Arquivos receitas - IberCultura Viva
23 propostas estão habilitadas na sexta edição do concurso Sabores Comunitários Migrantes
.
Vinte e três pessoas enviaram inscrições para a sexta edição do concurso Sabores Migrantes Comunitários, uma iniciativa conjunta dos programas IberCultura Viva, Iber-Rutas e Ibercocinas que premia histórias de receitas e práticas culinárias de comunidades migrantes na Ibero-América. Terminado o prazo de análise de recursos (na sexta-feira, 25 de outubro), as 23 propostas foram consideradas habilitadas e passarão para a segunda etapa do processo seletivo, quando serão avaliadas as receitas e histórias enviadas.
Uma primeira lista, com 21 propostas habilitadas, havia sido publicada no dia 23 de outubro. As duas pessoas que tiveram candidaturas não habilitadas enviaram recursos dentro do prazo, corrigindo a postulação. Ambos os recursos foram aceitos pela Unidade Técnica.
As pessoas que tiveram suas postulações habilitadas nasceram nos seguintes países: Bolívia (2), Colômbia (8), Cuba (1), Equador (1), El Salvador (1), México (2), Peru (2) e Venezuela (6). Os países de residência que aparecem na lista de candidaturas habilitadas são: Argentina (4), Brasil (8), Chile (1), Colômbia (3), Costa Rica (2), Espanha (4) e Peru (1).
.
O edital
O valor total atribuído ao concurso Sabores Migrantes Comunitários 2024 é de 8 mil dólares para um máximo de 13 propostas. As iniciativas selecionadas receberão um reconhecimento como ‘Boa prática de cozinha migrante comunitária ibero-americana’ e um prêmio de US$ 600.
As inscrições para esta edição do concurso estiveram abertas na plataforma Mapa IberCultura Viva entre 13 de setembro e 18 de outubro. Para participar era necessário ter mais de 18 anos, ser de origem ibero-americana e residir em país diferente do país de origem, ou ser descendente de migrantes até ao segundo grau de parentesco (pai/mãe, avô/avó).
As pessoas interessadas deveriam enviar uma receita da sua comunidade de origem, a história por trás dela e a forma como aquela prática culinária está inserida na comunidade anfitriã. Este ano, as receitas deveriam ser enviadas em um vídeo de até 2 minutos de duração..
.
Etapa de avaliação
A seleção seguirá os critérios estabelecidos no regulamento. Entre eles estão a representatividade da preparação para a comunidade de origem; a experiência de inserção na comunidade receptora; a geração de conhecimentos e práticas tradicionais e criativas promovidas por cozinheiras e cozinheiros migrantes; o impacto direto na segurança alimentar e estratégias de difusão do conhecimento culinário e/ou construção de um legado culinário às novas gerações com consciência de sua cultura diversa.
Além disso, será privilegiada a diversidade cultural das propostas, por meio da seleção de projetos de diferentes países. Serão consideradas com maior pontuação as apresentações realizadas por mulheres, jovens entre 18 e 35 anos, bem como indígenas, afrodescendentes e/ou camponeses/as, e pessoas pertencentes a comunidades que estão em situação de deslocamento, ou que estão em processo migratório em um refúgio.
Todas as pessoas que tenham suas práticas culinárias selecionadas deverão prepará-las em sua comunidade e enviar depoimento aos programas organizadores, no prazo de 30 dias após o recebimento do estímulo econômico.
.
Confira a lista definitiva de candidaturas habilitadas
.
(Texto atualizado em 28 de outubro de 2024, após a análise dos recursos recebidos)
.
Conheça as 13 receitas ganhadoras do concurso Sabores Migrantes Comunitários 2023
.
No dia 15 de janeiro, foi divulgado o resultado da edição 2023 do concurso Sabores Migrantes Comunitários. Esta convocatória, realizada anualmente desde 2019, é uma iniciativa conjunta de três programas de cooperação vinculados à Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB): IberCultura Viva, Ibercocinas e Iber-Rutas. Este ano, 13 receitas e práticas culinárias foram selecionadas para receber o reconhecimento como “Boa prática de cozinha migrante comunitária ibero-americana” e um prêmio de US$ 600.
A seguir, apresentamos as receitas vencedoras, suas histórias e modos de preparo. Bom proveito!
.
1. Nome: Marisabel Figueras
País de nascimento: Venezuela
País de residência: Paraguai
*Nome da receita: Hallacas de Maita
Hallaca é a preparação culinária mais representativa da culinária natalina venezuelana. Como diz Marisabel Figueras em sua descrição da prática culinária, é um preparo “complexo, trabalhoso e nutricionalmente completo” que teve uma transição importante em relação ao espaço e ao tempo em que é consumido e que tem muitas conotações afetivas para os venezuelanos .
“Ela ganhou o posto de rainha do Natal em todo o país e é um ícone de identidade na cozinha nacional, pois incentiva todos os familiares a participarem de sua preparação, com cada um/a fazendo uma tarefa de acordo com a idade. O preparo da hallaca é um momento de partilha que fortalece os laços familiares e nos permite continuar com essa tradição”, destaca a venezuelana, que reside na cidade de San Lorenzo, no Paraguai.
.
Segundo ela, as hallacas de Maita são importantes na comunidade paraguaia porque permitem o intercâmbio cultural, são uma forma de mostrar suas tradições e parte de sua história. “O preparo das hallacas é o momento certo para compartilhar as refeições com outras culturas e pode servir para estreitar laços”, afirma.
Marisabel ressalta que a origem das hallacas não é muito conhecida. Uma das teorias que supõe o seu surgimento diz que durante os anos da independência da Venezuela, nas festas das famílias ricas, preparavam-se copiosos banquetes e que as sobras destes eram entregues aos escravos, que se aproveitavam deles misturando-os com massa de milho e embrulhando-os em folhas de bananeira e depois cozinhando-os em água fervente.
Este prato tradicional venezuelano é feito com uma massa de farinha de milho temperada com frango ou caldo de galinha colorido com onoto ou achiote, recheada com um guisado de carne bovina, suína e de galinha ou frango. Adicionam-se uvas, passas, azeitonas, alcaparras, páprica, cebola, alho, cebolinha, alho poró, picles, etc. Depois de envoltos em folhas de bananeira em formato retangular, são amarrados com um barbante e imersos em uma panela com água fervente até ficar cozido.
.
⇒Conheça a receita
*Comunidade com a qual a prática será compartilhada: A prática culinária será realizada na cozinha da casa e levada ao centro da cidade de Assunção, onde se encontram muitas pessoas da etnia Guarani. A intenção é oferecer as hallacas de Maita a cerca de 30 a 40 pessoas que passam o dia nas praças do centro da cidade, algumas delas em situação de rua.
2. Nome: Pamela María Quesada Palência
* País de nascimento: Guatemala
* País de residência: Argentina
*Nome da receita: “El Chuchito“
“Nicalteca” (nicaraguense-guatemalteca) de raízes mizquito-maias, Pamela Quesada é uma migrante que vive na selva paranaense, na Argentina. Trabalhadora cultural independente no município de Puerto Piray (Montecarlo, Misiones), gerencia projetos culturais regionais e sustentáveis para o Ponto de Cultura CERNE Vida y Monte, nas áreas de meio ambiente e recuperação de materiais, gênero e diversidades, povos indígenas e recuperação de identidade local.
Em sua postulação, Pamela Quesada afirma que os sabores migrantes viajam com o/a viajante. “Eles descobrem e se metem em bolsos, envelopes, mochilas, malas, caixas… Em forma de receita dão continuidade à vida dentro de panelas e frigideiras”, escreve. “El chuchito”, o sabor migrante que ela apresenta neste concurso, vem dos antepassados maias. “Conseguiram dar continuidade à semente de milho e ao conhecimento tecnológico ligado ao desenvolvimento desta semente, nas suas versáteis receitas: milho chicha, milho atol, milho tortilla, milho tamal… Ka’i Ku’a é o equivalente em Misiones para o tamal ou chuchito”, detalha.
“Como na Guatemala, adiciona-se água morna e sal à farinha de milho até virar ‘chicle’ ou chirle, ervas aromáticas, queijos e também molhos de tomate vermelho e pimentas secas. Quem quiser completo acrescenta feijão ou carne. Em seguida, é embrulhado na mesma tuza ou chala de onde foi retirado, e um fogo é aceso como oferenda aos deuses maias, para ser fervido.”
Segundo ela, a conservação desta receita contribui para revalorizar os costumes ancestrais de aproveitar e cuidar do ambiente natural e dos recursos do território Piray km18, em Puerto Piray. “Essas receitas, além de transmitirem sabores e preparos, também transmitem conhecimentos e práticas, como a conservação de sementes nativas para uma alimentação saudável, soberania alimentar e ambiental”, ressalta.
A área Piray km 18 é um território que era habitado por comunidades guaranis hoje deslocadas e, posteriormente, por migrantes, em sua maioria paraguaios e brasileiros, organizados em grandes clãs com sobrenomes predominantes. Pelas características territoriais (ruas de terra, apenas duas viagens de ônibus por dia, etc) e pela falta de dinheiro, sua principal fonte de subsistência eram as culturas para autoconsumo. “A semente de milho que plantamos tem pelo menos 50 anos e sua colheita também alimenta animais de fazenda. A farinha de milho é produzida localmente e hoje é utilizada em preparações como a sopa paraguaia”, acrescenta.
⇒Conheça a receita:
* Comunidade com a qual a prática será compartilhada: A prática será compartilhada no Ponto de Cultura CERNE Vida y Monte. Centro comunitário localizado em Piray km 18, às margens do córrego Piray Guazú, referência territorial em meio ambiente, cultura e turismo, este Ponto de Cultura desde 2008 busca conscientizar e capacitar moradores e/ou visitantes da comunidade por meio de atividades culturais, esportivas, educativas e turísticas sobre hábitos e costumes ligados ao bom uso do espaço e dos recursos naturais.
A prática será realizada como atividade complementar para 100 alunos do ensino fundamental em um dos dias programados do percurso educativo Ecopaseo, onde são abordadas unidades produtivas do meio rural (como vermicultura e apicultura), popularizando o conhecimento científico e sensibilizando a importância de cuidar de seus recursos e território.
3. Nome: Graciela Vicente Ráfales
* País de nascimento: Espanha
* País de residência: Chile
*Nome da receita: Paella
Graciela Vicente Ráfales vem de uma cidade chamada Nonaspe, localizada na província de Zaragoza, em Aragón, nordeste da Espanha. Devido à sua proximidade com a Catalunha, sua língua materna é o catalão. Apaixonada pela cozinha com cogumelos e pela natureza, ela faz receitas saudáveis e inovadoras com alimentos naturais na cidade de Talca, na região de Maule, no Chile, onde criou família e mora há sete anos. Lá ela se dedica à micogastronomia (cozinha com cogumelos) e é fotógrafa de gastronomia. (Alguns de seus trabalhos e ideias estão no Instagram: @recetasysetas)
Nesta quinta edição de Sabores Migrantes Comunitários, Graciela apresenta uma receita de “paella fungi” com ingredientes representativos do Chile. É um arroz tipo paella com caldo de cogumelos, basicamente uma paella que usa mote de trigo (produto típico chileno) em vez de arroz. “Curiosamente, paella, em valenciano ou catalão, significa frigideira. É uma frigideira plana, larga e baixa, com duas alças. No Chile existe o que chamam de paila. É uma frigideira plana e baixa com duas alças, embora geralmente bastante pequena. Paella e paila têm a mesma origem e significado”, comenta.
Graciela diz que as primeiras paellas surgiram por volta do século XV, época em que a Comunidade Valenciana pertencia ao Reino de Aragón. “A típica paella valenciana tem origem humilde e camponesa. Preparavam uma receita simples com os ingredientes que tinham à disposição, como carne de caça, aves, alcachofras, garrofó (espécie de feijão tenro), bajoqueta (feijão verde), etc. Cozido no fogo de uma fogueira. No litoral, preparavam uma versão com o que tinham, marisco mediterrânico, camarão, entre outros. Claro que o arroz não pode faltar nas duas versões, o tipo que ali se cultiva, o arroz bomba. Um grão redondo, com muito amido e que absorve bem os sabores”, afirma.
Esta receita, com o tempo, tornou-se popular e, desta forma, da Comunidade Valenciana espalhou-se pelo resto do país. Cada região ou área incluía os alimentos que tinham à sua disposição e cozinhavam-nos como sabiam ou podiam. Algo que os valencianos nunca aceitaram e por isso chamam a esse tipo de paellas ‘arroz com coisas’. Também não gostam da ideia de mistura de paellas, carnes e frutos do mar, consideram que esses dois produtos não devem ser misturados. Hoje em dia, na Espanha, a paella é uma receita tão conhecida e difundida que é um prato que não pode faltar em nenhum restaurante turístico, pois é um emblema da gastronomia espanhola”, afirma.
Em Nonaspe, onde vivia na Espanha, para encerrar as grandes festas ou em San Cristóbal ou para grandes confraternizações, preparavam-se enormes paellas, para cerca de 300 comensais. “Nos reuníamos na ermida, um lugar lindo, tranquilo, idílico, localizado a 1 km de Nonaspe. Estávamos em comunidade e todos compartilhávamos aquela paella fantástica que a organização preparava. Outros dias, quando fazíamos, por exemplo, aniversários ou outra comemoração que muita gente comparecia, era preparada uma paella para todos, com muitos frutos do mar, para comemorar. Durante a semana a minha mãe preparava paella com coelho criado em casa e caracóis da serra, mais baratos, mas igualmente deliciosos.”
.
⇒Conheça a receita
* Comunidade com a qual a prática será compartilhada: Nesses anos em que mora no Chile, Graciela Vicente estabeleceu vínculos com o Centro Cultural Municipal de Talca, que a conectou com a cultura e os agentes culturais da região, além de servir de apoio em seu processo de integração. “Sinto que lhes devo muito, por isso decidi realizar esta prática culinária nas suas instalações, pois seria uma forma de retribuir, de alguma forma, um pouco do favor oferecido”, comenta. “(…) Com a ajuda de pessoas do centro cultural, amigos e familiares iremos preparar a receita, pois espero que mais de 100 pessoas possam assistir à atividade.” A atividade será aberta à comunidade.
4. Nome: Lourdes Fátima Díaz Chávez/Grupo San Baltazar de Kamba Cua
* País de nascimento: Paraguai
* País de residência: Paraguai
*Nome da receita: Kishima
Afroparaguaia, Lourdes Díaz trabalha na Comunidade Kamba Cua, em Fernando de la Mora, a 10 km de Assunção, Paraguai. A comunidade afrodescendente foi criada com a chegada, em 1820, de um grupo de homens e mulheres afrodescendentes que acompanhavam o general José Gervasio Artigas. A receita que apresenta nesta convocatória, em nome da Associação Grupo San Baltazar de Kamba Cua (que inclui Adolfo Bogarin, Cesar Chavez Diaz, Cecilia Leiva e Lorena David), é a de kishima, prato que seus antepassados preparavam na comunidade e que só lá é feito e degustado até hoje.
Kishima é um alimento tradicional da comunidade Kamba Cua que perdurou ao longo do tempo. Feito com mandioca cozida e coco ralado ou moído, pode ser doce ou salgado e é ideal para o café da manhã ou lanche ou para acompanhar o almoço ou jantar. Além de 1 quilo de mandioca cozida e bem macia, a receita leva 300 gramas de coco paraguaio moído, 300 gramas de queijo paraguaio, 2 ovos e sal a gosto. É necessário um palito de cerca de 70 cm para grelhar em fogo moderado.
“Esta receita ancestral é de extrema importância na nossa comunidade porque representa os nossos saberes, os nossos antepassados, representa para nós as nossas avós, porque sempre fizemos com elas e provamos. É uma receita que acreditamos ter vindo dos nossos antepassados quenianos. É o sabor tradicional da comunidade, está sempre presente nos nossos eventos tradicionais. Kishima, sabor de Kamba Cua”, diz Lourdes.
⇒Conheça a receita
* Comunidade com a qual a prática será compartilhada: Comunidade Kamba Cua, centro comunitário. Quantidade aproximada: 50 pessoas. “É um lugar muito importante para nós porque em 1999 recuperamos 1,6 hectares de terras para nossa comunidade e a construção do centro comunitário, que fica no coração da comunidade afrodescendente, fez parte desse projeto”, diz Lourdes.
5. Nome: Danilsa Esther Granados De Díaz/ Nelly e Argenis Madroñero
* País de nascimento: Colômbia
* País de residência: Chile
*Nome da receita: Sancocho trifásico
Danilsa Granados se inscreveu em nome do coletivo Corporación de Inmigrantes Unidos Los Lagos, formado por Nelly e Argenis Madroñero, Maritza Valle Cárdenas, Consuelo Ruiz H., Priscilla De Assis, Cristobalina Amador, Sara Soto Rodriguez, Claudio Oyarzun F. e Bernardita Zuñiga. O grupo pretendia apresentar oito receitas (sancocho trifásico, roupas velhas, feijoada, manga, sopa paraguaia, cancato de salmão, contas e medialunas, arroz com frango e batata ao molho rocoto), mas como o sistema só permitia uma foto, apresentaram a do sancocho trifásico, proposto pelas irmãs colombianas Nelly e Argenis Madroñero.
Nelly e Argenis nasceram no departamento de Cauca, região do Pacífico, sudoeste da Colômbia. Elas moraram no departamento de Putumayo, na região amazônica, e depois retornaram ao Valle del Cauca, onde durante 10 anos tiveram um restaurante de comida caseira. “Vir para o Chile foi uma decisão difícil, mas queríamos um futuro melhor para a nossa família. Escolhemos Puerto Montt porque nos disseram que era uma cidade tranquila e com ótimas oportunidades de trabalho. Já faz 2 anos e meio que criamos uma nova vida aqui neste lindo país, mas com o coração na nossa terra”, comentam.
Na inscrição que enviaram ao concurso, elas dizem que o sancocho faz parte da vida delas desde crianças, pois os pais o preparavam quando se reuniam em família, principalmente em datas especiais, como 25 de dezembro ou 1º de janeiro. “A família se reunia no quintal, acendia um fogão a lenha e fazia uma grande quantidade de sancocho para todos. Aos domingos íamos tomar banho nos rios e riachos e fazíamos o famoso ‘passeio da panela’, acendendo a fogueira na margem do rio. No nosso restaurante na Colômbia o prato principal era o sancocho trifásico e graças a esta deliciosa receita pudemos sustentar a nossa família. Essas experiências trazem muitos sentimentos e lindas lembranças, e aqui no Chile também fazemos isso quando toda a família está reunida no domingo.”
Acredita-se que a origem desta preparação tenha sido influenciada por pratos como o cozido espanhol, a olla podrida espanhola ou o ajiaco taíno, uma vez que estes pratos tinham a característica de “jogar na panela tudo o que estava disponível”, devido à falta de suprimentos. O sancocho é considerado um dos pratos típicos da gastronomia colombiana. Geralmente é consumido no almoço, como prato principal, ou nos famosos “passeios de panela”.
Em cada região do país, o sancocho tem seu tempero tradicional, e foi no departamento de Antioquia, onde se originou, comumente chamado de sancocho de três carnes ou sancocho trifásico, devido à tripla combinação de carnes: bovina, suína e frango. É servido acompanhado de banana, arroz e abacate. E para beber, suco natural de frutas cítricas, ou de preferência, água de panela (chancaca) com limão e muito gelo.
.
⇒ Conheça a receita
*Comunidade com a qual a prática será compartilhada: A ideia do coletivo Corporación Imigrantes Unidos Los Lagos é compartilhar a prática das 8 receitas que pensaram inicialmente em diferentes locais da Comuna de Puerto Montt, capital da Região de Los Lagos. Entre elas, a sede de 8 JJVV, Associações de Moradores de 8 bairros da cidade de Puerto Montt, com a participação de 50 moradores dos setores escolhidos, num total de 400 pessoas, entre migrantes e chilenos.
6. Nome: Pedro Miguel Torres Martínez
* País de nascimento: Venezuela
* País de residência: Colômbia
*Nome da receita: Cuajao venezuelano
Migrante venezuelano residente na Colômbia, em Malambo-Atlántico, o gestor cultural Pedro Miguel Torres Martínez apresenta o cuajao, um prato importante na gastronomia venezuelana porque costuma reunir toda a família em torno dele, gerando espaços de integração, convivência e unificação.
“É um prato que se prepara em conjunto, a cada membro da família é atribuída uma tarefa no preparo, gerando risos, lembranças, histórias que se replicam de geração em geração e que agora com a migração continua sendo feito em outros locais, um prato que traz memórias daqueles tempos”, afirma.
O cuajao venezuelano é importante no local que o acolheu (El Pasito-Malambo) na Colômbia, pois ali teve a oportunidade de realizar diversas atividades “que condensam o sentimento de migração e identidade venezuelana”, como oficinas, projetos culturais e de trabalho social que visam recuperar um território e reconstruir um tecido social em torno de indivíduos envolvidos em processos migratórios.
⇒Conheça a receita:
* Comunidade com a qual a prática será compartilhada: Esta receita será compartilhada na comunidade do bairro El Pasito, no município de Malambo-Atlántico. Ali residem 40 famílias de migrantes venezuelanos e “colombianos retornados”, é um bairro denominado “invasão” que fica no entorno da Ciénaga Grande de Malambo. Este território é relevante dentro da proposta culinária, pois é o local onde Pedro Miguel se instalou quando chegou à Colômbia, onde tem conseguido construir relações sociais e realizar projetos culturais em torno da migração.
7. Nome: Carlos Alvarado
* País de nascimento: El Salvador
* País de residência: Estados Unidos
*Nome da receita: Pupusas del campo
Em 1996, aos 17 anos, Carlos Alvarado emigrou do interior salvadorenho para os Estados Unidos, junto com sua família. Trabalhou como cozinheiro em diversos restaurantes de alta gastronomia e em sua busca por recriar a comida caseira do interior salvadorenho, em junho de 2016 abriu as portas de seu primeiro restaurante na região metropolitana de Washington D.C. Ele mora na cidade de Hyattsville, Maryland.
No restaurante, a receita que Carlos mais desenvolveu foram as pupusas, tradicional tortilha grossa à base de milho com massa de arroz recheada que chamou de “pupusas do campo” pela reminiscência do seu local de origem e por ser uma receita herdada da sua mãe, transmitida de geração em geração. As pupusas do campo podem ser feitas com queijo, loroco, chicharrón, feijão, jalapeño, espinafre ou frango.
A prática culinária das pupusas do campo, segundo ele, desenvolve-se em diversas áreas, desde ajuda comunitária a centros de saúde, escolas, e apoio a eventos sociais. “Existem muitas teorias de que as pupusas nasceram em El Salvador, mas damos a elas um sabor único que remete à típica comida caseira salvadorenha”, afirma. A receita apresentada tem o recheio de abóbora, para o qual são utilizadas 3 abóboras, 8 alhos, ½ cebola e tomilho.
⇒Conheça a receita:
* Comunidade com a qual a prática será compartilhada: A receita das pupusas do campo será compartilhada com a comunidade do Corpo de Bombeiros Voluntários de Hyattsville. “Acreditamos que o trabalho deles é de grande valor e queremos homenageá-los com refeições requintadas. Propomos também ensinar a receita na língua deles, e poder transmitir-lhes os nossos valores inscritos numa receita que continuará a ser transmitida de geração em geração”, afirma Carlos.
8. Nome: Fátima Del Valle Martinez Saturno
* País de nascimento: Venezuela
* País de residência: Colômbia
*Nome da receita: Guasacaca
Fátima Del Valle chegou da Venezuela em fevereiro de 2017. Um caminhoneiro a levou para a cidade de Manizales (Caldas, Colômbia) com febre alta e sua família a acolheu por um ano e três meses. Lá começou a trabalhar como vendedora ambulante no Parque Alfonso López, vendendo vinho tinto e produtos venezuelanos. Em 2021 ingressou na associação de vendedores informais do parque e na associação de jardineiros urbanos da Prefeitura.
No parque ela vende empanadas venezuelanas acompanhadas de guasacaca, no segundo encontro de jardineiros urbanos. “A aceitação da minha receita me faz pensar em produzir e embalar manualmente”, diz. Guasacaca é um molho que está sempre presente nas mesas em sua cidade, acompanhando empanadas e também arepas recheadas.
Esse molho foi ensinado por sua mãe quando ela era criança em Calabozo, no estado de Guaricó. “Como migrante trabalhei como vendedora ambulante de tinto, pintadito e empanadas venezuelanas acompanhadas de guasacaca, o que me faz sentir uma profunda gratidão por esta preparação, além da memória do meu país e da minha família, porque graças a ela tenho conseguiu sobreviver”, afirma.
.
⇒ Conheça a receita
*Comunidade com a qual a prática será compartilhada: No terceiro encontro de horticultores urbanos, em conjunto com a Secretaria de Agricultura da Prefeitura de Manizales e a Universidade Autônoma de Manizales, pretende-se realizar uma aula ou demonstração ensinando como preparar a guasacaca. Estima-se que se reúnam entre 70 e 100 pessoas, que vão refazê-la nos seus jardins, casas e com as suas famílias, multiplicando o alcance desta receita venezuelana, que combina bem com produtos colombianos ou venezuelanos.
9. Nome: Mariana Ísis Salas
* País de nascimento: Venezuela
* País de residência: Uruguai
*Nome da receita: Arepas de maíz pilado en budare de barro
Venezuelana apaixonada por geografia e culinária, Mariana Isis Salas adora combinar sabores, texturas, cheiros e cores na cozinha. Ela mora há mais de 10 anos em Montevidéu, no Uruguai, país onde há 61 mil migrantes segundo o Censo de 2023. “Muitos uruguaios se aproximaram da gastronomia venezuelana e colombiana, e especificamente da arepa. (…) Queremos difundir o uso do milho combinando outros sabores, e valorizando como as arepas podem ser feitas com o milho que compramos nos mercados e feiras”, comenta.
Nesta edição do concurso, Mariana relembra uma prática da avó: arepas de milho piladas em budare de barro. “Na minha casa e na casa da minha avó tinha um pilão, um pilão que já era usado como enfeite, porque não usávamos para “pilar” o milho. As arepas de milho pilado era um presente que minha avó Juba nos dava quando queria mimar os netos”, conta, destacando que a industrialização da farinha de milho substituiu o uso do milho pilado pela farinha de milho pré-cozida.
“Hoje queremos relembrar essa prática pilando milho e fazendo arepas em budare de barro, outro elemento da cultura gastronômica latino-americana. Conhecido pelos centro-americanos como ‘comal’, o budare ou aripo da cultura venezuelana é um utensílio de cozinha tradicionalmente usado para cozinhar, torrar, aquecer arepas, grãos de café, legumes”, detalha.
A proposta inclui a realização de uma oficina prática de arepas de milho pilado confeccionadas em budare de barro com aproximadamente 30 pessoas. Nesta oficina serão feitas arepas com a receita tradicional de milho pilado e sua versão com farinha de milho pré-cozida. Também estava nos planos realizar um debate e contar sobre o processo de elaboração do barro uruguaio budare como produto que fortalece a cultura da cerâmica, finalizando com uma degustação e uma exposição cultural convidando artistas da Venezuela e da Colômbia.
.
⇒ Conheça a receita
* Comunidade com a qual a prática será compartilhada: A receita será preparada e multiplicada nos espaços associados à Plaza de Las Misiones, em apoio ao trabalho comunitário realizado pela Comissão de Bairro da Plaza de Las Misiones e Goes Migrante. A Plaza de Las Misiones é um espaço que se tornou um local de referência para as comunidades migrantes, realizando atividades anuais dirigidas às populações migrantes.
10. Nome: Laura Herrera
* País de nascimento: México
* País de residência: México
*Nome da receita: Orejones de calabaza
Laura Herrera é afro-mexicana da tribo Negros Mascogos e cozinheira tradicional da cidade de Melchor Múzquiz (Coahuila). Em sua postulação ao concurso, ela diz que seu objetivo é que meninos e meninas aprendam a plantar, cuidar e colher os alimentos de seus antepassados, a fim de prevenir doenças como diabetes e hipertensão. A receita apresentada nesta convocatória, “orejones de calabaza”, foi aprendida com sua avó. “Quando o céu começava a ficar nublado, minha avó colocava os orejones secos dentro de casa, perto do fogão a lenha. Eles ficavam pendurados nas vigas do teto e, quando encharcados pela fumaça, tornavam-se enfumaçados. É um sabor que nunca esquecerei”, comenta.
Ela explica que o processo dos orejones começa com o preparo do terreno e o plantio da semente de abóbora doce em meados de fevereiro. “Quando a semente germina, a planta pode crescer naturalmente por aproximadamente três semanas. Depois deve-se retirar qualquer grama ou outras plantas que tenham crescido ao seu redor. A planta é irrigada (geralmente com água de rio ou chuva). Depois de três meses teremos abóbora tenra para fazer orejones secos salgados. Em cinco meses teremos abóbora doce madura para fazer orejones secos no outono e inverno, estação extremamente fria em nossa região”, detalha.
Segundo Laura, a limpeza da abóbora deve ser feita retirando-se a casca, as sementes e os veios. Os cascos devem ser deixados secar por dois ou três dias; Depois de arejados, são cortados em tiras para secar em uma corda como um varal. Os orejones de abóbora, explica, podem ser cozidos de duas maneiras: doce ou salgado. “Você pode fazer caldos com carne de porco e vegetais como pimentão, tomate, cebola, alho e milho. Já para torná-los doces, você pode adicionar piloncillo, açúcar, canela, erva-doce e cravo para fazer geleia de abóbora”, ressalta.
A mexicana explica ainda que a tradição de desidratar as abóboras para armazená-las e depois utilizá-las em tempos de escassez foi adotada por seus ancestrais, os índios Seminoles, “que nos acolheram em suas terras na Flórida (Estados Unidos) em troca de comida e alianças militares. “Este alimento foi particularmente importante numa das nossas migrações, quando os nossos antepassados tiveram que abandonar aquele território porque corriam o risco de serem capturados e mortos. Em busca de um futuro melhor, nossos líderes encontraram caminhos para chegar ao México. Passando por Oklahoma, Texas e cruzando o Rio Grande para chegar a Coahuila. Nessa viagem, um dos alimentos aos quais devemos a nossa sobrevivência é a carne seca e a abóbora desidratada, já que ambos eram alimentos leves, fáceis de preparar e transportar.”
.
⇒Conheça a receita
* Comunidade com a qual a prática será compartilhada: A prática culinária será partilhada com o grupo de meninas e meninos “Amigos Mascogos”, a quem Laura Herrera ensina e partilha receitas tradicionais, como plantar e colher alimentos. O grupo é formado por um total de 35 meninos e meninas.
11. Nome: Rosa López
* País de nascimento: Paraguai
* País de residência: França
*Nome da receita: Trilogia de sabores del Chaco
Paraguaia residente na cidade de Le Bugue, França, Rosa López colabora com organizações e comunidades para criar experiências sensoriais, fundindo natureza, arte e cultura. “Ao explorar a riqueza gastronômica, redescubro sabores ancestrais, destacando a utilização de ingredientes autóctones como base do patrimônio cultural. Com comprometimento e criatividade, promovo uma mudança para uma alimentação consciente e ligada às raízes culturais”, afirma.
A trilogia de sabores do Chaco, prática culinária com a qual participa nesta convocatória, combina os ingredientes nativos do Chaco (mistol, algarrobo e ají del monte) e técnicas tradicionais. A trilogia inclui a chicha, uma bebida refrescante, fermentada a partir de sementes de milho com infusão de café mistol (o mistol é uma fruta característica do Chaco). “Chicha de mistol funde tradição com inovação, um equilíbrio entre o ancestral e o contemporâneo”, destaca.
O pão champanhe com farinha de alfarroba, segundo ela, é uma releitura do clássico pão champanhe francês, em que a fermentação da massa fermentada, além de lhe conferir uma textura especial, revela uma surpreendente cor roxa e um aroma de chocolate. O pão é acompanhado por paté de pato temperado com pimenta da serra.
Para acompanhar a degustação, Rosa contará com imagens da Rede de Mulheres do Chaco, protagonistas da produção desses ingredientes, e utensílios de cerâmica da comunidade Kambuchi Apo, além de uma série de desenhos feitos à mão por artistas Nivacle, além de Artesanato Nivache e Enlhet.
“Meu objetivo é promover a diversidade cultural do Paraguai na França. Esta experiência gastronómica vai além de simplesmente apresentar os ingredientes nativos do meu país. Trata-se de destacar a importância de preservar e compartilhar essas tradições culinárias, que são um testemunho vivo da identidade e da riqueza cultural enraizadas nas comunidades que habitam o Chaco”, afirma.
“Ao utilizar esses ingredientes, procuro incentivar a descoberta e o consumo desses novos sabores. Ainda que timidamente, procuro tornar visível o trabalho da Red de Mujeres del Chaco. Estas associações esforçam-se por preservar a ligação com a terra, celebrar a biodiversidade local e reconhecer o papel vital das mulheres na produção destes ingredientes excepcionais.”
.
⇒ Conheça a receita
* Comunidade com a qual a prática será compartilhada: Na cidade de Sarlat – Dordonge, no centro educativo Lycée Pré de Cordy em Sarlat-la-Canéda, com a participação de cerca de 30 pessoas. Ela escolheu este local porque seria o encerramento das formações, e seus colegas e professores são do setor de hotelaria, turismo e gastronomia. “É uma forma interessante de chegar a profissionais que futuramente poderão integrar esses ingredientes em suas receitas”, acredita.
12. Nome: Yesica Santivecchi/ Comunidad Gitana Mar Del Plata
* País de nascimento: Argentina
* País de residência: Argentina
*Nome da receita: Té cigano
A receita do chá cigano foi apresentada por Yesica Santivecchi em nome de um coletivo, a Comunidade Cigana de Mar Del Plata (formada também por Fabiana Castillo, Priscila Demetrio, Rosa Demetrio e Esmeralda Demetrio). Segundo elas, o chá cigano é a infusão típica da comunidade de toda a região, receita transmitida oralmente de geração em geração. “Uma infusão que tem origem na Índia, que sofreu mutações durante a passagem da comunidade pela Europa e acaba por se configurar e adaptar aos ingredientes disponíveis na região, com a chegada do povo cigano à América Latina”, salientam.
Na Argentina, a receita é feita diariamente em todas as cozinhas ciganas. A fusão de chá preto, cravo, canela em pau e açúcar que é macerado, é servida sobre um colchão de frutas em cada copo (de vidro): banana, laranja, tangerina e maçã. O copo é servido em um pequeno prato fundo de sobremesa, onde o chá é colocado para esfriar e retirado do prato.
Na cidade de Mar del Plata, entre os mais de 13 mil ciganos/as que ali vivem, o chá é uma infusão muito consumida e representa o momento de partilha, diálogo, reflexão e planejamento de vida. É uma tradição oral, não existe material escrito ou audiovisual sobre este costume e receita, sua preparação é um momento de aprendizagem e troca entre os adultos e os mais jovens da comunidade.
Fabiana Castillo, no vídeo enviado para o concurso, explica como é preparado o chá. Ela conta que é cigana e aprendeu a receita do chá com a mãe e as tias, que o preparavam em sua casa na província de Chaco. “É minha responsabilidade e orgulho ensinar aos meus filhos, filhas, noras, genros, netos e netas esta receita que tanto representa a nossa identidade como povo cigano”, destaca.
Priscila Demétrio, de 15 anos, aprendeu com Fabiana e diz que adora preparar e compartilhar com familiares e amigos. “É muito saboroso e típico. A combinação com as frutas gera um sabor diferente. Além disso, é um pretexto para se reunir e é um gesto de hospitalidade. Numa casa cigana nunca falta o chá típico. É o nosso orgulho”, afirma.
.
⇒Conheça a receita:
*Comunidade com a qual a prática será compartilhada: Partilhar o chá cigano, segundo elas, é um pretexto para aproximar a comunidade cigana da comunidade crioula do bairro, “no sentido de promover encontros e contribuir para a erradicação da discriminação étnica e cultural”. A proposta é realizar seis atividades onde a receita será compartilhada em instituições de ensino do bairro (casa comunitária do Marea, escola primária 41 e escola secundária 56), com registro audiovisual da experiência e festival de encerramento aberto a toda a comunidade marplatense.
13. Nome: Yorely Paola León Caicedo
* País de nascimento: Colômbia
* País de residência: Chile
*Nome da receita: Arepa con chocolate colombiano
A arepa com chocolate, apresentada por Yorely Paola León Caicedo, é um alimento consumido em todos os departamentos colombianos, mudando um pouco os ingredientes e a forma de preparo. É um produto que, segundo ela, têm apresentado à comunidade chilena para consumir em diversos horários do dia, principalmente no café da manhã ou no chá da tarde. Sendo a base da gastronomia colombiana, é um prato que pode ser servido sozinho ou em conjunto com outros alimentos. Yorely é colombiana e mora no Chile, em Alto Hospicio, comuna da província de Iquique, localizada na região de Tarapacá.
.
⇒Conheça a receita
* Comunidade com a qual a prática será compartilhada: A prática será compartilhada na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, no Alto Hospicio, que abriga um refeitório para crianças chilenas e estrangeiras, principalmente meninos e meninas de países vizinhos, como Bolívia e Peru.
Ibercocinas, Iber-Rutas e IberCultura Viva anunciam o resultado do concurso Sabores Migrantes Comunitários
Os programas IberCultura Viva, Iber-Rutas e Ibercocinas publicaram nesta segunda-feira, 15 de janeiro, o resultado da quinta edição do concurso Sabores Migrantes Comunitários, que premia histórias de receitas e práticas culinárias de comunidades migrantes da Ibero-América. Treze propostas foram selecionadas para receber um reconhecimento como ‘Boa prática de cozinha migrante comunitária ibero-americana’ e um prêmio de 600 dólares.
A convocatória esteve aberta entre 6 de novembro e 18 de dezembro de 2023. Podiam participar pessoas maiores de 18 anos, nascidas em um dos 22 países ibero-americanos e residentes em um país diferente daquele de origem, ou que apresentam práticas culinárias de pessoas migrantes de sua família, com até segundo grau de parentesco (padre/mãe, avô/avó).
As pessoas candidatas deveriam enviar, a título pessoal ou em nome de iniciativas comunitárias, uma receita de sua comunidade de procedência, a história por trás dela, e a forma com que esta receita se insere na comunidade de acolhida, dentro de uma experiência migratória.
Foram selecionadas 13 postulações de pessoas nascidas em: Argentina (1), Colômbia (2), El Salvador (1), Espanha (1), Guatemala (1), México (1), Paraguai (2) e Venezuela (4). Os países de residência dos/das postulantes selecionados são: Argentina (2), Chile (3), Colômbia (2), Estados Unidos (1), França (1), México (1), Paraguai (2) e Uruguai (1).
As pessoas responsáveis pelas propostas ganhadoras serão contactadas pela Unidade Técnica do IberCocinas, do IberCultura Viva ou do Iber-Rutas para dar seguimento à tramitação para a concessão dos reconhecimentos como ¨Boa Prática de Cozinha Migrante Comunitária Ibero-americana¨ e o pagamento do apoio econômico às iniciativas.
Todas as pessoas que tiveram suas práticas culinárias selecionadas deverão compartilhá-las em uma atividade com a comunidade atual. Esta experiência pode ser realizada em um âmbito familiar ou entre vizinhos, em uma organização cultural comunitária, em uma instituição educativa, uma associação civil ou similares. Um depoimento sobre esta atividade deverá ser enviado aos programas organizadores. O prazo é de 60 dias após o recebimento do estímulo econômico.
.
16 inscrições foram habilitadas no concurso Sabores Migrantes Comunitários 2023
.
Dezenove pessoas enviaram suas postulações à quinta edição do concurso Sabores Migrantes Comunitários, iniciativa conjunta dos programas IberCultura Viva, Iber-Rutas e Ibercocinas que premia histórias de receitas e práticas culinárias de comunidades migrantes da Ibero-América. Do total de inscrições recebidas, 16 foram consideradas habilitadas e passaram à segunda etapa do processo de seleção, quando serão avaliadas as receitas e histórias enviadas.
As pessoas que tiveram suas postulações habilitadas nasceram nos seguintes países: Argentina (2), Chile (1), Colômbia (2), El Salvador (1), Espanha (1), Guatemala (1), México (1), Paraguai (2) e Venezuela (5). Os países de residência que constam na lista de postulantes habilitados são: Argentina (3), Chile (3), Colômbia (3), Espanha (1), Estados Unidos (1), França (1), México (1), Paraguai (2) e Uruguai (1).
Das cinco inscrições não habilitadas na primeira lista, publicada no dia 22 de dezembro, duas puderam apresentar recursos e completar a documentação que havia faltado: uma delas não havia anexado um documento com a receita; a outra não havia indicado em que comunidade realizaria a proposta. No caso das três restantes, não cabiam recursos porque as propostas enviadas não constituíam uma experiência de migração. A lista definitiva de candidaturas habilitadas, após a análise dos recursos enviados, foi publicada nesta sexta-feira, 29 de dezembro.
O valor total atribuído ao concurso Sabores Migrantes Comunitários 2023 é de 8 mil dólares para um máximo de 13 propostas. As iniciativas selecionadas receberão um reconhecimento como ‘Boa prática de cozinha migrante comunitária ibero-americana’ e um prêmio de US$ 600.
.
Convocatória
As inscrições para esta edição estiveram abertas na plataforma Mapa IberCultura Viva entre 6 de novembro e 18 de dezembro. Para participar era necessário ter mais de 18 anos, ter origem ibero-americana e viver em outro país que não o seu país de origem, ou ser descendente de pessoas migrantes até segundo grau de parentesco (pai/mãe, avô/avó).
As pessoas candidatas deveriam enviar, a título pessoal ou em nome de iniciativas comunitárias, uma receita de sua comunidade de procedência, a história por trás dela, e a forma com que esta receita se insere na comunidade de acolhida, dentro de uma experiência migratória.
.
Critérios de seleção
A seleção seguirá os critérios estabelecidos no regulamento, como a representatividade da preparação para a comunidade de origem; a experiência de inserção na comunidade de acolhimento; a geração de conhecimentos e práticas tradicionais e criativas promovidos por cozinheiros e cozinheiras migrantes; o impacto direto na segurança alimentar, e as estratégias de disseminação do conhecimento culinário e/ou a construção de um legado culinário às novas gerações com a consciência de sua cultura diversa.
A diversidade cultural das propostas será privilegiada, por meio da seleção de projetos de diferentes países. Apresentações feitas por mulheres, jovens entre 18 e 29 anos, bem como indígenas ou afrodescendentes, receberão um ponto a mais na avaliação. Se a pessoa postulante pertence a uma comunidade que se encontra em movimento, ou que está transitando pelo processo de migração em um refúgio, ela receberá dois pontos extras.
Nesta edição, todas as pessoas que tiverem suas práticas culinárias selecionadas deverão compartilhá-las em uma atividade com a comunidade atual. Esta experiência pode ser realizada em um âmbito familiar ou entre vizinhos, em uma organização cultural comunitária, em uma instituição educativa, uma associação civil ou similares. Um depoimento sobre esta atividade deverá ser enviado aos programas organizadores.
.
(*) Texto atualizado em 30 de dezembro de 2023, após a análise dos recursos.
.
Confira a lista definitiva de candidaturas habilitadas e não habilitadas
Está aberta a 3ª edição de Sabores Migrantes Comunitários, concurso de receitas e práticas culinárias
Os programas de cooperação IberCultura Viva, Iber-Rutas e IberCocinas lançam nesta segunda-feira, 13 de setembro, a terceira edição do concurso Sabores Migrantes Comunitários, que premia histórias de receitas e práticas culinárias de comunidades migrantes da Ibero-América. A convocatória é dirigida a maiores de 18 anos de origem ibero-americana(*), a título pessoal ou em nome de iniciativas comunitárias, que vivam em outro país que não o seu país de origem.
O objetivo do concurso é contribuir para o fortalecimento dos laços das comunidades ibero-americanas, dando visibilidade às experiências de intercâmbio e diálogo intercultural que ocorrem entre as comunidades migrantes por meio da culinária tradicional e da inovação criativa como expressão do processo migratório.
O valor total atribuído ao concurso é de 8 mil dólares para um máximo de 16 propostas. As iniciativas selecionadas receberão um reconhecimento como ‘Boa prática de cozinha migrante comunitária ibero-americana’ e um prêmio de US$ 500.
As inscrições estarão abertas na plataforma Mapa IberCultura Viva até 30 de novembro, às 18h (horário de Brasília). As pessoas interessadas devem apresentar propostas de prática culinária que contenham uma receita de sua comunidade de origem, a história por trás dela e a forma como essa receita se insere na comunidade de acolhimento no contexto de uma experiência migratória.
As receitas e práticas culinárias podem ser apresentadas por escrito e/ou em formato de vídeo. Caso optem por vídeos, estes não podem exceder 5 minutos de duração. Também serão aceitas inscrições que incluam produções artísticas, como canções, poemas ou desenhos, entre outros. Podem ser usados os idiomas espanhol e português, ou alguma língua indígena com tradução em espanhol ou português em anexo.
Nesta edição, diferentemente das duas anteriores, poderão participar pessoas nascidas em países ibero-americanos residentes em qualquer país do mundo, e pessoas que apresentam propostas de práticas culinárias e receitas de migrantes de sua família com até segundo grau de parentesco (pai/mãe, avô/avó). Essas apresentações terão uma cota máxima de seleção no concurso.
A seleção seguirá os critérios estabelecidos no regulamento, como a representatividade da preparação para a comunidade de origem; a experiência de inserção na comunidade de acolhimento; a geração de conhecimentos e práticas tradicionais e criativas promovidos por cozinheiros e cozinheiras migrantes; o impacto direto na segurança alimentar, e as estratégias de disseminação do conhecimento culinário e/ou a construção de um legado culinário às novas gerações com a consciência de sua cultura diversa.
A diversidade cultural das propostas será privilegiada, por meio da seleção de projetos de diferentes países. Apresentações feitas por mulheres, jovens entre 18 e 29 anos, bem como indígenas ou afrodescendentes, receberão um ponto a mais na avaliação.
.
Edições anteriores
Esta é a terceira convocatória conjunta dos programas IberCultura Viva, Iber-Rutas e Ibercocinas. A primeira foi “Sabor à Iberoamérica”, lançada em abril de 2019. Dez histórias de receitas culinárias tradicionais de comunidades migrantes na região ibero-americana receberam US$ 500 cada. Além dos 10 vencedores, quatro menções honrosas (sem prêmios em dinheiro) foram concedidas a inscrições que não atenderam aos requisitos do prêmio por não serem migrantes, mas que apresentaram as histórias de migração de seus ancestrais nas receitas.
Em julho de 2020, foi aberta a segunda edição do concurso, agora com o nome “Sabores migrantes comunitários”, com o objetivo de premiar vídeos que expressassem práticas culinárias de cozinheiros e cozinheiras migrantes com impacto nas suas comunidades. Interessada especialmente destacar como cozinheiros e cozinheiras migrantes estavam ajudando a encontrar soluções comunitárias para a crise derivada da pandemia Covid-19 por meio de suas receitas. As 14 propostas selecionadas receberam um certificado de reconhecimento como “Boa prática de cozinha migrante comunitária ibero-americana” e um apoio de US$ 500 cada.
.
(*) Os países ibero-americanos são: Andorra, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Espanha, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, República Dominicana, Uruguai, Venezuela.
(**) Texto atualizado em 29 de outubro de 2021, após a ampliação do prazo da convocatória
.
Confira o regulamento do concurso: https://bit.ly/3z0DziS
Onde se inscrever: https://mapa.iberculturaviva.org/oportunidade/182/
Consultas: programa@iberculturaviva.org
Concurso “Sabores migrantes comunitários” premiará vídeos sobre práticas culinárias
Os programas de cooperação IberCultura Viva e Iber-Rutas e a iniciativa Ibercocinas, junto com a Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB), lançam o concurso “Sabores migrantes comunitários”, que premiará vídeos sobre práticas culinárias de cozinheiras e cozinheiros migrantes com impacto em suas comunidades.
Com este registro e estímulo, busca-se promover a reflexão sobre a importância das distintas migrações e sua relação com os alimentos locais, a cozinha tradicional e criativa, assim como o sentido de comunidade de diálogo que gera cozinhar e compartilhar os alimentos. Interessa especialmente ressaltar como cozinheiras e cozinheiros migrantes contribuem, através de suas receitas, para encontrar soluções comunitárias diante a crise derivada da Covid-19.
Cada uma das iniciativas selecionadas receberá um reconhecimento como “Boa prática de cozinha migrante comunitária ibero-americana”, de parte da SEGIB e dos programas participantes, e um prêmio de 500 dólares. O valor total destinado à convocatória é de 7 mil dólares para um máximo de 14 propostas. As inscrições estarão abertas na plataforma Mapa IberCultura Viva entre 20 de julho e 30 de outubro de 2020 (*).
Requisitos
Para participar do concurso é necessário que a cozinheira ou o cozinheiro seja uma pessoa migrante, nascida em um dos 22 países ibero-americanos (*) e residente em outro país (diferente ao de origem) da comunidade ibero-americana ou nos Estados Unidos da América, considerando o papel que este país tem como comunidade de destino de migração ibero-americana.
As propostas devem ser apresentadas em formato de vídeo, com até 5 minutos de duração, e devem incluir uma apresentação (indicando lugar de origem e lugar de residência), uma descrição da prática culinária e das estratégias adotadas para sua realização, uma descrição de seu impacto na comunidade de acolhida, e uma perspectiva de futuro em relação à iniciativa ou prática culinária. O vídeo pode ser em língua portuguesa ou espanhola.
Os vídeos devem ser publicados em alguma plataforma de divulgação gratuita, como Vimeo ou YouTube, e ter seus links compartilhados no formulário que está disponível no Mapa IberCultura Viva. (Para inscrever-se na convocatória, é preciso registrar-se primeiro como agente cultural no Mapa IberCultura Viva. Uma vez concluído o registro de agente na plataforma, pode-se iniciar a inscrição e completar o formulário do concurso.)
Avaliação
Entre os critérios de avaliação presentes no regulamento estão a representatividade da preparação para a comunidade de origem; a experiência de inserção na comunidade receptora; a geração de conhecimentos e práticas tradicionais e criativas impulsionadas por cozinheiras e cozinheiros migrantes; o impacto direto na segurança alimentar, e as estratégias para divulgar os conhecimentos culinários e/ou a construção de um legado culinário para novas gerações com consciência de sua cultura diversa.
(*) Texto atualizado em 30 de setembro de 2020
⇒ Confira o regulamento do concurso
Inscrições: https://mapa.iberculturaviva.org/oportunidade/139/
Consultas: iberculturaviva@gmail.com
(*) São países ibero-americanos: Andorra, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Espanha, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, República Dominicana, Uruguai, Venezuela.
Sabor à Ibero-América: Jennifer Solis e os “sopes”
Em 29, set 2019 | Em Notícias | Por IberCultura
Mexicana que vive em Montevidéu (Uruguai), Jennifer Solis apresentou ao concurso “Sabor à Ibero-América” uma receita muito popular em seu país, que para ela representa um forte vínculo entre “tradição, família, amizade e unidade”. Os “sopes” (no sul do México chamam de “pellizcadas” ou “picadas”) são algo que se prepara em ocasiões especiais, para compartilhar com várias pessoas.
“É uma comida que se faz em conjunto, sempre haverá lugar na cozinha para ajudar a fazê-los, já que várias mãos fazem mais sopes e mais rápido, portanto se convidam amigos e conhecidos para ajudar na preparação dos ingredientes, seja fazendo a massa, picando a cebola, preparando o molho ou fazendo os feijões refritos”, comenta Jennifer.
“Os sopes sempre farão parte de nosso repertório gastronômico, não só como um prato de nossa dieta, e sim como um símbolo de convivência que levaremos com orgulho a cada pessoa que senta à mesa curiosa por provar algo muito mexicano.”
Nome da receita: Sopes (pellizcadas)
* Ingredientes | Quantidades:
Para la masa: Harina de maíz (1 1/2 tazas). Agua tibia (1 1/4 taza). Sal al gusto.
Para el relleno: Aceite vegetal (4 cucharadas). Frijoles refritos (1 taza). Lechuga finamente picada (2 tazas). Crema ácida (1/2 taza). Queso fresco (1/4 taza). Cebolla finamente picada en julianas (1/4 taza).
Para la salsa: Jitomate (2 piezas). Chile verde (4 piezas). Cebolla (1/4 de pieza). Ajo (1 pieza). Sal al gusto.
* Modo de preparação: Primero coloca la harina de maíz en un recipiente y añade la sal, agrega poco a poco el agua tibia hasta que los ingredientes se integren y se obtenga la consistencia de una masa. Una vez que esté lista es necesario formar bolitas de tamaño mediano; coloca una de estas en la tortillera (previamente plastificada) y presiona suavemente, el resultado debe ser un círculo ligeramente grueso.
Ahora se debe calentar un comal a temperatura media, retira el circulo de masa del plástico de la tortillera y coloca en el comal, después de aproximadamente un minuto voltealo para que se cocine del otro lado, pasado otro minuto, se debe retirar del comal y colocar en una servilleta de tela.
Posteriormente hay que pellizcar, presionando las orillas del círculo de masa con el dedo índice y pulgar. Repetir este procedimiento con el resto de la masa y reservar. Para la salsa es necesario colocar en el mismo comal los jitomates, la cebolla, el ajo y el chile para tatemarlos, una vez que cambie ligeramente su color a negro, hay que llevar todos los ingredientes a una licuadora y añadir la sal, molerlos un poco, sin que la consistencia sea demasiado acuosa.
Regresando a la masa ya cocida, se debe colocar nuevamente un comal en el fuego y agregar las 4 cucharadas de aceite vegetal, una vez caliente colocar los círculos y dejar dorar un poco, después colocar los frijoles, dejar en el fuego un par de minutos más y retirar. Una vez fuera del fuego agregar crema ácida, queso fresco, salsa y lechuga, al gusto.
La historia de la receta, por Jennifer Solis
En la mayoría de los hogares mexicanos del centro y sur del país es muy común que se cocinen “sopes” (especialmente en el sur se le conocen como “pellizcadas” o “picadas”), y que la receta sea transmitida a las nuevas generaciones, sobre todo de madres a hijas. Sin embargo, nuestro caso fue diferente y particular, siempre fue común cocinar sopes en un domingo familiar, pero a diferencia de otros hogares, no fue la tradicional transmisión de la receta, pero claro que crecimos viendo la preparación y el desarrollo de los sopes.
Algo básico en la alimentación de los mexicanos desde los primeros asentamientos ha sido el maíz, el cual ha tomado diversas formas, una de ellas los sopes, que se encontraban en el famoso mercado Tlatelolco de la época prehispánica, y aunque no se conoce su origen específico, sí sabemos que formaban parte de la dieta precolombina. Los mismos “Tlatoanis” (incluÍdo Moctezuma) acostumbraban consumirlos, sin embargo, podían encontrarse en ciudades mesoamericanas como en las calzadas de Tenochtitlan, siempre al alcance de todos.
Su riqueza histórica y cultural es tal, que la UNESCO la ha declarado como patrimonio de la humanidad, y aunque el origen está en las culturas prehispánicas mexicanas, la preparación se ha modificado con la influencia de otras cocinas, sobre todo la europea, ya que con la llegada de los españoles se incluyeron ingredientes como la lechuga y el queso a esta preparación.
Estando en México se tiene acceso tan fácil a los “antojitos mexicanos”, lo que muchas veces impide que nos aventuremos a la preparación de estos platillos, así que fue hasta que decidimos migrar (primero a Valparaíso, Chile, y ahora a Montevideo, Uruguay) que descubrimos la necesidad de cocinarlos por cuenta propia, lo que sin duda significó un reto, sobre todo porque tuvimos que poner en práctica lo que recordábamos de aquellos domingos en familia, y ahora se ha convertido en un gusto personal y en la manera de acercarnos al sabor de casa.
Claramente los sopes se pueden consumir en el día a día, sin embargo, cuando se come sólo es muy común comprarlos en los puestos de “antojitos mexicanos”, y es mucho más habitual que sean cocinados en familia, para compartir en una pequeña reunión o en el cumpleaños del abuelo; sobre todo es una tradición que sean cocinados para fiestas patrias (casi todo el mes de septiembre), y también es habitual encontrarlos en las fiestas patronales que se distribuyen por todo el país. Y aunque cada mexicano tienen su preferido (de pollo, carne, o el clásico de frijoles), todos nos reunimos en la mesa para disfrutarlos; así los sopes se convierten en un excelente pretexto para convivir y compartir con los seres queridos.
Quizá para mí, un poco más que para el resto de los migrantes, los sopes signifiquen tanto, ya que alrededor de ellos tengo acumulado una serie de recuerdos. Mi cumpleaños, al ser en septiembre, era celebrado siempre con una “kermés”, en el que mi madre cocinaba lo más mexicano que se le ocurriera, agua de horchata, jamaica y limón, para formar los colores de la bandera, papel picado y rebozos en las mesas, globos de color verde, blanco y rojo, yo vestida con botas y sombrero, y lo que nunca podía faltar eran los antojitos, entre ellos y mis preferidos, los clásicos sopes, bien dorados y con mucha crema.
Claro que preparar sopes, ahora en Montevideo, nos remonta al olor de México en septiembre, con el montón de puestos de antojitos en el Centro de la ciudad, a los mexicanos con el fervor patrio de esas fechas, con la bandera tricolor en la cara, la música ranchera, el mariachi y el tequila. Viniendo de la capital no podemos negar que los sopes saben a México, son la combinación perfecta de los ingredientes básicos de nuestra cocina y de nuestra alimentación, el maíz, los frijoles y la salsa, infalibles en las mesas mexicanas con su mosaico de sabores y colores.
Los sopes son una comida popular en muchos hogares mexicanos, y aunque los ingredientes son baratos, la preparación es considerablemente laboriosa, lo que significó un nicho de mercado para las empresas que ahora los venden precocidos, empaquetados y congelados. Esto a su vez representa un cambio en las costumbres de las familias, para las que es mucho más práctico comprarlos en estas presentaciones y evitar el trabajo manual de su preparación; perdiéndose también de compartir desde el momento de la preparación de la masa hasta su degustación.
Sumado a esto, la preparación se ha ido modificando con influencias y elementos que fueron llegando a nuestro país, no obstante, la base de los sopes sigue siendo la misma, aunque se han agregado más tipos de ingredientes, como el pollo, el cerdo y ahora que está de moda el vegetarianismo se puede incluir hasta champiñones o espinacas.
**
Breviario mexicano:
(1) Frijoles refritos.- Modo de preparación que resulta al moler los frijoles cocidos y calentarlos hasta encontrar una consistencia pastosa y uniforme.
(2) Jitomate.- También conocido en algunas partes de Sudamérica como tomate.
(3) Chile verde.- Es conocido como serrano. Es de color verde y de longitud alargada; es base para muchos más platillos de la gastronomía mexicana.
(4) Tortillera.- Utensilio que consiste de dos placas de metal, una sobre otra y una palanca que permite comprimir la masa de tal forma que quede aplanada.
(5) Comal.- Plancha para cocción tradicional de la cocina mexicana.
(6) Tatemarlos. Palabra mexicana usada para referirse al tostar o asar de los alimentos.
(7) Antojitos mexicanos.- Comida popular que se consume en puestos ambulantes, generalmente a base de maíz y salsa, que tiene rasgos culturales y tradicionales de ciertas partes de la república mexicana.
(8) Tlatoanis.- Gobernantes de las ciudades prehispánicas que mantenían dentro de la sociedad un nivel jerárquico alto.
(9) Fiestas patronales.- Celebraciones eclesiásticas para la conmemoración de los santos o patronos.
(10) Kermés.- Fiesta popular o de vecindarios que se compone de juegos mecanicos, puestos de comida y bebida.
Sabor à Ibero-América: Santi Carneri e o chipaguazú de Ña Mechi
Em 27, set 2019 | Em Notícias | Por IberCultura
Nascido em Buenos Aires, filho de pais argentinos que migraram para a Espanha, Santi Carneri é um repórter e fotógrafo independente que reside no Paraguai desde 2013. Em Assunção, sua companheira (que é paraguaia) lhe abriu há quatro anos um mundo de nova cultura, histórias e receitas. “A mais destacada e viajante é o chipaguazú”, conta o argentino no texto apresentado ao concurso “Sabor à Ibero-América”.
O chipaguazú é uma das principais guarnições do Paraguai. Uma comida acessível e popular, que se pode encontrar em quase qualquer bar ou restaurante de Assunção ou do resto do país. “O milho crocante das bordas e a suavidade do milho cozido no interior, mesclado com queijo e cebola é uma explosão de sabores doces, amargos, salgados e ácidos espetacular”, detalla Santi.
Seu chipaguazú favorito, no entanto, não se encontra em qualquer bar. É preparado pela mãe de sua mulher, Ña Mechi, uma paraguaia de origem camponesa que deve sua sobrevivência e à de sua filha ao bom ofício com a cozinha, sua força de vontade e imensa paciência.
Nome da receita: El chipaguazú de Ña Mechi
* Ingredientes | Quantidades:
Para 6 personas:
500 g de maíz fresco
1 cebolla mediana
100 mililitros de aceite de maíz
2 huevos
175 gramos de queso Paraguay o queso fresco
2 cucharaditas de azúcar
Una taza de leche
Sal y pimienta
* Modo de preparação:
1. Se colocan los ingredientes en la licuadora, incluida la cebolla cortada en pedazos gruesos y se procesa todo junto.
2. Se enmanteca una fuente para horno y se carga la preparación hasta 3/4 partes del molde.
3. Se precalienta el horno y se cocina el chipaguazú por 40 minutos o hasta que la capa superior y los bordes estén doraditos y al pinchar con un palito este salga limpio.
A história da receita, por Santi Carneri
El chipaguazú es una de las principales guarniciones de Paraguay. Es una comida universal en toda América, pero con detalles particulares en este país de inmensa cultura indígena guaraní. Es una comida accesible y popular. Se puede encontrar en casi cualquier bar o restaurante de Asunción o del resto del país.
El maíz crocante de los bordes y la suavidad del maíz cocinado en el interior, mezclado con queso y cebolla es una explosión de sabores dulces, amargos, salados y ácidos espectacular. Y, como siempre en estos casos, la mejor receta es la de la madre o abuela del clan familiar.
La receta ha viajado con formas y proporciones distintas por todo el continente, desde el sudamericano chipaguazú paraguayo al norteño “Corncake” (pastel de maíz) afroestadounidense.
Yo soy nacido argentino, criado español por padres migrantes, vuelto a migrar en busca de trabajo en 2012 y residente paraguayo desde hace seis años. Mi pareja paraguaya me abrió hace cuatro años un mundo de nueva cultura, historias y recetas. La más destacada y viajera es el chipaguazú.
La madre de mi pareja, Ña Mechi, como es conocida en su gran familia de 20 hermanos y en su barrio de la periferia de Asunción, le debe su supervivencia y la de su hija a su buen oficio con la cocina, su fuerza de voluntad y su inmensa paciencia. Y su chipaguazú es mi favorito de todo Paraguay y, probablemente, del mundo.
A receita no país de origem
La historia del chipaguazú de Ña Mechi, oriunda del interior campesino de Paraguay, nace antes de los caminos de asfalto y antes de los refrigeradores, antes de que la luz eléctrica y el agua corriente estuvieran disponibles para la mayoría en este país confinado tierra (roja) adentro, entre Brasil y Argentina.
Ña Mechi migró cuatro veces. Una desde su pueblo, San José del Rosario, en el norte del departamento de San Pedro, hasta Asunción, la capital de Paraguay. En busca de más trabajo emigró como muchas otras de sus compatriotas hasta Buenos Aires. Allí, en 1981, siendo empleada doméstica interna en una casa familiar, el chipaguazú de Ña Mechi era, junto al asado vacuno, una parte indispensable de la fiesta gastronómica de una docena de migrantes paraguayos que se repetía cada sábado en las afueras de Buenos Aires. Alí, la tira de asado, la falda, los chinchulines y las mollejas se acompañaban del chipaguazú horneado por Ña Mechi. También su mandioca hervida, sopa paraguaya y otras muchas delicias originales de este país eminentemente rural.
Ña Mechi volvería a Asunción, de vuelta a Buenos Aires dos veces más por periodos de varios años. La tercera vez ya fue con su hija nacida y yendo a la escuela en Asunción. La única forma de mantenerla fue volver a migrar a la gran ciudad argentina y dejarla a cargo de una tía. Cuando ahorró suficiente, tras casi una década de idas y venidas, cocinando en restaurantes, bares y casas argentina, Ña Mechi volvió a Asunción, compró un pequeño terreno muy en las afueras, construyó una pequeña habitación y un baño y se mudó allí con su hija. Volvió a cocinar, pero esta vez en un gran supermercado y así continuó hasta que se jubiló hace menos de un año.
Ahora sigue cocinando su chipaguazú para la venta en el barrio y para la familia. Viviendo feliz en su ahora hermosísima casa, esta receta sigue siendo una de las que más ingresos le retribuye debido a su popularidad. Cuando se escucha que en los programas de cocina de Buenos Aires se atribuyen la receta y la nombran como “choclotorta” se ríe a carcajadas.
Sabor à Ibero-América: Clara Palacios e o “encocado de sancocho de pescado”
Em 24, set 2019 | Em Notícias | Por IberCultura
Clara Palacios é uma colombiana que vive no Uruguai. Acostumada a comer frutos do mar desde muito pequena, ela fica surpresa com o fato de que os uruguaios desfrutem tão pouco dos peixes e mariscos, ainda que estejam rodeados de água. “O consumo é superbaixo, mas é algo que vai aumentando aos poucos, e agora com mais força com a chegada da população migrante, o que criará um caminho mais diverso e interessante”, afirma a psicóloga, estudante de mestrado em estudos latino-americanos que pesquisa a mobilidade humana e cultural.
Sua mãe aprendeu a receita do encocado de sancocho de pescado, uma das premiadas no concurso “Sabor à Ibero-América”, em um passeio familiar ao porto de Buenaventura, no Pacífico colombiano, quando Clara tinha 6 anos. “Fomos a um humilde mas renomado restaurante, em uma casa de palafita junto ao mar, chamado ‘Pancha’, em alusão ao nome de sua dona. (…) A própria Pancha explicou à minha mãe como o elaborava, dizendo que o segredo era o amor e muito leite de coco”, conta a psicóloga, que desde então o tem como um prato especial (e junto com sua mãe, tem melhorado a receita original).
Nome da receita: Encoca’o de sancocho de pescado
* Ingredientes | Quantidades:
Encoca’o de sancocho de pescado – Cantidad para 6/8 personas:
3 plátanos verdes (partidos a mano en trozos pequeños)
1 coco mediano (rallado y licuado con un vaso de agua caliente, cernir para sacar la leche) 3 kilos de pescado partido en trozos (aliñado del día anterior con un licuado de: ajo, cilantro, sal, cebolla cabezona, sal)
1lb de cabeza pescado (aliñado igual)
5 dientes de ajo
200 gramos de cebolla larga finamente picada (puerro adaptación)
3 papas medianas peladas y partidas en mitades
Sal al gusto
1 vaso de leche de vaca
** Una lata de atún lomitos en agua
** 200 gramos de crema de leche
100 gramos de cilantro fresco en rama y 6 cucharaditas finamente picado, 1 cucharadita de tomillo finamente picado
3 hojas cimarrón, 1 cucharaditas azafrán, 5 hojas de albahaca
3 tomates sin semilla finamente picado
** 1 copa de aguardiente (licor de caña)
* Modo de preparação: ** Poner a hervir 5 litros de agua con sal y cebolla larga. Cuando el agua alcance punto de hervor, agregar el plátano verde, de a poco, hacer presión sobre el plátano con la mano, para que los almidones se activen y ayude a espesar el caldo. Después de unos 10 minutos agregar las cabezas de pescado, las papas y dos ramas de cilantro, dejar hervir por 20 minutos. A parte en una sartén grande sofreír: el ajo, la cebolla larga y cabezona finamente picada hasta que dore, agregar azafrán, albahaca, cimarrón (chilangua cilantro de monte), el tomate sin semilla finamente picado, luego agregar el pescado partido en trozos. Tapar la sartén y sudar el pescado por 10 minutos aproximadamente o hasta que esté de acuerdo al tamaño de los trozos de pescado a fuego lento, y después de ello agregar la leche de coco, sin tapar la sartén, para evitar que se corte la leche. Dejar hervir por 5 minutos y apagar**.
Agregar este pescado al caldo que se encuentra hirviendo, dejar por 10 minutos más para que hiervan todos los ingredientes juntos. Agregar el vaso de leche, la lata de atún, los 200 gramos de crema de leche. Hervir por 10 minutos más, verificar el espesor del caldo, (si falta espesar puedo licuar unos trozos del plátano que se agregó al inicio**). Rectificar sal y espesor nuevamente, (debe tener la textura de una avena mediana). Servir agregando cilantro finamente picado. Se acompaña con arroz blanco, tostadas de plátano y limón. (**mejora a la receta original, realizada por mi madre y yo)
A história da receita, por Clara Palacios
Soy colombiana, provengo de la zona rural del río San Juan, corregimiento de San José del Salado (300 habitantes aproximadamente), cuna donde se ubica una de las dos torres mudéjar de Latinoamérica (año 1770), en el Valle del Cauca. Estamos a escasas dos horas del puerto de Buenaventura, ciudad junto al Océano Pacífico. Si bien en mi pueblo no hay tradición fuerte por los frutos del mar, porque lo denominaban comida para “negros”, de manera un tanto despectiva, en casa gracias a mi padre, mi madre, mi abuela y su pasión por la comida de mar que no daba paso a prejuicios, desde muy pequeña consumíamos semanalmente pescado o mariscos.
Cuando tenía 6 años, fuimos en paseo familiar al puerto de Buenaventura, a un humilde pero renombrado restaurante ubicado en una casa de palafito junto al mar, llamado “Pancha”, haciendo alusión al nombre de su dueña, mujer negra de 60 años, con una vitalidad envidiable, recelosa de sus recetas, cuya sazón hizo que en el puerto todos la conocieran, y logró que varios presidentes de Colombia la visitaran en su humilde casa/restaurante (lo que logró la sazón, no lo había logrado la razón).
Llegamos muy temprano, lo que permitió que mi madre (con su dulzura campesina, “le cayó en gracia” a la cocinera) participara de la elaboración del sancocho de pescado. La misma Pancha le explicó a mi mamá como lo elaboraba, diciéndole que el secreto era el amor y mucha leche de coco. Fuimos sus primeros comensales ese día, nos sirvieron abundantes platos, había una temperatura típica de puerto, unos 32° o 34°C, lo que nos hacía sudar como en “sauna”. Reacción física que las cocineras atribuían a nuestra debilidad, y no al calor: “El sancocho le saca la debilidad, los blancos son debiluchos”. Salimos de ahí felices y satisfechos por el banquete, pero la más dichosa fue mi mamá. Llevamos todos los ingredientes para el encocado de sancocho de pescado, y al siguiente día estábamos nuevamente tomando sancocho en casa.
La receta la comenzamos a preparar en casa desde ese entonces y la hemos ido mejorando a medida que ha pasado el tiempo. En principio mi madre y luego yo también comencé a hacer aportes, que han permitido perfeccionarla y explorar con aciertos y fracasos. Regularmente la realizamos para cumpleaños, en especial el de mi papá, o alguna festividad especial. Cuando hay buen tiempo de sol, se realiza en fogón de leña y se comparte en familia. Ya tiene muy buen reconocimiento, nos llaman a preguntar cómo la hacemos. Y muchos invitados que en principio manifestaban su total disgusto por el pescado, han pedido hasta 3 platos. Alguna vez preparé un sancocho para compañeros/as de la universidad y un profesor alemán que se supone era alérgico al pescado, pidió dos platos y su alergia mágicamente desapareció.
Intercambio gastronómico
Uruguay es un país que tiene un altísimo consumo y producción de carne. Las cifras lo corroboran: son 3.5 millones de habitantes y 12 millones de vacas, 420.000 toneladas de carne vacuna producidas al año, 98.6 kilos por persona consumidos al año (2014), versus los escasos 9 kilos anuales de pescado. Todo esto lo convierte en el segundo país que más consume carne en el continente y el primer país en el mundo que menos pescado consume, y a nivel de salud el primer país en América del Sur en cáncer colorrectal, según algunos artículos de prensa, que en mi curiosidad pude encontrar. Así que un intercambio multicultural gastronómico le sienta muy bien.
Como experiencia vivida recuerdo la primera vez que mi esposo uruguayo visitó a mis padres en Colombia. Al saber el menú del almuerzo se inquietó bastante, solo comía pescado una o dos veces por año, y para homenajearlo mi mamá le preparó un sancocho de pescado. Se admiró del sabor y pidió un segundo plato con total gusto, reconociendo el conjunto de sabores nuevos que el plato reúne. Por lo cual se integró al menú yorucolo (yorugua: uruguayo+ Colombia) aquí en Uruguay, con adaptaciones, como el tipo de pescado y la solicitud especial a quien vende a domicilio el pescado, quien me consigue las cabezas de pescado (aquí las desechan) y el pescado entero, ya que en la mayoría de lugares solo lo venden en filetes.
Al principio debía usar leche de coco enlatada, pero la migración creciente en el país provocó la llegada de coco y el plátano (de una calidad excelente), entre otros frutos que aquí ahora denominan exóticos. Sembré cilantro en nuestra pequeña huerta, ya que no se consigue con frecuencia en el mercado, y aún no logré encontrar el cimarrón o cilantro de montaña, pero sigo en su búsqueda.
Actualmente aprovechamos la parrilla de casa para prepararlo con leña, así mezclamos el domingo de parrilla uruguayo y la tradición colombiana. La preparamos algunos domingos cuando invitamos amigos/as, quienes con gran curiosidad siempre dicen que prepare algo colombiano, así que aprovecho, teniendo una alta aceptación. Es una receta que me identifica totalmente, que me acerca a mis raíces y me permite compartir mi identidad en un nuevo territorio y que exploren nuevos sabores. Amo las tradiciones del Pacífico, los sabores, los ritmos, los aromas, y me siento feliz cuando puedo compartirlo en el nuevo lugar que habito.
Con relación al valor de la receta, puedo decir que el encocado de sancocho de pescado (como quise rebautizar la receta), la cultura popular le atribuye un gran poder afrodisiaco y se tejen muchos mitos gracias a ello. En los restaurantes populares de Buenaventura y Tumaco, al momento de ofrecerlo, la consigna dice “Sancocho de pescado afrodisiaco, garantizamos mínimo dos hijos por cada plato”. Lo que envuelve un disfrute mismo desde su preparación hasta su comercialización, ese sabor a Pacífico y a gente sencilla, sin travesaños en la lengua.
Como migrante en Uruguay me sorprende que estemos rodeados de agua, pero que los frutos que nos ofrece el mar, no son demandados por la población. El consumo de pescado y mariscos de los nacionales es supremamente bajo, pero es algo que va aumentando de a poco, impulsado ahora con más fuerza con la llegada de la población migrante, lo cual creará un camino más diverso e interesante, multicultural.
Soy psicóloga, estudiante de maestría en estudios latinoamericanos, y mi investigación es en movilidad humana y cultural, razón por la cual este tema me apasiona, ya que las recetas son parte de la identidad de los pueblos. Veo la transformación que está viviendo Uruguay y es necesario que la proximidad entre culturas sea un puente que permita la construcción colectiva y no diferencias insostenibles que den paso al rechazo y la xenofobia.
Leia também:
- Sabor à Ibero-América: Belén Rodríguez e as “rosquillas morenas”
- Sabor à Ibero-América: Deyvis Dávila e a receita de “Mi causa”
- Sabor à Ibero-América: Ederlinda Rojas e os espetinhos de coração
- Sabor à Ibero-América: Josahandi Avila e a “cochinita pibil”
- Sabor à Ibero-América: Sulma Perez e as pupusas salvadorenhas
- Sabor à Ibero-América: Djanira Abreu e a feijoada baiana
Sabor à Ibero-América: Belén Rodríguez e as “rosquillas morenas”
Em 23, set 2019 | Em Notícias | Por IberCultura
Belén Rodríguez é uma estudante de psicologia de 20 anos, nascida na Argentina. A história da receita das rosquillas morenas, uma das quatro ganhadoras de menções honrosas do concurso “Sabor à Ibero-América”, remonta à sua tataravó, uma espanhola que se chamava María e que morreu em Villarrin de Campos em 1945. Ela era padeira. Naquele tempo, as padarias não eram como conhecemos hoje. “As pessoas iam à casa da padeira com a farinha e cozinhavam o próprio pão no forno para a família”, conta Belén no texto apresentado ao concurso.
Em Villarrin de Campos, quando se aproximavam as datas festivas, os vizinhos se juntavam para cozinhar várias dezenas de rosquinhas no forno do padeiro ou padeira e depois as repartiam. E assim a receita das rosquinhas chegou às mãos da bisavó de Belén – e com ela seguiu para a Argentina, para onde a família emigrou após a guerra civil, em 1956.
Nome da receita: “Rosquillas morenas – Dulzuras zamoranas“
* Ingredientes | Quantidades: ***Masa: -4 yemas -250gr de azúcar -300gr de manteca de cerdo -Harina (cantidad necesaria para una masa suave) -Ralladura de limón -Pizca de sal -1 cucharadita de polvo de hornear. ***Cobertura: -3 claras un poco batidas -Maní tostado -Azúcar
* Modo de preparação: Se baten las yemas y el azúcar (bien batidas). Se agrega la manteca (punto pomada) y se bate un poco más. Se va agregando suavemente la harina con la sal, el polvo de hornear y la ralladura de limón. Se forma la masa. Se estira (de 1 cm aproximadamente). Se cortan y se pasan primero las claras batidas y luego por el maní mezclado con el azúcar. Se colocan en placas enharinadas y se cocinan en horno bien fuerte. Para retirarlas de las placas esperar que se enfríen.
A história da receita, por Belén Rodríguez
Mi abuela Ernestina Ferreras de la Fuente nació en 1939 en Villarrín de Campos, Zamora, España. Tras la guerra civil, en el año 1956, emigró hacia Argentina junto con sus padres, hermanos y hermanas. Con ellos vinieron sus expectativas, sueños y las esperanza de una mejor vida. Pero también trajeron parte de su tierra en cada bolsillo, en el acento, en las costumbres, en la cocina. Es así como gracias a ella, esta receta traspasó generaciones y fronteras.
La historia remonta a mi tátara abuela, se llamaba María y falleció en Villarrin de Campos en el año 1945. Ella era panadera, pero en el pueblo no había panaderías tal como las conocemos hoy. La gente se acercaba a la casa de la panadera con la harina y cocinaba su propio pan en el horno para la familia. En Villarrin de Campos, cuando se aproximan las fechas festivas tales como 1º de Mayo, el día de Cristo, bautizos, casamientos, entre otras, desde aquellos tiempos hasta la actualidad, los vecinos se juntan para cocinar varias docenas de rosquillas en el horno del panadero o panadera y luego las reparten. La receta de las rosquillas llegó a las manos de mi bisabuela, quien comenzó a hacerlas pero ahora no como oficio sino para consumo familiar. Con el golpe de la Guerra Civil y la difìcil recuperación del orden en el país, faltaba harina para cocinar y se vieron forzadas a pausar la tradición culinaria.
Al venir a Argentina mi bisabuela afortunadamente pudo retomar la tradición. Luego, tras su fallecimiento, la familia recordaba con anhelo las rosquillas, por lo que mi abuela decidió tomar las riendas y comenzar a cocinarlas; su padre le pasó la receta y a partir de ahí nunca más faltaron las rosquillas en las fiestas. Ahora cada vez que cocina las rosquillas morenas para mis primos y para mí, recuerda una anécdota de cuando ella era pequeña: un día su madre estaba haciéndolas y una de las masitas cayó por fuera de la bandeja, entonces ella, que adoraba estas rosquillas, decidió asomarse al gigante horno de barro para volver a colocarla. Su madre alcanzó a verla mientras estaba dentro del horno y la quitó inmediatamente, con un reto de por medio, pensando que quería comerse una rosquilla caliente y la dejó sin comerlas, incluso cuando se enfriaron. Hoy, mi abuela , con gracia, dice que podemos comer todas las que queramos, y ella también.
En el año 2007 mi abuelo, también inmigrante español, junto con otros españoles, fundaron el Centro Castellano y Leonés en Bahía Blanca, un lugar de encuentro para aquellas personas oriundas de España y sus familias. Toda mi familia, y yo incluida, somos voluntarios de este Centro, colaborando en los eventos. Mi abuela, miembro de la comisión, asiste y organiza reuniones, cenas y té-bingo para recaudar fondos. Buscando homenajear la comida típica de su tierra, mi abuela propuso cocinar a los socios las tradicionales rosquillas morenas. Desde aquel día en que las sirvieron, son el infaltable de todos los eventos y siempre preguntan por “las masitas de Ernestina”. Se convirtieron en un símbolo tradicional para el Centro Castellano y Leonés, que con su sabor, la añoranza del pasado se hace presente en cada encuentro, reaviva recuerdos y alimenta los lazos interculturales”.
Las “masitas”
Vale aclarar que se les dice rosquillas morenas porque originalmente tenían un agujerito en el medio. Cuando mi abuela comenzó a hacerlas para la familia, como no tenía moldes, las agujereaba con un dedal, pero cuando comenzó a cocinarlas para los eventos del Centro, las modificó, dado que no es práctico hacer con aquel utensilio 60 docenas de rosquillas, asique con el tiempo se transformaron a galletitas, o como son llamadas en Bahía Blanca, “masitas”. Además, en Villarrín de Campos, se preparaban con grasa de cerdo casera derretida, pero en la actualidad mi abuela las hace con grasa refinada para facilitar la preparación.
Leia também:
- Sabor à Ibero-América: Deyvis Dávila e a receita de “Mi causa”
- Sabor à Ibero-América: Ederlinda Rojas e os espetinhos de coração
- Sabor à Ibero-América: Josahandi Avila e a “cochinita pibil”
- Sabor à Ibero-América: Sulma Perez e as pupusas salvadorenhas
- Sabor à Ibero-América: Djanira Abreu e a feijoada baiana