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Blog - Página 86 de 94 - IberCultura Viva

30

set
2016

Em Editais
Notícias

Por IberCultura

IberCultura Viva abre processo de seleção para consultor

Em 30, set 2016 | Em Editais, Notícias | Por IberCultura

Foi aberto um edital para a contratação de um(a) consultor(a) técnico(a) que apresente e coordene uma proposta de formação IberCultura Viva, tendo em conta as políticas culturais de base comunitária implementadas nos países membros do programa. Os interessados devem se inscrever até 16 de outubro no site da OEI Brasil: https://www.oei.org.br/selecoes.

26

set
2016

Em Editais
Notícias

Por IberCultura

Intercâmbio entre organizações socioculturais de Costa Rica e Chile: reconhecimento e irmandade

Em 26, set 2016 | Em Editais, Notícias | Por IberCultura

Durante o 2° Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em outubro de 2015 em El Salvador, organizações de vários países puderam se encontrar, se reconhecer e compartilhar experiências, identificando as semelhanças e diversidades de suas realidades. Desses encontros nasceu o projeto “Intercâmbio entre organizações socioculturais de Costa Rica e Chile”, um dos ganhadores do Edital IberCultura Viva de Intercâmbio, edição 2015.

O projeto, que propõe a integração entre agentes culturais do movimento costa-riquenho de Cultura Viva Comunitária e as organizações chilenas Centro Cultural Trafon e Nodo Valpo, teve sua primeira etapa realizada em Costa Rica entre os dias 5 e 19 de setembro de 2016. A segunda será no Chile, de 17 a 31 de outubro.

Ainda que tenham mantido o intercâmbio no âmbito sociocultural, organizações dos dois países têm desenvolvido práticas, dinâmicas e percursos diferentes. A iniciativa tem como finalidade, portanto, o fortalecimento do trabalho colaborativo em seus distintos contextos mediante a troca de experiências, saberes, sentires e práticas locais de desenvolvimento cultural executadas em ambos os países.

A equipe de Costa Rica vem podendo compartilhar, por exemplo, sua experiência em diálogo intersetorial e horizontal com comunidades e o Estado, suas metodologias e estruturas descentralizadas. A equipe chilena, por sua parte, contribui com suas experiências em iniciativas de autogestão, recuperação de imóveis com fins artísticos/culturais, meios de comunicação comunitários, trabalho colaborativo e redes de articulação em nível local, nacional e internacional.

 

A visita

Em sua primeira etapa o projeto contemplou a visita de Rodrigo Benítez Marengo e José Tapia Pizarro (Nodo Valpo) e Rodrigo Letelier Balaguer (Trafon) a Costa Rica. Os três vivem em Valparaíso (Chile). Benítez é pedagogo em dança e músico; José Tapia, engenheiro civil, mestre em inovação e economia criativa; Letelier, comunicador, diretor de Trafon TV e do Centro Cultural Trafon.

Os três chegaram a San José em 5 de setembro e no dia seguinte visitaram o Centro de Comunicação Educativa Voces Nuestras e o adido cultural da Embaixada do Chile em Costa Rica. Ao longo de duas semanas puderam conhecer diversas iniciativas e projetos socioculturais, artísticos, educativos e festividades em localidades como San José, La Carpio, Puerto Viejo, Caribe, Cartago, Talamanca, San Ramón e San Carlos. Tiveram encontros com animadores socioculturais, com representantes de círculos de ressonância, com habitantes de zonas indígenas, com a Red Sancarleña de Mujeres Rurales e com a diretora de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude, Fresia Camacho.

Rodrigo Letelier, Rodrigo Benítez, Ronald Corrales, Fresia Camacho, José Tapia e Josy Ávila

Impressões

“Estamos muito agradecidos de poder participar deste projeto, que nos permite confirmar que a criação de propostas a partir das bases, em um diálogo permanente entre a sociedade civil e a institucionalidade, cimentam um andar mutuamente benéfico, alcançando mudanças profundas tão necessárias no contexto mundial atual”, afirma José Tapia Pizarro. “Se esse trabalho além disso se projeta amorosa, carinhosa e coletivamente, fortalecendo os laços emocionais que permitem se sustentar apesar das dificuldades, possibilita um fazer sociocultural transformador”.

Aos chilenos lhes chamaram a atenção muitas coisas em Costa Rica, como a ativa participação dos jovens na política, a beleza e o carinho de sua gente, “sempre atenta e disposta a ajudar”, e à natureza, “a sorte de poder desfrutar de tantas paisagens sempre verdes, tanta diversidade de climas, costumes, influências que se integram e convivem nesta ‘multi e pluriculturalidade’”, como eles ouviram dizer em um dos encontros.

Anfitriões

Para Ronald Corrales Leon, vozeiro da região de Cartago do movimento de Cultura Viva Comunitária Costa Rica, intercâmbios como este são importantes para a solidariedade entre grupos, o reconhecimento, a irmandade. “Tem sido gratificante poder expor para os amigos chilenos as fortalezas e fraquezas que temos como movimento em Costa Rica a partir do vivencial, do afetivo e do prático”, afirma. “É muito satisfatório saber que isso lhes dá  insumos que podem levar para as organizações com que trabalham em Valparaíso.”

Encontrar semelhanças nas dificuldades que enfrentam aqui e ali é um dos pontos altos da experiência. “Embora, como movimiento, sentirmos que há muito que avançar na articulação e dinamização da rede e na coordenação das diferentes organizações”, ressalta Ronald, “os companheiros chilenos nos dizem que é um exemplo para eles, já que talvez o avanço deste tema no Chile não tenha alcançado os mesmos níveis. Isso nos surpreende em dois sentidos: por saber que nossa experiência pode potenciar o processo chileno, e no sentido de que nos dá um alento para seguir com o trabalho de articulação aqui”.

No Chile

Em 17 de outubro começam as atividades no Chile, com uma visita ao entorno de Nodo Valpo e um encontro com organizações vizinhas. Os dias seguintes serão de visitas a iniciativas culturais comunitárias, intercâmbio de experiências com a equipe Nodo e colaboradores, encontro com conselheiros e encarregados municipais de cultura, encontros com círculos de ressonâncias e sessões de capacitação comunicacional, entre outras atividades.

Saiba mais:

https://nodovalpo.cl/

https://www.facebook.com/CcTrafon/videos/648366121980359/

https://www.facebook.com/NodoValpo/videos/1133807260041647/

https://www.facebook.com/170601253004452/videos/1235538526510714/

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15

set
2016

Em Editais
Notícias

Por IberCultura

Edital para seleção de textos sobre políticas culturais de base comunitária

Em 15, set 2016 | Em Editais, Notícias | Por IberCultura

MinC_SCDC_IberCultura-Viva_Edital_ARTIGOS_portuguesSe a cultura é o vínculo fundamental para transformar realidades, por que não fazer com que o Estado reconheça as iniciativas da sociedade civil no lugar onde elas ocorrem? A este conceito de política pública, pensado de baixo para cima e adotado em vários países ibero-americanos desde 2004, se deu o nome de “cultura viva comunitária”. Viva porque é pulsante, mutante, diversa. E comunitária porque é de onde surge, onde se organiza.

E é para contar um pouco desta história que o programa IberCultura Viva propõe um edital para a seleção de textos, com vistas à elaboração de uma publicação de âmbito regional que permita reflexões sobre o conceito e as políticas de cultura de base comunitária, com a participação dos diferentes protagonistas deste processo. As inscrições estarão abertas entre 19 de setembro e 1º de dezembro.

Os textos devem tratar de experiências de organizações da sociedade civil que são ou tenham sido colaboradoras de políticas governamentais de base comunitária, seja em âmbito federal, estadual, municipal ou regional.

Podem participar do edital pessoas físicas, como representantes de organizações que tenham sido beneficiadas com alguma convocatória pública no contexto das políticas culturais de base comunitária. Ou que – neste mesmo contexto – tenham participado de encontros, fóruns, seminários, grupo de trabalho ou redes, ou tenham firmado uma prática de trabalho intersetorial, baseada em algum tipo de convênio ou colaboração com instâncias governamentais. Ou pesquisadores relacionados com estes temas.

Os textos devem ter em média 2.500 palavras. A extensão máxima é de 5 mil, e a mínima, de 1.500 palavras. Devem estar escritos em espanhol ou português e ser de autoria da pessoa ou grupo que o assina.

Para download:

O edital

Anexo 1 – Formulário de inscrição

Anexo 2 – Termo de autoria e cessão de direitos

 

Leia também:

Concurso de videominuto “Mulheres: Culturas e Comunidades”

Edital de apoio a redes de cultura de base comunitária

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15

set
2016

Em Editais
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Por IberCultura

Concurso de videominuto “Mulheres: Culturas e Comunidades”

Em 15, set 2016 | Em Editais, Notícias | Por IberCultura

MinC_SCDC_IberCultura-Viva_Edital_VIDEOMIMUTO_02_portuguesInteressados em participar do Concurso de Videominuto “Mulheres: culturas e comunidades” têm até o dia 1º de dezembro para enviar suas inscrições ao programa IberCultura Viva. O objetivo do edital é dar visibilidade ao papel fundamental das mulheres na cultura e na organização comunitária, fazendo frente a atitudes e estereótipos que contribuem para a desigualdade de gênero e a violência.

Os vídeos devem ter duração máxima de um minuto e estar voltados para o público em geral, com classificação indicativa livre. Podem ser de qualquer gênero (documentário, ficção, animação, etc) e utilizar qualquer uma das línguas oficiais dos países ibero-americanos, podendo inclusive ser realizados em linguagem de sinais.

Os concorrentes deverão publicá-lo em uma plataforma de divulgação gratuita, como Vimeo ou YouTube, em qualquer um dos formatos admitidos pela plataforma, com resolução mínima de 720 x 480 pixels, sob licença de direitos em Creative Commons. O valor total destinado ao edital é de US$ 5 mil. Receberão prêmios de US$ 500 os 10 vídeos com maior pontuação no processo de seleção.      

 

Para download:

O edital

Anexo 1 – Formulário de inscrição

Anexo 2 – Termo de autoria e cessão de direitos

 

Leia também:

Edital para seleção de textos sobre políticas culturais de base comunitária

Edital de apoio a redes de cultura de base comunitária

15

set
2016

Em Editais
Notícias

Por IberCultura

Edital de apoio a redes de cultura de base comunitária

Em 15, set 2016 | Em Editais, Notícias | Por IberCultura

MinC_SCDC_IberCultura-Viva_Edital_REDES_01_portugues_corregidoPara fortalecer o trabalho e fomentar a articulação de redes de cultura de base comunitária nos países ibero-americanos, o programa IberCultura Viva lança o Edital de Apoio a Redes 2016.  Um total de US$ 100 mil será dividido entre os ganhadores de duas categorias (US$ 50 mil para cada), sendo que cada projeto poderá receber até US$ 5 mil. Serão premiados os 10 projetos com maior pontuação em cada uma delas.

A categoria 1 é voltada para o apoio a eventos de redes nacionais e/ou regionais que tenham como objetivo a preparação para o 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, a ser realizado em 2017 em Quito (Equador). A categoria 2 dedica-se ao apoio para a realização de eventos de redes de cultura de base comunitária municipais, estaduais, nacionais ou regionais. Por eventos entendem-se encontros, congressos, seminários, festivais, feiras, colóquios e simpósios.

As inscrições estão abertas de 19 de setembro a 1º de dezembro e as propostas devem ser referentes a eventos com realização prevista para o período entre 1º de fevereiro e 31 de outubro de 2017.

(Texto atualizado em 31 de outubro de 2016)

Para download:

O edital

Anexo 1 – Formulário de inscrição – Categoria 1

Anexo 2 – Formulário de inscrição – Categoria 2

 

Leia também:

Edital para seleção de textos sobre políticas culturais de base comunitária

Concurso de videominuto “Mulheres: Culturas e Comunidades”

 

15

set
2016

Em Editais
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Por IberCultura

IberCultura Viva lança seus três editais de 2016

Em 15, set 2016 | Em Editais, Notícias | Por IberCultura

O programa IberCultura Viva abre nesta segunda-feira (19/09) as inscrições para três editais voltados a experiências culturais de base comunitária: um para apoio a redes, outro para a seleção de textos a serem publicados em um livro, e um concurso de videominuto chamado “Mulheres: Culturas e Comunidades”.  Serão distribuídos US$ 100 mil para o Edital de Apoio a Redes e US$ 5 mil para o concurso de vídeos. O edital de artigos não terá prêmios em dinheiro.

As inscrições estarão abertas até 1º de dezembro.  Para obter mais informações e baixar regulamentos e formulários:

Edital para a seleção de textos sobre políticas culturais de base comunitária  

Edital de apoio a redes de cultura de base comunitária 

Concurso de videominuto “Mulheres: culturas e comunidades” 

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14

set
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Ventana a la biodiversidad: a criatividade como ponte de entendimento entre as culturas

Em 14, set 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Imagine uma corrente de videocartas. Um grupo escolhe uma problemática ambiental de seu contexto e desenvolve um documentário descrevendo a situação, as dificuldades que têm, suas estratégias para enfrentá-las. Outro grupo toma então destaque para dar resposta às problemáticas apresentadas pelo grupo anterior. Ao subir um novo vídeo, propõe uma nova problemática, começando então uma nova corrente…

É assim que funciona “Same same, but biodiverse” (É a mesma, mas biodiversa), a tripla obra multimídia criada por jovens yucatecos (México), guaranis mbya (Brasil) e bascos (Espanha) após a realização de oficinas de criatividade colaborativa nos três países participantes. Os vídeos são produtos do projeto Ventana a la Biodiversidad, um dos sete ganhadores da categoria 3 do Edital IberCultura Viva de Intercâmbio, lançado em 2015.

Buscando explorar e entender as semelhanças e diferenças de problemáticas ambientais em diferentes culturas, a partir de um ponto de vista crítico e criativo, os grupos tratam nos vídeos de questões como agricultura ecológica versus agroquímica, problemas derivados do desmatamento, contaminação de espaços naturais e exploração insustentável de recursos naturais.

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Oficina de criatividade colaborativa em Yucatán, México

Intercâmbio

Ventana a la Biodiversidad, o projeto apresentado ao programa IberCultura Viva por organizações do México (Cultura Savia A.C.), Brasil (.txt Texto de Cinema) e Espanha (Unesco Etxea – Centro Unesco del País Vasco), é uma iniciativa de criação artística colaborativa e intercultural que manifesta o vínculo existente entre imaginário cultural e biodiversidade, em comunidades que habitam espaços naturais de especial riqueza biológica e/ou ecológica, e seu potencial para aumentar a resiliência das comunidades ante situaciones de crise ambiental.

O diálogo criativo se baseia no aprendizado de cosmovisões que conectam cultura e natureza, assim como no intercâmbio de experiências na aplicação de conhecimentos tradicionais vinculados à proteção da biodiversidade que podem ser úteis em contextos diferentes aos que foram gestados. As ferramentas para articular este diálogo foram as três oficinas de arte colaborativa onde foram criados os conteúdos multimídia. A ideia era ter conteúdos do tipo “crowdsourced”, criados por membros de diferentes culturas seguindo um único conceito.

Na Espanha

As oficinas no País Basco foram realizadas em julho de 2016 na Reserva da Biosfera de Urdaibai, na costa de Bizkaia. Nove pessoas (sete mulheres e dois homens) participaram das atividades organizadas pela Unesco Etxea, com o apoio do governo basco e da EKO Etxea (entidade gestora da reserva).

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A Reserva da Biosfera de Urdaibai, no País Basco

Guillermo Maceiras, cofundador e coordenador criativo da plataforma Ventana a la Diversidad, conta que as gravações foram em uma zona onde existe um debate sobre as aves autóctonas e as “invasoras”, o que deu pé a uma bela parábola com a temática da migração de pessoas, seja por causas econômicas ou como refugiados sociais e políticos. “Também se gravou na costa, onde a problemática do plástico foi tratada a partir de um ângulo muito esclarecedor: a reciclagem não é suficiente, há que se reduzir a dependência deste material em nossas vidas”, acrescenta.

Pela primeira vez foram provados dois formatos no projeto. Além do típico vídeo em formato 1×1, com texto informativo no lugar de diálogos, se utilizou um “hyperlapse”, uma poesia visual criada a partir das centenas de fotografias tiradas durante uma tarde por parte das participantes.

No México

Antes, em abril, foi a vez do México, onde as oficinas reuniram 17 pessoas (nove mulheres, oito homens) na Reserva Biocultural do Puuc, no interior do estado de Yucatán. Cultura Savia foi a organizadora, com o apoio da JibioPuuc (Junta Intermunicipal Biocultural do Puuc) e da Universidade Tecnológica do Sul.

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A gravação se concentrou nas populações isoladas, onde ainda existem templos Mayas sem proteção patrimonial. “A ideia surgiu dos próprios participantes como uma maneira de reclamar proteção, mostrando sua beleza e a vinculação com a cultura viva das pessoas que seguem habitando o lugar”, afirma Maceiras, a quem surpreendeu “a imensa capacidade de autogestão” que teve a equipe, capaz de resolver problemas surgidos durante a pré-produção e as filmagens.

No Brasil

No mês seguinte, em maio, se deu a oficina de cinema e mídia menor na Aldeia Mata Verde Bonita Ka’aguy Hovy Porã, localizada em Itapuaçu, perto de Maricá, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Foram duas semanas de trabalho com crianças, jovens e adultos e um cineasta indígena (Miguel Verá Mirim). Ali foram realizadas cinco mídias de “palavras-afetos” e duas videocartas. O grupo também trabalhou num vídeo sobre educação mbya-guarani de Verá Mirim.

Os primeiros dias foram de acompanhamento das atividades da vida na aldeia. Como já existia uma boa relação entre Verá Mirim e os jovens cineastas indígenas com o Coletivo Cinema 7 Flexas (facilitador do trabalho), as coisas fluíram bem. “Partimos dessa relação já estabelecida para criar a nossa, tecer nossa relação e experimentar juntos. Então cozinhávamos, limpávamos, brincávamos até …. chegar a hora desse outro trabalho que era fazer filmes”, conta o cineasta e facilitador de oficinas Ж (KK, o “Kaká”).

“O trabalho de oficina, de cursos, para nós da .txt, é relacional. É desenvolver um saber-fazer radicante, dar as condições para que emerja o que já existe no lugar, o que está em potência. Para que isso possa se dar temos que estar perto, olhar de perto, ser visto, estar vulnerável no sentido pleno disso: aceitar ser ‘comido’ pelo outro e aceitar ser outro também”, ressalta Ж.

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Crianças na oficina da Aldeia Mata Verde Bonita (foto: .txt texto de cinema)

Metodologias

No Brasil o grupo se dividiu numa escala geracional. As crianças nunca tinham participado das oficinas e filmes do Verá Mirim nem das oficinas com o Coletivo Cinema 7 Flexas. Com eles se desenvolveu então uma metodologia própria, baseada no ver-ouvir do cineasta Paul Sharits. “Fizemos um filme curto, com movimento e algumas cores que o Verá Mirim nos disse serem importantes para a cosmogonia dos mbya-guarani e mostramos para a meninada. Depois disso trabalhamos com mapas e espaços interiores para que eles identificassem na aldeia, feita mapa, os lugares, as situações que mais gostavam. Daí saíram as mídias, as palavras-filmes dos primeiros trabalhos”, explica Ж.

Os jovens e adultos já tinham participado de oficinas, puderam reconhecer o que já sabiam e repassar o que sabiam. Muitos dos adolescentes, no entanto, não tinham experiência prévia em cinema e mídia. A eles foi sugerida a elaboração das videocartas, tendo como tema o contexto socioambiental e as formas de re-existir neste tempo geológico. Das conversas e projeção de outras videocartas chegaram à forma-expressão dos videos “Ayvu Anchtengua “(Palavra verdadeira) e “Tapé Porã” (Caminho aberto).

A metodologia ds videocartas é desenvolvida há anos pela equipe do projeto Ventana a la Diversidad, com quem a organização .txt já havia dividido um projeto de formação no Brasil chamado “Fazer o mundo fazendo vídeo”. Ж e Guillermo se conheceram na Guatemala, em um encontro no Centro Cultural de Espanha, e desde então passaram a trabalhar juntos. “Ventana tem essa característica de ser agregador de potências. Por onde passam tentam construir redes de trabalho”, elogia Ж.

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(Foto: .txt texto de cinema)

Plataforma

Ventana a la Diversidad, a plataforma que marca esta iniciativa, reúne jovens de vários pontos do planeta para imaginar e criar juntos arte digital. Juntos, eles criam desde poesia expandida através de vídeo e música, até documentário observacional, passando por artefatos de animação que se constroem com materiais reciclados, acessíveis em qualquer comunidade.

A plataforma nasceu graças ao apoio do Fundo Internacional para a Promoção da Cultura da Unesco (2013), que selecionou este projeto inicialmente centrado em quatro países: Guatemala, Peru, Espanha e Indonésia. Atualmente são 12 países, a maioria da América Latina. A meta é promover um diálogo através da arte em que se manifeste a ideia da criatividade como ponte de entendimento entre as culturas, favorecendo a compreensão e difusão dos valores contidos na convenção de 2005 da Unesco sobre proteção e promoção da diversidade das expressões culturais.

Sepa más:

https://www.ventanaalabiodiversidad.org

www.facebook.com/ventanaaladiversidad

https://www.abrituventana.org/

09

set
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Cultura Viva e Felicidade Interna Bruta: os impactos do programa nas comunidades

Em 09, set 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Vem do Butão, o pequeno país asiático que faz fronteira com a China e a Índia, o conceito de “Felicidade Interna Bruta” (FIB) utilizado pelos pesquisadores Mario Lima Brasil e Hugo Leonardo Ribeiro, professores da Universidade de Brasília, para avaliar os impactos do programa Cultura Viva nas comunidades brasileiras. Uma vez que o FIB mede a prosperidade de um lugar levando em conta a saúde espiritual, física, social e ambiental dos seus cidadãos – valores que o Produto Interno Bruto (PIB) está longe de alcançar –, aos pesquisadores pareceu o indicador mais apropriado para falar dos Pontos de Cultura e as mudanças sociais trazidas por eles.

Em apresentação do relatório final do projeto de pesquisa “Programa Cultura Viva: Impactos e Transformações Sociais” à equipe da Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC/MinC), em 4 de março de 2016, Mario Lima Brasil comentou que eles procuravam indicadores que pudessem auxiliá-los na interpretação dos dados, na identificação das mudanças na qualidade de vida, até que se depararam com este trecho do código legal do Butão, escrito em 1729: “Se o governo não pode criar felicidade para o seu povo, não há propósito para o governo existir”. Era isso. Estava aí o que buscavam.

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Os professores Mario Lima Brasil e Hugo Leonardo Ribeiro em apresentação da pesquisa na UnB

No Reino do Butão, como contam os pesquisadores no livro lançado em Brasília nesta segunda-feira (12/09), o termo Felicidade Interna Bruta (em inglês, Gross National Happiness) surgiu nos anos 1970, a partir da crença do rei Jigme Khesar Namgyel Wangchuck na importância da “felicidade coletiva”. Em 2005, o governo real do Butão decidiu desenvolver indicadores para operacionalizar o conceito de FIB, passando então a envolver pesquisadores do Centro para Estudos do Butão na elaboração de um questionário em várias dimensões.

“É algo que vai além da definição de governo de Platão e Aristóteles, vai além da questão do justo. Ou seja, não basta apenas ser justo e criar o equilíbrio, como diziam os gregos. É preciso gerar felicidade”, afirma Mario Brasil, citando também Dasho Karma Ura, presidente do Centro para Estudos do Butão. “A Felicidade Interna Bruta mede a qualidade de um país de forma mais holística do que o PIB, e acredita que o desenvolvimento benéfico da sociedade humana ocorre quando o desenvolvimento material e o espiritual ocorrem lado a lado para complementar e reforçar-se”.

O FIB, portanto, leva em conta muito mais elementos que o PIB para analisar se as políticas e os investimentos públicos contribuem ou não para elevar a qualidade de vida da população. Baseando-se na premissa de que o objetivo principal de uma sociedade não deve ser somente o crescimento econômico, deixa claro que o desenvolvimento material deve estar integrado com o psicológico, o cultural e o espiritual, e em harmonia com o meio ambiente.

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Roda no Ponto de Cultura Cavaleiro de Jorge, em Goiás (Foto: Oliver Kornblihtt)

Os domínios

São nove os domínios em que o FIB se organiza: bem-estar psicológico, saúde, uso do tempo, educação, diversidade cultural, boa governança, vitalidade comunitária, diversidade ecológica e padrão de vida. Para esta pesquisa com os Pontos de Cultura, os nove domínios foram analisados um a um, com o objetivo de identificar conceitos e transformá-los em palavras-chave.

Dessa maneira, os pesquisadores partiram das falas dos entrevistados para reconhecer aspectos como “satisfação com a vida”, “emoções positivas” (como orgulho e alegria), “emoções negativas” (como dor e preocupação), “autoestima”, “estresse” e “atividades espirituais” e identificar como aquele Ponto de Cultura pode ter contribuído para que as pessoas tivessem acesso a situações que os impactassem.

Foram visitados 18 Pontos de Cultura do Centro-Oeste: nove no Distrito Federal, dois em Goiás, quatro no Mato Grosso e três no Mato Grosso do Sul. A pesquisa produziu 21 diários de campo, 1319 fotos, 20 horas de gravação de áudio e 19 horas de gravação de vídeos.

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Reunião da Comissão Nacional de Pontos de Cultura, em julho de 2015 (Foto: Oliver Kornblihtt)

Antecedentes

O Centro-Oeste foi escolhido por alguns motivos, entre eles a pequena quantidade de trabalhos realizados na região. Havia poucos estudos sobre a realidade dos Pontos de Cultura, e menos ainda com foco na mudança expositiva que o programa Cultura Viva provocava.

Pesquisas relevantes sobre o programa haviam sido feitas antes desta – o  Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por exemplo, lançou uma em 2010 (sobre amostragem de 2007) e outra em 2014. Ambos os estudos apontavam problemas, principalmente no que se refere à gestão, mostrando que os instrumentos jurídicos normativos e as políticas de fomento disponíveis não davam conta desta experiência. Faltava um que traduzisse o que estava acontecendo naquelas comunidades.

“Essas pesquisas focavam muito nos problemas de gestão do Cultura Viva, e eram em sua maioria quantitativas, baseadas em relatórios, com pouco espaço para a identificação dos impactos positivos que essa política pública trouxe para as comunidades distantes dos principais centros culturais”, comentou Mario. “Isso foi um problema porque os Pontos de Cultura, apesar das dificuldades que enfrentam, têm a felicidade de serem Pontos de Cultura. E eles não se identificavam com aquilo. Sabiam dos problemas, prestação de contas, isso e aquilo, mas diziam: isso aqui é só uma face nossa, cadê a outra? Essa é a parte mais triste, cadê a alegre?”

Mostra de Teatro Comunitario do Quilombo do Sopapo (Foto: Leandro Anton)

Mostra de Teatro Comunitário do Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo (Foto: Leandro Anton)

Outra visão

Foi nesse contexto, em meio ao redesenho do programa e como uma demanda da própria Comissão Nacional dos Pontos de Cultura (CNPdC), que surgiu a pesquisa “Programa Cultura Viva: Impactos e Transformações Sociais”. O objetivo principal era oferecer outra visão sobre o programa, por meio de uma abordagem qualitativa, etnográfica, com o intuito de investigar como os Pontos de Cultura participaram e tiveram influência na transformação social das comunidades nas quais estavam inseridos.

Financiada pelo Ministério da Cultura, por meio da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural, a pesquisa faz parte do Observatório de Políticas Públicas Culturais (Opcult), ligado ao programa de pós-graduação em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (CEAM), da UnB.

O projeto foi dividido em três fases: preparação, pesquisa de campo e análise descritiva do relatório. Na coleta de dados, foi feita uma revisão do maior número possível  de trabalhos bibliográficos públicos sobre Cultura Viva, principalmente pesquisas de campo. Foram levantados 37 trabalhos de conclusão acadêmicos apresentados entre 2007 e 2014: duas monografias de especialização, 29 dissertações de mestrado e seis teses de doutorado. Os estudos mostraram que o tema Cultura Viva diz respeito às áreas mais variadas, da administração à antropologia, das artes cênicas à ciência política, da comunicação à gestão cultural, da linguística à medicina, da história ao serviço social. Ao todo, a equipe leu 116 textos.

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Bloco de carnaval comunitário do Ponto de Cultura Bankoma

In loco

Na etapa de observação in loco, os pesquisadores tiveram alguma dificuldade para encontrar os Pontos de Cultura que haviam planejado visitar. “A comunicação com eles é volátil, porque são iniciativas de pessoas da comunidade. Se mudam de e-mail ou telefone, perdemos a comunicação”, diz Mario. Dos 16 Pontos de Cultura do Distrito Federal que estavam no roteiro inicial, por exemplo, eles localizaram nove. E levaram dois meses para isso. Aos que conseguiram chegar, tentaram conversar não apenas com os coordenadores do Ponto de Cultura, mas também com os participantes e com pessoas das escolas do entorno, para saber como a comunidade local se relacionava com aquele Ponto.

Sem um roteiro de questões pré-definidas, a equipe de entrevistadores saiu a campo com uma ideia – não exatamente com um caderninho –, procurando induzir o processo como um todo, deixando o entrevistado à vontade. Não ter um questionário para as entrevistas foi uma reivindicação da própria CNPdC. “Os Pontos de Cultura reclamavam que respondiam questionários sem saber para quê, e quando vinha a resposta, já dentro de um processo de análise, eles não conseguiam se identificar”, justifica Mario Brasil. “Nesta pesquisa, se a gente chegasse aos Pontos de Cultura com um questionário, eles botavam o cachorro, não davam café nem bolo (risos)”.

Aplicado em diferentes partes do mundo, o questionário do FIB pode chegar a ter 500 questões. O desafio, aqui, foi transformá-lo num “não questionário”. “Fizemos o contrário. Deixamos os entrevistados falarem o que queriam e elaboramos o questionário a partir do discurso, com as palavras-chaves. Deu um trabalho imenso, mas funcionou muito bem. O resultado foi muito melhor”, conta o pesquisador.

Com as crianças na Escola Viva Olho do Tempo (Fotos: Thiago Nozi)

Crianças e jovens da Escola Viva Olho do Tempo (Foto: Thiago Nozi)

 

Os conceitos

Num dos Pontos de Cultura do Distrito Federal que entraram na pesquisa, o Ludocriarte, foram entrevistados entre novembro e dezembro de 2014 coordenadores, professores, estudantes e pais de alunos. Bem-estar psicológico e vitalidade comunitária foram os dois domínios do FIB que mais apareceram nas falas deles. A associação, que começou em 2005 como uma brinquedoteca comunitária na cidade de São Sebastião, tem como proposta incentivar crianças e adolescentes a trabalhar a expressão oral e escrita por meio de atividades lúdicas, como a produção e contação de histórias.

Eis um trecho da fala de Arthur, psicólogo que trabalha no local:

Tem crianças que antes só resolvia as coisas com os colegas no tapa. Mas com o passar do tempo já consegue sentar, conversar, expressar o que está sentindo. Você vê os mais velhos cuidando dos mais novos. Resolvendo brigas, ajudando em tarefas do Ponto. Com menos frequência a gente percebe essas mudanças de comportamento nos pais. Por exemplo, pais que antes só brigavam com os meninos, já começam a levar o menino para passear, vai tomar um sorvete, conversar, sentar para brincar. E isso é espetacular, uma mudança genial.”

A seguir, a fala de Célia, mãe de uma das participantes:

Minha filha é muito assim, nervosa, nervosa demais. Ela tem tanto medo de agulha que chegou a desmaiar. Então, eu coloquei ela pra ficar no meio do povo, conversar com o pessoal, com os professores. Pra mim foi ótimo. Ela era muito tímida, retraída. Esse projeto é maravilhoso! Pra mim foi a melhor coisa que poderia acontecido. Ela mudou muito.”

Ludocriarte

Contação de histórias no Ponto de Cultura Ludocriarte (Foto: Acácio Pinheiro/MinC)

Os impactos

Levando em conta os 18 Pontos de Cultura pesquisados, os quatro domínios que mais apareceram nas entrevistas como impactantes no que se refere ao Cultura Viva foram: cultura, uso do tempo, bem-estar psicológico e vitalidade comunitária. Em seguida, vieram educação, padrão de vida, boa governança e meio ambiente.

No domínio “vitalidade comunitária”, por exemplo, são levadas em conta as seguintes referências no discurso: sentimento de pertencimento, importância e compartilhamento de um projeto comum que irá satisfazer as necessidades da comunidade por um compromisso coletivo; marginalização; falta de respeito; violência; mudança positiva nas comunidades. Já o domínio “uso do tempo” questiona se houve alguma influência na forma como a pessoa passou a organizar seu tempo entre trabalho, lazer e família. “Boa governança”, por sua vez, refere-se à percepção do investimento governamental nas áreas de cultura.

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Mario Brasil: “Os Pontos fizeram as comunidades mais felizes”

Uma das conclusões a que a equipe chegou foi de que, sim, o programa Cultura Viva, por meio dos Pontos de Cultura, “possibilitou que áreas populacionais com carências diversas pudessem usufruir de ações civis que ocuparam o lugar do Estado no sentido de garantir seus direitos culturais”.

“Os Pontos realmente fizeram essas comunidades mais felizes”, resume Mario Brasil. “Não aquela felicidade de ter o melhor carro, o melhor celular, a melhor roupa… Falamos da felicidade básica: eles têm o que comer, onde morar, o que vestir, têm educação. Ou seja, a nossa conclusão foi a de que felicidade não é algo individual, é um conceito coletivo. E este é o maior legado que este programa pode dar para este país: a felicidade é um ente coletivo. Quando se realiza coletivamente, ela é plena. Quando é individual, você pode dizer ‘eu estou feliz’. Quando é coletiva, você diz ‘eu sou feliz’.”

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Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros (Foto: Oliver Kornblihtt)

Para download:

Programa Cultura Viva: Impactos e transformações sociais https://bit.ly/2aQnxQJ

Leia também:

O papel da cultura na relação entre desenvolvimento e democracia

(No alto da página, o Ludocriarte, um dos 18 Pontos de Cultura que fizeram parte da pesquisa da UnB. Foto: Acácio Pinheiro/MinC)

 

08

set
2016

Em Notícias

Por IberCultura

O papel da cultura na relação entre desenvolvimento e democracia

Em 08, set 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Qual a importância da cultura e das políticas culturais no desenvolvimento de uma nação? É o que procura mostrar a coletânea de artigos “Políticas Culturais, Desenvolvimento e Construção Democrática”, que será lançada em Brasília nesta segunda-feira (12/09), às 19h, no Objeto Encontrado (102 Norte). Organizada por Maria de Fátima Rodrigues Makiuchi, a publicação é resultado de dois anos de trabalhos e pesquisas em torno da temática da política cultural brasileira, realizados no âmbito do Observatório de Políticas Públicas Culturais da Universidade de Brasília (Opcult/UnB).

Além deste livro, será lançado o relatório final da pesquisa “Programa Cultura Viva: Impactos e Transformações Sociais”, dos professores Mario Lima Brasil e Hugo Leonardo Ribeiro. O Opcult é ligado ao programa de pós-graduação em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (CEAM) da UnB. O projeto nasceu de um termo de cooperação entre a Secretaria da Cidadania e da Diversidade do Ministério da Cultura (SCDC/MinC) e a Universidade de Brasília, assinado em novembro de 2013.

Com 180 páginas, a coletânea traz oito artigos sobre o papel da cultura na relação entre desenvolvimento e democracia. Como escreve Fátima Makiuchi na apresentação, ainda que a cultura tenha muitos sentidos, de maneira geral “pode ser compreendida como um sistema que organiza a experiência humana, ordenando tanto os comportamentos rotineiros e repetitivos, quanto os processos de transformação. Nessa ordenação estão amparados os modos de ser e de expressar-se no mundo, o que nas sociedades contemporâneas pode ser percebido como a expressão e produção cultural de povos, grupos e indivíduos”.

 

Os artigos

Coordenadora do observatório, Fátima Makiuchi conta que em 2014 e 2015 foram ali realizadas pesquisas sobre a política cultural com foco em financiamento, território e desenvolvimento, participação social e em programas específicos, como o Cultura Viva, e em perspectiva comparada, procurando apontar as potencialidades e desafios das políticas. O primeiro artigo, “O Observatório de Políticas Públicas Culturais e a Pesquisa em Política Cultural no Brasil”, assinado por Fátima, pretende apresentar o levantamento do estado da arte das pesquisas em política cultural no país, identificando os programas de pós-graduação e grupos de pesquisa voltados à temática da política cultural.

A relação entre desenvolvimento e cultura são o eixo comum dos dois artigos seguintes: “Politicas Culturais, Democracia e Desenvolvimento”, de Leandro Grass, e “Cultura, Cidadania e Desenvolvimento: uma abordagem transversal”, de Bruno Henrique Melo. No primeiro deles, o autor parte de uma revisão teórica para propor a problematização acerca do significado de cultura e os efeitos de sua ampliação no campo da gestão e das políticas públicas. Já Bruno Melo apresenta um ensaio teórico sobre os desafios contemporâneos envolvendo cultura, desenvolvimento e cidadania à luz dos debates da teoria social sobre a modernidade tardia e diferentes abordagens sobre desenvolvimento e pós-desenvolvimento na América do Sul.

No quarto artigo, “Percurso Metodológico da Pesquisa em Políticas Públicas Culturais”, Wallace Wagner Rodrigues Pantoja, Edilene Américo da Silva e Fátima Makiuchi apresentam os caminhos da pesquisa sobre equipamentos e programas culturais na Área Metropolitana de Brasília em um sentido processual, evidenciando acertos, erros e recomeços. No texto seguinte, “Cultura dos/nos Territórios: ensaiando a politização de um debate”, Fátima e Wallace discutem os programas Mais Cultura nas Escolas e os Centros de Artes e Esportes Unificados (CEUs) sob a perspectiva do uso do conceito de território no discurso oficial sobre estes programas.

Em “O Financiamento Público da Cultura do Distrito Federal: um olhar para os planos plurianuais 2012-2015 e 2016-2019”, Cleide Vilela descreve o cenário institucional da política pública de cultura do Distrito Federal e analisa os programas Cultura (2012-2015) e Capital Cultural (2016-2019). No artigo seguinte, “Democracia Digital e Ação Pública: experiências de participação social em rede nas politicas de cultura do DF”, Mayara Souza dos Reis discute a participação social em políticas públicas a partir das perspectivas e desafios da chamada democracia digital ou e-democracy.

Encerrando a coletânea, o ensaio “A Estreita Relação entre Tecnologia e Produção Cultural: aspectos sociais da tecnologia, ampliação de capacidades e ressignificação de interações na cultura”, de Leandro de Carvalho, discute os aspectos sociais da tecnologia relacionados à apropriação e à difusão de cultura. Além de apresentar os principais autores que tratam do tema, Carvalho defende que a tecnologia seja pensada para além do aspecto monetário ou produtivo na discussão sobre o desenvolvimento, incluindo as motivações culturais e políticas de sua apropriação e as consequências estruturais que pode acarretar.

 

Para download:

Políticas Culturais, Desenvolvimento e Construção Democrática – https://bit.ly/2bnbknU

05

set
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Organizações comunitárias lançam a Rede Cultural de Chacras de Coria, em Mendoza

Em 05, set 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

No dia 28 de agosto, organizações comunitárias e “fazedores culturais” se reuniram na praça distrital de Chacras de Coria, na província de Mendoza (Argentina), para o lançamento formal da Rede Cultural de Chacras de Coria (Luján de Cuyo). O Teatro Leonardo Favio – um antigo cinema que a Asociación Civil Chacras para Todos recuperou em 2010 para a comunidade – também foi parte da festa, que ao longo da tarde e da noite contou com apresentações de música, dança e teatro, mostras de artistas plásticos, e a presença de mais de 70 artesãos e microempreendedores.

A rede nasceu em 8 de junho de 2016, após uma reunião no Teatro Leonardo Favio, o “Centro Cultural para Todos”, em que participaram representantes de organizações culturais e comunitárias, instituições, escolas públicas e privadas, centro de saúde, artistas e vizinhos vinculados à cultura de Chacras de Coria e distritos próximos. Com o espírito de trabalhar juntos, articulando organizações e fazedores culturais entre si, com o governo, o setor privado e os vizinhos, os integrantes buscam mostrar que o trabalho cooperativo e solidário pode conquistar transformações sociais, sustentando e reafirmando os valores da identidade local.

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Depois da reunião inaugural foram realizadas reuniões periódicas com os representantes de cada uma das organizações. Uma das metas era dialogar com o prefeito do município, o que ocorreu em 24 de agosto. “Éramos umas 90 pessoas de diversas organizações. Fizemos uma apresentação dos pontos relevantes da rede e a aceitação foi enorme, houve acordo em tudo e já começamos a ter um encontro semanal com o diretor de Cultura e Turismo, Gonzalo Ruiz, para coordenar tarefas em comum e tratar de diversos temas”, conta Silvia Bove, presidenta da Associación Civil Chacras para Todos, uma das 20 organizações integrantes da rede (*).

Silvia Bove comenta que a iniciativa  demandou anos de articulação com algumas organizações no território (biblioteca popular, murgas, associações de vizinhos), em ações concretas em eventos como o festejo do carnaval do distrito, as comemorações do Dia da Criança e do Dia da Memória, da Verdade e da Justiça, que se realiza em 24 de março por ocasião do golpe de Estado na Argentina em 1976 (para nunca esquecer). “Nesta construção espontânea que vinhamos desenvolvendo havia alguns anos, uns quatro, decidimos dar um salto mais firme e avançar na construção da rede com nome e sobrenome, envolvendo também distritos vizinhos”, completa.

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Cor local

As ferramentas e os conceitos da Cultura Viva Comunitária (o movimento  latino-americano “de base comunitária, local, crescente e convergente que assume as culturas e suas manifestações como um bem universal dos povos”) foram adaptados ao território e ao espírito dos vizinhos da comunidade, que foram dando sua cor local. “O que impulsiona e motiva esta rede é essencialmente construir um entramado diverso e rico que preserve estas organizações, lhes dê visibilidade, proteja a história, a memória, as celebrações e tradições locais, que nos irmane e fortaleça, que contemos às crianças e aos jovens que a cultura é a matriz vital dos povos, que é nossa tarefa que a conheçam e sustentem”, afirma Silvia.

No Manifesto da Rede Cultural Chacras de Coria, os membros se propõem os seguintes objetivos: a) resgatar a cultura local; b) potencializar as atividades desenvolvidas por seus integrantes; c) valorizar a memória, a identidade e as celebrações do lugar; d) resguardar os fazedores culturais locais; e) apoiar as ações culturais realizadas pelos membros da comunidade; f) articular ações entre as organizações locais, o setor público e o privado; g) participar do desenho das políticas públicas culturais; h) integrar a comunidade por meio da cultura; i) construir e sustentar a história e a cidadania local; j) articular entre as instituições educativas, esportivas e artísticas com demais organizações de Chacras, k) projetar articulações em um plano provincial, nacional e internacional.

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O manifesto, segundo Silvia Bove, “é um primeiro apontamento dos sonhos e desejos que nos propomos, mas entendendo que como a cultura muda e se move, vai se enriquecendo de acordo com a quantidade de organizações diversas que vão integrá-la”. A ideia, portanto, é gerar uma voz coletiva, alcançar um diálogo o mais horizontal possível entre eles, conhecer suas problemáticas e envolver à maior quantidade de organizações e fazedores culturais em ações comuns e a partir daí impulsar uma mesa de diálogo para construir políticas públicas culturais em conjunto com os governos municipais.

“É válido compartilhar esforços de outras latitudes, mais ainda nestes tempos em que imperam o individualismo e a competitividade, sendo assim um tema crucial e de muita urgência todo tipo de ação que prospere este tipo de iniciativas”, ressalta a psicóloga social Luz Plaza, também membro da rede. Para ela, é importante superar distâncias, passar do individual ao grupal, onde todos aprendem de todos. “O enriquecer está na interação e no trabalho coletivo, na soma de vontades, é daí que se impulsionam as mudanças, onde o sujeito é ativo.”

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Luz Plaza cita Paulo Freire e Pichon Riviere, autores que dedicaram suas vidas a mostrar que educar é transformar, para ressaltar que “aportes a partir da cultura e da arte são como a água para uma sociedade, sem eles não se cresce” e que todo processo cultural em um trabalho grupal comprometido “leva a um crescimento pessoal e a uma mudança de perspectiva de sujeito passivo a sujeito ativo e construtor de sua realidade. Uma realidade que não lhe é indiferente, e sim da que se sente parte e protagonista, convertendo-se em um fazedor de cultura e propulsor de novas ideias que o enriquecem a si mesmo e a seu entorno”.

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Leia também:

Manifiesto de la Red Cultural Chacras de Coria y Distritos Aledaños de Luyán de Cuyo

(*) Participam da rede microempreendedores, artesãos, Biblioteca Popular de Chacras de Coria, Escuela Teresa O’Connor, Escuela Francisco Correas, Jardín Maternal Perpetuo Socorro, Crecer Felices, Chacras para Todos, Club Cultural Chacras, Correveidile, Maria Elena Elaskar (yoga), Juliana Mucarsel (Pan y Circo), Cuidados Musicales, Unión Vecinal Chacras de Corias, Unión Vecinas Plaza Levy, Unión Vecinal Cordón del Plata, Coro de Chacras, Tierra Malbec, El Kallo, Instituto de Música, Sandra Amaya, Javier Rodríguez, Claudia Vogelman (folclore), Ricardo y Andrea (tango), Grupo de Teatro Comunitario de Perdriel, Risas de Mi Tierra, Mauricio Chaar (editor) e Unaymanta.