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27

out
2015

Em Notícias

Por IberCultura

Monsenhor Romero, o profeta que guia os caminhos dos salvadorenhos

Em 27, out 2015 | Em Notícias | Por IberCultura

Foto: Jairo Castrillón Roldán

Uma homenagem ao Monsenhor Romero (1917-1980) marcou o início do 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, nesta terça-feira (27/11), em San Salvador. Antes da abertura oficial do evento, no Teatro Nacional, dezenas de congressistas foram à Catedral Metropolitana para visitar a cripta do arcebispo e conhecer um pouco da história de “San Romero de América”.

Considerado um “santo contemporâneo”, “símbolo de amor e esperança”, “o profeta que guia os caminhos dos salvadorenhos”, Óscar Arnulfo Romero foi assassinado no fim da tarde de 24 de março de 1980. Levou um tiro no coração enquanto celebrava uma missa para 50 pessoas na capela do Hospital Divina Providência. Todos os indícios apontaram para o diretor do serviço secreto militar como mentor intelectual do crime. O major, no entanto, nunca foi julgado por isso.

E por que mataram um arcebispo em um país tão católico como El Salvador?

A cripta na Catedral Metropolitana: o monumento de bronze que cobre os restos mortais de Romero, com 2,50m x 1,80m, foi feito pelo escultor italiano Paolo Borghi

No artigo “Monsenhor Romero: crônica de uma morte anunciada” (Revista Cultura, ed. 144), Juan José Tamayo destaca que Romero era um sacerdote conservador, “obediente a Roma”, mas sensível às injustiças sociais do pequeno país centro-americano. Tamayo lembra que a fidelidade ao Vaticano fez Romero ser nomeado arcebispo de San Salvador em 1977, mas o contato com a realidade produziu mudanças profundas.

“O que desencadeou sua transformação foi o assassinato de Rutilio Grande, jesuíta comprometido com a conscientização dos pobres na aldeia camponesa de Alguilares, onde a terra estava na mão de uns poucos e a maioria da população vivia em situação de pobreza extrema”, explica Tamayo. “Se assassinaram Rutilio pelo que ele fez, tenho que seguir o mesmo caminho. Rutilio me abriu os olhos”, teria dito o arcebispo, que a partir daquele momento nunca mais deixou de levantar a voz contra o governo e a classe dominante.

E vieram o assassinato de outros sacerdotes, os massacres contra civis. Romero denunciava os abusos do governo, condenava a violência do Exército contra os líderes políticos, religiosos e sindicais, defensores dos direitos humanos e críticos do sistema repressor. Não tinha o apoio do Vaticano, vivia sob a ameaça permanente do Exército, mas não se calava. “Com Monsenhor Romero, Deus passou por El Salvador”, dizia Ignacio Ellacuría, teólogo assassinado em 1989.

Um mês antes de ser morto, Monsenhor Romero escreveu uma carta ao então presidente norte-americano, Jimmy Carter, em que criticava o apoio dos Estados Unidos ao governo de El Salvador. A gota d’água, no entanto, veio num domingo, em 23 de março de 1980. Durante a homilia na Catedral, o arcebispo leu uma longa lista de nomes. Eram as vítimas da violência da semana anterior. Ao terminar, dirigindo-se ao governo, ao Exército, e especialmente aos soldados, pediu que deixassem de matar seus concidadãos. “Nenhum soldado é obrigado a obedecer uma ordem contra a lei de Deus.”

No dia seguinte, um oficial do Exército classificou como “delito” a homilia do arcebispo. E nesse mesmo dia, enquanto celebrava a eucaristia num hospital de San Salvador, Monsenhor Romero caiu baleado atrás do altar. Seu funeral foi acompanhado por cerca de 150 mil pessoas. Como bem disse o bispo Pedro Casaldáliga: “San Romero de América, nosso pastor e mártir, ninguém calará sua última homilia”.

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(Foto: Secretaria de Cultura da Presidência)

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15

out
2015

Em Notícias

Por IberCultura

Congresso deve reunir mais de 500 pessoas nos cinco dias de cultura viva em El Salvador

Em 15, out 2015 | Em Notícias | Por IberCultura

Mais de 500 pessoas provenientes de redes, coletivos e entidades culturais da América Latina e do Caribe são esperadas no II Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que será realizado na cidade de San Salvador (El Salvador) de 27 a 31 de outubro de 2015. Serão cinco dias de espetáculos, festivais, debates, palestras, reuniões, feiras e oficinas.

O objetivo do encontro, que tem como tema “Convivência para o bem comum”, é fortalecer os processos de cultura viva comunitária, conscientizando sobre a necessidade de modelos de políticas públicas que afiancem e multipliquem essas iniciativas na região. O evento busca favorecer o intercâmbio de experiências e avançar no cumprimento dos acordos multissetoriais estabelecidos no I Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em La Paz, Bolívia, em maio de 2013, e no VI Congresso Ibero-americano de Cultura, realizado em San José, Costa Rica, em abril de 2014.

As atividades do congresso vão se concentrar na Universidade de El Salvador. A inauguração será no Teatro Nacional, localizado no centro histórico de San Salvador, com a presença do presidente da República, Salvador Sánchez Ceren. O espetáculo de encerramento se dará no Parque Cuscatlán. Também estão previstas visitas a círculos de experiências em Sonsonate, Morazán, Chalatenango, Cuscatlán, San Vicente, Cabañas, San Miguel e Ahuachapán.  

Cenário

A realização do II Congresso na América Central foi decidida na Bolívia, na edição anterior. El Salvador, o país escolhido como sede do evento, vem impulsando ações, intensificando, promovendo e iniciando processos articuladores em rede em volta da cultura viva comunitária. Uma das iniciativas incluídas no plano governamental é a criação do Ministério da Cultura de El Salvador como a instituição retora da política de Estado para o desenvolvimento artístico e cultural. “Impulsar a cultura como direito, fator de coesão e identidade e força transformadora da sociedade” é um dos objetivos do Plano Quinquenal de Desenvolvimento (2014-2019) proposto pelo governo de Salvador Sánchez Cerén.

Para a Rede Salvadorenha de Cultura Viva Comunitária, o II Congresso Latino-americano é a continuidade de um processo de articulação continental desenvolvido ao largo dos últimos 15 anos, com a intenção de fortalecer e dar visibilidade às experiências culturais de base comunitária, que transformam o espaço público e o exercício da democracia na América Latina.

Como define o documento que contem as conclusões do Congresso de La Paz, cultura viva comunitária “é um movimento continental de arraigo comunitário, local, crescente e convergente que assume as culturas e suas manifestações como um bem universal e pilar efetivo do desenvolvimento humano. Também é uma luta, um esforço pela conquista de políticas públicas construídas a partir das pessoas”.

Balanço

Em maio de 2013, participaram do I Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária mais de 1.200 pessoas, representando coletivos de 18 países da América Latina e do Caribe. Entre eles estavam representantes de entidades de cultura viva comunitária, ministros, prefeitos, secretários de cultura e parlamentares de vários países.

O evento permitiu a realização de um balanço da cultura viva comunitária nos países da região, deixando clara a necessidade de dar continuidade a estes espaços para a consolidação de redes de trabalho conjunto que gerem e articulem políticas públicas de caráter local, regional, nacional e internacional. Mais de 300 propostas artísticas, coletivos e organizações culturais comunitárias compartilharam em La Paz suas boas práticas e modelos de gestão.

 

Saiba mais: www.cvcelsalvador.cc

Agenda de atividades do II Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária

Terça-feira, 27/10

. Caravanas nacionais e internacionais de Cultura Viva Comunitária

. Intervenções criativas no Centro Histórico de San Salvador

. Evento de inauguração do congresso no Teatro Nacional de San Salvador

Quarta-feira, 28/10  

. Círculos de intercâmbio de experiências: Morazán, Chalatenango, Cuscatlán, San Vicente y Cabañas

. Oficinas de Cultura Viva Comunitária facilitados por Maraca

Quinta-feira, 29/10

. Palestras sobre CVC

. Reuniões de funcionários públicos e legisladores

. Círculos de reflexão

. Festival artístico

Sexta-feira, 30/10

. Encontros de redes (Salvadorenha, Maraca y CLCVC)

. Círculos de reflexão

. Festival artístico

. Marcha à Assembleia Legislativa para levar proposta

Sábado, 31/10

Encerramento:

. Marcha pela Diversidade Cultural e a Cultura Viva Comunitária

. Feira para a promoção artesanal, gastronômica e criativa das comunidades

. Espetáculo de encerramento no Parque Cuscatlán

. Socialização de acordos multissetoriais

. Socialização do manifesto

 

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15

out
2015

Em Notícias

Por IberCultura

Últimos dias de inscrições para caravana centro-americana

Em 15, out 2015 | Em Notícias | Por IberCultura

Termina sábado (17/10) o prazo de inscrição para a caravana da América Central que o Movimento Juvenil de Arte Comunitária Mesoamérica (Maraca) organizou para a participação de uma delegação no 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em San Salvador.

A caravana centro-americana sairá da Costa Rica rumo a El Salvador no dia 24 de outubro e voltará em 2 de novembro. Haverá paradas na Nicarágua, no dia 25. A chegada a San Salvador está prevista para o fim da tarde do dia 26. Por US$ 245, os participantes terão direito a alimentação, hospedagem e transporte. O valor não inclui o pagamento da inscrição (US$ 20 para centro-americanos e US$ 35 para latino-americanos.

Mais informações: https://bit.ly/1NJEACa.

 

 

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09

out
2015

Em EDITAIS
Notícias

Por IberCultura

Sai a lista de selecionados para a caravana brasileira rumo a El Salvador

Em 09, out 2015 | Em EDITAIS, Notícias | Por IberCultura

O programa IberCultura Viva anunciou os nomes dos selecionados na convocatória que apoia a participação de uma delegação brasileira no 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. Os 20 primeiros colocados receberão passagens aéreas para San Salvador (El Salvador), onde o encontro será realizado entre os dias 27 e 31 de outubro. Caso haja disponibilidade orçamentária, os classificados na sequência também serão contemplados (a depender da cotação dos preços das passagens). Não serão oferecidas diárias nem qualquer outra forma de auxílio financeiro. Todas as demais despesas de viagem são de responsabilidade do candidato.

 

1 – André Fernandes Gomes de Souza (Agência de Notícias das Favelas)

2 – Afonso Fernando Alves de Oliveira (Pontão de Cultura Canavial)

3 – Damiana de Sousa Campos (Ponto de Cultura Seu Duchim/ Instituto Rosa e Sertão)

4 – Iara Aparecida Ferreira (Ponto de Cultura Estrela Guia)

5 –  Geová Alves da Silva (GT de Integração Latino-americano)

6 – Patrícia de Matos Silva (Circuito Universitário de Cultura e Arte da UNE)

7 – Claudio José Moreira da Silva (Ponto de Cultura Orquestra do Sertão)

8 – Marcio Bello dos Santos (Tambores do Tocantins)

9 – Isabel Cristina Alves (Ponto de Cultura Caminhos)

10 – Mestre Alcides de Lima (Ponto de Cultura Amorim Rima/Ceaca)

11 – Karen Cristina Rocha Valentim (Coletivo Flores do Brasil)

12 –  Ivone Chagas Belém Donato (Associação Instituto João Donato de Preservação e Difusão Artística e Cultural)

13 – Carla Taís dos Santos (Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé)

14 – Leandro Artur Anton (Quilombo do Sopapo)

15 – Elisabete Aparecida Dias da Silva (Superando)

16 – Hamilton Richard Alexandrino Ferreira Dos Santos (Nação Hip Hop Brasil)

17 – Vera Cristina Santos e Silva de Athayde  (OCA- Escola Cultural)

18 – Marcelo Ricardo Ferreira  (Ponto de Cultura Nina)

19 – Luciano Gomes Botelho (Associação Coreográfica Hibridus Cia. de Dança)

20 – Maria dos Anjos (Ponto de Cultura Olho do Tempo)

***

21 –  Nil Aureni Marques da Silva  (Grupo Scenario)

22 – Francisco Antonio Vieira (Ponto de Cultura Nos Trilhos do Teatro)

23 – Ana Carolina Cassiolato Barão  (Jornalistas Livres)

24 – Luiz Cleber Alves Moreira (Associação dos Amigos do América na Baixada Fluminense)

25 – Jairo Basilio Araldi (Coletivo Sem Nome Aty Saso)

26 – Fernando Oliveira Silva  (Caiçaras)

27 – Diana Iliescu  (TV UNE)

28 – Vânia Cristina Feitosa (Cine a Vapor Produções)

29 – Fabio Kossmann (Casa Cuca)

30 – Aline Cecilia Sosa    (MNB2J e ACANNE)

06

out
2015

Em Notícias

Por IberCultura

Juca Ferreira: “A Rede Cultura Viva é um avanço enorme”

Em 06, out 2015 | Em Notícias | Por IberCultura

No dia em que a Constituição da República Federativa do Brasil completou 27 anos, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, lembrou que ainda falta muito para que o povo brasileiro tenha garantido, de fato, “o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional”, como prevê o artigo 215 do documento promulgado em 5 de outubro de 1988. “Cabe ao Ministério da Cultura fazer avançar esses direitos”, afirmou o ministro, citando os Pontos de Cultura como parte importante desse processo, uma vez que representam o empoderamento da base da sociedade. “O MinC, isoladamente, vai até certo ponto. Junto com as organizações culturais, tem a possibilidade de ir muito mais longe.”

E foi pensando em passos bem mais largos que o ministério, por meio da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC), lançou nesta segunda-feira (05/10) a plataforma da Rede Cultura Viva (culturaviva.gov.br). Várias atividades foram realizadas durante todo o dia no Memorial Darcy Ribeiro, na Universidade de Brasília. Entre elas, mesas de debates sobre mídia livre, cultura LGBT e economia viva. À noite, a solenidade de lançamento contou com a presença do ministro e de convidados como a deputada federal Jandira Feghali, autora do projeto da Lei Cultura Viva, e representantes de Pontos de Cultura de várias partes do Brasil.

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Autoridades e representantes de Pontos de Cultura de várias partes do Brasil compareceram à cerimônia de lançamento da rede. Fotos: Oliver Kornblihtt e Bernardo Guerreiro

Reivindicação antiga dos grupos culturais de base comunitária, a nova plataforma permite que entidades e coletivos se autodeclarem Pontos de Cultura, o que possibilitará o mapeamento e a valorização das ações desenvolvidas pela sociedade civil. A ferramenta criada em software livre, além de abarcar o Cadastro Nacional de Pontos e Pontões de Cultura (instituído pela Lei Cultura Viva, em 2014), terá um ambiente de rede, facilitando a troca de informações, produtos e serviços.

“Essa rede é um avanço enorme porque até hoje chamávamos de Pontos de Cultura apenas os grupos que, através de editais, tinham acesso a um financiamento do ministério”, destacou Juca Ferreira. “Como não temos recursos suficientes para financiar todos os que se enquadram na categoria, é um erro chamar de Ponto de Cultura somente os que vencem os editais. Quando o ministério passa a considerar todos os que fazem um trabalho cultural relevante para a comunidade há pelo menos dois anos, sem fins lucrativos, possivelmente estamos falando em 100 mil organizações e grupos culturais em todo o território brasileiro.”

Tendo em conta que a base da cultura brasileira é ampla, vasta e diversificada, a Rede Cultura Viva não apenas possibilitará, nas palavras do ministro, “a conexão dessa diversidade, sem intermediários”, mas também a visibilidade – e o empoderamento – desse conjunto diverso.

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O ministro Juca Ferreira e a secretária Ivana Bentes entre os convidados que lotaram o Memorial Darcy Ribeiro, na Universidade de Brasília

Além do financiamento

Estamos criando uma política pública para além do financiamento. Ou seja, o Ministério da Cultura está criando uma moeda simbólica, que tem lastro e trabalha com o incomensurável, que é a cultura”, ressaltou Ivana Bentes, secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC, durante a cerimônia de lançamento da rede.

Lembrando um debate realizado pouco antes sobre economia solidária (“a economia viva, do axé, das festas”), Ivana disse que o programa Cultura Viva quer disputar o conceito de economia (“não da escassez, e sim da abundância”) com outra moeda, a partir de outros valores. “Estamos começando um diálogo importante a partir da articulação da base da economia solidária com a base dos Pontos de Cultura.”

Segundo ela, é dessa maneira, pensando em mecanismos de integração, que se passa a entender economias muito distintas – como a dos terreiros de candomblé, dos quilombos, das aldeias indígenas. “Essa economia da vida não distingue vida de trabalho. O trabalho é a vida, a vida é o trabalho, a vida é produtiva. (…) O reconhecimento do Minc desse fazer cultural, a autodeclaração dos Pontos de Cultura, é também a constituição, a criação e a expansão de uma ampla rede de proteção para a cultura.”

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Representantes de Pontos de Cultura Indígenas também assistiram à solenidade

Ivana Bentes acredita que a rede trará uma nova escala para o programa Cultura Viva. “Não vamos mais falar em 4 mil Pontos de Cultura financiados pelo Estado. Serão 10 mil, 20 mil, 30 mil, 100 mil. A gente vai articular, construir, dar visibilidade nesse espelho virtual que é a rede, para a dimensão incomensurável da cultura. E de forma mais concreta também, fazer um mapa, uma cartografia dos Pontos de Cultura.”

Para a secretária, a ferramenta tem a missão de colocar a política pública em outro patamar. “É o reinício do programa, com a autodeclaração ampliando, trazendo os ‘desorganizados’, os que ainda não passaram por essa relação com o Estado, para fazer politica com a gente. Estamos pensando numa rede de colaboração, de troca de informação, de conhecimento, num entendimento novo do que é recurso. Hoje, quem tem recurso é quem tem parceria, quem tem infraestrutura, não se trata simplesmente de financiamento.”

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E tudo terminou em festa, com a participação de artistas como Martinha do Coco (D)

 

Leia também:

Ministro Juca Ferreira lança Plataforma da Rede Cultura Viva

Assista ao vídeo em que o ministro fala sobre a rede

 

05

out
2015

Em Notícias

Por IberCultura

MinC lança plataforma que permite a autodeclaração dos Pontos de Cultura

Em 05, out 2015 | Em Notícias | Por IberCultura

O Ministério da Cultura, por meio da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC/MinC), lança hoje (05/10) a Plataforma da Rede Cultura Viva. A ferramenta permite que entidades e coletivos culturais de todo o país se autodeclarem Pontos de Cultura, sendo assim reconhecidos pelo governo brasileiro. 

O lançamento será marcado por uma série de atividades no Memorial Darcy Ribeiro, o Beijódromo, na Universidade de Brasília (UnB), das 10h às 20h. A solenidade com a presença do ministro da Cultura, Juca Ferreira, está prevista para as 19h.

A plataforma, que abarca o Cadastro Nacional dos Pontos de Cultura, possibilitará o mapeamento, o estímulo e a valorização das ações culturais desenvolvidas por organizações da sociedade civil. A ideia é criar um ambiente de rede, de trocas de experiências, serviços, conhecimentos e informações.

 

01

out
2015

Em EDITAIS
Notícias

Por IberCultura

Programa divulga selecionados na categoria 2 do Edital IberCultura Viva de Intercâmbio

Em 01, out 2015 | Em EDITAIS, Notícias | Por IberCultura

 

edital-iberO Comitê Técnico do programa IberCultura Viva anunciou a lista de selecionados na categoria 2 do Edital de Intercâmbio, cujo prazo de inscrições terminou em 30 de agosto. Os premiados receberão US$ 2 mil para que possam participar do 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, em San Salvador (El Salvador), entre os dias 27 a 31 de outubro. Uma vez que foram habilitadas propostas de apenas 4 dos 10 países-membros do programa  (7 de Argentina, 13 do Brasil, 4 do Chile e 4 do Peru), as 10 premiações previstas no edital ficaram assim distribuídas: 3 para Argentina, 3 para Brasil, 2 para o Chile e 2 para o Peru.

Da Argentina, foram selecionadas Margarita Maria Cristina Palácio (Asociación de Mujeres La Colmena), Maria Olga Curipan (Ruka Kimun Mapuche) e Silvia Bove (Asociación Civil Chacras para Todos). Do Brasil, Jackeline Maria da Silva (Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso), Vitor Taveira Rocha (Programa Soy Loco Por Ti) e Thiago Dias Francisco (Instituto Invenção Brasileira). Do Chile, Karem Jorquera Apablaza (Centro Cultural Playa Ancha) e Jorge Benjamin Briones Reyes (Centro Comunitário Autogestionado Pátio Volantin). Do Peru, Leslie Noren Arribasplata Gonzáles (Cuatro Gatos AC) e Martin Hernán Adriazola Málaga (Casa Cultural Tambo de Bronce).

Informações aos interessados

 

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26

set
2015

Em EDITAIS
Notícias

Por IberCultura

Inscrições prorrogadas para Edital de Intercâmbio

Em 26, set 2015 | Em EDITAIS, Notícias | Por IberCultura

edital-iberFoi prorrogado até 20 de novembro o prazo de inscrições para as categorias 1 e 3 do Edital IberCultura Viva de Intercâmbio. Podem participar representantes de entidades e coletivos culturais dos 10 países membros do programa: Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, El Salvador, Espanha, México, Paraguai, Peru e Uruguai.

O edital tem como objetivo promover e fortalecer o intercâmbio entre agentes culturais ibero-americanos por meio da criação de redes (categoria 1) e de produtos feitos em conjunto por organizações da sociedade civil de dois ou mais países (categoria 3).

Serão destinados a cada uma das categorias US$ 10 mil (US$ 5 mil para o primeiro colocado, US$ 5 mil para o segundo). Interessados devem preencher os formulários de inscrição e enviá-los para o email edital.iberculturaviva@gmail.com.

Link edital

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Perguntas frequentes

 

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22

set
2015

Em EDITAIS
Notícias

Por IberCultura

IberCultura Viva lança convocatória para apoiar viagem de brasileiros a El Salvador

Em 22, set 2015 | Em EDITAIS, Notícias | Por IberCultura

O programa IberCultura Viva lançou convocatória para apoiar a participação de uma delegação brasileira no 2º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que será realizado em San Salvador (El Salvador), de 27 a 31 de outubro. Serão destinados R$ 200 mil em passagens aéreas para representantes de entidades e coletivos culturais.

Podem participar da convocatória brasileiros com mais de 18 anos, representantes de organizações da sociedade civil de todo o país. Cada Ponto de Cultura, entidade ou coletivo, poderá indicar apenas uma pessoa física como representante. As inscrições estão abertas de hoje (15) a 28 de setembro (até as 23h59, horário de Brasília). Serão considerados como data de inscrição o dia e o horário de envio on-line.

O formulário de inscrição está disponível no site da Organização dos Estados Ibero-americanos (www.oei.org.br). Além de preenchê-lo, o candidato deve enviar ao e-mail caravanaparaelsalvador@gmail.com os seguintes documentos: cópia de passaporte (com validade de no mínimo 90 dias após a viagem), portfólio apresentando a atuação do Ponto de Cultura, entidade ou coletivo ao qual está vinculado, e certificado de existência legal do Ponto de Cultura, entidade ou coletivo.

Para comprovar a existência legal da entidade, o representante pode enviar certificado de personalidade jurídica, documento de criação ou constituição legal (decretos, regulamentos, atas de reuniões, atos constitutivos, estatutos, inscrições em registros públicos, inscrições em fundações ou registros similares). No caso de coletivos culturais sem comprovante de personalidade jurídica, será admitido o envio de portfólio ou documentação que comprove a existência e a atuação regular da iniciativa.

Entre os critérios a serem avaliados estão a experiência em atividades culturais comunitárias e articulação de redes culturais em nível nacional e/ou internacional. Diversidade territorial, de âmbito de atuação, raça e gênero também serão levados em conta na seleção dos candidatos.

O comitê de avaliação será formado por representantes da Unidade Técnica do Programa IberCultura Viva, da Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural do MinC e do Escritório da Organização dos Estados Ibero-americanos em Brasília. O resultado final será divulgado em 5 de outubro. A classificação será por ordem de pontuação, obedecendo aos critérios previstos no edital.

Os recursos são oriundos do orçamento da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura. O número de passagens aéreas que serão compradas depende da cotação de preços. Não serão oferecidas diárias nem qualquer forma de auxílio financeiro. Todas as demais despesas de viagem são de responsabilidade do candidato.

Cerca de 1.200 pessoas foram ao Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária na Bolívia, em 2013

Cerca de 1.200 pessoas foram ao Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária na Bolívia, em 2013

As inscrições para o 2º Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária devem ser feitas por meio da plataforma digital criada especialmente para o evento: https://cvcelsalvador.cc. Nela estarão disponíveis informações sobre hospedagem, transportes, logística, etc. Interessados em propor conteúdos para cursos e debates também devem usar a plataforma para isso.

Com o tema “Convivência para o bem comum”, o encontro é organizado pela Red Salvadoreña de Cultura Viva Comunitaria, composta por 68 coletivos. Seu principal objetivo é fortalecer os processos de cultura viva comunitária, conscientizando sobre a necessidade de modelos de políticas públicas que multipliquem essas iniciativas na região.

O evento busca favorecer o intercâmbio de experiências e avançar no cumprimento dos acordos multissetoriais estabelecidos no 1º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que levou 1.200 pessoas de 17 países a La Paz (Bolívia), em maio de 2013, e no 6º Congresso Ibero-americano de Cultura, realizado em San José (Costa Rica), em abril de 2014.

Desta vez, os organizadores esperam receber entre 1.000 e 1.500 representantes de redes, coletivos e entidades culturais da América Latina e do Caribe para os cinco dias de espetáculos, reuniões, cursos e debates em San Salvador. As atividades vão se concentrar na Universidade de El Salvador. A abertura, no entanto, será no Teatro Nacional, com a presença do presidente da República, Salvador Sánchez Ceren.

Durante o encontro será realizada a terceira reunião presencial do Comitê Intergovernamental do programa IberCultura Viva, que terá como pauta principal a criação de mecanismos de participação da sociedade civil no âmbito do programa.

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21

set
2015

Em Artigos e publicações
Notícias

Por IberCultura

Cultura Viva e a construção de um repertório comum para as políticas culturais na América Latina

Em 21, set 2015 | Em Artigos e publicações, Notícias | Por IberCultura

Por Alexandre Santini

“Um fantasma vestido de palhaço percorre a América Latina: o fantasma da Cultura Viva Comunitária” (Ivan Nogales, teatrólogo boliviano)

Ao nos debruçarmos sobre o panorama das políticas culturais no continente latino-americano, nos confrontamos com a construção histórica do conceito de América Latina enquanto uma unidade política, territorial e cultural. Pensar a América Latina é uma tarefa complexa. O escritor argentino Jorge Luis Borges afirmou em uma entrevista:

“Os únicos europeus somos nós, os latino-americanos, que vemos a Europa como uma totalidade da qual nos sentimos herdeiros, enquanto ninguém na Europa se sente europeu, senão espanhol, francês, sueco ou alemão”.

Algo semelhante ocorre ao pensarmos a questão latino-americana. Para além de um olhar idealizado e utópico do “Sonho de Bolívar”, da América Latina como uma “pátria grande”, política e culturalmente homogênea, a realidade nos defronta com um continente heterogêneo, desigual quanto aos seus níveis de desenvolvimento, com âmbitos e perspectivas nacionais distintas e em alguns casos díspares, e com agudas contradições internas entre nossos países e nossos povos.

No entanto, podemos indagar quais seriam os elementos unificadores para uma narrativa comum da América Latina. Estes certamente existem. Questões históricas, políticas e culturais que nos unem, uma unidade linguística que abrange quase a totalidade dos países da região, mas sobretudo problemáticas comuns em questões políticas, sociais e culturais que incitam a procura por uma visão de conjunto. A unidade latino-americana é sobretudo um devir, um projeto político que dá norte e substância a um discurso, a uma construção histórica em desenvolvimento.

É neste contexto que experiências muito recentes de políticas culturais baseadas no conceito de “Cultura Viva Comunitária” em diversos países e cidades latino-americanas, inspiradas pelo Programa Cultura Viva e pelos Pontos de Cultura do Brasil, nos permitem identificar a construção de um repertório comum para se pensar as políticas culturais no contexto latino-americano, no que diz respeito à relação da cultura com temas como identidade, território e comunidade.

O Brasil no contexto latino-americano das políticas culturais: Cultura Viva

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Lançamento da Lei Cultura Viva em Brasília, em abril de 2015, com a presença de representantes de Pontos de Cultura de todo o Brasil. Foto: Janine Moraes

 

Historicamente, o Brasil esteve à margem de importantes processos políticos e culturais na América Latina. Seja pela barreira do idioma, pela herança colonial distinta, e pelas demais características que diferenciam o Brasil dos demais países do continente, a imagem de um país construído “de costas” para a região foi se construindo como metáfora geográfica de uma posição geopolítica. Embora a nossa história recente, em particular no que toca a instabilidade das instituições democráticas, interferência externa na condução das políticas econômicas, dependência comercial e cultural, tenha uma relação direta com o processo histórico da região, em termos de políticas de governo e estratégias de desenvolvimento econômico e social, o nosso país manteve uma relação distante e alheia às políticas desenvolvidas nos países latino-americanos. O panorama é o mesmo em relação às políticas públicas de cultura, que no Brasil, segundo Rubim(2011), são historicamente marcadas por “ausência, autoritarismo e instabilidade” (p.22) Para se ter uma ideia, o Ministério da Cultura, criado em 1985, teve 10 gestores diferentes nos primeiros 10 anos de existência do órgão, chegando mesmo a ser extinto e transformado em secretaria durante o governo Collor (1990-1992).

Esta realidade começou a mudar sensivelmente nos últimos 12 anos. A gestão do Ministério da Cultura de Gilberto Gil e Juca Ferreira durante o governo Lula possibilitou o florescimento de um amplo ecossistema de experiências sociais e culturais que, a partir da arquitetura de redes engendrada pelo Programa Cultura Viva e os Pontos de Cultura, ganharam visibilidade, escala e articulação nacional, possibilitando o surgimento de novos fluxos culturais no país. Em seu discurso de posse como ministro da Cultura, Gilberto Gil afirmou que sua gestão à frente do MinC faria:

“(…) uma espécie de ‘do-in’ antropológico, massageando pontos vitais, mas momentaneamente desprezados ou adormecidos, do corpo cultural do país. Enfim, para avivar o velho e atiçar o novo. Porque a cultura brasileira não pode ser pensada fora desse jogo, dessa dialética permanente entre a tradição e a invenção, numa encruzilhada de matrizes milenares, informações e tecnologias de ponta”(2003).

O Programa Cultura Viva foi criado em 2004, pela Portaria n. 156, de 06 de julho de 2004, sob a coordenação da atual Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC), do Ministério da Cultura (MinC), com a finalidade de fomentar e valorizar circuitos culturais já existentes por meio de ações de articulação, e do repasse de recursos para organizações da sociedade civil com ações culturais, denominadas pelo programa como Pontos de Cultura. Expressões da metáfora tropicalista do “do-in antropológico”, os Pontos de Cultura iriam massagear pontos vitais do corpo cultural do país.

O Cultura Viva tem como um de seus pressupostos adotar uma gestão compartilhada com o objetivo de estabelecer novos parâmetros de gestão e democracia entre Estado e sociedade. Cabe ressaltar que esta iniciativa de envolver novos e diversos atores na discussão das políticas culturais surgiu do executivo. No entanto, uma das características do programa é que ele promoveu a interação entre essas diversas organizações com perfis distintos por meio de redes, sejam elas presenciais ou virtuais, encontros seminários, fóruns regionais e nacionais, como os “encontros de conhecimentos livres” (2004 e 2005), as TEIAS regionais e nacionais (2006, 2007, 2008, 2010, 2013), além de inúmeros outros fóruns, encontros, seminários e congressos e demais iniciativas públicas ou autônomas que reúnem e articulam a rede de pontos de cultura no Brasil.

Um dos principais méritos da criação destes ambientes de interação política é que eles aludem – o que implica dizer que não o realizam plenamente – a processos de deliberação pública, espaços de acordo para tomada de decisões envolvendo o estado e representantes organizados da sociedade civil. Processos como este reconhecem, segundo a pesquisadora colombiana Luisa Fernanda Cano (2010).

“La importancia de la dimensión política de las políticas públicas, con la necesidad de reconocer en el diálogo y en los argumentos, el espacio por naturaleza para la construcción de lo público, para la deliberación frente las soluciones y las decisiones de política.”

Podemos dizer que este exercício esteve presente no processo de implementação do Programa Cultura Viva, ainda que a chamada “gestão compartilhada” seja ainda uma evocação, um caminho a ser construído, em meio às inúmeras dificuldades oriundas de um aparelho de estado formalista e burocratizado, que não está preparado para experiências de democratização, abertura e transparência da gestão pública.

Estas relações entre o público e o estatal, entre cultura e política, entre políticas públicas e espaços de organização autônoma da sociedade civil, presentes no Programa Cultura Viva, foram fundamentais para aproximar a experiência brasileira da realidade de outras cidades e países latino-americanos. O primeiro contato de agentes culturais latino-americanos com esta política desenvolvida no Brasil foi durante o Fórum Social Mundial realizado em Belém do Pará, no ano de 2009. Na ocasião, o Ministério da Cultura do Brasil organizou, em parceria com o Instituto Pólis (SP), uma mesa de diálogo intitulada “Pontos de Cultura: Políticas Públicas e Cidadania Cultural”, que reuniu uma centena de participantes, entre representantes de Pontos de Cultura do Brasil e de diversas organizações culturais comunitárias da América Latina.

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Participação de jovem liderança indígena no I Encontro de Juventude e Midialivrismo, no Rio de Janeiro, em maio de 2015. Foto: Bernardo Guerreiro

No mesmo ano, em Brasília, é criada a Articulação Latino-americana Cultura e Política (ALACP), que entre outras iniciativas subscreveu um projeto de lei apresentado ao parlamento do Mercosul pela então senadora brasileira Marisa Serrano, recomendando aos países membros do bloco a criação de um programa de Pontos de Cultura em escala regional. Diversas iniciativas de criação de legislações culturais e desenvolvimento de políticas públicas baseadas no conceito de Cultura Viva Comunitária começam a acontecer em cidades com Buenos Aires (Argentina), Medellin (Colômbia) e em países como Peru, Costa Rica e Guatemala.

Em 2010, um encontro na cidade de Medellín reuniu 100 organizações culturais comunitárias da América Latina que se articularam em uma rede continental denominada “Plataforma Puente Cultura Viva Comunitária”. Em maio de 2013, esta rede organizou o I Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária na cidade de La Paz, Bolívia, reunindo cerca de 1200 participantes de 17 países do continente. No ano de 2014, o Congresso Ibero-Americano de Cultura, organizado pela Secretaria Geral Ibero-Americana (Segib), que reúne os governos dos 21 países latino-americanos, além de Portugal e Espanha, acontecerá na Costa Rica tendo como tema central a “Cultura Viva Comunitária”.

As organizações e coletivos culturais comunitários são uma realidade em todo o continente latino-americano. Estima-se que são mais de 120 mil em todo o continente. sejam rádios, grupos de teatro, museus dos bairros, bibliotecas, festas populares, circo… Não existe nenhum lugar no continente, seja uma pequena cidade ou uma vila ou comunidade, onde não existam estes grupos ativos que, através do jogo, da criação cultural, da comunicação popular e das celebrações comunitárias, buscam sensibilizar o espaço público de seus territórios e convocar a participação coletiva. Mais de 200 milhões de latino-americanos participam destas atividades culturais comunitárias em repetidas ocasiões durante cada ano.

Definindo Cultura Comunitária

Caravana CVC durante o I Congresso Nacional de Cultura Viva Comunitária. Foto: Oliver Kornblihtt

Caravana CVC durante o I Congresso Nacional de Cultura Viva Comunitária, na Argentina. Foto: Oliver Kornblihtt

Organizações culturais comunitárias são aquelas que se definem por uma ação cultural, educacional e/ou de comunicação popular vinculada a um determinado território, que desenvolvem processos culturais permanentemente e não estão diretamente vinculadas ao âmbito estatal ou ao mercado de bens, produtos e serviços culturais. A autonomia em relação ao Estado, por sua vez, não prescinde de um processo de organização política autônoma entre si e junto a outros setores da sociedade, nem tampouco de uma incidência concreta juntos aos estados nacionais em busca de políticas públicas para o setor. Nas múltiplas experiências de Cultura Comunitária na América Latina, cabe destacar a valorização que as organizações envolvidas fazem do papel estratégico do Estado como agente implementador de políticas públicas.

No documento de convocatória ao I Congresso de Cultura Viva Comunitária, assinado pela rede Plataforma Puente (2013), fica clara a importância estratégica que o movimento atribui ao Estado, especialmente no que diz respeito ao financiamento da cultura e à adoção de mecanismos legais que reconheçam e apoiem as organizações culturais comunitárias:

“No continente, frente à indiferença dos sistemas instituídos da Cultura, os processos de articulação desses coletivos foram adquirindo um olhar comum; e nos últimos anos, essa visão se tornou mais nítida e provocadora. É que, sem importar a linguagem que cada iniciativa utiliza, todas compartilham seu caráter de expressões coletivas e culturais de uma sociabilidade distinta. Estas organizações, comuns e diferentes entre si, articuladas em rede, deram forma à Plataforma Ponte Cultura Viva Comunitária, que concentrou seus esforços em dar corpo a uma campanha continental que sinalize que estes grupos devem ser reconhecidos pela esfera estatal e serem objetos do apoio público e econômico dos seus governos. Como dizem seus documentos, “não desenvolvemos uma atividade privada, e sim uma vocação publica não estatal, que luta por outra vivência do espaço compartilhado”(…). Um olhar rápido sobre o trabalho desses grupos justifica a demanda; enquanto milhares de jovens de todos os bairros e subúrbios da América Latina encontram nestas iniciativas (rádios, bandas, escolas populares de arte) um lugar de aprendizagem e expressão opostos as ofertas de violência e narcotráfico, não existe nenhuma lei nacional no continente que ampare e fortaleça as organizações culturais comunitárias. Um despropósito que chama a atenção.” (2013, tradução nossa)

O desenvolvimento do conceito original do programa Cultura Viva no Brasil para a ideia de Cultura Viva Comunitária em cidades e países da América Latina fortalece e consolida a dimensão comunitária e territorial desta política cultural. O acordo municipal que estabelece as bases para uma política de Cultura Viva Comunitária na cidade de Medellín, Colômbia, propõe a seguinte definição para as organizações culturais comunitárias:

“Aquellas expresiones artísticas y culturales que surgen de las comunidades, a partir de la cotidianidad y la vivencia de sus territorios. Las experiencias de formación humana, política, artística y cultural que reconoce y potencia las identidades de los grupos poblacionales, el diálogo, la cooperación, la coexistencia pacífica, y la construcción colectiva, hacia el respeto de los derechos de las personas y el mejoramiento de la democracia”. (2010)

Esta operação de adequação e ressignificação do conceito original do Programa Cultura Viva do Brasil para a realidade colombiana fica ainda mais evidente na reflexão do sociólogo colombiano Luis Alfredo Atehortúa Castro, membro da Platatorma Puente de Medellin / Valle de Aburrá:

“Cultura Viva Comunitaria, es la adopción y adaptación de la idea original de puntos de cultura, a la realidad de Colombia, empezando por Medellín con la idea de Cultura Viva que es el programa que en Brasil sostiene Puntos de Cultura, pero que en Medellín y luego a nivel nacional se retoma como Cultura Viva Comunitaria por el papel preponderante de las comunidades, por el papel de las organizaciones culturales com sus vecinos, con los beneficiarios de las dinámicas de cultura para la vida, para la defensa de los territorios y el sentido de pertenencia”. (2013)

O que fica claro é que o programa Cultura Viva e os Pontos de Cultura do Brasil inspiraram e motivaram a construção deste conceito de política cultural que hoje reverbera em diversas políticas públicas desenvolvidas em cidades e países latino-americanos, sendo que nestes países, a associação com os conceitos de território e comunidade fica marcadamente definida como o centro da estratégia de ação da política. Fica claro também que, enquanto no Brasil este programa surgiu como uma iniciativa governamental, em diversos países latino-americanos a Cultura Viva Comunitária surge como uma demanda dos movimentos culturais, tendo sido construída a partir da incidência destas organizações junto a gestores e a órgãos governamentais. Tais iniciativas fortalecem ações, redes, movimentos e circuitos culturais fora da indústria cultural e dos aparelhos de Estado, proporcionando o surgimento de novas formas de relação entre o Estado e a sociedade.

Assalto Poético a La Paz

Assalto Poético a La Paz durante o I Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, na Bolívia, em 2013. Foto: Cobertura Colaborativa

No entanto, seja na atual legislação cultural dos países da região, seja em documentos de organismos internacionais como a Unesco, os termos “cultura comunitária” ou “organizações culturais comunitárias” não existem e não são mencionados. O conceito que compreende este universo é o de “diversidade cultural”, amplamente utilizado nas legislações nacionais e reconhecido internacionalmente através da “Convenção sobre a promoção e proteção da diversidade das expressões culturais” da Unesco (2005), texto ratificado pelo governo brasileiro por meio do decreto legislativo 485/2006. Contudo, o documento não faz menção a organizações culturais comunitárias.

A inclusão da diversidade cultural como marco estruturante de políticas culturais no continente latino-americano é uma conquista recente e de fundamental importância. No entanto, é demasiado abrangente para precisar a especificidade e a dimensão da ação das organizações culturais comunitárias. São ainda muito poucos e incipientes os estudos acadêmicos sobre o tema, o que confere necessidade a um esforço de sistematizar estudos e pesquisas que vêm se realizando também por investigadores, ativistas e gestores culturais do Brasil e de diversos países da América Latina.

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