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10

jul
2023

Em Notícias

Criando pontes, reivindicando a memória: os projetos equatorianos selecionados no Edital de Apoio a Redes 2023

Em 10, jul 2023 | Em Notícias |

(Foto: Archivas & Documentas)

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Um espaço artístico-cultural-literário para valorizar e promover a produção da literatura indígena contemporânea. Um festival intercultural com manifestações artísticas dos povos afro-equatorianos Chachi e Épera, uma feira de artesanato e uma feira gastronômica e de soberania alimentar. Um espaço de pesquisa, produção, circulação e reflexão sobre as práticas da arte e dos direitos humanos para visibilizar e fortalecer a luta de familiares de pessoas desaparecidas. Conheça os três projetos de redes equatorianas selecionados no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023.

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* Nome da rede ou articulação: Red de Creación Intercultural Mingas de la Imagen

* Nome do projeto: II Encontro Internacional Corazonando: curando a palavra e a memória

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O II Encontro Internacional “Corazonando: Sanar la palabra y la memoria” será realizado nas cidades de Quito e Otavalo (província de Imbabura, Equador), nos dias 6, 7 e 8 de setembro. Neste espaço artístico-cultural-literário comunitário e global, artistas, coletivos e grupos culturais se reunirão para trocar experiências e espalhar sementes que multipliquem o trabalho de animação cultural em diferentes campos. A iniciativa nasce da necessidade de valorizar, divulgar e promover a produção da literatura indígena contemporânea, a reivindicação da memória, da oralidade e de outras formas de escrita e texto desconhecidas e desvalorizadas.

(Foto: Mingas de la Imagen)

O projeto contempla a concepção e implantação do site da Biblioraloteca Cultural MUYU, onde serão exibidas produções literárias em línguas nativas, além de um repositório acadêmico, livros comunitários e uma galeria de vídeo-poemas indígenas. Ali também estará abrigada a produção de memórias em vídeo e fotografias resultantes desse encontro internacional, com depoimentos, entrevistas e materiais públicos.

Esta proposta de articulação também visa apoiar os trabalhos de produção do encontro, em oficinas de formação comunitária em auto-edição de livros, ilustração infantil indígena, têxteis de simbologia Embera em chaquira e recitais de poesias-contos. As atividades atenderão comunidades dos povos indígenas Embera, Wayuu, Yanakuna e Camentsa, na Colômbia; o povo Tsotsil Maya, do México, e os povos Kitu Kara e Otavalo, de nacionalidade Kichwa, do Equador.

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Organizações participantes

A Red de Creación Intercultural Mingas de la Imagen, que apresentou esta proposta ao IberCultura Viva, é um processo que acontece desde 2016 em Mocoa-Bogotá, e já envolveu comunidades indígenas e colaboradores da Colômbia, Panamá, Equador, Estados Unidos, Uruguai, México e Itália. Seus integrantes realizam encontros, conversas, trabalhos colaborativos e oficinas de criação intercultural, em diálogos comunitários que buscam efetivar seu potencial artístico por meio da cooperação e construção coletiva entre diferentes linguagens, artes, espiritualidades e saberes.

Este projeto é uma articulação da Rede de Criação Intercultural Mingas de la Imagem com a Fundação Biblioraloteca Cultural Literária MUYU (Equador); o Coletivo de Comunicações Wainpirai (Guajira, Colômbia), formado por jovens e mulheres Wayuu, e o Coletivo Snichimal Vayuchil (Chiapas, México), que reúne tradutores maias e produtores independentes de materiais literários.

(Foto: Mingas de la Imagen)

O Coletivo Snichimal Vayuchil nasceu em 2016 como uma oficina de criação literária. Em coordenação com casas de cultura e escolas de comunidades rurais, o coletivo promove oficinas, recitais de poemas e poesias e realiza concurso de oralidade-poesia e pintura, entre outras atividades. Em 2022, em colaboração com a Red de Creación Intercultural Mingas de la Imagen, participou da produção de um livro coletivo indígena, “Ritual de Palabras”, com poesias e histórias em dez línguas.

O Coletivo Wainpirai começou a se organizar em Guajira em 2013, a partir de uma escola de formação política e cultural. Formada por jovens e mulheres do povo Wayuu dos municípios de Hato Nuevo e Barrancas, no sul da Guajira, expandiu seu trabalho para a média e alta Guajira (Manaure, Uribia, Riohacha e áreas rurais de Maicao) e trabalha em comunicação em suas diferentes formas e linguagens: desenho, tecido, teatro, audiovisual.

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* Nome da rede ou articulação: Coalición Intercultural do Río Cayapas

* Nome do projeto: Esmeraldas viva, Viva Esmeraldas! V Festival Intercultural del Río Cayapas

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O V Festival Intercultural del Río Cayapas, que acontecerá na comunidade intercultural de Santa Maria del Cayapas, reunirá de forma inédita as manifestações artísticas dos povos afro-equatorianos Chachi e Épera em um diálogo de cosmovisões tecidas em torno da vida em a selva ocidental equatoriana. Também será dado espaço à poética da vida através da arte culinária local e da feira de artesanato intercultural, marca identitária do festival.

A intenção é realizar três apresentações artísticas no festival, além da feira de soberania alimentar e gastronômica e da feira de artesanato das comunidades do Rio Cayapas. Está prevista a participação de 60 jovens de diferentes culturas nas manifestações artísticas de música e dança, e um total de 600 pessoas nas atividades. Esta edição contará com o apoio da equipe de documentação audiovisual da Fundação Ochún, que acompanhará todos os eventos para a realização de um minidocumentário.

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Organizações participantes

A Coalición Intercultural del Río Cayapas é uma organização que trabalha desde 2018 articulando de forma coordenada entidades que prestam apoio estratégico em diferentes áreas relacionadas com a interculturalidade, educação, manifestações artísticas e soberania alimentar. O objetivo da coalizão é criar pontes de fortalecimento, conhecimento e distribuição de conhecimentos entre os afrodescendentes do Equador e as nacionalidades indígenas Chachi e Épera que habitam a Selva Ocidental do país.

Em 2018, em aliança com o Festival del Sur e o Movimento de Cultura Viva Comunitária, a organização promoveu o I Festival Intercultural do Rio Cayapas. Em 2019, a segunda edição do festival contou com a participação de indígenas Chachi e brasileiros da comunidade Ilê Baru (Grupo Senzala Foz), que viajaram ao Equador com o apoio do IberCultura Viva, em um dos intercâmbios realizados no âmbito do edital IberEntralaçando Experiências.

Segunda edição do Festival Intercultural do Rio Cayapas, em 2019 (Foto: Cayapas Intercultural)

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Para promover esta quinta edição do festival, a coalizão se articulou com CVC Equador e a Fundação Cultural e Artesanato Afro-Equatoriana Ochun Funcuao. A Rede Equatoriana de Cultura Viva Comunitária, formada em 2013, reúne artistas, gestores, lideranças comunitárias, redes colaborativas e processos culturais de base comunitária que trabalham para fortalecer a memória, a história e a identidade por meio de expressões criativas e organização social.

A Fundação Cultural e Artesanal Afro-Equatoriana Ochun Funcuao, criada em Quito em 2007, tem como principal missão gerar fortalecimento identitário em crianças, jovens e mulheres afros e refugiadas, em setores periféricos da cidade. A fundação articula projetos relacionados à arte e cultura afro, escolas de música e dança, oficinas: têxtil, turismo, gastronomia e realiza capacitações em ofícios e direitos com abordagem de gênero e intergeracional.

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 * Nome da rede ou articulação: Situar: Arte, Activismos y Derechos Humanos

* Nome do projeto: I Encuentro Situar: Arte y Derechos Humanos

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O Encontro Situar: Arte e Direitos Humanos, a ser realizado na cidade de Quito, gira em torno da ativação da memória crítica ligada ao fenômeno dos desaparecimentos no Equador. Para isso, propõe-se o desenvolvimento de uma série de atividades culturais dentro de um espaço multiplicador de reflexões, questionamentos, solidariedade e afeto, e apoio à luta por melhores políticas públicas para erradicar esse problema. O processo deverá culminar em agosto, Mês das Vítimas de Desaparecimentos Forçados.

O evento inclui uma chamada pública, um laboratório, uma intervenção pública e algumas palestras/conversatórios. O laboratório teórico-prático de ativismo foi pensado como um espaço de reflexão coletiva sobre a memória do corpo ausente e a luta por dignidade e justiça. Foram propostas duas oficinas, a primeira de escrita experimental para a elaboração de um manifesto de slogans e biografias de mulheres desaparecidas; a segunda, de memória-bordado para a elaboração de um manifesto-bandeira em grande formato. As duas oficinas serão destinadas a familiares e amigos dos desaparecidos.

A ideia é realizar uma intervenção pública da bandeira a partir do manifesto coletivo e da leitura em voz alta de biografias de mulheres desaparecidas. Além disso, várias palestras serão realizadas durante as oficinas, permitindo uma aproximação com o tema, as experiências e as ações, e será elaborado um mapa de memória do desaparecimento no país. Especialistas e ativistas, artistas e familiares serão convidados para esses diálogos.

O projeto “Desaparecendo” foi levado adiante por Situar e Asfadec de 2016 a 2019

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Articulação

As organizações que se articulam para realizar este projeto possuem um histórico de colaborações em torno do tema. São elas: Situar: Arte, Activismos y Derechos Humanos; Asociación de Familiares y Amigos de Desaparecidos en Ecuador (Asfadec) e Archivas y  Documentas.

Coletivo formado em 2009 e formalizado como organização em julho de 2022, Situar tem concentrado sua atuação em programas e atividades de ação social e desenvolvimento, bem como na criação, acompanhamento e produção de espaços de pesquisa e educação não formal vinculados a processos comunitários. Também tem se dedicado ao acompanhamento de organizações para o apoio e desenvolvimento de propostas ligadas ao resgate da memória social e patrimonial a partir da participação cidadã e dos direitos humanos.

(Fotos: Asfadec)

Em 2015, Situar e Asfadec iniciaram o projeto “Desaparecendo”, que buscava dar visibilidade ao fenômeno dos desaparecimentos no Equador por meio de encontros, oficinas e uma exposição artística itinerante, que percorreu vários espaços culturais durante quatro anos. Organização sem fins lucrativos nascida em 2012, a Asfadec assessora e acompanha familiares de desaparecidos em buscas e ações de demanda em instituições do Estado. Além disso, trabalha em conjunto com organizações de direitos humanos para criar políticas públicas que atendam casos de pessoas desaparecidas e realiza campanhas de conscientização sobre o tema, entre outras atividades.

O outro proponente do projeto é Archivas y Documentas, uma organização feminista que pesquisa e publica o trabalho de mulheres artistas equatorianas, e que desde 2016 desenvolve projetos e ações com foco na visibilidade da mulher e na dissidência na arte. As ações que realiza (inclusive em colaboração com a Situar) buscam questionar as relações de poder no sistema artístico e reivindicar espaços mais justos e uma vida digna para os trabalhadores da cultura.

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