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27

nov
2016

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Museu da Pessoa: a produção de histórias de vida e a construção da memória social

Em 27, nov 2016 | Em Notícias |

E se a sua vida estivesse exposta num museu? O que ela teria de importante para estar ali? Será que alguém poderia aprender algo com a sua narrativa? Partindo do princípio de que a memória nos faz entender o que somos, e que por isso é nosso maior patrimônio, o Museu da Pessoa reuniu ao longo de 25 anos mais de 16 mil depoimentos de brasileiros para ajudar a contar a história do país nos séculos 20 e 21. Além de mostrar que sim, toda história de vida importa, este museu virtual colaborativo acabou desenvolvendo uma metodologia própria que vem ganhando adeptos em outros lugares do mundo.

O curso Tecnologia Social da Memória, oferecido a um grupo de 20 pessoas de 8 a 10 de novembro, na Universidade de Belgrano, em Buenos Aires (Argentina), foi uma iniciativa inédita para a sensibilização de professores, jornalistas, pesquisadores, psicólogos e demais interessados em conhecer essa metodologia de registro da memória oral no país. O projeto, um dos premiados no Edital IberCultura Viva de Intercâmbio, edição 2015, é uma parceria do Museu da Pessoa com Emiliano Polcaro, professor da Universidade de Belgrano, com vistas a implantar um Museu da Pessoa Argentina.

Assim como seu predecessor, o Museu da Pessoa Argentina buscará mostrar que “o valor da diversidade e a história de cada pessoa como patrimônio da humanidade é o de contribuir para a construção de uma cultura de paz”, como ressalta Polcaro. “Nossa missão principal é a de ser um museu aberto e da colaboração que transforma as histórias de vida de qualquer indivíduo ou organização em uma fonte de conhecimento, compreensão e conexão entre as pessoas e os povos. É um legado distintivo da história do país, que dá prioridade para a transformação cultural e social”.

Antecedentes

Emiliano Polcaro conta que o trabalho com o Museu da Pessoa remonta a um primeiro contato, em 2012, quando ele visitou o museu em São Paulo pela primeira vez. “Como psicólogo clínico, o trabalho com a memória, a história e o esquecimento e a perspectiva social foi inovador para mim”, comenta.

Entre 2013 e 2014 eles começaram formalmente com a ideia de formar uma Rede Internacional de Museus da Pessoa, somando-se às iniciativas já existentes nos Estados Unidos, Canadá e Portugal. (O museu foi criado em 1991 em São Paulo; em 1999 ganhou um núcleo na Universidade do Minho; em 2001, na Universidade de Indiana, e em 2003 no Centro Histórico de Montreal)

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Emiliano Polcaro no curso na Universidade de Belgrano (Foto: Georgina García)

Polcaro passou então a participar de uma série de formações desenvolvidas pela equipe do museu no Brasil, como os cursos Tecnologia Social da Memória (2014), Espaços de Memória e Cultura (2015) e Mediação Cultural e Inovação Social (2016). O Edital IberCultura de Intercâmbio, segundo ele, “foi a chave para começar a concretizar a ideia”.

Para a implantação da iniciativa em Buenos Aires, a estratégia pensada foi a de formar 20 pessoas na metodologia de trabalho proposta pela museu, para disseminar a ideia e encontrar os primeiros colaboradores e multiplicadores desta modalidade. “Foi realmente um êxito”, afirma. “Realizamos o edital, apoiados pelo Ministério de Cultura da Argentina, conseguimos uma série de inscritos e selecionamos os 20 perfis que mais se aproximaram da nossa busca. A seleção foi um sucesso, os participantes estavam muito entusiasmados”.

Participação ativa

A atividade foi aberta no dia 8 de novembro com uma palestra aberta e gratuita para a comunidade. Depois se deu o início formal ao curso com os 20 participantes. O programa incluiu, entre outros temas, um desenvolvimento teórico sobre os princípios da metodologia social da memória, uma aula prática para a realização de entrevista, o trabalho de catalogação de documentos fotográficos, objetos significativos, e como encerramento, uma atividade em que tivessem que gravar, editar e socializar uma história de vida.

Karen Worcman, diretora presidente do Museu da Pessoa (Foto: Georgina García)

Karen Worcman, diretora presidente do Museu da Pessoa (Foto: Georgina García)

A diretora-presidente do Museu da Pessoa do Brasil, Karen Worcman, ministrou as aulas e manifestou grande satisfação com o resultado e a produção dos participantes. “O grupo se envolveu e participou ativamente, produziu histórias lindíssimas de amor, imigração, superação, da vida cotidiana, provocando boas reflexões sobre o valor das histórias de vida como ferramenta de formação da memória social e de um patrimônio cultural”, afirmou.

Posteriormente, nos dias 11 e 12 de novembro, um grupo mais reduzido, de nove integrantes, recebeu uma capacitação mais específica, voltada para a administração e gestão do museu na Argentina. O material gerado durante e depois do curso deve ser o primeiro a entrar na página web do Museu da Pessoa Argentina (www.museodelapersona.org), ainda em construção.

Neste 30 de novembro, às 17h30, Emiliano Polcaro apresentará a oficina “A história de vida na organização” no 3° Encontro Nacional de Pontos de Cultura, no Centro Cultural San Martín, de Buenos Aires, como fruto do trabalho compartilhado até o momento com o Museu da Pessoa.

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Saiba mais:

www.museudapessoa.net