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Visitas a comunidades durante a 6ª Reunião: recuperando espaços, construindo pontes
Em 31, Maio 2017 | Em Notícias | Por IberCultura
“Os velhinhos deste grupo nos divertimos/ ao diabo com a dor”, avisam os integrantes da Murga Tres de Abril àqueles que os escutam cantar e dançar. Estão juntos há uma década, desde que começaram uns cursos de teatro na vizinhança (como parte do Programa Esquinas da Cultura, desenvolvido desde 2005 pela Intendência de Montevidéu) que acabaram tornando realidade o sonho que eles tinham de subir ao palco e sair no carnaval. Alegres, de cara pintada, rindo deles mesmos em suas roupas de espetáculo, os integrantes desta “murga de avós” fizeram uma bela apresentação ao final do primeiro dia da 6ª Reunião do Conselho Intergovernamental do IberCultura Viva no Uruguai.
A apresentação da murga comunitária, na sede da Associação Civil Monte de la Francesa, no bairro Colón (Município G), encerrou a programação da quarta-feira, 24 de maio. Neste dia, terminada a sessão no Centro de Formação da Cooperação Espanhola, os participantes da 6ª Reunião do Conselho se dividiram em dois grupos para percorrer diferentes municípios do departamento de Montevidéu e conhecer algumas iniciativas de cultura comunitária desenvolvidas conjuntamente pelo Estado e pela sociedade civil.
Os grupos contavam com representantes dos países membros do programa, da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib), do Ministério de Educação e Cultura do Uruguai (MEC), do Ministério do Desenvolvimento (Mides), da Intendência de Montevidéu e a Unidade Técnica do Programa IberCultura Viva.
Enquanto metade do grupo se dirigia aos bairros Palermo/Barrio Sur, Bella Italia e Casavalle, a outra passava por Cerro, Paso de la Arena e Colón. Vários dos projetos visitados tinham uma característica em comum: funcionam em espaços que estavam abandonados, passaram por uma recuperação e hoje são geridos por vizinhos e vizinhas.
GRUPO 1
Primeira parada: Cerro
Um dos percursos começou pelo Cerro, um dos bairros mais emblemáticos de Montevidéu, que surgiu como uma vila (fundada em 1834 com o nome de Cosmópolis), ponto de chegada de imigrantes das mais distintas procedências. No ex-Parador do Cerro, os visitantes encontraram três integrantes do coletivo Teatro para el Fin del Mundo (TFM), um programa de intervenção iniciado no México em 2012 e que tem entre suas atividades a realização de um festival artístico multidisciplinar.
Entre os princípios do TFM está a reconstrução de espaços que se encontram em condições de abandono e neles promover programas culturais. “A ideia é ressignificar estes espaços e dar-lhes visibilidade com esta característica do trabalho territorial”, explicou a coordenadora do TFM Uruguay, Susana Souto. Nas ruínas do Parador, o grupo oferece oficinas artísticas para crianças e adolescentes da zona. A Planchada e o antigo Frigorífico Castro são outros espaços do Cerro de atuação do colectivo, que hoje conta com 30 integrantes.
Além do trabalho direto com a comunidade, o TFM promove atividades voltadas aos profissionais das artes cênicas, com vistas ao intercâmbio e a experimentação entre coletivos artísticos de diferentes países. Para isso, desenvolve trabalhos de residência com grupos uruguaios interessados em intervenções artísticas, e organiza o Festival de Teatro para el Fin del Mundo, que chega à terceira edição este ano, de 1º a 5 de novembro.
Segunda parada: Paso de la Arena
Saindo do Cerro, os visitantes se dirigiram ao bairro Paso de la Arena, onde estavam reunidos na Casa Jovem alguns participantes do Ronda Oeste, um coletivo de organizações que trabalham com crianças, adolescentes e jovens na Zona Oeste de Montevidéu.
Considerada uma referência em termos de trabalho em rede no Uruguai, Ronda Oeste surgiu com a intenção de construir de pontes e promover atividades em comum entre aqueles que já vinham trabalhando na região, como o Liceu de Paso de la Arena, a UTU (Universidade do Trabalho do Uruguai), a Casa Jovem, a Aula Comunitária nº 4 e a Biblioteca Comunitária.Paco Espínola.
“Como organizações e projetos de trabalho, temos certa autonomia, já que existíamos antes do coletivo (…) O que tratamos de fazer com a formação do coletivo é transcender os projetos mais pontuais e gerar espaços de encontro”, afirmou Camilo Silvera, coordenador da Aula Comunitária, ressaltando que alguns dos projetos são de gestão pública (caso do liceu), e outros são de organizações que mantêm convênios com o Estado, como a Casa Jovem. A biblioteca comunitária é a única 100% gerida pelos vizinhos.
Financiado pelos fundos concursáveis do Ministério do Desenvolvimento Social, Ronda Oeste tem promovido uma série de atividades culturais na região entre os meses de setembro e dezembro. Títeres, teatro, planetário móvel, música e cinema têm chegado de forma gratuita a diferentes bairros do Oeste montevideano por meio deste projeto conjunto das organizações.
Terceira parada: o castelo
A terceira parada do percurso foi num castelo que começou a ser construído na Villa Colón em 1896, a mando do então presidente da República, Juan Idiarte Borda. Pensado em viver ali os meses de primavera e verão, Borda encomendou uma mansão em estilo francês, neoclássico, com cinco andares e amplos jardins, mas não chegou a ver o edifício terminado. Vítima do único magnicídio registrado na história del Uruguay, foi assassinado por um tenente em agosto de 1897. Levou uma bala no coração, em frente ao Club Uruguay.
Após décadas de histórias de fantasmas, luzes nas janelas das torres, invasão de indigentes e outros casos mal-assombrados, o Castillo Idiarte Borda passou a funcionar como um centro cultural que oferece atividades gratuitas aos vizinhos, como oficinas de teatro, balé, percussão, piano, violão, ginástica, karatê e filosofia. A casa é propriedade de uns espanhóis e esteve abandonada por muito tempo, até que a Comissão do Patrimônio Cultural da Nação a recebeu em comodato e passou a financiar sua manutenção, os gastos de energia elétrica, água, e a segurança. A Intendência de Montevideo colabora com seu programa Esquinas, cedendo professores para algumas disciplinas artísticas.
Quem administra o espaço é um grupo de vizinhos, que há quatro anos trabalham voluntariamente e em 2015 formaram uma associação civil. “Quando ingressamos não havia nada. A casa estava abandonada, haviam colocado fogo no piso, estava tudo muito feio”, lembrou Fabiana Scirgalea, a vizinha que atualmente responde pela presidência da Asociación de Amigos del Castillo Idiarte Borda. “Este é o orgulho maior: é um luxo que hoje as pessoas venham aqui. Não importa se têm dinheiro ou não, as portas estão abertas”.
GRUPO 2
As Usinas Culturais
A Casa de la Cultura Afrouruguaya, ponto de partida do percurso do segundo grupo, é uma construção que data de aproximadamente 1865, e que estava prestes a ser derrubada até que se conseguiu o apoio financeiro da Cooperación Española para que abrigasse este espaço da coletividade afro do Uruguai. A casa está aberta desde dezembro de 2011, como uma instituição sem fins lucrativos dedicada a promover o conhecimento, a valorização e difusão da contribuição dos afrodescendentes e seu acervo histórico, assim como a criação e a recriação de suas manifestações artísticas, culturais e sociais.
Ali também funciona a Usina Cultural Palermo, uma das 17 “Usinas Culturales” instaladas no Uruguai. Estes centros regionais equipados com salas de gravação musical e/ou equipamento para a produção audiovisual conformam um programa da Direção Nacional de Cultura que busca descentralizar o acesso à produção cultural, instalando infraestrutura a lugares que tenham um notório déficit, e dirigindo suas atividades especialmente a jovens em situação de pobreza.
Além da sala de gravação de Palermo, os visitantes conheceram a Usina Cultural Bella Italia, inaugurada em 2013 no Mercadito do bairro, e desde então administrada por uma comissão de vizinhos. As Usinas de Bella Italia e Palermo são as duas que o programa da Direção Nacional de Cultura instalou por convênio firmado com associações civis – os outros centros regionais se tratam, em sua maioria, de convênios com as intendências/prefeituras).
A Fábrica de Turismo
O grupo também passou pelo Centro Cultural C1080, no Barrio Sur, conhecido como o berço do candombe e da cultura afro-uruguaya. A associação, vinculada a uma das grandes comparsas do carnaval uruguaio (Cuareim 1080, a C1080), está sediada no edifício onde antes existia o Conventillo Medio Mundo, o cortiço “onde começou a história de amor do candombe com o Barrio Sur”, como contou o músico Miguel Almeida.
Miguel é o guía turístico da Fábrica de Cultura que organiza o “Paseo Barrio Sur Candombe – una forma de vivir y sentir”, no qual relata – a partir da história do “conventillo” e com a participação dos vizinhos – a história dos tambores e dos moradores do bairro. O Medio Mundo teve um papel tão importante na trajetória deste gênero musical no Uruguai que o Dia Nacional do Candombe é celebrado em 3 de dezembro, data em que este prédio foi demolido (em 1978).
A Fábrica de Turismo Cultural é uma das 29 Fábricas de Cultura que foram criadas no Uruguai nos últimos 10 anos, neste programa da Direção Nacional de Cultura que leva adiante espaços de formação e desenvolvimento de empreendimentos culturais. As Fábricas se dedicam a um amplo leque de artes e ofícios, desde a produção de móveis até a joalheria, passando pelo patrimônio imaterial (como no caso do turismo cultural), e este ano – como agradecimento pelo apoio recebido – foram tema do espetáculo de carnaval da comparsa C1080.
O complexo Sacude
O percurso do grupo terminou no Complexo Municipal Sacude, um projeto que busca melhorar a qualidade de vida dos vizinhos e vizinhas do Município D mediante a promoção do acesso à saúde, à cultura e ao esporte (o nome “Sacude” vem daí: “salud + cultura + deporte”).
Construído em 2010, na regularização de três assentamentos da zona de Casavalle, o Sacude é gerido por representantes da Intendência de Montevidéu e por vizinhos e vizinhas do bairro. A comissão de cogestão é o órgão máximo de decisão del complejo. É integrada por três técnicos da Intendência, responsáveis por cada uma das áreas (saúde, cultura e esporte), três vizinhos eleitos pelo bairro, também nas três áreas, um coordenador de gestão (da Intendência), um representante do Município D e um integrante do conselho de vizinhos. Todos eles têm direito a voto e as decisões são tomadas por maioria absoluta.
“A Intendência fez uma intervenção para recuperar urbanisticamente o bairro”, comentou Alba Antúnez, coordenadora do Programa Esquinas, da Intendência de Montevidéu. “Quando se recuperou o bairro e já se tinha tudo em termos de saneamento, os vizinhos tiveram acesso a um fundo próprio para construir o que lhes interessava. Os mais veteranos, basicamente mulheres, doaram este fundo para que se construísse a parte cultural do bairro. Argumentaram que sabiam o que isso devia significar para seus netos em termos de valores e integração. Do ponto de vista econômico foi mínimo o que se aportou, mas simbolicamente foi muito forte. Eles sentem que isso é deles.”
Os vizinhos do teatro
No fim dos percursos, os dois grupos de visitantes se encontraram no Teatro de Verano de Colón, onde está a Asociación Civil Monte de la Francesa. Ali, em 1997, um grupo de vizinhos soube que havia sido assinado um decreto permitindo a demolição do Teatro de Verano e decidiu formar uma comissão para tratar de evitá-la. Depois de apresentar à Intendência em 2001 um projeto que tinha como centro o teatro, esta comissão de vizinhos deu início a uma série de tarefas para recuperar o Teatro de Verano de Colón e o espaço verde em que ele se encontra, conhecido como Monte de la Francesa.
Atualmente, o teatro tem como finalidade ser um espaço aberto de uso comunitário, onde realizam oficinas gratuitas de candombe, murga, maquiagem artística, canto coral, danças, fotografia etc, financiadas por convênios com a Intendência e aportes da associação, com fundos que saem especialmente das atividades de carnaval. Também se organizam no local rodas de conversas, geralmente sobre temas relacionados aos direitos humanos, e as celebrações do Dia das Crianças, com espetáculos e brincadeiras. A recuperação de valores e a promoção do respeito e da segurança são considerados pilares fundamentales para este espaço de inclusão social autogerido pelos vizinhos.
“Buscamos melhorar a zona para que a recuperação do teatro não fosse vista apenas do ponto de vista arquitetônico, e sim como uma recuperação do espaço, para que as pessoas pudessem voltar a ter o sentido de identidade e pertencimento”, destacou Luís Guerreiro, um dos vizinhos integrantes da associação. “Há 10 anos ninguém transitava por esta zona. Hoje vemos gente caminhando pelas ruas à noite. Por isso é interessante o trabalho da comunidade, a autogestão dos espaços. Além de ter a capacidade de identificar os problemas que têm, as pessoas encontram soluções para eles. O Estado deveria prover os recursos necessários e acreditar mais na gente para melhorar ou mudar a realidade do país.”
Acreditando na gente
Os avós da murga, que pintam a cara e fazem graça das limitações da idade em suas canções satíricas de carnaval, rindo deles mesmos e realizando antigos sonhos, são também um bom exemplo do que dizia Luís: que é necessário acreditar mais na gente. Ou do que afirmou Alba Antúnez ao final da apresentação dos “viejitos” no Monte de la Francesa. “Cada vez que nos aproximamos dos vizinhos, há uma força que estamos obrigados a não perder nunca. Devemos ter sempre presente que o que vale é isso: a gente, o ser humano. Somos nada mais que humanidade caminhante. E esta é nossa grandeza.”
Estão abertas as inscrições para o registro de Pontos de Cultura no Uruguai
Em 29, Maio 2017 | Em Notícias | Por IberCultura
O encontro de coletivos e organizações de cultura de base comunitária realizado na última sexta-feira (26), como parte da programação da 6ª Reunião do Conselho Intergovernamental do IberCultura Viva em Montevidéu, terminou com uma boa notícia: o lançamento do registro dos “Puntos de Cultura” do Uruguai. A abertura das inscrições para o registro das organizações é o início do que pretende ser uma construção coletiva – do governo uruguaio com a sociedade civil – em torno do programa Puntos de Cultura no país.
O anúncio foi feito pelo diretor de Cultura do Ministério de Educação e Cultura do Uruguai, Sergio Mautone, no encerramento do encontro das organizações e representantes de governos, no Centro Cultural Mistério. Com a iniciativa, o Uruguai será o sexto país ibero-americano a implantar este modelo de política pública iniciado no Brasil em 2004. Argentina, Peru, El Salvador e Costa Rica também lançaram programas inspirados na experiência brasileira dos Pontos de Cultura.
“Na Direção Nacional de Cultura entendemos que um dos pilares substantivos do desenvolvimento cultural está no desenvolvimento da política comunitária, porque é a partir desta transversalização que aportamos para a coesão social, a inclusão, o desenvolvimento e a sustentação de um sistema que tem que viver independente do Estado”, comentou o diretor.
Entendendo que o Estado tem o papel de facilitador, e que os conceitos de cultura devem ser construídos coletivamente, Mautone acredita que ferramenta ajudará o poder público a identificar e conhecer melhor as organizações da sociedade civil. Fortalecer a capacidade de gestão, poder estabelecer redes de convivência e contribuir para que todos os atores envolvidos nos processos possam redefinir ou reformular as políticas de apoio seriam alguns dos benefícios deste registro de organizações, segundo ele.
“É uma oportunidade rica para pensar conceitualmente, encher de sentido a palavra cultura, valendo-nos de uma ferramenta transformadora para poder situá-la na centralidade das decisões da agenda política e mostrar que a partir daí podemos construir uma perspectiva de desenvolvimento. Sem incorporar a cultura às estratégias de longo prazo não será possível pensar em um país no futuro.”
Participação social
Diego Benhabib, coordenador do programa Puntos de Cultura da Argentina, celebrou com entusiasmo a iniciativa do país vizinho. “Para nós do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva, (a implementação desta política pública) é uma questão central e estratégica na região”, comentou, ao explicar de que se trata o programa de cooperação ibero-americano, suas linhas estratégicas e apoios concretos, por meio de ações como os editais de intercâmbio e apoio a redes, além da proposta de um programa de formação em gestão e políticas públicas apresentada dois dias antes na reunião do Conselho.
“O que trabalhamos na jornada de hoje, seguramente, as organizações vão seguir debatendo, porque estes processos de refletir sobre a própria realidade, as formas de participação social, são a própria essência das organizações”, ressaltou Benhabib, referindo-se às mesas de trabalho “Participação nos contextos de cultura comunitária” e “Formação nos âmbitos da cultura comunitária”, que reuniram aproximamente 100 pessoas nesta sexta-feira no Centro Cultural Mistério.
“As organizações nascem a partir da ideia de que sozinhos é mais difícil conseguir objetivos do que coletivamente”, observou o coordenador dos Puntos argentinos. “Por isso a importância da cultura comunitária: para repensar o paradigma cultural, entender que cultura também é como melhoramos a relação com o vizinho, como entendemos que o outro é um companheiro que nos complementa com a sua voz e pode nos ajudar a alcançar aquilo que individualmente não podemos.”
Mesa de encerramento
Diego Benhabib foi um dos participantes da mesa de encerramento do evento, ao lado de Sergio Mautone, diretor nacional de Cultura; Mariana Percovich, diretora de Cultura de Montevidéu; Federico Graña, diretor nacional de Promoción Sociocultural do Ministério de Desenvolvimento Social (MIDES), e Alejo Ramírez, diretor sub-regional para o Cone Sul da Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB).
Ramírez falou da importância para a Cooperação Sul-Sul de contar com um programa como IberCultura Viva, “que tem um impacto real” e “onde todos se beneficiam mutuamente”. Graña chamou a atenção para aqueles cidadãos e cidadãs que “só têm direito a certos direitos”, e destacou a necessidade de ações concretas dirigidas às comunidades, como os projetos que trabalham, por exemplo, cultura e afrodescendentes, cultura e diversidade, cultura e discapacidade. Também comentou a importância da geração de redes, a autogestão, a participação. “As políticas são das pessoas para as pessoas, mas elas também têm que aportar, ser parte da construção da política”, afirmou.
Percovich, por sua vez, destacou a ideia de descentralização cultural defendida pela Intendência de Montevidéu, com projetos emblemáticos como o Sacude, um centro cultural gerido por vizinhos e vizinhas do bairro Casavalle. “É uma beleza de projeto que tem que ver com vocês, com a gente organizada. O Estado, neste caso o governo departamental, aporta recursos humanos, mas quem toma as decisões são as pessoas”, afirmou.
No fim do encontro, Alba Antúnez, coordenadora do programa Esquinas (desenvolvido desde 2005 pela Intendência de Montevidéu em oito municípios), tomou o microfone para agradecer a todos os presentes e lembrar que o lançamento do registro dos Puntos de Cultura se trata de um início de processo. “É um registro que obviamente, com o correr do tempo, vai implicar apoios de diferentes tipos, mas iremos conversando, construindo como será tudo isso. Para chegar a estes encontros temos avançado, e à medida que trabalhamos mais próximos, também confiamos mais uns nos outros.”
Construção coletiva
A ideia de ter no Uruguai um programa de Puntos de Cultura vem sendo discutida nos últimos meses pelas organizações e coletivos que trabalham com cultura comunitária no país e tem avançado bem, como mostrou o encontro de sexta-feira no Centro Cultural Mistério. Entre as cerca de 100 pessoas que participaram das mesas de trabalho estavam representantes de iniciativas governamentais, como os Centro MEC e os programas Urbano e Fábricas de Cultura, e de organizações da sociedade civil, como comissões de vizinhos, centros juvenis, teatros e rádios comunitárias.
Também estava presente a Rede Metropolitana de Cultura Viva Comunitária, uma das ganhadoras do Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes 2016. Criada em novembro de 2015, por iniciativa de uruguaios que participaram das duas edições do Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária (La Paz e El Salvador) e de coletivos que queriam se juntar para articular propostas, a Rede Metropolitana propôs no edital a realização de seu segundo encontro em setembro, em Canelones, com o objetivo de reunir aportes para o 3° Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que será realizado de 20 a 25 de novembro em Quito, Ecuador.
Com o avanço dos diálogos em torno da construção do programa de Puntos de Cultura no Uruguai, o encontro metropolitano previsto passou a ter uma dimensão nacional. Por isso os dias 16 e 17 de setembro agora serão dedicados ao 1º Encontro Nacional de Cultura Viva Comunitária. O evento buscará reunir todos os coletivos e/ou participantes interessados na construção de políticas culturais que contribuam com formas de vida e trabalho comunitárias e coletivas no país.
O movimento começou há três anos no país com a Red Cultura Viva Comunitaria, que esteve à frente do primeiro encontro regional em Paysandú em 2014 e vem realizando reuniões de organizações e coletivos pensando em como contribuir com a organização do 1º Encontro Nacional. “Gostaríamos de nos encontrar com aquelas experiências que a partir da arte, da cultura e da comunicação trabalham em bairros e populações de todo o país promovendo o encontro solidário e a participação entre vizinhos e famílias”, avisam os integrantes da rede nos chamados para o encontro. “É importante que nos reconheçamos, nos encontremos e pensemos juntos práticas de democracia participativa que nos permitam habitar o espaço público, incidir na política pública, promover ações comuns, gerar novas realidades estéticas e iniciativas sociais em diálogo permanente com as experiências latino-americanas”. O lançamento do registro dos Puntos de Cultura já é um primeiro grande passo.
O registro dos Pontos
Podem se registrar como Puntos de Cultura no Uruguai as organizações, movimentos, associações, cooperativas, coletivos ou agrupações culturais da sociedade civil que trabalhem em nível comunitário, sem fins lucrativos, com pelo menos um ano de atividades ininterruptas. O registro é feito através da plataforma culturaenlinea.uy.
Os Puntos de Cultura podem ser centros culturais dos bairros, bibliotecas comunitárias, rádios comunitárias, grupos de teatro comunitário, de dança, artes circenses, audiovisuais, muralismo, literatura, boletins de barrios, gestão cultural comunitária, propostas alternativas econômicas solidárias e colaborativas, hortas comunitárias, sociedades de fomento e associações de vizinhos, que valorizem o papel da cultura e todas aquelas iniciativas que reconheçam a cultura como eixo e motor de desenvolvimento comunitário.
Para registrar um Punto de Cultura:
https://culturaenlinea.uy/proyecto/232/
Leia também:
Como organizar nossa esperança: O movimento de Cultura Viva Comunitária no Uruguai (por Paula Simonetti)
6ª Reunião do Conselho Intergovernamental: Argentina assumirá a presidência do programa
Em 26, Maio 2017 | Em Notícias | Por IberCultura
A Argentina terá a presidência do programa IberCultura Viva nos próximos três anos. A decisão foi tomada por consenso por representantes de governos de oito países nesta quinta-feira (25), ao final da 6ª Reunião do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva, realizada em Montevidéu, Uruguai. O Brasil esteve à frente do programa desde o início de sua implementação, em 2014. Além de responder pela presidência, a Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SCDC/MinC) abrigou a Unidade Técnica do IberCultura Viva nestes primeiros três anos do programa. Com o fim do mandato, decidiu-se que a Unidade Técnica também deixará Brasília em julho de 2017, passando a ter como sede a cidade de Buenos Aires.
A função da vice-presidência, que vinha sendo exercida pela Argentina desde 2016, será dividida por dois países — Chile e Uruguai — até junho de 2020. O governo chileno responderá pela primeira metade do mandato, até o fim de 2018. Ao governo uruguaio caberá a segunda metade. O Comitê Executivo, que acompanha a Unidade Técnica na execução dos trabalhos e atualmente é integrado por Argentina, Chile e Costa Rica, será formado a partir deste ano por Brasil, El Salvador e Peru. Uruguai e Chile, nos períodos em que não estarão encarregados da vice-presidência, se somarão ao trio de países do Comitê Executivo.
A programação da 6ª Reunião do Conselho Intergovernamental começou na manhã de quarta-feira (24), no Centro de Formação da Cooperação Espanhola em Montevidéu, e terminou nesta sexta (26) com um encontro de representantes de organizações uruguaias que trabalham com cultura comunitária no Centro Cultural Mistério. Cerca de 100 pessoas, entre gestores públicos e participantes de coletivos, estiveram reunidas ao longo do dia em torno das mesas de trabalho “Participação nos contextos de cultura comunitária” e “Formação nos âmbitos da cultura comunitária”. O encontro marcou o início do que se pretende ser uma construção coletiva — do governo uruguaio com a sociedade civil — em torno de um programa “Puntos de Cultura” no país.
Dois dias de avaliações
Nos dois primeiros dias da reunião do Conselho em Montevidéu, foram apresentados informes de desempenho técnico e financeiro do programa no período de 2014 a 2017, análises dos editais de Intercâmbio e Apoio a Redes (lançados, respectivamente, em 2015 e 2016), propostas de plano operativo para os próximos seis meses, as linhas de ação e os objetivos estratégicos para o triênio seguinte.
Na abertura do evento, Débora Albuquerque, secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura do Brasil e presidente do Conselho Intergovernamental, ressaltou a importância do encontro e a diferença deste para os cinco anteriores. “Estamos terminando o primeiro mandato e este é o momento de fazer avaliações, análises e reflexões, dos avanços do programa neste primeiro triênio. Sabemos que o Brasil é protagonista nesta política (de Cultura Viva), mas ainda precisamos avançar muito, e este programa traz a possibilidade real de intercâmbio, para trocar experiências e crescer, poder fomentar e estimular as culturas de base comunitária da região”, afirmou.
Além da secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC, participaram da mesa de abertura Sergio Mautone, diretor de Cultura do Ministério de Educação e Cultura do Uruguai; Marcos Acle, gerente de Cooperação do Escritório Sub-Regional da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib), e Ricardo Ramón Jarne, diretor do Centro de Formação da Cooperação Espanhola. Representantes de governos de oito dos nove países membros do programa IberCultura Viva estavam presentes: Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, El Salvador, Espanha, Peru e Uruguai.
Programa de formação
Uma das propostas apresentadas no primeiro dia de encontro do Conselho foi a de um programa de formação IberCultura Viva a ser desenvolvida nos próximos meses: um projeto de formação em políticas culturais de base comunitária dirigido a organizações, agentes e coletivos culturais (por meio de uma convocatória para projetos nacionais, bilaterais ou multilaterais), e outro voltado para gestores públicos (um curso virtual internacional). A proposta, elaborada pela Unidade Técnica do programa, teve como base um levantamento de 107 cursos de formação em políticas e em gestão cultural identificados em 17 países do Espaço Cultural Ibero-americano.Também foram discutidas colaborações com outros programas ibero-americanos de cooperação, como Ibercozinhas, Iber-rutas e Televisão Educativa Ibero-americana (TEIB), e com a organização do 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que será realizado entre os dias 20 e 25 de novembro de 2017 no Equador.
Além disso, os participantes da reunião decidiram por consenso que a administração do fundo IberCultura Viva, atualmente a cargo da Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI – Escritório Regional de Brasília), passará a ser responsabilidade da Secretaria Geral Ibero-americana, por meio do Escritório Sub-Regional do Cone Sul da Segib, sediado no Uruguai. O fundo é formado pelas cotas pagas anualmente pelos países membros do programa (os valores estabelecidos variam de país para país).
No encerramento da reunião dos representantes do Conselho, nesta quinta-feira (25), Diego Benhabib, coordenador do programa Puntos de Cultura da Argentina, agradeceu a confiança dos países membros e “a generosidade do Brasil”, e falou da responsabilidade de assumir a presidência neste momento. “É um compromisso que fomos construindo ao longo dos anos e esperamos estar à altura do que o Brasil tem significado para este processo. Queremos poder dar nosso aporte também e depois de três anos achar um outro país em condições de assumir isso, trabalhando coletivamente para fortalecer as políticas de base comunitária nos países da região e fazer crescer esta política na Ibero-América”.
Montevidéu será a sede da 6ª reunião do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva
Em 15, Maio 2017 | Em Notícias | Por IberCultura
A 6ª reunião do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva será realizada de 24 a 26 de maio em Montevidéu, Uruguai. Nos dois primeiros dias, os representantes dos governos dos países membros farão uma avaliação dos três anos do programa e planejarão as linhas estratégicas para o próximo período. No dia 26, o Conselho se reunirá com algumas organizações locais de cultura comunitária.
Coletivos culturais da sociedade civil que trabalham em comunidades no Uruguai e estejam interessados em participar deste encontro do dia 26 devem se inscrever até 18 de maio no site da Direção Nacional de Cultura (aqui o formulário). Poderá participar um representante por organização. As vagas são limitadas. No caso de superar a capacidade, será realizada uma lista de espera.
A 6ª reunião será uma parceria da Direção Nacional de Cultura, do Ministério de Educação e Cultura de Uruguai, com o Escritório para o Cone Sul da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib) e o Centro de Formação da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid).
O encontro do governo com as organizações é uma realização conjunta da Direção Nacional de Cultura, da Direção Nacional de Promoção Sociocultural do Ministério de Desenvolvimento Social (Mides) e da Intendência de Montevidéu (por meio do Programa Esquinas de la Cultura).
Últimos dias de inscrições para o Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social
Em 15, Maio 2017 | Em Notícias | Por IberCultura
Entidades sem fins lucrativos América Latina e do Caribe podem se inscrever até 31 de maio na categoria “Água, Meio Ambiente, Agroecologia ou Cidades Sustentáveis” do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2017. Em sua nona edição, o prêmio pela primeira vez reconhecerá iniciativas de outros países da região capazes de gerar soluções para os problemas sociais e que possam ser aplicadas no Brasil.
A participação está aberta a instituições sem fins lucrativos, como fundações, organizações da sociedade civil, instituições educativas e de pesquisa ou organizações governamentais. Para obter a certificação, as iniciativas devem ser reconhecidas como soluções que tenham tido um impacto efetivo na melhora da qualidade de vida das pessoas e possam voltar a ser aplicadas.
As três melhores iniciativas serão documentadas em vídeo para a difusão das experiências e terão custeados os gastos para a participação de seus representantes no Foro Internacional de Tecnologia Social, que será realizado em Brasília em novembro de 2017. O evento reunirá especialistas no temas e discutirá o conceito de tecnologia social como ferramenta de desenvolvimento sustentável.
As experiências registradas que também sejam certificadas farão parte do Banco de Tecnologias Sociais (BTS) da Fundação Banco do Brasil. O BTS é uma coleção on-line, gratuita, que hoje dispõe de 850 soluções bem-sucedidas aplicadas nas comunidades do Brasil. A finalidade do acervo é difundir as experiências para o desenvolvimento social. O conteúdo também está disponível em versões em inglês, francês e espanhol.
As categorias nacionais
Além da categoria internacional, há seis categorias destinadas a iniciativas realizadas no Brasil: “´Água e/ou Meio Ambiente”; “Agroecologia”; “Economia Solidária”; “Educação”; “Saúde e Bem-estar”; “Cidades sustentáveis e/ou Inovação Digital”. O primeiro lugar de cada categoria será premiado com R$ 50 mil, e as 18 instituições finalistas receberão um troféu e um vídeo sobre sua iniciativa.
Celebrado a cada dois anos, o concurso conta com o apoio do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), do Banco Mundial, da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e a cooperação da Unesco no Brasil.
Informações: fbb.org.br/premio
Fonte: Fundação Banco do Brasil
“Guía para semilleros y semilleras”: um livro em defesa da agricultura consciente
Em 08, Maio 2017 | Em Notícias | Por IberCultura
“As sementes são a base do sustento dos seres humanos, fim e princípio da cultura camponesa. Ocupação e artesanato de milhões de mãos capazes de colher seus frutos, símbolo e evidência dos conhecimentos e saberes que têm sustentado a humanidade.”
É assim que a Red de Semilleros Campesinos de Costa Rica apresenta seu “Guía para semilleros y semilleras”, uma compilação de textos lançada com o objetivo de demonstrar sua aposta pelo livre intercâmbio, troca ou comercialização das sementes fora de qualquer sistema de patente e/ou certificação.
O livro, já disponível em versão digital, é um dos produtos da Red de Semilleros Campesinos realizados com o apoio do programa IberCultura Viva, como parte de um dos projetos selecionados no Edital de Apoio a Redes IberCultura Viva 2016. Este projeto também propôs a realização de encontros nacionais da rede, com vistas a capacitar 30 camponeses/as na multiplicação e no resguardo de sementes.
Com 89 páginas divididas em três capítulos (“Defesa das sementes”, “Produção e conservação das sementes nativas” e “Métodos de conservação de sementes”), o “Guía para semilleros y semilleras” é um esforço coletivo realizado em 2016 pela Red de Semilleros Campesinos, o Centro Nacional Especializado en Agricultura Orgánica del Instituto Nacional de Aprendizaje e a Red de Coordinación en en Biodiversidad.
A compilação e a edição dos textos estiveram a cargo de Henry Picado Cerdas, Eduardo Agüero Coto e Daniela Muñoz Solano. As ilustrações que acompanham os textos são de Silvia Astorga Monestel.
Sementeiros e sementeiras
A Red de Coordinación en Biodiversidad, responsável pelo projeto da Red de Semilleros Campesinos, reúne organizações ecologistas de mulheres camponesas, acadêmicos/as, organizações indígenas e ativistas dos direitos humanos. Desde 1998 trabalha de forma autogerida e colaborativa em prol da defesa do conhecimento tradicional associado à biodiversidade e aos povos que a protegem. Seu enfoque está no fortalecimento organizativo para a proteção da cultura associada à alimentação, ao cuidado do bosque, à cultura da conservação da biodiversidade e os direitos dos povos.
Além de ter sido selecionada no Edital de Apoio a Redes IberCultura Viva, a Red de Coordinación en Biodiversidad foi escolhida em 2016 uma das 22 organizações ganhadoras da segunda convocatória do fundo Puntos de Cultura lançada pela Direção de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude de Costa Rica.
Para baixar o livro: https://agroecologa.org/…/uplo…/2017/05/libro-de-Semillas.pdf
Oralidade escrita: histórias e costumes dos povos Qom, Wichí e Pilagá reunidos em livro
Em 03, Maio 2017 | Em Notícias | Por IberCultura
A avó que virou tamanduá porque não deu ouvidos à advertência que fizeram para que não olhasse para o fogo. A mulher que não deixavam sair da cabana e que uma noite se apaixonou por uma cobra. O homem que se transformou em leão e comeu todos que viviam na sua colônia. O caçador que saiu para buscar alimento em um dia de chuva e encontrou Pelhay, o Espírito dos Céus e senhor dos raios.
Estas são algumas das histórias recompiladas no livro do projeto “Oralidade escrita”, um dos selecionados no Edital IberCultura Viva de Intercâmbio, edição 2015. A publicação já está disponível em sua versão digital.
O projeto, executado pela Fundación Abriendo Surcos (Argentina) e o Coletivo Aty Sâso (Brasil), promoveu um concurso literário de lendas dos povos originários na província de Formosa, na Argentina. Foram recebidos mais de 70 relatos de três etnias: Qom, Wichí e Pilagá.
Os textos ganhadores do concurso – e que estão reunidos na publicação – foram produzidos por estudantes secundaristas de escolas públicas de modalidade intercultural bilíngue. A entrega dos prêmios se deu no Dia Internacional das Populações Indígenas, em 9 de agosto de 2016, na escola EIB N°6 Cacique Kanetori, em Bartolomé de las Casas (Formosa).
As línguas
Com 96 páginas, o livro do projeto reúne histórias e costumes dos povos Qom, Wichí e Pilagá contadas em suas línguas originárias, com traduções para o espanhol e o português. Os relatos estão divididos por povos/línguas.
Juliana Kase, responsável pela montagem (com Zenaide Basilio), utilizou como referência para a capa o Mapa Interativo de Línguas em Perigo da Unesco, o site do Programa Sorosoro e do Instituto Socioambiental/Pueblos Indígenas. Os desenhos são de Gabriel Palma e Gero Ruiz.
Os textos
Como explica o professor Raúl Adrián Aranda, coordenador da equipe de Educação Intercultural Bilíngue da província de Formosa, os textos que compõem o livro se referem em alguns casos a um trabalho de criação autônoma ou coletiva, a registros de oralidade de pesquisas culturais, ou mesmo à recuperação de textos anteriores existentes na comunidade.
“Em todos os casos tratam-se de trabalhos escolares produzidos com a intenção manifesta de dar valor aos escritos em línguas originárias e aos conhecimentos e saberes culturais da comunidade. A difusão e publicação destes textos contribui para a continuidade dessa tarefa pedagógica didática para a comunidade em seu conjunto”, ressalta o professor.
Daniela Landin e Jairo Araldi, representantes do coletivo brasileño, contam que não queriam limitações referentes a gênero literário. “Determinamos que é um livro de tradições orais, crendo que as classificações são modos impostos por pesquisadores e as definições entre conto, lenda, anedota, relato mitológico, poema, discurso de sabedoria, entre outros, não são um fator importante para a valorização de uma cultura”, justificam na edição. Esta seria uma maneira, segundo eles, de legitimar o lugar da “conversa” dos jovens nativos que produziram o livro.
A leitura
No dia 16 de junho, às 18h30, haverá uma leitura de relatos no Centro Cultural Brasil-Argentina (Avenida Belgrano, 552), em Buenos Aires. Os relatos em espanhol serão lidos por crianças e adolescentes bolivianos ou descendentes de bolivianos que realizam um programa na rádio “Aires del Sur”, dentro das atividades da Fundación Comunitaria Cruz del Sur, em Liniers, Buenos Aires. As versões em português ficarão por conta da psicóloga brasileira Lana Caetano Vaz, que há um ano vive na Argentina.
Para baixar:
https://iberculturaviva.org/wp-content/uploads/2017/05/Oralidad-escrita-digital.pdf
Leia também:
Ganhadores do concurso do projeto Oralidade Escrita recebem prêmios em Formosa
Fiteca: uma festa de bairro que reúne vizinhos e artistas de vários pontos do mundo
Em 26, abr 2017 | Em Notícias | Por IberCultura
Começa na próxima segunda-feira, 1º de maio, a 16ª edição da Fiesta Internacional de Teatro en Calles Abiertas (Fiteca), um importante espaço cultural de Lima Metropolitana que reúne mais de 20 mil pessoas em sete dias de atividades. Organizada há 15 anos, a Fiteca tem como palco principal o setor da Balanza, no distrito popular de Comas, e conta com a presença de grupos nacionais e internacionais em uma série de apresentações de artes cênicas, plásticas e musicais.
A programação começa com um grande cortejo às 15h30 do dia 1, no Parque Tahuantinsuyo, que é a sede central do evento em Comas e segue até a noite do dia 7. Após o encerramento na sede central, haverá atividades nas outras sedes do evento: El Carmen (Complexo Esportivo José Carlos Mariátegui), nos dias 8 e 9, La Molina (Losa Deportiva Cabo Billy), nos dias 10 e 11) e Pucusana (Malecón San Martín), nos dias 12 e 13.
Nascida do sonho dos organizadores Jorge Rodríguez e Patricia Beltrán de produzir arte e construir um bairro cultural, a Fiteca começou como uma convivência entre artistas e vizinhos da comunidade que pouco a pouco foi crescendo, somando outros profissionais e voluntários além do bairro e da arte. Acabou se convertendo em uma convivência dos vizinhos com pessoas de vários pontos de Lima, do Peru e do mundo.
Este ano são esperados em Comas uns 300 artistas. A maioria vive nas redondezas, mas muitos vêm de outros barrios, alguns de outras províncias e/ou países, que ali se instalam durante uma semana. Nestes dias de intenso intercâmbio, os artistas invitados dormem nas casas dos vizinhos, desfrutam da comida preparada pelas mães do comedor popular, relacionam-se com as crianças do bairro, apresentam suas obras, pintam murais, se dedicam às oficinas, conversam, dialogam, bailam, enfim, transformam a realidade local durante uma semana.
Inicialmente a festa durava cinco dias. Passou a sete e agora chega a 12, somando-se os dias de atividades que serão realizadas nas outras sedes do evento. Nesta 16ª edição em Comas se espera a participação de 40 grupos artísticos, a formação de 12 comissões de vizinhos, artistas, gestores culturais e autoridades locais, o desenvolvimento de 15 oficinas e a realização de 45 murais nos bairros do setor.
Edital
A 16ª Fiteca foi um dos eventos premiados no Edital de Apoio a Redes IberCultura Viva 2016. A proposta foi apresentada pela Comunidade Fiteca, conformada por coletivos e indivíduos que pertencem a distintas organizações artísticas, culturais, sociais, educativas e de vizinhos, e que buscam fazer com que a cultura seja ações de desenvolvimento do bairro, através de programações de atividades artísticas, gastronômicas, sociais, construções de infraestrutura, formativas, lúdicas, etc.
Ao fazer da cultura uma festa, integrando distintas organizações do bairro, a comunidade pretende fomentar processos de participação cidadã e visibilizar os processos culturais que vêm se desenvolvendo no setor, no projeto Bairros Culturais, além de construir um espaço de encontro e diálogo entre os diversos artistas e gestores culturais do Peru e América Latina que contribuam para o fortalecimento de redes de intercâmbio de arte e cultura na região.
Confira a programação:
Rede de Cultura Viva Comunitária de Jalisco promove o 1º Encontro Metropolitano de 2017
Em 25, abr 2017 | Em Notícias | Por IberCultura
Será realizado no sábado 6 de maio, em Santa Ana Tepetitlán (Zapopan), o primeiro dos três encontros metropolitanos promovidos pela Rede Cultura Viva Comunitária de Jalisco em 2017. O evento mexicano, um dos projetos ganhadores do Edital de Apoio a Redes IberCultura Viva 2016, reunirá organizações da área metropolitana do estado de Jalisco em um programa centrado em “pensar, fazer e viver a cultura comunitária entre todos e todas”.
As outras duas reuniões, em Colonia Polanco (Guadalajara) e Colonia Oblatos (Guadalajara), serão realizadas até setembro. Nestes três encontros, a rede criada em 2014 promoverá rodas de conversas, oficinas, atividades artísticas e dinâmicas interativas, buscando ampliar as relações colaborativas entre as organizações de base e conscientizar acerca da necessidade de modelos de políticas públicas que reconheçam, afiancem e multipliquem iniciativas nas comunidades e territórios.
Entre as atividades propostas estão mesas de intercâmbio de experiências, reflexão e debate e oficinas focadas em temáticas que fortaleçam a gestão cultural local, fomentem e construam mecanismos comuns para visibilizar produções de base cultural comunitária.
Saiba mais:
Encuentro Metropolitano de Cultura Viva Comunitaria Jalisco 2017
Programa
Salón Terraza Country (Vicente Guerrero # 13)
- 10:00 am – 11:00 am Recepção e convivência.
- 11:00 am – 11:30 am Boas-vindas da Rede de Cultura Viva Comunitária Jalisco e dos vizinhos de Santa Ana Tepetitlán.
- 11:30 am – 01:30 pm Roda de conversa “Conhecer a Cultura Viva Comunitária através da experiência”.
- Abarrotera Mexicana (Guadalajara, Jalisco)
- RSES Crew (Ciudad de México)
- Consejo de Jóvenes de Cherán (Cherán, Michoacán)
- Maakushanaharani A.C. (Santa Ana Tepetitlán)
- 01:30 pm – 02:00 pm Recesso (poesia em voz alta)
- 02:00 pm – 03:00 pm Diálogo entre participantes “O que entendemos por Cultura Viva Comunitária?”
Kiosko (Guadalupe Victoria e Morelos)
- 03:00 pm – 03:40 pm Apresentação de balé folclórico e convivência
- 03:40 pm – 04:00 pm Caravana rumo a “Los Cerritos”
“Los Cerritos” (Justo Sierra e Vicente Guerrero)
- 04:00 pm – 05:00 pm Comida e apresentação do projeto “Eco-parque Los Cerritos”
- 05:00 pm – 07:00 pm Troca de saberes e palco aberto
- Oficinas para organizações:
- Oficina ministrada pelo Bachillerato Intercultural de Estipac
- Oficina ministrada pelo Conselho de Jovens de Cherán
- Oficinas abertas ao público:
- Círculo da memória (Vizinhos de Santa Ana Tepetitlán)
- Pintura de mural coletivo (RSES Crew)
- “Cotidiáfonos” e meio ambiente (Conga Mandinga)
- Break dance e cultura de paz (Zapopan Rifa)
- Cozinha tradicional de buñuelos (Vizinhos de Santa Ana Tepetitlán)
- 07:00 pm – 08:00 pm Assembleia de encerramento
- 08:00 pm – 10:00 pm Festival artístico e convivência
Confira a lista definitiva de habilitados no Edital para Seleção de Textos IberCultura Viva
Em 17, abr 2017 | Em Editais | Por IberCultura
O programa IberCultura Viva informa a relação definitiva de propostas habilitadas a participar do Edital para a Seleção de Textos sobre Políticas Culturais de Base Comunitária IberCultura Viva 2016. O prazo de recursos terminou na quinta-feira, 20 de abril.
Foram habilitados 15 textos apresentados por participantes do Brasil, da Espanha e do Equador. A etapa seguinte, de análise dos textos, será de responsabilidade do Comitê Curador, composto por representantes de Argentina, Brasil, Chile, El Salvador e Uruguai.
O edital tem como objetivo selecionar textos que provoquem reflexões e contribuam para a divulgação do conceito e das políticas culturais de base comunitária no âmbito ibero-americano. Os textos devem tratar de experiências de organizações da sociedade civil que são ou tenham sido colaboradoras de políticas governamentais de cultura de base comunitária.
(Texto atualizado em 24 de abril de 2017)
Informação aos Interessados II – Etapa de Habilitação: Resultado Definitivo
Informação aos Interessados I – Etapa de Habilitação: Resultado Preliminar