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Comitê Intergovernamental discute participação da sociedade civil no programa
Em 30, out 2015 | Em Notícias | Por IberCultura
A participação da sociedade civil no âmbito do programa IberCultura Viva foi o principal tema do segundo dia de reunião do Comitê Intergovernamental, nesta quinta-feira (29), durante o II Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em San Salvador (El Salvador). Representantes do Brasil, Costa Rica, El Salvador, Espanha e Paraguai discutiram durante a manhã a criação de uma instância que funcione como um espaço de diálogo com a sociedade civil.
Foi proposto o estabelecimento de um grupo de trabalho intersetorial, com a participação de representantes do Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, do programa IberCultura Viva, de governos municipais e estaduais, além de parlamentares. Esse grupo deve garantir o equilíbrio de representação das diferentes regiões da Ibero-América e da diversidade de condições, levando em conta gênero, etnia, faixa etária. Aos países que ainda não estão tão próximos do processo, foi sugerida a realização de ações que levem ao conhecimento do programa, em parceria com instituições afins.
Tal grupo de trabalho se dedicará ao avanço de políticas de cultura de base comunitária não apenas nos países membros do programa, e sim em toda a região, buscando a articulação com outros programas e foros de cooperacão ibero-americanos. A ideia é promover ao menos uma reunião anual, contando inicialmente com cinco representantes da sociedade civil.
Encontro com as redes
À noite, a proposta foi levada ao Auditório de Economia da Universidade de El Salvador, onde o Comitê Intergovernamental se encontrou com o Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, a rede centro-americana Maraca, os ganhadores da categoria 2 do Edital de Intercâmbio e boa parte da delegação brasileira.
Em tom informal, a conversa foi conduzida por três membros do Comitê Intergovernamental que vieram dos movimentos de Cultura Viva Comunitária de seus países: Fresia Camacho (Costa Rica), Alexandre Santini (Brasil) e César Pineda (El Salvador). “Isso é algo bastante singular e significativo”, observou Santini, diretor da Cidadania e Diversidade Cultural do MinC. “Não estamos tratando de ‘funcionários’, e sim de companheiros que nos conhecemos há tempos e viemos neste caminho, nesta construção, juntos com os que aqui estão.”
Lembrando que a existência do programa IberCultura Viva é uma consequência do movimento da sociedade civil, Santini e Fresia ressaltaram a importância dos dois encontros anteriores nesta construção: o 1º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em La Paz (Bolívia), em 2013, e o 6º Congresso Ibero-americano de Cultura, que teve como tema as culturas vivas comunitárias, em San José (Costa Rica), em 2014.
“IberCultura Viva nasce do protagonismo, da participação. Não faz sentido um programa como este sem uma instância de articulação orgânica com a sociedade civil no processo de construção”, afirmou o diretor da Cidadania e Diversidade Cultural do MinC.
A recepção foi bastante positiva. Foram vários os comentários e sugestões, vindos de gente da Bolívia, da Costa Rica, do Brasil, da Argentina, da Guatemala… O boliviano Ivan Nogales destacou que o mais importante não é o fundo, e sim o que está em jogo. “O forte está no potencial da mesa de participação, da corresponsabilidade”, disse. A costarriquenha Carolina Picado Pomarth enfatizou a necessidade de fortalecimento de redes locais, da articulação local para o diálogo com outras instâncias. O brasileiro Aderbal Ashogun sugeriu a inclusão de políticas específicas para os povos originários e de periferia “que evidenciem as resistências contemporâneas”.
Delegação brasileira
Antes do encontro no Auditório de Economia, à tarde, Alexandre Santini esteve reunido com a delegação brasileira na Universidade de El Salvador, numa roda no jardim, onde todos se apresentaram e contaram um pouco de seus trabalhos. Ele adiantou um pouco da conversa que teria mais tarde com as redes sobre o IberCultura Viva e apresentou a proposta do Comitê Intergovernamental para a participação da sociedade civil no programa.
“Se hoje existe uma instância intergovernamental de Cultura Viva é porque a sociedade civil está há anos se organizando na América Latina para criar um repertório comum”, ressaltou. “IberCultura Viva é um programa para pensar a relação entre essas politicas, como um país pode orientar o outro, inspirar na formulação de políticas, na criação de campanhas comuns, seja por orçamento, por leis nacionais (…) É preciso pensar numa outra dimensão, que é a da mobilidade, da circulação e da articulação dessas iniciativas.”
Por um orçamento justo e uma Lei Nacional de Cultura
Em 29, out 2015 | Em Notícias | Por IberCultura
O terceiro dia do 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária começou com a marcha dos coletivos salvadorenhos. Cerca de 1.000 pessoas, a maioria representantes das Casas da Cultura, saíram da Universidade de El Salvador rumo à Assembleia Legislativa, na manhã desta quinta-feira (29/11), pedindo um orçamento justo e a aprovação de uma Lei Nacional de Cultura.
A mobilização para que se destine às organizações comunitárias 0,1% do orçamento nacional é uma das apostas políticas mais importantes do movimento de Cultura Viva que vem ganhando o continente. A campanha foi aprovada no 1º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em La Paz (Bolívia), em maio de 2013.
Tendo em conta que a Unesco recomenda a todos os países membros que destinem à cultura pelo menos 1% do orçamento nacional, as redes latino-americanas de Cultura Viva consideram que no mínimo 0,1% desse montante deve ser reservado às atividades das organizações comunitárias.
Pela necessidade de uma política de Estado
Em artigo incluído no livro Cultura Viva Comunitaria: Convivência para o bem comum, lançado durante o congresso em El Salvador, Marlen Argueta e Alan Barrera citam as razões pelas quais a Rede Salvadorenha de Cultura Viva Comunitária defende a intervenção do Estado para que 1% do orçamento nacional vá para a Cultura, e 0,1% para a Cultura Viva Comunitária. São quatro:
1) “A cultura é indicador da importância que o Estado dá a sua população como força livre, criativa e protagonista de sua história. Em uma sociedade como a salvadorenha, em que prevalecem outras urgências e necessidades, a criatividade do povo e os espaços livres da cultura não se reproduzem de maneira automática. É necessário que sejam estimulados.
2) Deve-se cumprir o preceito constitucional que, em seu Art. 1º, estabelece que é obrigação do Estado assegurar aos habitantes da República o gozo da cultura, e de seu Art, 53, que estabelece que a cultura é inerente ao ser humano e, portanto, o Estado a tem como obrigação e finalidade primordial. Daí a intervenção pública. Não tanto para que o Estado assuma a Cultura Viva Comunitária, e sim para que proporcione os espaços e as ferramentas que permitam aos cidadãos se converterem em agentes culturais plenos, em um processo de diálogo e intercâmbio permanente.
3) Acreditamos que a Cultura Viva Comunitária é a única possibilidade real para resistir às pandillas (gangues, facções) que acossam nossos jovens nos bairros e de oferecer outros horizontes de vida.
4) Apelamos à ideia de que o que é público exercemos todos e todas, e que nesse sentido, também somos protagonistas das grandes decisões deste país.”
Leia também:
Cultura Viva Comunitaria en El Salvador – Riqueza en desarrollo, por Marlen Argueta e Alan Barrera
Una ley de cultura para enriquecer la identidad y el desarrollo humano de los salvadoreños
Visitas às comunidades marcam o segundo dia do Congresso de El Salvador
Em 29, out 2015 | Em Notícias | Por IberCultura
Fotos: Zulma Masi
San Miguel, Jiquilisco, Sonsonate, Chalatenango, San Vicente, Cacaopera e Segundo Montes foram alguns dos povoados/municípios de El Salvador visitados pelos participantes do 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária ao longo desta quarta-feira (28).
Nove circuitos foram organizados para que os congressistas conhecessem a realidade das comunidades salvadorenhas e o trabalho que vem sendo desenvolvido pelas Casas da Cultura Viva Comunitária. Os integrantes do Comitê Intergovernamental do programa IberCultura Viva fizeram a “rota da memória histórica”: Jiquilisco, San Miguel e El Mozote.
A primeira parada, na cidade de Jiquilisco, foi ao som das mañanitas de la chanchona de Los Tabales de Eriguayquín. O grupo também havia se apresentado um dia antes em San Salvador, colocando boa parte da plateia para dançar no palco do Teatro Nacional, na abertura oficial do congresso. Comidas típicas, como “corazas”, “totopostes” e “honradas”, foram servidas na Casa da Cultura Vila Comunitária, uma das 155 Casas da Cultura do país, reinaugurada há dois meses.
Na segunda cidade, San Miguel, a visita começou pelo Teatro Luis Poma, que estava em ruínas e vem sendo restaurado há cinco anos. Em seguida, na praça central, apresentaram-se uma banda de meninas (a Lolotique, hoje Ponto de Cultura) e um grupo de dança folclórica. Atores de um grupo de teatro local, o Chapeltique, também fizeram uma performance no coreto da praça, vestidos e pintados de branco, como estátuas.
O circuito terminou no Sítio Histórico de El Mozote, onde houve um dos maiores massacres contra civis da história recente da América Latina. Em 11 dezembro de 1981, durante a guerra civil salvadorenha, cerca de mil pessoas foram assassinadas ali. Homens, mulheres, crianças.
Sobreviventes como María Dorila Márquez, que perdeu os pais, a irmã grávida, os sobrinhos e a maior parte da família do marido, lutam até hoje por justiça. “Sabemos quem foi. Há depoimentos de soldados que contam com detalhes o que fizeram com as crianças. E nunca ninguém pagou por isso”, contou Dorila, hoje presidenta da Associação Promotora dos Direitos Humanos de El Mozote.
Dezenas de congressistas homenagearam as vítimas do massacre de El Mozote entregando rosas e acendendo velas no memorial onde estão os nomes (e os restos mortais) de muitos deles.
Cerimônia no Teatro Nacional dá início ao 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em El Salvador
Em 28, out 2015 | Em Notícias | Por IberCultura
Foto: Abraham Vargas
Delegações da América Latina e do Caribe lotaram o Teatro Nacional de El Salvador para assistir às apresentações do Ballet Folclórico Nacional, do Coro Presidencial e do grupo Los Tabales de Ereguayquin, na abertura oficial do 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, na noite desta terça-feira (27/10), em San Salvador.
Antes das apresentações, subiram ao palco o secretário de Cultura da Presidência de El Salvador, Ramón Rivas, e a presidente da Assembleia Legislativa, Lorena Peña, que também é secretária de Arte e Cultura do FMLN, partido do presidente eleito em 2014, Salvador Sánchez Cerén.
Ramón Rivas lembrou que o encontro — organizado pela sociedade civil, com o apoio do governo — parte da perspectiva de que há um espaço comum aos latino-americanos e que é preciso “nos conhecermos e reconhecermos”. “Esta é uma festa de intercâmbio internacional que ajudará a sentar as bases para unificar os esforços políticos e sociais em torno de uma cultura mais integradora, solidária e inclusiva, que tanto necessitamos em nosso continente”, afirmou o secretário.
Lorena Peña, por sua vez, falou do projeto de “desenvolvimento humano com justiça social” que o governo de Sánchez Cerén pretende levar adiante, da importância das políticas públicas no que diz respeito à cultura, do empoderamento, da confiança nas próprias capacidades.
“El Salvador ainda está nas fraldas no que se refere aos processos de Cultura Viva Comunitária. Temos grandes expectativas de aprender com vocês, com suas experiências criativas e organizativas”, ressaltou Lorena. “É preciso provocar uma mudança de mentalidade, ressignificar a história, dar um novo sentido ao futuro de El Salvador. Para isso, os processos de Cultura Viva Comunitária são fundamentais.
Depois do Ballet Folclórico Nacional, foi a vez de Marlen Argueta e Iván Nogales falarem da importância do movimento que vem ganhando a América Latina nos últimos dez anos. Ela, referindo-se à Rede Salvadorenha de Cultura Viva Comunitária, organizadora do congresso. Ele, ao Teatro Trono e à Comunidade de Produtores em Artes (Compa), que vêm construindo uma nova história na Bolívia, sede do primeiro Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária.
Ao final, quando Los Tabales de Ereguayquín passaram o chapéu para a plateia, chamando o público para o baile, faltou lugar no palco para tanta gente. Quase todo mundo quis subir lá para dançar com os salvadorenhos. “Yo soy un pobre negrito/ que vengo de nicho en nicho,/ vengo a celebrar la pascua/ a mi padre San Benito”…
Antes do espetáculo, a festa começava do lado de fora do Teatro Nacional…
(Fotos: Abraham Vargas)
Monsenhor Romero, o profeta que guia os caminhos dos salvadorenhos
Em 27, out 2015 | Em Notícias | Por IberCultura
Foto: Jairo Castrillón Roldán
Uma homenagem ao Monsenhor Romero (1917-1980) marcou o início do 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, nesta terça-feira (27/11), em San Salvador. Antes da abertura oficial do evento, no Teatro Nacional, dezenas de congressistas foram à Catedral Metropolitana para visitar a cripta do arcebispo e conhecer um pouco da história de “San Romero de América”.
Considerado um “santo contemporâneo”, “símbolo de amor e esperança”, “o profeta que guia os caminhos dos salvadorenhos”, Óscar Arnulfo Romero foi assassinado no fim da tarde de 24 de março de 1980. Levou um tiro no coração enquanto celebrava uma missa para 50 pessoas na capela do Hospital Divina Providência. Todos os indícios apontaram para o diretor do serviço secreto militar como mentor intelectual do crime. O major, no entanto, nunca foi julgado por isso.
E por que mataram um arcebispo em um país tão católico como El Salvador?
No artigo “Monsenhor Romero: crônica de uma morte anunciada” (Revista Cultura, ed. 144), Juan José Tamayo destaca que Romero era um sacerdote conservador, “obediente a Roma”, mas sensível às injustiças sociais do pequeno país centro-americano. Tamayo lembra que a fidelidade ao Vaticano fez Romero ser nomeado arcebispo de San Salvador em 1977, mas o contato com a realidade produziu mudanças profundas.
“O que desencadeou sua transformação foi o assassinato de Rutilio Grande, jesuíta comprometido com a conscientização dos pobres na aldeia camponesa de Alguilares, onde a terra estava na mão de uns poucos e a maioria da população vivia em situação de pobreza extrema”, explica Tamayo. “Se assassinaram Rutilio pelo que ele fez, tenho que seguir o mesmo caminho. Rutilio me abriu os olhos”, teria dito o arcebispo, que a partir daquele momento nunca mais deixou de levantar a voz contra o governo e a classe dominante.
E vieram o assassinato de outros sacerdotes, os massacres contra civis. Romero denunciava os abusos do governo, condenava a violência do Exército contra os líderes políticos, religiosos e sindicais, defensores dos direitos humanos e críticos do sistema repressor. Não tinha o apoio do Vaticano, vivia sob a ameaça permanente do Exército, mas não se calava. “Com Monsenhor Romero, Deus passou por El Salvador”, dizia Ignacio Ellacuría, teólogo assassinado em 1989.
Um mês antes de ser morto, Monsenhor Romero escreveu uma carta ao então presidente norte-americano, Jimmy Carter, em que criticava o apoio dos Estados Unidos ao governo de El Salvador. A gota d’água, no entanto, veio num domingo, em 23 de março de 1980. Durante a homilia na Catedral, o arcebispo leu uma longa lista de nomes. Eram as vítimas da violência da semana anterior. Ao terminar, dirigindo-se ao governo, ao Exército, e especialmente aos soldados, pediu que deixassem de matar seus concidadãos. “Nenhum soldado é obrigado a obedecer uma ordem contra a lei de Deus.”
No dia seguinte, um oficial do Exército classificou como “delito” a homilia do arcebispo. E nesse mesmo dia, enquanto celebrava a eucaristia num hospital de San Salvador, Monsenhor Romero caiu baleado atrás do altar. Seu funeral foi acompanhado por cerca de 150 mil pessoas. Como bem disse o bispo Pedro Casaldáliga: “San Romero de América, nosso pastor e mártir, ninguém calará sua última homilia”.
Congresso deve reunir mais de 500 pessoas nos cinco dias de cultura viva em El Salvador
Em 15, out 2015 | Em Notícias | Por IberCultura
Mais de 500 pessoas provenientes de redes, coletivos e entidades culturais da América Latina e do Caribe são esperadas no II Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que será realizado na cidade de San Salvador (El Salvador) de 27 a 31 de outubro de 2015. Serão cinco dias de espetáculos, festivais, debates, palestras, reuniões, feiras e oficinas.
O objetivo do encontro, que tem como tema “Convivência para o bem comum”, é fortalecer os processos de cultura viva comunitária, conscientizando sobre a necessidade de modelos de políticas públicas que afiancem e multipliquem essas iniciativas na região. O evento busca favorecer o intercâmbio de experiências e avançar no cumprimento dos acordos multissetoriais estabelecidos no I Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em La Paz, Bolívia, em maio de 2013, e no VI Congresso Ibero-americano de Cultura, realizado em San José, Costa Rica, em abril de 2014.
As atividades do congresso vão se concentrar na Universidade de El Salvador. A inauguração será no Teatro Nacional, localizado no centro histórico de San Salvador, com a presença do presidente da República, Salvador Sánchez Ceren. O espetáculo de encerramento se dará no Parque Cuscatlán. Também estão previstas visitas a círculos de experiências em Sonsonate, Morazán, Chalatenango, Cuscatlán, San Vicente, Cabañas, San Miguel e Ahuachapán.
Cenário
A realização do II Congresso na América Central foi decidida na Bolívia, na edição anterior. El Salvador, o país escolhido como sede do evento, vem impulsando ações, intensificando, promovendo e iniciando processos articuladores em rede em volta da cultura viva comunitária. Uma das iniciativas incluídas no plano governamental é a criação do Ministério da Cultura de El Salvador como a instituição retora da política de Estado para o desenvolvimento artístico e cultural. “Impulsar a cultura como direito, fator de coesão e identidade e força transformadora da sociedade” é um dos objetivos do Plano Quinquenal de Desenvolvimento (2014-2019) proposto pelo governo de Salvador Sánchez Cerén.
Para a Rede Salvadorenha de Cultura Viva Comunitária, o II Congresso Latino-americano é a continuidade de um processo de articulação continental desenvolvido ao largo dos últimos 15 anos, com a intenção de fortalecer e dar visibilidade às experiências culturais de base comunitária, que transformam o espaço público e o exercício da democracia na América Latina.
Como define o documento que contem as conclusões do Congresso de La Paz, cultura viva comunitária “é um movimento continental de arraigo comunitário, local, crescente e convergente que assume as culturas e suas manifestações como um bem universal e pilar efetivo do desenvolvimento humano. Também é uma luta, um esforço pela conquista de políticas públicas construídas a partir das pessoas”.
Balanço
Em maio de 2013, participaram do I Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária mais de 1.200 pessoas, representando coletivos de 18 países da América Latina e do Caribe. Entre eles estavam representantes de entidades de cultura viva comunitária, ministros, prefeitos, secretários de cultura e parlamentares de vários países.
O evento permitiu a realização de um balanço da cultura viva comunitária nos países da região, deixando clara a necessidade de dar continuidade a estes espaços para a consolidação de redes de trabalho conjunto que gerem e articulem políticas públicas de caráter local, regional, nacional e internacional. Mais de 300 propostas artísticas, coletivos e organizações culturais comunitárias compartilharam em La Paz suas boas práticas e modelos de gestão.
Saiba mais: www.cvcelsalvador.cc
Agenda de atividades do II Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária
Terça-feira, 27/10
. Caravanas nacionais e internacionais de Cultura Viva Comunitária
. Intervenções criativas no Centro Histórico de San Salvador
. Evento de inauguração do congresso no Teatro Nacional de San Salvador
Quarta-feira, 28/10
. Círculos de intercâmbio de experiências: Morazán, Chalatenango, Cuscatlán, San Vicente y Cabañas
. Oficinas de Cultura Viva Comunitária facilitados por Maraca
Quinta-feira, 29/10
. Palestras sobre CVC
. Reuniões de funcionários públicos e legisladores
. Círculos de reflexão
. Festival artístico
Sexta-feira, 30/10
. Encontros de redes (Salvadorenha, Maraca y CLCVC)
. Círculos de reflexão
. Festival artístico
. Marcha à Assembleia Legislativa para levar proposta
Sábado, 31/10
Encerramento:
. Marcha pela Diversidade Cultural e a Cultura Viva Comunitária
. Feira para a promoção artesanal, gastronômica e criativa das comunidades
. Espetáculo de encerramento no Parque Cuscatlán
. Socialização de acordos multissetoriais
. Socialização do manifesto
Últimos dias de inscrições para caravana centro-americana
Em 15, out 2015 | Em Notícias | Por IberCultura
Termina sábado (17/10) o prazo de inscrição para a caravana da América Central que o Movimento Juvenil de Arte Comunitária Mesoamérica (Maraca) organizou para a participação de uma delegação no 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em San Salvador.
A caravana centro-americana sairá da Costa Rica rumo a El Salvador no dia 24 de outubro e voltará em 2 de novembro. Haverá paradas na Nicarágua, no dia 25. A chegada a San Salvador está prevista para o fim da tarde do dia 26. Por US$ 245, os participantes terão direito a alimentação, hospedagem e transporte. O valor não inclui o pagamento da inscrição (US$ 20 para centro-americanos e US$ 35 para latino-americanos.
Mais informações: https://bit.ly/1NJEACa.
Sai a lista de selecionados para a caravana brasileira rumo a El Salvador
O programa IberCultura Viva anunciou os nomes dos selecionados na convocatória que apoia a participação de uma delegação brasileira no 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. Os 20 primeiros colocados receberão passagens aéreas para San Salvador (El Salvador), onde o encontro será realizado entre os dias 27 e 31 de outubro. Caso haja disponibilidade orçamentária, os classificados na sequência também serão contemplados (a depender da cotação dos preços das passagens). Não serão oferecidas diárias nem qualquer outra forma de auxílio financeiro. Todas as demais despesas de viagem são de responsabilidade do candidato.
1 – André Fernandes Gomes de Souza (Agência de Notícias das Favelas)
2 – Afonso Fernando Alves de Oliveira (Pontão de Cultura Canavial)
3 – Damiana de Sousa Campos (Ponto de Cultura Seu Duchim/ Instituto Rosa e Sertão)
4 – Iara Aparecida Ferreira (Ponto de Cultura Estrela Guia)
5 – Geová Alves da Silva (GT de Integração Latino-americano)
6 – Patrícia de Matos Silva (Circuito Universitário de Cultura e Arte da UNE)
7 – Claudio José Moreira da Silva (Ponto de Cultura Orquestra do Sertão)
8 – Marcio Bello dos Santos (Tambores do Tocantins)
9 – Isabel Cristina Alves (Ponto de Cultura Caminhos)
10 – Mestre Alcides de Lima (Ponto de Cultura Amorim Rima/Ceaca)
11 – Karen Cristina Rocha Valentim (Coletivo Flores do Brasil)
12 – Ivone Chagas Belém Donato (Associação Instituto João Donato de Preservação e Difusão Artística e Cultural)
13 – Carla Taís dos Santos (Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé)
14 – Leandro Artur Anton (Quilombo do Sopapo)
15 – Elisabete Aparecida Dias da Silva (Superando)
16 – Hamilton Richard Alexandrino Ferreira Dos Santos (Nação Hip Hop Brasil)
17 – Vera Cristina Santos e Silva de Athayde (OCA- Escola Cultural)
18 – Marcelo Ricardo Ferreira (Ponto de Cultura Nina)
19 – Luciano Gomes Botelho (Associação Coreográfica Hibridus Cia. de Dança)
20 – Maria dos Anjos (Ponto de Cultura Olho do Tempo)
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21 – Nil Aureni Marques da Silva (Grupo Scenario)
22 – Francisco Antonio Vieira (Ponto de Cultura Nos Trilhos do Teatro)
23 – Ana Carolina Cassiolato Barão (Jornalistas Livres)
24 – Luiz Cleber Alves Moreira (Associação dos Amigos do América na Baixada Fluminense)
25 – Jairo Basilio Araldi (Coletivo Sem Nome Aty Saso)
26 – Fernando Oliveira Silva (Caiçaras)
27 – Diana Iliescu (TV UNE)
28 – Vânia Cristina Feitosa (Cine a Vapor Produções)
29 – Fabio Kossmann (Casa Cuca)
30 – Aline Cecilia Sosa (MNB2J e ACANNE)
Juca Ferreira: “A Rede Cultura Viva é um avanço enorme”
Em 06, out 2015 | Em Notícias | Por IberCultura
No dia em que a Constituição da República Federativa do Brasil completou 27 anos, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, lembrou que ainda falta muito para que o povo brasileiro tenha garantido, de fato, “o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional”, como prevê o artigo 215 do documento promulgado em 5 de outubro de 1988. “Cabe ao Ministério da Cultura fazer avançar esses direitos”, afirmou o ministro, citando os Pontos de Cultura como parte importante desse processo, uma vez que representam o empoderamento da base da sociedade. “O MinC, isoladamente, vai até certo ponto. Junto com as organizações culturais, tem a possibilidade de ir muito mais longe.”
E foi pensando em passos bem mais largos que o ministério, por meio da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC), lançou nesta segunda-feira (05/10) a plataforma da Rede Cultura Viva (culturaviva.gov.br). Várias atividades foram realizadas durante todo o dia no Memorial Darcy Ribeiro, na Universidade de Brasília. Entre elas, mesas de debates sobre mídia livre, cultura LGBT e economia viva. À noite, a solenidade de lançamento contou com a presença do ministro e de convidados como a deputada federal Jandira Feghali, autora do projeto da Lei Cultura Viva, e representantes de Pontos de Cultura de várias partes do Brasil.
Reivindicação antiga dos grupos culturais de base comunitária, a nova plataforma permite que entidades e coletivos se autodeclarem Pontos de Cultura, o que possibilitará o mapeamento e a valorização das ações desenvolvidas pela sociedade civil. A ferramenta criada em software livre, além de abarcar o Cadastro Nacional de Pontos e Pontões de Cultura (instituído pela Lei Cultura Viva, em 2014), terá um ambiente de rede, facilitando a troca de informações, produtos e serviços.
“Essa rede é um avanço enorme porque até hoje chamávamos de Pontos de Cultura apenas os grupos que, através de editais, tinham acesso a um financiamento do ministério”, destacou Juca Ferreira. “Como não temos recursos suficientes para financiar todos os que se enquadram na categoria, é um erro chamar de Ponto de Cultura somente os que vencem os editais. Quando o ministério passa a considerar todos os que fazem um trabalho cultural relevante para a comunidade há pelo menos dois anos, sem fins lucrativos, possivelmente estamos falando em 100 mil organizações e grupos culturais em todo o território brasileiro.”
Tendo em conta que a base da cultura brasileira é ampla, vasta e diversificada, a Rede Cultura Viva não apenas possibilitará, nas palavras do ministro, “a conexão dessa diversidade, sem intermediários”, mas também a visibilidade – e o empoderamento – desse conjunto diverso.
Além do financiamento
“Estamos criando uma política pública para além do financiamento. Ou seja, o Ministério da Cultura está criando uma moeda simbólica, que tem lastro e trabalha com o incomensurável, que é a cultura”, ressaltou Ivana Bentes, secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC, durante a cerimônia de lançamento da rede.
Lembrando um debate realizado pouco antes sobre economia solidária (“a economia viva, do axé, das festas”), Ivana disse que o programa Cultura Viva quer disputar o conceito de economia (“não da escassez, e sim da abundância”) com outra moeda, a partir de outros valores. “Estamos começando um diálogo importante a partir da articulação da base da economia solidária com a base dos Pontos de Cultura.”
Segundo ela, é dessa maneira, pensando em mecanismos de integração, que se passa a entender economias muito distintas – como a dos terreiros de candomblé, dos quilombos, das aldeias indígenas. “Essa economia da vida não distingue vida de trabalho. O trabalho é a vida, a vida é o trabalho, a vida é produtiva. (…) O reconhecimento do Minc desse fazer cultural, a autodeclaração dos Pontos de Cultura, é também a constituição, a criação e a expansão de uma ampla rede de proteção para a cultura.”
Ivana Bentes acredita que a rede trará uma nova escala para o programa Cultura Viva. “Não vamos mais falar em 4 mil Pontos de Cultura financiados pelo Estado. Serão 10 mil, 20 mil, 30 mil, 100 mil. A gente vai articular, construir, dar visibilidade nesse espelho virtual que é a rede, para a dimensão incomensurável da cultura. E de forma mais concreta também, fazer um mapa, uma cartografia dos Pontos de Cultura.”
Para a secretária, a ferramenta tem a missão de colocar a política pública em outro patamar. “É o reinício do programa, com a autodeclaração ampliando, trazendo os ‘desorganizados’, os que ainda não passaram por essa relação com o Estado, para fazer politica com a gente. Estamos pensando numa rede de colaboração, de troca de informação, de conhecimento, num entendimento novo do que é recurso. Hoje, quem tem recurso é quem tem parceria, quem tem infraestrutura, não se trata simplesmente de financiamento.”
Leia também:
Ministro Juca Ferreira lança Plataforma da Rede Cultura Viva
Assista ao vídeo em que o ministro fala sobre a rede
MinC lança plataforma que permite a autodeclaração dos Pontos de Cultura
Em 05, out 2015 | Em Notícias | Por IberCultura
O Ministério da Cultura, por meio da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC/MinC), lança hoje (05/10) a Plataforma da Rede Cultura Viva. A ferramenta permite que entidades e coletivos culturais de todo o país se autodeclarem Pontos de Cultura, sendo assim reconhecidos pelo governo brasileiro.
O lançamento será marcado por uma série de atividades no Memorial Darcy Ribeiro, o Beijódromo, na Universidade de Brasília (UnB), das 10h às 20h. A solenidade com a presença do ministro da Cultura, Juca Ferreira, está prevista para as 19h.
A plataforma, que abarca o Cadastro Nacional dos Pontos de Cultura, possibilitará o mapeamento, o estímulo e a valorização das ações culturais desenvolvidas por organizações da sociedade civil. A ideia é criar um ambiente de rede, de trocas de experiências, serviços, conhecimentos e informações.