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Para o Topo.

Blog

14

dez
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Três dias entrelaçando experiências, derrubando muros, construindo pontes

Em 14, dez 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Margarita Palacio e Silvia Bove foram as duas argentinas premiadas no Edital IberCultura Viva de Intercâmbio que participaram do 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em outubro de 2015, em El Salvador. A viagem, segundo elas, deixou marcas. Convidamos as duas para comentar o 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura e o 1º Encontro de Redes IberCultura Viva, realizados de 30 de novembro a 2 de dezembro no Centro Cultural San Martín, em Buenos Aires. Elas participaram ativamente das atividades, e sim, lembraram algumas vezes as cenas vividas em San Salvador.

“O Encontro Nacional de Pontos de Cultura foi um feito de esperança, mas também um impasse e uma interrogação. Muitos desejos confluíram para sua concretização”, disse Margarita Palacio, dirigente da Asociación de Mujeres La Colmena – Radio Comunitaria FM Reconquista. “Desejos de encontrar mais além das fronteiras provinciais e regionais, formando um só corpo e alma, tangível, possível, com uma ideia-força atravessando-os. A da cultura popular e comunitária”.

Este desejo, segundo ela, “circulou e ganhou vida em uma dupla Buenos Aires – por um lado,  amigável, percorrendo todos os espaços, exposições, oficinas e mostras artísticas no Centro Cultural San Martín, e por outro, preocupada, debatendo e defendendo direitos no Congresso Nacional, a poucos passos dali”.

Margarita Palacio na rádio aberta do encontro (Foto: La Colmena-Reconquista)

Margarita disse que ainda guarda “lindas recordações” da participação no Congresso de El Salvador, como os seminários, a visita a Cacaopera e a marcha pelo orçamento para a cultura comunitária. “Foi tamanha a marca que ficou sobre meus pensamentos, que neste 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura impulsionei a participação de mais de 80 integrantes de nosso coletivo La Colmena-Reconquista”, contou.

Entre eles estavam os jovens integrantes da Orquestra La Estable, que se apresentou no primeiro dia do evento, além de dirigentes juvenis, mulheres da Asociación La Colmena, professoras dos jardins comunitários e representantes de organizações sociais que realizam programas na rádio comunitária.

“A presença de nosso coletivo tinha uma finalidade: iniciar contatos, estabelecer relações com os Pontos de Cultura do país para conhecer suas práticas culturais e fazer com que conheçam as nossas”, comentou. “Foi fortalecedor para nosso projeto o reencontro com as comunidades de 9 de Julio (Buenos Aires), Colón (Entre Ríos) e El Dorado (Misiones), com quem fizemos o Entrelaçando Experiências (“Entrelazando Experiencias” é uma iniciativa dos Pontos de Cultura da Argentina para o intercâmbio de saberes).

As jovens da Orquestra Estable da Rádio Reconquista (Foto: La Colmena-Reconquista)

Pelo menos três situações vivenciadas durante o evento foram muito relevantes para o grupo: 1) La Orquestra Juvenil La Estable, de FM Reconquista, apresentou canções de seu primeiro disco, prestes a ser lançado, no palco do Centro Cultural San Martín; 2) Margarita foi designada (ao lado de María Emília de la Iglesia) uma das representantes da província de Buenos Aires na Comissão Nacional de Pontos de Cultura; 3) A Reconquista foi a rádio aberta do evento, e esteve transmitindo ao vivo opiniões, experiências e entrevistas de participantes argentinos, como o ministro da Cultura, Pablo Avelluto, e de outros países ibero-americanos, como Célio Turino (Brasil) e Iván Nogales (Bolívia).

“Esta ferramenta fabulosa da rádio aberta me permitiu aprofundar em análises, sonhos, projetos e sentires daqueles a quem entrevistei”, comentou Margarita, que também espera ver nos próximos encontros com as delegações do país “iniciativas e linhas de trabalho que transformem em realidade os anseios de todos: concretizar uma política genuína para Pontos de Cultura, com uma boa partida orçamentária que materialize tantos desejos”.

O boliviano Iván Nogales em entrevista à Rádio Reconquista (Fotos: La Colmena-Reconquista)

O desejo de seguir crescendo

Silvia Bove é presidenta da Associação Chacras para Todos

Para Silvia Bove, presidenta da Associação Civil Chacras para Todos, de Mendoza – um dos primeiros Círculos de Cultura (equivalente ao Pontão de Cultura) da Argentina, assim reconhecido desde 2012 –, este encontro mobilizou ainda mais a  construção coletiva da América Latina e do país. “Foram vários dias de intensa atividade, de intercâmbios, de visibilidade de experiências”, destacou. “Tivemos calorosas boas-vindas de pessoas representativas do país, um belo mate, uma agenda maravilhosa, podendo ver o trabalho de algumas organizações que integram o programa Pontos de Cultura, sua dimensão ao longo destes anos, e o desejo de seguir crescendo”.

Ali, no coração de Buenos Aires, como ela ressalta, uma rede de organizações culturais diversas, “com objetivos comuns, com objetivos distintos”, esteve celebrando, “gerando irmandades, luminosidades”, reunidas no labiríntico Centro Cultural San Martín, “carregado de rincões vitais e palcos encontrados, construindo narrativas a partir da arte”.

“Nos sentimos muito felizes de poder participar”, afirmou Silvia, destacando también o aporte de Ibercultura Viva como “novo protagonista”. “Nos pareceu muito positivo que este programa continue no tempo, e que os Estados apoiem as organizações culturais de base, que são a matriz cultural de suas paragens, povos e  comunidades. Sabemos que o caminho é longo e esperamos a criação de leis que possibilitem o apoio a todas aquelas organizações que trabalham dia a dia em cada comunidade, mas o vivido nesses dias foi transcendental. (…) Um encontro de coisas simples, intensas, muitas horas de intercâmbios constantes, de conhecermo-nos por regiões, de pensar-nos como um todo, de nutrirmo-nos”.

Silvia em El Salvador, com Emília de la Iglesia e Eduardo Balán (Foto: Mario Alberto Siniawski)

Impulsando redes

A Asociación Civil Chacras para Todos, coordenada por Silvia, além de ser parte da Rede Nacional de Teatro Comunitário e da Rede de Arte e Transformação Social, ajudou a formar, em 8 de junho de 2016, a Rede Cultural de Chacras de Coria, integrada por mais de 20 organizações, instituições educativas, centros de saúde, fazedores culturais, biblioteca e associações de vizinhos.       

A tarefa de impulsionar redes e propagar a Cultura Viva Comunitária em cada território, segundo ela, foi um “mandado” que veio de El Salvador, do 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. “Dali ficou este mandado maravilhoso, de criar caravanas e ações que contribuam para construir ‘corpos sem fronteiras’, como Iván Nogales chamou a caravana que o Teatro Trono fez nos primeiros meses de 2016, da Bolívia até a Argentina, tocando povos e territórios diversos, unindo, enlaçando, deixando um rastro de emoções e poderosos laços de amor.”

O convite de Nelson Ullauri para o 3º Congresso Latino-americano de CVC (Foto: Georgina García)

Melhores momentos

Para Silvia, um dos momentos mais ricos e emotivos do 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura da Argentina foi o convite feito ao público para participar do 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária – marcado para novembro de 2017, no Equador –, vindo da voz de Nelson Ullauri, junto a membros do Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, de Guatemala, Belize, El Salvador, Brasil, Bolívia, Argentina e Costa Rica.

Além da alegria de ver fragmentos de algumas obras, como as dos grupos de teatro comunitário El Épico de Floresta, Matemurga e Pompeya (fotos) no palco, ela mencionou como grandes momentos do evento a conferência de Célio Turino, a presença de Jaime Torres com sua música da terra e o encerramento no Galpão de Catalinas Sur (um dos principais grupos de teatro comunitário da América Latina).

Também ressaltou a importância da criação da Comissão Nacional de Pontos de Cultura, integrada por 14 organizações representando as regiões do país, e da criação do Conselho Cultural Comunitário, com os 14 membros da Comissão Nacional mais representantes de redes e de foros temáticos culturais. “Que a Comissão e o Conselho possam influir em ações concretas para a cultura de nosso país, e o mais valioso, que possamos seguir sonhando en comun-unidade”, acrescentou.

“O que mais nos nutriu foi poder nos ver novamente, confirmando a latência de espíritos comuns que aninham sonhos, afiançando o caminho realizado por cada uma das organizações. Somos uma trama de pontos, alguns grandes, outros pequenos, que quando se entrelaçam formam uma substância luminosa que sustenta fios sutis que derrubam fronteiras. É necessário que os Estados acompanhem essa trama, que contribuam para  iluminar ainda mais estes pontos, pontos que fazem com que vida tenha sentido, e que nossos sonhos sejam possíveis porque o outro me estende a mão e porque eu estendo a minha.”

14

dez
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Célio Turino: “Quando falamos de Cultura Viva falamos do inefável”

Em 14, dez 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Fotos: Georgina García/Puntos de Cultura

“Inefável” é aquilo que não se pode explicar com palavras. O que não se pode nomear ou descrever em razão de sua natureza, força, beleza. Foi este o adjetivo usado pelo historiador Célio Turino para definir o que unia todos os que estavam no 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura da Argentina e o 1º Encontro de Redes IberCultura Viva, realizados em programação conjunta de 30 de novembro a 2 de dezembro no Centro Cultural San Martín, em Buenos Aires (Argentina).

“Quando falamos de Cultura Viva falamos do inefável”, afirmou Turino na conferência magistral do evento. “Assim como a companheira de Belize nos diz que pode sentir a dor e a alegria que há em um Ponto de Cultura do Brasil ou da Argentina, ainda que não os conheça, eu também posso sentir a festa em Belize sem nunca ter ido lá. E é assim em todo lugar, com nós todos. É assim porque o inefável nos une.”Um dos criadores e principais impulsores do programa Cultura Viva – lançado no Brasil em 2004 e transformado em política de Estado em 2014 –, Turino começou sua conferência no encontro falando da história da América. Um lugar para onde todos vieram, de uma forma ou de outra, atravessando o Estreito de Bering, ou pela Polinésia, ou cruzando o Oceano Atlântico.

“Este continente que cruza o planeta de norte a sul tem esta característica, as humanidades afluem para cá”, comentou. “Depois, com o processo de colonização, nos fundimos com a gente que veio, os imigrantes, os africanos. E assim nos fizemos, e assim fomos e vamos nos mesclando. Este é um continente mestiço, com uma riqueza fabulosa.”

Ao comparar a cultura a uma floresta – quanto mais diversa, mais bela –, Turino chamou a atenção para a importância da complementaridade, das fusões, dos encontros. “A cultura é o resultado da fusão entre tempo e espaço”, disse. “Quando compartilhamos nossas tradições, nossas histórias, nossa memória, vamos produzindo a cultura. E quando esta cultura é compartilhada em um território, ela se solidifica. E assim nos identificamos. É o inefável, é isso que nos define e que garante que a cultura se transporte.”

Espaço e território

Daí a ideia dos Pontos de Cultura, de sedimentar as ações no território e perceber o espaço do território como um conjunto de tradições e experiências. “Não é uma única coisa. Não podemos nos prender à ideia fundamentalista de que há uma única verdade, e sim muitas contribuições”. Ou seja, um conhecimento tradicional pode dividir o espaço com um conhecimento de vanguarda, uma experiência estética, tecnológica, e nesta fusão também está sua riqueza, sua beleza.

Turino citou como exemplos as centenas de encontros feitos no começo do programa Cultura Viva no Brasil, em que jovens fazem oficinas de software livre, de edição de vídeo, em favelas, aldeias indígenas e áreas rurais, e tanto ensinavam como aprendiam. Também recordou uma viagem que fez ao Peru e se espantou com a diversidade do milho. “Só conhecia o amarelo, e lá vi milho preto, vermelho… Mostrava as fotos para os amigos e me perguntavam: ‘É transgênico?’ Não, é inteligência coletiva, traduzida nos Andes por milhares de anos e oferecida gratuitamente às pessoas. Não tem dono.”

Urgência histórica

E que diriam os povos ancestrais, os que ajudaram a construir esta floresta diversa que é a gente da América Latina, se soubessem do conceito de desenvolvimento das sociedades ocidentais? “Quando falamos de Cultura Viva estamos falando de vida, de convivência. Claro que crescemos, que desenvolvemos e que há um ciclo em que tudo se fenece e se constrói outra coisa. O conceito de desenvolvimento das sociedades ocidentais, entretanto, é que se pode acumular, acumular, extrair, extrair… E o planeta é finito. Não há lógica em viver em um sistema que tem como base a acumulação infinita. O conceito de bem viver é o contrário disso”.

Como historiador, Célio Turino se acostumou a trabalhar com a ideia de “paciência histórica”, porque os processos são longos. “Agora temos que trabalhar com outro conceito, o de urgência histórica, porque não há mais longo prazo para a humanidade. Em 20, 30 anos, estaremos vivendo um colapso”, afirmou. “Somos ladrões de nossos filhos e netos e dos netos de nossos netos. Temos que nos reconhecer assim se queremos mudar e roubar menos dos outros”.

Cultura do encontro

Para falar da importância dos encontros, e de como os encontros podem promover mudanças, Turino pediu aos organizadores do evento uma escada. Precisava de uma durante a conferência para mostrar como a imagem criada para o 3º Encontro Nacional que aparecia no palco (vários círculos juntos, formando o número 3) tinha que ver com a ideia dos Pontos de Cultura.

“Existem pontos fechados, abertos, pequenos, grandes, com mais ou menos cor, formando esta imagem. Cada um, de uma maneira diferente, produz este processo de interseções, permitindo que um círculo se conecte com outro. Ou seja, este círculo poderia ter uma forma diferente do outro. No entanto, quando se conectan eles mudam e formam coisas, como esta imagem. Acredito que aí está a beleza dos Pontos de Cultura e da Cultura Viva”, comparou, de cima da escada.

Para o historiador, mais que uma intersecção entre Estado e sociedade civil, Cultura Viva tem a ver com “colocar o reino da vida em equilíbrio com o império dos sistemas (as leis do mercado, do Estado, das igrejas)”. Autonomia, protagonismo e empoderamento, segundo ele, seriam palavras-chave para começar as mudanças.

“Temos que construir um processo de diálogo”, ressaltou. “Se as pessoas não têm a oportunidade de falar por sua própria voz, não há diálogo. Elas têm que se sentir empoderadas para falar com o Estado. Por outro lado, o Estado tem que aprender a falar com as pessoas – inclusive porque, como dizia meu avô, o Estado tem que servir ao povo, não servir-se do povo. É necessário que um se disponha a escutar o outro, porque se me fecho na minha verdade não consigo estabelecer a cultura do encontro”.

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07

dez
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Uma festa na rua para renovar a esperança e compartilhar as conquistas do encontro

Em 07, dez 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Fotos: Georgina García/ Puntos de Cultura

Depois de três dias de atividades no Centro Cultural San Martín, em Buenos Aires, os participantes do 1º Encontro de Redes IberCultura Viva e do 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura da Argentina mudaram de endereço: foram para o Galpão do Catalinas Sur, um dos mais importantes grupos de teatro comunitário da América Latina. Além de apresentações de teatro, música e dança, acompanharam a leitura das conclusões e recomendações dos grupos de trabalho e compartilharam duas importantes conquistas: a formação da Comissão Nacional de Pontos de Cultura e do primeiro Conselho Cultural Comunitário da Argentina.

“Foram três dias cheios de cor e conteúdo, com uma quantidade impressionante de atividades que revitalizou a todos. Saímos deste encontro com muitas certezas, muita vontade e muito compromisso para seguir trabalhando juntos”, comentou Diego Benhabib, coordenador do Programa Pontos de Cultura do Ministério de Cultura da Argentina.

As atividades foram realizadas em três jornadas intensas, das 9h às 22h de 30 de novembro a 2 de dezembro, em forma de conferências, capacitações, oficinas, fóruns regionais e de redes, grupos de trabalho temáticos e propostas artísticas. O objetivo foi consolidar o trabalho de articulação entre as organizações e propor espaços de formação e reflexão acerca das práticas da cultura comunitária e da gestão cultural. Mais de 500 organizações argentinas estiveram presentes.

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Diego Benhabib e Daniel Castro

Anfitrião do evento, Benhabib ressaltou no encerramento o enorme potencial, o entusiasmo e o compromisso de aqueles que ali estavam e que se dedicam a melhorar as condições de vida de suas comunidades através da arte e da cultura. Também reforçou que ser um Ponto de Cultura não é exclusivamente receber um fundo do Estado, e sim implica um compromisso para trabalhar em rede, compartilhar experiências em nível territorial e temático, trabalhar com distintas populações e conhecimentos, valorizar seus saberes.

Em seguida, o representante da presidência do programa IberCultura Viva, Daniel Castro, destacou a importância da cooperação em todas as suas instâncias – “a cooperação entre povos, a integração sul-americana, latino-americana, ibero-americana”– e agradeceu à nação e ao povo argentino, que receberam com dedicação, afeto e entusiasmo os 40 convidados do Encontro de Redes, provenientes de 17 países da Ibero-América.  “Saímos daqui mais fortes que chegamos”, afirmou o coordenador-geral de Promoção da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (MinC). “Que saibamos dar continuidade a isso em todos os âmbitos possíveis. Temos que fortalecer as instâncias de cooperação internacional e ocupá-las no campo cultural.”

Grupos de trabalho

15235624_1237504279670652_175969295217166936_oO ato de encerramento seguiu com as leituras das recomendações dos três grupos de trabalho do Encontro de Redes IberCultura Viva, propostos pelas organizações e redes ibero-americanas: Participação social e cooperação cultural”(foto), “ Legislação para as políticas culturais de base comunitária” e “Formação em políticas culturais de base comunitária”. Rosario Lucesole, da equipe de Pontos de Cultura do Ministério de Cultura da Argentina, também compartilhou com o público as conclusões de uma das rodas de conversa realizadas durante o 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura (“Qual é o impacto do nosso trabalho?”).

Na sequência, Diego Benhabib chamou ao palco os representantes da Comissão Nacional de Pontos de Cultura que haviam sido eleitos nos fóruns regionais. Alberto Ingold, do Centro Cultural La Fragua de Villa Elisa (Entre Ríos), anunciou os nomes dos membros e suplentes. “Nos comprometemos a nos reunir nos primeiros meses de 2017 para poder avançar no processo de regulamentação destas instâncias e construir uma agenda de trabalho que retome os pontos e temas de interesse que discutimos democraticamente em cada um dos foros regionais, temáticos e de redes”, afirmou Ingold.

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Alberto Ingold anunciou os nomes dos membros da Comissão Nacional de Pontos de Cultura

15259233_1237509076336839_2790506029639724527_oTerminada a apresentação da comissão e do conselho, veio o melhor da festa: a Orquesta Atípica de Catalinas Sur. O grupo, nascido em 2008, tem uma instância artística, trabalhada a partir da música popular, com a criação e apresentação de espetáculos e corais, e uma instância social, que tem a ver com a integração de um maior número de vizinhos à orquestra. Aqui, assim como no teatro comunitário, o acento está no coletivo e na identidade cultural.

Depois de uma bela interpretação do coral de Catalinas para Construção, de Chico Buarque, a festa seguiu do lado de fora do galpão, na rua, com o samba reggae do grupo de percussão La Internacional del Caminito e os grupos da dança Negra Ameríndia e Los Chuños. Um final potente para os três dias cheios de cor, conteúdo e entusiasmo que deram um novo impulso à Rede Nacional de Pontos de Cultura e a todos os que ao longo dos últimos anos, por meio da arte e da cultura, vêm trabalhando em um projeto comunitário e coletivo de vida.

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06

dez
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Congressos de Cultura Viva Comunitária: os fios da história e a capacidade de enredar-se

Em 06, dez 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Fotos: Georgina García/Puntos de Cultura

Um novelo passou de mão em mão no teatro do Centro Cultural San Martín, em Buenos Aires, no segundo dia do 1º Encontro de Redes IberCultura Viva e do 3º  Encontro Nacional de Pontos de Cultura da Argentina. O tema era o lançamento do 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária que será realizado de 20 a 25 de novembro de 2017 em Quito, Equador—, mas não se resumiu a isso. Antes de o equatoriano Nelson Ullauri anunciar os dias do evento, outros companheiros do Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária subiram ao palco para falar das edições anteriores dos congressos, organizadas por redes de Cultura Viva na Bolívia em 2013, e em El Salvador em 2015.

O historiador Célio Turino, um dos criadores e principais impulsores da ideia de Cultura Viva e dos Pontos de Cultura, foi o primeiro a tomar o novelo nas mãos. Buscando recuperar o fio da história, lembrou o mito de Ariadne (a filha do rei que deu a Teseu um novelo para que lhe servisse de guia no labirinto onde entraria para matar o Minotauro) para dizer que assim também é com a cultura, com a história, com nós mesmos. “Sempre entramos em labirintos, e é necessário que tenhamos condições de sair”, comentou.

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Célio Turino foi o primeiro a falar na noite de lançamento do 3º Congresso

Segundo Turino, a história da Cultura Viva “começou com o primeiro indígena que entrou neste continente e compartilhou os conhecimentos mais simples, como os segredos de uma erva para curar uma dor”. Daí viria uma parte do que se pensou para os Pontos de Cultura: que os governos dirijam seus orçamentos, seus investimentos, para as iniciativas já desenvolvidas pelas pessoas em suas comunidades, porque são elas que têm a sabedoria, “são elas que constroem as coisas”.

Uma linha do tempo projetada no fundo do palco ajudava a contar a história desta política pensada de baixo para cima. Entre os principais marcos estavam o Fórum Social Mundial de 2009, realizado em Belém do Pará, com organizações latino-americanas reunidas na mesa de debate “Pontos de Cultura: Políticas Públicas e Cidadania Cultural”, e o Encontro Latino-americano Plataforma Puente, que levou a Medellín (Colômbia) uma centena de organizações culturais comunitárias em 2010 e resultou no lançamento da rede continental Plataforma Puente Cultura Viva Comunitaria.

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Nogales lembrou a Caravana por la Vida, que inspirou a Caravana por La Paz

Primeiro congresso

Turino passou o novelo para o boliviano Iván Nogales quando a história chegou a 2012, ano em que o Teatro Trono – Compa, fundado por ele em 1989, fez a “Caravana por la Vida – De Copacabana a Copacabana”. Em um teatro-caminhão, 25 atores saíram do Lago Titicaca (Bolívia) rumo à Cúpula dos Povos na Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, no Rio de Janeiro. A aventura foi um fator crucial para a decisão de ter a Bolívia como sede do primeiro Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária.

No Rio decidiu-se que assim como os bolivianos mobilizaram uma caravana para vir ao Brasil, as organizações comunitárias de outros países iriam se mobilizar para fazer o caminho de volta no ano seguinte, em uma Caravana por la Paz, e ali realizar seu primeiro congresso. “Insistiram para que nós fôssemos os organizadores”, contou Nogales. “Me disseram que seriam uns 250, 300. Chegaram 1200. Os argentinos eram quase 300; os brasileiros, 270; os peruanos, uns 170; os colombianos, 40… Havia de tudo. Foi épico. Nos reunimos durante três dias e conseguimos coisas muito significativas em políticas públicas para o continente. O movimento se faz sólido à medida que somos capazes de nos enredar.”

A cidade de La Paz foi “tomada poeticamente por assalto” por cerca de 1.200 ativistas artístico-culturais provenientes de 17 países da América Latina em maio de 2013. Participaram 35 representantes de governos, formando uma aliança em defesa de políticas públicas que garantam 0,1% dos orçamentos públicos para a Cultura Viva Comunitária. Finalizado o congresso, elaborou-se de maneira coletiva um manifesto denominado “Declaração de La Paz”, no qual os participantes ressaltavam o que havia significado este evento e algumas de suas perspectivas.

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Marlen falou do 2º Congresso de CVC em El Salvador

Segundo congresso

Das mãos de Iván Nogales, o novelo passou para Marlen Argueta, da Rede Salvadorenha de Cultura Viva Comunitária, organizadora do 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em outubro de 2015, sob o lema “Convivência para o bem comum”. Ao tomar o microfone, Marlen chamou ao palco os outros representantes da América Central presentes e comentou como a “bandeira da Cultura Viva Comunitária se converteu em uma esperança” para as organizações da região, marcada por décadas de lutas, conflitos e massacres.

Segundo ela, a ideia inicial era que a Guatemala (aqui representada por Doryan Bedoya, do coletivo Caja Lúdica, e Claudia Orantes, do grupo Caracol) fosse a sede do segundo congresso, mas algumas dificuldades acabaram mudando os planos para El Salvador. “Assumimos o compromisso e recebemos 500 pessoas de 17 países. Éramos, no final, 700. Estivemos nos principais parques e avenidas de San Salvador e aproveitamos para levar toda essa gente até os bairros, as comunidades, tomando as praças e reivindicando o público”, ressaltou. Em San Salvador ficou acordado que o congresso seguinte seria no Equador.

Terceiro congresso

Quando chegou sua vez de falar, o equatoriano Nelson Ullauri disse que queria começar com uma metáfora andina. “Quando se fala de sementes, de começos de processos, fala-se dos acendedores de fogo. Todo acendedor o faz de baixo para cima, e há que se manter esse fogo aceso, há que seguir alimentando-o para que inunde todos os nossos espaços, sentimentos, corações e futuros”, afirmou.

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Ullauri: “Existe um longo caminhar na questão do comunitário. É preciso resgatá-lo, fortalecê-lo”

Para Ullauri, que trabalha com gestão cultural comunitária desde 1990, assim também se dá o processo de Cultura Viva. “Não surge da noite para o dia de tal ano, é um processo milenar de todas as culturas e povos ancestrais, uma vez que eles manejaram a cultura e o comunitário. Hoje somos gratos anfitriões do 3º Congresso de Cultura Viva Comunitária, e existe um longo processo, um longo caminhar, na questão do comunitário, da gestão cultural e de bairro. É preciso resgatá-lo, fortalecê-lo, revitalizá-lo. (…) Que o 3º Congresso se constitua em uma verdadeira referência do que queremos que seja realmente o movimento.”

O comunitário, segundo Ullauri, é o enfoque fundamental do 3º Congresso Latino-americano. A ideia é levar a Quito reflexões sobre isto, sobre os avanços de uma sociedade que temos que construir, “uma sociedade livre de egoísmos, de personalismo, onde prime o comunitário”. “Queremos convidar os companheiros da América Latina para que acolham esse debate em seus territórios, e possamos chegar ao Equador com um discurso sólido e uma experiência sólida, e possamos ter uma proposta sólida de Cultura Viva Comunitária. Que levemos um amálgama imenso de pontes, de saberes, para que realmente se constitua uma referência em termos dos processos sociais. Que o encontro seja uma reunião da sagrada família latino-americana sonhando com futuros melhores, com um mundo melhor, construindo de pouco a pouco. Não podemos perder nunca a esperança.”

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01

dez
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Cultura viva: um desenho construído ponto a ponto no Espaço Cultural Ibero-americano

Em 01, dez 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Fotos: Georgina García/Puntos de Cultura

Quando perguntaram ao historiador Célio Turino se ele queria algo especial para a conferência que daria na abertura do 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura da Argentina, nesta quarta-feira (30/11) em Buenos Aires, ele pediu uma escada. Como gosta de falar de improviso, não pensou em vídeo, powerpoint, nada disso. Só queria uma escada para mostrar como a imagem criada para o evento (vários círculos juntos, de tamanhos diferentes, formando o número 3) tinha tudo a ver com a ideia dos Pontos de Cultura.

IMG_0241“Há pontos fechados, abertos, pequenos, grandes, com mais ou menos cor, formando esta imagem. Eu diria que aí está a beleza dos Pontos de Cultura e da Cultura Viva”, comparou o ex-secretário da Cidadania Cultural do Ministério da Cultura (2004-2010). “Cada um, de maneira diferente, produz este processo de intersecções. E essas intersecções vão permitindo que um círculo se conecte com outro e outro… Ou seja, este círculo poderia ter uma forma diferente daquele. No entanto, quando se conectam, eles mudam e formam coisas, como esta imagem.”

Foram essas ideias – de que Cultura Viva é um desenho construído ponto a ponto, e de que muitos pontos reunidos podem de fato mudar as coisas – que deram o tom do 1º Encontro de Redes IberCultura Viva, aberto ontem (30/11) no Centro Cultural San Martín, em Buenos Aires. O evento tem programação conjunta com o 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura, realizado pelo Ministério de Cultura da Argentina, e segue até amanhã (02/12) com uma série de atividades reunindo representantes de governos e de organizações comunitárias de 17 países ibero-americanos.

Mesas de abertura

O 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura foi aberto por Enrique Avogadro, secretário de Cultura e Criatividade do Ministério da Cultura da Argentina. “O Estado vem perdendo o monopólio estrito das políticas públicas porque aparece outro conceito muito interessante, que é o de inteligência coletiva. Ou seja, a ideia de que todos juntos pensamos muito melhor do que cada um de nós em separado”, comentou. “Portanto, as políticas públicas têm que ser feitas em rede. Uma rede cada vez mais forte não só pela formação, pela capacitação, mas fundamentalmente pela possibilidade de intercâmbio.”

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Enrique Avogadro, Pablo Avelluto e Alejo Ramirez

A Rede Nacional de Pontos de Cultura da Argentina  (em espanhol, o programa ganhou o nome de “Puntos de Cultura”) atualmente conta com 650 organizações socioculturais. Grande parte delas esteve representada na abertura do encontro. Cerca de 500 pessoas assistiram aos discursos da mesa de abertura, composta por Enrique Avogadro, pelo ministro da Cultura da Argentina, Pablo Avelluto, e por Alejo Ramirez, diretor sub-regional para o Cone Sul da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib).

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Alejo Ramirez, director de la SEGIB

Ramirez falou do protagonismo exercido pela cultura nos programas de cooperação ibero-americanos (dos 25 programas e iniciativas mantidos pela Segib, 70% estão vinculados diretamente aos temas culturais). Falou do IberCultura Viva, um programa novo (sua primeira reunião se deu em 2014, na Teia de Natal), “com uma vigência e uma atualidade muito importantes, inclusive por mostrar  como a inteligência coletiva toma o controle de determinados espaços e como a partir da cultura pode-se romper a lógica centro-periferia”. Ao final, reforçou o que Avogadro havia dito pouco antes: “Inteligência coletiva é o que a nossa região mais necessita”.

Inclusão e cidadania

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O ministro da Cultura da Argentina, Pablo Avelluto

O ministro Pablo Avelluto, o terceiro a falar na manhã desta quarta-feira, destacou as áreas em que o programa Pontos de Cultura trabalha simultaneamente, como a promoção e a defesa do patrimônio cultural, o desenvolvimento da criação artística e cultural das comunidades, o impacto das indústrias criativas. E chamou a atenção especialmente para o papel da cultura como ferramenta para a inclusão da cidadania.

”Quando vimos o quanto este programa havia se desenvolvido nos últimos anos, nosso compromisso foi o de ampliá-lo, aperfeiçoá-lo, facilitar o acesso, articular melhor as redes, melhorar o resultado em termos de investimento”, afirmou Avelluto. “Compartilhamos profundamente a ideologia deste programa. Não se trata de uma opção partidária. Para além disso, tem a ver com as maneiras com que, por meio da cultura, geramos inclusão e cidadania.”

Com o programa, segundo o ministro, criou-se a possibilidade de que milhares de argentinos, conectando-se com organizações da sociedade civil, tivessem acesso a seus direitos. No caso, os direitos culturais. “Por isso a palavra do dia é comunitário. É aquilo que temos em comum, cada cidadão em sua produção simbólica. O sentido comunitário é o aspecto ideológico mais profundo. Atravessa qualquer distinção partidária e garantirá que este programa se mantenha, siga melhorando e crescendo.”

Trabalho comum

Na sequência, tomaram lugar à mesa Diego Benhabib, coordenador dos Pontos de Cultura da Argentina, e Daniel Castro, coordenador-geral de Promoção da Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (MinC) e representante da presidência do IberCultura Viva.  (O Brasil tem a presidência do Comitê Intergovernamental do programa desde 2014, num mandato de três anos)  

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Diego Benhabib e Daniel Castro

Após saudar os trabalhadores da cultura presentes, aqueles “que trabalham para que nossas nações se pareçam consigo mesmas”, Castro lembrou que o IberCultura Viva busca ser um espaço de encontro, de intercâmbio e fortalecimento de políticas com sentido territorial de base comunitária, no âmbito ibero-americano. Ressaltou que o programa conta atualmente com nove países-membros (Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, El Salvador, Espanha, México, Peru e Uruguai), mas que ali estavam muitos outros, “em processo de aproximação e construção de outros espaços, de outras formas de integração”.

“O importante é o trabalho comum entre os interlocutores governamentais e da sociedade civil em todos esses países. Que se construam pontes, que se possa viver em espaços de cooperação, trabalhando para transformar as relações de desigualdade e desrespeito”, afirmou, destacando também alguns elementos cruciais da política de Cultura Viva, como a participação social, as instâncias autônomas da representação da sociedade civil, a  gestão compartilhada, o diálogo.

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Castro representou a presidência do IberCultura Viva

“O Estado necessita da inteligência da gente que trabalha com cultura, para transformar o Estado em si mesmo. Ao viver os mecanismos que o Estado implementa, com seus dilemas, seus problemas, a sociedade nos traz uma devolução que é crucial para construir novas formas de apoio, fomento, participação social, reconhecimento simbólico. Nos falta muito para chegar a instrumentos que estejam realmente adequados à realidade, que deem ênfase aos resultados alcançados pelos projetos que recebem recursos públicos, e não simplesmente enfocando em excessivos detalhes a prestação de contas financeira.”

A importância da aproximação do governo federal com os estaduais e municipais foi outro ponto mencionado por Daniel Castro, assim como a relevância de políticas transversais e complementares no campo social. “É uma política sociocultural o que se trata aqui. Ou seja, é importante que existam políticas fortes, que atuem de forma integrada no campo dos direitos humanos, ações voltadas para os povos originários, afrodescendentes e outros povos e comunidades, de promoção de igualdade de gênero, igualdade racial, saúde, educação e comunicação.”

Novos Pontos

Diego Benhabib, por sua vez, lembrou que o propósito do programa Pontos de Cultura na Argentina é apoiar não apenas as ações de organizações da sociedade civil com projetos socioculturais em territórios, mas também as redes de cultura comunitária do país. “A ideia de organização é o eixo central desta política, e achamos que tem que ser assim, porque um grupo pode alcançar seus objetivos, mas trabalhando com outros, esses objetivos podem ser maiores. O mesmo acontece quando uma organização trabalha em seu território, ou em conjunto com outras. Ao trabalhar com outras organizações, o impacto de suas ações é muito maior. A rede existe antes do programa, e fortalecê-la é um dos eixos centrais da política de Pontos de Cultura este ano”.

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Benhabib: “A ideia de organização é o eixo central desta política”

Benhabib também destacou os resultados do quarto edital de Pontos de Cultura, lançado este ano. Foram recebidos mais de 850 projetos — depois de três instâncias de seleção, foram premiados 228. Esses novos Pontos de Cultura vêm de 116 localidades, de 21 províncias argentinas, e têm perfis muito variados, indo desde bibliotecas comunitárias até clubes esportivos, centros de bairros e coletivos de educação popular.

Jaime Torres

Jaime Torres

Anfitrião do encontro, o coordenador dedicou parte de sua fala à programação, explicando como se dariam os três dias de conferências, capacitações, oficinas, fóruns, grupos de trabalho temáticos, mostras de produções artísticas e espetáculos. Neste primeiro dia, foram escalados para o palco principal, entre outros, o mestre charanguista Jaime Torres, um dos maiores da música folclórica argentina, e a cantora e antropóloga saltenha Silvia Barrios.

Silvia Barrios

Silvia Barrios

Grupos de trabalho

A tarde deste primeiro dia foi dedicada a  uma série de oficinas simultâneas para os Pontos de Cultura argentinos. Entre as temáticas abordadas estavam “Gestão cultural das organizações”, “Apresentação de projetos culturais” e “Sistematização de experiências comunitárias”. Enquanto os argentinos seguiam com as atividades, realizadas ao mesmo tempo em diferentes salas do Centro Cultural San Martín, os convidados do 1º Encontro de Redes Ibercultura Viva revezaram-se em três salas, nos seguintes grupos de trabalho:  “Participação social e cooperação cultural”, “Legislação para as políticas culturais de base comunitária” e “Formação em políticas culturais de base comunitária”.

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O grupo de trabalho “Participação social e cooperação cultural” reuniu 30 convidados

Coordenado por Fresia Camacho, diretora de Cultura do Ministério da Cultura e Juventude de Costa Rica, o grupo “Participação social e cooperação cultural” reuniu cerca de 30 pessoas. Entre elas estavam três representantes da Comissão Nacional de Pontos de Cultura do Brasil: Alice Monteiro Lima, do Pontão Cariri Território Cultural (PB); Cacau Arcoverde, do Ponto de Cultura Orquestra Sertão (PE); e Sebastián Gerlic, da organização Thydewá (Pontão Esperança da Terra, BA). Um dos objetivos do grupo, além do intercâmbio de experiências, é avançar na construção de uma mesa intersetorial da sociedade civil de acompanhamento do programa IberCultura Viva.

Daniel Castro ficou com a coordenação do grupo “Legislação para as políticas culturais de base comunitária”, com oito integrantes. Esta mesa de trabalho aborda os avanços no campo legislativo e jurídico-administrativo, a partir das experiências de leis aprovadas no Brasil e no Peru (representado por Paloma Carpio,  coordenadora do Programa Puntos de Cultura entre 2012 e 2015). Também busca estimular a criação e o aprimoramento de normas que fortaleçam as políticas públicas da área. Já o terceiro grupo, formado por 20 pessoas e coordenado pelo salvadorenho Alexander Córdova, terá dois temas a tratar nesses três dias de encontro: a construção de mapas e indicadores e a formação em políticas culturais de base comunitária.

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Alexander Cordova coordenou o grupo dedicado à formação

A programação prevista para sábado (03/12) estará aberta apenas para os representantes de governos do programa: será realizada a 5ª Reunião do Comitê Intergovernamental IberCultura Viva. O último encontro dos países membros foi na Costa Rica, em junho deste ano.

 

Saiba mais:

https://encuentropdc.cultura.gob.ar/

27

nov
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Museu da Pessoa: a produção de histórias de vida e a construção da memória social

Em 27, nov 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

E se a sua vida estivesse exposta num museu? O que ela teria de importante para estar ali? Será que alguém poderia aprender algo com a sua narrativa? Partindo do princípio de que a memória nos faz entender o que somos, e que por isso é nosso maior patrimônio, o Museu da Pessoa reuniu ao longo de 25 anos mais de 16 mil depoimentos de brasileiros para ajudar a contar a história do país nos séculos 20 e 21. Além de mostrar que sim, toda história de vida importa, este museu virtual colaborativo acabou desenvolvendo uma metodologia própria que vem ganhando adeptos em outros lugares do mundo.

O curso Tecnologia Social da Memória, oferecido a um grupo de 20 pessoas de 8 a 10 de novembro, na Universidade de Belgrano, em Buenos Aires (Argentina), foi uma iniciativa inédita para a sensibilização de professores, jornalistas, pesquisadores, psicólogos e demais interessados em conhecer essa metodologia de registro da memória oral no país. O projeto, um dos premiados no Edital IberCultura Viva de Intercâmbio, edição 2015, é uma parceria do Museu da Pessoa com Emiliano Polcaro, professor da Universidade de Belgrano, com vistas a implantar um Museu da Pessoa Argentina.

Assim como seu predecessor, o Museu da Pessoa Argentina buscará mostrar que “o valor da diversidade e a história de cada pessoa como patrimônio da humanidade é o de contribuir para a construção de uma cultura de paz”, como ressalta Polcaro. “Nossa missão principal é a de ser um museu aberto e da colaboração que transforma as histórias de vida de qualquer indivíduo ou organização em uma fonte de conhecimento, compreensão e conexão entre as pessoas e os povos. É um legado distintivo da história do país, que dá prioridade para a transformação cultural e social”.

Antecedentes

Emiliano Polcaro conta que o trabalho com o Museu da Pessoa remonta a um primeiro contato, em 2012, quando ele visitou o museu em São Paulo pela primeira vez. “Como psicólogo clínico, o trabalho com a memória, a história e o esquecimento e a perspectiva social foi inovador para mim”, comenta.

Entre 2013 e 2014 eles começaram formalmente com a ideia de formar uma Rede Internacional de Museus da Pessoa, somando-se às iniciativas já existentes nos Estados Unidos, Canadá e Portugal. (O museu foi criado em 1991 em São Paulo; em 1999 ganhou um núcleo na Universidade do Minho; em 2001, na Universidade de Indiana, e em 2003 no Centro Histórico de Montreal)

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Emiliano Polcaro no curso na Universidade de Belgrano (Foto: Georgina García)

Polcaro passou então a participar de uma série de formações desenvolvidas pela equipe do museu no Brasil, como os cursos Tecnologia Social da Memória (2014), Espaços de Memória e Cultura (2015) e Mediação Cultural e Inovação Social (2016). O Edital IberCultura de Intercâmbio, segundo ele, “foi a chave para começar a concretizar a ideia”.

Para a implantação da iniciativa em Buenos Aires, a estratégia pensada foi a de formar 20 pessoas na metodologia de trabalho proposta pela museu, para disseminar a ideia e encontrar os primeiros colaboradores e multiplicadores desta modalidade. “Foi realmente um êxito”, afirma. “Realizamos o edital, apoiados pelo Ministério de Cultura da Argentina, conseguimos uma série de inscritos e selecionamos os 20 perfis que mais se aproximaram da nossa busca. A seleção foi um sucesso, os participantes estavam muito entusiasmados”.

Participação ativa

A atividade foi aberta no dia 8 de novembro com uma palestra aberta e gratuita para a comunidade. Depois se deu o início formal ao curso com os 20 participantes. O programa incluiu, entre outros temas, um desenvolvimento teórico sobre os princípios da metodologia social da memória, uma aula prática para a realização de entrevista, o trabalho de catalogação de documentos fotográficos, objetos significativos, e como encerramento, uma atividade em que tivessem que gravar, editar e socializar uma história de vida.

Karen Worcman, diretora presidente do Museu da Pessoa (Foto: Georgina García)

Karen Worcman, diretora presidente do Museu da Pessoa (Foto: Georgina García)

A diretora-presidente do Museu da Pessoa do Brasil, Karen Worcman, ministrou as aulas e manifestou grande satisfação com o resultado e a produção dos participantes. “O grupo se envolveu e participou ativamente, produziu histórias lindíssimas de amor, imigração, superação, da vida cotidiana, provocando boas reflexões sobre o valor das histórias de vida como ferramenta de formação da memória social e de um patrimônio cultural”, afirmou.

Posteriormente, nos dias 11 e 12 de novembro, um grupo mais reduzido, de nove integrantes, recebeu uma capacitação mais específica, voltada para a administração e gestão do museu na Argentina. O material gerado durante e depois do curso deve ser o primeiro a entrar na página web do Museu da Pessoa Argentina (www.museodelapersona.org), ainda em construção.

Neste 30 de novembro, às 17h30, Emiliano Polcaro apresentará a oficina “A história de vida na organização” no 3° Encontro Nacional de Pontos de Cultura, no Centro Cultural San Martín, de Buenos Aires, como fruto do trabalho compartilhado até o momento com o Museu da Pessoa.

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Saiba mais:

www.museudapessoa.net

22

nov
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Mundo Puckllay e Pé no Chão: um intercâmbio cultural e pedagógico entre Peru e Brasil

Em 22, nov 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Fotos: Soile Heikkilä e Guillermo Vásquez

Mundo é um jogo infantil que ainda hoje em dia se pratica nos bairros, ruas e comunidades em vários pontos do mundo. Também conhecido em alguns lugares como “rayuela” (no Brasil, é “amarelinha”), faz alusão ao fato de ir avançando, rompendo fronteiras, ganhando espaços novos a partir do jogo, da alegria, da arte e da cultura.

Mundo é também um projeto de duas organizações – Puckllay (Peru) e o Grupo de Apoio Mútuo Pé no Chão (Brasil) –, interessadas em enlaçar as experiências artísticas, pedagógicas e comunitárias que cada uma vem desenvolvendo de maneira permanente e intensiva em seus respectivos lugares. A população infantil e juvenil em situação de risco é o público-alvo em ambas as experiências.

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O projeto, um dos premiados no Edital IberCultura Viva de Intercâmbio, edição 2015, propõe um intercâmbio artístico e pedagógico, buscando desta maneira ampliar os horizontes e o olhar de seus jovens participantes, fortalecendo-os e enriquecendo assim sua experiência.

A  primeira etapa de Mundo consistiu em um intercâmbio cultural e pedagógico para o qual se trasladou do Peru a Recife (Brasil) uma equipe de 12 pessoas, entre artistas, participantes e educadores. Do lado do Pé no Chão  participaram aproximadamente 50 pessoas. Este primeiro intercâmbio teve uma duração de 10 dias, tempo para que ambas as organizações pudessem se conhecer, aprender um do outro, trocar saberes e experiências.

“Os dias transcorreram entre ritmos de tambores, danças afro-brasileiras, sons peruaníssimos de zampoñas, sikuris, marinera, waylarsh, e sons de diablos. Além disso, houve oficinas de capoeira, acrobacia e máscaras”, conta Anabelí Pajuelo, diretora geral de Puckllay.

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Seguindo a dinâmica de trabalho de Pé No Chão, os encerramentos das oficinas contaram com rodas de conversa e avaliação, em que os participantes e educadores fizeram uma revisão das conquistas, dos problemas e acontecimentos da jornada. As oficinas se deram principalmente na zona limítrofe das comunidades de Arruda e Santo Amaro. Os ensaios e primeiros encontros foram na Praça do Carmo, em Olinda.

Os espaços

As apresentações artísticas foram realizadas em diferentes espaços. Um deles foi o Festival Eco da Periferia, na Praça do Diário, que Pé no Chão vem impulsando e recuperando há vários anos e que consiste na intervenção de um espaço que sofre uma problemática séria de delinquência e prostituição. Pé no Chão chega com seu mar de crianças e jovens e eles tomam o espaço público com ritmos de tambores e danças afro-brasileiras, dando-lhe outras energia e cara. Desta vez, Puckllay também esteve para tomar a praça.

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Duas salas teatrais também receberam apresentações. No caso de Puckllay, o Teatro Apolo. Ali, durante o Festival Cenas Cumplicidades, o grupo apresentou “Caminhos”, uma obra testimonial de teatro, música e dança que conta a história de como se formou a comunidade onde os jovens peruanos cresceram. Por sua parte, Pé no Chão apresentou a obra “Lili” no Teatro Barreto Junior. “Lili” quer dizer raiz e fala dos meninos e meninas como a raiz na construção de uma sociedade, além de fazer uma alusão à identidade. O espetáculo é fruto de um intercâmbio artístico com Karim e Abou Konaté, dois artistas griô de Burkina Faso, na África.  

Os jovens de Puckllay se alojaram nas comunidades onde vivem os jovens e crianças com que Pé no Chão trabalha. “A ideia foi poder aproximar mais os garotos e garotas da realidade em que vivem dia a dia e fazer a experiência muitíssimo mais enriquecedora”, comenta Anabelí. A Casa de Pé no Chão, localizada na comunidade de Campo Grande, como a pequena sede na comunidade de Arruda, para guardar materiais pedagógicos, são consideradas pontos de apoio para executar o trabalho maior. As oficinas e atividades se realizam nas ruas, favelas e bairros, os quais vêm a ser os espaços prioritários onde se encontram os meninos, meninas, adolescentes e jovens com que Pé no Chão trabalha.

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A pedagogia

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A pedagogia aplicada nas oficinas de Puckllay (“jogue” em quéchua) é uma experiência de aprendizagem para ambas as partes, professor e aluno, inspirada nas teorias do pedagogo brasileiro Paulo Freire. Em Puckllay se ensina aprendendo e se aprende ensinando. Vinculados à esperança de transformação social com arte e educação, a pedagogia de Puckllay propôe respeitar a diferença e o ritmo de cada um.

A filosofia de ensino que impulsa Pé no Chão tem um nome – a educação de rua – e um objetivo: apagar o estereótipo de que todas as crianças da rua não têm perspectivas de vida.  Pé no Chão tem o sonho de ajudar na formação e na educação de suas vidas.

“A viagem que Pé no Chão e Puckllay têm empreendido juntos é uma intenção, uma busca, uma convicção”, afirma Anabelí. “Ambas as organizações somos Puntos de Cultura em seus respectivos países e trabalhamos essencialmente com a linguagem da arte, a arte que é um direito fundamental. Porque te permite expressar, ser livre e pensar um mundo melhor para todos e todas.  O objetivo é reivindicar os espaços de nossos meninos e meninas como raiz de sua identidade, de suas ações e de sua vida. Só rompendo nossas fronteiras e irmanando nossas possibilidades poderemos construir um mundo mais possível, mais humano e solidário para todos e todas”.

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Reencontro

Enquanto se encontravam em pleno intercâmbio, Puckllay completou 12 anos de existência. Chegou a esta idade com três turmas de formados e com uma escola de arte na comunidade que viu o grupo nascer, que vem se construindo aos poucos e cujo coração é um palco ao redor do qual gravitam todas as suas atividades.

IMG_20161103_134519Graças ao prêmio de IberCultura Viva, eles puderam conhecer o Pé no Chão, um grupo com o dobro da idade e que em muitas maneiras lhes inspira, reflete e também questiona. “Estamos profundamente agradecidos pela oportunidade de ter podido vivenciar a experiência de um projeto tão potente e tão inserido em sua problemática e sua gente, tão genialmente integrado em sua mais profunda essência, como é o Pé no Chão”, comenta Anabelí.

“Voltamos à nossa terra, às nossas famílias, ao nosso projeto, à nossa selva de meninos e meninas… Desde Recife e seu terremoto de tambores e ritmos brasileiros, de sua intensidade, sua grandeza e suas tragédias também, temos olhado para nosso país e não sentimos em absoluto as distâncias. Somos parte de um continente e de uma mesma luta, nos unem os mesmos problemas e as mesmas necessidades, nos une a mesma capacidade de sobreviver e resistir com criatividade e alegria. Agora cabe a nós preparar o cenário para receber o Pé no Chão, porque há que seguir fazendo caminho e contribuir para a construção deste Mundo possível para todos e todas.”

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21

nov
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Representantes de 17 países participarão do 1º Encontro de Redes IberCultura Viva

Em 21, nov 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Representantes de governos, redes e organizações sociais que desenvolvem políticas culturais de base comunitária de 17 países ibero-americanos estarão reunidos na Argentina de 30 de novembro a 3 de dezembro para o 1° Encontro de Redes IberCultura Viva. Serão quatro dias de trabalho sobre as temáticas de participação social e cooperação, marco normativo para as políticas culturais, mapas e indicadores e formação para as políticas culturais de base comunitária no âmbito ibero-americano. As atividades serão realizadas no Centro Cultural San Martín, em Buenos Aires, durante o 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura, organizado pelo Ministério de Cultura da Argentina.

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Emiliano Fuentes Firmani em reunião do Comitê Intergovernamental (Foto: Prensa MCJ)

“Esperamos com muito entusiasmo o 1º Encontro de Redes IberCultura Viva e celebramos que ele acompanhe o 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura de Argentina”, afirma Emiliano Fuentes Firmani, secretário executivo da Unidade Técnica do IberCultura Viva. “Cada espaço de encontro e intercâmbio que conseguimos produzir fortalece os processos de cooperação e contribui para estimular o fortalecimento das políticas culturais de base comunitária e o vínculo entre os governos e nossa cultura viva”.

Os participantes serão distribuídos em grupos de trabalho simultâneos nos primeiros três dias do evento. Um grupo se dedicará ao tema “Participação social e cooperação cultural”; outro a “Legislação para as políticas culturais de base comunitária”, e o terceiro, dividido em dois momentos, sobre a construção de mapas e indicadores e sobre a formação para as políticas culturais de base comunitária. O quarto dia será dedicado à 5ª Reunião do Comitê Intergovernamental IberCultura Viva, formado pelos representantes de governos dos países membros do programa (Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, El Salvador, Espanha, México, Peru, Paraguai e Uruguai).

Além das mesas temáticas, os convidados poderão acompanhar parte da programação do Encontro Nacional de Pontos de Cultura, como a mostra artística das organizações locais, e conhecer algumas experiências bem-sucedidas de cultura de base comunitária nos países ibero-americanos. Entre elas, as propostas desenvolvidas por Thydewá (Brasil), Red de Mujeres Rurales (Costa Rica), Asociación TNT – Tiempos Nuevos Teatro (El Salvador), Casa Tomada (El Salvador-España), e Microcine Chaski (Peru).

As experiências

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Red de Mujeres Rurales de Costa Rica: autonomia e soberania alimentar

A Red de Mujeres Rurales de Costa Rica, que em 2016 completou 10 anos, é um espaço organizativo que articula mulheres camponesas e indígenas em defesa de seus interesses e direitos. Autonomia e soberania alimentar são dois temas prioritários para a rede, que coordena cursos, oficinas e capacitações em vários pontos do país, especialmente no que se refere às sementes nativas, o direito humano à alimentação e a equidade de gênero. Matilde Gómez Bolaños será a representante da rede costa-riquenha no encontro em Buenos Aires.

De El Salvador estará Walter Romero, da Asociación Tiempos Nuevos Teatro (TNT), uma organização nascida em 1993, nas montanhas de um departamento historicamente excluído, Chalatenango, e que ali permanece depois de 23 anos. E a partir dali, um povoado de 1.300 habitantes, projeta-se como uma referência de arte comunitária para a América Latina, montando obras de reconhecidos dramaturgos e espetáculos de criação coletiva, inspirados na realidade cotidiana.

Outra experiência desenvolvida em El Salvador que estará presente no encontro é a Casa Tomada, um espaço de criação, produção e pesquisa impulsado pelo Centro Cultural Espanha em San Salvador. Blanca Lidia Cerna Serpas falará deste sistema de gestão baseado no intercâmbio em espécie, em troca de serviços, com vistas a promover a criação colaborativa, multidisciplinar e transversal para a busca de significados coletivos e a construção de identidade.

Sebastián Gerlic é presidente da Thydewá

Sebastián Gerlic é presidente da Thydewá

Do Brasil estará Sebastián Gerlic, um dos fundadores da Thydewá, organização responsável por um Pontão de Cultura (Esperança da Terra) em Olivença, Bahia. Criada em 2002, Thydêwá nasceu de um coletivo formado por indígenas de Alagoas, Bahia e Pernambuco, dois paranaenses, uma gaúcha, um baiano, um chileno e um argentino. Seu objetivo é “promover a consciência planetária, valendo-se do diálogo intercultural, da valorização da diversidade e das culturas tradicionais”. Entre os principais projetos realizados pela ONG estão a rede Índios On-Line, a Oca Digital e a série de livros “Índios na visão dos índios”.

Pelo Peru, Magno Ortega Huasacca apresentará o Ponto de Cultura Microcine Chaski Ayacucho. Esse proyecto de cinema comunitário realizado pelo Grupo Chaski foi formado para realizar projeções de filmes e um cine-fórum com conteúdos sociais, culturais e educativos; descentralizando as atividades para os bairros vizinhos. A equipe de gestão do microcine é integrada por cinco jovens empreendedores, que estão se formando como gestores culturais de cinema para o desenvolvimento e gestão de microempresas culturais sustentáveis.

O evento também contará com representantes de redes e organizações como Caja Lúdica (Guatemala), Museu da Maré (Brasil), Walabis (Honduras), Caracol (Belize), Guanared (Costa Rica), Red Salvadoreña de Cultura Viva Comunitaria (El Salvador) e Red de Cultura Viva Comunitaria de Medellín e Valle de Aburrá (Colômbia).

(Imagen em destaque: Encuentro Federal de la Palabra en Tecnópolis, abril de 2014. Foto: Romina Santarelli / Secretaría de Cultura de la Presidencia de la Nación)

Leia também:

Buenos Aires será la sede del 1º Encuentro de Redes IberCultura Viva

19

nov
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Termina em Rapa Nui a “Oficina comunitária de criação cinematográfica para crianças”

Em 19, nov 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Com a apresentação do curta-metragem “A história do rei Hotu Matu’a” no Dia da Língua Rapa Nui, chegou ao fim na Ilha de Páscoa (Chile) a segunda etapa da “Oficina comunitária de criação cinematográfica intercultural com e para crianças”. O projeto, um dos premiados no Edital IberCultura Viva de Intercâmbio, edição 2015, teve sua primeira etapa em Valparaíso de 17 a 25 de outubro.

“A história do rei Hotu Matu’a” foi realizado por meninas e meninos da ilha, com diálogos em sua língua originária e legendas em espanhol. O curta narra a chegada dos primeiros moradores a Te Pito ou Te Henua (“O umbigo do mundo”, nome antigo de Rapa Nui ou Ilha de Páscoa) desde a terra de Hiva, assim como o nascimento da primera pessoa na ilha e o conflito entre o rei Hotu Matu’a e seu irmão Oroi, que termina com a morte deste último.

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A apresentação foi no Colégio Lorenzo Baeza Vega, num estande preparado especificamente para isso, sob a coordenação da professora Vianca Díaz Tucki. “O curta teve uma recepção muito boa. Foi apresentado várias vezes durante o dia e em cada uma delas a equipe recebeu muitos elogios do público, de todas as idades”, afirma o cineasta Eduardo Bravo Macías, do coletivo mexicano Cinematequio, que divide o projeto com os chilenos Museo Fonck e Grupo Tacitas.

A ideia era apresentá-lo no dia 4 de novembro, junto aos festejos do Dia da Língua, mas o clima acabou adiando a comemoração. “Durante quatro dias choveu sem parar, o que nos obrigou a reprogramar a gravação de algumas cenas. Da mesma maneira, a chuva fez com que a celebração do Dia da Língua passasse do dia 4 para o dia 8, o que nos permitiu completar as cenas”, conta Eduardo.

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As crianças

Participaram do curta-metragem 28 crianças, entre 5 e 14 anos, principalmente alunos do Colégio Lorenzo Baeza Vega, ainda que também tenham participado crianças de outras escolas. Além disso, o grupo contou com a presença do coro do colégio para a gravação do hino “I’he a Hotu Matu’a”.

A equipe técnica mirim foi comandada por Tomás Ignacio Lorca Navarrete na direção,  enquanto a fotografia ficou a cargo de Walter Darío Durán; e o som direto, por Isabella Vaikaranga Reyes Pakarati e Ro-Iti Francisca Pate Paoa.

O elenco contou, entre outros, com Renga Kio Pate Teao como narradora, Mautu’u Henua Icka Otero como o rei Hotu Matu’a, Maho Rangi Ko Rangi Atan Hotu como Oroi, e Nohorangüi Tuki Rioroko Petero como um dos sete exploradores.

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“Para a escrita do roteiro, consultamos diferentes especialistas locais buscando contrastar a versão mais conhecida do relato, documentada por Sebastián Englert, com a versão viva na tradição oral da própria comunidade, e acabamos dando prioridade a esta última. Nossos assessores foram Moiko Teao Hotu, Mike Pate Haoa e Niso Tucki Tepano”, ressalta o cineasta mexicano.

Ao terminar a etapa en Rapa Nui, Eduardo Bravo regressou a Valparaíso e à Escola Carabinero Pedro Cariaga, onde foi realizada a primeira oficina do projeto no Chile. Ali, junto a Marcos Moncada, do Grupo Tacitas, cogestor do projeto, a equipe apresentou o curta gravado em Rapa Nui, assim como o gravado pelas crianças da comunidade mapuche de Valparaíso (“Nguillatún”). “Em ambas as escolas nos falaram da intenção e do interesse em dar continuidade ao projeto”, comenta Eduardo.

A carta de Valparaíso

Em 14 de novembro eles assinaram a “Carta de Valparaíso”, em que definem as características e os fins que devem ter os curtas-metragens realizados eminentemente por crianças, com a metodología de Cinematequio, em criação coletiva e comunitária com base nos relatos da tradição oral.  Assinaram a carta Eduardo Bravo Macías (Cinematequio), Marcos Alonso Moncada Astudillo (Comunidad Lircay), Vicente Tureo Arratia (professor intercultural mapuche), Alexis Antinao Valenzuela (encarregado do Departamento de Povos Originários do Conselho Regional de Valparaíso). Ficaram pendentes as assinaturas de Tania Basterrica, do Grupo Tacitas, e Cecilia Hormozabal Araki, de Maohi ou Rapa Nui.

“Esta carta define as bases para continuar e fortalecer a rede de cooperação e criação conjunta de conteúdos culturais entre Chile e México a partir de nossos coletivos”, afirma o cineasta mexicano, que desde 2013 encabeça o coletivo Cinematequio ao lado da escritora e professora Alejandra Domínguez Sánchez. Suas oficinas, baseadas no trabalho comunitário, a solidariedade e o compromisso, iniciados no México e agora também no Chile, buscam a (re)valorização do patrimônio cultural imaterial que constituem os contos, mitos, lendas, relatos da tradição oral e as línguas originárias.

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 Fazer cinema é, sim, coisa de crianças

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17

nov
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Encontro de Pontos de Cultura da Argentina reunirá referências da cultura comunitária

Em 17, nov 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

logo-encontro-maiorO 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura de Argentina será realizado no Centro Cultural San Martín (Sarmiento, 1551, Buenos Aires) de 30 de novembro a 2 de dezembro. Serão três dias de conferências, capacitações, oficinas, fóruns regionais e de redes, grupos de trabalho temáticos, mostras de produções artísticas e espetáculos.

As atividades buscam consolidar o trabalho de articulação dos Pontos de Cultura, e propor espaços de formação e reflexão acerca das práticas das organizações de cultura comunitária e da gestão cultural. Na Argentina, a Rede Nacional de Pontos de Cultura conta com 650 organizações, que se dedicam a potenciar o desenvolvimento artístico, comunicacional, produtivo e a valorização da identidade local.

Durante o encontro também será realizado o 1º Encontro de Redes IberCultura Viva, com a presença de mais de 30 convidados de 17 países ibero-americanos.

Buenos Aires. 24 de mayo de 2016 - En la "Casa Central de la Cultura" en la villa 21-24, se lanzó el programa "Puntos de Cultura" 2016 Fotos: Mauro Rico/ Ministerio de Cultura de la Nación.

(Foto: Mauro Rico/ Ministerio de Cultura de la Nación)

Primeiro dia

A programação começa na quarta-feira, 30 de novembro, às 9h, com uma apresentação sobre políticas de cultura viva comunitária  e o Programa Pontos de Cultura. Para as 11h30 está prevista uma conferência do historiador Célio Turino, um dos impulsores do programa Cultura Viva e dos Pontos de Cultura no Brasil.

Das 14h30 às 17h, a programação está destinada a representantes de Pontos de Cultura que busquem desenvolver estratégias de fortalecimento para seus projetos comunitários. As oficinas são simultâneos, em espaços distintos, e abordam as seguintes temáticas: “Gestão cultural das organizações”, “Como gestar a personalidade jurídica”,  “Apresentação de projetos culturais”, “Registro audiovisual”, “Sistematização de experiências comunitárias” e “Como armar sua oficina de Entrelaçando Experiências”. (Entrelaçando Experiências é uma iniciativa dos Pontos de Cultura para o intercâmbio de saberes)

Das 17h30 às 20h haverá duas oficinas de economia colaborativa e sobre a metodologia do Museu da Pessoa, e conversas sobre “A relação com o Estado e a autodeclaração como Ponto de Cultura” e “Qual é o impacto de nosso trabalho?”, além de espetáculos e mostra de produções dos Pontos.

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Segundo dia

A quinta-feira, 1º de dezembro, começa com as seguintes mesas de exposições das 9h às 11h: “Cultura, território e desenvolvimento”, “Movimento de Cultura Viva Comunitária”, “Cultura e participação cidadã”, “Identidades, saberes comunitários e diversidade cultural”, “Cultura e comunicação”, “Descolonização e despatriarcalização”, “Arte e transformação social”, “Cultura e economia social” e “Direitos culturais”.

Às 11h30 serão abertos os fóruns, com uma apresentação sobre a experiência da Comissão Nacional de Pontos de Cultura no Brasil e a metodologia do trabalho em rede. Em seguida vêm os fóruns regionais e os fóruns temáticos, a partir das 14h30: “Coletivos de comunicação popular”, “Coletivos artísticos, grupos de teatro comunitário, expressões de carnaval”, “Centros culturais independentes e autogestivos”, “Bibliotecas populares, clubes sociais e esportivos e espaços educativos” e “Coletivos de diversidade”.

Dois bate-papos estão previstos para as 17h30: “Qual é o impacto de nosso trabalho?” e “Relação com o Estado e a autodeclaração como Ponto de Cultura”. Às 19h30 tem a conferência “Redes e Cultura Viva Comunitária”, e às 20h30, a mostra e os espetáculos artísticos.

Caravana CVC durante o I Congresso Nacional de Cultura Viva Comunitária. Foto: Oliver Kornblihtt

(Foto: Oliver Kornblihtt)

Terceiro dia

A sexta-feira, 2 de dezembro, estará dedicada a experiências ibero-americanas de Cultura Viva Comunitária, abordando as temáticas “criatividade comunitária”, “criação coletiva” e “trabalhos de identidade”. Propostas de criatividade e criação coletiva também estão programadas para este dia, além de fóruns regionais e apresentações de produções de Pontos de Cultura. Um festival cultural comunitário encerra a programação do encontro nacional no Galpão de Catalinas (Benito Pérez Galdós 93).

Entre os palestrantes do encontro estão Enrique Avogadro, secretário de Cultura e Criatividade do Ministério da Cultura da Argentina; Victor Vich, pesquisador e professor da Universidade Católica do Peru; e Iván Nogales, sociólogo boliviano fundador do Teatro Trono e Comunidad de Productores en Artes (Compa).

Também estão na programação a socióloga Marisa Revilla Blanco, professora na Universidade Complutense de Madrid; Francisco Benítez, coordenador geral do Programa de Economia das Culturas e Produção Cultural do Instituto de Cultura do Chaco; Benjamín González Pérez, gestor cultural, professor e fundador da Fábrica de Artes y Oficios (FARO) de Oriente na Cidade do México; e Carolina Wajnerman, psicóloga especialista em arte-terapia, integrante de Mujertrova, Colectivo FindeUNmundO y Artecipación.

Saiba mais: https://encuentropdc.cultura.gob.ar.

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