Cultura Comunitária
IberCultura Viva marca presença do XVI Encontro de Mestres do Mundo
Em 12, dez 2024 | Em Cultura Comunitária, Destaque, Direitos culturais |
O IberCultura Viva marcou presença no XVI Encontro de Mestres do Mundo, realizado no Cariri (Ceará, Brasil) reafirmando seu compromisso com a valorização dos “tesouros vivos” das culturas populares e tradicionais. A mestra Olinda Silvano (Perú) e o mestre Raúl Pérez (México) participaram do evento – realizado de 5 a 7 de dezembro – a convite do Programa, enriquecendo os diálogos com experiências trazidas diretamente de seus territórios de origem.
A presidenta do IberCultura Viva, Márcia Rollemberg, também teve voz ativa no encontro e participou da roda de conversa sobre “Notório Saber: Construindo e implementando a política”. “O painel nos faz pensar um pouco na história. As estruturas do Estado brasileiro vieram da Europa para servir uma visão de poder e o campo da educação é um aparelho do Estado. Quando a gente pensa em ter um mestre dentro das universidades, é fazer uma grande revolução de inverter e de falar: temos esse outro lado, que também tem saberes”, sustentou.
Na avaliação de Márcia, que também é secretária de Cidadania e Diversidade Cultura do Ministério da Cultura brasileiro, promover este reconhecimento significa abrir espaço para novos horizontes. “Aprofundar essa relação e esse reconhecimento é, antes de tudo, um processo de ampliar, de fazer rachaduras, de penetrar águas, de oxigenar essas estruturas historicamente eurocêntricas, racistas. É um momento de mostrar uma busca de maior equidade de participação na sociedade”, reforçou.
Saberes em rede
A internacionalização das culturas tradicionais populares também foi tema de um painel e apontou perspectivas para um maior integração de diferentes territórios. O debate destacou as contribuições da mestra e do mestre convidados pelo IberCultura Viva.
A artista amazônica do Peru, Olinda Silvano, do povo shipibo-konibo, é mestra de kené, que são desenhos tradicionais pintados sobre tecidos, cerâmicas, madeira e corpos. Seu trabalho é reconhecido e premiado internacionalmente e ela compartilhou um pouco de suas experiências e cosmovisões no evento. “Aqui no Encontro de Mestres do Mundo represento o meu país como mulher, artista, liderança indígena. Me sinto honrada de estar aqui para difundir minha identidade cultural. Me sinto muito contente em lutar contra discriminações e por direitos”.
Olinda destacou que a arte que ela desenvolve ao lado de outras artistas é 100% ecológica e vinda da ancestralidade e da profunda integração com a natureza. “Nós trabalhamos cantando espiritualmente. Nós não estudamos na universidade. Nosso trabalho vem da memória ancestral, de nossas avós, de geração em geração e também das plantas medicinais. E assim crescemos. Nossos desenhos não vem de nenhum livro, eles surgem da mente”.
Além fronteiras
O mestre Raúl Pérez, do México, acredita que as trocas estabelecidas durante o Encontro revelam raízes culturais que se conectam sem limites geográficos. “Os intercâmbios trarão frutos maravilhosos, já que todos os países envolvidos temos muitas semelhanças e enfrentamos dificuldades parecidas também na difusão da cultura popular e comunitária.
A participação no XVI Encontro de Mestres do Mundo simboliza o esforço do IberCultura Viva em abrir espaços e celebrar os saberes de guardiãs e guardiões das culturas populares e comunitárias, promovendo também a força das trocas intergeracionais.