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13

nov
2021

Em Notícias

Identidade cultural e memória: os dois projetos do Peru selecionados no Edital de Apoio a Redes 2021

Em 13, nov 2021 | Em Notícias |

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Nome do projeto: Llaqtaypac Cocinanmi

Nome da rede ou articulação: Articulación Comunitaria Huascar Parlaqushun

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A Articulação Comunitária Huascar Parlaqushun é um espaço que já vem trabalhando durante um ano e meio em iniciativas de apoio comunitário, tanto a partir das artes como da alimentação ou da educação comunitária, a uma população de quase 200 pessoas, entre crianças, adolescentes e adultos acima dos 60 anos.

As organizações que a integram têm mais de 10  anos trabalhando na comunidade desde distintos âmbitos, sempre com enfoque comunitário, sob uma perspectiva inclusiva e social. As cinco são do distrito de San Juan de Lurigancho (Lima, Peru): Comedor de Madres Migrantes Sagrado Corazón de Jesús, Par Diez Artes Escénicas, Sonqo Kusichiy, Junta Vecinal Grupo 17 de Huascar e Juglar Teatro de Títeres.

O projeto Llaqtaypac Cocinanmi, apresentado por essas organizações ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e  Projetos de Trabalho Colaborativo 2021, busca fortalecer a identidade cultural da população indígena migrante do bairro El Paraíso, no assentamento Huascar, em San Juan de Lurigancho.

Seus objetivos específicos são três: 1) Recuperar os saberes ancestrais e autóctones das mulheres indígenas migrantes do bairro; 2) Reativar o exercício dos direitos culturais nas mulheres, crianças e pessoas da terceira idade, por meio da apreciação e expressão artística comunitária; 3) Sensibilizar sobre a importância da cultura comunitária e seu aporte à prevenção da violência de gênero.

Com início previsto para 1º de dezembro e encerramento em 5 de março de 2022, as atividades incluem a preparação (com pesquisa prévia) de comidas em desaparição, usando ingredientes autóctones, cozinhas ancestrais e milenares (“Sabores e saberes”); a realização de oficinas artísticas comunitárias, onde as mulheres adultas e as crianças possam resgatar e fazer memória de sua identidade cultural a partir da prática da dança folclórica e do teatro, e um festival artístico cultural, gerado pela comunidade articulada, com apresentações artísticas e módulos de exposição onde a população mostrará seus costumes e aprendizagens.

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Nome do projeto: Memorias para transformar el presente

     Nome da rede ou articulação: Memorias para el presente

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“Memórias para transformar o presente” é o nome do projeto que se realizará até fevereiro de 2022, em Lima e Ayacucho, com o objetivo de fortalecer a ação de iniciativas de memória de organizações comunitárias em torno à igualdade de direitos para todas as pessoas, gerando espaços de capacitação, difusão, diálogo e reflexão sobre as causas e consequências da discriminação em todas suas formas. 

A proposta foi apresentada ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2021 por quatro iniciativas de memória da sociedade civil que colaboram entre si de maneira constante no Peru: ANFASEP (Ayacucho), ANFADET (Huachipa, Lima), Caminos de la Memoria (Jesús María, Lima) e Mujeres Esperanza (Villa El Salvador, Lima). 

Essas organizações promovem a defesa dos direitos humanos a partir das memórias do período de violência política no Peru (1980-2000), que afetou maioritariamente os povos andinos e amazônicos. Cada organização realiza ações que reivindicam a memória das vítimas e promovem os direitos de mulheres, da comunidade LGBTQI, dos povos indígenas, andinos e amazônicos.

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Organizações participantes

Caminos de la Memoria é uma associação formada por voluntários/as que administram o Memorial El Ojo que Llora desde a sua criação, em 2005. É um espaço de memória composto por uma escultura de pedra, que representa a Pachamama, e um labirinto, onde estão inscritos os nomes de milhares de pessoas desaparecidas e assassinadas no período de violência política (1980-2000). 

Neste espaço são realizadas atividades de celebração às vítimas, em sintonia com as tradições dos povos andinos e amazônicos, além de atos de reparação simbólica através do reconhecimento e do encontro com os familiares, e atividades educativas dirigidas a escolas e a comunidade em geral.

Reconhecida como Ponto de Cultura, a associação Caminos de la Memoria é membro da Coordenação Nacional de Direitos Humanos e da Rede de Sítios de Memória de Latino-americanos e Caribenhos (RESLAC), de onde reflexiona e promove ações de incidência em torno de políticas de memória.

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A Asociación Nacional de Familiares de Secuestrados, Detenidos y Desaparecidos del Perú (ANFASEP), por sua vez, administra dois espaços de memória com fins democráticos, cidadãos e de reparação simbólica às vítimas e familiares: o Museu da Memória e o Santuário da Memória, onde funcionou o quartel Cabitos, onde desapareceram milhares de pessoas na década de 1980. 

A associação oferece assistência humanitária aos familiares das vítimas da violência; implementa programas de educação e emprego para os familiares e filhos das vítimas da violência política; busca fortalecer as bases distritais, provinciais e departamentais mediante a promoção da participação ativa, da liderança e da prática de democracia.

A articulação que apresenta esta propuesta também conta com a Asociación Nacional de Familiares de Asesinados, Desaparecidos, Ejecutados Extrajudicialmente, Desplazados y Torturados  (ANFADET), que existe desde 1991, e a Associação Promotores da Esperança. 

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Atividades propostas

A proposta apresentada prevê a realização de cinco visitas virtuais mediadas, com enfoques de interculturalidade e gênero, e dois conversatórios virtuais sobre discriminação racial (povos originários e afroperuanos) e de gênero. 

Em El Ojo que Llora serão abordadas a discriminação aos povos originários, mulheres e comunidade LGBTQI. ANFASEP percorrerá o Santuário da Memória, enfocando a busca por verdade e justiça de familiares das/dos desaparecidos. ANFADET percorrerá sua Casa da Memória reconhecendo a busca por justiça, reparação, memórias de desabrigados pela violência política na capital e a recuperação de suas tradições andinas. Mujeres Esperanza fará uma atividade com foco na vida de María Elena Moyano (dirigente assassinada em 1992), na situação das mulheres e na exclusão vivida por afro-peruanos. 

As atividades buscam gerar experiências e aprendizados sobre a importância da defesa dos direitos humanos e os valores democráticos. A partir das experiências dos familiares, sobreviventes e ativistas, a ideia é reconhecer a importância dos laços comunitários em cada uma das localidades em que se realizará o projeto. Além do fortalecimento da organização comunitária, o projeto tem como propósito o estabelecimento de laços entre as iniciativas participantes para gerar um núcleo articulador.

Foto: ANFASEP