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Blog - Página 75 de 94 - IberCultura Viva

20

fev
2018

Em Editais
Notícias

Por IberCultura

Confira a lista definitiva de habilitados do Concurso de vídeos sobre comunidades afrodescendentes

Em 20, fev 2018 | Em Editais, Notícias | Por IberCultura

A Unidade Técnica do programa IberCultura Viva informa a lista de pessoas candidatas habilitadas a seguir para a próxima etapa do Concurso de curtas-metragens “Comunidades Afrodescendentes: Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento”.  O prazo de recursos para completar a documentação terminou às 23h59 de sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018.

Dos 132 vídeos inscritos, foram habilitados 90. Desse total, 57 são do Brasil, 16 da Argentina, 6 do Chile, 3 da Costa Rica, 3 do Equador, 3 do Uruguai, 1 do Peru, e 1 do México. A comissão organizadora decidiu habilitar a participação de dois vídeos produzidos por pessoas migrantes, procedentes de países fora do âmbito do concurso, mas com residência em países que formam parte do programa e com conteúdos ali realizados.

Lançado pelo programa IberCultura Viva e a Representação no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO no Brasil), o concurso teve inscrições abertas de 20 de novembro de 2017 a 15 de fevereiro de 2018.

O objetivo da convocatória é selecionar vídeos que promovam uma reflexão sobre as comunidades afrodescendentes e a busca do pleno exercício de seus direitos culturais e/ou valorizem sua contribuição para a constituição, a promoção e o desenvolvimento da cultura ibero-americana. Dez vídeos receberão prêmios de 500 dólares.

(**Texto atualizado em 26 de fevereiro de 2018)

 

Confira a lista de vídeos habilitados:

Informação aos Interessados II: Etapa de Habilitação – Concurso de curtas audiovisuais “Comunidades Afrodescendentes: Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento” – Relação definitiva

Informação aos Interessados I: Etapa de Habilitação – Concurso de curtas audiovisuais “Comunidades Afrodescendentes: Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento”.

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01

fev
2018

Em Notícias

Por IberCultura

Impressões de viagem (VIII): Três uruguaios contam suas vivências no Congresso de Quito

Em 01, fev 2018 | Em Notícias | Por IberCultura

 

O 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em Quito (Equador) de 20 a 25 de novembro de 2017, reuniu cerca de 450 participantes provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Cinquenta deles foram selecionados no Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017. Receberam passagens aéreas para acompanhar as atividades do congresso e voltaram repletos de histórias para contar sobre os seis dias de encontros, espetáculos, palestras, debates, exposições, círculos da palavra e percursos culturais que tiveram a oportunidade de ver/ouvir/viver lá.

A seguir, algumas das impressões compartilhadas nos informes de viagem por três representantes de entidades/coletivos uruguaios ganhadores deste edital: Agustina López, Esteban Barja e Virginia Degrandi.

Virginia Degrandi e o patrimônio imaterial

“O 3º Congresso de Cultura Viva Comunitária foi uma experiência sumamente enriquecedora de intercâmbio e fortalecimento”, resume a uruguaia Virginia Degrandi. “Foi uma oportunidade de nos conhecermos, gerar e fortalecer redes. De nos dar conta de que somos muitos fazendo muito e muito variado, como também uma demonstração do crescimento das manifestações de cultura viva comunitária na América Latina.”

Virginia vive em La Paloma, uma cidade balneário do departamento de Rocha, a 240 km de Montevidéu. Como representante de El Faro Colectivo Cultural no Congresso de Quito, se encarregou de contar quem são, onde e como trabalham e de trocar experiências para depois transmitir e compartir com os companheiros do coletivo.

“Em nosso caso particular e dado que somos do interior do Uruguai, de um povo de 5 mil habitantes, esta experiência nos enriqueceu em todos os aspectos. Não perdi nenhuma oportunidade de conversar e intercambiar com companheiros de vários lugares, inclusive Espanha”, cuenta. “Voltei muito satisfeita com nossa participação e com muita informação para nossa trabalho de valorização da pesca artesanal.”

Uma da principais atividades de que participó foi o círculo da palavra “Memória, identidade e patrimônio”, onde apresentou o trabalho de seu coletivo em uma palestra. “Levei a proposta que viemos trabalhando sobre a valorização da pesca artesanal como parte de nosso patrimônio imaterial, e deixe algumas perguntas para que todos buscássemos respostas a essas questões”, comenta. .

 

O intercâmbio e a articulação, segundo ela, “foram permanentes e inumeráveis”. Com a Casa Colorida (Galícia, Espanha), por exemplo, estão trabalhando na elaboração de um projeto transatlântico que diz respeito às mulheres trabalhadoras da pesca. E com Caminos de la Lana (Espanha) veio uma ideia de intercâmbio com Tejido a Mano (rede de mulheres tecelãs do Uruguai).

Além disso, Virginia fez contatos com integrantes do Nodo Cultural (Córdoba, Argentina) e com equatorianos pertencentes a comunidades pesqueiras, e esteve em articulações constantes com os companheiros uruguaios.

“Estas instâncias, onde nos encontramos e podemos trocar experiências, aportam uma série de certezas sobre nosso rumo. O trabalho cultural comunitário é a resposta às necessidades das comunidades de nossos territórios e isso nos dá motivação, alívio e esperança”, afirma.

“Conhecer as dinâmicas das diferentes agrupações e coletivos ao longo da América Latina nos dá novos parâmetros de trabalho, a possibilidade de compartilhar nos leva a ampliar nossas redes. Assim podemos gerar uma verdadeira democratização da cultura e seguir levando-a como bandeira para a inclusão social.”

 

 

Agustina López e as casas culturais

Agustina López é integrante de Entropía Galpón de Circo, em Montevidéu. Segundo ela, a viagem a Quito, como primeira experiência em um Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, foi muito positiva, tanto em nível pessoal como para o coletivo que ela representa.

“É um lugar de encontro e de intercâmbio riquíssimo entre diversas culturas latino-americanas. É uma forma de criar vínculos mais fortes entre os países e poder gerar redes de sustentação que reconheçam e potenciem as identidades culturais de cada país, contribuindo também para a integração na diversidade”, afirma.

Para Agustina, é importante conhecer outras realidades, distantes das próprias, e as capacidades de resiliência, criatividade e desenvolvimento de outros povos e culturas. “Conhecer um sem-fim de exemplos, formas de ser, pensar, sentir e agir que configuram o amplo leque de identidades culturais que se encontram na América Latina e a possibilidade de encontrar pontos em comum com aqueles que imaginávamos tão distantes.”

Nos dias em que esteve no Equador, ela participou do círculo da palavra “Arte e transformação social”, de oficinas de dança acrobática, dança folclórica e canto, e (como ouvinte) das jornadas de abertura e da plenária de encerramento.

Além disso, fez contatos com diversas casas culturais e agrupações de outros países que administram casas e centros culturais. “Em particular, houve um interessante intercâmbio com distintas organizações de casas comunitárias sobre objetivos, formas de autogestão, formas organizacionais e de geração de recursos”, conta.

Seu diário de viagem destaca especialmente o Circuito Rucu Ruta – Rede de Casas Culturais, organizado por Comuna Kitu no dia  22 de novembro. Este circuito, que apresentou projetos de autogestão onde se cultivam fortes valores comunitários através da convivência e das artes e/ou dos esportes, teve três paradas: Casa Uvilla, Nervio Popular e Casa Útero (Veja aqui o informe de viagem de Agustina).

Esteban Barja e a importância de seguir lutando

Integrante do Movimento Cultural Takates, Esteban Barja voltou a Las Piedras (Canelones) irmanado com a gente do encontro, sentindo-se identificado com problemáticas de vários países. “Foi muito enriquecedor, vim com montão de perguntas”, ele conta, ressaltando a “interessante mescla” que se formou em Quito e a conexão com a espiritualidade que os representantes indígenas compartilharam com os participantes (coisas que ele não costuma ver no Uruguai).

Durante o congresso, Esteban participou de dois círculos da palavra (“Fortalecimento organizativo CVC” e “Comunicação popular, narrativa coletiva e meios”), esteve no percurso dos centros culturais e também nos atos de abertura e encerramento do encontro. As atividades realizadas junto aos companheiros uruguaios ajudaram a aproximar a delegação, que voltou fortalecida e com reuniões e projetos programados para 2018.

“Creio fundamentalmente que o encontro nos deixa a mensagem de seguir lutando para poder fortalecer e desenvolver as propostas culturais que viemos realizando e propondo em nosso país. Sinto que a experiência que se vive em cada um destes encontros nos nutrem de maneira positiva, para aprender a seguir lutando por um mundo melhor e mais justo, através do desenvolvimento cultural”, comentou. “Muito longe de onde estamos e com estratégias distintas, há muito que nos atravessa, e encontramos pontos em comum na luta.”

 

 

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01

fev
2018

Em Notícias

Por IberCultura

Impressões de viagem (VII): Dois representantes de Pontos de Cultura peruanos contam suas vivências no Congreso de Quito

Em 01, fev 2018 | Em Notícias | Por IberCultura

O 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em Quito (Equador) de 20 a 25 de novembro de 2017, reuniu cerca de 450 participantes provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Cinquenta deles foram selecionados no Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017. Receberam passagens aéreas para acompanhar as atividades do congresso e voltaram repletos de histórias para contar sobre os seis dias de encontros, espetáculos, palestras, debates, exposições, círculos da palavra e percursos culturais que tiveram a oportunidade de ver/ouvir/viver lá.

A seguir, compartilhamos algumas das impressões relatadas em informes de viagem por dois representantes de Pontos de Cultura peruanos ganhadores deste edital: Cipriano Huamancayo e Javier Maraví.

 

Cipriano Huamancayo e os pactos de cultura

Cipriano Huamancayo Aguilar é diretor do Grupo Cultural Pukllay, um Ponto de Cultura de Lima que começou suas atividades em 1999, quando um grupo de jovens decidiu expressar a partir do teatro seu olhar da sociedade. Com o objetivo de criar pontes e se reencontrar com a sua cultura, a sua identidade, esta agrupação passou a dedicar-se não somente à criação de obras de teatro mas também à realização de fóruns, oficinas, festivais, etc.

Ao ganhar o Edital de Mobilidade 2017, Cipriano foi também convidado a participar do 2º Encontro de Redes IberCultura Viva, realizado durante o 3º Congresso Latino-americano de CVC. Além de representantes de governos locais e dos países membros do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva, esta mesa de trabalho contou com a presença de representantes de quatro organizações culturais comunitárias que tiveram incidência no desenvolvimento de políticas públicas em nível local.

Na ocasião, Cipriano apresentou a experiência peruana, contando um pouco dos 18 anos de trajetória do Grupo Pukllay e os pactos de cultura realizados em sua localidade, tendo como base três eixos de trabalho: a promoção dos direitos culturais e da diversidade cultural; o fortalecimento da cidadania através de atividades culturais, e o fomento de uma cultura de paz, reconhecimento e defesa dos direitos humanos.

Cipriano em sua apresentação no 2º Encontro de Redes

“A experiência neste 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária foi enriquecedora pelas múltiplas experiências de trabalho comunitário a partir da cultura viva que têm se conglomerado e compartilhado.Também tem contribuído e me motivado a seguir neste trabalho como gestor cultural em minha localidade”, afirmou, em seu informe de viagem.

Além da mesa do 2º Encontro de Redes, Cipriano participou de atividades como as plenárias e assembleias do Conselho Latino-americano de CVC, do círculo da palavra “Legislação e políticas comunitárias”, do encontro de teatro comunitário (onde conheceu a experiência de trabalho das companheiras da Argentina), do “Percurso histórico teatral”, do circuito organizado pelo Espacio 412 em San Antonio-Mitad del Mundo, e das atividades culturais ao ar livre organizadas pelo 3º Congresso.

“A experiência me deu a oportunidade de conhecer uma variedade de experiências de trabalho comunitário tanto em nível social como também político, e isso era o que necessitávamos como organização aqui em minha localidade”, comentou. “Assim poderemos fortalecer nossa organização com nossa localidade e olhar como latino-americanos a contribuição que cada de um de nós dá a partir da Cultura Viva, trocando experiências com amigos de outros países de forma virtual e mais constante.”

Segundo Cipriano, a semana vivida no Equador acabou fortalecendo também a articulação da caravana peruana. “Durante o congresso realizamos várias assembleias para nos integramos melhor e agora estamos em reuniões, mais motivados a formar a Plataforma Nacional de CVC, assim como também a organizar um Congresso Latino-americano de CVC no Peru.”

Cipriano Huamancayo, Manuel Cabanillas e Javier Maraví em Quito: três dos quatro peruanos ganhadores do edital

 

 

Javier Maraví e os sonhos reais

Javier Maraví é diretor do Centro Cultural Waytay, uma associação de artistas profissionais que “semeia sonhos reais” desde 1991 a favor da arte e da educação em seus diferentes ramos, como a pesquisa, criação, difusão, publicação, oficinas, eventos e festivais. A organização, que também é um Ponto de Cultura em Lima, abriga agrupações como o Teatro Waytay, os Títeres “Poc Pocs”, as Oficinas “Floreciendo”, os Blocos “Comparsa comunitaria” e a Batucada “Rompiendo el silencio”.

Para ele, foi uma “experiência muito grata” assistir pela primeira vez a um Congresso de Cultura Viva Comunitária. “Poder compartilhar experiências com outras organizações — já que venho do campo teatral, com as duas organizações argentinas que apresentaram obras no congresso (Chacras para Todos encenou “De muros a puentes”, e a Cooperativa La Comunitaria, “Se cayó el sistema”) — foi um aprendizado vivencial, digno de replicar em minha comunidade”, comentou Javier em seu informe de viagem.

Nos dias do congresso no Equador, ele esteve em vários círculos da palavra, nas reuniões de coordenação da delegação peruana, nas sessões teatrais, nos circuitos culturais, na feira multicultural e na plenária final, onde se decidiu que o próximo congresso será na Argentina.

“Quero destacar a articulação que se deu por parte do meu país, as novas organizações, as novas experiências que estão se dando no interior do Peru, assim como também a abertura e a união de vários frentes ou movimentos, como a Plataforma de CVC, Más Cultura Más Perú, os Pontos de Cultura do Ministério de Cultura, a Municipalidade de Lima, e as organizações do interior do país”, destacou.

“Em meu distrito, El Agustino, se elaborou uma Ordenanza (Lei) de Cultura Viva Comunitária. Agora se encontra em revisão pela gerência da Municipalidade, e depois passará à Assembleia de Vereadores, com a esperança de seja aprovada. Estivemos na elaboração dos rascunhos, e quando voltamos do congresso pudemos terminar o último esboço”, contou.

Novos desafios

Além de agradecer aos organizadores do 3º Congresso Latino-americano de CVC, Javier saudou os companheiros da Argentina por solicitar a tarefa de organizar o próximo e celebrou o interesse de Cuba de se somar à rede de cultura viva comunitária que vem ganhando o continente nos últimos anos. “A renovação, a aprendizagem, o intercâmbio nos enriquece e também nos oferecem novos desafios, novos caminhos, novas perguntas. Estamos alegres de ver o movimento crescendo cada vez mais, com vontade de nos interessar por mais temas também”, observou.

“Uma grande tarefa para todos nós, as organizações de CVC: como chegaremos ao 4º Congresso, com que tarefas cumpridas, o que mostraremos e intercambiaremos quando voltarmos a nos ver, como nos reafirmaremos neste grande caminho, de quem podemos compartilhar experiências, como será nosso agir neste tempo que falta? Temos dois anos para seguir amadurecendo nossos processos”.

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Impressões de viagem (VIII): Três uruguaios contam suas vivências no Congresso de Quito

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25

jan
2018

Em Notícias

Por IberCultura

Impressões de viagem (VI): três representantes da Rede Salvadorenha de CVC comentam suas experiências no Congresso de Quito

Em 25, jan 2018 | Em Notícias | Por IberCultura

O 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em Quito (Equador) de 20 a 25 de novembro de 2017, reuniu cerca de 450 participantes provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Cinquenta deles foram selecionados no Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017. Receberam passagens aéreas para acompanhar as atividades do congresso e voltaram repletos de histórias para contar sobre os seis dias de encontros, espetáculos, palestras, debates, exposições, círculos da palavra e percursos culturais que tiveram a oportunidade de ver/ouvir/viver lá.

A seguir, algumas das impressões compartilhadas nos informes de viagem por três representantes da Rede Salvadorenha de Cultura Viva Comunitária (organizadora do congresso anterior, realizado em San Salvador em outubro de 2015): Marlen Argueta, Monica Valladares e Yesenia Contreras.

Marlen Argueta e o fortalecimento organizativo

Integrante da comissão organizadora do 2º Congresso Latino-americano de CVC, realizado em El Salvador em 2015, Marlen Argueta subiu ao palco da Casa de la Cultura Ecuatoriana, no dia 21 de novembro, para representar seu país na linha do tempo que se fez da Cultura Viva Comunitária. Seu papel de referência de El Salvador no 3º Congresso se deu em vários espaços e ela aproveitou as oportunidades para falar um pouco da Red Salvadoreña de Cultura Viva Comunitaria.

Formada por cerca de 60 coletivos, a Rede Salvadorenha de CVC firmou um convênio de cooperação com a Secretaria de Cultura da Presidência de El Salvador em 13 de outubro de 2017, durante o 3º Encontro Nacional de Cultura Viva Comunitária (um dos eventos ganhadores do Edital  de Apoio a Redes IberCultura Viva 2016). Foi o pronunciamento da rede, resultado deste encontro nacional, o que Marlen leu no palco da Casa de la Cultura Ecuatoriana.

 

Durante o congresso, Marlen também teve a oportunidade de fazer intercâmbios com diferentes experiências, tanto nas atividades propostas pelos organizadores como nas extra-oficiais. “Acredito que a mesa de fortalecimento organizativo deu um grande passo no tema da articulação latino-americana. Nunca antes havia se desenvolvido um espaço tão plural e representativo”, comentou. “O debate propicia um espaço para repensar os fundamentos teóricos, a institucionalidade, a autonomia e as alianças conquistadas em nível latino-americano.”

Para ela (“acho que é um sentir que dividimos com muitos colegas de El Salvador”), o 3º Congresso Latino-americano de CVC significou um passo que lhes permite reafirmar no trabalho coletivo. Significou uma consolidação meso-americana e latino-americana. “Durante o encontro foram criados espaços para nos encontrar como país e repensar nosso caminho, comparando-o com os de outros países. Isso fortaleceu a visão de seguir trabalhando no avanço da CVC em El Salvador”, destacou. “O congresso permitiu que o país tenha uma voz em nível latino-americano e que se visualizem os esforços de país em nível continental.”

Monica Valladares e a aliança meso-americana

Nos dias em que esteve no Equador, Monica Valladares se hospedou na casa cultural Nina Shunku, no centro histórico de Quito, e assistiu a uma série de apresentações artísticas, feiras, palestras, caravanas e círculos da palavra propostos na programação do congresso. “A abertura destes espaços serviram como pontos de referência para criar alianças entre organizações, articular ideias, compartilhar conhecimentos, intercambiar experiências e ferramentas inovadoras que nos servem para replicá-los em nossos territórios”, afirmou.

Parte da delegação meso-americana presente em Quito

Entre as articulações realizadas, ela citou encontros com organizações provenientes de países como Peru, Equador, Argentina e Chile. “Também conseguimos afiançar nossa relação com os países irmãos centro-americanos, Guatemala, El Salvador, Costa Rica e México, e esperamos ter nosso primeiro congresso meso-americano”, acrescentou.

Ao comentar as atividades de que participou durante o congresso, Mônica destacou a inauguração, na Casa de la Cultura Ecuatoriana, quando se armou no palco a “linha do tempo” da Cultura Viva Comunitária e um bastão foi passado de mão em mão a representantes de todos os países presentes. “Houve um brotar imenso de boas energias e entusiasmo por todos os participantes, com um pequeno convívio no palco com música, risadas e rumba.”

Além disso, falou do círculo da palavra “Arte e Transformação Social”, em que representantes de El Salvador, Peru, Equador e  Argentina compartilharam suas experiências nos territórios e as diversas lutas que enfrentam como organizações em seus contextos. Jensy Santos de Guazapa, de San Salvador, representou seu país neste espaço, dividindo com a plateia as experiências vividas dentro dos Conselhos para o Desenvolvimento Artístico Cultural Comunitário (CODACC), que se encontram em vários municípios e são parte da Rede Salvadorenha de Cultura Viva Comunitária.

Do segundo dia do evento, comentou sobre as quatro mesas temáticas que se juntaram falar das problemáticas enfrentadas como movimento, reunindo representantes de Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Peru e México. Laços afetivos envolvidos na intervenção e seguimento de projetos culturais; como conjugar o profissional com o trabalho comunitário e artístico; a arte como ferramenta de transformação social; gestão cultural e processos formativos foram alguns dos pontos tocados durante a jornada.

Círculo da palavra “Arte e transformação social”

“Os dias posteriores estiveram cheios de alegria. A marcha, que estava prevista para a quinta-feira (23/11), não se realizou por motivos climáticos, e mais uma vez se comprovou que ninguém detém a Cultura Viva Comunitária”, lembrou. Sem poder ir às ruas, os participantes se reuniram na Casa del Árbol para um pequeno convívio com música e baile.

“Pessoalmente, ter participado deste congresso foi uma experiência satisfatória não apenas pela atividade em si, mas pela quantidade de conhecimentos que pude obter através das trocas de experiências com companheiros estrangeiros. As lutas que cada um de nós assumimos em nossos países, em nossas trincheiras, é o que dá sentido a todo nosso esforço e ao empenho que colocamos no nosso fazer comunitário.”

Yesenia Contreras e a identidade viva

Para Yesenia Contreras, também integrante da Rede Salvadorenha de CVC e uma das ganhadoras do Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017, a experiência no Equador foi muito proveitosa. “Ter participado deste congresso não apenas me enche de satisfação, como também me enche de compromisso ante a realidade que vive o meu país e me sensibiliza e irmana com os processos particulares dos/as companheiros/as com que tive a oportunidade de compartilhar nestes cinco dias”, comentou em seu informe de viagem.

Ao vivenciar o dia a dia de um povoado equatoriano, ela pôde “aprender que é no cotidiano que está a cultura viva de um povo, que tudo o que o envolve e o acciona dia a dia é patrimônio e idiossincrasia”.

Além disso, teve a oportunidade de participar do círculo da palavra “Arte e transformação social”, onde se “encheu de satisfação” ao ver a companheira Jensy Santos de Guazapa tendo um espaço para compartir as experiências vividas nos CODACC, e lhe chamou a atenção a palestra de Nancy Viza, que questionava o significado da palavra transformação (“transformar para que?”) e propunha um regresso às raízes para buscar uma verdadeira identidade.

“A Cultura Viva Comunitária não é um processo isolado”, concluiu Yesenia. “Vem de dentro do ser comunitário, é criativa, se sente desde a carne e representa uma identidade viva.”

 

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25

jan
2018

Em Notícias

Por IberCultura

Começa hoje em Barcelona a segunda edição das Jornadas Cultura Viva

Em 25, jan 2018 | Em Notícias | Por IberCultura

As Jornadas Cultura Viva que serão realizadas em Barcelona, hoje e amanhã (25 e 26/01), se apresentam como um espaço de trabalho e reflexão conjunta, um ponto de encontro das pesquisas e dos projetos levados a cabo em torno do programa Cultura Viva na Espanha. As atividades desta segunda edição das Jornadas (a primera ocorreu em março de 2016) serão no bairro  Ciudad Vieja (El Borsí, Carrer Avinyó, 23).

Na Catalunha, “Cultura Viva” é um programa transversal coordenado pelo Instituto de Cultura de Barcelona em parceria com diferentes áreas do Ayuntamiento (Prefeitura) de Barcelona, ​​entidades e projetos sociais e culturais da cidade. Vem se desenvolvendo como um programa aberto que busca reconhecer e favorecer os espaços de participação, circulação e coprodução cultural de Barcelona.

O programa Cultura Viva trabalha a relação entre comunidades, instituições e espaços independentes da cultura a partir do reconhecimento da diversidade presente nos ecossistemas culturais e no fortalecimento da produção cultural descentralizada, participada e em rede, com base nos seguintes eixos: Democracia, Inovação cidadã, Diversidade, Gestão Comunitária e Novas economias culturais.

Daniel Granados, diretor do programa, participou do 1º Encontro de Redes IberCultura Viva, realizado de 30 de novembro a 2 de dezembro de 2016 em Buenos Aires (Argentina). Por três dias, esteve na mesa “Participação social e cooperação cultural”, um dos treê grupos de trabalho formados durante o encontro por pesquisadores, representantes de governos e organizações sociais que desenvolvem políticas culturais de base comunitária em 17 países ibero-americanos.

Daniel Granados (C) leu as recomendações de seu grupo no encerramento do 1º Encontro de Redes IberCultura Viva

 

Oficinas e grupos de trabalho

As jornadas que se realizam esta semana incluem oficinas como “Economia social, cooperativismo e cultura” (Como se constitui uma cooperativa cultural? Quais são os benefícios e as vantagens de trabalhar dentro de um sistema alinhado com a economia social, solidária e cooperativa?), um workshop do projeto de Rede de Rádios Cidadãs de Barcelona, e os grupos de trabalho “Música na rua”, “Criar uma Rede de Comunidades de Memória” e “Gestão comunitária. Bens comuns e políticas culturais”.

A oficina de La Hidra Cooperativa, sobre gestão comunitária da cultura, foi uma das atividades das Jornadas de 2016

 

Confira a programação

Quinta-feira, 25 de janeiro

10:00  Bienvenida a cargo de Daniel Granados, Director del programa Cultura Viva

10:30 – 14:00  Grupo de trabajo: Música en la calle

10:30 – 14:00  Taller: Economía social, cooperativismo y cultura

10:30 – 14:00  Grupo de trabajo: Crear una Red de Comunidades de Memoria

14:30 – 16:00  Almuerzo

16:00  Bienvenida y presentación a cargo de Gala Pin, Concejala de Ciutat Vella y Participación y Daniel Granados, director del programa Cultura Viva

16:00 – 17:00  Mesa debate: Producir cooperando. “Solo no puedes, con amigos sí”. Producción Cooperativa de eventos Culturales

17:00  Presentación de las conclusiones del grupo de trabajo “Tramar una Xarxa de Comunitats de Memòria”

17:30  Presentación y debate: Música y espacio público

18:30 – 19:00  Presentación del proyecto Discofòrum Rodrigo Laviña, Joan Gual i Jordi Oliveras

19:00  Presentación y debate: Cultura, experimentación e innovación: una defensa de las instituciones excentricas

20:30  The Rigodonians

 

Sexta-feira, 26 de enero

10:00 – 14:00 Grupo de trabajo: Gestión comunitaria. Bienes comunes y políticas culturales

10:00 – 14:00 Workshop: Red de Radios Ciudadanas de Barcelona

10:00 – 12:00 Taller: sostenibilidad para nuevas economías de la cultura

11:00 – 14:00 Plenario BAM-Cultura Viva

14:30 – 16:00 Almuerzo

16:00 – 17:00 Presentación de las conclusiones del grupo de trabajo Gestión comunitaria. «Bienes comunes y políticas culturales. Retos y itinerarios»

17:00 – 17:30 Presentación de la investigación: Una nueva economía para una nueva cultura: innovaciones en las economías de la cultura en Barcelona

17:30 – 18:00 Presentación de las conclusiones del plenario BAM – Cultura Viva

18:00 – 19:00 Presentación Red de Radios Comunitarias de Barcelona

19:00 Final de las jornadas: Ciudad abierta y Cultura Viva. El derecho a la cultura

20:30 Seward en acústico

 

Fonte: Ayuntamiento de Barcelona

 

Saiba mais:?https://bit.ly/2E4EVhs.

 

23

jan
2018

Em Notícias

Por IberCultura

Impressões de viagem (V): três brasileiros contam suas vivências no Congresso de Quito

Em 23, jan 2018 | Em Notícias | Por IberCultura

O 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em Quito (Equador) de 20 a 25 de novembro de 2017, reuniu cerca de 450 participantes provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Cinquenta deles foram selecionados no Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017. Receberam passagens aéreas para acompanhar as atividades do congresso e voltaram cheios de histórias para contar sobre os seis dias de espetáculos, palestras, debates, exposições, círculos da palavra e percursos culturais que tiveram a oportunidade de ver/ouvir/viver lá.

A seguir, algumas das impressões compartilhadas por três representantes de Pontos de Cultura do Brasil ganhadores deste edital: Takaiúna Correia, Cacau Arcoverde e Gabriel Horsth.

Takaiúna Correia e o compromisso com o teatro comunitário

Takaiúna Correia é fundadora e presidenta da Associação Sócio-Cultural Cidade Livre, uma das poucas instituições que trabalham com teatro comunitário no estado de Goiás. Reconhecida como Ponto de Cultura desde 2010, a organização foi criada em 2004, em Aparecida de Goiânia, por professores, universitários, funcionários públicos e pessoas da comunidade que resolveram montar um grupo para desenvolver um trabalho socioeducativo e artístico nas escolas públicas da periferia.

Participar do 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, segundo ela, foi um divisor de águas no trabalho da instituição, “que agora se encontra pertencente a um espaço ainda maior, uma comunidade latino-americana”. “Isso transforma o pensamento, os sonhos e as perspectivas de nosso grupo, além de reforçar nossa identidade”, afirma.

Para Takaiúna, que há 14 anos desenvolve esse trabalho, a oportunidade de encontrar outros grupos e compartilhar as vivências/experiências representa um salto no que diz respeito ao pensar comunitário. “Isso consequentemente afeta o nosso fazer”, observa. “Ainda mais comprometidos com o teatro comunitário, retornamos à comunidade com o compromisso do estudo, do acompanhamento das atividades de outros grupos de teatro comunitário e do desejo de realizar um trabalho que possa ser  ampliado cada vez mais em sua qualidade técnica e afetiva, que se faça vivo e comunitário.”

 

Durante o congresso, ela assistiu a espetáculos de teatro comunitário (como o do grupo argentino Cooperativa La Comunitaria) e participou de atividades como o círculo da palavra “Arte e Transformação Social” e os circuitos das escolas promovidos pela organização Pintag Amaru. Com estes, inclusive, articulou um retorno para que o Ponto de Cultura Cidade Livre promova oficinas de teatro comunitário com crianças e adolescentes da região. Outras articulações foram realizadas com grupos como Convocados por Lúdica (Argentina), Festival del Sur (Equador) e Teatro Trono (Bolívia).

“A participação no círculo da palavra fez renovar as energias e o desejo de aprimorar o trabalho com o teatro comunitário, entendendo o seu grandioso espaço. (…) Os circuitos trouxeram o encontro com as comunidades, no caso a comunidade escolar e da montanha, e o desejo de permanecer e contribuir com elas. Agora, em solo brasileiro, estamos buscando essa oportunidade”, comenta.

Com as emoções ainda tão presentes, ela diz que “não é possível transpor as infinitas marcas deixadas pelo encontro”. “O que escrevo é uma tradução de um turbilhão de experiências/transformações que causam impactos impossíveis de mensurar, principalmente em um curto espaço de tempo, e que ainda estão em movimentos tão fortes”.

 

Cacau Arcoverde e a ampliação das representatividades

Se a Cultura Viva Comunitária é apontada como um nova alternativa de vida a ser experimentada e difundida, o sonho do pernambucano Cacau Arcoverde é ver armada uma “rede afro-ameríndia” de CVC. “Os congressos têm sido experiências muito ricas, mas olhamos em volta e quase não vemos a presença do povo negro e suas diferentes expressões culturais, suas danças, seus cantos, sua música, sua ancestralidade”, argumenta.

“Não vemos os griôs de Abya Ayala sentados em roda, compartilhando seus saberes e planejando a sua perenidade. Não vemos nossos diversos povos indígenas e suas diversas culturas vivas comunitárias”, reclama o percussionista, luthier, poeta, produtor musical, produtor fonográfico, artista visual e xilogravurista, que desde 2009 é também arte-educador no Ponto de Cultura Orquestra Sertão, em Arcoverde (Pernambuco), a 250 quilômetros de Recife.

Além de uma produtora e um selo musical, Cacau Arcoverde (na certidão, Claudio José Moreira da Silva) mantém uma web rádio, a Catimbau, para a qual fez uma série de gravações durante o Congresso de Quito. “Estou produzindo um programa que será transmitido na web rádio todos os dias, com músicas latino-americanas e fragmentos das gravações do congresso e informações gerais do movimento de CVC que está acontecendo no Brasil e na América Latina”, conta o músico em seu informe de viagem.

Gravando a plenária final, ao lado do colombiano Jorge Blandón (foto: Vera Cristina Athayde)

Entre as articulações realizadas nos dias em que esteve no Equador, ele destaca dois coletivos com os quais vê possibilidades de intercâmbios artísticos e socioculturais: o Nina Shunku, de Quito, e o Altepee, de Acayucan (México). Com o primeiro, a conversa inclui um CD de hip-hop trabalhado com instrumentação afro-brasileira. Com o segundo, o assunto são gravações de música tradicional mexicana misturadas com a música tradicional do Nordeste do Brasil.

Para Cacau, estar no 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária foi uma experiência muito proveitosa, “no sentido de fazer parte da construção dessa grande rede latino-americana, contribuindo com o desenvolvimento das redes e coletivos populares, firmando novos acordos e encontrando soluções e maneiras de ampliar nossas representatividades no contexto CVC”.

Quando fala em representatividades, ele se refere ao povo negro, aos povos indígenas, e também às mulheres e a população LGBT. “Normalmente, a presença feminina é metade da população de cada povo, porém neste território de possibilidades e trocas culturais não conseguimos que sejam metade nos momentos de fala”, alerta. “Nossa identidade de gênero, a comunidade LGBT não está representada e abordada como temática. Grupos que estão sendo assassinados sistematicamente em todo mundo, e não estamos fazendo nosso dever de casa. Devemos tomar cuidado para não reciclarmos modelos organizacionais e de representatividade dos que nos subjugaram historicamente.”

 

Gabriel Horsth e a experiência do Teatro do Oprimido

“Participar do 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária foi uma experiência muito importante, principalmente para um representante negro, homossexual e favelado como eu”, diz o carioca Gabriel dos Anjos Horsth. “Compartilhar, receber e se envolver com demandas específicas, e outras nem tanto, de cada país sobre as possíveis formas e possibilidades de desenvolver uma cultura viva e comunitária foi deslumbrante.”

Gabriel é integrante da equipe do Centro de Teatro do Oprimido, no Rio de Janeiro. Em Quito, durante três dias, realizou um curso para 23 pessoas na Casa de la Cultura Ecuatoriana,  ao lado de Micaela Bermúdez, da Plataforma Teatro del Oprimido de Quito, buscando oferecer uma experiência mais profunda sobre o método criado por Augusto Boal. Além da experimentação prática de jogos e exercícios do arsenal do Teatro do Oprimido, foram apresentados aos participantes alguns dos princípios básicos da teoria e com eles foi criada uma cena de teatro-fórum.

Gabriel e Micaela: eles ministraram junto o curso de Teatro do Oprimido durante o Congresso

 

Além do curso, esteve presente na plateia no dia de abertura do congresso — “um dos momentos mais impressionantes e mágicos do evento, onde conhecemos trabalhos de diversos grupos culturais comunitários da América Latina” — e em alguns dos círculos da palavra que faziam parte da programação. “A estratégia do Centro de Teatro do Oprimido foi focar nas discussões sobre diversidade sexual em cena para a construção e o avanço das políticas culturais e sociais numa sociedade ainda muito conservadora”, comenta.

Em um dos círculos, foi proposto o tema “gênero e diversidade”.O objetivo, ele conta, era a criação de duas mesas que incluíssem o debate sobre ações concretas para “o avanço de uma cultura comunitária menos machista e LGBTfóbica”. As mesas escolhidas foram sobre “feminismo” e “diversidade sexual ”. Como a segunda acabou cancelada por falta de quórum, o tema foi parar na mesa sobre “feminismo”, o que acabou gerando muitas discussões sobre a inclusão de pessoas LGBT no congresso, nas articulações e nos espaços de poder em geral.

“Essas discussões resultaram em enfrentamentos ideológicos, mas ao final os resultados extraídos do círculo foram importantes. No que tange à arte LGBT comunitária, infelizmente ainda temos que avançar muito em nossas ações e discursos, pois muitas das vezes estamos reproduzindo ou fortalecendo o discurso do opressor”, ressalta Gabriel, que acabou fazendo articulações com grupos e coletivos LGBT em outros eventos realizados naquela semana na cidade.

“A ferramenta mais poderosa para a construção de novos paradigmas para uma arte verdadeiramente livre de barreiras é a diversidade. E continuaremos a apostar nessa alternativa”, reforça ele, contente com o “ganho imensurável” proporcionado pela experiência no Equador. “Assistir a espetáculos incríveis de grupos comunitários é de uma beleza surreal. O congresso possibilita, ainda, o oxigênio cultural e político para continuarmos lutando e resistindo, mesmo com todos os conflitos e dificuldades diárias que existem”.

“Sou um jovem negro, gay e favelado. Estar em Quito, vivenciando, escutando, trocando e compartilhando dessa experiência é, literalmente, quebrar barreiras e paradigmas sociais impostos diariamente para minha figura. Chego ao Rio, no Centro de Teatro, no Grupo Pantera (Grupo de Teatro do Oprimido LGBT do qual sou curinga-diretor), no Complexo da Maré, com uma bagagem que não se pode colocar numa balança.”

 

18

jan
2018

Em Notícias

Por IberCultura

Impressões de viagem (IV): Dois espanhóis contam sua experiência no Congresso de Quito

Em 18, jan 2018 | Em Notícias | Por IberCultura

O 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em Quito (Equador) de 20 a 25 de novembro de 2017, reuniu cerca de 450 participantes provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Cinquenta deles foram selecionados no Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017. Receberam passagens aéreas para acompanhar as atividades do congresso e voltaram cheios de histórias para contar sobre os seis dias de espetáculos, palestras, debates, exposições, círculos da palavra e percursos culturais que tiveram a oportunidade de ver/ouvir/viver lá.

A seguir, algumas das impressões compartilhadas por dois representantes de entidades/coletivos da Espanha ganhadores deste edital: Fina Ancin Martinez e Miguel Maciel Carneiro.

 

 

Miguel Maciel e a rede transatlântica de conexões

Miguel Maciel Carneiro, do Laboratório dos Comuns La Casa Colorida (Pontevedra, Galícia), conta que desde o primeiro minuto em Quito se sentiu conectado com as diferentes coletividades dos países que faziam  parte do encontro. “Foram sete dias de conexão, participação e conversas, que nos levaram a fortalecer uma rede transatlântica de conexão e hibridações de projetos”, afirma.

Participar do 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, segundo ele, o ajudou a compreender a cultura viva comunitária, “que segue latente na América Latina, seus processos de empoderamento, e os agentes comunitários, culturais, artísticos e sociais que intervêm para mantê-la viva”. “Foi uma experiência magnífica conectar as culturas vivas de diferentes pontos do mundo para ver os processos delas.”

Miguel participou como coordenador internacional do círculo da palavra “Autonomia, soberania e território”. Neste espaço de debate, conversa, rede e construção, acompanhou os processos das mesas de trabalho “Governança comunitária” e “Articulação, circulação e passaporte cultural”, facilitando o processo para trabalhar os diferentes “comuns” de cada mesa, fomentando o trabalho em rede e impulsando as diferentes propostas apresentadas.

”Cada atividade do encontro nos permitiu compartilhar os processos que desenvolvemos na Casa Colorida, na Espanha, com coletivos, artistas, agentes sociais de todo o território latino-americano”, comenta. “Este 3º Congresso nos permitiu conhecer, compreender e interiorizar os diferentes projetos, ações e realidades que estão sendo realizados na América Latina como modelo para futuras gestões e formas de fazer em nosso território.”

As conexões começaram no alojamento escolhido para a semana de atividades no Equador: a Casa Retume. “Este espaço nos permitiu conviver com pessoas de Equador, Peru, Uruguai e Argentina, abrindo um processo de aprendizagem entre pares, fazendo um processo de universidade e intercâmbio de processos e conhecimentos com a própria vivência”, conta.

Em Quito, Miguel pôde realizar articulações com coletivos e organizações de Argentina (Nodo Cultural Córdoba, Rotonda Cultural, Movimiento de las Murgas Independientes), Chile (Comuna Recolecta, Universidad Popular), Colômbia (Funafro, Movimiento Social Afroamericano), Equador (Núcleo Federación Chachi, Casa Jaguar, Festival del Sur, La Casa de Guayasamin), Peru (Compañía Anaqueronte, Consorcio Cultural La Compañía) e Uruguay (Colectivo Cultural el Faro). “Se abriu para nós um mundo em criamos rede e coesão com diferentes agentes e coletivos.”

Fina Ancin e o passaporte da cultura comunitária

Para Fina Ancin Martinez, do coletivo Camino de la Lana (presente na Espanha, no Chile e na Argentina), a experiência no Equador foi muito enriquecedora. “Poder compartilhar com gente de diferentes países me deu ideias e formas de trabalhar dos diferentes coletivos”, comenta. “Temos que aprender a trabalhar em rede como vi que se faz, com essa troca de fazeres e saberes, nos países da América do Sul”.

Segundo ela, a atividade que mais se destacou nos dias em que esteve lá foi o círculo da palavra “Circulação e  passaporte comunitário”, no qual se propôs a criação de um “passaporte cultural” para que os coletivos possam levar seus instrumentos de trabalho pelos diferentes países sem ter problemas nas fronteiras.

Conforme a proposta apresentada no Congresso de Quito, deveriam ser beneficiadas com o passaporte pessoas que pertençam à rede de Cultura Viva Comunitária ou trabalhem em redes com os valores e princípios da CVC.

Para implementá-lo, seria necessário: 1) Criar uma lista de Pontos de Cultura nos territórios que transcenda as fronteiras nacionais; 2) Abrir um processo participativo que defina um protocolo para o passaporte comunitário; 3) Definir os diferentes selos que deem conta da atividade que a pessoa tem realizado nas comunidades.

“Este passaporte é uma autodeclaração que reconhece horizontalmente saberes e conhecimentos de quem é parte de nossa rede e empodera os fazeres e saberes populares”, explicam os componentes da mesa. “Em um futuro queremos que este passaporte sirva para articular com instituições públicas e que os Estados reconheçam sua validade, facilitando as viagens dos seres comunitários.”

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Impressões de viagem (III): Três costa-riquenhas comentam suas experiências no Congresso de Quito

17

jan
2018

Em Notícias

Por IberCultura

Impressões de viagem (III): Três costa-riquenhas comentam suas experiências no Congresso de Quito

Em 17, jan 2018 | Em Notícias | Por IberCultura

O 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em Quito (Equador) de 20 a 25 de novembro de 2017, reuniu cerca de 450 participantes provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Cinquenta deles foram selecionados no Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017. Receberam passagens aéreas para acompanhar as atividades do congresso e voltaram cheios de histórias para contar sobre os seis dias de espetáculos, palestras, debates, exposições, círculos da palavra e percursos culturais que tiveram a oportunidade de ver/ouvir/viver lá.

A seguir, algumas das impressões compartilhadas por três representantes de entidades/coletivos da Costa Rica ganhadoras deste edital: Mauren Pérez, Nathalia Vargas Umaña e María José Bermúdez Bonilla.

 

Nathalia Vargas e a construção de outros mundos

Nathalia Vargas Umaña é integrante de GuanaRED, iniciativa que busca gerar um espaço de intercâmbio de conhecimento, experiências e projetos entre artistas, gestores e pessoas relacionadas às Peñas culturales de 10 cantões da Costa Rica. Para ela, participar do 3º Congresso Latino-americano de CVC foi “uma maravilhosa experiência de crescimento pessoal e profissional”.

“Foi um espaço de construção e intercâmbio de conhecimentos, abarcando as diversas áreas das culturas vivas comunitárias, como as expressões artísticas e culturais, a gestão sociocultural, a agroecologia e as comunidades alternativas, assim como o encontro com povos originários de toda a América Latina”, comenta.

“Esse compartilhar nos faz pensar e acreditar que podemos seguir construindo alternativas ao desenvolvimento, que há pessoas como formigas ajudando a criar outros mundos em seus espaços cotidianos, e que o potencial de transformação social está no trabalho comunitário e de base”, ressalta.

Nathalia traz consigo a ideia de que o tema da Cultura Viva Comunitária é um eixo transversal em tudo o que faz, sobretudo na Rede de Pontos de Cultura de Costa Rica e nas atividades desenvolvidas a partir da GuanaRED. “Ainda que muitos de nós conheçamos o contexto e a que se refere (a CVC), ainda há muito desconhecimento entre coletivos e comunidades”, observa, afirmando ter voltado com muito para dividir com seu coletivo e cheia de novas ideias para colocar em prática.

Parte da delegação costa-riquenha em Quito

María José Bermúdez e a cultura da água

María José Bermúdez Bonilla foi ao Equador como representante do Escritório de Culturas Vivas Comunitárias da Asociación Administradora del Acueducto Rural de Poás y Barrio Corazón de Jesús, Aserrí. Sobre esta experiência, fez inclusive uma apresentação durante o 2º Encontro de Redes IberCultura Viva, realizado durante o 3º Congresso Latino-americano de CVC com a participação de representantes de governos locais.

Também esteve numa reunião com a delegação costa-riquenha, trabalhando uma primeira ideia da facilitação metodológica do círculo da palavra “Educação criativa e transformação social”; fez uma palestra no círculo “Legislação e políticas comunitárias”; participou de um espaço de diálogo e articulação da Rede Maraca com gestores meso-americanos, e assistiu a espetáculos de teatro, circo e música.

Apresentação durante o 2º Encontro de Redes IberCultura Viva

 

Visitou, ainda, o Museu Yaku, um antigo aqueduto que atualmente apresenta um serviço pedagógico interativo sobre a gestão comunitária da água. O contato, segundo ela, propiciará o intercâmbio por meio de videoconferência com integrantes do museu, como uma roda de conversa, com integrantes do Aqueduto de Poás e Bairro Corazón de Jesús. Na ocasião, serão convidadas outras organizações comunitárias.

“Foi uma experiência de grandes aprendizagens e oportunidades de encontro e intercâmbio para o trabalho que se desenvolve no Escritório de Culturas Vivas Comunitárias do Aqueduto”, comenta. “A participação no congresso gera um antecedente importante para a associação, já que permite reconhecer os aquedutos como gestores de cultura. O congresso seria assim uma plataforma para posicionar reflexões vinculadas à política pública em matéria da gestão da cultura da água.”

Maria José: “Foi uma experiência de grandes aprendizagens e oportunidades de encontro” (Foto: CVC Ecuador)

Mauren Pérez e o “bastão da Cultura Viva Comunitária”

Mauren Pérez, integrante do Movimento de Culturas Vivas Comunitárias de Costa Rica, foi quem subiu ao palco da Casa de la Cultura Ecuatoriana, no segundo dia do congresso, para receber o “bastão da Cultura Viva Comunitária”, representando seu país na linha do tempo que prepararam sobre o movimento de CVC na América Latina.  

O papel de representante da Costa Rica havia sido acordado em assembleia, durante o I Congresso Nacional de Culturas Vivas Comunitárias, realizado nos dias 29 e 30 de julho de 2017 na província de Cartago. O evento, preparatório para o 3º Congresso Latino-americano de CVC, foi um dos projetos ganhadores do Edital de Apoio a Redes IberCultura Viva 2016.

“Com isso, assumi uma série de responsabilidades e tarefas que me permitiram conhecer muitas pessoas, fazer parte das principais atividades e tomar a palavra durante o Congresso de Quito. Ainda que tenha sido uma forte carga de trabalho, foram gratas  experiências compartilhadas que somam à minha vida pessoal e profissional, e sobretudo aos processos comunitários com os quais me vinculo”, conta.

Ao comentar as articulações realizadas no Equador, Mauren divide as conquistas em três níveis. “Em nível nacional, fortalecemos a relação com as pessoas e organizações beneficiadas com o Edital de Mobilidade 2017. Além disso, o processo preparatório envolveu pouco mais de 50 organizações de cultura comunitária”, afirma. “Em nível centro-americano, foi possível dialogar estratégias para fortalecer a articulação na região, e em nível latino-americano, não apenas nas relações a partir das conversas informais, mas também durante os círculos da palavra, entre projetos, organizações e redes com afinidade temática.”

Em espaços propriamente para a articulação, a partir de encontros de redes e coletivos vinculados à Rede Equatoriana de CVC, ela pôde participar do “Diálogo e fortalecimento de atores, ativistas e gestores culturais de Quito”. Também esteve em espaços de convivência e reconhecimento que constavam na agenda da Rede Equatoriana de CVC, tais como circuitos comunitários, festivais artísticos, casas comunitárias, feiras artesanais e celebrações informais.

 

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16

jan
2018

Em Notícias

Por IberCultura

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Em 16, jan 2018 | Em Notícias | Por IberCultura

O 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em Quito (Equador) de 20 a 25 de novembro de 2017, reuniu cerca de 450 participantes provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Cinquenta deles foram selecionados no Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017. Receberam passagens aéreas para acompanhar as atividades do congresso e voltaram cheios de histórias para contar sobre os seis dias de espetáculos, palestras, debates, exposições, círculos da palavra e percursos culturais que tiveram a oportunidade de ver/ouvir/viver lá.

A seguir, algumas das impressões compartilhadas por três representantes de entidades/coletivos do Chile ganhadoras deste edital: Rosa Angelini Figueroa, Nicole Vásquez Tapia e Manuela Cepeda Arroyo.

 

 

Rosa Angelini e a construção do “ser comunitário”

Rosa Angelini é realizadora audiovisual, codiretora de Gestoras en Red, Rede de Gestoras e Produtoras Culturais do Chile e América Latina, e também integrante da FMN Chile (Frente Música Nacional). Em seu informe de viagem, ela conta que participou de quase todas as atividades propostas na programação do congresso e dos círculos da palavra “Gênero e diversidades” e “Fortalecimento organizativo CVC”.

“Foi uma experiência de muita aprendizagem, em que se valorizou e reconheceu a contribuição do trabalho comunitário e territorial, podendo conhecer organizações emergentes e outras consolidadas em nível latino-americano”, afirmou. “Esta experiência nutre nossa organização e fortalece o trabalho de base comunitária.”

Para Rosa, toda instância que propicie o encontro entre diversos agentes culturais é valiosa. E a experiência em Quito, além de dar uma visão sobre a realidade da cultura comunitária em cada país, trouxe conhecimentos sobre a construção do “ser comunitário, construção diversa segundo cada território, disciplina artística ou trabalho, em que cada agente cultural e pessoas que formam estas comunidades dão sentido a sua visão de ser social, responsabilizando-se por seu entorno e contribuindo para a sociedade com seus fazeres coletivos e particulares”.

Em paralelo às atividades da programação oficial, delegados e organizações chilenas que participaram do congresso se reuniram para conhecer o trabalho que realizam em seus territórios e definir objetivos em comum como comitiva chilena. Além disso, levantaram uma declaração com o fim de propor e construir uma rede transparente a respeito da representatividade e articulação de um movimento de Cultura Viva Comunitária no Chile.

“Nela apelamos pela transparência, confiança e diversidade de nossas práticas culturais, assim como também por uma representatividade efetiva, democrática e respeitosa”, comentou Rosa. “Esperamos que isso seja útil para a construção de uma rede nacional que sirva para uma real articulação de práticas culturais comunitárias que se desenvolvem no Chile e que reflita o sentir comum das organizações.”

Ao falar das articulações realizadas durante o congresso, ela citou algumas conquistas. Entre elas, os pontos em comum a que chegaram as 14 organizações culturais chilenas, “para desenhar e criar futuras açõe em conjunto, como Rede Nacional de Cultura Comunitária”; a integração de mais organizações culturais lideradas por mulheres para a rede de gestoras e produtoras culturais; a concretização de aliança de trabalho e colaboração com as organizações chilenas Danza Sur, Escuelita Artística Comunitaria de Lo Espejo, Plataforma Cultura Viva Comunitaria, Cultura Puyuhuapi e Colectivo La Chispa.

Rosa Angelini é uma das diretoras de “Gestoras en Red”

 Nicole Vásquez e o fortalecimento organizativo

Nicole Vásquez é psicóloga, membro da equipo base das oficinas de cinema comunitário “Aquí Nos Vemos”. Desenvolve desde 2012 espaços educativos informais para crianças, jovens e adultos em Santiago, e foi ao Equador com a missão de representar as oficinas no  3° Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária.

Nesses dias em que esteve em Quito, além de participar da articulação do movimento chileno de CVC e poder compartilhar com organizações e coletivos de seu país, como Danza Sur, Escuela Artística Comunitaria de Lo Espejo e a Rede de Produtoras e Gestoras Latino-americanas, teve a possibilidade de conhecer entidades latino-americanas, como “La Mancha, taller de arte para niños” (Peru), e Mindo Cultura (Equador).

“A participação no congresso nos permitiu dar a conhecer nosso trabalho, sobretudo a vinculação que realizamos entre cinema e saúde comunitária. Além disso, nos permitiu mostrar o trabalho das produtoras de cinema comunitário da Rede Aquí Nos Vemos”, ressaltou. “Por outro lado, acolhemos o aprendido sobre o movimento Cultura Viva Comunitária, uma vez que nos oferece uma nova forma de apresentar o fazer comunitario, muito mais democrática e com forte caráter político. O contato com outras organizações e as articulações realizadas vão potenciar nosso trabalho, à medida que existe uma forte intenção de colaboração mútua.”

Seu diário de viagem dedica-se ao círculo da palavra “Fortalecimento organizativo”, uma atividade em que não tinha intenção de participar (pensava incorporar-se à outra mesa de trabalho, sobre comunicação popular e meios comunitários), e que acabou assistindo para saber mais sobre Cultura Viva Comunitária. “Antes do congresso não conhecia o movimento CVC, só havia lido alguns textos, mas não compreendia o horizonte estratégico que busca alcançar. Neste círculo, pude me empapar da história, das discussões atuais e das projeções do movimento, entendendo a importância de ser parte e colaborar com este espaço”, comentou.

Nicole destacou especialmente o comentário feito por um companheiro boliviano. “Ele falava que o movimento de CVC é arrítmico, está em constante processo de transformação, avança, mas também retrocede. Segundo ele, a conjuntura política de cada país afeta o movimento”, observou. “Me parece muito importante acolher esse olhar: a construção do trabalho comunitário na América Latina necessariamente deve considerar a história e as conjunturas políticas. O movimento CVC aposta na transformação social, na criação de espaços culturais contra-hegemônicos que favoreçam o trabalho de base e a cultura nascida dos próprios territórios.”

Parte da delegação chilena na Casa de la Cultura Ecuatoriana, onde se realizou o congresso

Manuela Cepeda e a experiência que lhe deu “base e a carne” 

Para a atriz Manuela Cepeda, gestora do Centro Cultural y Artístico El Cahuín, a  experiência em Quito “deu base e carne” aos seus fazeres, foi uma “instância de profunda aprendizagem, de reconhecimento e intercâmbio de experiências com outras pessoas, de diversos países da América Latina”.

Além de participar de atividades como o círculo da palavra “Fortalecimento organizativo” e da plenária final, como as companheiras chilenas, Manuela esteve no percurso histórico teatral que se fez no final do congresso e pôde realizar uma série de articulações com redes de teatro de El Salvador, Bolívia e Peru, e com representantes de organizações da Argentina, El Salvador, Bolívia, Colômbia e Equador.

Em nível nacional, nas reuniões da comitiva chilena, ficou como encarregada de difundir e coordenar o movimento de Cultura Viva Comunitária na Região do Maule. Assim, terminado o congresso, no dia 2 de dezembro, durante o “Encontro da mesa regional de ICC-OCC” do Maule, Manuela pôde expor sobre a experiência de participação no congresso, falar sobre o movimento de CVC e sobre o programa IberCultura Viva.

“Com as organizações que se interessaram em conhecer mais sobre o tema, propusemos um convite para ir às suas comunidades e difundir o vivenciado e os aprendizados”, contou em seu informe de viagem. “Me parece que IberCultura Viva, com a instância de mobilidade, oferece uma grande possibilidade a pessoas como nós, que desenvolvemos um trabalho silencioso e permanente em nossas comunidades. Participar destes encontros e conhecer o movimento, além de outras experiências, relatos, especialistas, são um aprendizagem enorme que dão corpo e teoria aos nossos fazeres, o que muitas vezes é experimental e instintivo.”

Os atores chilenos Manuela Cepeda e Cristian Mayorga em Quito

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16

jan
2018

Em Notícias

Por IberCultura

Impressões de viagem: três argentinos contam suas vivências no Congresso de Quito

Em 16, jan 2018 | Em Notícias | Por IberCultura

O 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em Quito (Equador) de 20 a 25 de novembro de 2017, reuniu cerca de 450 participantes provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Cinquenta deles foram selecionados no Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017. Receberam passagens aéreas para acompanhar as atividades do congresso e voltaram cheios de histórias para contar sobre os seis dias de espetáculos, palestras, debates, exposições, círculos da palavra e percursos culturais que tiveram a oportunidade de ver/ouvir/viver lá.

A seguir, algumas das impressões compartilhadas por três representantes da Rede Nacional de Pontos de Cultura da Argentina ganhadores deste edital: Claudia Herrera, Margarita Palacio e Eduardo Balán.

 

Claudia Herrera e a identidade indígena

Claudia Herrera é integrante do Ponto de Cultura Indígena “Raíces Ancestrales”, produtora de conteúdos audiovisuais da Comunidade Huarpe Guaytamari, em Uspallata (Mendoza, Argentina). Chegou a Quito com a incumbência, dada por sua organização, de “dar visibilidade às identidades indígenas como culturas vivas, em um espaço latino-americano importante que tem como essência a cultura comunitária, assim como acontece com os povos originários”. Cumpriu a missão amplamente.

“É a primeira vez que tenho a possibilidade de participar de um Congresso de CVC”, contou em seu informe de viagem. “No primeiro dia me senti um pouco sozinha, mas depois participei dos distintos momentos propostos no programa e pude compartilhar nossos saberes e me alimentar de outros”.

Além disso, pôde entabular novas relações: “Meus olhos se encheram de outros olhos, meus abraços se cruzaram com outros abraços, meu coração bateu junto a outros corações, todos vindos do mesmo Grande Coração dos Povos. E então voltamos a rearmar a trama da vida das culturas com cada fibra diversa que somos nós, diversas cores, pensamentos, práticas, sentimentos…para voltar a tecer as culturas comunitárias que estão mais vivas que nunca!”.

Entre as atividades desenvolvidas na semana em que esteve no Equador, Claudia destacou a assembleia final – onde foi acordada a realização do próximo Congresso Latino-americano de CVC na Argentina – e uma palestra no círculo da palavra “Comunicação Popular e Meios Comunitários”, em que falou de comunicação com identidade, a experiência da produtora Raíces Ancestrales, e o processo histórico dos povos indígenas na Argentina.

Com participação ativa neste círculo de comunicação, também se fez presente como mestre de cerimônia indígena, na bênção do tecido realizado por todos os círculos com suas conclusões. Também foi ela quem recebeu o “bastão da Cultura Viva Comunitária”, assumindo a responsabilidade de levá-lo à Argentina, sede do 4º Congresso, em 2019.

Eduardo Balán entrega a Claudia Herrera o bastão da Cultura Viva Comunitaria: próximo congresso será na Argentina

Margarita Palacio e a comunicação comunitária

Participante pela segunda vez de um Congresso Latino-americano de CVC (foi a El Salvador em 2015), Margarita Palacio também esteve muito comprometida com os círculos da palavra “Comunicação comunitária, narrativa coletiva e meios” e “Arte e transformação social”. “Foram três jornadas intensas, com profundos intercâmbios de distintos pensamentos e modos de ver”, afirmou a dirigente da Associação de Mulheres La Colmena, que desde 1988 administra a FM Reconquista, a “rádio da esperança”, em Villa Hidalgo, José León Suárez, na região metropolitana de Buenos Aires.

Margarita foi a Quito interessada em apresentar a experiência de seu coletivo, já que em março a rádio completa 30 anos no ar, de forma ininterrupta, “algo impactante tendo em conta o território altamente vulnerável”, além de coordenar um espaço em rede constituído por 30 organizações sociais e comunitárias do território, a Rede Comunicacional e Social Reconquista.

Nos dias em que passou no Equador, ela pôde participar de debates e espetáculos, realizar gravações e fazer uma série de articulações com representantes de outras organizações, inclusive de países andinos e povos originários, como planejava, já que recentemente sua organização estreou a obra “O tesouro dos incas”.

Margarita (a 3ª, da esq. para a direita): “Foram jornadas intensas, com profundos intercâmbios”

 

Uma discussão, no entanto, seguiu como tema pendente para outra oportunidade: “Do meu ponto de vista, a contradição não resolvida é (exagerando, claro está): até que ponto as redes internéticas podem suplantar o trabalho territorial, a construção lado a lado? É possível levar adiante transformações a partir das redes aéreas?”

E se assim for, ela segue perguntando, “qual é a estética e a mensagem, ou seja, a modalidade das linguagens empregadas apropriadas por nossas comunidades? Apropriadas, assimiladas? Conteúdos que em seu fundo e forma representem isso que temos chamado de ‘bem viver’…”

“Por outro lado, ficamos no pequeno, no pontual, e persistir no isolamento também pode ser entendido como funcional para isso que hoje não permite a democratização dos setores populares”, observa. “Por isso é relevante seguir apostando nos encontros, nos intercâmbios, para ir construindo um pensamento verdadeiramente próprio e latino-americano.”

Encontro da delegação argentina

Eduardo Balán e a política colaborativa

Como se pôde ver, material para reflexão e debate não faltou nos seis dias de atividades em Quito. Eduardo Balán, coordenador geral da agrupação cultural El Culebrón Timbal e líder do coletivo Pueblo Hace Cultura, apresentou seu trabalho “Hacia una Política Colaborativa”, buscando aportar uma série de reflexões que pudessem ser úteis para repensar as condições de surgimento e desenvolvimento das organizações e redes de Cultura Viva Comunitária na América Latina e suas perspectivas para a construção de uma sociedade mais equitativa e do “bem viver”.

“Até 2019, nos propomos a impulsionar um Festival Latino-americano de Cultura Viva Comunitária que possa, neste sentido, visibilizar o esforço da convergência de uma agenda programática entre os movimentos sociais e políticos latino-americanos em torno de prioridades que possam funcionar como um horizonte de busca e construção para o ‘Povo dos povos’ que constituímos coletivamente”, escreveu.

Em sua estada no Equador, Balán teve a oportunidade de participar do círculo da palavra voltado para a temática de fortalecimento organizativo, dos debates do Conselho Latino-americano de CVC, dos percursos pelas comunidades, festivais e intercâmbios. A experiência, segundo ele, foi “altamente enriquecedora e de intensos aprendizados metodológicos e organizativos, também no aspecto conceitual e de intercâmbio de experiências”.

 

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