cultura

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03

nov
2022

Em Notícias

Por IberCultura

Termina o 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária

Em 03, nov 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

Após oito dias de debates, feiras, rituais, cortejos, apresentações artísticas, visitas a comunidades e sítios arqueológicos, o 5º Congresso Latino-americano de Cultura Comunitária Viva terminou neste sábado, 15 de outubro, com uma assembleia no Auditório Municipal de Huancayo, onde foram apresentadas as principais conclusões dos 10 círculos da palavra e as delegações do México e da Colômbia anunciaram que sediarão as próximas edições: México em 2024, Colômbia em 2026.

Outro acordo que saiu da assembleia foi nomear como “Equipe de Acompanhamento Continental” o grupo que reúne porta-vozes dos processos nacionais de cultura viva comunitária (o que já foi chamado de Conselho Latino-americano de CVC). 

Ao passar o bastão para a delegação mexicana, o Grupo Impulsor do 5º Congresso convidou ao palco um representante de cada país que havia realizado o congresso anteriormente (Bolívia, El Salvador, Equador e Argentina) para encerrar o encontro em clima festivo (“Viva! Viva a cultura viva para a América Latina!), com a alegria que é habitual neste movimento continental que completa 10 anos em 2023.

O 5º Congresso Latino-americano de CVC foi realizado de forma itinerante, de 8 a 15 de outubro, com atividades em Lima (Lima Centro e nos distritos de Ate e San Juan de Lurigancho) e Junín (Huancayo), sob o lema “Tecendo esperança e solidariedade para o bem viver”. Das 580 pessoas inscritas, cerca de 450 participaram da caravana que partiu de Lima com destino a Huancayo, em uma viagem de mais de 8 horas.

Diferentemente das edições anteriores, em que o IberCultura Viva participou do congresso com uma programação paralela, com reuniões do Conselho Intergovernamental e Encontros de Redes, este ano o programa esteve presente numa série de atividades, desde a abertura do evento, no Ministério da Cultura, até o fechamento, no Auditório Municipal de Huancayo.

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29

out
2022

Em Notícias

Por IberCultura

Começam os encontros para a construção coletiva de um ciclo de formação em direitos culturais e cultura viva

Em 29, out 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

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Mais de 40 pessoas participaram do encontro inaugural do Ciclo de Vídeodiálogos e Laboratório “Direitos Culturais e Cultura Viva”, que se realizou em 11 de outubro no Centro Cultural de Ate (Lima), durante o 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. A atividade da Comissão de Formação da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais foi concebida como um espaço de construção participativa e intersetorial para imaginar coletivamente o que poderia ser um novo programa de formação e pesquisa do IberCultura Viva. Após este encontro inicial, as discussões continuarão virtualmente em novembro, com quatro sessões, uma por semana.

Federico Prieto, secretário de Gestão Cultural do Ministério da Cultura da Argentina e vice-presidente do IberCultura Viva, iniciou a sessão agradecendo a todas as pessoas presentes a disponibilidade para participar desta instância, “para criar um espaço de formação onde pessoas que participam de organizações e governos locais possam aprimorar suas habilidades técnicas, gerar espaços de diálogo, compartilhar conhecimento e divulgar as experiências realizadas para continuar fortalecendo o vínculo entre organizações e governos”.

Segundo ele, trata-se também de uma oportunidade de gerar instâncias para que outros governos saibam o que é cultura viva comunitária e políticas culturais de base comunitária. “Sim, acreditamos que um outro mundo é possível, e acreditamos no diálogo real e sincero entre organizações e governos, em busca de melhorar as condições, de garantir estruturas para que quem quiser fazer possa fazê-lo. E sobretudo manter vivos e bem desenvolvidos os conceitos que a cultura viva comunitária nos ensina o tempo todo: despatriarcalização, descolonização, bem viver, bem comum, (…) como nos relacionamos com a natureza, como indivíduo, como coletivo, e como um coletivo de coletivos”.

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Um espaço intersetorial

Alexandre Santini, secretário das Culturas de Niterói, que propôs essa atividade em nome da Comissão de Formação da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, comentou que há quase um ano o grupo trabalha nessa ideia de criar um espaço de formação intersetorial, com representantes de governos locais, governos nacionais e também representantes de organizações culturais. “Não se trata de competir com nenhum dos espaços autônomos de formação ou com os espaços acadêmicos formais de formação e gestão cultural que existem, mas sim de gerar algo novo para poder trabalhar com organizações culturais comunitárias”, explicou.

A intenção, segundo Santini, é gerar algo novo também na história da política e da gestão cultural. “Esta é uma novidade que a América Latina dá ao mundo: propor um novo olhar para as políticas públicas culturais, com uma visão civilizatória dentro da cultura comunitária”, observou, ressaltando também que o que desencadeou essa proposta foi a iniciativa das cidades de San Luis Potosí (México) e Niterói de construir coletivamente, de forma participativa, suas Cartas de Direitos Culturais. 

“Estamos na vanguarda do mundo junto com Roma, Barcelona e algumas outras poucas cidades que desenvolveram suas Cartas de Direitos Culturais. Este é o ponto de partida, não o ponto de chegada. Estamos falando de direitos culturais, equidade territorial, cultura viva, para que seja possível, a partir desse diálogo, estabelecer a construção metodológica do que esse espaço de formação pode se tornar”, destacou o secretário de Culturas de Niterói. “A ideia é coletar insumos e contribuições no congresso, começar com sessões virtuais em novembro e depois avaliar coletivamente e ver que continuidade pode ser dada a essa iniciativa experimental.”

Luisa Velásquez, representante de Guadalajara (México) na Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, lembrou que a intenção é escutar, estar aberta ao diálogo. “Nos círculos da palavra ouvimos várias vezes sobre a necessidade de formação, e na Rede de Cidades vimos esta oportunidade para este ciclo de formação. Embora as linhas temáticas sejam direitos culturais e equidade territorial, e elas já estejam claras, acreditamos que é importante co-construir os conteúdos e perfis. Sabemos que dentro do movimento existem pessoas com muita experiência, com conhecimento empírico”, disse.

Gerardo Padilla, secretário técnico da Carta de Direitos Culturais Unesco-San Luis, mencionou o processo de construção participativa desse instrumento na cidade de San Luis Potosí, tentando imaginar uma sequência, uma vez que há alguma demanda por parte do movimento para espaços de formação, para capacitação, e por outro lado, a falta de um programa de formação com/para/das organizações. 

Além disso, lembrou que em julho de 2021, após três sessões de trabalho no 2º Encontro de Cultura Viva Comunitária em Cidades e Governos Locais da América Latina, realizado em Zapopan e Guadalajara (Jalisco, México), a Rede de Cidades e Governos Locais chegou à redação final do seu Estatuto de Constituição. O documento, elaborado em colaboração com os representantes dos governos locais que participaram deste encontro, detalha a organização da rede em forma de comissões de trabalho. Uma delas, a Comissão de Formação, foi a que propôs a criação deste espaço de diálogo.

“Pensamos como este espaço de trabalho poderia ser desenhado, qual deveria ser o conteúdo, para onde deveria ir, quais capacidades deveria fortalecer, qual abrangência deveria ter, os melhores formatos… algo que a rede se propôs a resolver não só pelas miradas dos governos locais, mas pela perspectiva das organizações de base. O que estamos propondo hoje é pensar juntos, lançar as primeiras perguntas para saber qual deve ser o conteúdo, e até mesmo descobrir sua relevância, porque este é um passo importante para a Rede de Cidades e o programa IberCultura Viva, e o que queremos é pensar juntos todas e todos”, destacou Padilla.

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Questões norteadoras

Uma série de questões norteadoras foi elaborada para este encontro, para começar a delinear como deve ser um novo programa de formação promovido a partir do programa IberCultura Viva. A ideia era ter um espaço de conversa em torno de pelo menos seis perguntas, começando pela identificação desse espaço de capacitação. “Que capacidades precisamos fortalecer? Quais são as ausências? Quais são as necessidades? Quais são as capacidades que, entre todas, são as que precisamos ativar, trabalhar, gerar um dispositivo que as fortaleça?”, sugeriu Padilla.

A segunda questão que se projetou tinha a ver com as deficiências, com como resolver as ausências (quais são os conteúdos, que disciplina, que oficina, que espaço de troca não deve faltar neste espaço formativo que queremos imaginar?). A terceira versava sobre os melhores formatos de trabalho (virtual? híbrido? síncrono ou assíncrono?), e a quarta dizia respeito aos dispositivos que deveriam ser incluídos em um programa de treinamento com essas características.

A quinta pergunta, sobre como devem ser os perfis, foi dividida em várias: sobre o que queremos falar? O que queremos aprender? O que queremos ver acontecer em uma comunidade de aprendizagem? Que perfis devem ser? Existe um equilíbrio entre teoria e prática, uma equidade intergeracional? Por fim, quais são as prioridades? 

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Dois dias de discussões

A conversa inicial deste ciclo incluiu as pessoas que se inscreveram para participar do laboratório por videoconferência (cerca de 15) e levou mais de uma tarde, com continuação no dia seguinte, na Feira de Saberes do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária que aconteceu no Parque Cívico de Santa Clara, no distrito de Ate. Representantes de organizações culturais comunitárias, representantes de governos locais vinculados ao programa e membros do Grupo de Trabalho de Sistematização do IberCultura Viva participaram dos dois dias de discussões.

Entre os temas que os participantes mencionaram durante o encontro como importantes para essa construção coletiva estão desde acessibilidade e formação de formadores até influência política, estratégias de comunicação interna e externa, metodologias participativas, desenho de políticas públicas, monitoramento e avaliação de projetos, bem como a importância da adoção de metodologias de educação popular como ferramenta de trabalho e a necessidade de entrega de certificados de formação.

O grupo que participou virtualmente no primeiro dia de discussões trabalhou especialmente em torno de duas questões propostas: sobre as capacidades que deveriam ser fortalecidas e sobre como seria a estruturação desse espaço. Em relação à primeira questão, reforçaram a importância da capacidade decisória (“as organizações buscam mais protagonismo, mais participação”, defenderam). Também mencionaram a existência de valiosos projetos de formação, tanto de universidades como de organizações culturais, e recomendaram que isso fosse levado em consideração e que se reconhecesse que o processo não é homogêneo, que há países onde o acesso é mais fácil e outros menos.

Os participantes do debate por videoconferência também recomendaram que este projeto coloque em circulação um conjunto de conhecimentos da cultura viva comunitária e reconheça suas metodologias pedagógicas. Mencionaram também que os processos de pesquisa comunitária que não são publicados devem ser visibilizados, e que acham que não é necessário outro curso de pós-graduação, pois o IberCultura Viva já conta com o Curso de Pós-Graduação em Políticas Culturais de Base Comunitária ministrado pela FLACSO-Argentina (“não duplicar os esforços que já estão sendo feitos”, recomendaram). Por fim, comentaram que esse espaço poderia ser não só de pesquisa, mas também de ação, incidência, incluindo um observatório de políticas culturais comunitárias.

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Combinando saberes

“Estamos sempre no espírito de construção coletiva, e propomos isso também nesta área de trabalho”, reforçou Diego Benhabib, coordenador do programa Pontos de Cultura na Argentina e representante do país ante o programa, ao final do primeiro dia de discussões. “Sempre há tensões, (mas a ideia é) tentar combinar o conhecimento acadêmico e o popular, reavaliar e reconhecer os saberes populares e comunitários e colocá-los no lugar que deveriam estar.” 

Como salientou Benhabib, este trabalho parte de uma proposta da Rede de Cidades e Governos Locais, que tinha um orçamento exclusivo e quis colocá-lo também à disposição do movimento e das organizações culturais comunitárias em geral, “o que é muito valioso” e demonstra a necessidade de continuar com esses mecanismos de trabalho intersetorial. “Devemos pensar que aqueles de nós que estão participando nestas áreas são militantes desta causa, e temos que continuar a construir coletivamente, para melhorar as condições para todos e todas.”

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20

out
2022

Em Notícias

Por IberCultura

Uma mesa de compromissos: propostas e desafios dos governos para a cultura comunitária

Em 20, out 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

Processos de incidência de organizações em diferentes instâncias dos Estados foram o tema de uma das atividades programadas para o sétimo dia do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária: a Mesa de Compromissos dos Estados. A atividade, realizada no dia 14 de outubro, no Colégio Santa Isabel, em Huancayo (Junín), contou com a participação de Flor Minici, secretária da Unidade Técnica do IberCultura Viva, e gestores culturais de dois municípios membros da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais: Guadalajara e Alajuelita.

Na mesa estavam Ronald Montero Bonilla, gestor cultural da Municipalidade de Alajuelita (Costa Rica); Luisa Velásquez, gestora cultural do Governo de Guadalajara (Jalisco, México), e Patricia Torres Sepúlveda, uma das coordenadoras regionais do programa Red Cultura, do Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio do Chile. A moderação esteve a cargo de Pamela Otoya, integrante do Grupo Impulsor do 5º Congresso.

A ministra da Colômbia (no telão) anunciou a intenção de que o país seja a sede do 7º Congresso, em 2026

Antes do início das intervenções, a ministra de Cultura da Colômbia, Patricia Ariza Flórez, cumprimentou a plateia por videochamada. “Sei que tem gente de muitos países da América Latina, que é um evento cultural e histórico. Daqui, deste ministério, estamos trabalhando pela integração cultural da América Latina e Caribe, uma integração pela paz”, afirmou. Além de expressar seu respeito pelo movimento e por aqueles que têm promovido a cultura viva comunitária, “que vai desempenhar um papel muito importante na integração cultural”, a ministra propôs que a Colômbia sediasse o 7º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em 2026, o que foi recebido com aplausos no auditório.

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ALAJUELITA

Ao abrir a mesa de propostas e desafios dos governos para a cultura comunitária, Ronald Montero destacou que os governos locais não são nada sem a comunidade. “Não há governo local se não houver comunidade e, a partir desse princípio, o movimento de Culturas Vivas Comunitárias pode ser vinculado ao exercício dos direitos humanos culturais. Isso pode promover uma troca de conhecimento, de metodologias, do movimento para os governos locais e vice-versa”, comentou.

Montero também falou da importância de respeitar a autonomia, do movimento e dos governos locais, e de promover políticas culturais de base comunitária desde a comunidade, e não desde o marco institucional. Segundo ele, os governos locais são entidades estratégicas para dar visibilidade às ações realizadas pelas organizações nos territórios. “Essa articulação é fundamental, (e uma das propostas é) criar mesas de diálogo e mediação artística para uma abordagem respeitosa do setor, para que os governos locais possam ser promotores e não detratores do movimento. Também devemos buscar orçamentos participativos para financiar as ações do movimento, respeitando os marcos legais e jurídicos de cada instituição”, observou.

Entre os desafios, Montero destacou a responsabilidade de ambas as partes na implementação de ações que apoiem o desenvolvimento local. “Todos queremos comunidades melhores, queremos melhorar as condições de vida e trabalhamos para viver bem. Alguns desde o movimento, outros de alguma institucionalidade. Ambas as partes podem contribuir. E podemos contribuir para o desenvolvimento local como aliados, não como promotores de políticas partidárias de governo. Nem todos os gestores culturais respondem aos interesses políticos de um partido do governo. Existem programas implantados nos municípios onde a cultura é vista como mais um serviço municipal, como parte do desenvolvimento humano de um território”. 

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GUADALAJARA

Luisa Velásquez iniciou seu discurso contextualizando a complexidade da gestão local, já que Guadalajara – capital do estado de Jalisco, a segunda maior cidade do país –  é um município com cerca de 1 milhão 385 mil habitantes, mas em sua área metropolitana é constituída por mais oito municípios, autônomos e independentes, atingindo uma população estimada em mais de 5 milhões de habitantes, o que “implica uma visão metropolitana de gestão pública, de articulação intermunicipal”.

“Guadalajara é uma cidade que não tem uma regulamentação legal de direitos culturais, ao contrário de outras cidades, como a Cidade do México e San Luis Potosí, que têm uma importante legislação sobre direitos humanos na cultura”, afirmou. “Este é um dos principais desafios: conseguir construir um corpo jurídico que apoie a gestão cultural em direitos humanos com uma visão de equidade territorial. Nesta gestão temos o desafio de poder sair e deixar um instrumento legal que permita, por exemplo, que a participação do Conselho Municipal de Artes não seja disciplinar como agora. Porque há muitas vozes que não participam de uma disciplina artística, como é o caso da gestão cultural comunitária”, acrescentou.

A Coordenação de Cultura Comunitária da Diretoria de Cultura de Guadalajara implantou recentemente um programa de Pontos de Cultura com o objetivo de identificar, reconhecer, fortalecer e promover o trabalho em rede entre organizações sociais que mantêm um trabalho a partir das culturas vivas comunitárias, fortalecendo os processos de desenvolvimento individual e comunitário. “O que queremos é que tenha um corpo jurídico para que vire uma política, e não um programa que acabe quando a gente sair”, reforçou Luisa.

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CHILE

Patricia Torres Sepúlveda, por sua vez, parabenizou o movimento de Cultura Viva Comunitária pela incidência política que teve e que tem permitido avanços e transformações como as verificadas no Chile. Ao mencionar a formalização, em 2018, do Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio (o Chile tinha antes um Conselho de Cultura), e com ele a criação do Departamento de Cidadania Cultural, a servidora destacou o vínculo com o compromisso latino-americano e o interesse em trabalhar com a base, com organizações culturais comunitárias. 

“Hoje, o programa Red Cultura continua mudando para ver como as organizações respondem”, afirmou, lembrando que o presidente Gabriel Boric afirmou em seu plano de governo seu desejo de criar um programa de Pontos de Cultura no Chile, “olhando para todos os países e todas as ações que realizaram na América Latina”. “Isso se consegue graças ao fato do movimento Cultura Viva Comunitária ter conseguido expressar sua demanda, ter conseguido influenciar”, enfatizou. 

Patricia Torres também destacou que no Chile querem construir o programa Pontos de Cultura desde as bases, e por isso estão realizando os “Diálogos Cidadãos”, espaços de participação e escuta onde as pessoas podem dar suas contribuições e dizer como querem que seja esse programa. Essas rodas de conversa serão realizadas nos meses de outubro e novembro em todas as regiões do país. 

Segundo ela, o desafio é continuar avançando na governança local, na mediação. “Que o movimento no Chile seja fortalecido e consiga dialogar tanto com os municípios, a governança local, quanto com o governo. Percebemos que precisamos conversar, circular e nos encontrar. O desafio é que, quando estivermos prontos, comecemos a dialogar como deve ser e possamos continuar caminhando juntos. Existe uma disposição política, existe uma disponibilidade do quadro institucional”, afirmou, referindo-se a Marianela Riquelme, chefe do Departamento de Cidadania Cultural e representante (REPPI) do Chile perante o programa IberCultura Viva, que tem se dedicado a fortalecer e tornar visíveis as políticas públicas de base comunitária. 

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IBERCULTURA VIVA

Ao tomar a palavra na mesa, Flor Minici agradeceu ao Grupo Impulsor o convite ao programa para participar do encontro. “A experiência é muito enriquecedora porque saímos com muitas demandas. Quando nós que desempenhamos um papel institucional participamos desses espaços, o fazemos de forma ética, em termos de justiça social, com a vocação de ouvir, anotar, trazer demandas e reforçar o compromisso de continuar aprofundando as políticas que ali existem e criá-las onde não existem”, afirmou.

Além dos agradecimentos, Minici mencionou a intenção de continuar com este espaço de diálogo, desde a cordialidade, o respeito, a integração, a solidariedade e a cooperação. “Entendo que é um ponto em comum que todos temos aqui, independentemente dos contrapontos que possam surgir e que é muito saudável”, afirmou, destacando também o convite que foi feito às companheiras e companheiros do Grupo de Trabalho de Sistematização e a Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, para que participassem de diferentes atividades de formação, intercâmbio e debate ao longo dos oito dias do evento.

“Acho que este congresso está em um momento dramático, não só pela desigualdade histórica que a América Latina atravessa, mas porque hoje, em 2022, os níveis de desigualdade na região aumentaram exponencialmente. Há quase 30 milhões de novos pobres na América Latina que vivem na pobreza e na extrema pobreza após a pandemia. Acredito que temos uma agenda política na qual temos que intervir porque essa fratura social que a pandemia e a desigualdade produzem em nossa região também possibilita o surgimento e o avanço de movimentos antidemocráticos, desestabilizando a democracia”, afirmou.

Segundo ela, essa discussão sobre políticas antidemocráticas e de desigualdade não é apenas uma discussão de funcionários, de ministérios, mas uma discussão da comunidade. “Não acreditamos que movimentos desestabilizadores na América Latina só ganhem eleições. Para ganhar eleições, por muitos anos eles constroem comunidade, eles entram nas nossas comunidades, eles constroem centros culturais, bibliotecas populares, eles constroem igrejas, espaços seculares, espaços que os que estão aqui disputam diariamente, colocando o corpo em suas organizações, em suas comunidades. 

Minici fez um convite em nome do programa, para que continuemos construindo aliança e articulação. “Se nós que acreditamos que a desigualdade deve ser erradicada na América Latina não nos juntamos, e não só discutindo a pobreza, mas também discutindo a riqueza e a concentração da riqueza, não conseguiremos construir. É com esse espírito que pretendemos continuar construindo parcerias e alianças entre órgãos governamentais e organizações comunitárias”, destacou.

Por fim, a secretária técnica chamou a atenção para a necessidade de alianças do movimento Cultura Viva Comunitária com outros militantes da América Latina, como os movimentos feminista, ambiental e de direitos dos povos indígenas. “Todos os movimentos populares dos próximos anos vão ter uma dura tarefa, e aí, os servidores que estão sentados aqui nesta mesa, que sabem que falta muita coisa, mas que estão participando dos debates aqui, não vamos dar como certo, porque você sabe que muitas vezes alguém bate na porta e não é atendido.”

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Confira a transmissão da mesa:

https://www.facebook.com/CongresoCVCLatAm/videos/1348278982593093

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20

out
2022

Em Notícias

Por IberCultura

Célio Turino apresenta a versão em espanhol do livro “Por todos os caminhos: Pontos de Cultura na América Latina” 

Em 20, out 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

Célio Turino passou os últimos 12 anos viajando pela América Latina. Convidado a participar de conferências, conversatórios e os mais variados encontros para falar sobre Cultura Viva e Pontos de Cultura – ideia que ajudou a criar no Ministério da Cultura, onde foi secretário de Cidadania Cultural entre 2004 e 2010 –, o historiador, escritor e gestor cultural brasileiro realizou mais de 50 viagens nesse período. O convite sempre foi para falar, mas nessas visitas ele também ouviu muitas histórias, viu e sentiu os processos nas comunidades, e voltou querendo sistematizar tudo. Quem o incentivou a fazer em formato de livro foi o Papa Francisco.

No lançamento do livro “Por todos os caminhos: Pontos de Cultura na América Latina” no Peru, Turino detalhou esta história: “O Papa Francisco é um grande entusiasta dos Pontos de Cultura. Ele conheceu a experiência quando ainda era arcebispo em Buenos Aires, quando organizou um programa chamado Escuelas de Vecinos. A ideia dos Pontos de Cultura era muito parecida com o que ele pensava, com o que pretendia fazer com as Escolas de Vizinhos. Em 2015 nos encontramos no Vaticano, depois tivemos outros encontros, e num desses momentos eu estava contando essas histórias e ele me disse: ‘Por que você não escreve um livro sobre a América Latina?’ Como uma sugestão de Francisco não pode ser negada, aceitei o desafio e, com o apoio de uma organização do Brasil, o Instituto Olga Kos, conseguimos fazer as viagens. Não para falar. Viajei apenas para ouvir e anotar as histórias”. 

A versão em espanhol deste livro, publicada em formato digital pela argentina RGC Ediciones com o apoio da IberCultura Viva, foi lançada na quarta-feira, 12 de outubro, na Feira de Saberes do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. Em uma das tendas montadas no Parque Cívico Santa Clara, no distrito de Ate (Lima), cerca de 30 pessoas se reuniram para ouvir Célio Turino em sua participação por videoconferência. Ao longo de mais de 30 minutos, ele falou sobre a experiência de escrever este livro, ouviu comentários e respondeu algumas perguntas dos participantes, que vieram de vários países, como Panamá, Chile, Argentina e Paraguai.

Célio Turino participou do lançamento por videoconferência

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A força das comunidades

Turino iniciou sua apresentação falando sobre o início do movimento, como foi decidido que o 1º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária teria como sede a Bolívia. Contou que tudo começou com a “Caravana pela Vida – De Copacabana a Copacabana”, que saiu do Lago Titicaca, na Bolívia, rumo à Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, no final de maio de 2012. Cerca de 25 pessoas estavam neste ônibus, a maioria integrantes do Teatro Trono, fundado por Iván Nogales (1963-2019), que foram à Cúpula dos Povos da Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, e fizeram uma série de apresentações ao longo do caminho. (Esta caravana foi um marco no movimento de Cultura Viva Comunitária. A bravura de seus integrantes inspirou pessoas de vários países a quererem fazer o caminho de volta, mobilizando-se para realizar o primeiro congresso na Bolívia, com a Caravana para La Paz.)

“Agora estamos no 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. Parabéns a todos que estão nessa empreitada autogestionada e muito potente”, comemorou o escritor, que também parabenizou a editora argentina RGC, que já havia lançado um livro de sua autoria em 2013 (Puntos de Cultura, cultura viva en movimiento). “É uma editora significativa que compila este novo fazer da gente que produz de baixo para cima, a partir da potência das comunidades”, destacou. Os dois livros de Turino lançados pela RGC em formato digital têm acesso gratuito, porque segundo o autor, o importante é lançar as ideias ao vento, “oferecer as sementes para alguém apanhar, plantar e cultivar”. “É assim que nasce a cultura viva.”

As viagens relatadas no livro foram realizadas em sua maior parte em 2017. A primeira versão dessas narrativas foi publicada em uma edição especial do Instituto Olga Kos, com o título Cultura a unir os povos: a arte do encontro. Esta edição (esgotada), em formato de livro de mesa, foi lançada em 2018 em Castel Gandolfo, o castelo de verão do Papa Francisco. A segunda versão, revisada e ampliada, saiu em 2020 pelas Edições Sesc São Paulo, com 360 páginas, e o título Por todos os caminhos: Pontos de Cultura na América Latina. A publicação em espanhol que agora sai com o apoio do IberCultura Viva é uma tradução desta versão 2020 adaptada para leitura em tela, com 565 páginas.

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Capítulos extras

A edição em espanhol conta com dois capítulos extras, dedicados ao Chile e ao Paraguai. O Ministério da Cultura, das Artes e do Patrimônio do Chile convidou Turino para conhecer o trabalho de organizações culturais comunitárias de diferentes regiões do país depois que o Conselho Intergovernamental IberCultura Viva decidiu financiar a tradução do livro para o espanhol. O convite para ir ao Paraguai partiu de um Ponto de Cultura de Areguá, El Cántaro Bioescuela Popular, para uma participação na segunda edição dos Intercâmbio de Saberes para a Gestão Cultural Comunitária.

O escritor contou em sua apresentação que, no caso do Chile, optou pelo tema da construção do ser coletivo a partir da experiência do país (daí o nome do capítulo: Cultura y el sujeto colectivo. Sembrando semillas en la cordillera“). As histórias do Paraguai entraram no capítulo final, “Cultura: Tiempo y espacio compartido en el vientre de Sudamérica”. Turino explicou que, assim como vê a Bolívia como “o coração da América do Sul”, vê o Paraguai como “o ventre” do continente. “É como uma ilha, mas rodeada de terra, e mais interior, como o útero, como o ventre”, comparou o autor, que partiu da ideia do ñanduti (“teia de aranha” em guarani), das rendas de fios delicados, mas também fortes, de tecelãs locais, para expressar o refinamento cultural do povo paraguaio.

Joe Giménez, fundadora do El Cántaro, esteve no lançamento da publicação na Feira de Saberes do 5º Congresso e aproveitou para agradecer mais uma vez a Célio Turino pela visita à bioescola de Areguá e por somar a experiência ao livro. “Houve um antes e depois no meu país”, disse Joe a Célio Turino. “A frase ‘Dê-me um ponto de apoio e moverei o mundo’ (do matemático grego Arquimedes de Siracusa, também citado por Turino no livro) ficou muito na nossa memória. Para nós, é incrível que os funcionários públicos comecem a falar de você, comecem a usar essa frase. Sua presença no Paraguai nos ajudou muito a fortalecer esse vínculo. Celebro sua existência! O Paraguai, esta terra guarani, está sempre esperando por você”.

Joe Gimenez, fundadora de El Cántaro, que levou Turino para uma visita ao Paraguai

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Agradecimento ao trabalho

Quem também agradeceu ao escritor pelo trabalho que vem desenvolvendo foi a argentina Gisela Pérez, do Centro Cultural e Biblioteca Popular La Carcova, um Ponto de Cultura localizado em um bairro popular da região metropolitana de Buenos Aires (José León Suárez, distrito de San Martín), na periferia do aterro sanitário e também de um complexo prisional. “Gostaríamos de agradecer o seu trabalho em toda a América Latina e convidá-lo a vir a San Martín e à Área da Reconquista, para visitar as bibliotecas e espaços de cuidado, as cooperativas de reciclagem. Existe toda uma rede de organizações que se unem e confiam umas nas outras, para que a partir dessa confiança possamos construir o desenvolvimento local, a boa convivência no nosso bairro. Essa comunidade produz cultura, produz economia, produz presente e futuro”, afirmou a presidenta de La Carcova, também integrante da Mesa Reconquista.

Diego Benhabib, coordenador do programa Pontos de Cultura na Argentina e representante (REPPI) do país no IberCultura Viva, reforçou sua gratidão a Célio Turino, “uma pessoa que nos inspira, não só para desenvolver e trabalhar políticas culturais de base comunitária, mas também transformar nossas percepções sobre as questões relacionadas à natureza, ao bem viver, ao poder colocar um ponto e poder modificar as coisas, com um horizonte coletivo de transformação”.

Emiliano Fuentes Firmani (D) lembrou os 4Cs da cultura: “cuidar, compartilhar, colaborar e cooperar”

Por fim, o editor Emiliano Fuentes Firmani, ex-secretário técnico do IberCultura Viva, falou em nome da RGC Ediciones, citando o que Célio Turino disse anteriormente sobre a ideia de trabalhar para lançar ideias ao vento. “O paradigma da cultura viva comunitária tem a ver com o que chamamos  de 4Cs da cultura: cuidar, compartilhar, colaborar e cooperar”, destacou, comentando o fato de o autor ter permitido que o livro estivesse aberto a todos, em acesso público, o que considera “coerente com a prática comunitária”.

Para Emiliano, a primeira parte do livro, mais teórica, deveria ser leitura obrigatória para todas as pessoas que trabalham com políticas públicas: “Célio trabalha com a matemática da vida. Originalmente, havia armado essa equação de que um ponto de cultura = autonomia + protagonismo social elevado à potência das redes. Aí ele aprofunda seu pensamento matemático, incorpora o tema de Arquimedes (que trouxe Joe Gimenez) e vai além, fazendo uma ligação entre a cultura viva comunitária e a cultura do encontro (da qual fala o Papa Francisco), para construir um novo horizonte civilizatório.  

A cultura do encontro, explicada no livro, é um conceito desenvolvido por Jorge Bergoglio, o Papa Francisco, que pressupõe o encontro das três linguagens do ser: coração, mente e mãos. Expressa-se na ideia de sentir-pensar-agir e se realiza a partir da integração e diversidade entre indivíduos e comunidades, rompendo com a fragmentação e buscando a unidade. É o estímulo para o encontro entre os diferentes, buscando a unidade na diversidade. 

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Baixe o livro gratuitamente em https://bit.ly/PorTodosLosCaminos

Leia também:

Pontos Culturais na América Latina: versão em espanhol do livro de Célio Turino sai em formato digital

Histórias escondidas: Célio Turino lança livro sobre experiências comunitárias na América Latina

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17

maio
2022

Em Notícias

Por IberCultura

Chacchando Sueños e o V Congresso Latino-Americano de CVC: os projetos do Peru selecionados no Edital de Apoio a Redes 2022

Em 17, maio 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

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Os dois projetos de redes peruanas selecionados no Edital IberCultura Viva  de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2022 são o IX Encontro Internacional de Cinema Comunitário Chacchando Sueños, uma iniciativa da Rede Nacional de Microcines Chaski, e o V Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária, promovido por uma rede de diversas organizações de todo o Peru e integrante do Movimento Latino-Americano CVC. Ambos os eventos ocorrerão em outubro.

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(Foto: Grupo Chaski)

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* Nome da rede ou articulação: Red Nacional de Microcines Chaski

*Nome do projeto: IX Encontro Internacional de Cinema Comunitário Chacchando Sueños 

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O IX Encontro Internacional de Cinema Comunitário Chacchando Sueños será realizado de 27 a 29 de outubro de 2022, em 32 distritos de 10 regiões do Peru: Puno, Cusco, Ayacucho, Apurimac, Ica, Lima, Ancash, La Libertad, Piura e Loreto. O evento, uma iniciativa do Grupo Chaski que ocorre há oito anos consecutivos, será realizado em edição presencial na cidade de Ayaviri (Puno), tendo como parceiras duas associações da Rede de Microcine desta região: a Associação de Microcines Chaski Macarí – Chaskimac e o Microcine Musuq Khawariy Hatun Illariypi – Mukhi Microcine.

As atividades são gratuitas, dirigidas ao público em geral (homens e mulheres, de diversas faixas etárias e populações vulneráveis), e têm como finalidade o intercâmbio de saberes e metodologias de trabalho comunitário entre diversos coletivos, redes de educação popular, gestores culturais e público em geral. 

A ideia é realizar seis oficinas de produção audiovisual comunitária voltadas para a população das cidades de Ayaviri (Puno) e Lima, além de 32 exibições com cine-fórum em 32 bairros de 10 regiões do país e duas oficinas sobre o uso de plataformas de comunicação digital. Pretende-se também promover uma reunião de planejamento com os participantes da Rede de Microcines para reativar o trabalho presencial na rede.

(Foto: Grupo Chaski)

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Com as ações propostas, os/as integrantes das organizações comunitárias poderão: a) Aprender o uso do audiovisual como ferramenta de coleta de informações, visibilização e registro da memória do lugar e da organização comunitária. b) Conhecer novas metodologias comunicativas para a abordagem e desenvolvimento do trabalho comunitário; c) Fortalecer seu trabalho de gestão e articulação com outros grupos, organizações e instituições da região; d) Incorporar as dinâmicas de cinema e vídeo fórum no trabalho de comunicação e reflexão das suas organizações; e) Aprender a gestão de redes sociais para troca de bens culturais; f) Conhecer os benefícios do trabalho colaborativo e em rede, para descentralizar as atividades, na atenção às populações que não podem exercer seu direito à educação e à cultura.

Rede de Microcinemas

A Rede Nacional de Microcines Chaski, que apresentou o projeto ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2022, é uma iniciativa da Chaski Comunicação Audiovisual, uma organização que tem realizado suas atividades através da produção cinematográfica e de projetos sociais, utilizando o potencial comunicativo do cinema como ferramenta promotora de educação, cultura e desenvolvimento. 

Em 2004, o Grupo Chaski promoveu a criação de um grupo de pequenos cinemas comunitários em 32 bairros localizados em 10 regiões do Peru (Puno, Cusco, Ayacucho, Apurímac, Ica, Lima, Ancash, La Libertad, Piura e Loretto). Aproveitando a nova tecnologia digital, foram realizadas oficinas para jovens líderes comunitários, que passariam a administrar os teatros como seus próprios empreendimentos culturais, transformando a rede em espaços alternativos para a exibição de filmes nacionais, latino-americanos e independentes de todo o mundo. 

(Foto: Grupo Chaski)

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Além da Chaski Comunicación Audiovisual, o projeto foi apresentado ao edital do IberCultura Viva pela Associação Microcine Chaski MacaríChaskimac, que desde 2015 desenvolve suas atividades nos distritos de Macarí e Ayaviri, província de Melgar, departamento de Puno. Esta organização tem oficinas voltadas para a comunidade e ações no campo da exibição cinematográfica alternativa. Sua atividade de projeção, com cine-fórum e produção audiovisual comunitária, está descentralizada para os bairros de Macusani, Azángaro e Pucará.

O Microcine Musuq Khawariy Hatun Illariypi – Mukhi Microcinema, outro que participa da proposta, também realiza fóruns de cinema e oficinas de produção comunitária e seus membros produzem seus próprios materiais audiovisuais. O parceiro estratégico deste microcinema é a Prefeitura de Ñuñoa, que cede o auditório municipal para que eles realizem suas atividades, alcançando também os distritos de Ayaviri, Umachiri e Santa Rosa. A candidatura submetida à convocatória do IberCultura Viva menciona ainda outros 29 microcinemas de diferentes distritos envolvidos no evento.

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 Saiba mais sobre o Grupo Chaski:

http://www.grupochaski.org/ https://www.facebook.com/www.grupochaski.org 

https://www.instagram.com/grupo.chaski/


*Nome da rede ou articulação: Grupo Impulsor do V Congresso Latino-Americano de CVC

*Nome do projeto: V Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitaria

O V Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária, que se realizará no Peru de 8 a 15 de outubro, é resultado do trabalho e do compromisso articulado de várias organizações culturais comunitárias (OCCs) do Peru e da América Latina. Seu propósito é gerar um processo pertinente, orgânico e descentralizado que garanta espaços representativos da diversidade e que estimule reflexões e ações em torno do bem viver, fundamental em um contexto de crise civilizatória e ecológica. 

São contemplados espaços de diálogo e intercâmbio de saberes, elaboração de planos de trabalho, apresentações artísticas e ações públicas de incidência, integradas com transversalizadas com enfoque de gênero e interculturalidade. A programação inclui assembleias, 10 círculos da palavra (espaço de diálogo e discussão de uma agenda conjunta), caravanas culturais, oficinas e treinamentos para fortalecer as OCCs sobre arquivos comunitários, espaços descentralizados e exclusão digital.

As atividades serão realizadas em três locais: San Juan de Lurigancho, Ate e Huancayo. San Juan de Lurigancho, localizado a nordeste da região metropolitana de Lima, é um distrito de imigrantes, o mais populoso do país (1 milhão e 100 mil habitantes), que foi criado há 53 anos e tem articulação de redes de organizações culturais. Ate, localizado a leste da região metropolitana de Lima, é um bairro residencial-industrial de 165 anos com ligação ao centro do país; seu governo local promulgou recentemente a ordenança distrital de CVC. Huancayo, capital da província de mesmo nome e da região de Junín, é um distrito de 450 anos localizado no planalto andino central do país, recentemente reconhecido como “Cidade Criativa” pela UNESCO por sua história e diversidade cultural .

As ações descentralizadas em Lima e Junín envolvem espaços de convivência e intercâmbio com os territórios, por meio de roteiros culturais para visitar organizações que desenvolvem ações comunitárias vinculadas aos temas dos círculos da palavra. Além disso, as apresentações artísticas serão abertas para permitir a fruição e o aprendizado das comunidades do entorno. Por outro lado, contribuirá para a economia local através da gestão das necessidades logísticas com empresas do bairro e organizações sociais.

Parte do Grupo Impulsor do Congresso Latino-americano de CVC (Foto: CVC Peru)

Rede proponente

O Grupo Impulsor (GI) do Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária (*) é uma rede de diversas organizações de todo o Peru, membro do Movimento Latino-Americano de CVC, cujo objetivo é realizar este congresso. O acordo para o Peru sediar o V Congresso Latino-Americano de CVC foi feito durante o congresso anterior, realizado na Argentina, em maio de 2019. Esta quinta edição estava prevista para acontecer em 2021, mas foi adiada devido à pandemia de Covid-19. 

Em outubro de 2021, o GI organizou o I Congresso Nacional de CVC em parceria com o município de Chanchamayo, o Ministério da Cultura do Peru e organizações locais. Também realizou projetos de gestão compartilhada, como as Paradas Rumo ao Congresso, os pré-congressos e o Encontro de Comunicação, realizados entre maio e julho de 2021. O V Congresso Latino-Americano de CVC é uma iniciativa que se realiza em coordenação com a Equipe de Apoio da América Latina, instituições públicas e organizações de base nacionais e locais.

Congresso Nacional de CVC, outubro de 2021

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Entidades participantes

A organização responsável pelo projeto é a Associação Cultural Artística e Educacional Haciendo Pueblo, fundada em 1988 por jovens e adolescentes do bairro de Comas. A preocupação dos integrantes em querer expressar suas ideias por meio da arte fez com que se realizassem oficinas de música, dança e teatro. Nos seus mais de 30 anos de existência, Haciendo Pueblo realizou atividades artísticas (espetáculos, festivais) e educativas (oficinas de formação teatral para jovens e crianças, oficinas de formação para professores).

Outro proponente é a Rede Cultural de San Juan de Lurigancho, que existe desde 2011 e lidera a organização de atividades socioculturais para o aniversário da criação política do distrito de mesmo nome. Os serviços logísticos são fornecidos pela rede para as organizações culturais do distrito, que se conectam para o intercâmbio de recursos artísticos. Após apresentar uma proposta de Ordenança Municipal de CVC para San Juan de Lurigancho, a rede se mobilizou para ser uma das três sedes do V Congresso Latino-Americano de CVC.

A Plataforma CVC do Ate (Lima), por sua vez, tem realizado reuniões e acompanhamento para a aprovação da Portaria 566, que regulamenta as políticas públicas de promoção e fortalecimento da Cultura Comunitária Viva no distrito. O projeto de lei foi aprovado por unanimidade em novembro de 2021 pelo Conselho Municipal do Distrito de Ate. A plataforma criada em 2017 também participou da organização de festivais como o Candelaria AteFlock, em fevereiro de 2022.

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(*) O Grupo Impulsor inclui a Associação Cultural Haciendo Pueblo, a Rede CVC Junín, a Rede Cultural de San Juan de Lurigancho, a Plataforma ATE CVC e 29 organizações que se dividem em 4 comissões de trabalho: 1) Comissão de Comunicação – Jakon Nete, Urpicha Perú “Construyendo Esperanza”, La Clínica de los Sueños. Zoe Mukicha,. Capaz, Barrio Digno; 2) Comissão de Incidência: Caro Oviedo, Diversidad Wanka-LGTBIQ, Luna Sol, La Nave de cartón; 3) Comissão de Gestão e Logística – La Mancha, Kimiri bonito, Tránsito Vías de comunicación, Kactus Teatro Circo, Arenas y Esteras, El molinete, Verde compás, Idenlectores, Jampita Suyunchi, Escuela de huaylash HYO, Cultivarte, San Pedro de Saño, Asociación Cultural Raíces Huaraz; 4) Comissão de Conteúdo e Metodologia – Más Cultura Más Perú, A todo Arte, Kerigma, Sapichay, Wayta e Portavoz Perú.

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27

mar
2021

Em Notícias

Por IberCultura

Representantes de Pontos de Cultura do Peru participam de cursos e bate-papos

Em 27, mar 2021 | Em Notícias | Por IberCultura

O Ministério de Cultura do Peru, por meio da Direção de Artes, tem promovido uma série de bate-papos, oficinas e cursos dirigidos às organizações reconhecidas como Pontos de Cultura no país. As capacitações continuarão ao longo do ano, com diversos temas.

Nesta terça-feira, 30 de março, começa o Curso de Desenho de Projetos Culturais Comunitários. A iniciativa busca fortalecer as capacidades dessas organizações por meio de metodologia participativa que promove a reflexão sobre o trabalho cultural comunitário. Os 40 participantes (um por organização) terão seis encontros virtuais, via Zoom, todas as terças-feiras até o dia 4 de maio. Serão oferecidas sessões teórico-práticas, com orientação para elaboração do projeto final, no dia 30 de abril. As inscrições para esta primeira edição do curso encerraram na quarta-feira, dia 24 de março. 

Em abril também será realizado o workshop Diversidade Cultural e Prevenção da Discriminação Étnico-racial para Pontos de Cultura. Além de conscientizar sobre a diversidade cultural e a prevenção da discriminação étnico-racial, a oficina visa fortalecer projetos de promoção cultural, com o repasse da Videoteca de Culturas (VdC), e promover práticas no trabalho cultural comunitário que respeitem a diversidade cultural e a prevenção da discriminação racial nos participantes. As seis sessões virtuais estão programadas para as segundas-feiras 12, 19, 26 de abril, e quartas 14, 21 e 28 de abril. O prazo final para se inscrever é segunda-feira, 5 de abril.

Entre os bate-papos realizados em março, o do dia 17 foi uma atividade desenvolvida no âmbito do Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial e que contou com a vivência da Asociación Cultural Yrapakatun – Kukama. No dia 24 foi realizada a conversa “Como a cultura comunitária contribui para a recuperação de espaços seguros?”, um intercâmbio com a Estratégia Multissetorial de Bairro Seguro do Ministério do Interior em que dois Pontos de Cultura compartilharam suas iniciativas comunitárias relacionadas ao tema: a Asociación Cultural Latincine de Comunicación Audiovisual e o Instituto de Cultura Raíces del Perú – Chepén.

No dia 10 de março, em parceria com a Diretoria de Saúde Mental do Ministério da Saúde, foram compartilhadas as ações de saúde mental comunitária que vêm sendo realizadas a partir do setor público e as iniciativas cidadãs de duas organizações reconhecidas como Pontos de Cultura: o Colectivo Descosidos e a  Asociación Cultural Hispanoamérica Unida. Todas os bate-papos foram transmitidos ao vivo pelo Facebook a partir da página Pontos de Cultura.

“Workshop sobre Diversidade Cultural e Prevenção da Discriminação Étnico-Racial”

📍 Inscrições: https://bit.ly/3sdUwUt

📍 Mais informações: https://cutt.ly/qxyX5Ls

 “Desenho de Projetos Culturais Comunitários”

📍 Saiba mais: https : //cutt.ly/zzzOYzO

📍 Video do bate-papo do dia 17: https://fb.watch/4wLJVRLR9H/

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