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Para o Topo.

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31

out
2016

Em Notícias

Por IberCultura

Fazer cinema é, sim, coisa de criança

Em 31, out 2016 | Em Notícias | Por IberCultura

Como seriam as lendas e os mitos das comunidades indígenas contadas a partir da visão infantil? E se estas crianças narrassem as histórias de seus povos em curtas-metragens em que eles mesmos atuam, produzem, dirigem e se encarregam da parte técnica? No México a experiência resultou em filmes falados em mazateco, chinanteco, chatino, zapoteco, cuicateco, ikoot, chontal, ayuuk, mixteco… Agora a proposta chega ao Chile com o “Taller comunitario de cine con y para niños” (“Oficina comunitária de cinema com e para crianças”), um dos projetos premiados no Edital IberCultura Viva de Intercâmbio, edição 2015. Os trabalhos começaram em Valparaíso em 17 de outubro e seguem na Ilha de Páscoa até 4 de novembro. Dois curtas vão resultar das atividades: um em mapuche e o outro em rapa nui.

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Crianças da comunidade mapuche em cena do curta “Nguillatún”

Cinematequio, a organização que divide o projeto com os chilenos Museo Fonck e Grupo Tacitas, é um coletivo mexicano encabeçado desde 2013 pelo cineasta Eduardo Bravo Macías e a escritora e professora Alejandra Domínguez Sánchez. O nome vem de um jogo de palavras que junta a arte e a técnica da criação e apreciação cinematográfica com o “tequio”, o trabalho comunitário para o bem comum.

Com oficinas baseadas no trabalho comunitário, na solidariedade e no compromisso, “sem fins políticos nem religiosos”, como ressaltam Alejandra e Eduardo, o coletivo busca contribuir para o desenvolvimento do país por meio da arte e da cultura, com ênfase na (re)valorização do patrimônio cultural imaterial que constituem os contos, mitos, lendas, relatos da tradição oral e das línguas originárias.

Fazer cinema, para eles, é um trabalho comunitário. São pelo menos sete dias de convívio com uma comunidade ou grupo em cada oficina, para dar a conhecer elementos teóricos e práticos, escrever um roteiro original baseado em um relato tradicional, permitir que os participantes escolham os papéis que desejam exercer dentro da produção, sejam eles técnicos ou artísticos, produzir o curta-metragem e apresentá-lo à comunidade ao final do processo.

Atividades

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A escola Pedro Cariaga, em Valparaíso

De segunda-feira, 17, a terça, 25 de outubro, foi realizada uma oficina na Escola Intercultural “Carabinero Pedro Cariaga”, de Valparaíso. Um curta-metragem intitulado “Nguillatún” foi feito por crianças da escola, com apoio de seus professores e de uma autoridade tradicional mapuche, o “lonko” Iván Coñuecar Millán. Além do colégio e redondezas, foram gravadas cenas no Museo Fonck de Viña del Mar. A apresentação de “Nguillatún” à comunidade se deu no Parque Cultural Valparaíso.

Em 27 de outubro foi feito o traslado a Rapa Nui. O começo dos trabalhos no Colegio Básico Lorenzo Baeza Vega estava previsto para o dia 28. A apresentação do curta-metragem feito com e para os meninos e meninas rapa nui está agendada para 4 de novembro, durante os festejos do Dia da Língua Rapa Nui.

Antes do começo das atividades no Chile, em apresentação do projeto no Museo Fonck, o cineasta Eduardo Bravo comentou a ideia de fazer uma  adaptação de um relato da tradição oral de cada comunidade, para que as crianças mapuche e rapa nui pudessem atuar e fazer parte de todo o processo de produção. “Além de transferir o conhecimento técnico,  (buscamos) a possibilidade artística, e que ajude a revalorizar a parte lingüística, de identidade. Ao colocá-los em contato com outros grupos, outras comunidades que tenham trabalhado com as oficinas no México, buscamos estender laços que podem ir crescendo, para que possam trocar mensagens e histórias desta maneira”.

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Impressões

taller-mapuche5Terminadas as gravações em Valparaíso, Eduardo Bravo considerou a experiência muito enriquecedora. “Nos demos conta de que mesmo estando tão longe temos muitos pontos em comum. E é muito gratificante trabalhar com crianças nativas, propositivas e criativas. Elas precisaram de muito poucas tomadas para fazer suas cenas”, observou.

Para Alejandra Domínguez, a oficina também pareceu muito boa. “Nos receberam com muita amabilidade, tanto os professores como os alunos. Eles estavam emocionados (por saber) que éramos de outro país, nos perguntavam mil coisas. E realmente tomaram a responsabilidade pela gravação. Foi muito rápido. Uma excelente participação de toda a escola.”

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A diretora Ana Maria: “experiência única”

Para a diretora da escola de Valparaíso, Ana Maria Salazar Zepeda, foi importante para os alunos conhecer de perto o que é trabalhar em cinema.“Uma experiência única, feita aqui pela primeira vez. As crianças estão interessadas em ter este aprendizado e compartilhar com seus companheiros os diversos papéis de trabalho em cinema. Me sinto honrada de poder participar. (…) Que possamos semear a arte de fazer cinema com crianças. Que seja o começo de outros momentos de cinema na escola. Estamos muito agradecidos”, afirmou.

Contrapartida 

A primeira atividade oficial da equipe Cinematequio no Chile foi visitar o Instituto de História da Pontifícia Universidade Católica de Valparaíso, que – por meio do braço universitário do Grupo Tacitas- criou um projeto para adquirir o equipamento de chromakey, iluminação e acessórios utilizados durante a produção dos curta-metragens no Chile.

O Grupo Tacitas é um “clube de excursionismo” formado em 2006, quando voluntários convocados pela arqueóloga Gabriela Carmona, do Museo Fonck, participaram de uma excursão à “piedra tacita” de El Morro, na parte mais alta do setor de “Quebrada Escobares”, comuna de Villa Alemana, Quinta Região. Desta excursão e do intercâmbio de experiências surgiu a iniciativa de visitar outros pontos da região com lugares de interesse arqueológico, com o objetivo de conhecê-los, difundir seu valor e assim ajudar sua preservação.

cinematequio-museofonckJá o Museo Fonck de Viña del Mar, criado em 1937, conta com salas dedicadas à cultura rapa nui e às culturas do Chile continental, além de uma mostra de história natural e duas bibliotecas. Uma, com cerca de 10 mil volumes, está voltada a diversas especialidades; a outra é a Biblioteca Rapa Nui, dedicada apenas a essa cultura. O museu tem como missão “preservar, investigar, difundir e ensinar o patrimônio natural, arqueológico e etnográfico do Chile, entretendo e estimulando o interesse pelo conhecimento, com espírito de serviço e estando atentos às necessidades da comunidade”.

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Saiba mais:

www.cinematequio.blogspot.cl

https://www.museofonck.cl/

https://tacitas.blogspot.cl

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