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Blog - Página 88 de 95 - IberCultura Viva

05

ago
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Fórum Educativo Centro-americano: uma proposta de currículo para a região

Em 05, ago 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

O Fórum Educativo Centro-americano, um dos sete projetos ganhadores da categoría 1 do Edital IberCultura Viva de Intercambio, foi realizado em duas fases. A primeira reuniu em Honduras, em setembro de 2015, representantes de organizações da Rede Maraca, com vistas ao que chamaram de “desenho curricular”. A ideia era consolidar o imaginário das propostas do fazer cultural que tinham em seus países a partir de metodologias alternativas baseadas na arte e na cultura. A segunda reunião, realizada em Costa Rica de 5 a 7 de junho de 2016, teve como objetivo formular o que denominaram “desenvolvimento curricular”.

Foi essa proposta de desenvolvimento curricular regionalizado, com a intenção de ser uma forma de intervenção social e artística dirigida à juventude, a que contou com recursos do prêmio IberCultura Viva (US$ 5 mil). O projeto foi apresentado ao edital pelas organizações Guanared (Costa Rica) e Walabis (Honduras), mas envolve também outras entidades da Rede Maraca, como Colectivo Altepee Son (México), Caracol-YCD (Belice), Caja Lúdica (Guatemala) e Mente Pública (Panamá).

O II Fórum Educativo Centro-americano “Currículo e Arte Social” foi inaugurado no domingo, 5 de junho, no Centro de Amigos para a Paz, em San José, como um laboratório com dois objetivos gerais: a) fortalecer e ampliar a Rede Maraca, para contribuir com o processo de integração regional a partir do ativismo cultural; e b) oferecer um espaço de reflexão que permitisse aprofundar no conhecimento e análise de diferentes experiências curriculares artísticas da região como estratégia de intervenção social dirigida à população vulnerável.

Participaram do encontro Sael Blanco (Colectivo Altepee, México), Claudia Orantes (Caracol-YCD), André De Paz (Caja Lúdica), Julio Matteo (Mente Pública), Caridad Cardona (Walabis), Oriana Ortiz Vindas (Cooperativa Viresco e Guanared), Cristina Venegas (Cenderos, Red Permanezca y proyecto B’atz Tejiendo Vida, Costa Rica), María José Bermúdez (Yara Kanic, Costa Rica) e Carlos Rodezno (consultor educativo, Honduras). Também estiveram presentes três convidados locais: Karol Montero, da Direção de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude, Rafael Murillo e Italo Fera, formados em gestão local pela Universidade Estatal a Distancia (UNED).

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Os participantes do II Fórum no Centro de Amigos para a Paz

Três etapas

A jornada em Costa Rica teve início com uma exposição da memória do I Foro Educativo, realizado em Honduras. Carlos Rodezno, facilitador do evento, apresentou material contendo a informação geral e descritiva da la jornada, como antecedentes, propósitos, objetivos, metodologia a desenvolver e os produtos esperados. Depois vieram as três etapas: a) pesquisa curricular: desafios para a construção do currículo centro-americano da Rede Maraca (dia 5); b) redação de objetivos curriculares e declaração de princípios (dia 6); c) proposição do plano de formação (dia 7).

Registrados por meio de fichas, os três dias de trabalho geraram espaços de reflexão e análise de experiências particulares que permitiram propor um desenho e um desenvolvimento curricular baseado no trabalho de campo até então realizado em cada país. O resultado deste laboratório curricular é considerado a segunda parte de três, e abrange o desenho curricular e o desenvolvimento do currículo como tal; ficando por desenvolver a revisão e verificação do currículo, revisão de resumos de conteúdo como etapa preliminar na construção desta oferta educativa.

Em informe elaborado por Carlos Rodezno, o grupo conta que a participação no II Foro foi concentrada, responsável, interessada e eficiente, e que os resultados têm sido positivos. Segundo eles, a visão dos integrantes da Rede Maraca é variada e diversa, o que enriquece a proposição da oferta curricular, e a metodologia sociocrítica empregada durante o laboratório, assim como suas técnicas de diálogo problematizador, estudo de caso etc, foram adequadas para as características dos participantes.

Visita às comunidades

Além dos três dias de trabalho na casa que ganhou o nome de Centro de Amigos para a Paz, os participantes do encontro estiveram em visitas a experiências de gestão cultural e educação em comunidades (em Guadalupe, Heredia e La Carpio), em 8 de junho, e em um encontro no Ministério de Cultura e Juventude, onde houve uma apresentação de jovens do programa de formação Técnico em Animação Sociocultural Comunitária (Cooperativa Viresco).

O intercâmbio de experiências, além de aportar para a ideia de criar una certificação do fazer cultural na região centro-americana, também busca responder a uma necessidade de elevar e reconhecer os profissionais da cultura. “Uma experiência a partir da gente, para a gente e pela gente”, como ressaltou o guatemalteco André De Paz, no evento “Políticas públicas e participação cidadã: experiências de gestão sociocultural”, realizado em 8 de junho, em San José, no encerramento da 4a Reunião do Comitê Intergovernamental do programa IberCultura Viva.

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O grupo que visitou a comunidade La Carpio, em 8 de junho

Antecedentes

O Movimento de Arte Comunitária na Centro-américa (Maraca) nasceu num encontro de experiências de ativistas culturais realizado em Guatemala em 2006. A articulação de grupos artísticos do triângulo norte se deu para reivindicar os direitos humanos ante as múltiplas violações sofridas pela população jovem na região.  Pouco a pouco outros somaram-se a esta proposta de integração regional, ampliando a articulação e a perspectiva da incidência juvenil. Tendo a arte comunitária como elemento em comum do acionar de cada organização, a rede oferece metodologias alternativas de inclusão, participação juvenil, memória histórica, recuperação dos espaços públicos, culturas vivas, defesa dos direitos humanos e bem viver.

Por solicitação de grupos integrantes da Rede Maraca, artistas, comunicadores, animadores, gestores  e ativistas culturais realizam visitas para facilitar espaços de formação, rodas de conversas, fóruns e oficinas que têm como propósito o fortalecimento de processos formativos, organizativos e de incidência. As temáticas dos estágios são: a) formação: política e liderança; b) incidência: participação em pré-produção de encontros nacionais e festivais de Cultura Viva, artísticos, oficinas e criações coletivas.

O primeiro fórum

O I Fórum Educativo Centro-americano, realizado em Honduras, se deu em dois dias, 2 e 3 de setembro de 2015, na cidade de Comayagüela. A jornada se iniciou com um mapeamento das ofertas curriculares em matéria de arte na modalidade alternativa e de intervenção social desenvolvidas nos países centro-americanos. O segundo momento (“diálogo problematizador”) foi para análise e reflexão de situações e problemáticas enfrentadas no desenvolvimento curricular de cada uma das organizações em seu país de origem. O terceiro momento (“narrativa”) teve como propósito a redação acerca dos processos curriculares e seus resultados.  

O quarto momento (“trabalho colaborativo”) serviu para analisar casos e situações dos processos educativos e especificamente sobre os diferentes currículos, contrastando a teoria do desenho frente à realidade de sua execução ou desenvolvimento, a fim de identificar os achados que a implementação curricular proporciona (acertos, vazios, promoção e outros)  e sua valorização educativa e social.

No quinto e último momento, denominado desenho curricular, os participantes foram divididos em equipes por aspectos temáticos, como fundamentos, metodologia, enfoque educativo, perfil de ingresso, entre outros, com o propósito de realizar a construção de um documento que sirva de base à proposta de um currículo regional de arte social que possa ser implementado por cada organização da Rede Maraca. Depois deste trabalho em equipes, teve início uma plenária para conhecer e discutir o proposto, obtendo-se então um desenho curricular em termos da definição adotada durante o evento.

Ao final, los participantes concluíram que as experiências curriculares atuais da região são muito similares em termos de objetivos, população atendida, processos de certificação, e que os resultados das propostas curriculares em cada país demonstram êxito, apesar das dificuldades de implementação, certificação, desenvolvimento e financiamento.

À exceção da Nicarágua, os países têm consolidadas suas ofertas curriculares. A maioria está voltada para a juventude e o desenvolvimento comunitário, e algumas estão desenhadas para o empreendimento cultural, artístico, assim como a inserção no mercado de trabalho. Além disso, reconhece-se que a certificação curricular legitima os processos de formação por meido do desenvolvimento curricular tanto em nível social e educativo como de caráter individual ou institucional. E valoriza-se a intervenção social por meio de serviços educativos curriculares como uma forma acertada por considerar las características socioculturais da região.

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03

ago
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Encontro da Harmonia reunirá em Medellín representantes de organizações de 11 países

Em 03, ago 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Será realizado em Medellín, de 11 a 17 de setembro, o Encontro da Harmonia: Cultura + Educação + Comunidade. Representantes de organizações de 11 países estarão reunidas na cidade colombiana para falar de suas experiências de cultura comunitária e outras formas de educação para a convivência. Entre elas estão iniciativas nacionais, desenvolvidas em Nariño, Cauca, Guajira, Cundinamarca e Antioquia, e internacionais, vindas de Argentina, Brasil, Bolivia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México e Peru.

O evento é promovido pela Plataforma Puente Cultura Viva Comunitaria Medellín – Valle de Aburrá, com o apoio da Secretaria de Cultura Cidadã – Prefeitura de Medellín e de organizações comunitárias da cidade. A direção acadêmica e logística está a cargo da Corporación Cultural Nuestra Gente.

Serão seis dias de atividades variadas, com visitas a comunidades, jornada pedagógica, seminário e mesas de trabalho. A agenda para o público em geral se inicia no dia 12, com o ritual de abertura. O dia 11 está programado para a recepção e acomodação  dos convidados. Entre as organizações participantes estão Fundación Crear Vale la Pena (Argentina), Wayna Tambo (Bolívia), Grãos de Luz e Griô (Brasil), Escuelita Espiritual de la Naturaleza (Costa Rica), El Arte Nos Une (Equador), TNT – Tiempos Nuevos Teatro (El Salvador), Caja Lúdica (Guatemala), Walabis (Honduras), Conarte (México) e Vichama Teatro (Peru).

O dia 12 também será de ritual e percurso por experiências de Medellín onde se evidencie a relação Cultura + Educação + Comunidade, para que as organizações convidadas conheçam os processos da cidade. A jornada pedagógica terá dois dias de duração (dias 13 e 14), com grupo fechado, para analisar conceitos e metodologias de cada experiência.

No dia 15 haverá um seminário internacional para compartilhar com o público (no contexto da Festa do Livro e da Cultura de Medellín) as experiências internacionais, nacionais e locais. O dia 16 será de circulação de experiências de educação e cultura, para propiciar a relação entre as organizações convidadas e as entidades de Medellín. O dia 17 será dedicado a uma mesa de trabalho que permita começar a pensar até onde poderia ir esta tarefa do Encontro da Harmonia.

Além de fortalecer as práticas educativas das organizações de Cultura Viva Comunitária dirigidas a criação e formação de conceitos e metodologias, o encontro tem como objetivo potencializar diálogos de saberes pedagógicos entre diversos contextos educativos ativos para o bem comum, por meio do intercâmbio de experiências que contribuam conceitual e metodologicamente para os processos formativos de Cultura Viva Comunitária.

Um dos produtos deste encontro será um livro digital com artigos sobre experiências de organizações de 10 países. A publicação reunirá os conceitos e as metodologias das práticas educativas das organizações internacionais e nacionais que participarão do Encontro da Harmonia.

Organizadores

A Plataforma Puente Cultura Viva Comunitaria, que organiza o evento, é um movimento continental com presença em 19 países que articula processos, organizações, espaços e sujeitos que, a partir do pensar e fazer, impulsionam políticas públicas de Cultura Viva Comunitária, e que junta os novos paradigmas da ação pública e social em torno da arte, da cultura, da educação e da comunidade.

As organizações envolvidas no desenho e na coordenação do encontro são: Fundación Ratón de Biblioteca, Corporación Cultural Barrio Comparsa, Corporación Cultural Canchimalos, Corporación Convivamos, Corporación Altavista, Corporación Cultural Debluss, Corporación Semiósfera, Museo de Antioquia y Corporación Cultural Nuestra Gente.

A equipe que fez a curadoria das experiências internacionais participantes é integrada por Inés Sanguinetti, Patricia Kistenmacher (Argentina), Silvana Bragatto, Célio Turino (Brasil), Alice Campos (Portugal), Jorge Blandón, Sandra Oquendo e Jorge Melguizo (Colômbia). A curadoria das experiências colombianas participantes ficou a cargo de Sandra Oquendo, Jairo Castrillón, Pedro Zapata, Miriam Páez, Edward Niño e Jorge Blandón.

(texto atualizado em 29 de agosto de 2016)

(Na foto, a sede da Corporación Cultural Nuestra Gente, encarregada da direção acadêmica e logística do encontro)

Leia também:

Encontro da Harmonia – Boletim

Programação geral do Encontro da Harmonia

Programa do Seminário do Encontro da Harmonia

 

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26

jul
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Intercâmbio Abya Yala: um encontro multicultural

Em 26, jul 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

O projeto Kwatiara Abya Yala, um dos sete ganhadores da categoria 3 do Edital IberCultura Viva de Intercâmbio, previa a produção de dois livros digitais, em espanhol e português, de autores de comunidades indígenas argentinas. Com estes livros, a coleção Kwatiara, que começou com e-books de diferentes etnias do território brasileiro, se transformaria em uma coleção maior, ibero-americana. Passados alguns meses do início da produção, os livros La pequeña Francisca e Huellas ancestrales estão em fase final de ilustrações. E graças a eles, algo mais aconteceu neste intercâmbio cultural: foram realizados dois encontros presenciais de representantes das organizações envolvidas no projeto.

Em janeiro de 2016, Sebastián Gerlic, do Ponto de Cultura Indígena Thydewá (Bahia), e Atiã Pankararu, líder espiritual da etnia Pankararu (Pernambuco), passaram 15 dias em Córdoba e Salta para conhecer as comunidades Comechingón Sanavirón Tulián e Linkan Antai Corralitos, cujas histórias serão contadas nos livros. Seis meses depois, de 16 a 20 de junho, graças ao apoio do Ministério de Cultura da Argentina, Mariela Tulián e Alfredo Casimiro, lideranças dessas duas comunidades indígenas argentinas, retribuíram a visita participando do Encontro Multicultural na sede do Pontão de Cultura Esperança da Terra, em Olivença (Ilhéus, Bahia). Também esteve no Brasil para este encontro a diretora nacional de Diversidade e Cultura Comunitária do Ministério de Cultura da Argentina, Sabrina Landoni.

Sabrina Landoni, Sebastián Gerlic, Alfredo Casimiro, Potyra Tê Tupinambá y Mariela Tulián

Sabrina Landoni, Sebastián Gerlic, Alfredo Casimiro, Potyra Tê Tupinambá e Mariela Tulián

Impressões

Mariela Tulián, casqui curaca (autoridade máxima) da comunidade indígena Tulián (Nação Comechingón), de San Marcos Sierras, Córdoba, considerou “muito enriquecedora” esta viagem a Bahia. “Conhecemos o mundo dos Pontos de Cultura, mundo que para nós era praticamente desconhecido”, comentou. “E o intercâmbio com outras comunidades indígenas é sempre enriquecedor porque encontramos pontos em comum, que não estavam tão claros, e novas estratégias que tampouco víamos. Ver e conhecer como outros povos indígenas estão agindo para defesa do território, para defesa da cultura, nos abre portas e possibilidades para ir por caminhos novos em defesa de nossa cultura ancestral.”

Alfredo Casimiro, cacique da comunidade Linkan Antai Corralitos, de Salta, considerou proveitoso todo o processo de intercâmbio, a experiência do contato com outro organismo, o espaço dado para ir crescendo e lutando em comunidade. “É interessante seguir realizando esse intercâmbio com outro irmão porque se aprende muito e acredito que seja a maneira de ir avançando em nosso processo”, afirmou, destacando também o processo histórico das comunidades indígenas no Brasil e a maneira como se organizam e lutam por seus direitos.

 

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Programação

O encontro começou na quinta-feira, 16 de junho, com um ritual intercultural de que participaram representantes dos povos Pataxó, Pataxó Hãhãhãe, Tupinambá, Terena, Pankararu, Kariri-Xocó (Brasil), Atacama e Comechingón (Argentina). Cada pessoa, em círculo, comentou sobre sua historia de vida, sobre seu povo e sobre seu Ponto de Cultura.

Foram objetos da conversa entre brasileiros e argentinos iniciativas como o comércio solidário de arte e artesanato indígenas (www.risada.org) realizado no Brasil; o Encontro Nacional de Organizações Territoriais de Povos Originários (Enotpo), apresentado por Alfredo Casimiro, e a Coordenadoria de Comunicação Audiovisual Indígena da Argentina (Ccaia), apresentada por Mariela Tulián.

Muitos dos participantes eram mulheres, já que o Pontão de Cultura Esperança da Terra (onde está a sede da Thydewá) trabalha com o tema de gênero. Neste primeiro dia, o grupo decidiu fazer radio web, “Radia Cunhá, a voz das mulheres indígenas”. Também foi realizado um círculo para dialogar sobre feminismo e a cultura do estupro/abuso; bem viver e feminismo indígena.

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Na sexta-feira, 17 de junho, o grupo participou da elaboração de programas de radio web feitos pelas mulheres indígenas dos Pontos de Cultura com o apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Depois, os participantes do encontro tomaram o dia para conhecer os programas de Cultura Viva de ambos os países, detalhando suas ações e seus resultados. Houve distribuição de livros e bibliografias.

O dia seguinte começou com as mulheres dialogando sobre saúde e sexualidade. Depois eles voltaram a falar de políticas públicas de cultura, e em especial sobre Cultura Viva, comparando as realidades dos dois países. Na Argentina, por exemplo, a população indígena corresponde a 6,6% (2,8 milhões) de um total de 42 milhões de habitantes; no Brasil, onde a população total é de 200 milhões, os indígenas são cerca de 900 mil (0,45%). Na Argentina há 450 Pontos de Cultura; no Brasil, 4.000.

O domingo foi de bate-papo sobre violência contra a mulher e uma roda de conversa de cinco universitárias com as mulheres indígenas (“construindo pontes e alianças entre os conhecimentos científicos e os ancestrais”. Além de uma visita à casa de farinha, foi um dia de reconhecimento de plantas nativas, ervas medicinais, intercâmbio de saberes. Um percurso pelas comunidades Tupinambá, a entrega de alguns livros da coleção “Índios na visão dos índios” para seus autores e uma apresentação da organização Thydewá sobre seus principais programas complementaram a programação. A segunda-feira foi de avaliação final dos trabalhos, encaminhamentos e participação em um ritual tupinambá.

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Segunda etapa

Depois do regresso de Sabrina Landoni a Buenos Aires, as lideranças indígenas argentinas seguiram em viagem uns 800 km, da Bahia a Pernambuco, rumo ao Ponto de Cultura Pankararu. Ali ocorreu a segunda etapa do encontro, com interações de 23 a 30 de junho. A programação teve início na quinta-feira, 23, com uma conversa com as autoridades locais, uma cerimônia tradicional e o reconhecimento da geografia do território demarcado em 12.350 hectares, homologado e registrado dos 8.000 índios pankararus.

Os livros digitais produzidos com o apoio do programa IberCultura Viva foram discutidos na sexta-feira, avançando na produção dos volumes e no projeto como um todo. Além disso, houve intercâmbio sobre saúde indígena e ervas medicinais, sobre criação de ovelhas, cabras e galinhas, diálogos sobre cultura e saúde, cultura e sustentabilidade, coleta de sementes (cacau, graviola, abóbora) e visita a uma casa de parto. Paralelamente a todas as atividades foram realizadas aulas de  fotografia digital.

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No sábado houve coleta de alfarroba branca e outros frutos. Sebastián Gerlic conta que para o povo de Mariela Tulián, os comechingón, a alfarroba tem um sentido espiritual, além da segurança alimentar. Para os pankararus, a planta não é autóctone. Vem de fora, e orientada a dar de comer às cabras e aos bodes. “Como a alfarroba estava sendo utilizada somente com esta função, Mariela mostrou como fazer farinha, café, achocolatado, como utilizá-la para a alimentação familiar. Era uma reunião com 20 e tantas mulheres, ela preparou umas receitas e comentou sobre o espiritual. Foi interessante porque eles nunca haviam pensado que a planta tinha a função de alimentar o ser humano”, destacou. O dia terminou com um Cine Fórum sobre O abraço da serpente, o filme colombiano de temática indígena, dirigido por Ciro Guerra.

Domingo e segunda-feira foram dias de debates sobre a produção dos livros digitais La pequeña Francisca (Comechingón) e Huellas ancestrales (Atacama). Também foram feitas visitas às escolas Pankararu e conversas com alunos e professores sobre educação intercultural bilingue. Na terça e na quarta, o grupo voltou do Ponto Pankararu ao Ponto Tupinambá para desenhar as conclusões do encontro no Pontão Esperança da Terra.

Ao final, o encontro foi considerado rico para todas as pessoas e instituições diretamente relacionadas, gerando eco nas comunidades participantes, e abrindo aos Pontos de Cultura Indígenas seus panoramas de expectativas e horizontes. Foi sugerido continuar, a distância, com o intercâmbio e buscar a possibilidade de promover expansões e aprofundamentos também presencialmente; em especial nas políticas e os programas de Cultura Viva de ambos os países e entre os Pontos de Cultura Indígena ibero-americanos.

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Diferenças e semelhanças

Segundo o anfitrião Sebastián Gerlic, o intercâmbio foi enriquecedor para as seis etnias brasileiras e duas argentinas que ali estavam e se encontraram em suas diferenças e semelhanças, independentemente dos Pontos de Cultura, o trampolim que permitiu o encontro. “Foram discutidas as políticas e os direitos no nível do que se entende como educação diferenciada, saúde diferenciada, desenvolvimento diferenciado. Então foi muito rico no sentido de encontrar a semelhança e perceber a diferença e poder dialogar, encontrar e provocar reflexões e caminhos para seguir nas lutas”, comentou.

Gerlic destacou também os rituais espirituais – feitos de maneira diferente, conforme as tradições de cada povo, mas convergindo ao mesmo lugar, à mesma –, o interesse em conhecer a realidade de outros Pontos de Cultura, a necessidade de mostrar às populações ibero-americanas a realidade das comunidades indígenas.

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“Se no Brasil as pessoas quase não conhecem seus indígenas, imagina se conhecem os de outros países da América… Da mesma forma, se a Argentina não conhece os próprios indígenas, imagina se vão ter uma ideia certa sobre os de outros países, além das imagens distorcidas, folclóricas, do índio pelado que a Rede Globo conseguiu mostrar. Ninguém tem informação clara, não se sabe quantos são nem onde vivem, quais são seus valores culturais e suas tradições”, afirmou o presidente da Thydewá.

A possibilidade de contar as histórias, lutas, conquistas, a constituição das leis, “de uma perspectiva de Ponto de Cultura enquanto lugar de memória, lugar de difusão e formação de jovens”, foi fundamental para eles. Inclusive porque os livros produzidos no projeto têm esta missão de divulgar as culturas indígenas, valorizá-la, respeitá-las, provocar diálogos. Segundo Gerlic, indígenas de outras cinco comunidades argentinas já estariam interessados em dar continuidade à coleção de livros Kwatiara Abya Yala (em tupi, “escrita indígena da América). “É grande a vontade de continuar a caminhar, aprofundar este intercâmbio e avançar para outros. Vamos labutar nisso.”

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16

jul
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Lei de Promoção de Pontos de Cultura é promulgada no Peru

Em 16, jul 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Depois de um longo processo participativo entre organizações culturais e o Ministério da Cultura do Peru, foi promulgada neste 15 de julho a Lei n° 30487, Ley de Promoción de los Puntos de Cultura. A promulgação é resultado do esforço e do trabalho coletivo de mais de 250 organizações sociais reconhecidas como Pontos de Cultura e centenas de iniciativas que se realizam no país, trabalhando a partir da arte e da cultura para contribuir com o desenvolvimento de suas comunidades.

O anteprojeto de lei foi formulado em 2013, durante o Primeiro Encontro Nacional de Pontos de Cultura, e apresentado pelo Centro Cultural Sagitario à congressista Natalie Condori, primeira vice-presidenta do Congresso da República do Peru. Aprovado em primeira instância na Comissão de Cultura do Congresso em 17 de maio de 2016, passou ao plenário um mês depois. No dia 16 de junho, a Lei de Reconhecimento e Promoção dos Pontos de Cultura foi aprovada com 88 votos a favor, um contra e uma abstenção.

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A cerimônia de assinatura da lei, em 5 de julho, no Congresso

Em 5 de julho foi realizada uma cerimônia de assinatura da lei no Congresso. Um ato importante, segundo Natalie Condori, por marcar “um rito do compromisso cumprido pelo Congresso, para fortalecer a institucionalidade da sociedade civil, aprovando um marco jurídico que promova e reconheça os trabalhos das organizações culturais, para a melhora da qualidade de vida dos compatriotas”. O evento contou com a presença do vice-ministro de Patrimônio Cultural e Indústrias Culturais, Juan Pablo de la Puente Brunke, e de organizações que ajudaram a promover a lei.

Memória institucional

Os cinco anos do programa Pontos de Cultura no Peru estão registrados em “Unidos somos semillas – Memoria Institucional de Puntos de Cultura 2011-2015”, publicação digital apresentada pelo Ministério da Cultura do Peru no dia 20 de junho, durante a Semana dos Pontos de Cultura. Participaram da cerimônia o diretor geral de Indústrias Culturais e Artes, Daniel Alfaro; a diretora de Artes, Fabiola Figueroa, e representantes de dois Pontos de Cultura: Javier Maraví, do Centro Cultural Waytay, e Rosario Vicerrel Chávez, jovem participante do projeto Verte MirArte.

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Fabiola Figueroa: “Honra e alegria” na apresentação da memória institucional do programa

Este documento busca contribuir para a sistematização das experiências realizadas no âmbito cultural e posicionar a cultura como um eixo fundamental no desenho de políticas públicas de desenvolvimento do país. “É uma honra e uma alegria apresentar a publicação digital […] que percorre as principais conquistas, desafios e dificuldades que encontramos no caminho para construir uma política participativa”, disse Fabiola Figueroa na abertura da mesa.

Daniel Alfaro, em seguida, referiu-se à importância do programa Pontos de Cultura,“para demostrar aos cidadãos, ao Ministério de Economia e Finanças,16 que investir em cultura é investimento, não um gasto. “Por que um investimento? Porque tem um retorno, o bem-estar do cidadão, dado através de políticas de saúde, educação e segurança, mas que têm que estar sempre articuladas com as políticas culturais porque isso é um direito”.

Fonte: Ministério da Cultura do Peru

Leia também:

Unidos somos semilla – Memoria Institucional de Puntos de Cultura 2011-2015

Ley de Promoción de los Puntos de Cultura

12

jul
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Convocatória Pontos de Cultura El Salvador premiará 22 projetos em 2016

Em 12, jul 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

A Secretaria de Cultura da Presidência de El Salvador lançou em 11 de julho sua convocatória de Pontos de Cultura, que destinará um total de US$ 100 mil a 22 projetos em 2016. O fundo fortalecerá o trabalho das organizações sociais que, através de projetos culturais, promovem a inclusão social, a identidade local, a participação popular, o desenvolvimento territorial e o trabalho coletivo. As inscrições estarão abertas de 12 de julho a 19 de agosto. A lista de ganhadores será anunciada em 29 de agosto.  

A convocatória tem como objetivo desenvolver uma estratégia de promoção e proteção dos processos culturais comunitários, seus produtos e expressões artísticas, facilitando o apoio e acompanhamento ao desenvolvimento local de iniciativas cidadãs identificadas em diversos municípios salvadorenhos.

Podem participar associações e fundações culturais com personalidade jurídica, sociedades civis sem fins lucrativos, grupos de teatro, de dança, de artes plásticas, audiovisual ou música que possam comprovar sua experiência no manejo de fundos, identificação com os processos comunitários e trabalho em projetos de base comunitária.

A secretária de Cultura de El Salvador, Silvia Elena Regalado, com Augusto Crespín e César Pineda no lançamento da convocatória Pontos de Cultura

As categorias

São quatro as categorias concursáveis: a) Arte para Transformação Social (10 projetos de US$ 3.950); b) Comunicação Alternativa para a Convivência (3 projetos de US$ 5.000); c) Fortalecimento de Redes (4 projetos de US$ 5.000); d) Cultura para o Bem Viver (5 projetos de US$ 5.000).

A primeira, Arte para Transformação Social, é orientada a projetos que “promovam novos paradigmas educativos, fortaleçam a auto-estima, o pensamento crítico, a criatividade e identidade das pessoas com ênfase para a infância e juventude”, além de incentivar a convivência e a participação cidadã mediante espaços de expressão e/ou aprendizagem artística.

A segunda, Comunicação Alternativa para a Convivência, é dirigida a projetos e iniciativas inovadoras e não comerciais de audiovisuais enfocados na expressão das identidades, manifestações e temáticas próprias de diversos setores e comunidades.

A terceira, Fortalecimento de Redes, foi pensada para projetos que contribuam para o fortalecimento de festivais artísticos, redes, encontros, coletivos culturais, empreendimentos, oficinas, capacitações, intercâmbios e outros espaços de trabalho sociocultural, com o fim de fortalecer sua autonomia, sustentabilidade, capacidade de gestão e incidência na área da Cultura Viva Comunitária.

Cultura para o Bem Viver, por sua vez, é para os projetos socioculturais que contribuam para fortalecer a participação cidadã, a economia solidária, a ecologia, a soberania alimentar, as manifestações e a cosmovisão dos povos indígenas, a interculturalidade, o enfoque de género, os direitos da diversidade sexual e a diversidade cultural, assim como o fomento à vida saudável e o bem-estar comum.

Os 22 projetos ganhadores serão reconhecidos pela Secretaria de Cultura da Presidência como Pontos de Cultura El Salvador em ato oficial em 31 de agosto de 2016. Os selecionados deverão começar a execução de atividades de 19 de setembro a 23 de dezembro de 2016. O orçamento destinado aos projetos selecionados será entregue em apenas um desembolso com prévia assinatura de convênio, no qual se estabeleçam compromissos e resultados dos projetos selecionados.

 

Mais informação: https://www.cultura.gob.sv/convocatoria-puntos-de-cultura-el-salvador/

 

20

jun
2016

Em Notícias

Por IberCultura

“Arte para la convivencia”, una visita a asociaciones de Purral de Goicoechea y San José durante la 4ª Reunión Intergubernamental

Em 20, jun 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

photo_2016-06-19_22-46-43Hace más de ocho años un grupo de vecinas de Purral (el distrito más joven del cantón de Goicoechea, en Costa Rica) decidieron organizar acciones destinadas a transformar la convivencia de la ciudadanía, en especial de abrir posibilidades innovadoras para los niños y niñas del vecindario. Decidieron entonces trabajar desde el reciclaje de la basura, con el fin de lograr recursos que les permitieran alquilar unos cuartos para tener espacios formativos para la niñez y juventud.

Al cabo de varios años de trabajo lograron la otorgación de un terreno en comodato en otra zona de  Purral, un predio lleno de escombros y basura, que lo limpiaron y habilitaron en faenas colaborativas realizadas junto al vecindario. Este predio logrado desde la entrega empeñosa de estas mujeres de Purral, en su mayoría abuelas, fue el lugar por donde empezó la gira “Arte para la convivencia”, una de las tres visitas a comunidades programadas para el segundo día de la 4a Reunión Intergubernamental del programa IberCultura Viva en Costa Rica.

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photo_2016-06-19_22-47-36En este espacio, la Asociación Patriótica de Purral  organiza cotidianamente actividades deportivas y culturales: karate, guitarra, danza y break. El reciclaje sigue sosteniendo las necesidades básicas del centro. En este lugar ya llevan dos años y no dejan de seguir luchando, en un difícil equilibrio contra los intentos de ocupación del predio de personas con otros intereses, ya sea desde partidos políticos, iglesias o personas con problemas de vivienda.

Con el apoyo del Programa Puntos de Cultura (lanzado en 2015 por la Dirección de Cultura del Ministerio de Cultura y Juventud), pudieron comprar un contenedor, lo refaccionaron, lo pintaron de motivos festivos y muchos colores, acoplaron un toldo, unos pisos y un cerco ligero y translúcido, que protege pero deja todo a la vista de quienes pasan por sus veredas.

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Teatro y circo

photo_2016-06-19_22-48-06Además de Purral de Goicoechea, el grupo que participó de la gira “Arte para la convivencia” visitó la Asociación Masaya – Teatro Más Convivencia, una iniciativa que trabaja desde la concepción de la colaboratividad y la participación, y que a través de herramientas lúdicas y teatrales crea espacios para la reflexión y creación de relaciones sociales menos violentas y opresivas. Al igual que una hamaca (masaya), funciona si su red se mantiene unida y es una herramienta artística de juego y esparcimiento.

La asociación recibió recursos del fondo Puntos de Cultura 2015-2016 para crear una red de apoyo solidario entre organizaciones provenientes de comunidades estigmatizadas como violentas, como La Carpio, Hatillo y Salitrillos de Aserrí. El apoyo de Puntos de Cultura también les ha permitido equiparse básicamente y acceder al espacio que alquilan para desarrollar sus acciones de formación y fortalecimiento de la asociatividad.

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Otra asociación apoyada por Puntos de Cultura que actuó también como anfitriona de esta gira fue la Asociación Cultural de Arte y Circo (ASOCARTE), que promueve la organización del movimiento artístico y circense con acciones formativas, de encuentros multidisciplinarios y en encuentros en los que trabajan los derechos sociales de los artistas.

Los integrantes de ASOCARTE han definido utilizar el circo como herramienta de desarrollo socio-cultural, a través de talleres, proyectos, festivales, investigación y otros. Asimismo, fortalecen las artes circenses y afines a través del intercambio y la capacitación con artistas y organizaciones nacionales y regionales, además de fomentar la toma de espacios no convencionales para fines artísticos.

El objetivo de las giras era hacer intercambio de experiencias, aprender en el territorio sobre procesos de gestión cultural comunitaria liderados por organizaciones. Para los visitantes, las tres experiencias les permitieron afirmar la diversidad de ámbitos que se apoya desde Puntos de Cultura con organizaciones que desde la innovación, el trabajo asociativo y la generación de espacios de encuentro trabajan por el desarrollo de sus comunidades desde las acciones de la cultura viva.

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Carpio Cultural, una visita a la comunidad durante la 4a Reunión Intergubernamental

17

jun
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Carpio Cultural, uma visita à comunidade durante a 4a Reunião Intergovernamental

Em 17, jun 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

IMG_0507Em dezembro de 2015, com a inauguração do parque “Criando um Melhor Futuro”, os vizinhos da comunidade La Carpio, em San José (Costa Rica), enfim ganharam um lugar aonde levar suas crianças. A estrutura, localizada em um terreno de 750 metros quadrados, contempla áreas de jogos para crianças, anfiteatro e aparelhos de exercícios para adultos. Os 23 mil habitantes da comunidade, fundada há 19 anos, nunca haviam tido nada parecido ali. A primeira semana de funcionamento do parque foi de filas e filas de meninos e meninas.

E foi por esta grande conquista comunitária que começou a excursão “Carpio Cultural”, uma das visitas a comunidades programadas para o segundo dia da 4a Reunião Intergovernamental do programa IberCultura Viva em San José, Costa Rica. Três grupos se dividiram na manhã de quarta-feira, 8 de junho, cada um rumo a um destino: La Carpio, Heredia e Purral de Goicoechea. Os que se dirigiram a La Carpio foram recebidos com o baile folclórico do grupo Cosibolka e os jogos tradicionais dos jovens do projeto “Aprende a brincar”, apoiado pelo programa Becas Taller, da Direção de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude de Costa Rica.

 

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No parque, a presidenta da Asociación Comunal de La Carpio (Asocodeca), Northellen Jimenez, contou aos visitantes um pouco da história da comunidade, que começou há quase 20 anos como uma invasão de 25 famílias e hoje conta com 5,800. Segundo o censo, são 23 mil habitantes (os moradores acreditam que passam dos 30 mil, somando-se os que estão em situação irregular) — deste total, estima-se que 50% são costarricenses e 49% nicaraguenses (o 1% restante seria de salvadorenhos, guatemaltecos, árabes e chineses).

“Foi muito difícil no início, não tínhamos luz, as ruas eram só barro, mas graças à grande necessidade de moradia, de oportunidades, de estudos, seguimos”, comentou Northellen. “Tem sido difícil, mas não impossível. Conseguimos tudo o que temos graças ao apoio comunitário e muito também às líderes mulheres. Graças à organização da comunidade, conseguimos fazer as ruas. Todas as intervenções que o governo devia fazer, nós, carpianos, temos feito com as mãos, em união. Temos feito desta comunidade uma comunidade multinacional, multicultural, com muitas riquezas que qualquer comunidade deseja ter.”

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As boas iniciativas

la-carpio-2musicaHá apenas uma via de acesso para La Carpio. Uma rua estreita para entrada e saída, onde dezenas de caminhões passam ao longo do dia e centenas de bares aparecem à noite, clandestinos, nas salas das casas ao longo do caminho. O ruído, o lixo, ainda são um problema, mas a comunidade hoje se orgulha de muitas iniciativas que ali se desenvolvem com o apoio da Direção de Cultura. O Ponto de Cultura Sifais, por exemplo, é uma das experiências mais bem-sucedidas do bairro.

Conhecido como “ a escola de música” da região,o Sifais é muito mais do que isso.  Criado há cinco anos, é um “espaço de transformação social de via dupla” com mais de 130 cursos e programas em diversas áreas. A “Cova de Luz”, como é chamado o edifício onde está o Centro de Integração e Cultura (antes era “Cova do Sapo”, algo um tanto pejorativo), oferece atividades de segunda a segunda, com vistas a promover a inclusão social.

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Dirigido a todos “os que tenham vontade de ensinar o que sabem e aos que tenham vontade de aprender”, conta atualmente com 602 alunos e 192 voluntários e colaboradores que doam seu tempo (de forma gratuita) em classes de música, dança, jogos, empreendedorismo, etc.

IMG_0573Durante a excursão, os visitantes puderam conhecer alguns dos jovens recém graduados ali como técnicos em animação sociocultural comunitária. Luis Rivera “Wichi”, por exemplo, apresentou seu projeto sobre jogos tradicionais binacionais, como “bolero”, “tropo” e “caballito”. Dayana Venegas Hernández, por sua vez, falou do mapeamento de iniciativas culturais que fez em 2015 e de seu projeto para 2016, um censo de herança cultural de La Carpio.

A visita terminou com um baile urbano na rua, com os jovens da Asociación Cultura y Arte Urbana (ACAU). “Começamos com umas cartolinas na rua, há um ano e meio”, contou Cynthia Avilés Saenz, 19 anos, uma das criadoras do projeto “Empoderando-nos das esquinas”. “Nos colocávamos para dançar na rua, as pessoas gostavam, então surgiu a ideia de ter um projeto para intervir nas principais esquinas da comunidade. Eram uns cinco garotos, agora são 20, 30 meninos e meninas aprendendo as disciplinas urbanas, o rap, o breaking, o “popping”, o grafite… As pessoas se aproximam, elas gostam muito.”

 

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15

jun
2016

Em Notícias

Por IberCultura

4ª Reunião Intergovernamental: construção participativa, estratégias e ações para o desenvolvimento do programa

Em 15, jun 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Vinte pessoas participaram da 4a Reunião Intergovernamental do Programa IberCultura Viva, em 7 de junho, no Centro Nacional de la Cultura (Cenac), em San José, Costa Rica. Foi a primeira vez, desde o começo do programa, que delegados dos 10 países membros estiveram presentes em uma reunião do Comitê Intergovernamental. Também foram convidadas três representantes do Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária para acompanhar os debates como observadoras da sociedade civil.

A manhã de trabalho começou com um vídeo enviado pelo coordenador do Espaço Cultural Ibero-americano, Enrique Vargas, cumprimentando os participantes e falando da 23ª Conferência Ibero-americana de Ministros de Cultura, realizada em maio em Cartagena das Índias (Colômbia), onde se tratou dos avanços, da consolidação e dos desafios do sistema de cooperação. “Ainda em crise podemos crescer, podemos e devemos seguir fortalecendo a institucionalidade, junto com a sociedade, com transparência. O sentido de pertencimento e apropriação que todos temos ao redor do sistema de cooperação é a força que temos para seguir adiante”, afirmou.

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Ana Cirujano: “A igualdade de gênero é um tema fundamental”

Em seguida, a consultora da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib) Ana Cirujano informou aos presentes sobre a incorporação da perspectiva de gênero no Espaço Ibero-americano — o contexto em que trabalham, a proposta e os avanços realizados. “Este é um tema fundamental para o sistema de cooperação e desenvolvimento”, disse Ana, destacando também que a igualdade de gênero está ancorada na Convenção sobre Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais (Unesco, 2005) e é uma prioridade global, que se reflete no Plano de Ação da Unesco para a prioridade “Igualdade de Gênero” (2014-2021).

Daniel Castro, secretário substituto de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura e representante da presidência do IberCultura Viva, reforçou a determinação de dar continuidade e fortalecimento ao programa e à cooperação ibero-americana, assim como o interesse em manter o processo de participação social no âmbito governamental. “É uma forma mais ativa de gestão, que incomoda a quem não está acostumado, mas é uma exigência boa”, afirmou.

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Reconhecendo o outro

Carolina Picado, uma das convidadas da sociedade civil, comentou que o diálogo é uma construção para alcançar “comun unidade” e que “ser diferente é o natural”. “Reconhecer o outro é reconhecer sua diversidade como legítima”, disse a costarricense, que é membro do Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, uma plataforma de 17 países que abrange mais de 3 mil iniciativas culturais de base comunitária da América Latina.

Segundo ela, entre as recomendações que o Conselho faz para a participação da sociedade civil no programa estão a diversidade (redes de base comunitária, organizadas, territoriais, com processos de incidência política) e a historicidade de trabalho articulado com o Estado. “Queremos fazer políticas culturais de forma distinta. Hoje temos a possibilidade, somos nós que estamos construindo as políticas públicas, desde nossos bairros. Buscamos horizontalidade e processos de participação reais. Sabemos que é necessário confiar para construir. Se não confiamos, não vamos poder construir nunca.”

Fresia Camacho, diretora de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude de Costa Rica, lembrou como se deu a experiência de um comitê intersetorial em seu país, as discussões de estratégias (que acabaram influenciando diretamente nos conteúdos das políticas dos direitos culturais), a formação dos chamados “círculos de ressonância”. “O movimento inclui a política, mas a política não pode ser para o movimento, é para toda a cidadania”, alertou. “A política cultural deve ser inclusiva para todos. Inclusiva, ampla e transparente”.

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Fresia Camacho: “A política cultural deve ser inclusiva, ampla e transparente”

Informes e balanços

Ainda pela manhã, Telma Teixeira, gerente de projetos do Escritório Regional de Brasília da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), apresentou um balanço de execução do fundo administrado pela OEI. Antía Vilela, consultora da Unidade Técnica do programa, fez um informe do Edital IberCultura Viva de Intercâmbio, lançado em 2015. E Emiliano Fuentes Firmani, secretário executivo da Unidade Técnica, apresentou a proposta de línhas estratégicas de ação para o Plano Operativo Anual (POA 2016-2017).

À tarde, os participantes se dividiram em duas mesas de trabalho: uma para discutir o tema das convocatórias, outra para debater as iniciativas de formação e comunicação. No fim do dia, os representantes do Comitê Intergovernamental, além de aprovar o informe financeiro, decidiram aprovar o POA 2016-2017 apresentado pela Unidade Técnica, com algumas recomendações. Entre elas, buscar incorporar a perspectiva de gênero em cada uma das linhas de ação e constituir comissões especiais de trabalho para apoiar o desenvolvimento do POA.

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Emiliano Fuentes apresentou as linhas de ação do programa para 2016-2017 (foto: Prensa MCJ)

Resoluções

Com vistas a apoiar processos e redes nacionais/regionais, a segunda edição do Edital de Intercâmbio foi aprovada com duas linhas: a) apoio à realização de encontros das redes e plataformas do movimento já consolidadas e aos preparatórios para o 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária (que será realizado em Quito, Equador, em 2017) e/ou outros encontros de redes; b) apoio a outras atividades ou empreendimentos (festivais, encontros de caráter temático e/ou territorial) de organizações que trabalham a partir das comunidades. A comissão de trabalho para essa atividade estará composta por México, El Salvador, Peru e Uruguai.

A estratégia de formação também foi aprovada com duas linhas fundamentais de ação: a) formação em políticas culturais de base comunitária para gestores públicos, com o objetivo de incidir no âmbito público; b) formação em políticas culturais de base comunitária para organizações, agentes, coletivos e atores culturais. As propostas serão apresentadas pelos países, em forma individual ou coletiva, sem necessariamente requerer recursos, e sim apoio na elaboração de programas e/ou ações que fortaleçam os processos na linha de formação.

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Entre as ações estratégicas para dar visibilidade ao programa, o Comitê aprovou a criação de vídeos promocionais para divulgação das políticas culturais de base comunitária, e a edição de um livro sobre cultura comunitária, cuja proposta de conteúdo será construída por uma comissão especial integrada por México, Espanha e Chile. Esta comissão definirá suas bases — podem ser integradas por artigos de especialistas e ensaios ou experiências, selecionados mediante convocatória aberta.

Sobre os avanços na construção de um espaço de diálogo com a sociedade civil, será produzido um documento de propostas para o diálogo com a sociedade e o estabelecimento de uma mesa de diálogo intersetorial, reconhecendo os compromissos preexistentes, os aportes realizados pelas delegadas do Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária e a necessidade dos países de consolidar os processos participativos em nível nacional, além do diálogo com redes e instâncias de âmbito supranacional na América Latina e na Ibero-América.

Também se recomendou que cada país organize espaços de discussão e metodologias de articulação com a sociedade civil em escala nacional nos próximos seis meses, e que se mantenha a presença de observadores em cada reunião presencial do Comitê Intergovernamental. Estes delegados podem ser residentes do país anfitrião da reunião e devem estar coordenados com os movimentos e plataformas de CVC existentes, e com outras redes ligadas a políticas culturais de base comunitária.

Os participantes

Participaram da reunião Diego Benhabib, do Ministério de Cultura da Argentina; Daniel Castro, do Ministério da Cultura do Brasil; Sylvie Durán e Fresia Camacho, do Ministério de Cultura e Juventude de Costa Rica; Patricia Rivera Ritter, do Conselho Nacional de Cultura e Artes do Chile; Germán Alexander Córdova, da Secretaria de Cultura da Presidência de El Salvador; Pilar Torre Villaverde, do Ministério de Educação, Cultura e Esportes da Espanha; Rodolfo Candelas Castañeda, da Secretaria de Cultura do México; Zulma Masi, da Secretaria Nacional de Cultura do Paraguai; Estefanía Lay, do Ministério de Cultura do Peru; Begoña Ojeda, do Ministério de Educación e Cultura do Uruguai; Ana Cirujano, da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib), e Telma Teixeira, da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI Brasil).

Como delegadas observadoras, representando o Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, estavam a peruana Luisa Martínez, a costarriquenha Carolina Picado e a argentina María Emilia de la Iglesia. Por parte da Unidade Técnica do programa, Emiliano Fuentes Firmani, Antía Vilela, Teresa Albuquerque e Juan Espinoza.

Confira a ata da reunião

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14

jun
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Políticas públicas e participação cidadã foram o tema do evento que encerrou a 4ª Reunião Intergovernamental

Em 14, jun 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Afinal, o que é cultura viva comunitária? Como se pode gerar melhores condições para o empoderamento comunitário? Como construir políticas que realmente aportem em uma relação com as comunidades?

Questões como essas foram levantadas no encontro “Políticas públicas e participação cidadã: experiências de gestão sociocultural”, realizado no encerramento da IV Reunião do Comitê Intergovernamental do programa IberCultura Viva, em 8 de junho, em San José. O evento, que reuniu cerca de 100 pessoas no auditório do Centro Cultural del Este, contou com a participação da ministra da Cultura de Costa Rica, Sylvie Durán; de representantes governamentais dos 10 países membros do programa, além de organizações e redes centro-americanas.

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O Comitê Intergovernamental e a equipe da Unidade Técnica (foto: Guillermo Venegas)

“Uma política de base comunitária tem que permitir uma aproximação entre gestores públicos e comunidades a partir da escuta, do reconhecimento e do respeito. É uma relação de maior equidade”, afirmou Fresia Camacho, diretora de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude de Costa Rica, na abertura do evento. “E entendemos que comunitário é mais que comunal. É construir vida em comum. Tem a ver com convivência, com vínculos, com colaboração entre vizinhos. Queremos construir Comunidade com ‘c’ maiúsculo, não apenas um conjunto de casas onde vive um montão de gente que por acaso se cumprimenta.”

Como avançar na recuperação do espaço perdido do comunitário, do coletivo, e como mostrar que a organização cidadã é fundamental para a autonomia e para o empoderamento foram  temas da fala da diretora. Fresia também citou os programas desenvolvidos pela Direção de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude — Promoção Cultural e Fomento Cultural (onde estão os Puntos de Cultura e as Becas Taller) –, que lhes têm permitido trabalhar junto às organizações socioculturais e discutir os caminhos a seguir.

Mauren Pérez, André de Paz, Carmen Romero Palacios, Fresia Camacho, Sylvie Durán e Emiliano Fuentes Firmani (Foto: Guillermo Venegas)

“O governo levava coisas para as comunidades, mas nunca havíamos perguntado como pode ser uma relação diferente, uma relação de colaboração, onde se reconheça que as comunidades decidam  sobre o que fazer e como fazê-lo. Quando falamos de empoderamento comunitário é porque as pessoas sabem o que querem, sabe onde vão”. ressaltou. “E estamos falando também de autonomia, porque historicamente o Estado dava, mas pedia muito em troca. Quando falamos de empoderamento e autonomia, falamos de como construir uma relação de respeito, de escuta, onde cada um tem a própria identidade, o próprio projeto e consegue construir uma aliança com o outro sem que haja oportunismo.”

Também participaram da mesa no auditório do Centro Cultural del Este Emiliano Fuentes Firmani, secretário executivo da Unidade Técnica de IberCultura Viva; Carmen Romero Palacios, do grupo Mensuli (do território indígena Coto Brus-Gnöbe); Mauren Pérez, vocera do Círculo de Resonancia de Occidente; e André De Paz, membro do coletivo Caja Lúdica e da Rede Maraca (Movimento de Arte Juvenil Centro-americano).

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Mauren, Emiliano e a ministra Sylvie Durán  (foto: Guillermo Venegas)

 

A integração centro-americana

Sociólogo, gestor cultural, bailarino e coreógrafo, André De Paz lembrou o começo da Rede Maraca, em 2006, quando os coletivos Caja Lúdica (Guatemala), Tiempos Nuevos Teatro (El Salvador) e Arte Acción (Honduras) se encontraram em Guatemala para uma experiência do fazer cultural e decidiram se unir para articular e gerar um processo de fortalecimento da integração centro-americana. Em 2013, quando se reuniram durante o I Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária em La Paz, já eram sete os países centro-americanos representados na rede, de Belize ao Panamá. Hoje, com a recente integração do México, são oito.

“A estratégia é entender que a cultura é um dos motores do desenvolvimento que se vive cotidianamente”, afirmou o guatemalteco André. “Nossa rede é uma aposta pela cultura viva comunitária, pelas culturas que estão se movendo cotidianamente. Não por essas construções estáticas que nós mesmos ou outros campos da sociedade nos fizeram crer que somos um fator folclórico de adorno ou entretenimento, mas sim geramos vida, desenvolvimento, recursos, processos significativos e mudanças nos seres humanos.”

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O projeto de intercâmbio

André De Paz também falou da mesa intersetorial que se propôs para o programa IberCultura Viva durante o II Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária em El Salvador, em outubro de 2015, e do II Forum Educativo Centro-americano, um dos sete projetos ganhadores da categoria 1 do primeiro Edital IberCultura Viva de Intercâmbio, lançado no ano passado.

O Forum, proposto por Rede Maraca e Guanared, teve duas fases. A primeira foi realizada em setembro de 2015, em Honduras, com aportes das organizações da Rede Maraca e teve como fim o que chamaram de “desenho curricular”. “Tinha a ver com consolidar o imaginário das propostas do fazer cultural que nós temos em nossos países, a partir de uma proposta de educação baseada em metodologias alternativas, em arte e cultura”, explicou.

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A segunda fase, em que se utilizaram os recursos do IberCultura Viva, havia terminado um dia antes ali mesmo, em San José, onde representantes de organizações da Rede Maraca se reuniram de 4 a 7 de junho para formular o que denominaram “desenvolvimento curricular”, com vistas a concretizar o que deve conter uma proposta de consolidação educativa centro-americana.

“Nosso fim é criar uma certificação do fazer cultural na região centro-americana”, afirmou André, ressaltando “os milhares de graduados em gestão cultural, animação sociocultural, empreendedores, líderes, formadores e referentes comunitários” que têm  aportado saberes e dignificado os processos em todas as organizações da Rede Maraca.

“Este resultado do II Forum Regional responderá a necessidade de elevar e reconhecer os profissionais da cultura. É uma experiência a partir da gente, para a gente e pela gente. Quer dizer, o que nós concebemos como culturas vivas comunitárias. Como Rede Maraca, nos corresponde difundir e terminar a formulação; aos fazedores da cultura, somar-se. Parte do trabalho está feito. Que nos encontremos e sigamos fazendo rede.”

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A ministra Sylvie Durán assinou a ata da reunião ao final do encontro no auditório

Saiba mais:

O evento teve transmissãopela internet. Confira uma parte da gravação: https://www.youtube.com/watch?v=FwvpQGQ47xI

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10

jun
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Cultura Viva, a política que se sustenta na diversidade

Em 10, jun 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

“Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas. — O mundo é isso — revelou —. Um montão de gente, um mar de fogueirinhas. Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.”

O mundo (“O livro dos abraços”), de Eduardo Galeano

 

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Fresia Camacho abriu a cerimônia com “O mundo”, de Galeano

Fresia Camacho, diretora de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude de Costa Rica, citou o escritor uruguaio Eduardo Galeano para referir-se aos companheiros na cerimônia de abertura da IV Reunião do Comitê Intergovernamental do programa IberCultura Viva, em San José, nesta segunda-feira (06/06). “Estas fogueirinhas aqui reunidas trabalham para potencializar os talentos em nossas comunidades, em toda Ibero-América. São fogueiras doces, disso não tenho a menor dúvida. O que não nos disse Galeano é que quando as fogueiras se conectam — e podemos nos conectar à consciência quando queremos –, quando o fazemos, se acende uma trama de luz. Espero com esta reunião que possamos construir para acender esta trama de que tanto necessita a Ibero-América”.

Participaram da abertura do encontro, no Instituto México, representantes dos 10 países membros do IberCultura Viva (Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, El Salvador, Espanha, México, Paraguai, Peru e Uruguai), da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI Brasil), do Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, a equipe da Unidade Técnica do programa e alguns convidados. Foi a primeira vez que uma reunião presencial do IberCultura Viva contou com a participação de todos os países membros. Outra novidade foi a participação de três representantes da sociedade civil em toda a programação: a costarriquenha Carolina Picado Pomarth, a peruana Lula Martinez Cornejo e a argentina María Emília de la Iglesia.

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Lula Martinez lembrou o início do Conselho Latino-americano, em 2013 (foto: Prensa MCJ)

“Para nós, do Conselho Latino-americano, este é um momento importante. Faz três anos que nos encontramos pela primeira vez em La Paz, Bolívia, no I Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. Ali criamos este espaço de diálogo, de escuta, uma mesa intersetorial onde vários de nós nos encontramos para aprofundar as políticas culturais do que hoje chamamos de cultura viva comunitária”, lembrou Lula Martínez. “Estamos orgulhosas de estar presentes como observadoras desta reunião do IberCultura Viva, tomara que nossa participação ajude no seguimento do programa em 2017.”

Enrique Vargas, coordenador do Espaço Cultural Ibero-americano, gravou uma mensagem em vídeo aos participantes, saudando a todos e desejando uma boa jornada de trabalho nos dois dias de encontro que viriam. “O trabalho de vocês, as políticas públicas que estão desenvolvendo em seus países, estão contribuindo de maneira efetiva para reverter os índices de delinquência, a falta de entendimento entre uns e outros. O trabalho digno que estão levando a cabo, a maneira que estão se relacionando com a sociedade civil, é uma maneira exemplar que mostra ao mundo como em Ibero-América sabemos dialogar, construir e levar adiante projetos maravilhosos”, destacou.

Fresia Camacho, Carolina Picado, Emília de la Iglesia, Sylvie Durán e Lula Martinez na abertura da IV Reunião Intergovernamental (foto: Dircultura MCJ)

Fresia Camacho, Carolina Picado, Emília de la Iglesia, Sylvie Durán e Lula Martinez  (foto: Dircultura MCJ)

Experiência coletiva

Daniel Castro, secretário substituto da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura do Brasil e representante da presidência do programa, lembrou que o que se chama de “cultura viva comunitária” se trata de uma nova forma de fazer política pública, inspirada na experiência brasileira dos Pontos de Cultura, iniciada em 2004, mas que há milhares de anos existe na prática em toda a região.

Castro também ressaltou conquistas “específicas do Brasil, mas que parecem importantes para o fortalecimento da política no âmbito ibero-americano”, como a sanção da Lei Cultura Viva, em 2014. E reforçou o compromisso de continuidade das políticas culturais, das políticas transversais e complementares do campo social. “É importante que haja fortes políticas de cidadania no campo dos direitos humanos, igualdade racial, reforma agrária, defesa dos povos originários, dos afrodescendentes, de igualdade de gêneros, de distribuição de renda, da comunicação. Para nós, não se separa a cultura de tudo isso.”

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Daniel Castro e a ministra Sylvie Durán (foto: Prensa MCJ)

Reconhecendo diferenças

A ministra de Cultura da Costa Rica, Sylvie Durán, que antes de assumir o cargo já acompanhava o movimento de cultura viva comunitária, como sociedade civil, falou sobre estar nesta zona liminar, dentro e fora das instituições, a dificuldade de sustentar crenças e encontrar o equilíbrio, a necessidade de reconhecer as diferenças. “A agenda da cultura viva se parece com a das mulheres. Muitas coisas são feitas em realidades de posições ideológicas e sensibilidades muito diversas, e o resultado que todos queremos é algo que transcende, é para todos e todas”.

Segundo a ministra, é isso que se passa com o processo de cultura viva comunitária. É o que se passa com este programa, “com as necessidades de cada país, através das politicas de Pontos de Cultura, que não são exatamente as mesmas, e que se sustentam em sua diversidade, no reconhecimento de muitos e na generosidade daqueles que tomam a responsabilidade de ser interlocutores”. “Que mantenhamos o desapego e a claridade de espírito para que o crescimento se dê mais além de nossas singularidades, de nossas necessidades particulares, em nosso curto tempo de vida institucional.”

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(Foto: Prensa MCJ)

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