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08

set
2016

Em Notícias

Por IberCultura

O papel da cultura na relação entre desenvolvimento e democracia

Em 08, set 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Qual a importância da cultura e das políticas culturais no desenvolvimento de uma nação? É o que procura mostrar a coletânea de artigos “Políticas Culturais, Desenvolvimento e Construção Democrática”, que será lançada em Brasília nesta segunda-feira (12/09), às 19h, no Objeto Encontrado (102 Norte). Organizada por Maria de Fátima Rodrigues Makiuchi, a publicação é resultado de dois anos de trabalhos e pesquisas em torno da temática da política cultural brasileira, realizados no âmbito do Observatório de Políticas Públicas Culturais da Universidade de Brasília (Opcult/UnB).

Além deste livro, será lançado o relatório final da pesquisa “Programa Cultura Viva: Impactos e Transformações Sociais”, dos professores Mario Lima Brasil e Hugo Leonardo Ribeiro. O Opcult é ligado ao programa de pós-graduação em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (CEAM) da UnB. O projeto nasceu de um termo de cooperação entre a Secretaria da Cidadania e da Diversidade do Ministério da Cultura (SCDC/MinC) e a Universidade de Brasília, assinado em novembro de 2013.

Com 180 páginas, a coletânea traz oito artigos sobre o papel da cultura na relação entre desenvolvimento e democracia. Como escreve Fátima Makiuchi na apresentação, ainda que a cultura tenha muitos sentidos, de maneira geral “pode ser compreendida como um sistema que organiza a experiência humana, ordenando tanto os comportamentos rotineiros e repetitivos, quanto os processos de transformação. Nessa ordenação estão amparados os modos de ser e de expressar-se no mundo, o que nas sociedades contemporâneas pode ser percebido como a expressão e produção cultural de povos, grupos e indivíduos”.

 

Os artigos

Coordenadora do observatório, Fátima Makiuchi conta que em 2014 e 2015 foram ali realizadas pesquisas sobre a política cultural com foco em financiamento, território e desenvolvimento, participação social e em programas específicos, como o Cultura Viva, e em perspectiva comparada, procurando apontar as potencialidades e desafios das políticas. O primeiro artigo, “O Observatório de Políticas Públicas Culturais e a Pesquisa em Política Cultural no Brasil”, assinado por Fátima, pretende apresentar o levantamento do estado da arte das pesquisas em política cultural no país, identificando os programas de pós-graduação e grupos de pesquisa voltados à temática da política cultural.

A relação entre desenvolvimento e cultura são o eixo comum dos dois artigos seguintes: “Politicas Culturais, Democracia e Desenvolvimento”, de Leandro Grass, e “Cultura, Cidadania e Desenvolvimento: uma abordagem transversal”, de Bruno Henrique Melo. No primeiro deles, o autor parte de uma revisão teórica para propor a problematização acerca do significado de cultura e os efeitos de sua ampliação no campo da gestão e das políticas públicas. Já Bruno Melo apresenta um ensaio teórico sobre os desafios contemporâneos envolvendo cultura, desenvolvimento e cidadania à luz dos debates da teoria social sobre a modernidade tardia e diferentes abordagens sobre desenvolvimento e pós-desenvolvimento na América do Sul.

No quarto artigo, “Percurso Metodológico da Pesquisa em Políticas Públicas Culturais”, Wallace Wagner Rodrigues Pantoja, Edilene Américo da Silva e Fátima Makiuchi apresentam os caminhos da pesquisa sobre equipamentos e programas culturais na Área Metropolitana de Brasília em um sentido processual, evidenciando acertos, erros e recomeços. No texto seguinte, “Cultura dos/nos Territórios: ensaiando a politização de um debate”, Fátima e Wallace discutem os programas Mais Cultura nas Escolas e os Centros de Artes e Esportes Unificados (CEUs) sob a perspectiva do uso do conceito de território no discurso oficial sobre estes programas.

Em “O Financiamento Público da Cultura do Distrito Federal: um olhar para os planos plurianuais 2012-2015 e 2016-2019”, Cleide Vilela descreve o cenário institucional da política pública de cultura do Distrito Federal e analisa os programas Cultura (2012-2015) e Capital Cultural (2016-2019). No artigo seguinte, “Democracia Digital e Ação Pública: experiências de participação social em rede nas politicas de cultura do DF”, Mayara Souza dos Reis discute a participação social em políticas públicas a partir das perspectivas e desafios da chamada democracia digital ou e-democracy.

Encerrando a coletânea, o ensaio “A Estreita Relação entre Tecnologia e Produção Cultural: aspectos sociais da tecnologia, ampliação de capacidades e ressignificação de interações na cultura”, de Leandro de Carvalho, discute os aspectos sociais da tecnologia relacionados à apropriação e à difusão de cultura. Além de apresentar os principais autores que tratam do tema, Carvalho defende que a tecnologia seja pensada para além do aspecto monetário ou produtivo na discussão sobre o desenvolvimento, incluindo as motivações culturais e políticas de sua apropriação e as consequências estruturais que pode acarretar.

 

Para download:

Políticas Culturais, Desenvolvimento e Construção Democrática – https://bit.ly/2bnbknU

05

set
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Organizações comunitárias lançam a Rede Cultural de Chacras de Coria, em Mendoza

Em 05, set 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

No dia 28 de agosto, organizações comunitárias e “fazedores culturais” se reuniram na praça distrital de Chacras de Coria, na província de Mendoza (Argentina), para o lançamento formal da Rede Cultural de Chacras de Coria (Luján de Cuyo). O Teatro Leonardo Favio – um antigo cinema que a Asociación Civil Chacras para Todos recuperou em 2010 para a comunidade – também foi parte da festa, que ao longo da tarde e da noite contou com apresentações de música, dança e teatro, mostras de artistas plásticos, e a presença de mais de 70 artesãos e microempreendedores.

A rede nasceu em 8 de junho de 2016, após uma reunião no Teatro Leonardo Favio, o “Centro Cultural para Todos”, em que participaram representantes de organizações culturais e comunitárias, instituições, escolas públicas e privadas, centro de saúde, artistas e vizinhos vinculados à cultura de Chacras de Coria e distritos próximos. Com o espírito de trabalhar juntos, articulando organizações e fazedores culturais entre si, com o governo, o setor privado e os vizinhos, os integrantes buscam mostrar que o trabalho cooperativo e solidário pode conquistar transformações sociais, sustentando e reafirmando os valores da identidade local.

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Depois da reunião inaugural foram realizadas reuniões periódicas com os representantes de cada uma das organizações. Uma das metas era dialogar com o prefeito do município, o que ocorreu em 24 de agosto. “Éramos umas 90 pessoas de diversas organizações. Fizemos uma apresentação dos pontos relevantes da rede e a aceitação foi enorme, houve acordo em tudo e já começamos a ter um encontro semanal com o diretor de Cultura e Turismo, Gonzalo Ruiz, para coordenar tarefas em comum e tratar de diversos temas”, conta Silvia Bove, presidenta da Associación Civil Chacras para Todos, uma das 20 organizações integrantes da rede (*).

Silvia Bove comenta que a iniciativa  demandou anos de articulação com algumas organizações no território (biblioteca popular, murgas, associações de vizinhos), em ações concretas em eventos como o festejo do carnaval do distrito, as comemorações do Dia da Criança e do Dia da Memória, da Verdade e da Justiça, que se realiza em 24 de março por ocasião do golpe de Estado na Argentina em 1976 (para nunca esquecer). “Nesta construção espontânea que vinhamos desenvolvendo havia alguns anos, uns quatro, decidimos dar um salto mais firme e avançar na construção da rede com nome e sobrenome, envolvendo também distritos vizinhos”, completa.

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Cor local

As ferramentas e os conceitos da Cultura Viva Comunitária (o movimento  latino-americano “de base comunitária, local, crescente e convergente que assume as culturas e suas manifestações como um bem universal dos povos”) foram adaptados ao território e ao espírito dos vizinhos da comunidade, que foram dando sua cor local. “O que impulsiona e motiva esta rede é essencialmente construir um entramado diverso e rico que preserve estas organizações, lhes dê visibilidade, proteja a história, a memória, as celebrações e tradições locais, que nos irmane e fortaleça, que contemos às crianças e aos jovens que a cultura é a matriz vital dos povos, que é nossa tarefa que a conheçam e sustentem”, afirma Silvia.

No Manifesto da Rede Cultural Chacras de Coria, os membros se propõem os seguintes objetivos: a) resgatar a cultura local; b) potencializar as atividades desenvolvidas por seus integrantes; c) valorizar a memória, a identidade e as celebrações do lugar; d) resguardar os fazedores culturais locais; e) apoiar as ações culturais realizadas pelos membros da comunidade; f) articular ações entre as organizações locais, o setor público e o privado; g) participar do desenho das políticas públicas culturais; h) integrar a comunidade por meio da cultura; i) construir e sustentar a história e a cidadania local; j) articular entre as instituições educativas, esportivas e artísticas com demais organizações de Chacras, k) projetar articulações em um plano provincial, nacional e internacional.

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O manifesto, segundo Silvia Bove, “é um primeiro apontamento dos sonhos e desejos que nos propomos, mas entendendo que como a cultura muda e se move, vai se enriquecendo de acordo com a quantidade de organizações diversas que vão integrá-la”. A ideia, portanto, é gerar uma voz coletiva, alcançar um diálogo o mais horizontal possível entre eles, conhecer suas problemáticas e envolver à maior quantidade de organizações e fazedores culturais em ações comuns e a partir daí impulsar uma mesa de diálogo para construir políticas públicas culturais em conjunto com os governos municipais.

“É válido compartilhar esforços de outras latitudes, mais ainda nestes tempos em que imperam o individualismo e a competitividade, sendo assim um tema crucial e de muita urgência todo tipo de ação que prospere este tipo de iniciativas”, ressalta a psicóloga social Luz Plaza, também membro da rede. Para ela, é importante superar distâncias, passar do individual ao grupal, onde todos aprendem de todos. “O enriquecer está na interação e no trabalho coletivo, na soma de vontades, é daí que se impulsionam as mudanças, onde o sujeito é ativo.”

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Luz Plaza cita Paulo Freire e Pichon Riviere, autores que dedicaram suas vidas a mostrar que educar é transformar, para ressaltar que “aportes a partir da cultura e da arte são como a água para uma sociedade, sem eles não se cresce” e que todo processo cultural em um trabalho grupal comprometido “leva a um crescimento pessoal e a uma mudança de perspectiva de sujeito passivo a sujeito ativo e construtor de sua realidade. Uma realidade que não lhe é indiferente, e sim da que se sente parte e protagonista, convertendo-se em um fazedor de cultura e propulsor de novas ideias que o enriquecem a si mesmo e a seu entorno”.

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Leia também:

Manifiesto de la Red Cultural Chacras de Coria y Distritos Aledaños de Luyán de Cuyo

(*) Participam da rede microempreendedores, artesãos, Biblioteca Popular de Chacras de Coria, Escuela Teresa O’Connor, Escuela Francisco Correas, Jardín Maternal Perpetuo Socorro, Crecer Felices, Chacras para Todos, Club Cultural Chacras, Correveidile, Maria Elena Elaskar (yoga), Juliana Mucarsel (Pan y Circo), Cuidados Musicales, Unión Vecinal Chacras de Corias, Unión Vecinas Plaza Levy, Unión Vecinal Cordón del Plata, Coro de Chacras, Tierra Malbec, El Kallo, Instituto de Música, Sandra Amaya, Javier Rodríguez, Claudia Vogelman (folclore), Ricardo y Andrea (tango), Grupo de Teatro Comunitario de Perdriel, Risas de Mi Tierra, Mauricio Chaar (editor) e Unaymanta.

01

set
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Secretaria de Cultura de El Salvador anuncia ganhadores de Pontos de Cultura

Em 01, set 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

A Secretaria de Cultura da Presidência de El Salvador anunciou em 31 de agosto os ganhadores da Convocatória Pontos de Cultura, que serão financiados com recursos do Fundo Nacional Concursável para a Cultura e as Artes. Serão destinados recursos a 22 projetos (selecionados de 109), divididos em quatro categorias, num montante de US$ 100 mil.

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A secretária de Cultura, Silvia Elena Regalado, com Augusto Crespín e César Pineda no anúncio dos ganhadores

Com esta convocatória, busca-se fortalecer o trabalho das organizações sociais que, por meio de projetos culturais, promovem a inclusão social, a identidade local, a participação popular, o desenvolvimento territorial e o trabalho coletivo. O júri que elegeu os projetos foi formado por Roberto Laínez Díaz, Georgina Hernández Rivas e Luis Melgar Brizuela.

A seguir, os ganhadores das quatro categorias: 1) Arte para a transformação social; 2) Comunicação alternativa para a convivência; 3) Fortalecimento de redes; 4) Cultura para o bem viver.

Categoria 1 – Arte para a transformação social

  1. Fomentando cohesión y transformación social a través de la batucada como herramienta de incidencia. Associação responsável: Red de Batucadas TUYULU.
  2. La Mata Raizuda: Escuela local de artes. Associação responsável: Comité Local de Turismo de Francisco Lempa.
  3. LiberARTE. Associação responsável: Asociación Tiempos Nuevos Teatro – TNT.
  4. Cuna Náhuat. Associação responsável: Ne IkmanYultuk.
  5. Luna de Anatolia (Música Performática). Associação responsável: Luna de Anatolia.
  6. Mural Historia 2016. Associação responsável: Comando Urbano Muralista (Red SIVAR).
  7. Capacitación en pintura mural. Associação responsável: Vortex Estudio Galeria.
  8. Encuentros culturales – AJUDEM Morazán “Un espacio permanente para el arte y la cultura. Associação responsável: Asociación Juvenil para el Desarrollo de Morazán.
  9. “Soñando y transformando”. La musicoterapia como medio de rehabilitación emocional, motriz y psicológica para recuperar y fomentar el sentido de pertenencia e integración social comunitaria. Associação responsável: Colectivo Tambor
  10. Música para nosotros. Associação responsável: Saúl Alfredo Lopes.

Categoria 2 – Comunicação alternativa para a convivência

  1. Festival Internacional de Cine Suchitoto (FICS). Associação responsável: Fundación Casa Clementina.
  2. Prudencia. Associação responsável: Kolectivo San Jacinto de Cine Comunitario.
  3. Dibujos animados y títeres con enfoque cultural. Associação responsável: Guayaba Animación.

Categoria 3 – Fortalecimento de redes

  1. Festival Comunitario Solsticio de las Artes 2016. Associação responsável: Fundación para el Desarrollo de la Cultura a través de las Artes en Cojutepeque.
  2. Proyecto Lagartija. Associação responsável: Lagartija Nucleo El Salvador.
  3. II Encuentro Nacional de Cultura Viva Comunitaria. Associação responsável: Red Salvadoreña de Cultura Viva Comunitaria.
  4. Centro Juvenil para el Desarrollo Cultural de Carolina. Associação responsável: Asociación Juvenil de Desarrollo Integral Comunitario AJDI.

Categoria 4 – Cultura para o bem viver

  1. Fortalecimiento de mediadores/as de conflictos del grupo Ereguan de Chalatenango. Associação responsável: Acisam Ereguan.
  2. Festival cultural náhuat pipil e intercambio de semillas autóctonas. Associação responsável: Colectivo Juvenil Indígena de Nahuizalco.
  3. Miramar, Los Jobos (Concepción de María), Antón Flores y Las Victorias “Cultura verde para el buen vivir”. Associação responsável: Consejo para el Desarrollo Artístico Cultural Comunitario (CODACC-San Vicente).
  4. La resiembra, cultura de Bálsamo y Chaya en Jicalapa, La Libertad. Associação responsável: Fundación Juvenil ReinvencionES.
  5. Fortalecimiento del tejido social y económico y de las acciones formativas de las mujeres en el municipio de Acajutla. Associação responsável: Asociación de Desarrollo de Mujeres Emprendedoras de Acajutla (ADEDMEA).

30

ago
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Renata Bittencourt é a nova presidente do IberCultura Viva

Em 30, ago 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Nomeada no dia 26 de agosto como Secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SCDC/MinC), Renata Bittencourt assume a presidência do programa IberCultura Viva a partir desta semana. O Brasil tem a presidência do programa desde o início de sua implementação, em 2014. O mandato, com duração de três anos, encerra-se em junho de 2017.

Renata Bittencourt tem atuado como gestora no setor cultural nos âmbitos público e privado, na criação e no gerenciamento de projetos. Entre 2012 e 2016, esteve à frente da Coordenação da Unidade de Formação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura, em São Paulo. Por dez anos, de 2002 a 2012, foi gerente de Educação Cultural do Instituto Itaú Cultural.

Graduada em Comunicação Social pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), tem mestrado e doutorado em História da Arte pela Universidade de Campinas (Unicamp) e especializações em Estudos de Museus de Arte e Gestão de Processos de Comunicação e Cultura pela Universidade de São Paulo (USP). Em 1997 e 1998, como bolsista da organização Fulbright, em Washington D.C. (EUA), dedicou-se à observação de programas de compromisso social de instituições culturais.

 

29

ago
2016

Em Notícias

Por IberCultura

O grupo argentino Agarrate Catalina participa de festivais de teatro de bonecos na Colômbia

Em 29, ago 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

AFICHE TITIRIFESTIVAL 2016Começa no dia 23 de setembro a turnê da companhia argentina Agarrate Catalina por três cidades colombianas com o espetáculo Poquito a poco. O grupo fará 12 sessões em festivais de Cartagena, Medellín e Popayán (quatro em cada local), beneficiando a 2.000 crianças no total. O percurso é uma iniciativa da Red de Festivales Internacionales de Teatro de Títeres – Colombiatiteres, um dos sete projetos ganhadores da categoria 1 do Edital IberCultura Viva de Intercâmbio.

A primeira sessão de Poquito a poco será na inauguração do 16º Titirifestival, no Teatro Adolfo Mejía, em Cartagena de Índias. Em Medellín, a companhia realizará quatro sessões e uma oficina a partir de 30 de setembro. No dia 6 de outubro, os argentinos viajarão para Popayán, onde estarão até 10 de outubro.

A Red de Festivales Internacionales de Teatro de Títeres é um coletivo formado por fundações e corporações que têm um objetivo em comum: a realização de festivais internacionais de teatro de títeres com companhias procedentes de toda a Ibero-América.

Os festivais buscam posicionar as cidades como epicentros da cultura cênica, oferecer oportunidades de desenvolvimento integral a crianças e jovens, formar públicos, cidadãos sensíveis, críticos, fomentar o desenvolvimento das atividades artísticas e cênicas como um modelo e um aporte para a construção da paz no país.

Os espetáculos e oficinas de formação da rede beneficiam por ano cerca de 80.000 crianças de todas as condições sociais. As cidades em que se desenvolve o projeto contam com uma grande população desabrigada pelo conflito interno, e a ideia da rede é oferecer atividades a todos.

O edital

Em busca de espetáculos que se ajustem a suas expectativas e infraestrutura local, a rede realiza um edital que recebe uma média de 100 propostas por ano. Uma vez selecionados os grupos, é oferecido a eles um circuito por três cidades colombianas, com quatro sessões em cada, num total de 12 sessões. Para esta versão do projeto e do circuito, foi escolhida a companhia argentina Agarrate Catalina, que em 2014 enviou seu material para estudo, passou por todos os processos de curadoria, mas até então não havia podido acompanhá-los.

Criado em 1997 em Avellaneda (Argentina), Agarrate Catalina é um grupo independente que pesquisa e produz teatro de objetos para contar histórias, principalmente nos locais mais distantes ou esquecidos, para despertar em seus habitantes o valor e a vontade de contar suas próprias histórias. Suas fundadoras, Adriana Sobrero e Alejandra Unamuno, eram companheiras de estudo na Escola Municipal de Atores Titiriteros de Avellaneda e juntaram suas experiências nas disciplinas que haviam desenvolvido antes, as artes plásticas e a música, para juntá-las no teatro de bonecos.

Poquito_a_Poco-BAJA__IMG_9599Em Poquito a poco, uma menina relata a história de seus avós por meio de seus desenhos, a partir do dia em que eles começaram a ver que o planeta corria perigo por tanto lixo acumulado. Preocupados com o futuro da Terra, eles buscam uma solução através de um maravilhoso invento.

O espetáculo será encenado nas três cidades sedes da rede Colombiatíteres. Serão quatro sessões em cada município, sendo dois financiados pelo projeto e dois por cada uma das cidades. A rede financiará com recursos próprios ou obtidos de terceiros o saldo da atividade com a companhia argentina, referentes a hospedagem, pagamento por sessões adicionais, alimentação e transporte aéreo dentro do país.

As organizações

As entidades colombianas que apresentaram o projeto ao programa IberCultura Viva foram Fundación Tortuga Triste (direção), Manicomio de Muñecos (Medellín) e Trotasueños (Cartagena). São organizações com larga experiência no tema. A Fundación la Tortuga Triste, por exemplo, foi constituída na cidade de Popayán em 1992 e realiza um festival há 17 anos. Seu  objetivo primordial é promover as artes e a cultura e melhorar a qualidade de vida, especialmente das crianças e jovens,  através de projetos de prevenção e educação.

Portada plegable logosO Manicomio de Muñecos, por sua vez, tem 40 anos de trajetória e tem se consolidado como um dos mais ativos do gênero na Colômbia. Com 32 obras em repertório e participação em temporadas e festivais em países como Espanha, Honduras, El Salvador, Costa Rica, Panamá, Brasil, Venezuela, Argentina e México, o grupo vem trabalhando para valorizar a arte milenar dos títeres como arte e parte importante da cultura, consciente do papel do teatro de bonecos no desenvolvimento e crescimento das crianças.

Trota Sueños também conta com grande prestigio em toda a costa atlântica colombiana. Além de organizar o Titirifestival em Cartagena, a entidade executa projetos artísticos nas comunidades, realiza assessorias artísticas e culturais e oficinas de saúde preventivas.

Juntas, as três entidades fazem um esforço parar motivar as artes como alternativa educativa e de entretenimento entre os pequenos cidadãos e os jovens, com vistas à formação das crianças, a necessidade de expressão dos povos e o fazer contínuo das comunidades.

17

ago
2016

Em Notícias

Por IberCultura

“Trenzando caminos”: jovens de seis países se encontram em Montevidéu para debater problemáticas da região

Em 17, ago 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

 

No contexto do Programa Mercosul Social e Solidário (PMSS), encontraram-se em Montevidéu grupos e organizações juvenis ou que trabalham com jovens a partir da ação cultural, política e organizativa em comunidades de seis países: Chile, Paraguai, Brasil, Argentina, França e Uruguai. O projeto, batizado de “Trenzando caminos – Una construcción político cultural, desde la sociedad civil en el Mercosur”, foi um dos sete ganhadores da categoria 1 do Edital IberCultura Viva de Intercâmbio.

Durante uma semana, de 18 a 24 de julho, os representantes dos grupos e organizações buscaram promover e aprofundar olhares e perspectivas locais com horizonte regional, em um espaço de encontro e formação acerca das diversas realidades dos países. Além de compartilhar e trocar experiências e práticas, eles tinham como objetivo gerar coletivamente uma plataforma de ação, visibilidade e posicionamento em torno dos interesses e preocupações destes grupos e instituições, frente a distintas instâncias institucionais e públicas do Mercosul, do Mercociudades e do Parlasur.

O encontro teve um formato articulado de estágios, espaços de oficina e formação, encontros e reuniões, e terminou com uma ação de visibilidade pública da atividade no centro de Montevidéu, em que o grupo contou com o apoio do Centro de Participación Popular (CPP), organização membro do PMSS.

Ao longo da semana de trabalho foram discutidos temas como a criminalização das juventudes e suas expressões, os  para que, onde e como da ocupação e recuperação dos espaços públicos – eixos com que vinham articulando suas ações (encontros, campanhas, intervenções públicas, marchas, ações de incidência, etc). Tais ações buscam visibilizar e colocar na agenda as realidades, vivências e esforços que se realizam em um sem número de experiências de organização e ação cultural da região.

Além de se reunir com o responsável pela Secretaria Técnica Permanente do Mercociudades, o grupo esteve com a representante da Unidade de Participação do Mercosul, o secretário do Alto Representante Geral do Mercosul e o vice-presidente do Parlasur. Nestas reuniões eles puderam compartilhar os trabalhos que os grupos e organizações vêm realizando, e suas visões sobre a situação dos jovens na região.

Os estágios

Que diferenças e semelhanças podem haver entre jovens de Chile, Paraguai, Argentina, Brasil, França e Uruguai? Como trabalham dentro dos centros juvenis? A ideia dos estágios veio do desejo de conhecer e compartilhar esse fazer, essas vivências, o que se concretizou em quatro centros juvenis que trabalham  a partir do CPP e desenvolvem suas atividades em distintas comunidades de Montevidéu.

Nos centros, os participantes do encontro foram construindo o que terminou sendo os insumos para a marcha de encerramento. Em conjunto, definiram os conteúdos e as diretrizes com que armaram os cartazes, murais, áudios, etc. E marcharam juntos, no último dia do encontro, em uma ação de visibilidade e ocupação do espaço público que buscava ser uma síntese do conjunto das atividades e discussões levadas adiante nas distintas instâncias.

As organizações

O projeto Trenzando Caminos foi apresentado ao Edital IberCultura Viva de Intercâmbio pelas seguintes organizações: Asociación Ecuménica de Cuyo (FEC, Mendoza, Argentina), Centro Tierra Nueva (Argentina), Centro de Acción Cultural (Centrac, Brasil), Centro de Participación Popular (CPP, Montevideo, Uruguay), ECO – Educación y Comunicaciones (Chile), Servicio para el Desarrollo de los Jóvenes (Sedej, Chile) e Decidamos – Campaña por la Expresión Ciudadana (Paraguai).

As entidades são membros do Programa Mercosul Social e Solidário (PMSS), uma plataforma de organizações da sociedade civil integrada por 17 ONGs de Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. Desde 2003 eles desenvolvem estratégias em três níveis (local/nacional e regional) com vistas a reivindicar os direitos políticos, econômicos, sociais e culturais dos setores excluídos na participação e no desenho do processo de integração regional. Desde então realizaram mais de 150 oficinas locais, 20 encontros regionais e 5 de caráter regional de que participaram mais de 150 organizações dos cinco países.

 

Fonte: PMMS

 

Saiba mais:

https://www.mercosursocialsolidario.org

 

Alguns vídeos produzidos pelo PMMS:

 

 

 

 

 

 

 

 

12

ago
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Ganhadores do concurso do projeto Oralidade Escrita recebem prêmios em Formosa

Em 12, ago 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

No Dia Internacional das Populações Indígenas, 9 de agosto, foi realizada em Bartolomé de las Casas (Formosa, Argentina) a entrega de prêmios do concurso literário de lendas dos povos originários promovido pelo projeto Oralidade Escrita, um dos sete ganhadores da categoria 3 do Edital IberCultura Viva de Intercâmbio.

Executado pela Fundación Abriendo Surcos (Argentina) e o Coletivo Aty Saso (Brasil), o projeto contou com a participação de 46 escolas provinciais secundárias de modalidade intercultural bilíngue. Foram recebidos mais de 70 relatos de três etnias: Qom, Wichi e Pilagá.

Foram premiados três alunos de língua Qom, do 4º ao 6º ano (Víctor Danilo Claudio, Eduardo Maza e Susy Gemalis Nuñez); três de língua Wichi, também do 4º ao 6º ano (Rodrigo Hilario, Adriana Zigarán e Maximiliano Maidana), e dois de língua Pilagá (Karen Maidana e Raúl Matías), ambos estudantes do 5º ano. Os ganhadores de cada etnia receberam US$ 500 (1° prêmio), um tablet (2° prêmio) e uma mochila (3° prêmio).

Organizado pela Coordenação de Educação Intercultural Bilíngue junto ao Instituto de Comunidades Aborígenes da província de Formosa, o evento contou com a atuação dos MEMAs (Maestros Especiales Modalidad Aborigen) na elaboração dos textos e da logística. Também houve manifestações artísticas realizadas por parte dos moradores locais. O concurso foi declarado de interesse cultural pela Legislatura da província de Formosa.

Participaram da premiação em Formosa a subsecretária de Educação da província, Analia Heinzenreder; o coordenador do programa Puntos de Cultura do Ministério de Cultura da Argentina, Diego Benhabib; os representantes de ambas as fundações, caciques das comunidades e autoridades locais.

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Entre aplausos e risos

Para Diego Benhabib, o momento mais emotivo foi quando um dos ganhadores leu seu conto no idioma original. “Os risos contagiavam, por mais que alguns não entendessem nada do que dizia. Pareceu uma dessas passagens mágicas, nas quais se interconectam sensações entre cosmovisões distintas em mundos compartilhados… Tanto o texto como as ilustrações que acompanharam o texto em espanhol foram maravilhosos”, afirmou.

O coordenador do programa Pontos de Cultura também destacou que a premiação foi um evento de grande importância para toda a comunidade de Bartolomé de las Casas, que esteve mobilizada ao redor da escola secundária. (Também assistiram à cerimônia famílias de distintas comunidades dos alunos participantes do concurso, não necessariamente próximas à localidade.) “Os jovens estavam muito entusiasmados com o ato de premiação e tiveram uma participação ativa. Além do ato, deram cor à premiação os MEMAs, cuja função é central no desenvolvimento do processo pedagógico da educação intercultural bilíngue”, ressaltou Benhabib.

Daniela Landin, representante do Coletivo Aty Sâso, contou que o grupo foi muito bem recebido na escola Cacique Kanetori e que um dos pontos altos da premiação, além da leitura dos contos dos ganhadores, foi o das atuações musicais, “com a participação de uma professora e de estudantes de diferentes etnias, o que indica diálogo e integração”.

Daniela trabalha como narradora de historias, locutora, pesquisadora de teatro, crítica de teatro de rua e atriz. Em Formosa ela pôde falar um pouco do trabalho do Aty Saso em São Paulo e do Coletivo Cafuzas, que pesquisa culturas indígenas, africanas e afro-brasileiras com foco nas narrativas orais e escritas. Também pôde conhecer um pouco da vida dos estudantes, que, segundo ela, se mostraram muito afetuosos, com abraços e fotos. “Muito significativo que o evento tenha sido no Dia Internacional das Populações Indígenas (ou Dia Mundial das Populações Aborígenes, como estava escrito no palco da cerimônia). Foi realmente uma celebração das culturas originárias com destaque para a força da palavra, oral e escrita”.

O projeto

Além do concurso literário, o projeto Oralidade Escrita previa a realização de uma oficina de redação e contação de histórias para a sistematização da oralidade. O objetivo era registrar por escrito as lendas das etnias mataco-guaycuru que habitam a região, com vistas à aproximação e à difusão das línguas originárias e a troca de experiências e saberes de agentes culturais do Brasil, da Argentina e povos originários.

Os relatos mais amplos nas questões da cultura matriz identitária recebidos no concurso serão selecionados para edição e publicação em formato de antologia de relatos/contos. A publicação dos textos se dará no idioma original dos povos com tradução para o espanhol e o português. O livro será lançado em versão digital.

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Antecedentes

A província de Formosa foi eleita por sua numerosa população de povos originários e seu grau de desenvolvimento jurídico na legislação aborígine/indígena. Em Formosa, com o apoio do governo provincial, foi editado o livro Lecturas en Lenguas Originarias de Formosa, produzido pela Coordenação da Modalidade Educação Intercultural Bilíngue (EIB), área do Ministério de Educação encarregada do desenvolvimento e fortalecimento das línguas e culturas da província. O livro é composto de textos recopilados e produzidos por autores indígenas dos povos Qom, Pilagá e Wichí, com histórias, relatos de vida e costumes em suas línguas originais.

As organizações

A Fundación Abriendo Surcos, uma das duas entidades que apresentaram o projeto Oralidade Escrita ao programa IberCultura Viva, tem domicílio legal em Formosa. Criada em 2012, trata-se de uma organização social sem fins lucrativos, voltada para assistência cultural e capacitação. Seu nome faz alusão aos sulcos deixados pelo arado ao preparar a terra para a semeadura. Uma imagem que deriva de seu objetivo: “Preparar e capacitar as pessoas para que, por seus próprios meios, semeiem e colham o produto de seu trabalho”.

O Coletivo Aty Sâso, a outra organização executora do projeto, desenvolve ações no Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Porto Alegre) e na Argentina (Buenos Aires, Rosário, Córdoba e Formosa). Suas atividades estão relacionadas às artes como instrumento de empoderamento da população que está ou esteve em processo de reclusão por quadro clínico de saúde mental.

 

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05

ago
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Fórum Educativo Centro-americano: uma proposta de currículo para a região

Em 05, ago 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

O Fórum Educativo Centro-americano, um dos sete projetos ganhadores da categoría 1 do Edital IberCultura Viva de Intercambio, foi realizado em duas fases. A primeira reuniu em Honduras, em setembro de 2015, representantes de organizações da Rede Maraca, com vistas ao que chamaram de “desenho curricular”. A ideia era consolidar o imaginário das propostas do fazer cultural que tinham em seus países a partir de metodologias alternativas baseadas na arte e na cultura. A segunda reunião, realizada em Costa Rica de 5 a 7 de junho de 2016, teve como objetivo formular o que denominaram “desenvolvimento curricular”.

Foi essa proposta de desenvolvimento curricular regionalizado, com a intenção de ser uma forma de intervenção social e artística dirigida à juventude, a que contou com recursos do prêmio IberCultura Viva (US$ 5 mil). O projeto foi apresentado ao edital pelas organizações Guanared (Costa Rica) e Walabis (Honduras), mas envolve também outras entidades da Rede Maraca, como Colectivo Altepee Son (México), Caracol-YCD (Belice), Caja Lúdica (Guatemala) e Mente Pública (Panamá).

O II Fórum Educativo Centro-americano “Currículo e Arte Social” foi inaugurado no domingo, 5 de junho, no Centro de Amigos para a Paz, em San José, como um laboratório com dois objetivos gerais: a) fortalecer e ampliar a Rede Maraca, para contribuir com o processo de integração regional a partir do ativismo cultural; e b) oferecer um espaço de reflexão que permitisse aprofundar no conhecimento e análise de diferentes experiências curriculares artísticas da região como estratégia de intervenção social dirigida à população vulnerável.

Participaram do encontro Sael Blanco (Colectivo Altepee, México), Claudia Orantes (Caracol-YCD), André De Paz (Caja Lúdica), Julio Matteo (Mente Pública), Caridad Cardona (Walabis), Oriana Ortiz Vindas (Cooperativa Viresco e Guanared), Cristina Venegas (Cenderos, Red Permanezca y proyecto B’atz Tejiendo Vida, Costa Rica), María José Bermúdez (Yara Kanic, Costa Rica) e Carlos Rodezno (consultor educativo, Honduras). Também estiveram presentes três convidados locais: Karol Montero, da Direção de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude, Rafael Murillo e Italo Fera, formados em gestão local pela Universidade Estatal a Distancia (UNED).

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Os participantes do II Fórum no Centro de Amigos para a Paz

Três etapas

A jornada em Costa Rica teve início com uma exposição da memória do I Foro Educativo, realizado em Honduras. Carlos Rodezno, facilitador do evento, apresentou material contendo a informação geral e descritiva da la jornada, como antecedentes, propósitos, objetivos, metodologia a desenvolver e os produtos esperados. Depois vieram as três etapas: a) pesquisa curricular: desafios para a construção do currículo centro-americano da Rede Maraca (dia 5); b) redação de objetivos curriculares e declaração de princípios (dia 6); c) proposição do plano de formação (dia 7).

Registrados por meio de fichas, os três dias de trabalho geraram espaços de reflexão e análise de experiências particulares que permitiram propor um desenho e um desenvolvimento curricular baseado no trabalho de campo até então realizado em cada país. O resultado deste laboratório curricular é considerado a segunda parte de três, e abrange o desenho curricular e o desenvolvimento do currículo como tal; ficando por desenvolver a revisão e verificação do currículo, revisão de resumos de conteúdo como etapa preliminar na construção desta oferta educativa.

Em informe elaborado por Carlos Rodezno, o grupo conta que a participação no II Foro foi concentrada, responsável, interessada e eficiente, e que os resultados têm sido positivos. Segundo eles, a visão dos integrantes da Rede Maraca é variada e diversa, o que enriquece a proposição da oferta curricular, e a metodologia sociocrítica empregada durante o laboratório, assim como suas técnicas de diálogo problematizador, estudo de caso etc, foram adequadas para as características dos participantes.

Visita às comunidades

Além dos três dias de trabalho na casa que ganhou o nome de Centro de Amigos para a Paz, os participantes do encontro estiveram em visitas a experiências de gestão cultural e educação em comunidades (em Guadalupe, Heredia e La Carpio), em 8 de junho, e em um encontro no Ministério de Cultura e Juventude, onde houve uma apresentação de jovens do programa de formação Técnico em Animação Sociocultural Comunitária (Cooperativa Viresco).

O intercâmbio de experiências, além de aportar para a ideia de criar una certificação do fazer cultural na região centro-americana, também busca responder a uma necessidade de elevar e reconhecer os profissionais da cultura. “Uma experiência a partir da gente, para a gente e pela gente”, como ressaltou o guatemalteco André De Paz, no evento “Políticas públicas e participação cidadã: experiências de gestão sociocultural”, realizado em 8 de junho, em San José, no encerramento da 4a Reunião do Comitê Intergovernamental do programa IberCultura Viva.

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O grupo que visitou a comunidade La Carpio, em 8 de junho

Antecedentes

O Movimento de Arte Comunitária na Centro-américa (Maraca) nasceu num encontro de experiências de ativistas culturais realizado em Guatemala em 2006. A articulação de grupos artísticos do triângulo norte se deu para reivindicar os direitos humanos ante as múltiplas violações sofridas pela população jovem na região.  Pouco a pouco outros somaram-se a esta proposta de integração regional, ampliando a articulação e a perspectiva da incidência juvenil. Tendo a arte comunitária como elemento em comum do acionar de cada organização, a rede oferece metodologias alternativas de inclusão, participação juvenil, memória histórica, recuperação dos espaços públicos, culturas vivas, defesa dos direitos humanos e bem viver.

Por solicitação de grupos integrantes da Rede Maraca, artistas, comunicadores, animadores, gestores  e ativistas culturais realizam visitas para facilitar espaços de formação, rodas de conversas, fóruns e oficinas que têm como propósito o fortalecimento de processos formativos, organizativos e de incidência. As temáticas dos estágios são: a) formação: política e liderança; b) incidência: participação em pré-produção de encontros nacionais e festivais de Cultura Viva, artísticos, oficinas e criações coletivas.

O primeiro fórum

O I Fórum Educativo Centro-americano, realizado em Honduras, se deu em dois dias, 2 e 3 de setembro de 2015, na cidade de Comayagüela. A jornada se iniciou com um mapeamento das ofertas curriculares em matéria de arte na modalidade alternativa e de intervenção social desenvolvidas nos países centro-americanos. O segundo momento (“diálogo problematizador”) foi para análise e reflexão de situações e problemáticas enfrentadas no desenvolvimento curricular de cada uma das organizações em seu país de origem. O terceiro momento (“narrativa”) teve como propósito a redação acerca dos processos curriculares e seus resultados.  

O quarto momento (“trabalho colaborativo”) serviu para analisar casos e situações dos processos educativos e especificamente sobre os diferentes currículos, contrastando a teoria do desenho frente à realidade de sua execução ou desenvolvimento, a fim de identificar os achados que a implementação curricular proporciona (acertos, vazios, promoção e outros)  e sua valorização educativa e social.

No quinto e último momento, denominado desenho curricular, os participantes foram divididos em equipes por aspectos temáticos, como fundamentos, metodologia, enfoque educativo, perfil de ingresso, entre outros, com o propósito de realizar a construção de um documento que sirva de base à proposta de um currículo regional de arte social que possa ser implementado por cada organização da Rede Maraca. Depois deste trabalho em equipes, teve início uma plenária para conhecer e discutir o proposto, obtendo-se então um desenho curricular em termos da definição adotada durante o evento.

Ao final, los participantes concluíram que as experiências curriculares atuais da região são muito similares em termos de objetivos, população atendida, processos de certificação, e que os resultados das propostas curriculares em cada país demonstram êxito, apesar das dificuldades de implementação, certificação, desenvolvimento e financiamento.

À exceção da Nicarágua, os países têm consolidadas suas ofertas curriculares. A maioria está voltada para a juventude e o desenvolvimento comunitário, e algumas estão desenhadas para o empreendimento cultural, artístico, assim como a inserção no mercado de trabalho. Além disso, reconhece-se que a certificação curricular legitima os processos de formação por meido do desenvolvimento curricular tanto em nível social e educativo como de caráter individual ou institucional. E valoriza-se a intervenção social por meio de serviços educativos curriculares como uma forma acertada por considerar las características socioculturais da região.

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03

ago
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Encontro da Harmonia reunirá em Medellín representantes de organizações de 11 países

Em 03, ago 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Será realizado em Medellín, de 11 a 17 de setembro, o Encontro da Harmonia: Cultura + Educação + Comunidade. Representantes de organizações de 11 países estarão reunidas na cidade colombiana para falar de suas experiências de cultura comunitária e outras formas de educação para a convivência. Entre elas estão iniciativas nacionais, desenvolvidas em Nariño, Cauca, Guajira, Cundinamarca e Antioquia, e internacionais, vindas de Argentina, Brasil, Bolivia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México e Peru.

O evento é promovido pela Plataforma Puente Cultura Viva Comunitaria Medellín – Valle de Aburrá, com o apoio da Secretaria de Cultura Cidadã – Prefeitura de Medellín e de organizações comunitárias da cidade. A direção acadêmica e logística está a cargo da Corporación Cultural Nuestra Gente.

Serão seis dias de atividades variadas, com visitas a comunidades, jornada pedagógica, seminário e mesas de trabalho. A agenda para o público em geral se inicia no dia 12, com o ritual de abertura. O dia 11 está programado para a recepção e acomodação  dos convidados. Entre as organizações participantes estão Fundación Crear Vale la Pena (Argentina), Wayna Tambo (Bolívia), Grãos de Luz e Griô (Brasil), Escuelita Espiritual de la Naturaleza (Costa Rica), El Arte Nos Une (Equador), TNT – Tiempos Nuevos Teatro (El Salvador), Caja Lúdica (Guatemala), Walabis (Honduras), Conarte (México) e Vichama Teatro (Peru).

O dia 12 também será de ritual e percurso por experiências de Medellín onde se evidencie a relação Cultura + Educação + Comunidade, para que as organizações convidadas conheçam os processos da cidade. A jornada pedagógica terá dois dias de duração (dias 13 e 14), com grupo fechado, para analisar conceitos e metodologias de cada experiência.

No dia 15 haverá um seminário internacional para compartilhar com o público (no contexto da Festa do Livro e da Cultura de Medellín) as experiências internacionais, nacionais e locais. O dia 16 será de circulação de experiências de educação e cultura, para propiciar a relação entre as organizações convidadas e as entidades de Medellín. O dia 17 será dedicado a uma mesa de trabalho que permita começar a pensar até onde poderia ir esta tarefa do Encontro da Harmonia.

Além de fortalecer as práticas educativas das organizações de Cultura Viva Comunitária dirigidas a criação e formação de conceitos e metodologias, o encontro tem como objetivo potencializar diálogos de saberes pedagógicos entre diversos contextos educativos ativos para o bem comum, por meio do intercâmbio de experiências que contribuam conceitual e metodologicamente para os processos formativos de Cultura Viva Comunitária.

Um dos produtos deste encontro será um livro digital com artigos sobre experiências de organizações de 10 países. A publicação reunirá os conceitos e as metodologias das práticas educativas das organizações internacionais e nacionais que participarão do Encontro da Harmonia.

Organizadores

A Plataforma Puente Cultura Viva Comunitaria, que organiza o evento, é um movimento continental com presença em 19 países que articula processos, organizações, espaços e sujeitos que, a partir do pensar e fazer, impulsionam políticas públicas de Cultura Viva Comunitária, e que junta os novos paradigmas da ação pública e social em torno da arte, da cultura, da educação e da comunidade.

As organizações envolvidas no desenho e na coordenação do encontro são: Fundación Ratón de Biblioteca, Corporación Cultural Barrio Comparsa, Corporación Cultural Canchimalos, Corporación Convivamos, Corporación Altavista, Corporación Cultural Debluss, Corporación Semiósfera, Museo de Antioquia y Corporación Cultural Nuestra Gente.

A equipe que fez a curadoria das experiências internacionais participantes é integrada por Inés Sanguinetti, Patricia Kistenmacher (Argentina), Silvana Bragatto, Célio Turino (Brasil), Alice Campos (Portugal), Jorge Blandón, Sandra Oquendo e Jorge Melguizo (Colômbia). A curadoria das experiências colombianas participantes ficou a cargo de Sandra Oquendo, Jairo Castrillón, Pedro Zapata, Miriam Páez, Edward Niño e Jorge Blandón.

(texto atualizado em 29 de agosto de 2016)

(Na foto, a sede da Corporación Cultural Nuestra Gente, encarregada da direção acadêmica e logística do encontro)

Leia também:

Encontro da Harmonia – Boletim

Programação geral do Encontro da Harmonia

Programa do Seminário do Encontro da Harmonia

 

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26

jul
2016

Em Notícias

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Intercâmbio Abya Yala: um encontro multicultural

Em 26, jul 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

O projeto Kwatiara Abya Yala, um dos sete ganhadores da categoria 3 do Edital IberCultura Viva de Intercâmbio, previa a produção de dois livros digitais, em espanhol e português, de autores de comunidades indígenas argentinas. Com estes livros, a coleção Kwatiara, que começou com e-books de diferentes etnias do território brasileiro, se transformaria em uma coleção maior, ibero-americana. Passados alguns meses do início da produção, os livros La pequeña Francisca e Huellas ancestrales estão em fase final de ilustrações. E graças a eles, algo mais aconteceu neste intercâmbio cultural: foram realizados dois encontros presenciais de representantes das organizações envolvidas no projeto.

Em janeiro de 2016, Sebastián Gerlic, do Ponto de Cultura Indígena Thydewá (Bahia), e Atiã Pankararu, líder espiritual da etnia Pankararu (Pernambuco), passaram 15 dias em Córdoba e Salta para conhecer as comunidades Comechingón Sanavirón Tulián e Linkan Antai Corralitos, cujas histórias serão contadas nos livros. Seis meses depois, de 16 a 20 de junho, graças ao apoio do Ministério de Cultura da Argentina, Mariela Tulián e Alfredo Casimiro, lideranças dessas duas comunidades indígenas argentinas, retribuíram a visita participando do Encontro Multicultural na sede do Pontão de Cultura Esperança da Terra, em Olivença (Ilhéus, Bahia). Também esteve no Brasil para este encontro a diretora nacional de Diversidade e Cultura Comunitária do Ministério de Cultura da Argentina, Sabrina Landoni.

Sabrina Landoni, Sebastián Gerlic, Alfredo Casimiro, Potyra Tê Tupinambá y Mariela Tulián

Sabrina Landoni, Sebastián Gerlic, Alfredo Casimiro, Potyra Tê Tupinambá e Mariela Tulián

Impressões

Mariela Tulián, casqui curaca (autoridade máxima) da comunidade indígena Tulián (Nação Comechingón), de San Marcos Sierras, Córdoba, considerou “muito enriquecedora” esta viagem a Bahia. “Conhecemos o mundo dos Pontos de Cultura, mundo que para nós era praticamente desconhecido”, comentou. “E o intercâmbio com outras comunidades indígenas é sempre enriquecedor porque encontramos pontos em comum, que não estavam tão claros, e novas estratégias que tampouco víamos. Ver e conhecer como outros povos indígenas estão agindo para defesa do território, para defesa da cultura, nos abre portas e possibilidades para ir por caminhos novos em defesa de nossa cultura ancestral.”

Alfredo Casimiro, cacique da comunidade Linkan Antai Corralitos, de Salta, considerou proveitoso todo o processo de intercâmbio, a experiência do contato com outro organismo, o espaço dado para ir crescendo e lutando em comunidade. “É interessante seguir realizando esse intercâmbio com outro irmão porque se aprende muito e acredito que seja a maneira de ir avançando em nosso processo”, afirmou, destacando também o processo histórico das comunidades indígenas no Brasil e a maneira como se organizam e lutam por seus direitos.

 

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Programação

O encontro começou na quinta-feira, 16 de junho, com um ritual intercultural de que participaram representantes dos povos Pataxó, Pataxó Hãhãhãe, Tupinambá, Terena, Pankararu, Kariri-Xocó (Brasil), Atacama e Comechingón (Argentina). Cada pessoa, em círculo, comentou sobre sua historia de vida, sobre seu povo e sobre seu Ponto de Cultura.

Foram objetos da conversa entre brasileiros e argentinos iniciativas como o comércio solidário de arte e artesanato indígenas (www.risada.org) realizado no Brasil; o Encontro Nacional de Organizações Territoriais de Povos Originários (Enotpo), apresentado por Alfredo Casimiro, e a Coordenadoria de Comunicação Audiovisual Indígena da Argentina (Ccaia), apresentada por Mariela Tulián.

Muitos dos participantes eram mulheres, já que o Pontão de Cultura Esperança da Terra (onde está a sede da Thydewá) trabalha com o tema de gênero. Neste primeiro dia, o grupo decidiu fazer radio web, “Radia Cunhá, a voz das mulheres indígenas”. Também foi realizado um círculo para dialogar sobre feminismo e a cultura do estupro/abuso; bem viver e feminismo indígena.

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Na sexta-feira, 17 de junho, o grupo participou da elaboração de programas de radio web feitos pelas mulheres indígenas dos Pontos de Cultura com o apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Depois, os participantes do encontro tomaram o dia para conhecer os programas de Cultura Viva de ambos os países, detalhando suas ações e seus resultados. Houve distribuição de livros e bibliografias.

O dia seguinte começou com as mulheres dialogando sobre saúde e sexualidade. Depois eles voltaram a falar de políticas públicas de cultura, e em especial sobre Cultura Viva, comparando as realidades dos dois países. Na Argentina, por exemplo, a população indígena corresponde a 6,6% (2,8 milhões) de um total de 42 milhões de habitantes; no Brasil, onde a população total é de 200 milhões, os indígenas são cerca de 900 mil (0,45%). Na Argentina há 450 Pontos de Cultura; no Brasil, 4.000.

O domingo foi de bate-papo sobre violência contra a mulher e uma roda de conversa de cinco universitárias com as mulheres indígenas (“construindo pontes e alianças entre os conhecimentos científicos e os ancestrais”. Além de uma visita à casa de farinha, foi um dia de reconhecimento de plantas nativas, ervas medicinais, intercâmbio de saberes. Um percurso pelas comunidades Tupinambá, a entrega de alguns livros da coleção “Índios na visão dos índios” para seus autores e uma apresentação da organização Thydewá sobre seus principais programas complementaram a programação. A segunda-feira foi de avaliação final dos trabalhos, encaminhamentos e participação em um ritual tupinambá.

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Segunda etapa

Depois do regresso de Sabrina Landoni a Buenos Aires, as lideranças indígenas argentinas seguiram em viagem uns 800 km, da Bahia a Pernambuco, rumo ao Ponto de Cultura Pankararu. Ali ocorreu a segunda etapa do encontro, com interações de 23 a 30 de junho. A programação teve início na quinta-feira, 23, com uma conversa com as autoridades locais, uma cerimônia tradicional e o reconhecimento da geografia do território demarcado em 12.350 hectares, homologado e registrado dos 8.000 índios pankararus.

Os livros digitais produzidos com o apoio do programa IberCultura Viva foram discutidos na sexta-feira, avançando na produção dos volumes e no projeto como um todo. Além disso, houve intercâmbio sobre saúde indígena e ervas medicinais, sobre criação de ovelhas, cabras e galinhas, diálogos sobre cultura e saúde, cultura e sustentabilidade, coleta de sementes (cacau, graviola, abóbora) e visita a uma casa de parto. Paralelamente a todas as atividades foram realizadas aulas de  fotografia digital.

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No sábado houve coleta de alfarroba branca e outros frutos. Sebastián Gerlic conta que para o povo de Mariela Tulián, os comechingón, a alfarroba tem um sentido espiritual, além da segurança alimentar. Para os pankararus, a planta não é autóctone. Vem de fora, e orientada a dar de comer às cabras e aos bodes. “Como a alfarroba estava sendo utilizada somente com esta função, Mariela mostrou como fazer farinha, café, achocolatado, como utilizá-la para a alimentação familiar. Era uma reunião com 20 e tantas mulheres, ela preparou umas receitas e comentou sobre o espiritual. Foi interessante porque eles nunca haviam pensado que a planta tinha a função de alimentar o ser humano”, destacou. O dia terminou com um Cine Fórum sobre O abraço da serpente, o filme colombiano de temática indígena, dirigido por Ciro Guerra.

Domingo e segunda-feira foram dias de debates sobre a produção dos livros digitais La pequeña Francisca (Comechingón) e Huellas ancestrales (Atacama). Também foram feitas visitas às escolas Pankararu e conversas com alunos e professores sobre educação intercultural bilingue. Na terça e na quarta, o grupo voltou do Ponto Pankararu ao Ponto Tupinambá para desenhar as conclusões do encontro no Pontão Esperança da Terra.

Ao final, o encontro foi considerado rico para todas as pessoas e instituições diretamente relacionadas, gerando eco nas comunidades participantes, e abrindo aos Pontos de Cultura Indígenas seus panoramas de expectativas e horizontes. Foi sugerido continuar, a distância, com o intercâmbio e buscar a possibilidade de promover expansões e aprofundamentos também presencialmente; em especial nas políticas e os programas de Cultura Viva de ambos os países e entre os Pontos de Cultura Indígena ibero-americanos.

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Diferenças e semelhanças

Segundo o anfitrião Sebastián Gerlic, o intercâmbio foi enriquecedor para as seis etnias brasileiras e duas argentinas que ali estavam e se encontraram em suas diferenças e semelhanças, independentemente dos Pontos de Cultura, o trampolim que permitiu o encontro. “Foram discutidas as políticas e os direitos no nível do que se entende como educação diferenciada, saúde diferenciada, desenvolvimento diferenciado. Então foi muito rico no sentido de encontrar a semelhança e perceber a diferença e poder dialogar, encontrar e provocar reflexões e caminhos para seguir nas lutas”, comentou.

Gerlic destacou também os rituais espirituais – feitos de maneira diferente, conforme as tradições de cada povo, mas convergindo ao mesmo lugar, à mesma –, o interesse em conhecer a realidade de outros Pontos de Cultura, a necessidade de mostrar às populações ibero-americanas a realidade das comunidades indígenas.

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“Se no Brasil as pessoas quase não conhecem seus indígenas, imagina se conhecem os de outros países da América… Da mesma forma, se a Argentina não conhece os próprios indígenas, imagina se vão ter uma ideia certa sobre os de outros países, além das imagens distorcidas, folclóricas, do índio pelado que a Rede Globo conseguiu mostrar. Ninguém tem informação clara, não se sabe quantos são nem onde vivem, quais são seus valores culturais e suas tradições”, afirmou o presidente da Thydewá.

A possibilidade de contar as histórias, lutas, conquistas, a constituição das leis, “de uma perspectiva de Ponto de Cultura enquanto lugar de memória, lugar de difusão e formação de jovens”, foi fundamental para eles. Inclusive porque os livros produzidos no projeto têm esta missão de divulgar as culturas indígenas, valorizá-la, respeitá-las, provocar diálogos. Segundo Gerlic, indígenas de outras cinco comunidades argentinas já estariam interessados em dar continuidade à coleção de livros Kwatiara Abya Yala (em tupi, “escrita indígena da América). “É grande a vontade de continuar a caminhar, aprofundar este intercâmbio e avançar para outros. Vamos labutar nisso.”

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