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Começa a sexta turma do Curso de Pós-Graduação em Políticas Culturais de Base Comunitária

Em 21, abr 2023 | Em Destaque, Notícias |

Mais de 80 pessoas participaram da sessão inaugural da sexta turma do Curso Internacional de Pós-Graduação em Políticas Culturais de Base Comunitária da FLACSO-Argentina, nesta quinta-feira, 20 de abril. Além de receber as pessoas inscritas nesta edição, este primeiro encontro de 2023 teve como objetivo explicar como funciona o curso e como será ao longo do ano.

Franco Rizzi

Franco Rizzi, coordenador acadêmico do curso de pós-graduação (juntamente com Belén Igarzábal), abriu a sessão apresentando a equipe responsável pelo curso na FLACSO-Argentina e celebrando a diversidade que se apresenta a cada edição. “É o nosso sexto ano e é sempre muito bom ver pessoas de diferentes partes do continente e da Espanha que se juntam a nós. O mais bonito (nesta pós-graduação) é essa diversidade. Aproveitem!”

Manuel Trujillo, responsável técnico da presidência do IberCultura Viva, agradeceu à equipe da FLACSO pelo trabalho desenvolvido nestes seis anos, deu as boas-vindas aos novos alunos e alunas e manifestou alegria por ver que a cada edição se mantém o interesse por esta pós-graduação.

“Convidamos a todos e todas a fazer deste curso um curso de vocês, para poder trabalhar, aprender, compartilhar, pois as políticas culturais de base comunitária são muito importantes. O programa tem se caracterizado sobretudo pelo trabalho com comunidades e organizações culturais comunitárias, e também pelo trabalho territorial que realiza com os governos locais. Este desenho de curso vai ser muito útil para todos”, afirmou Trujillo.

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Passeio teórico

Em seguida, Belén Igarzábal, diretora de Comunicação e Cultura da FLACSO-Argentina que divide a coordenação deste curso com Franco Rizzi, tratou de explicar a proposta acadêmica distribuída em cinco módulos, cada um com quatro ou cinco aulas (com exceção do módulo introdutório, que tem duas classes). As aulas são publicadas semanalmente, às quintas-feiras, a partir deste dia 20 de abril, com intervalo de uma semana entre os módulos.

Belén Igarzábal

No Módulo 1 (“Processos Culturais Contemporâneos”), as quatro aulas apresentam um quadro mais amplo das teorias culturais e alguns debates atuais em torno delas, desde uma perspectiva histórica e ibero-americana. Ali também é abordado o conceito de “epistemologias periféricas”, que, conforme explica a coordenadora acadêmica, são as “epistemologias que ocorrem não no centro acadêmico/histórico, mas são construídas a partir de outros territórios, de outras perspectivas”.

O Módulo 2 (“Políticas Culturais”) faz um passeio pelas noções de políticas culturais, com especial ênfase nos direitos culturais e nas questões da cidadania e da comunidade. O Módulo 3 (“Cultura de base comunitária”), por sua vez, aprofunda a política de base comunitária. Novas formas de organização cultural comunitária, incidência política das organizações culturais comunitárias, abordagem e intervenção no território são alguns dos temas abordados neste módulo.

“Redes e cultura colaborativa” é o tema do Módulo 4, que procura refletir sobre novas formas de produção cultural, economia colaborativa e sustentável, redes socioculturais e cultura participativa, cooperação e diversidade cultural, saberes tradicionais e novas tecnologias. Por fim, o Módulo 5 (“Desenho, monitoramento e avaliação de políticas públicas”) tem o formato de oficina para elaboração de trabalho de conclusão de curso, com o objetivo de capacitação em criação, desenho, implementação e avaliação de projetos.

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Troca de experiências

“Uma coisa importante é que este curso não implique uma assimetria de poder, onde alguns especialistas venham impor seus conhecimentos. Sim, há especialistas, mas também há o teu conhecimento, a tua bagagem, as tuas viagens pelos territórios”, disse Belén Igarzábal, destacando que os fóruns que se abrem em cada módulo são um bom espaço para os alunos e alunas partilharem as suas experiências, ideias e opiniões. “As pessoas nem sempre concordam, mas podemos debater com respeito.”

Malena Taboada, assistente técnica da equipe, também destacou a importância da participação de todos os alunos e alunas nos fóruns. “Os fóruns são uma exigência, uma forma que encontramos de atender, de saber quem está ali acompanhando o curso. São um espaço de avaliação, onde se pode conversar com colegas, trazer ideias, compartilhar dúvidas e experiências ligadas ao que estão lendo”, comentou.

O primeiro fórum que se abre no curso é o fórum de apresentação, onde as pessoas contam o que fazem e o que lhes interessa, para que o grupo se conheça. Este fórum estará aberto todo o ano, ao contrário dos outros, que ficam em sua maioria abertos durante algumas semanas e depois fecham.

Outro tema que os coordenadores procuraram esclarecer durante esta sessão foi o formato das aulas, que podem ter suporte escrito e/ou audiovisual (quase todas em espanhol) e são todas assíncronas. Ou seja, a equipe da FLACSO torna as aulas visíveis no campus virtual às quintas-feiras, uma aula por semana, e as pessoas podem ver quando quiserem (dentro daquela semana).

Ao longo do ano haverá algumas reuniões “ao vivo”, provavelmente mais duas com a equipe (para tratar de trabalhos parciais e finais), e outras duas com especialistas num tema de interesse dos alunos. Nas duas turmas anteriores houve algumas aulas abertas com professores convidados (3 em 2021; 2 em 2022), transmitidas ao vivo no canal do IberCultura Viva no YouTube.

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Transformando realidades

Em relação ao trabalho final que se espera dos alunos, e sobre o qual eles vão discutindo ao longo do ano, os coordenadores explicaram que não precisa ser necessariamente o desenvolvimento de uma política pública. “Pode ser um projeto cultural”, disse Belén. “Sabemos que nem todas as pessoas que estudam trabalham nos Estados, na gestão pública, mas são de organizações da sociedade civil ou organismos internacionais. Você vai conseguir articulá-lo com o que vem trabalhando”, sugeriu.

Para Dolores Nazate, uma das novas alunas do Equador, o desafio será exatamente este: terminar o curso com ferramentas para poder fazer uma proposta de política pública comunitária, com perspectiva de gênero. Artista popular desde 1990, gestora cultural desde 2000, líder de bairro e ativista dos direitos culturais, Dolores integrou diferentes organizações comunitárias em paróquias periféricas e rurais do Equador. Mãe de quatro filhos, acostumada a “autoeducar-se” (já que o acesso a cursos de formação tem sido difícil para ela), ela espera aproveitar esta oportunidade para, a partir da sua experiência pessoal, motivar outras mulheres a “ousar também”.

“Estamos muito entusiasmadas porque as políticas culturais de base comunitária falam de nós. É importante que o Estado entenda que nós existimos. Já temos 25 anos trabalhando a partir da base cultural autogerida, mas isso também tem implicado um trabalho precário e que o Estado não nos fortalece. Cada vez que vem outro governo, eles anulam nossos processos. Esperamos que ao final desta experiência possamos estar preparadas, com ferramentas para poder fazer uma proposta de política pública com uma perspectiva de gênero que transforme a realidade de muitos”, afirmou a equatoriana.

Dolores Nazate foi uma das 96 pessoas selecionadas no Edital de Bolsas IberCultura Viva para participar desta sexta turma do curso FLACSO-Argentina. As cotas foram distribuídas entre os 12 países membros do Conselho Intergovernamental (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Espanha, México, Paraguai, Peru e Uruguai).

Outras 16 pessoas – 8 do Brasil, 8 do Chile – receberam bolsas extras para esta edição de 2023 da pós-graduação. Isso foi possível porque as representantes dos governos desses dois países decidiram aumentar suas cotas usando os recursos disponíveis no Fundo Multilateral IberCultura Viva para apoiar a formação de organizações culturais comunitárias. Este é o quinto ano em que os governos do Brasil e do Chile aumentam o número de bolsas para pessoas candidatas de seus países.

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96 pessoas de 12 países foram selecionadas para receber as bolsas de pós-graduação da FLACSO

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