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18

out
2022

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Terceiro volume da coleção IberCultura Viva é lançado no 5º Congresso Latino-americano de CVC

Em 18, out 2022 | Em Notícias |

“Redes na rede: Relatos do 4º Encontro de Redes” é o terceiro volume da coleção IberCultura Viva, que a Prefeitura de Medellín (Colômbia) desenvolveu em coordenação com o programa no âmbito da Rede de Cidades e Governos Locais. Esta edição em formato digital, com 85 páginas, está disponível com acesso gratuito no site www.iberculturaviva.org desde 12 de outubro, dia em que foi lançada na Feira de Saberes do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, no Peru. 

A publicação sintetiza três conversatórios que se realizaram no 4º Encontro de Redes IberCultura Viva, de maneira virtual, em setembro e outubro de 2020: “Educação popular, arte e transformação social”, “Saúde e cultura comunitária” e “Desafios das organizações culturais comunitárias em torno dos direitos das mulheres e diversidades sexuais e de gênero.”

O lançamento desta edição na Feira de Saberes que se armou no Parque Cívico de Santa Clara, no distrito de Ate (Lima), contou com a presença de uma das pessoas que participaram do debate sobre gênero e cultura comunitária. A peruana Celia Solís, que esteve em um dos painéis realizados em 11 de setembro de 2020, foi convidada pelo IberCultura Viva para apresentar este livro no 5º Congresso, para contar sua experiência como líder social no bairro La Balanza, localizado no bairro de Comas, e seu trabalho no Centro Cultural e Comedor Popular San Martín del Once

Celia Solís começou a trabalhar no San Martín del Once em 2000; assumiu a presidência em 2007 e entre 2012 e 2019 participou do processo de transformação do comedor num centro cultural, no âmbito do projeto Fitekantropus. O projeto tem origem na FITECA (Fiesta Internacional de Teatro de Calles Abiertas), evento cultural lançado há 20 anos no bairro de La Balanza.

Diego Benhabib e Celia Solís no lançamento do livro

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Um sonho de mães e jovens

No lançamento do livro, ela contou que tudo começou com uma grata experiência com um grupo de jovens organizados no bairro. “Os malucos do bairro, era assim que a gente os chamava. Demos comida para eles e muita coisa aconteceu, começamos a nos organizar, sempre com a FITECA, uma organização de teatro de rua que luta muito pelo bairro. Com o movimento da FITECA conseguimos contatar muitos peruanos dispostos a nos ajudar, depois fazer acordos com países amigos, como a Espanha, e com isso conseguimos apoio para a construção do refeitório, que aconteceu de 2009 a 2013”, comentou.

Segundo Celia, foi uma longa trajetória de organização, de conversas, para criar este espaço pensado não só para um grupo, mas para todos. “Eles disseram que era mentira, que não poderia ser alcançado, mas nós dissemos que era uma porta aberta e que tínhamos que aproveitar ao máximo”, ressaltou. “Fizemos o trabalho, e ali participaram crianças, jovens, adultos, idosos. As oficinas eram exaustivas, aos sábados e domingos. Nós éramos as mães e os jovens do bairro e conseguimos conscientizar as pessoas sobre isso, que todos têm direito, inclusive os pequenos. Porque os jovens tinham um campo, e para os outros era um espaço vazio e sujo. Queríamos espaço para todos. E conseguimos construir isso, o melhor de tudo foi construir isso, e foi graças à FITECA.”

Graças ao trabalho coletivo, hoje no bairro de La Balanza existe um grande refeitório, usado todos os dias; um espaço multiuso no segundo andar; uma biblioteca para os menores; uma pista de skate; um parque bom para futebol e vôlei; um pequeno jardim que estão tentando recuperar. “O que eu quero dizer é o seguinte: quando você quer alcançar algo, você deve perseverar nisso. Trabalhe, trabalhe e persevere. Pela força, pela vontade, as coisas saem. Isso aconteceu conosco”, afirmou a dirigente, que vem de Apurímac de Abancay. “Apurímac significa ‘deus que fala’, acho que trouxe algo assim. Há alguns anos eu não falava nada. Ao ir para o comedor, aprendi a falar, aprendi a me comunicar. Eu mesma não acredito.”

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Construindo comunidade

Diego Benhabib, representante da Argentina no programa IberCultura Viva, que acompanhou as sessões do 4º Encontro de Redes em 2020, comentou o relato comovente de Celia Solís, expressão de uma infinidade de experiências e iniciativas que as organizações culturais comunitárias têm nos territórios. “Sem este esforço organizativo e esta concepção solidária de vida seria impossível melhorar as nossas condições. Esse trabalho territorial que eles fazem é fundamental e acredito que seja o germe pelo qual cada um de nós está neste espaço, construindo coletivamente comunidade, construindo cultura e trabalhando em conjunto para melhorar as condições de vida de nossas comunidades”, apontou o coordenador do programa Pontos de Cultura da Argentina.

Para Benhabib, as organizações culturais comunitárias são escolas de cidadania, “escolas onde se produz conhecimento, experiências valiosas que nos fazem transformar a própria vida e a dos demais”. Esse protagonismo adquirido pela comunidade organizada  – e que produz transformação nas pessoas, nos grupos e nos bairros – faz parte da essência política de um programa como o IberCultura Viva, que reúne 11 países ibero-americanos (e um 12º que está por entrar, o Paraguai). “Esses trabalhos de incidência fazem com que os Estados estejam presentes de forma articulada em um programa como o IberCultura Viva, que funciona como um farol para o desenvolvimento de políticas culturais de base comunitária”, afirmou.

Falando em nome do programa, o representante argentino também agradeceu à Prefeitura de Medellín, que vem produzindo esta coleção de livros em parceria com o IberCultura Viva. O primeiro volume publicado foi Puntos de Cultura Viva Comunitaria Iberoamericana, com histórias do 2º Encontro de Redes IberCultura Viva (2017), e o segundo, Ideas de Cultura Comunitaria, que reúne as obras selecionadas na convocatória de textos do IberCultura Viva lançada em 2016. 

“Esses livros fazem parte do patrimônio cultural que produzimos coletivamente a partir do programa, com as vozes de companheiras e companheiros que nos contaram essas histórias, suas trajetórias, seus trabalhos”, observou. “Publicações desse tipo contribuem para continuar construindo a memória, no contexto de construção coletiva que as organizações fazem e que muitas vezes fazemos junto com os Estados, com as políticas públicas. No IberCultura Viva procuramos sempre acompanhar esses processos e reconhecemos o valor da cultura comunitária como agente transformador. Cultura comunitária, como bem disse Célio Turino, é a forma de entender o mundo a partir do nosso próprio território, de cuidar do outro e da outra”. 

O próximo livro da coleção será o segundo volume de “Redes na red: Relatos do 4º Encontro de Redes  IberCultura Viva”, com a sistematização de outros conversatórios, sintetizando as principais ideias e propostas apresentadas nas mesas “Estudos sobre cultura comunitária”, “Políticas culturais e cultura viva comunitária” e no encontro da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais (“Habitar territórios e cidades locais no novo normal”). 

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