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Blog - Página 84 de 94 - IberCultura Viva

06

jan
2017

Em Notícias

Por IberCultura

¡Enfrenta!: começa na Espanha o mapeamento de coletivos de comunicação, arte e cultura

Em 06, jan 2017 | Em Notícias | Por IberCultura

Começam na segunda semana de janeiro, em Sevilha, as entrevistas e visitas do projeto ¡Enfrenta! – Mapeamento de Coletivos de Artivismo, Comunicação Alternativa e Cultura Livre na Espanha, um dos ganhadores do Edital IberCultura Viva de Intercâmbio, edição 2015. O projeto é uma iniciativa do coletivo brasileiro BaixaCultura em parceria com o espanhol ZEMOS98, com apoio do FotoLivre.org

O objetivo é fazer um mapeamento de coletivos que atuam na intersecção entre comunicação, arte e cultura livre na Espanha. Os realizadores do projeto buscam grupos que: a) produzem conteúdo de comunicação alternativa; b) partem do pressuposto da comunicação-ação, ou seja, além de produzir conteúdos, agem na realidade; c) utilizam-se de arte para propor ações ativistas de intervenção na realidade, ou para chamar atenção a uma determinada causa; d) adotam alguns princípios da cultura hacker, como o uso de ferramentas livres, em Creative Commons ou outras licenças, e a forte presença da ideia de transparência e do ideal “faça-você mesmo”.

O jornalista Leonardo Foletto (Baixa Cultura) e a fotógrafa Sheila Uberti (Fotolivre.org) foram os dois brasileiros que saíram de Porto Alegre (Rio Grande do Sul) rumo à Espanha, onde devem seguir até fevereiro. Entraram no roteiro as cidades de Madri, Barcelona, Sevilha, Bilbao e Valencia. A ideia é fazer um diário de viagem (no site https://enfrenta.org) e depois reunir o material coletado em um produto (um livro, um minidocumentário ou um especial multimídia, a depender do que consigam registrar).

Num primeiro mapeamento eles levantaram 50 iniciativas – destas, selecionaram 27 para a pesquisa. Segundo Leonardo, a Espanha foi o local escolhido por ser, dentre os países ibero-americanos, aquele que lhes pareceu concentrar a maior quantidade de “projetos instigadores que estão criando novos caminhos”

“São iniciativas que buscam na colaboração, no artivismo, na arquitetura de guerrilha, na intervenção urbana, na horizontalidade, no pensamento crítico, na cooperatividade, no software livre e na cultura hacker energia para realizar ações que criticam o sistema dominante (econômico, social, cultural, ambiental) e, às vezes ao mesmo tempo, propõem alternativas para sua transformação”, ressalta o jornalista.

Festival ZEMOS 98 (Foto: Julio Albarrán)

Quem são

Leonardo Foletto é um dos editores do BaixaCultura, coletivo que desde 2008 busca informar, divulgar e discutir “conceitos, acontecimentos e propostas ligadas à cultura livre e à (contra) cultura digital”. Além de realizar oficinas de cultura livre e mostras de filmes, o grupo tem um selo de publicações, pelo qual lançou o livro Efêmero revisitado: conversas sobre teatro e cultura digital, de Foletto, e os zines Pequenos grandes momentos da história da recombinação: deturnamento (2015) e La remezcla (2016). Também participou da coordenação do Congresso de Gestão Cultural Online, que reuniu mais de 40 coletivos da Ibero-América entre setembro e outubro de 2016.

Sheila Uberti, que também participa do projeto, é fotógrafa e midiativista. Está à frente do Fotolivre.org, projeto de experimentação virtual e presencial que reúne pessoas e projetos interessados em ter a fotografia como tema agregador para diversas ações, como processo e como produto. O FotoLivre.org apoia o ¡Enfrenta! com a produção web e audiovisual da documentação do projeto.

Na outra ponta do intercâmbio está um coletivo baseado em Sevilha, o ZEMOS98, que trabalha e investiga a cultura livre, a inovação social e as narrativas contemporâneas. Entre suas principais realizações estão a organização do Festival ZEMOS98, a coordenação da rede internacional Doc Next Network e o desenvolvimento de projetos como Macarena Remedia (uma intervenção no bairro Macarena para fomentar a alfabetização digital), Comunicacción (um programa formativo destinado a criar meios de comunicação em institutos) e Iuventus.TV (TV por internet sobre as práticas culturais dos jovens da Andaluzia).

 

Saiba mais:

https://enfrenta.org

twitter.com/enfrentaproyect

www.facebook.com/Baixacultura

21

dez
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Duas conquistas do encontro: a formação da Comissão Nacional de Puntos de Cultura e do Conselho Cultural Comunitário da Argentina

Em 21, dez 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Fotos: Georgina García/Puntos de Cultura

A formação de uma Comissão Nacional de Pontos de Cultura e um Conselho Cultural Comunitário foi uma das grandes conquistas do 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura da Argentina (em espanhol, “Puntos de Cultura”), realizado de 30 de novembro a 2 de dezembro no Centro Cultural San Martín, em Buenos Aires. As duas instâncias tiveram seus membros eleitos nos fóruns regionais, temáticos e de redes realizados durante o evento.

Dois integrantes da Comissão Nacional de Pontos de Cultura do Brasil (CNPDC) foram eleitos para representar o País no encontro argentino e comentar a experiência de gestão compartilhada: Cacau Arcoverde e Alice Monteiro Lima. Cacau é coordenador do Ponto de Cultura Orquestra Sertão (Arcoverde, PE) e membro de dois grupos de trabalho da CNPDC: GT Integração Latino-Americana e GT Pernambuco. Alice, por sua vez, responde pelo Pontão Cariri Território Cultural (PB), pelo GT Redes e Pontões e pelo GT Paraíba.

“A experiência brasileira nos serviu para validar o que vínhamos propondo como metodologia para armar a comissão: a seleção por regiões, o conteúdo por grupos de trabalho, a ideia de reuniões periódicas anuais”, afirmou Diego Benhabib, coordenador do Programa Puntos de Cultura, do Ministério da Cultura argentino. “Também incorporamos a ideia de responsáveis substitutos e definimos trabalhar em cogestão, com representantes do programa formando parte da comissão.”

Cacau Arcoverde, Alice Monteiro, Diego Benhabib e Sebastián Gerlic

Intercâmbio

Alice Monteiro e Cacau Arcoverde subiram ao palco principal do Centro Cultural San Martín para falar da experiência brasileira, no segundo dia do encontro, na abertura dos fóruns. “Foram 10 anos de debates para que a gente conseguisse institucionalizar no Congresso a Lei de Cultura Viva. Seria interessante que vocês não cometessem os mesmos erros”, afirmou Alice, citando como exemplo a dificuldade de compreensão da função da CNPDC na estratégia de desenvolvimento desta política cultural. “A comissão tem de ser uma instância de representatividade reconhecida pelo Ministério da Cultura, porque as decisões são conjuntas. É a gestão compartilhada que ocasiona o desenvolvimento desse programa.”

Alice: “É necessário respeitar todas as lutas de todas as classes”

O cuidado na escolha dos representantes também foi um ponto destacado pela paraibana. “Cabe a vocês conhecer o que o Ponto de Cultura faz na região, além do poder de articulação e liderança que essas pessoas têm. Como se trata de um trabalho não remunerado, é preciso ter compromisso, comprometimento, responsabilidade. Não podemos pensar somente num tema, como dança, circo ou música. Temos que defender a cultura como direito humano. Todos têm suas dificuldades, suas demandas, mas a CNPDC tem um único foco: garantir a democratização e o acesso à cultura para todas as comunidades. É preciso respeitar todas as lutas de todas as classes e toda a diversidade cultural que faz o povo, seja ele brasileiro ou argentino.”

Responsabilidades

Na Argentina, a Comissão Nacional de Pontos de Cultura será o espaço de encontro dos representantes das redes regionais do país. Por meio de reuniões presenciais e/ou virtuais, os membros vão articular o trabalho com a equipe do Programa Puntos de Cultura. Entre suas responsabilidades estão a de promover a difusão da rede em nível nacional e internacional; participar da seleção dos novos Pontos de Cultura, e acompanhar o trabalho e o fortalecimento dos Pontos, em instâncias de cogestão e participação definidas com o Estado.

Nos fóruns regionais realizados nos dias 1 e 2 de dezembro, foram escolhidos os 14 representantes das regiões culturais do país (dois para cada região) que farão parte da Comissão Nacional. Além deles, participarão do grupo duas pessoas do Ministério da Cultura. “Não é uma questão intervencionista, e sim de trabalho e esforço em função de um objeto comum”, esclareceu Benhabib. “Temos a convicção de que trabalhando em conjunto será muito mais fácil a institucionalização da comissão e a possibilidade de participação e incidência na política de Pontos de Cultura.”

Esses 14 membros da Comissão Nacional também formarão o Conselho Cultural Comunitário, ao lado de outros 10 nomes que surgiram nos cinco fóruns temáticos e de redes promovidos durante o encontro. Dois nomes saíram de cada um dos seguintes fóruns: “Coletivos de comunicação popular”, “Coletivos artísticos/grupos de teatro comunitário/expressões do carnaval”, “Centros culturais independentes e autogestivos”, “Bibliotecas populares, clubes sociais e esportivos e espaços educativos” e “Coletivos de diversidade”.

Diego Benhabib: “Trabalhando em conjunto será muito mais fácil”

A ideia, como ressaltou Diego Benhabib, era que se chegasse a um consenso de quem seriam os membros da Comissão Nacional e do Conselho Cultural Comunitário durante os fóruns regionais, temáticos e de redes, tendo em conta que a representação seria assumida pelo Ponto de Cultura, e não uma pessoa. “Não vão assumir individualmente. O representante não será o Juan Pérez,  e sim a organização”, afirmou o coordenador.  “A lógica é trabalhar em cogestão, a partir do ministério e das organizações.”

Linhas de trabalho

Diferentemente da Comissão Nacional de Pontos de Cultura, que cuidará da articulação com o Programa Puntos de Cultura, o Conselho Cultural Comunitário fará a articulação com a Direção Nacional de Diversidade e Cultura Comunitária. Seu principal objetivo será ajudar a traçar o Plano Nacional de Cultura Comunitária 2018-2028. Este plano, elaborado com a participação de redes e organizações da sociedade civil, apresentará as linhas de trabalho e propostas pensadas especificamente para o fortalecimento e desenvolvimento da cultura comunitária, os instrumentos formativos, de financiamento, promoção e articulação com o Estado.

Os integrantes da Comissão Nacional de Pontos de Cultura da Argentina e do Conselho Cultural Comunitário foram anunciados por Alberto Ingold, do Centro Cultural La Fragua de Villa Elisa (Entre Ríos), no encerramento do encontro. “Nos comprometemos a nos reunir nos primeiros meses de 2017 para poder avançar no processo de regulamentação destas instâncias e construir uma agenda de trabalho que retome os pontos e temas de interesse que discutimos democraticamente em cada um dos fóruns regionais, temáticos e de redes”, afirmou Ingold, logo após divulgar os nomes das organizações escolhidas e seus suplentes.

Alberto Ingold anunciou os representantes da Comissão Nacional

O encontro

O Programa Puntos de Cultura, implementado pelo Ministério da Cultura da Argentina, foi criado há cinco anos, inspirado na experiência brasileira iniciada em 2004. Sua proposta é a de fortalecer o trabalho das organizações que, por meio de projetos culturais, “promovem a inclusão social, a valorização da identidade local, o fomento da participação cidadã e o trabalho coletivo”. Atualmente, a rede argentina de Pontos de Cultura conta com 650 organizações socioculturais.

Mais de 600 dessas organizações participaram do 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura. O evento, que reuniu cerca de mil pessoas, foi pensado como um espaço de intercâmbio de experiências, com instâncias de formação, debate e exposição ao longo de três dias. O primeiro deles contou com uma série de capacitações simultâneas. Entre as oficinas estavam as de “Gestão cultural em organizações”, “Registro audiovisual”, “Apresentação de projetos culturais” e “Desenho de páginas web”.

O segundo dia começou com oito mesas de exposições, realizadas ao mesmo tempo em salas diferentes: “Cultura, território e desenvolvimento”, “Movimento de Cultura Viva Comunitária, “Cultura e participação cidadã”, “Identidades, saberes comunitários e diversidade cultural”, “Cultura e comunicação”, “Descolonização e despatriarcalização”, “Arte e transformação social” e “Direitos culturais”. Depois vieram os fóruns regionais e temáticos. O encontro também contou com uma série de conferências, rodas de conversa e mostras artísticas.

Além de Cacau Arcoverde e Alice Monteiro, os Pontos de Cultura brasileiros estiveram representados no encontro por Sebastián Gerlic, do Pontão Esperança da Terra (ONG Thydewá, de Olivença, BA), e Luiz Antonio de Oliveira, do Museu da Maré, no Rio de Janeiro. Os dois foram convidados para apresentar seus projetos no módulo “Experiências Ibero-americanas de Cultura Viva Comunitária”, dedicado a iniciativas de destaque na região. Sebastián foi um dos três expositores da mesa “Criação coletiva”; Luiz Antonio, de “Trabalhos de identidade”.    

“Estar presente foi uma honra ímpar”, comentou Sebastián. “Sinto que o Brasil teve uma bela oportunidade de partilhar suas aventuras e desventuras enquanto país com ‘mais experiência’ em relação a um programa de cultura comunitária impulsionado por um governo. Foi importante contar como, com 10 anos de muita ação, o Brasil conseguiu transformar esse programa em política pública. Por um lado, o Brasil abriu caminhos, mostrou possibilidades, demonstrou vitórias acumuladas. Por outro, se nutriu com as ricas ações que estão acontecendo em outros países e reavivou os ânimos de muitos dos ponteiros”.

Sebastián Gerlic falou sobre a experiência da ONG Thydewá na Bahia

20

dez
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Grupos de trabalho do Encontro de Redes: as recomendações e os eixos inspiradores

Em 20, dez 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Fotos: Georgina García/Puntos de Cultura

O 1° Encontro de Redes IberCultura Viva, realizado de 30 de novembro a 2 de dezembro no Centro Cultural San Martín, em Buenos Aires (Argentina), contou com três grupos de trabalho formados por pesquisadores, representantes de governos e organizações sociais que desenvolvem políticas culturais de base comunitária em 17 países ibero-americanos.

Durante três dias, os participantes se dividiram nas seguintes mesas temáticas: “Participação social e cooperação cultural”, “Legislação para as políticas culturais de base comunitária” e “Formação em políticas culturais de base comunitária e construção de mapas e indicadores”. As atividades foram realizadas de maneira simultânea às exposições, rodas de conversa e fóruns do 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura, organizado pelo Ministério de Cultura da Argentina.

Primeiro dia de trabalho do GT de Participação social

Legislação

A coordenação do grupo “Legislação para as políticas culturais de base comunitária” esteve a cargo de Daniel Castro, coordenador-geral de Promoção da Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura do Brasil e representante da presidência do IberCultura Viva. Com 11 integrantes, provenientes de Peru, Costa Rica, Uruguai, Brasil, Argentina e México, esta mesa de trabalho abordou os avanços no campo legislativo e jurídico-administrativo, e buscou estimular a criação e o aperfeiçoamento de normas que fortaleçam as políticas públicas da área.

No primeiro dia, Paloma Carpio, coordenadora do Programa Puntos de Cultura no Peru entre 2012 e 2015, apresentou a experiência da Lei de Promoção dos Pontos de Cultura, promulgada em seu país em julho de 2016. No segundo dia, Daniel Castro falou da Lei 13.018/2014, que instituiu a política nacional de Cultura Viva no Brasil, e mudou a legislação para as organizações culturais, definindo uma prestação de contas específica para os Pontos de Cultura. As exposições contaram com intervenções, contrapontos e comparações com os outros países representados no grupo.

“No Brasil, até 2014 toda a legislação de convênios entre o governo federal e estadual era a mesma para os projetos culturais em sociedade com organizações comunitárias sem fins lucrativos. Ou seja, a mesma burocracia para quem ia construir uma estrada ou fazer uma oficina de capoeira”, comentou Daniel Castro. Ele também destacou temas como a busca de equilíbrio entre controle e flexibilização e a necessidade de enfocar os resultados, as entregas para a população, buscando corrigir o enfoque excessivamente centrado na prestação de contas financeira.

No terceiro e último dia foi elaborado um documento final com 10 recomendações, tendo em conta que as realidades dos países são distintas e que a participação cidadã ainda é um longo caminho por percorrer para que a legislação se faça de baixo para cima.

Uma das recomendações foi a de que o processo de construção da legislação deve promover a participação da sociedade civil, contemplando os povos, comunidades, grupos e agentes culturais, respeitando suas especificidades socioculturais. O grupo considerou crucial “gerar pontes de diálogo e estabelecer alianças com os diferentes setores envolvidos no processo de criação, tramitação, aprovação e implementação das leis”.

Sugeriu-se a realização de audiências públicas no Congresso e em espaços comunitários para discutir a criação e a implementação das leis. Também se ressaltou a importância da criação, a partir dos Estados, de espaços de diálogo baseados na corresponsabilidade, para estabelecer mecanismos de fiscalização e acompanhamento mais eficazes, transparentes e pertinentes.

Begoña Ojeda leu as recomendações do GT Legislação no encerramento do encontro

Formação, mapas e indicadores

Um segundo grupo tratou de dois temas durante os três dias de trabalho: “Formação em políticas culturais de base comunitária” e “Construção de mapas e indicadores”. A mediação ficou por conta de Alexander Córdova, coordenador do programa Puntos de Cultura da Secretaria de Cultura da Presidência de El Salvador, que orientou a definição de eixos inspiradores para um programa de formação e recomendações para a construção de mapas e indicadores na área.

O grande objetivo deste grupo foi trazer insumos para ajudar o programa IberCultura Viva a desenvolver a linha de formação prevista em seu planejamento. “Esta linha de formação tem como objetivo principal poder ajudar a consolidar a Cultura Viva como noção de política de base comunitária. Os Pontos de Cultura são a primeira política cultural regional que temos, estão em cinco países, mas em termos teóricos, acadêmicos, não há tanta pesquisa sobre o tema”, justificou Emiliano Fuentes Firmani, secretário executivo da Unidade Técnica do programa IberCultura Viva.

O salvadorenho Alexander Córdova coordenou o GT Formação

A ideia, segundo ele, seria impulsionar ações para que os países membros possam associar-se com instituições de formação para desenvolver linhas de formação para gestores comunitários, e que depois de um tempo de trabalho se possa apresentar uma proposta de formação de referência internacional em políticas culturais de base comunitária.

Participaram do grupo 27 pessoas, provenientes de 11 países: Argentina, Brasil, Belize, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Honduras, Peru e Uruguai. “Foi uma mesa muito generosa, com muita participação dos países”, afirmou o coordenador salvadorenho. Alguns deles, como o brasileiro Leonardo Germani e a uruguaia Mayte Loyarte, fizeram apresentações de projetos em que estão trabalhando para a construção de mapas e indicadores culturais.

Germani, por exemplo, falou dos Mapas Culturais, uma experiência em software livre que começou no Brasil e agora também é desenvolvido no Uruguai. “Trata-se de uma plataforma de mapeamento, uma plataforma digital de gestão cultural participativa, para fazer um espaço público de verdade, não do governo. É público no sentido que o governo faz parte, ajuda a manter, mas é algo que se pode fazer da sociedade civil também”, explicou.

Leonardo Germani e Itziar Rubio participaram do GT Formação

Depois de três dias de debates, o grupo definiu alguns eixos inspiradores para um programa de formação em política cultural de base comunitária. Considerar um marco comum que reconheça e valorize as diversidades culturais (gênero, sexual, linguística, territorial, socioeconômica, identitária e histórica); integrar a dimensão emocional na aprendizagem retomando as propostas de uma pedagogia alternativa a partir do vivencial, e integrar os saberes e a troca de experiências institucionais e populares, garantindo os direitos culturais, foram alguns dos pontos levantados.

Também se ressaltou a importância de considerar a construção coletiva (governo-comunidade) nos processos de formação;  documentar e sistematizar as experiências sobre as diversas práticas culturais comunitárias; considerar a experiência e os aportes do movimento latino-americano de Cultura Viva Comunitária; facilitar o reconhecimento dos processos de aprendizagens das organizações, e avançar em direção a um mapeamento das experiências de formação comunitárias na Ibero-América.

Entre as recomendações para a construção de mapas e indicadores estava a de promover plataformas digitais que propiciem a gestão do conhecimento e a comunicação dos processos voltados para as expressões das culturas comunitárias. E que o desenvolvimento de mapas e plataformas de informação cultural se realize com ferramentas de código abierto e de criação coletiva, tendo em conta as experiências existentes. Também se sugeriu a cooperação entre países para ampliar informações regionais que enriqueçam os processos, projetos e políticas gestadas nas – e a partir das – dinâmicas culturais comunitárias.

Carolina Picado e Itziar Rubio falaram dos eixos inspiradores do GT Formação

Participação e cooperação

Coordenado por Fresia Camacho, diretora de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude de Costa Rica, o grupo “Participação social e cooperação cultural” reuniu mais de 30 pessoas de Argentina, Brasil, Bolívia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Espanha, Guatemala, México, Nicarágua, Peru e Uruguai.

“Formou-se um grupo maravilhoso, com um trabalho muito comprometido e muito intenso”, comentou Fresia sobre a mesa que tinha como objetivo, além do intercâmbio de experiências, avançar na construção de uma mesa intersetorial da sociedade civil para o acompanhamento do programa IberCultura Viva.

No encerramento do evento, no Galpão do Catalinas Sur, Daniel Granados, da Prefeitura de Barcelona (Espanha), leu os seis pontos que o grupo levantou para análise do contexto: a) a conjuntura internacional (“incerta”, inclusive pelo novo ciclo político aberto nos Estados Unidos); b) a conjuntura histórica (o que a cultura comunitária tem representado para a reconstrução simbólica na América Latina); c) a transversalidade geracional; d) “cultura e mãe natureza, ecossistemas sustentáveis”; e) “pós-colonialismo, feminização e cultura dos afetos”, e f) “marco comum: conceitual, jurídico e democrático”.

O catalão Daniel Granados ressaltou as conjunturas internacional e histórica

Em seguida, Rafael Paredes, da organização Abarrotera Mexicana, falou de alguns enfoques conceituais e aportes da Cultura Viva Comunitária para a transformação das políticas culturais de base. Ressaltou como grandes contribuições o fortalecimento dos movimentos, “reforçando sua autonomia e protagonismo”, a construção de “argumentos próprios a partir de narrativas e poéticas alternativas à ideia de cultura e desenvolvimento”, a promoção de “espaços de diálogo democráticos”.

O grupo recomendou que se assegure a natureza participativa das políticas continentais, nacionais e locais. Que se fortaleça a participação social através da constituição de mesas de trabalho em nível nacional e que os governos federais convoquem a participação de organizações comunitárias, instituições culturais e educativas e dependências governamentais de diferentes níveis de governo. A forma de integrar as mesas será determinada em função do contexto de cada país.

Outras recomendações: propiciar a adesão de governos estaduais e municipais ao programa; propor outras formas de adesão dos países ibero-americanos (“que uma cota anual não seja um critério excludente ou a única maneira de aportar ao fortalecimento do programa”); valorizar as boas práticas que cada país tem em matéria de política cultural comunitária, e criar um fórum virtual permanente que permita que as organizações contribuam para a implementação do programa.

Esta mesa também trabalhou sobre a importância de financiamento, porque , como ressaltou Fresia Camacho no ato de encerramento, “não se trata só de financiar fundos para as organizações, e sim para os espaços de encontro, imprescindíveis para a democratização e o exercício da cidadania”.

Outro tema abordado foi a necessidade de certificar boas práticas de políticas de cultura comunitária, tanto locais como nacionais, “de modo que IberCultura Viva se converta em um palanque que permita o avanço das políticas culturais de base comunitária, respeitando os princípios de autonomia, empoderamento e protagonismo das organizações e das comunidades”.

Leia os documentos finais de cada grupo:

Participação social e cooperação cultural

Legislação para as políticas culturais de base comunitária

Formação em políticas culturais de base comunitária e construção de mapas e indicadores

Participantes GT Legislação: Daniel Castro (Brasil), Fabiola Figueroa (Peru), Paloma Carpio (Peru), Matilde Gómez Bolaños (Costa Rica), Lucrecia Sancho (Costa Rica), Gabriela Mora (Costa Rica), Yesenia Muñoz (México), Begoña Ojeda (Uruguai), Andrea Hanna (Argentina), Franco Morán (Argentina) y Abi Ribot (Argentina)

Participantes GT Formação: Luis Antonio de Oliveira (Brasil), Leonardo Barbosa Germani (Brasil), Roberto Guerra (Chile), Carolina Picado Pomarth (Costa Rica), Itziar Rubio Barrera (Peru), Mayte Loyarte (Uruguai), Claudia María Graciela Orantes Córdova (Belize), Caridad Cardona Aguilar (Honduras), Sandra Liliana Oquendo David (Colombia), Mario Lima Brasil (Brasil), Germán Alexander Cordova Pineda (El Salvador), Patricia Rivera Ritter (Chile), Vera Vargas (Costa Rica), Antía Vilela Díaz (Brasil), Ronnzo Rojas Rupay (Perú), Franco Rizzi (Argentina), Mariana Aparicio (Argentina), Alexandre Santini (Brasil), Mariana Gutiérrez (Argentina), Mariana Cerdeira (Argentina), Iván Nogales (Bolívia), Mario A. Siniawski (Argentina), Pablo Montiel (Argentina), Emiliano Polcaro (Argentina), Albornoz Jose Luis (Argentina), Juan Pablo Parchuc (Argentina) y Samanta Doudtchitzky (Argentina).

Participantes GT Participação: Diego Pigini (Argentina), Maria José Castro Schüle (Argentina), Lucas Sebastián Adaro (Argentina), Hugo Vázquez (Argentina), Mariela Tulián (Argentina), Lucrecia González (Argentina),  María José Rojo (Argentina), Estefanía Lay Guerra (Perú), Wilmar Rickly (Nicarágua), María Emilia de la Iglesia (Argentina), Stella R. Giaquinto (Argentina), Daniel Granados (Espanha), Magno Ortega (Peru), Fresia Camacho (Costa Rica), Bicho Hayes (Argentina), Corina Busquiazo (Argentina), Anays Córdova Otero (Cuba), Nelson Ullauri (Equador), Melina Delano (Argentina), Ma. Gabriela Abrahaam (Argentina), Rafael Paredes Salas (México), Jose Luis Vento Montalvo (Peru), Antenor Melgarejo (Argentina), Perla N. Campuzano (Argentina), Nicolás Israel (Argentina), Andrea Barrionuevo (Argentina), Lidia Serpas (El Salvador), Marlen Argueta (El Salvador), Walter Romero (El Salvador), Cacau Arcoverde (Brasil), Alice Monteiro de Lima (Brasil), Sebastián Gerlic (Brasil), Doryan Bedoya (Guatemala).

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14

dez
2016

Em Editais
Notícias

Por IberCultura

O programa anuncia os projetos habilitados nos Editais IberCultura Viva 2016

Em 14, dez 2016 | Em Editais, Notícias | Por IberCultura

 Foto: Oliver Kornblihtt

A Unidade Técnica do programa IberCultura Viva informa a relação definitiva de projetos habilitados que passarão para a etapa de avaliação dos Editais IberCultura Viva 2016. As inscrições estiveram abertas de 19 de setembro a 1º de dezembro. O prazo de apresentação de recursos terminou às 23h59 de 17 de dezembro.

No Edital de Apoio a Redes foram habilitados 13 projetos na categoria 1, dirigida ao apoio a eventos de redes nacionais e/ou regionais que tenham como objetivo a preparação para o 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que será realizado em novembro de 2017 em Quito (Equador). Na categoria 2, dedicada ao apoio para a realização de eventos de redes de cultura de base comunitária municipais, estaduais, nacionais ou regionais, foram habilitados para continuar no processo de avaliação 67 projetos.

No Concurso de Videominuto foram habilitadas 55 propostas de vídeos. O edital para a seleção de textos sobre políticas culturais de base comunitária segue em processo de avaliação.

A próxima etapa, de julgamento, será de responsabilidade dos Comitês de Avaliação. Serão distribuídos US$ 50 mil a cada uma das categorias do Edital de Apoio a Redes (até US$ 5 mil para os 10 primeiros colocados), e US$ 500 para os 10 primeiros colocados no Concurso de Videominuto.  Os resultados serão publicados antes de 31 de janeiro de 2017.

(* Texto atualizado em 20 de dezembro de 2016)

Informação aos interessados IV: Edital de Apoio a Redes – Etapa de Habilitação – RELAÇÃO DEFINITIVA

Informação aos interessados III: Concurso de Videominuto – Etapa de Habilitação – RELAÇÃO DEFINITIVA

Informação aos interessados II: Edital de Apoio a Redes de Cultura de Base Comunitária – Etapa de Habilitação

Informação aos interessados I: Concurso de Videominuto – Etapa de Habilitação

14

dez
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Três dias entrelaçando experiências, derrubando muros, construindo pontes

Em 14, dez 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Margarita Palacio e Silvia Bove foram as duas argentinas premiadas no Edital IberCultura Viva de Intercâmbio que participaram do 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em outubro de 2015, em El Salvador. A viagem, segundo elas, deixou marcas. Convidamos as duas para comentar o 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura e o 1º Encontro de Redes IberCultura Viva, realizados de 30 de novembro a 2 de dezembro no Centro Cultural San Martín, em Buenos Aires. Elas participaram ativamente das atividades, e sim, lembraram algumas vezes as cenas vividas em San Salvador.

“O Encontro Nacional de Pontos de Cultura foi um feito de esperança, mas também um impasse e uma interrogação. Muitos desejos confluíram para sua concretização”, disse Margarita Palacio, dirigente da Asociación de Mujeres La Colmena – Radio Comunitaria FM Reconquista. “Desejos de encontrar mais além das fronteiras provinciais e regionais, formando um só corpo e alma, tangível, possível, com uma ideia-força atravessando-os. A da cultura popular e comunitária”.

Este desejo, segundo ela, “circulou e ganhou vida em uma dupla Buenos Aires – por um lado,  amigável, percorrendo todos os espaços, exposições, oficinas e mostras artísticas no Centro Cultural San Martín, e por outro, preocupada, debatendo e defendendo direitos no Congresso Nacional, a poucos passos dali”.

Margarita Palacio na rádio aberta do encontro (Foto: La Colmena-Reconquista)

Margarita disse que ainda guarda “lindas recordações” da participação no Congresso de El Salvador, como os seminários, a visita a Cacaopera e a marcha pelo orçamento para a cultura comunitária. “Foi tamanha a marca que ficou sobre meus pensamentos, que neste 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura impulsionei a participação de mais de 80 integrantes de nosso coletivo La Colmena-Reconquista”, contou.

Entre eles estavam os jovens integrantes da Orquestra La Estable, que se apresentou no primeiro dia do evento, além de dirigentes juvenis, mulheres da Asociación La Colmena, professoras dos jardins comunitários e representantes de organizações sociais que realizam programas na rádio comunitária.

“A presença de nosso coletivo tinha uma finalidade: iniciar contatos, estabelecer relações com os Pontos de Cultura do país para conhecer suas práticas culturais e fazer com que conheçam as nossas”, comentou. “Foi fortalecedor para nosso projeto o reencontro com as comunidades de 9 de Julio (Buenos Aires), Colón (Entre Ríos) e El Dorado (Misiones), com quem fizemos o Entrelaçando Experiências (“Entrelazando Experiencias” é uma iniciativa dos Pontos de Cultura da Argentina para o intercâmbio de saberes).

As jovens da Orquestra Estable da Rádio Reconquista (Foto: La Colmena-Reconquista)

Pelo menos três situações vivenciadas durante o evento foram muito relevantes para o grupo: 1) La Orquestra Juvenil La Estable, de FM Reconquista, apresentou canções de seu primeiro disco, prestes a ser lançado, no palco do Centro Cultural San Martín; 2) Margarita foi designada (ao lado de María Emília de la Iglesia) uma das representantes da província de Buenos Aires na Comissão Nacional de Pontos de Cultura; 3) A Reconquista foi a rádio aberta do evento, e esteve transmitindo ao vivo opiniões, experiências e entrevistas de participantes argentinos, como o ministro da Cultura, Pablo Avelluto, e de outros países ibero-americanos, como Célio Turino (Brasil) e Iván Nogales (Bolívia).

“Esta ferramenta fabulosa da rádio aberta me permitiu aprofundar em análises, sonhos, projetos e sentires daqueles a quem entrevistei”, comentou Margarita, que também espera ver nos próximos encontros com as delegações do país “iniciativas e linhas de trabalho que transformem em realidade os anseios de todos: concretizar uma política genuína para Pontos de Cultura, com uma boa partida orçamentária que materialize tantos desejos”.

O boliviano Iván Nogales em entrevista à Rádio Reconquista (Fotos: La Colmena-Reconquista)

O desejo de seguir crescendo

Silvia Bove é presidenta da Associação Chacras para Todos

Para Silvia Bove, presidenta da Associação Civil Chacras para Todos, de Mendoza – um dos primeiros Círculos de Cultura (equivalente ao Pontão de Cultura) da Argentina, assim reconhecido desde 2012 –, este encontro mobilizou ainda mais a  construção coletiva da América Latina e do país. “Foram vários dias de intensa atividade, de intercâmbios, de visibilidade de experiências”, destacou. “Tivemos calorosas boas-vindas de pessoas representativas do país, um belo mate, uma agenda maravilhosa, podendo ver o trabalho de algumas organizações que integram o programa Pontos de Cultura, sua dimensão ao longo destes anos, e o desejo de seguir crescendo”.

Ali, no coração de Buenos Aires, como ela ressalta, uma rede de organizações culturais diversas, “com objetivos comuns, com objetivos distintos”, esteve celebrando, “gerando irmandades, luminosidades”, reunidas no labiríntico Centro Cultural San Martín, “carregado de rincões vitais e palcos encontrados, construindo narrativas a partir da arte”.

“Nos sentimos muito felizes de poder participar”, afirmou Silvia, destacando también o aporte de Ibercultura Viva como “novo protagonista”. “Nos pareceu muito positivo que este programa continue no tempo, e que os Estados apoiem as organizações culturais de base, que são a matriz cultural de suas paragens, povos e  comunidades. Sabemos que o caminho é longo e esperamos a criação de leis que possibilitem o apoio a todas aquelas organizações que trabalham dia a dia em cada comunidade, mas o vivido nesses dias foi transcendental. (…) Um encontro de coisas simples, intensas, muitas horas de intercâmbios constantes, de conhecermo-nos por regiões, de pensar-nos como um todo, de nutrirmo-nos”.

Silvia em El Salvador, com Emília de la Iglesia e Eduardo Balán (Foto: Mario Alberto Siniawski)

Impulsando redes

A Asociación Civil Chacras para Todos, coordenada por Silvia, além de ser parte da Rede Nacional de Teatro Comunitário e da Rede de Arte e Transformação Social, ajudou a formar, em 8 de junho de 2016, a Rede Cultural de Chacras de Coria, integrada por mais de 20 organizações, instituições educativas, centros de saúde, fazedores culturais, biblioteca e associações de vizinhos.       

A tarefa de impulsionar redes e propagar a Cultura Viva Comunitária em cada território, segundo ela, foi um “mandado” que veio de El Salvador, do 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. “Dali ficou este mandado maravilhoso, de criar caravanas e ações que contribuam para construir ‘corpos sem fronteiras’, como Iván Nogales chamou a caravana que o Teatro Trono fez nos primeiros meses de 2016, da Bolívia até a Argentina, tocando povos e territórios diversos, unindo, enlaçando, deixando um rastro de emoções e poderosos laços de amor.”

O convite de Nelson Ullauri para o 3º Congresso Latino-americano de CVC (Foto: Georgina García)

Melhores momentos

Para Silvia, um dos momentos mais ricos e emotivos do 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura da Argentina foi o convite feito ao público para participar do 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária – marcado para novembro de 2017, no Equador –, vindo da voz de Nelson Ullauri, junto a membros do Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, de Guatemala, Belize, El Salvador, Brasil, Bolívia, Argentina e Costa Rica.

Além da alegria de ver fragmentos de algumas obras, como as dos grupos de teatro comunitário El Épico de Floresta, Matemurga e Pompeya (fotos) no palco, ela mencionou como grandes momentos do evento a conferência de Célio Turino, a presença de Jaime Torres com sua música da terra e o encerramento no Galpão de Catalinas Sur (um dos principais grupos de teatro comunitário da América Latina).

Também ressaltou a importância da criação da Comissão Nacional de Pontos de Cultura, integrada por 14 organizações representando as regiões do país, e da criação do Conselho Cultural Comunitário, com os 14 membros da Comissão Nacional mais representantes de redes e de foros temáticos culturais. “Que a Comissão e o Conselho possam influir em ações concretas para a cultura de nosso país, e o mais valioso, que possamos seguir sonhando en comun-unidade”, acrescentou.

“O que mais nos nutriu foi poder nos ver novamente, confirmando a latência de espíritos comuns que aninham sonhos, afiançando o caminho realizado por cada uma das organizações. Somos uma trama de pontos, alguns grandes, outros pequenos, que quando se entrelaçam formam uma substância luminosa que sustenta fios sutis que derrubam fronteiras. É necessário que os Estados acompanhem essa trama, que contribuam para  iluminar ainda mais estes pontos, pontos que fazem com que vida tenha sentido, e que nossos sonhos sejam possíveis porque o outro me estende a mão e porque eu estendo a minha.”

14

dez
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Célio Turino: “Quando falamos de Cultura Viva falamos do inefável”

Em 14, dez 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Fotos: Georgina García/Puntos de Cultura

“Inefável” é aquilo que não se pode explicar com palavras. O que não se pode nomear ou descrever em razão de sua natureza, força, beleza. Foi este o adjetivo usado pelo historiador Célio Turino para definir o que unia todos os que estavam no 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura da Argentina e o 1º Encontro de Redes IberCultura Viva, realizados em programação conjunta de 30 de novembro a 2 de dezembro no Centro Cultural San Martín, em Buenos Aires (Argentina).

“Quando falamos de Cultura Viva falamos do inefável”, afirmou Turino na conferência magistral do evento. “Assim como a companheira de Belize nos diz que pode sentir a dor e a alegria que há em um Ponto de Cultura do Brasil ou da Argentina, ainda que não os conheça, eu também posso sentir a festa em Belize sem nunca ter ido lá. E é assim em todo lugar, com nós todos. É assim porque o inefável nos une.”Um dos criadores e principais impulsores do programa Cultura Viva – lançado no Brasil em 2004 e transformado em política de Estado em 2014 –, Turino começou sua conferência no encontro falando da história da América. Um lugar para onde todos vieram, de uma forma ou de outra, atravessando o Estreito de Bering, ou pela Polinésia, ou cruzando o Oceano Atlântico.

“Este continente que cruza o planeta de norte a sul tem esta característica, as humanidades afluem para cá”, comentou. “Depois, com o processo de colonização, nos fundimos com a gente que veio, os imigrantes, os africanos. E assim nos fizemos, e assim fomos e vamos nos mesclando. Este é um continente mestiço, com uma riqueza fabulosa.”

Ao comparar a cultura a uma floresta – quanto mais diversa, mais bela –, Turino chamou a atenção para a importância da complementaridade, das fusões, dos encontros. “A cultura é o resultado da fusão entre tempo e espaço”, disse. “Quando compartilhamos nossas tradições, nossas histórias, nossa memória, vamos produzindo a cultura. E quando esta cultura é compartilhada em um território, ela se solidifica. E assim nos identificamos. É o inefável, é isso que nos define e que garante que a cultura se transporte.”

Espaço e território

Daí a ideia dos Pontos de Cultura, de sedimentar as ações no território e perceber o espaço do território como um conjunto de tradições e experiências. “Não é uma única coisa. Não podemos nos prender à ideia fundamentalista de que há uma única verdade, e sim muitas contribuições”. Ou seja, um conhecimento tradicional pode dividir o espaço com um conhecimento de vanguarda, uma experiência estética, tecnológica, e nesta fusão também está sua riqueza, sua beleza.

Turino citou como exemplos as centenas de encontros feitos no começo do programa Cultura Viva no Brasil, em que jovens fazem oficinas de software livre, de edição de vídeo, em favelas, aldeias indígenas e áreas rurais, e tanto ensinavam como aprendiam. Também recordou uma viagem que fez ao Peru e se espantou com a diversidade do milho. “Só conhecia o amarelo, e lá vi milho preto, vermelho… Mostrava as fotos para os amigos e me perguntavam: ‘É transgênico?’ Não, é inteligência coletiva, traduzida nos Andes por milhares de anos e oferecida gratuitamente às pessoas. Não tem dono.”

Urgência histórica

E que diriam os povos ancestrais, os que ajudaram a construir esta floresta diversa que é a gente da América Latina, se soubessem do conceito de desenvolvimento das sociedades ocidentais? “Quando falamos de Cultura Viva estamos falando de vida, de convivência. Claro que crescemos, que desenvolvemos e que há um ciclo em que tudo se fenece e se constrói outra coisa. O conceito de desenvolvimento das sociedades ocidentais, entretanto, é que se pode acumular, acumular, extrair, extrair… E o planeta é finito. Não há lógica em viver em um sistema que tem como base a acumulação infinita. O conceito de bem viver é o contrário disso”.

Como historiador, Célio Turino se acostumou a trabalhar com a ideia de “paciência histórica”, porque os processos são longos. “Agora temos que trabalhar com outro conceito, o de urgência histórica, porque não há mais longo prazo para a humanidade. Em 20, 30 anos, estaremos vivendo um colapso”, afirmou. “Somos ladrões de nossos filhos e netos e dos netos de nossos netos. Temos que nos reconhecer assim se queremos mudar e roubar menos dos outros”.

Cultura do encontro

Para falar da importância dos encontros, e de como os encontros podem promover mudanças, Turino pediu aos organizadores do evento uma escada. Precisava de uma durante a conferência para mostrar como a imagem criada para o 3º Encontro Nacional que aparecia no palco (vários círculos juntos, formando o número 3) tinha que ver com a ideia dos Pontos de Cultura.

“Existem pontos fechados, abertos, pequenos, grandes, com mais ou menos cor, formando esta imagem. Cada um, de uma maneira diferente, produz este processo de interseções, permitindo que um círculo se conecte com outro. Ou seja, este círculo poderia ter uma forma diferente do outro. No entanto, quando se conectan eles mudam e formam coisas, como esta imagem. Acredito que aí está a beleza dos Pontos de Cultura e da Cultura Viva”, comparou, de cima da escada.

Para o historiador, mais que uma intersecção entre Estado e sociedade civil, Cultura Viva tem a ver com “colocar o reino da vida em equilíbrio com o império dos sistemas (as leis do mercado, do Estado, das igrejas)”. Autonomia, protagonismo e empoderamento, segundo ele, seriam palavras-chave para começar as mudanças.

“Temos que construir um processo de diálogo”, ressaltou. “Se as pessoas não têm a oportunidade de falar por sua própria voz, não há diálogo. Elas têm que se sentir empoderadas para falar com o Estado. Por outro lado, o Estado tem que aprender a falar com as pessoas – inclusive porque, como dizia meu avô, o Estado tem que servir ao povo, não servir-se do povo. É necessário que um se disponha a escutar o outro, porque se me fecho na minha verdade não consigo estabelecer a cultura do encontro”.

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07

dez
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Uma festa na rua para renovar a esperança e compartilhar as conquistas do encontro

Em 07, dez 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Fotos: Georgina García/ Puntos de Cultura

Depois de três dias de atividades no Centro Cultural San Martín, em Buenos Aires, os participantes do 1º Encontro de Redes IberCultura Viva e do 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura da Argentina mudaram de endereço: foram para o Galpão do Catalinas Sur, um dos mais importantes grupos de teatro comunitário da América Latina. Além de apresentações de teatro, música e dança, acompanharam a leitura das conclusões e recomendações dos grupos de trabalho e compartilharam duas importantes conquistas: a formação da Comissão Nacional de Pontos de Cultura e do primeiro Conselho Cultural Comunitário da Argentina.

“Foram três dias cheios de cor e conteúdo, com uma quantidade impressionante de atividades que revitalizou a todos. Saímos deste encontro com muitas certezas, muita vontade e muito compromisso para seguir trabalhando juntos”, comentou Diego Benhabib, coordenador do Programa Pontos de Cultura do Ministério de Cultura da Argentina.

As atividades foram realizadas em três jornadas intensas, das 9h às 22h de 30 de novembro a 2 de dezembro, em forma de conferências, capacitações, oficinas, fóruns regionais e de redes, grupos de trabalho temáticos e propostas artísticas. O objetivo foi consolidar o trabalho de articulação entre as organizações e propor espaços de formação e reflexão acerca das práticas da cultura comunitária e da gestão cultural. Mais de 500 organizações argentinas estiveram presentes.

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Diego Benhabib e Daniel Castro

Anfitrião do evento, Benhabib ressaltou no encerramento o enorme potencial, o entusiasmo e o compromisso de aqueles que ali estavam e que se dedicam a melhorar as condições de vida de suas comunidades através da arte e da cultura. Também reforçou que ser um Ponto de Cultura não é exclusivamente receber um fundo do Estado, e sim implica um compromisso para trabalhar em rede, compartilhar experiências em nível territorial e temático, trabalhar com distintas populações e conhecimentos, valorizar seus saberes.

Em seguida, o representante da presidência do programa IberCultura Viva, Daniel Castro, destacou a importância da cooperação em todas as suas instâncias – “a cooperação entre povos, a integração sul-americana, latino-americana, ibero-americana”– e agradeceu à nação e ao povo argentino, que receberam com dedicação, afeto e entusiasmo os 40 convidados do Encontro de Redes, provenientes de 17 países da Ibero-América.  “Saímos daqui mais fortes que chegamos”, afirmou o coordenador-geral de Promoção da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (MinC). “Que saibamos dar continuidade a isso em todos os âmbitos possíveis. Temos que fortalecer as instâncias de cooperação internacional e ocupá-las no campo cultural.”

Grupos de trabalho

15235624_1237504279670652_175969295217166936_oO ato de encerramento seguiu com as leituras das recomendações dos três grupos de trabalho do Encontro de Redes IberCultura Viva, propostos pelas organizações e redes ibero-americanas: Participação social e cooperação cultural”(foto), “ Legislação para as políticas culturais de base comunitária” e “Formação em políticas culturais de base comunitária”. Rosario Lucesole, da equipe de Pontos de Cultura do Ministério de Cultura da Argentina, também compartilhou com o público as conclusões de uma das rodas de conversa realizadas durante o 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura (“Qual é o impacto do nosso trabalho?”).

Na sequência, Diego Benhabib chamou ao palco os representantes da Comissão Nacional de Pontos de Cultura que haviam sido eleitos nos fóruns regionais. Alberto Ingold, do Centro Cultural La Fragua de Villa Elisa (Entre Ríos), anunciou os nomes dos membros e suplentes. “Nos comprometemos a nos reunir nos primeiros meses de 2017 para poder avançar no processo de regulamentação destas instâncias e construir uma agenda de trabalho que retome os pontos e temas de interesse que discutimos democraticamente em cada um dos foros regionais, temáticos e de redes”, afirmou Ingold.

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Alberto Ingold anunciou os nomes dos membros da Comissão Nacional de Pontos de Cultura

15259233_1237509076336839_2790506029639724527_oTerminada a apresentação da comissão e do conselho, veio o melhor da festa: a Orquesta Atípica de Catalinas Sur. O grupo, nascido em 2008, tem uma instância artística, trabalhada a partir da música popular, com a criação e apresentação de espetáculos e corais, e uma instância social, que tem a ver com a integração de um maior número de vizinhos à orquestra. Aqui, assim como no teatro comunitário, o acento está no coletivo e na identidade cultural.

Depois de uma bela interpretação do coral de Catalinas para Construção, de Chico Buarque, a festa seguiu do lado de fora do galpão, na rua, com o samba reggae do grupo de percussão La Internacional del Caminito e os grupos da dança Negra Ameríndia e Los Chuños. Um final potente para os três dias cheios de cor, conteúdo e entusiasmo que deram um novo impulso à Rede Nacional de Pontos de Cultura e a todos os que ao longo dos últimos anos, por meio da arte e da cultura, vêm trabalhando em um projeto comunitário e coletivo de vida.

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06

dez
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Congressos de Cultura Viva Comunitária: os fios da história e a capacidade de enredar-se

Em 06, dez 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Fotos: Georgina García/Puntos de Cultura

Um novelo passou de mão em mão no teatro do Centro Cultural San Martín, em Buenos Aires, no segundo dia do 1º Encontro de Redes IberCultura Viva e do 3º  Encontro Nacional de Pontos de Cultura da Argentina. O tema era o lançamento do 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária que será realizado de 20 a 25 de novembro de 2017 em Quito, Equador—, mas não se resumiu a isso. Antes de o equatoriano Nelson Ullauri anunciar os dias do evento, outros companheiros do Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária subiram ao palco para falar das edições anteriores dos congressos, organizadas por redes de Cultura Viva na Bolívia em 2013, e em El Salvador em 2015.

O historiador Célio Turino, um dos criadores e principais impulsores da ideia de Cultura Viva e dos Pontos de Cultura, foi o primeiro a tomar o novelo nas mãos. Buscando recuperar o fio da história, lembrou o mito de Ariadne (a filha do rei que deu a Teseu um novelo para que lhe servisse de guia no labirinto onde entraria para matar o Minotauro) para dizer que assim também é com a cultura, com a história, com nós mesmos. “Sempre entramos em labirintos, e é necessário que tenhamos condições de sair”, comentou.

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Célio Turino foi o primeiro a falar na noite de lançamento do 3º Congresso

Segundo Turino, a história da Cultura Viva “começou com o primeiro indígena que entrou neste continente e compartilhou os conhecimentos mais simples, como os segredos de uma erva para curar uma dor”. Daí viria uma parte do que se pensou para os Pontos de Cultura: que os governos dirijam seus orçamentos, seus investimentos, para as iniciativas já desenvolvidas pelas pessoas em suas comunidades, porque são elas que têm a sabedoria, “são elas que constroem as coisas”.

Uma linha do tempo projetada no fundo do palco ajudava a contar a história desta política pensada de baixo para cima. Entre os principais marcos estavam o Fórum Social Mundial de 2009, realizado em Belém do Pará, com organizações latino-americanas reunidas na mesa de debate “Pontos de Cultura: Políticas Públicas e Cidadania Cultural”, e o Encontro Latino-americano Plataforma Puente, que levou a Medellín (Colômbia) uma centena de organizações culturais comunitárias em 2010 e resultou no lançamento da rede continental Plataforma Puente Cultura Viva Comunitaria.

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Nogales lembrou a Caravana por la Vida, que inspirou a Caravana por La Paz

Primeiro congresso

Turino passou o novelo para o boliviano Iván Nogales quando a história chegou a 2012, ano em que o Teatro Trono – Compa, fundado por ele em 1989, fez a “Caravana por la Vida – De Copacabana a Copacabana”. Em um teatro-caminhão, 25 atores saíram do Lago Titicaca (Bolívia) rumo à Cúpula dos Povos na Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, no Rio de Janeiro. A aventura foi um fator crucial para a decisão de ter a Bolívia como sede do primeiro Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária.

No Rio decidiu-se que assim como os bolivianos mobilizaram uma caravana para vir ao Brasil, as organizações comunitárias de outros países iriam se mobilizar para fazer o caminho de volta no ano seguinte, em uma Caravana por la Paz, e ali realizar seu primeiro congresso. “Insistiram para que nós fôssemos os organizadores”, contou Nogales. “Me disseram que seriam uns 250, 300. Chegaram 1200. Os argentinos eram quase 300; os brasileiros, 270; os peruanos, uns 170; os colombianos, 40… Havia de tudo. Foi épico. Nos reunimos durante três dias e conseguimos coisas muito significativas em políticas públicas para o continente. O movimento se faz sólido à medida que somos capazes de nos enredar.”

A cidade de La Paz foi “tomada poeticamente por assalto” por cerca de 1.200 ativistas artístico-culturais provenientes de 17 países da América Latina em maio de 2013. Participaram 35 representantes de governos, formando uma aliança em defesa de políticas públicas que garantam 0,1% dos orçamentos públicos para a Cultura Viva Comunitária. Finalizado o congresso, elaborou-se de maneira coletiva um manifesto denominado “Declaração de La Paz”, no qual os participantes ressaltavam o que havia significado este evento e algumas de suas perspectivas.

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Marlen falou do 2º Congresso de CVC em El Salvador

Segundo congresso

Das mãos de Iván Nogales, o novelo passou para Marlen Argueta, da Rede Salvadorenha de Cultura Viva Comunitária, organizadora do 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em outubro de 2015, sob o lema “Convivência para o bem comum”. Ao tomar o microfone, Marlen chamou ao palco os outros representantes da América Central presentes e comentou como a “bandeira da Cultura Viva Comunitária se converteu em uma esperança” para as organizações da região, marcada por décadas de lutas, conflitos e massacres.

Segundo ela, a ideia inicial era que a Guatemala (aqui representada por Doryan Bedoya, do coletivo Caja Lúdica, e Claudia Orantes, do grupo Caracol) fosse a sede do segundo congresso, mas algumas dificuldades acabaram mudando os planos para El Salvador. “Assumimos o compromisso e recebemos 500 pessoas de 17 países. Éramos, no final, 700. Estivemos nos principais parques e avenidas de San Salvador e aproveitamos para levar toda essa gente até os bairros, as comunidades, tomando as praças e reivindicando o público”, ressaltou. Em San Salvador ficou acordado que o congresso seguinte seria no Equador.

Terceiro congresso

Quando chegou sua vez de falar, o equatoriano Nelson Ullauri disse que queria começar com uma metáfora andina. “Quando se fala de sementes, de começos de processos, fala-se dos acendedores de fogo. Todo acendedor o faz de baixo para cima, e há que se manter esse fogo aceso, há que seguir alimentando-o para que inunde todos os nossos espaços, sentimentos, corações e futuros”, afirmou.

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Ullauri: “Existe um longo caminhar na questão do comunitário. É preciso resgatá-lo, fortalecê-lo”

Para Ullauri, que trabalha com gestão cultural comunitária desde 1990, assim também se dá o processo de Cultura Viva. “Não surge da noite para o dia de tal ano, é um processo milenar de todas as culturas e povos ancestrais, uma vez que eles manejaram a cultura e o comunitário. Hoje somos gratos anfitriões do 3º Congresso de Cultura Viva Comunitária, e existe um longo processo, um longo caminhar, na questão do comunitário, da gestão cultural e de bairro. É preciso resgatá-lo, fortalecê-lo, revitalizá-lo. (…) Que o 3º Congresso se constitua em uma verdadeira referência do que queremos que seja realmente o movimento.”

O comunitário, segundo Ullauri, é o enfoque fundamental do 3º Congresso Latino-americano. A ideia é levar a Quito reflexões sobre isto, sobre os avanços de uma sociedade que temos que construir, “uma sociedade livre de egoísmos, de personalismo, onde prime o comunitário”. “Queremos convidar os companheiros da América Latina para que acolham esse debate em seus territórios, e possamos chegar ao Equador com um discurso sólido e uma experiência sólida, e possamos ter uma proposta sólida de Cultura Viva Comunitária. Que levemos um amálgama imenso de pontes, de saberes, para que realmente se constitua uma referência em termos dos processos sociais. Que o encontro seja uma reunião da sagrada família latino-americana sonhando com futuros melhores, com um mundo melhor, construindo de pouco a pouco. Não podemos perder nunca a esperança.”

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01

dez
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Cultura viva: um desenho construído ponto a ponto no Espaço Cultural Ibero-americano

Em 01, dez 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Fotos: Georgina García/Puntos de Cultura

Quando perguntaram ao historiador Célio Turino se ele queria algo especial para a conferência que daria na abertura do 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura da Argentina, nesta quarta-feira (30/11) em Buenos Aires, ele pediu uma escada. Como gosta de falar de improviso, não pensou em vídeo, powerpoint, nada disso. Só queria uma escada para mostrar como a imagem criada para o evento (vários círculos juntos, de tamanhos diferentes, formando o número 3) tinha tudo a ver com a ideia dos Pontos de Cultura.

IMG_0241“Há pontos fechados, abertos, pequenos, grandes, com mais ou menos cor, formando esta imagem. Eu diria que aí está a beleza dos Pontos de Cultura e da Cultura Viva”, comparou o ex-secretário da Cidadania Cultural do Ministério da Cultura (2004-2010). “Cada um, de maneira diferente, produz este processo de intersecções. E essas intersecções vão permitindo que um círculo se conecte com outro e outro… Ou seja, este círculo poderia ter uma forma diferente daquele. No entanto, quando se conectam, eles mudam e formam coisas, como esta imagem.”

Foram essas ideias – de que Cultura Viva é um desenho construído ponto a ponto, e de que muitos pontos reunidos podem de fato mudar as coisas – que deram o tom do 1º Encontro de Redes IberCultura Viva, aberto ontem (30/11) no Centro Cultural San Martín, em Buenos Aires. O evento tem programação conjunta com o 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura, realizado pelo Ministério de Cultura da Argentina, e segue até amanhã (02/12) com uma série de atividades reunindo representantes de governos e de organizações comunitárias de 17 países ibero-americanos.

Mesas de abertura

O 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura foi aberto por Enrique Avogadro, secretário de Cultura e Criatividade do Ministério da Cultura da Argentina. “O Estado vem perdendo o monopólio estrito das políticas públicas porque aparece outro conceito muito interessante, que é o de inteligência coletiva. Ou seja, a ideia de que todos juntos pensamos muito melhor do que cada um de nós em separado”, comentou. “Portanto, as políticas públicas têm que ser feitas em rede. Uma rede cada vez mais forte não só pela formação, pela capacitação, mas fundamentalmente pela possibilidade de intercâmbio.”

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Enrique Avogadro, Pablo Avelluto e Alejo Ramirez

A Rede Nacional de Pontos de Cultura da Argentina  (em espanhol, o programa ganhou o nome de “Puntos de Cultura”) atualmente conta com 650 organizações socioculturais. Grande parte delas esteve representada na abertura do encontro. Cerca de 500 pessoas assistiram aos discursos da mesa de abertura, composta por Enrique Avogadro, pelo ministro da Cultura da Argentina, Pablo Avelluto, e por Alejo Ramirez, diretor sub-regional para o Cone Sul da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib).

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Alejo Ramirez, director de la SEGIB

Ramirez falou do protagonismo exercido pela cultura nos programas de cooperação ibero-americanos (dos 25 programas e iniciativas mantidos pela Segib, 70% estão vinculados diretamente aos temas culturais). Falou do IberCultura Viva, um programa novo (sua primeira reunião se deu em 2014, na Teia de Natal), “com uma vigência e uma atualidade muito importantes, inclusive por mostrar  como a inteligência coletiva toma o controle de determinados espaços e como a partir da cultura pode-se romper a lógica centro-periferia”. Ao final, reforçou o que Avogadro havia dito pouco antes: “Inteligência coletiva é o que a nossa região mais necessita”.

Inclusão e cidadania

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O ministro da Cultura da Argentina, Pablo Avelluto

O ministro Pablo Avelluto, o terceiro a falar na manhã desta quarta-feira, destacou as áreas em que o programa Pontos de Cultura trabalha simultaneamente, como a promoção e a defesa do patrimônio cultural, o desenvolvimento da criação artística e cultural das comunidades, o impacto das indústrias criativas. E chamou a atenção especialmente para o papel da cultura como ferramenta para a inclusão da cidadania.

”Quando vimos o quanto este programa havia se desenvolvido nos últimos anos, nosso compromisso foi o de ampliá-lo, aperfeiçoá-lo, facilitar o acesso, articular melhor as redes, melhorar o resultado em termos de investimento”, afirmou Avelluto. “Compartilhamos profundamente a ideologia deste programa. Não se trata de uma opção partidária. Para além disso, tem a ver com as maneiras com que, por meio da cultura, geramos inclusão e cidadania.”

Com o programa, segundo o ministro, criou-se a possibilidade de que milhares de argentinos, conectando-se com organizações da sociedade civil, tivessem acesso a seus direitos. No caso, os direitos culturais. “Por isso a palavra do dia é comunitário. É aquilo que temos em comum, cada cidadão em sua produção simbólica. O sentido comunitário é o aspecto ideológico mais profundo. Atravessa qualquer distinção partidária e garantirá que este programa se mantenha, siga melhorando e crescendo.”

Trabalho comum

Na sequência, tomaram lugar à mesa Diego Benhabib, coordenador dos Pontos de Cultura da Argentina, e Daniel Castro, coordenador-geral de Promoção da Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (MinC) e representante da presidência do IberCultura Viva.  (O Brasil tem a presidência do Comitê Intergovernamental do programa desde 2014, num mandato de três anos)  

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Diego Benhabib e Daniel Castro

Após saudar os trabalhadores da cultura presentes, aqueles “que trabalham para que nossas nações se pareçam consigo mesmas”, Castro lembrou que o IberCultura Viva busca ser um espaço de encontro, de intercâmbio e fortalecimento de políticas com sentido territorial de base comunitária, no âmbito ibero-americano. Ressaltou que o programa conta atualmente com nove países-membros (Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, El Salvador, Espanha, México, Peru e Uruguai), mas que ali estavam muitos outros, “em processo de aproximação e construção de outros espaços, de outras formas de integração”.

“O importante é o trabalho comum entre os interlocutores governamentais e da sociedade civil em todos esses países. Que se construam pontes, que se possa viver em espaços de cooperação, trabalhando para transformar as relações de desigualdade e desrespeito”, afirmou, destacando também alguns elementos cruciais da política de Cultura Viva, como a participação social, as instâncias autônomas da representação da sociedade civil, a  gestão compartilhada, o diálogo.

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Castro representou a presidência do IberCultura Viva

“O Estado necessita da inteligência da gente que trabalha com cultura, para transformar o Estado em si mesmo. Ao viver os mecanismos que o Estado implementa, com seus dilemas, seus problemas, a sociedade nos traz uma devolução que é crucial para construir novas formas de apoio, fomento, participação social, reconhecimento simbólico. Nos falta muito para chegar a instrumentos que estejam realmente adequados à realidade, que deem ênfase aos resultados alcançados pelos projetos que recebem recursos públicos, e não simplesmente enfocando em excessivos detalhes a prestação de contas financeira.”

A importância da aproximação do governo federal com os estaduais e municipais foi outro ponto mencionado por Daniel Castro, assim como a relevância de políticas transversais e complementares no campo social. “É uma política sociocultural o que se trata aqui. Ou seja, é importante que existam políticas fortes, que atuem de forma integrada no campo dos direitos humanos, ações voltadas para os povos originários, afrodescendentes e outros povos e comunidades, de promoção de igualdade de gênero, igualdade racial, saúde, educação e comunicação.”

Novos Pontos

Diego Benhabib, por sua vez, lembrou que o propósito do programa Pontos de Cultura na Argentina é apoiar não apenas as ações de organizações da sociedade civil com projetos socioculturais em territórios, mas também as redes de cultura comunitária do país. “A ideia de organização é o eixo central desta política, e achamos que tem que ser assim, porque um grupo pode alcançar seus objetivos, mas trabalhando com outros, esses objetivos podem ser maiores. O mesmo acontece quando uma organização trabalha em seu território, ou em conjunto com outras. Ao trabalhar com outras organizações, o impacto de suas ações é muito maior. A rede existe antes do programa, e fortalecê-la é um dos eixos centrais da política de Pontos de Cultura este ano”.

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Benhabib: “A ideia de organização é o eixo central desta política”

Benhabib também destacou os resultados do quarto edital de Pontos de Cultura, lançado este ano. Foram recebidos mais de 850 projetos — depois de três instâncias de seleção, foram premiados 228. Esses novos Pontos de Cultura vêm de 116 localidades, de 21 províncias argentinas, e têm perfis muito variados, indo desde bibliotecas comunitárias até clubes esportivos, centros de bairros e coletivos de educação popular.

Jaime Torres

Jaime Torres

Anfitrião do encontro, o coordenador dedicou parte de sua fala à programação, explicando como se dariam os três dias de conferências, capacitações, oficinas, fóruns, grupos de trabalho temáticos, mostras de produções artísticas e espetáculos. Neste primeiro dia, foram escalados para o palco principal, entre outros, o mestre charanguista Jaime Torres, um dos maiores da música folclórica argentina, e a cantora e antropóloga saltenha Silvia Barrios.

Silvia Barrios

Silvia Barrios

Grupos de trabalho

A tarde deste primeiro dia foi dedicada a  uma série de oficinas simultâneas para os Pontos de Cultura argentinos. Entre as temáticas abordadas estavam “Gestão cultural das organizações”, “Apresentação de projetos culturais” e “Sistematização de experiências comunitárias”. Enquanto os argentinos seguiam com as atividades, realizadas ao mesmo tempo em diferentes salas do Centro Cultural San Martín, os convidados do 1º Encontro de Redes Ibercultura Viva revezaram-se em três salas, nos seguintes grupos de trabalho:  “Participação social e cooperação cultural”, “Legislação para as políticas culturais de base comunitária” e “Formação em políticas culturais de base comunitária”.

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O grupo de trabalho “Participação social e cooperação cultural” reuniu 30 convidados

Coordenado por Fresia Camacho, diretora de Cultura do Ministério da Cultura e Juventude de Costa Rica, o grupo “Participação social e cooperação cultural” reuniu cerca de 30 pessoas. Entre elas estavam três representantes da Comissão Nacional de Pontos de Cultura do Brasil: Alice Monteiro Lima, do Pontão Cariri Território Cultural (PB); Cacau Arcoverde, do Ponto de Cultura Orquestra Sertão (PE); e Sebastián Gerlic, da organização Thydewá (Pontão Esperança da Terra, BA). Um dos objetivos do grupo, além do intercâmbio de experiências, é avançar na construção de uma mesa intersetorial da sociedade civil de acompanhamento do programa IberCultura Viva.

Daniel Castro ficou com a coordenação do grupo “Legislação para as políticas culturais de base comunitária”, com oito integrantes. Esta mesa de trabalho aborda os avanços no campo legislativo e jurídico-administrativo, a partir das experiências de leis aprovadas no Brasil e no Peru (representado por Paloma Carpio,  coordenadora do Programa Puntos de Cultura entre 2012 e 2015). Também busca estimular a criação e o aprimoramento de normas que fortaleçam as políticas públicas da área. Já o terceiro grupo, formado por 20 pessoas e coordenado pelo salvadorenho Alexander Córdova, terá dois temas a tratar nesses três dias de encontro: a construção de mapas e indicadores e a formação em políticas culturais de base comunitária.

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Alexander Cordova coordenou o grupo dedicado à formação

A programação prevista para sábado (03/12) estará aberta apenas para os representantes de governos do programa: será realizada a 5ª Reunião do Comitê Intergovernamental IberCultura Viva. O último encontro dos países membros foi na Costa Rica, em junho deste ano.

 

Saiba mais:

https://encuentropdc.cultura.gob.ar/

27

nov
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Museu da Pessoa: a produção de histórias de vida e a construção da memória social

Em 27, nov 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

E se a sua vida estivesse exposta num museu? O que ela teria de importante para estar ali? Será que alguém poderia aprender algo com a sua narrativa? Partindo do princípio de que a memória nos faz entender o que somos, e que por isso é nosso maior patrimônio, o Museu da Pessoa reuniu ao longo de 25 anos mais de 16 mil depoimentos de brasileiros para ajudar a contar a história do país nos séculos 20 e 21. Além de mostrar que sim, toda história de vida importa, este museu virtual colaborativo acabou desenvolvendo uma metodologia própria que vem ganhando adeptos em outros lugares do mundo.

O curso Tecnologia Social da Memória, oferecido a um grupo de 20 pessoas de 8 a 10 de novembro, na Universidade de Belgrano, em Buenos Aires (Argentina), foi uma iniciativa inédita para a sensibilização de professores, jornalistas, pesquisadores, psicólogos e demais interessados em conhecer essa metodologia de registro da memória oral no país. O projeto, um dos premiados no Edital IberCultura Viva de Intercâmbio, edição 2015, é uma parceria do Museu da Pessoa com Emiliano Polcaro, professor da Universidade de Belgrano, com vistas a implantar um Museu da Pessoa Argentina.

Assim como seu predecessor, o Museu da Pessoa Argentina buscará mostrar que “o valor da diversidade e a história de cada pessoa como patrimônio da humanidade é o de contribuir para a construção de uma cultura de paz”, como ressalta Polcaro. “Nossa missão principal é a de ser um museu aberto e da colaboração que transforma as histórias de vida de qualquer indivíduo ou organização em uma fonte de conhecimento, compreensão e conexão entre as pessoas e os povos. É um legado distintivo da história do país, que dá prioridade para a transformação cultural e social”.

Antecedentes

Emiliano Polcaro conta que o trabalho com o Museu da Pessoa remonta a um primeiro contato, em 2012, quando ele visitou o museu em São Paulo pela primeira vez. “Como psicólogo clínico, o trabalho com a memória, a história e o esquecimento e a perspectiva social foi inovador para mim”, comenta.

Entre 2013 e 2014 eles começaram formalmente com a ideia de formar uma Rede Internacional de Museus da Pessoa, somando-se às iniciativas já existentes nos Estados Unidos, Canadá e Portugal. (O museu foi criado em 1991 em São Paulo; em 1999 ganhou um núcleo na Universidade do Minho; em 2001, na Universidade de Indiana, e em 2003 no Centro Histórico de Montreal)

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Emiliano Polcaro no curso na Universidade de Belgrano (Foto: Georgina García)

Polcaro passou então a participar de uma série de formações desenvolvidas pela equipe do museu no Brasil, como os cursos Tecnologia Social da Memória (2014), Espaços de Memória e Cultura (2015) e Mediação Cultural e Inovação Social (2016). O Edital IberCultura de Intercâmbio, segundo ele, “foi a chave para começar a concretizar a ideia”.

Para a implantação da iniciativa em Buenos Aires, a estratégia pensada foi a de formar 20 pessoas na metodologia de trabalho proposta pela museu, para disseminar a ideia e encontrar os primeiros colaboradores e multiplicadores desta modalidade. “Foi realmente um êxito”, afirma. “Realizamos o edital, apoiados pelo Ministério de Cultura da Argentina, conseguimos uma série de inscritos e selecionamos os 20 perfis que mais se aproximaram da nossa busca. A seleção foi um sucesso, os participantes estavam muito entusiasmados”.

Participação ativa

A atividade foi aberta no dia 8 de novembro com uma palestra aberta e gratuita para a comunidade. Depois se deu o início formal ao curso com os 20 participantes. O programa incluiu, entre outros temas, um desenvolvimento teórico sobre os princípios da metodologia social da memória, uma aula prática para a realização de entrevista, o trabalho de catalogação de documentos fotográficos, objetos significativos, e como encerramento, uma atividade em que tivessem que gravar, editar e socializar uma história de vida.

Karen Worcman, diretora presidente do Museu da Pessoa (Foto: Georgina García)

Karen Worcman, diretora presidente do Museu da Pessoa (Foto: Georgina García)

A diretora-presidente do Museu da Pessoa do Brasil, Karen Worcman, ministrou as aulas e manifestou grande satisfação com o resultado e a produção dos participantes. “O grupo se envolveu e participou ativamente, produziu histórias lindíssimas de amor, imigração, superação, da vida cotidiana, provocando boas reflexões sobre o valor das histórias de vida como ferramenta de formação da memória social e de um patrimônio cultural”, afirmou.

Posteriormente, nos dias 11 e 12 de novembro, um grupo mais reduzido, de nove integrantes, recebeu uma capacitação mais específica, voltada para a administração e gestão do museu na Argentina. O material gerado durante e depois do curso deve ser o primeiro a entrar na página web do Museu da Pessoa Argentina (www.museodelapersona.org), ainda em construção.

Neste 30 de novembro, às 17h30, Emiliano Polcaro apresentará a oficina “A história de vida na organização” no 3° Encontro Nacional de Pontos de Cultura, no Centro Cultural San Martín, de Buenos Aires, como fruto do trabalho compartilhado até o momento com o Museu da Pessoa.

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Saiba mais:

www.museudapessoa.net