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14

jun
2016

Em Notícias

Políticas públicas e participação cidadã foram o tema do evento que encerrou a 4ª Reunião Intergovernamental

Em 14, jun 2016 | Em Notícias |

Afinal, o que é cultura viva comunitária? Como se pode gerar melhores condições para o empoderamento comunitário? Como construir políticas que realmente aportem em uma relação com as comunidades?

Questões como essas foram levantadas no encontro “Políticas públicas e participação cidadã: experiências de gestão sociocultural”, realizado no encerramento da IV Reunião do Comitê Intergovernamental do programa IberCultura Viva, em 8 de junho, em San José. O evento, que reuniu cerca de 100 pessoas no auditório do Centro Cultural del Este, contou com a participação da ministra da Cultura de Costa Rica, Sylvie Durán; de representantes governamentais dos 10 países membros do programa, além de organizações e redes centro-americanas.

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O Comitê Intergovernamental e a equipe da Unidade Técnica (foto: Guillermo Venegas)

“Uma política de base comunitária tem que permitir uma aproximação entre gestores públicos e comunidades a partir da escuta, do reconhecimento e do respeito. É uma relação de maior equidade”, afirmou Fresia Camacho, diretora de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude de Costa Rica, na abertura do evento. “E entendemos que comunitário é mais que comunal. É construir vida em comum. Tem a ver com convivência, com vínculos, com colaboração entre vizinhos. Queremos construir Comunidade com ‘c’ maiúsculo, não apenas um conjunto de casas onde vive um montão de gente que por acaso se cumprimenta.”

Como avançar na recuperação do espaço perdido do comunitário, do coletivo, e como mostrar que a organização cidadã é fundamental para a autonomia e para o empoderamento foram  temas da fala da diretora. Fresia também citou os programas desenvolvidos pela Direção de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude — Promoção Cultural e Fomento Cultural (onde estão os Puntos de Cultura e as Becas Taller) –, que lhes têm permitido trabalhar junto às organizações socioculturais e discutir os caminhos a seguir.

Mauren Pérez, André de Paz, Carmen Romero Palacios, Fresia Camacho, Sylvie Durán e Emiliano Fuentes Firmani (Foto: Guillermo Venegas)

“O governo levava coisas para as comunidades, mas nunca havíamos perguntado como pode ser uma relação diferente, uma relação de colaboração, onde se reconheça que as comunidades decidam  sobre o que fazer e como fazê-lo. Quando falamos de empoderamento comunitário é porque as pessoas sabem o que querem, sabe onde vão”. ressaltou. “E estamos falando também de autonomia, porque historicamente o Estado dava, mas pedia muito em troca. Quando falamos de empoderamento e autonomia, falamos de como construir uma relação de respeito, de escuta, onde cada um tem a própria identidade, o próprio projeto e consegue construir uma aliança com o outro sem que haja oportunismo.”

Também participaram da mesa no auditório do Centro Cultural del Este Emiliano Fuentes Firmani, secretário executivo da Unidade Técnica de IberCultura Viva; Carmen Romero Palacios, do grupo Mensuli (do território indígena Coto Brus-Gnöbe); Mauren Pérez, vocera do Círculo de Resonancia de Occidente; e André De Paz, membro do coletivo Caja Lúdica e da Rede Maraca (Movimento de Arte Juvenil Centro-americano).

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Mauren, Emiliano e a ministra Sylvie Durán  (foto: Guillermo Venegas)

 

A integração centro-americana

Sociólogo, gestor cultural, bailarino e coreógrafo, André De Paz lembrou o começo da Rede Maraca, em 2006, quando os coletivos Caja Lúdica (Guatemala), Tiempos Nuevos Teatro (El Salvador) e Arte Acción (Honduras) se encontraram em Guatemala para uma experiência do fazer cultural e decidiram se unir para articular e gerar um processo de fortalecimento da integração centro-americana. Em 2013, quando se reuniram durante o I Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária em La Paz, já eram sete os países centro-americanos representados na rede, de Belize ao Panamá. Hoje, com a recente integração do México, são oito.

“A estratégia é entender que a cultura é um dos motores do desenvolvimento que se vive cotidianamente”, afirmou o guatemalteco André. “Nossa rede é uma aposta pela cultura viva comunitária, pelas culturas que estão se movendo cotidianamente. Não por essas construções estáticas que nós mesmos ou outros campos da sociedade nos fizeram crer que somos um fator folclórico de adorno ou entretenimento, mas sim geramos vida, desenvolvimento, recursos, processos significativos e mudanças nos seres humanos.”

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O projeto de intercâmbio

André De Paz também falou da mesa intersetorial que se propôs para o programa IberCultura Viva durante o II Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária em El Salvador, em outubro de 2015, e do II Forum Educativo Centro-americano, um dos sete projetos ganhadores da categoria 1 do primeiro Edital IberCultura Viva de Intercâmbio, lançado no ano passado.

O Forum, proposto por Rede Maraca e Guanared, teve duas fases. A primeira foi realizada em setembro de 2015, em Honduras, com aportes das organizações da Rede Maraca e teve como fim o que chamaram de “desenho curricular”. “Tinha a ver com consolidar o imaginário das propostas do fazer cultural que nós temos em nossos países, a partir de uma proposta de educação baseada em metodologias alternativas, em arte e cultura”, explicou.

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A segunda fase, em que se utilizaram os recursos do IberCultura Viva, havia terminado um dia antes ali mesmo, em San José, onde representantes de organizações da Rede Maraca se reuniram de 4 a 7 de junho para formular o que denominaram “desenvolvimento curricular”, com vistas a concretizar o que deve conter uma proposta de consolidação educativa centro-americana.

“Nosso fim é criar uma certificação do fazer cultural na região centro-americana”, afirmou André, ressaltando “os milhares de graduados em gestão cultural, animação sociocultural, empreendedores, líderes, formadores e referentes comunitários” que têm  aportado saberes e dignificado os processos em todas as organizações da Rede Maraca.

“Este resultado do II Forum Regional responderá a necessidade de elevar e reconhecer os profissionais da cultura. É uma experiência a partir da gente, para a gente e pela gente. Quer dizer, o que nós concebemos como culturas vivas comunitárias. Como Rede Maraca, nos corresponde difundir e terminar a formulação; aos fazedores da cultura, somar-se. Parte do trabalho está feito. Que nos encontremos e sigamos fazendo rede.”

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A ministra Sylvie Durán assinou a ata da reunião ao final do encontro no auditório

Saiba mais:

O evento teve transmissãopela internet. Confira uma parte da gravação: https://www.youtube.com/watch?v=FwvpQGQ47xI

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