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Fortalecendo a cultura viva comunitária: um balanço dos 7 anos da pós-graduação internacional da FLACSO

Em 11, dez 2024 | Em Destaque, FLACSO, Formação, Notícias |

O Curso de Pós-graduação Internacional em Políticas Culturais de Base Comunitária foi lançado em 2018, como uma construção conjunta de IberCultura Viva e FLACSO Argentina, com o objetivo de fortalecer a formação e a pesquisa das políticas culturais de base comunitária e o conceito de “cultura viva” como política pública. Este curso foi um dos grandes acertos deste programa de cooperação cultural iniciado em 2014 por governos de 10 países ibero-americanos (hoje são 13), como mostra o relatório/balanço “Fortalecendo a Cultura Viva Comunitária”, apresentado durante o seminário comemorativo dos 10 anos do IberCultura Viva, em Brasília, no dia 28 de outubro.

A ideia de contar com um espaço de formação acadêmica vinculado ao programa começou a ser gestada em 2016. Um estudo encomendado pelo IberCultura Viva mostrou que havia uma grande demanda por formação em gestão cultural com enfoque territorial e comunitário, mas não existia nenhuma oferta específica no tema, e somente 40% das ofertas existentes (nas áreas de gestão e políticas culturais) contavam com alguma abordagem dentro de suas propostas curriculares.

O interesse foi grande desde o início. Todos os anos, pelo menos 400 pessoas enviam suas inscrições para o Edital de Bolsas que o IberCultura Viva costuma lançar em dezembro. Na primeira convocatória, para a turma de 2018, 437 pessoas se candidataram às bolsas. Em 2024, havia 525 candidatos. Em suas sete edições, entre 2018 e 2024, o programa concedeu 722 bolsas a representantes de organizações culturais comunitárias e pessoas que trabalham em organismos públicos de Cultura nos países membros. Para a turma de 2024, foram concedidas 104 bolsas a pessoas de 13 países. Estes números se mantêm para a edição de 2025, que terá inscrições abertas a partir deste mês de dezembro.

O curso está dirigido a setores públicos de cultura (gestores/as, funcionários/as ou trabalhadores/as da área de Cultura em órgãos nacionais, estaduais e municipais), a gestores/as comunitários/as e a integrantes de organizações da sociedade civil. Para concorrer a uma das bolsas concedidas pelo programa, é preciso comprovar experiência em gestão cultural comunitária e/ou na elaboração e implementação de políticas públicas. Fora do programa de bolsas, no entanto, podem se matricular todas as pessoas interessadas em cursá-lo de maneira particular. 

Como afirmam na apresentação do relatório, a cada edição se tece uma rede cada vez mais sólida de organizações culturais comunitárias da Ibero-América, assim como de gestores/as públicos/as, educativos/as e de comunicação, com um forte vínculo territorial. “Esta rede, que promove a relação e o aprofundamento entre cultura e território, cultura e identidade, está construindo uma nova história de políticas públicas no contexto ibero-americano”, ressaltam os organizadores da publicação. 

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Pesquisas e entrevistas

Belén Igarzábal, diretora da Área Comunicação e Cultura da FLACSO-Argentina e coordenadora acadêmica (junto com Franco Rizzi) desta pós-graduação internacional, apresentou no seminário alguns dos principais resultados obtidos nesses sete anos de construção conjunta. “Tem sido um trabalho muito rico, proveitoso, colaborativo”, comentou, ao explicar que este relatório/balanço foi elaborado pela equipe da FLACSO-Argentina neste semestre, a partir de questionários e entrevistas em profundidade com pessoas bolsistas. 

A primeira parte do informe é um resumo das sete turmas que se formaram entre 2018 e 2024; a segunda traz os resultados da pesquisa feita com 200 pessoas que receberam bolsas do IberCultura Viva, e a terceira apresenta 12 trabalhos finais, selecionados entre os 469 entregues até 2023 (a sétima turma encerrou recentemente o ano letivo, por isso os números de 2024 não foram computados) para ilustrar alguns casos de diferentes países, localizações, gêneros, âmbitos de trabalho, em regiões diversas do continente.

Entre os números de destaque do relatório, a coordenadora acadêmica chamou a atenção para alguns dados coletados a partir da quarta turma (2021), que mostraram que 25% das pessoas bolsistas são afrodescendentes ou pertencem a povos originários. Do total de 722 bolsistas, 66% são mulheres. Entre as 200 pessoas que responderam às entrevistas, 138 eram mulheres, 61 homens e 1 transmasculino. A idade variou dos 27 aos 67 anos. Outro dado relevante foi a combinação do trabalho público com o trabalho comunitário: 78% das pessoas entrevistadas atuam (ou atuaram) em ambos. 

Como balanço dos sete anos percorridos, foi feita uma retrospectiva das sete turmas que se formaram, para conhecer o impacto que teve o programa nas pessoas bolsistas e em seu vínculo com o desenvolvimento de políticas culturais de base comunitária. Também foram compilados os relatórios apresentados ano a ano e feitas pesquisas específicas, recolhendo experiências e aprendizagens em primeira pessoa. O material oferece uma perspectiva dos logros alcançados, as lições aprendidas e os desafios pendentes na consolidação e na construção das políticas culturais de base comunitária da Ibero-América.

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Aqui se encontra a publicação da FLACSO-Argentina: https://cutt.ly/teBNn97n