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Terceira jornada UNESCO San Luís: três vídeos-diálogos para a reflexão coletiva e o intercâmbio
Em 26, nov 2020 | Em Notícias |
A Direção de Cultura do Governo Municipal de San Luis Potosí (México) impulsiona desde 2019 a construção coletiva de um marco de garantias locais em matéria de cultura e direitos humanos: a Carta da Cidade pelos Direitos Culturais. A iniciativa, desenvolvida em conjunto com a Representação da UNESCO no México e a Comissão Estatal de Direitos Humanos, foi relançada este semestre em um novo formato, com algumas atividades virtuais e outras presenciais. Três delas se realizaram entre 29 de setembro e 1º de outubro como um ciclo de “vídeo-diálogos” online e ao vivo.
Nesses encontros virtuais, além de debater o tema proposto para o conversatório antes da emergência sanitária (“Direitos culturais e fomento à criatividade”) e pensar em possíveis conteúdos da Carta da Cidade de San Luis Potosí, as pessoas participantes foram convidadas a reflexionar sobre temas vinculados à crise derivada da pandemia de Covid-19, como a recuperação afetiva e a ocupação criativa do espaço público e dos territórios, e os desafios atualmente enfrentados pelas/os trabalhadoras/es da cultura.
As jornadas UNESCO San Luís começaram em 7 de dezembro de 2019 com um encontro sobre “Direitos culturais e equidade territorial” na Universidade Autónoma de San Luís Potosí (UASLP). O segundo encontro, com o tema “Democracia cultural e direitos culturais”, foi em 1º de fevereiro no Colégio de San Luis. O terceiro conversatório, previsto para 28 de março, foi suspenso pela emergência sanitária e acabou se realizando seis meses depois, de maneira virtual, com três sessões de duas horas transmitidas por Facebook entre 29 de setembro e 1º de outubro. Duas dessas jornadas entraram na lista de atividades anexas do 4º Encontro de Redes IberCultura Viva.
Novas formas de articulação
Na abertura do ciclo de vídeo-diálogos, em 29 de setembro, Cecilia Padrón, diretora de Cultura de San Luis Potosí, lembrou que, em resposta às medidas de saúde pública e segurança sanitária, as instâncias culturais têm tido que imaginar novos formatos de trabalho e articulação, o que levou à criação de um modelo híbrido (digital/presencial) para levar a cabo os encontros UNESCO San Luis que haviam ficado pendentes.
Ao definir esses conversatórios como “espaços que motivam a reflexão coletiva mediante a exposição de casos, apostas e práticas de pessoas e especialistas de distintas esferas, disciplinas, territórios e realidades”, a diretora de Cultura ressaltou que o primeiro vídeo-diálogo foi pensado como um espaço para provocar reflexões sobre as frentes de atuação, recuperação e resistência ante os efeitos vinculados à emergência por Covid-19, das/dos trabalhadores da cultura, particularmente aqueles que encontram na prática artística seu campo de desempenho profissional.
Frédéric Vacheron, representante da UNESCO no México, também presente na abertura do encontro virtual, destacou a importância de seguir com este exercício de cooperação multilateral promovido pela capital potosina. “Sabemos que o setor de cultura foi o mais impactado (pela emergência sanitária), mas também é o setor que tem dado uma resposta imediata aos cidadãos. Sem a cultura, sem a criatividade, a pandemia teria sido muito mais difícil e a recuperação também. Temos que apoiar o setor criativo e fomentar os direitos culturais, posicioná-los melhor no novo modelo de desenvolvimento que se propõe para o país”, afirmou.
Nancy Puente, diretora do Sistema DIF (Desenvolvimento Integral da Família) da cidade de San Luis Potosí, falou em nome do prefeito Xavier Nava Palacios sobre a aposta de colocar a cultura no centro da política pública, tal e como outros territórios mexicanos têm feito, como Zapopan (Jalisco), Mérida (Yucatán) e a Cidade de México. “No contexto da nova normalidade, celebramos este encontro, pois reconhecemos as múltiplas afetações que o setor cultural tem vivido, e temos muito claro que a cultura e as artes tiveram um papel importantíssimo no período de confinamento”, observou.
Uma recapitulação das jornadas
Gerardo Padilla, secretário técnico da iniciativa UNESCO San Luis, fez uma contextualização do processo de elaboração da Carta da Cidade pelos Direitos Culturais, que desde 2019 tem significado um processo de participação social, planejamento participativo e cooperação multilateral. Em sua recapitulação das duas jornadas anteriores, ele destacou a participação de 282 agentes culturais nos conversatórios e nas 15 mesas de trabalho, assim como o recebimento de 69 propostas para a ação cultural local. Também lembrou que 262 pessoas acompanharam o Ciclo de Cidades de maneira online, nos encontros virtuais iniciados em 27 de agosto com a experiência de Zapopan.
“Incorporamos um novo componente para dialogar com cidades que já têm um caminho percorrido sobre a defesa, a promoção e a garantia dos direitos culturais em seus respectivos territórios”, contou Padilla. “Neste momento dialogamos com a Cidade do México, Zapopan, Mérida e Roma, cidades que identificaram a importância de promover os direitos culturais em nível local, para que não pareçam distantes das pessoas, assentados somente em documentos internacionais, mas que sejam também ferramentas locais, que possam ser utilizadas em nível barrial entre vizinhas e vizinhas, artistas e promotores do território”.
Padilla explicou que a pandemia, e a consequente necessidade de repensar o processo, incitou o relançamento de UNESCO San Luis este semestre, a partir da articulação que a Direção de Cultura do Governo Municipal já vinha realizando com a Comissão Estatal de Direitos Humanos de San Luis Potosí, o Escritório da UNESCO no México, a campanha My World México e o programa IberCultura Viva.
Na reprogramação, o ciclo de encontros presenciais com oito grupos focais “Miradas desde la Diversidad”, que estava previsto para abril e maio de 2020, passou para este fim de ano, acompanhando o ciclo de vídeo-diálogos e terminando em dezembro. Essas sessões têm o propósito de integrar às mesas de trabalho pessoas, comunidades e grupos de atenção prioritária ou em situação de vulnerabilidade: crianças e adolescentes, juventudes, mulheres, povos originários, pessoas migrantes, comunidade LGBT+, adultos acima de 65 anos e pessoas com deficiência. “São grupos que tornam diversa a nossa cidade e que têm muito a aportar no processo”, afirmou o secretário técnico de UNESCO San Luís.