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Arquivos conversatorio - Página 2 de 2 - IberCultura Viva

09

set
2020

Em Notícias

Por IberCultura

Conversatório sobre cultura comunitária, gênero e diversidade discute a agenda de governos e coletivos

Em 09, set 2020 | Em Notícias | Por IberCultura

“Desafios das organizações culturais comunitárias em torno dos direitos das mulheres e das diversidades sexuais e de gênero” é o primeiro dos conversatórios temáticos que serão realizados no 4º Encontro de Redes IberCultura Viva. Trata-se de um espaço de apresentação e debate acerca da agenda de governos e organizações culturais comunitárias (OCC) diante dos desafios da transversalização de ações que promovem a equidade de gêneros e o direito à diversidade sexual, desde a particularidade do trabalho territorial.

O conversatório terá dois painéis, nesta sexta-feira 11 de setembro, às 14h e às 17h (considerando o horário de Argentina). Cada uma das sessões terá seis pessoas convidadas e uma moderadora. Essas pessoas são provenientes de seis países e têm perfis variados, incluindo ativistas trans e ecofeministas, fundadoras de coletivos que trabalham com as temáticas de gênero e diversidade, e funcionários e autoridades dos governos integrantes do programa IberCultura Viva.

 

PAINEL 1 – Sexta-feira 11 de setembro, 14h (hora de Brasília)

Alba Rueda (Argentina) 

Ativista trans. Subsecretária de Políticas de Diversidade do Ministério de Mulheres, Gênero e Diversidade. Integrante de Noti Trans e Mujeres Trans Argentina. Pesquisadora do Departamento de Gênero e Comunicações do Centro Cultural da Cooperação Floreal Gorini. Integrante do Conselho Assessor do Observatório de Gênero na Justiça, Conselho da Magistratura da Cidade Autônoma de Buenos Aires (C.A.B.A.).

 

 

 

Luisa Lucía Paz – DIVAS: Ponto de cultura de temática transgênero (Argentina) 

É coordenadora de Prevenção e Abordagem em Violência Institucional do Ministério das Mulheres, Gêneros e Diversidade. Foi presidenta da Rede Nacional A.T.T.T.A. (2017-2020).  Coordenou o Congresso Nacional e Internacional de ESI e o Fórum Feminista: Popular e Latino-americano. Fundou a ONG Di.Va.S. – Diversidad Valiente Santiagueña. Atualmente integra o Conselho Consultivo do Plano Nacional de Prevenção da Gravidez Não Intencional na Adolescência (Plan ENIA) do Ministério da Saúde.

 

 

Lorena Berríos Ibacache (Chile) 

Ativista ecofeminista dissidente sexual. Representante plurinacional da Mesa Regional de Organizações Culturais Comunitárias (OCC) da Região do Maule. Integrante da Colectiva Cultural Equidad y Género.

 

 

 

 

 

Karina Franco Rodríguez  (México)

Mestre em Estudos Culturais (COLEF) e licenciada em Pedagogia (UNAM). Especializada em temáticas relativas às infâncias como sujeitos políticos, e à educação através das artes. No setor cultural tem trabalhado na Fundación-Colección Jumex, Academia de San Carlos (ENAP- UNAM), assim como de maneira independente. Foi a responsável nacional do Projeto “Rua e saberes em movimento” (SEP-DGDGIE), voltado para promover projetos educativos dirigidos a crianças em situação de vulnerabilidade social. Atualmente é diretora de Capacitação Cultural na Direção Geral de Vinculação Cultural da Secretaria de Cultura do Governo do México. 

 

 

Susana Matute (Peru) 

Licenciada em Educação. Magíster em Gerência Estratégica. Candidata a doutora em Educação. Especialista em Educação para a Sustentabilidade: Meio Ambiente, Economia e Interculturalidade pela Universidad de Granada. Atuou como especialista em Educação Intercultural e Cultura afro-peruana da DIGEIBIRA do Ministério de Educação do Peru. Atualmente se desempenha como diretora da Direção de Políticas para a População Afro-peruana do Ministério de Cultura. É, também, presidenta da Rede Interamericana de Altas Autoridades sobre Políticas para Populações Afrodescendentes (RIAFRO).

 

 

 

 

Yefry Peña – Casa Trans Lima Este (Peru) 

Ativista defensora dos Direitos Humanos e diretora da Casa Trans Lima Este.

 

 

 

 

 

Moderadora: Leidy Ortega (Peru)

Encarregada dos Registros de Pontos de Cultura do Ministério de Cultura. Gestora cultural. Mestre em Gerência Social pela Pontifícia Universidade Católica do Peru. Psicóloga social pela Universidade Nacional Federico Villarreal. Especialista em temas de gestão de projetos, gênero, diversidades e direitos laborais de trabalhadoras do lar. Com experiência em gestão pública, promoção de atividades culturais comunitárias e gestão do voluntariado. 

 

 

 

 

PAINEL 2 – Sexta-feira 11 de setembro, 17h (hora de Brasília)

Niurka Chávez Soria (México) 

Formada em Sociologia com especialização em Sociologia da Arte e da Cultura e em Estudos de Género nas Ciências Sociais pela UNAM-FES Acatlán. Participa de diversos projetos e espaços de pesquisa e trabalho colaborativo com coletivos vinculados à promoção de direitos humanos e políticas públicas sobre cultura e direitos das pessoas jovens. Atualmente integra o programa Cultura Comunitária na Direção Geral de Vinculação Cultural da Secretaria de Cultura do Governo do México. Também é coordenadora do curso Direitos Culturais e Agenciamento para a Secretaria de Cultura da Cidade do México.

 

Cecilia Merchán (Argentina) 

Formada em Comunicação Social. Foi deputada nacional e deputada do Parlasul. Atualmente é secretária de Políticas de Igualdade e Diversidade no Ministério das Mulheres, Gêneros e Diversidade. Coordenou o programa Juana Azurduy e o Comitê Executivo contra o Tráfico de Pessoas. Dirige a editora Las Juanas Editoras e é representante de La Colectiva. 

 

 

 

Ariane Denault Lauzier – Colectivo Teatral Mujeres de Fuego (Colômbia) 

Atriz, diretora, performer e pedagoga teatral. Licenciada em Estudos Sociopolíticos Latino-americanos com estudos complementares em teatro. Fundadora do Colectivo Teatral Mujeres de Fuego, que trabalha a criação teatral a partir do corpo com um enfoque sociopolítico e de gênero, assim como uma linha de trabalho em comunidade. Especializou-se em facilitar oficinas em relação a: corpo e imagem poética, teatro do oprimido, teatro para a paz, teatro e gênero com mulheres, entre outros. Trabalha temas como gênero, participação, violência contra as mulheres, direitos sexuais, paz e reconciliação, violência estrutural, saúde comunitária, liderança.

 

Avilinia Reyes García – Mujeres Colibrí Colectiva LésBica Indígena (México) 

Jovem indígena, lésbica, zapoteca da Serra Norte do Estado de Oaxaca. Migrante na Cidade do México. Gestora cultural da Universidad Autónoma de la Ciudad de México (UACM). Promotora e defensora dos direitos culturais. Foi aluna da escolinha de promotoras e defensoras jovens indígenas Mirna Cunningham e da Escola de Promotores de Direitos Humanos Fray Francisco de Vitoria. Membro de Mujeres Colibrí Colectiva LésBica Indígena.

 

 

Celia Solís – Comedor Popular San Martín del Once (Peru) 

Dirigente social do bairro La Balanza, Comas. Começou a trabalhar no Comedor San Martín del Once em 1999 e é presidenta desde 2007. Entre 2012 e 2019 participou do processo de transformação da instituição em um centro cultural, dentro do projeto Fitecantropus. Participa também da Fiesta Internacional de Teatro en Calles Abiertas (FITECA).

 

 

 

Luisa Rodríguez Cattaneo (Uruguai)

Diretora de Promoção Sociocultural do Ministério de Desenvolvimento Social do Uruguai. Sua formação como professora de educação física e gestora cultural tem permitido o desempenho em diferentes papéis como diretora de Cultura e Esporte de Treinta y Tres, realizando planos quinquenais na área, incluindo novas infraestruturas, eventos e programas especiais para distintos públicos-alvo.

 

 

 

 

Moderadora: Patricia Rivera Ritter (Chile) 

Chefa do Departamento Cidadania Cultural da Subsecretaria das Culturas e das Artes do Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio do Chile. Dedica-se à função pública há mais de uma década em diferentes áreas de fomento, gestão e promoção de programas e iniciativas culturais. É professora de Estado em História e Geografia na Universidade de Tarapacá. É mestre em Ciências Sociais (menção Desenvolvimento Social) pela Universidade A Prat, e em Educação (menção Currículo Baseado em Competências) pela Universidade Santo Tomás. É também diplomada em Gestão da Participação Cidadã, Universidad del Litoral, Buenos Aires; em Estudos de Gênero, Planejamento e Desenvolvimento, pelo Centro Estudos de Gênero da Universidade de Chile; e em Gestão Cultural, Universidade de Chile, Organização dos Estados Ibero-americanos, Conselho Nacional da Cultura e das Artes, e REPPI para IberCultura Viva.

 

 

⇒Acompanhe a transmissão ao vivo pelo Facebook e o canal de IberCultura Viva no YouTube.

⇒Saiba mais sobre o evento em www.encuentroderedes.org.

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04

set
2020

Em EDITAIS
Notícias

Por IberCultura

Inscrições abertas para o conversatório “Participação social e cooperação cultural”

Em 04, set 2020 | Em EDITAIS, Notícias | Por IberCultura

Além dos conversatórios temáticos programados para o 4º Encontro de Redes IberCultura Viva, um grupo de trabalho especial será selecionado por meio de convocatória para o conversatório “Participação social e cooperação cultural”, coordenado pela equipe do programa Cultura Comunitária da Secretaria de Cultura do Governo de México. As inscrições para participar deste grupo estarão abertas entre os dias 4 e 14 de setembro no Mapa IberCultura Viva.

A intenção é que as pessoas participantes das três sessões do conversatório “Participação social e cooperação cultural”, programadas para os dias 25 de setembro, 2 e 9 de outubro, possam reflexionar sobre o trabalho do programa IberCultura Viva, num processo colaborativo para a construção do Plano Estratégico Trienal (PET) 2021-2023. 

 

Conversas

As conversas terão as seguintes temáticas: “Políticas culturais de base comunitária para a pós-pandemia” (25 de setembro); “Mecanismos, propostas metodológicas e caminhos de participação” (2 de outubro), y “Brecha digital e cultura comunitária” (9 de outubro). 

As sessões se realizarão na modalidade virtual, via Zoom, e terão transmissão ao vivo por YouTube e Facebook, a partir das 12:00 no horário do México (14:00 no Brasil). Os encontros também poderão ser acompanhados através da página web https://encuentroderedes.org/.

 

Inscrições

Serão selecionadas para o GT de Participação Social até 132 pessoas integrantes de organizações culturais comunitárias (OCC) dos 11 países membros de IberCultura Viva: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Espanha, México, Peru e Uruguai. Cada uma das sessões poderá incorporar até 44 representantes, sendo 12 pessoas por país membro (será levada em conta a ordem de chegada das inscrições). 

Cada pessoa pode se inscrever para uma mesa do conversatório, e só poderá se inscrever uma pessoa por OCC. A seleção final deverá refletir diversidade territorial e regional priorizando a participação de OCC de diferentes regiões de cada país, com um mínimo de 50% de mulheres (mínimo 22 mulheres, 2 por país); 30% de pessoas afrodescendentes e indígenas, e 10% de pessoas da comunidade LGBTQ (4 por conversatório).

As pessoas postulantes devem ser membros de organizações culturais de base comunitária ou de povos originários, com ou sem personalidade jurídica. Espera-se ter 30% de OCC que participem em representação de uma rede nacional ou subnacional (13 por conversatório, 1 por país); 30% de OCC com mais de 5 anos de funcionamento (13 por conversatório, 1 por país), e 30 % de OCC que tenham tido alguma articulação com o programa (13 por conversatório, 1 por país). 

 

Mapeamento

Durante o conversatório serão realizadas de maneira simultânea três WikiSprint-Mapeo de experiências e saberes comunitários. Ao momento de iniciar-se as conversas, abre-se um chat mediante # em redes e um formulário para ingressar os seguintes dados, unicamente durante a realização do conversatório: nome da organização; breve descrição de atividades; país e localidade; aporte ou comentário ao tema #. Poderão participar do Mapeamento de Iniciativas WikiSprint todas as pessoas interessadas dos 11 países membros do programa, sem número de vagas limitado.

 

Sobre a plataforma

Para se inscrever no conversatório “Participação social e cooperação cultural” é necessário registrar-se primeiro como agente cultural no Mapa IberCultura Viva. Esta plataforma livre, gratuita e colaborativa permite o registro de dois tipos de agentes: individual e coletivo. Por agentes individuais compreendemos as pessoas físicas, e por agentes coletivos, as organizações culturais comunitárias, entidades, povos originários, coletivos, agrupações e instituições. No caso desta convocatória, é obrigatório registrar o perfil de agente individual (a pessoa física que será responsável pela inscrição). 

Uma vez concluído o perfil de agente, deve-se clicar em “Convocatórias” (na parte superior da tela) e buscar o arquivo que aparece com o título “Convocatória para integração do Grupo de Trabalho de Participação Social e Cooperação Cultural” para iniciar a inscrição. Aqui está um instrutivo sobre o registro na plataforma: https://bit.ly/34x4Y00

 

Confira o regulamento: https://bit.ly/31VSDkl

Inscrições: https://mapa.iberculturaviva.org/oportunidade/154/

Consultas: programa@iberculturaviva.org

 

Leia também:

Os conversatórios do 4º Encontro de Redes: um espaço para a construção participativa

 

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12

nov
2019

Em Notícias

Por IberCultura

Carlinhos Brown e a “orquestra humana de boas forças”: um dia de roda de conversa em Montevidéu

Em 12, nov 2019 | Em Notícias | Por IberCultura

“Bom dia. Sou Antônio Carlos Santos de Freitas e estou embaixador ibero-americano da cultura”. Foi assim, modestamente, que Carlinhos Brown se apresentou na roda de conversa sobre cultura comunitária que deu início à segunda jornada de sua visita ao programa IberCultura Viva em Montevidéu (Uruguai), na segunda-feira 4 de novembro. A atividade, que fez parte da programação da Semana da Cooperação Ibero-americana, reuniu representantes da Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB), da Direção Nacional de Cultura (MEC), do IberCultura Viva e de Pontos de Cultura do Uruguai e da Argentina. 

Sentado no meio do círculo de cadeiras armado na entrada do Museu do Carnaval, o músico brasileiro contou sobre sua experiência com o projeto social que desenvolve no Candeal, bairro onde nasceu (em 1962), em Salvador. A Associação Pracatum Ação Social, fundada por ele em 1994, conta com dois programas principais: Tá Rebocado, voltado para o desenvolvimento comunitário, e Pracatum, a escola de música e tecnologias. E ainda que a iniciativa tenha partido dele, Carlinhos fala sempre no coletivo, dividindo as conquistas com o grupo de percussionistas que começou os trabalhos no bairro. “Criou-se ali uma nova forma de liderar a comunidade e isso foi uma revolução”, afirma. “Na verdade, nunca me considerei uma liderança, e sim uma mirada atenta junto a outras miradas. Cada um tem seu momento de fazer silêncio para aprender com o outro”.

Ao longo das duas horas em que esteve no Museu do Carnaval, Carlinhos Brown escutou atento a todas as pessoas que falaram sobre suas experiências em seus territórios. Os coletivos convidados – La Bombocova, da Argentina, Nación Zumbalelé e Colectivo Tierra Negra. Espacio Chirimoya, do Uruguai –, além de trabalhar com percussão nas atividades de suas comunidades, foram selecionados para os intercâmbios do Banco de Saberes do Edital IberEntrelaçando Experiências, lançado este ano por IberCultura Viva. O músico brasileiro quis conhecer um pouco dos projetos de cada um deles, compartilhou algumas de suas inquietudes, e ficou contente de saber que “O milagre do Candeal”, documentário sobre suas iniciativas musicais na comunidade, havia inspirado os companheiros ali presentes.

 

Uma cidadania multicultural 

Integrantes da Cooperativa Nación Zumbalelé, os candomberos Gustavo Fernández e Gonzalo Palacios contaram como os tambores os levaram ao Brasil e como o documentário dirigido pelo espanhol Fernando Trueba em 2004 acabou sendo uma das principais referências deste coletivo de Salinas. “Ver este filme sobre o processo do Candeal foi fundamental para a gente naquela época, não só para montar uma comparsa (um bloco carnavalesco), mas também para construir um projeto social”, afirmou Fernández. “(Escolhemos o nome) Nación Zumbalelé porque tentávamos criar esta sensação de nação, formar uma nação de pessoas e grupos que se tocam”, completou Palacios.

A cooperativa, que veio através do movimento do bairro pela comparsa, atualmente trabalha também em escolas e prepara um festival chamado Nazoombit, que este ano chega à sétima edição. O evento, além de um fórum social, é um festival internacional de dança e percussão, realizado por meio de articulações com outras organizações sociais e organismos do Estado que trabalham pela equidade racial. A iniciativa é pioneira no departamento de Canelones no desenvolvimento de atividades como estas, para a construção de uma cidadania multicultural e inclusiva, a partir da articulação sociedade civil-Estado.

 

Gonzalo Palacios e Gustavo Fernández, da Nación Zumbalelé: inspiração no projeto de Brown em Salvador

 

O devir da diáspora africana

O outro Ponto de Cultura uruguaio presente, Tierra Negra, é um coletivo de ação social, cultural e artística que existe desde 2010 na cidade de Fray Bentos. “Começou como um projeto musical, quando familiares e amigos nos juntamos para aprender a música que tinha a ver com o aporte da diáspora africana na América Latina e no Caribe. Vivíamos estudando as rítmicas, e o candombe passou a se transversalizar aí, não somente como esta cultura ancestral, musical, mas também como fundamento sobre como nos relacionamos, como compartilhamos com os demais”, contou a percussionista Lucía Quiroga, uma das fundadoras do coletivo.

Desde 2013 Tierra Negra conta com o Espacio Chirimoya, um espaço onde se canta, dança e toca, e onde as diversas áreas de ação do projeto se articulam, se conjugam, criando a oportunidade de intervir no (e a partir do) comunitário. Nesta aposta pela cultura comunitária como possibilidade de transformar realidades através da arte, seus integrantes fazem intervenções em praças, espaços e instituições, buscando impulsionar o fazer cultural desde o coletivo e propiciar o intercâmbio de saberes em múltiplas temáticas. 

 

O ritmo como fio condutor

La Bombocova, a organização argentina convidada a participar deste encontro, é uma associação civil e produtora artística de Buenos Aires, nascida do teatro comunitário dos bairros de La Boca e Barracas, e que conjuga em suas propostas diversos elementos das artes cênicas, como a música, a dança, o teatro e o circo. Formada por uma equipe multidisciplinar, com cerca de 30 artistas, docentes e gestores, leva más de 25 anos de trajetória na criação de espetáculos, seminários e oficinas, e desde 2013 está constituida como uma associação civil para o desenvolvimento de programas de integração social.

A proposta pedagógica que La Bombocova utiliza em suas atividades desde 2005 é uma metodologia própria, chamada “Jogos de Ritmo”. “É um método que tem a ver com ritmos, não só dos tambores, mas também do corpo”, explicou o percussionista Santiago Comin, diretor da organização, que participou da roda de conversa ao lado da coordenadora da área de dança, Laura Rabinovich. Com esta ferramenta para multiplicar a arte comunitário, eles realizam oficinas de música e brincadeiras com instrumentos reciclados e convencionais, dinâmicas de ritmo em grupos para crianças e jovens, batucadas, aulas de cajón peruano, teatro de bonecos, dança e jogos teatrais, entre outras atividades. O ritmo é o vínculo e fio condutor de cada uma das propostas.

 

Santiago Comin, Laura Rabinovich. Carlinhos Brown, Diego Benhabib e Alejo Ramírez (SEGIB)

Fortalecendo as políticas culturais

Antes que os convidados falassem de seus projetos, Diego Benhabib, coordenador do Programa Pontos de Cultura da Argentina e representante da presidência do IberCultura Viva, explicou aos participantes do encontro como funciona este programa de cooperação ibero-americana que trata de promover e fortalecer as políticas culturais de base comunitária da região. 

“A partir do IberCultura Viva apoiamos distintos projetos de redes e promovemos o intercâmbio de saberes, buscando valorizar os saberes comunitários e populares que as organizações têm, tanto em termos de produções artísticas como em metodologias de intervenção territorial”, comentou Benhabib, ressaltando também o propósito de criar espaços de formação, inclusive com a concessão de bolsas para o Curso de Pós-graduação Internacional em Políticas Culturais Comunitárias, ministrado de modo virtual pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO-Argentina).

O modelo brasileiro de Pontos de Cultura, que inspirou outros países a trabalhar em uma lógica similar (“a lógica de reconhecer o trabalho das organizações e coletivos culturais em seus territórios, valorizando aqueles que trabalham para melhorar as condições de vida de suas comunidades”), também foi abordado por Diego Benhabib, assim como a importância de criar políticas públicas não necessariamente de bairro, mas que se comprometam com a sociedade e tratem de transformá-la através de consensos populares, que incluam projetos de vida e tenham a cultura como ferramenta central.

 “No IberCultura Viva seguimos tratando de fortalecer as políticas culturais de base comunitária. Seguimos dialogando, conversando com os atores principais, que são os coletivos culturais, porque toda transformação é coletiva. Se não é coletiva, não se sustenta no tempo, não tem impacto”, afirmou o representante da presidência do programa.

 

Um espaço para o intercâmbio 

Encontros como este, além de proporcionar um espaço de diálogo e intercâmbio de experiências entre as organizações culturais comunitárias, são também uma boa oportunidade de juntar forças. “Que esses encontros promovidos pela SEGIB nos tragam unidade, para que sejamos verdadeiramente uma orquestra humana de boas forças”, disse Carlinhos Brown. 

Durante esta manhã no Museu do Carnaval, os participantes do encontro não apenas apresentaram os projetos que realizam em suas comunidades, como também dividiram alguns dos problemas que enfrentam no cotidiano de seus trabalhos. O racismo, o preconceito em torno das religiões de matriz africana, o separatismo social, os desafios para manter os jovens das comunidades longe do álcool e do tráfico de drogas, a dificuldade de obter recursos e inclusive reconhecimento pelo trabalho comunitário, foram alguns dos temas abordados pelo grupo durante o bate-papo. 

“Trabalhamos com ferramentas ancestrais e agregamos costumes de positividade a uma sociedade que se perde e se distancia a todo tempo. Juntamos pessoas e etnias através de tambores e movimentos artísticos. Trabalhamos com o ser humano, mas parece que isso não é meritório”, comentou Carlinhos Brown. “Parece que estamos abaixo da luz (não da luz divina, mas da luz da mirada), como alguém que está de festa todos os dias. As pessoas imaginam que a gente se embebeda todos os dias, e isso em toda a parte do mundo. Mas, na verdade, temos um trabalho que se antevém ao dos médicos, dos advogados, à prisão, porque trabalhamos em zonas de risco, com pessoas de todos os tipos, sem oportunidades. Somos militantes sociais, e ainda que sejamos pessoas de bom coração, não somos ‘bonzinhos’. Somos técnicos e necessitamos ser vistos assim.”

Segundo Brown, “somos ‘perigosos’ porque somos um movimento de paz, não nos conformamos com a forma que o mundo tem tratado nossos iguais”. “Por isso temos que ser organizações potentes, que se conjuntam, porque a moeda mais valiosa que existe hoje é o conhecimento. Quanto tempo levará para que tenhamos a atenção que deveríamos ter? (…) Necessitamos que aqueles que estão em cima ajudem os que estão abaixo. Precisamos de fundos que possam fazer nossos trabalhos sustentáveis. Que olhem para nós, para que à nossa maneira, pela força do nosso trabalho, refaçamos uma sociedade mais justa e não violenta.”

 

Leia também:

 

Um dia de candombe com Carlinhos Brown pelas ruas de Montevidéu 

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Carlinhos Brown y la unión con Uruguay a través del tambor (EFE)

 

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