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Coletivo Cultural Polanco: os sonhos e esforços de um grupo de amigos para transformar a realidade do bairroColetivo Cultural Polanco: os sonhos e esforços de um grupo de amigos para transformar a realidade do bairroColetivo Cultural Polanco: os sonhos e esforços de um grupo de amigos para transformar a realidade do bairroColetivo Cultural Polanco: os sonhos e esforços de um grupo de amigos para transformar a realidade do bairroColetivo Cultural Polanco: os sonhos e esforços de um grupo de amigos para transformar a realidade do bairro

Por IberCultura

Em04, abr 2016 | Em | PorIberCultura

Coletivo Cultural Polanco: os sonhos e esforços de um grupo de amigos para transformar a realidade do bairro

A Colônia Lomas de Polanco existe desde 1960. Com aproximadamente 20 mil habitantes, em sua maioria operários e comerciantes independentes, é um bairro da cidade de Guadalajara, México, que tem problemas novos e antigos. Entre eles, inundações fortes nas ruas, que em tempo de chuvas asfixiam as vias, falta de escrituras ou situação legal das casas, roubos e narcotráfico. Com vistas a reconstruir o tecido social e o bem-estar dos habitantes, um grupo de voluntários ali desenvolve atividades culturais, artísticas, formativas e informativas desde 2007.

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Norberto, o fundador do grupo, com as crianças do bairro

“Quando acabaram com um projeto que os jesuítas tinham com os jovens, alguns deles formaram um primeiro coletivo nos anos 90, já independentes da paróquia da colônia. Em 2007, depois de umas eleições fraudulentas no meu país e com vontade de fazer algo para transformar a realidade, convidei vários amigos para formar o atual Coletivo Cultural Polanco”, conta Norberto Villaseñor Montes, o fundador do grupo, que já havia tido experiência de trabalho voluntário nas comunidades eclesiais de base (Cebs) da região.

Integrado por um ativista cultural, dois obreiros, uma socióloga, um psicólogo, uma professora de educação especial, duas donas de casa e uma licenciada em artes visuais, o coletivo produz um festival artístico uma vez por mês, com artistas da colônia e da cidade. “Aqui se apresenta todo tipo de arte e de gênero, desde que não promovam antivalores”, afirma Norberto, destacando também que o Coletivo Cultural Polanco é plural e sua conformação de integrantes é “com base no que contrapesa o serviço à comunidade a partir de suas habilidades ou inabilidades”.

IMG_7947No festival, além dos artistas, são convidados especialistas em temas como  proteção do meio ambiente, direitos humanos e alternativas de consumo, para que dialoguem com o público que assiste ao evento, algo em torno de 100 e 200 pessoas. Também são elaborados um jornal mural e um boletim informativo com o tema de cada festival, os quais são expostos e distribuídos no dia do evento. “Estes são participativos e estão abertos para que as pessoas construam conosco com diversos aportes, como poemas, análise e ilustrações”, comenta Norberto. Ocasionalmente, outras organizações ou pessoas interessadas participam com mesas de livros e artesanato.

As atividades são autogestionadas e ocorrem no Parque Roberto Montenegro, também conhecido como “o parque de Lomas de Polanco”. O espaço, que abarca sete quadras pequenas por uma de largura, é o centro de convivência e recreação não apenas dos habitantes de Polanco, mas também de pessoas de outras colônias que não contam com um lugar assim. “Muitas crianças o visitam diariamente, os adolescentes e jovens têm o parque como um lugar de convivência e os adultos passam horas conversando ali”, diz Norberto. “No entanto, é cada vez maior a presença de viciados em drogas e grupos de jovens que perambulam sem fazer nada. (…) O parque é o espaço verde de todos, mas é também um espaço onde muita gente joga lixo. Percebemos que não o valorizam o suficiente.”

Para ele, o impacto do trabalho do Coletivo Polanco no parque é evidenciado pela presença do público, os comentários positivos, a participação cada vez mais ativa de artistas do bairro e de outras partes da cidade, o reconhecimento da associação de vizinhos da colônia, do padre da comunidade e de outras lideranças locais. “E um público que em geral nos quer bem e nos apoia cada vez mais, dizendo isso pessoalmente, o que nos enche de ânimo para continuar”, complementa.

Uma fortaleza do coletivo, segundo Norberto, vem do fato de eles terem criado um pequeno mas eficaz método de organização, baseado em que as decisões devem ser tomadas em consenso, debatidas e respeitadas pela maioria de seus membros. “Damos prioridade ao trabalho de análise e à realização das atividades em coletivo ou em comissões e, por último, fazemos uma avaliação que nos ajuda a definir o que continuar, melhorar ou jogar fora para profissionalizar nosso trabalho”, explica.

DSCF0520Para aumentar a oferta cultural e profissionalizar as ações existentes, a ideia é que cada um se especialize ainda mais num processo ou parte das atividades: coordenação, área de comunicação ou artística, produção, vinculação, desenho e divulgação. O grupo também sonha ter uma casa cultural de vizinhos e poder oferecer oficinas permanentes “que formem as pessoas em arte, integração e ação cidadã”. A preferência seria pela população de 5 a 15 anos, uma etapa da vida em que as oficinas se constituiriam um agente determinante em sua formação individual e social.

Um dos grandes obstáculos para fortalecer o projeto do coletivo tem sido a situação econômica, já que neste momento eles não recebem financiamento de nenhum tipo. Ainda assim, sentem-se “preparados e motivados”, com vínculos fortes com os artistas e aqueles que ministram as oficinas, e com a consciência do quão necessário e importante são as ações na colônia. “Os anos de voluntariado têm sido muito satisfatórios”, garante Norberto. “Iniciamos com muitas dificuldades, mas aos poucos as pessoas vêm nos reconhecendo e estamos com a ideia de que participem mais ativamente em nosso trabalho comunitário”.

DSCF0306O Coletivo Cultural Polanco é um dos membros fundadores da plataforma Cultura Viva Comunitária México, criada em 2015. “Fomos sede em nossa colônia do segundo encontro regional, e consideramos que esta representa a forma de entender a cultura como nós também a entendemos: a partir da realidade concreta de nossa comunidade e ponderando a participação dos habitantes em ações que beneficiem seu entorno.”

É assim, concretizando alianças efetivas com as pessoas do bairro e as organizações culturais e comunitárias que trabalham na cidade, que os amigos de Polanco pretendem seguir fomentando a economia solidária, os foros públicos, os valores da solidariedade, do respeito e da igualdade, e sua longa lista de sonhos.

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(*) Texto publicado em 4 de abril de 2016

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Saiba mais:

https://www.facebook.com/Colectivo-Cultural-Polanco-355469754634933/