Arquivos Redes 2023 - IberCultura Viva
11 indígenas de cinco países lançam o terceiro e-book da rede “De Abya Yala com Amor”, selecionada no Edital de Apoio a Redes 2023
Em 12, dez 2023 | Em Notícias | Por IberCultura
(Ilustração: Lucian De Silenttio)
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Depois de quatro meses de encontros virtuais semanais, de intercâmbios e criações conjuntas, 11 artistas indígenas de cinco países (Argentina, Brasil, Bolívia, Chile e Colômbia) celebram o lançamento do terceiro e-book da rede “De Abya Yala Com Amor”. O título do livro, “Imagine”, seria um convite para se reencantar com a vida e voltar a sonhar com um mundo de bem-viver para todos. “Imaginar esse mundo é o primeiro passo para construí-lo”, dizem os/as autores/as.
Para o lançamento estão previstos dois encontros on-line, as chamadas “fogueiras digitais”, em que cada participante traz sua “lenha” ao fogo comum que tudo transforma. A primeira conversa, em espanhol, será nesta quarta-feira, 13 de dezembro, às 19h (de Buenos Aires); a segunda, em português, está marcada para quinta-feira, 14 de dezembro, também às 19h (de Brasília). Os encontros serão transmitidos pelo canal www.youtube.com/mensagensdaterra.
“Imagine De Abya Yala Com Amor” é o terceiro livro da rede que conta com o apoio do programa IberCultura Viva, por meio do Edital de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo. Em 2021, 15 indígenas (5 da Argentina, 5 do Brasil e 5 do Equador) se uniram para a produção do e-book “De Abya Yala com Amor”, num projeto que também rendeu 51 vídeos curtos e várias “fogueiras digitais”.
Em 2002, a rede De Abya Yala com Amor foi mais uma vez ganhadora do Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes, desta vez com 18 indígenas, estendendo a alquimia a Chile, Colômbia, México, Paraguai e Bolívia. Com este projeto, foram produzidos um segundo e-book De Abya Yala com Amor, 10 eventos e 22 vídeos.
Diferentemente dos dois primeiros livros, que foram protagonizados por escritores indígenas, neste terceiro, a rede convocou especialmente artistas visuais e ilustradores indígenas para formar uma comunidade colaborativa de aprendizagem e ação no projeto “AIIA – Apropriação indígena da Inteligência Artificial”. A ideia era que o coletivo produzisse, de modo digital, 10 obras de arte indígena contemporânea e pudesse levar suas expressões mundo afora.
Os primeiros dois meses de encontros foram para dialogar sobre os sonhos que cada um traz para a humanidade e para o planeta, e experimentar alguns aplicativos de inteligência artificial para gerar imagens. Assim, “coletiva e criticamente”, aprenderam a usar programas como Midjourney, Stable Difusion, Firefly e outros.
Além de criar obras de arte digital aproveitando os conhecimentos de IA, a rede pretendia dar visibilidade às obras e ao projeto, sensibilizando o público sobre o paradigma do bem viver que os povos indígenas sonham, inspiram e trabalham para que se concretize.
A construção deste terceiro livro foi feita de maneira coletiva pelos 11 artistas indígenas que se irmanam neste projeto: cinco mulheres e seis homens, representando nove nações indígenas, cada uma com sua cosmovisão.
Da Argentina participaram Haylly Wichí Karíña, Luz Julieta Altina Tulián e Mariela Tulián. Do Brasil, Horopakó Desana, Kadu Tapuya, Kuenan Tikuna e Tadeu Kaingang. Do Chile, Azul Huenupe e Horacio Montes De Oca Ayala. Da Bolívia, Lucian De Silenttio. Da Colombia, Zerurue.
Nascida em 2021 com o projeto proposto no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes, a rede “De Abya Yala com Amor” hoje agrupa participantes dos cinco países representados neste novo e-book, além de pessoas do Equador e do Paraguai.
Em pouco mais de dois anos, esta rede realizou mais de 40 “fogueiras digitais” (esses encontros duram aproximadamente duas horas) e quase uma centena de “faíscas” (vídeos curtos). Esta aliança internacional foi um trabalho colaborativo que neste 2023 teve sua institucionalidade ancorada na Associação Indigena Calaucan (Chile); na Comunidade Indígena Territorial Comechingón Sanavirón Tulián (Argentina) e na ONG Thydêwá (Brasil).
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Conheça o e-book “Imagine”: www.thydewa.org/imagine
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Intercambiando saberes para a gestão cultural comunitária: os projetos do Paraguai selecionados no Edital de Apoio a Redes 2023
Em 12, set 2023 | Em Notícias | Por IberCultura
(Foto: El Cántaro Bioescuela Popular)
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Os projetos paraguaios selecionados no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023 darão continuidade a iniciativas bem-sucedidas realizadas em diferentes partes do país em 2022 e 2021. Um deles é a terceira edição dos Intercâmbios de Saberes para a Gestão Cultural Comunitária, promovidos por El Cántaro BioEscuela Popular (Areguá) desde 2021. Outro é o 2º Encontro Nacional de Gestão Cultural Comunitária, que será realizado em Paraguarí, onde se esperam reflexões sobre os avanços do setor desde a edição anterior, que se deu na cidade de Yaguarón em 2022. O terceiro projeto selecionado é o Festi Feria da Red EscuCha, que este ano terá uma edição única, um evento de 12 horas na Plaza de los Desaparecidos, em Assunção, no mês de outubro.
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*Nome da rede ou articulação: Centro de Desarrollo de las Artes y la Cultura Avaré Sumé
*Nome do projeto: 2º Encontro Nacional de Gestão Cultural Comunitária
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O 2º Encontro Nacional de Gestão Cultural Comunitária, que se realizará na cidade de Paraguarí durante dois dias, pretende reunir umas 150 pessoas, entre gestores/as culturais e artistas comunitários/as, representando cerca de 100 territórios ou espaços culturais do Paraguai. A intenção é poder aproveitar estes espaços para dialogar e refletir sobre o avanço da gestão cultural comunitária, tendo em conta o 1º Encontro Nacional, realizado em 2022 na cidade de Yaguarón.
O evento tem como objetivo consolidar a plataforma nacional de gestão cultural comunitária do Paraguai, e levantar propostas para a inclusão de ações concretas que favoreçam o setor de cultura viva comunitária. Espera-se a participação de espaços culturais comunitários, bem como de representantes dos governos locais, departamentais e nacionais empenhados em seguir uma linha de ação comum em favor do fortalecimento dos territórios.
No encontro serão realizadas as seguintes atividades: círculo da palavra; intercâmbio de experiências em gestão cultural comunitária; exposição de gestores/as culturais de comunidades indígenas, afrodescendentes e camponesas; feira comunitária e fogueira artística cultural. A fogueira e a feira serão atividades abertas à comunidade. Nas demais, participarão pessoas inscritas no encontro.
(Fotos: 1º Encontro Nacional de Gestão Cultural Comunitária, Yaguarón, 2022)
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Organizações participantes
O Centro de Desarrollo de las Artes y la Cultura Avaré Sumé, que figura como órgão responsável pelo projeto, é membro da Mesa Técnica de Cultura Viva Comunitária coordenada pela Secretaria Nacional de Cultura e é membro fundador da Federação das Entidades Culturais do 9º Departamento de Paraguarí (Fedec). Esta rede de cultura conta com 31 anos de experiência em gestão cultural comunitária, reunindo 17 espaços culturais, localizados no 9º Departamento de Paraguarí, em áreas urbanas e rurais.
Desde a sua criação, a FEDEC ativou novos espaços culturais em vários bairros do departamento e colaborou em oficinas de dança, teatro, memória oral e na valorização e revitalização do patrimônio cultural das antigas estações ferroviárias de Paraguarí, Pirayù e Caballero. Também organizou feiras de artes e festivais regionais e promoveu oficinas de Círculos da Palavra em quatro municípios.
Koréko Guá é uma escola comunitária de teatro fundada em 2013 em Paraguarí. Dedicada à formação de atores e atrizes de teatro com perfil comunitário, realiza oficinas de atuação para crianças e oficinas de animação sociocultural em comunidades vulneráveis do meio rural. Além de participar de oficinas comunitárias de cinema, coopera com seus pares de outras comunidades na formação de grupos de teatro. É membro da Plataforma Nacional de Grupos de Teatro Comunitários do Interior.
Jakaira Org Desarrollo, outra organização participante do projeto, foi criada em 2003 em Itauguá e desde então tem colaborado com diversos grupos e associações comunitárias para capacitar temas de arte comunitária, arte social e educação pela arte. Também tem trabalhado em comunidades rurais para a capacitação de suas culturas e modos de vida comunitários, e liderado projetos em áreas vulneráveis, junto com outras organizações sociais, em planos e programas sobre o uso da água.
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*Nome da articulação: Intercambio de Saberes para la Gestión Cultural Comunitaria
* Nome do projeto: 3ª Edição Intercâmbio de Saberes para a Gestão Cultural Comunitária
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A 3ª edição dos Intercâmbios de Saberes para a Gestão Cultural Comunitária pretende continuar o percurso pelo Movimento Latino-americano de Cultura Viva Comunitária para aprofundar seus principais conceitos e trajetórias. A intenção é continuar construindo juntos os significados de cultura, comunidade e território, descobrindo práticas culturais comunitárias e identificando espaços de vivência de experiências de territórios para o bem viver.
Um dos objetivos desses intercâmbios é continuar a construir a identidade de uma futura rede de organizações, grupos e/ou agentes culturais que pretendem atuar na comunidade. Com estas reuniões espera-se articular e fortalecer a Rede CVC do Paraguai, a fim de influenciar a visibilidade e o fortalecimento das organizações de base comunitária em nível local e nacional. A iniciativa conta com o apoio da Secretaria Nacional de Cultura do Paraguai e do Centro Cultural da Espanha Juan De Salazar.
Com base em levantamentos feitos durante os intercâmbios de 2021 e 2022, este ano os encontros serão reduzidos a quatro (em 2022 foram sete; em 2021, oito), realizados de maneira intensiva (8 horas). A ideia é promover o ciclo em formato itinerante, passando por quatro espaços culturais comunitários diferentes. Dois desses encontros serão na Comunidade Kamba Cua (Fernando de la Mora) e nas instalações de El Cántaro BioEscuela Popular (Areguá).
Durante este ciclo de intercâmbios, será distribuída aos participantes uma edição especial do livro “Pontos de Cultura: Cultura Viva em Movimento” (Edições RGC), de Célio Turino, impressa especialmente para estes intercâmbios. Também será distribuído material elaborado a partir da convocatória “Telar de Voces de las Culturas Vivas Comunitarias”, que recebeu 21 histórias de experiências escritas por seus próprios protagonistas (10 serão incluídas na compilação).
Além disso, propõe-se melhorar a qualidade e ampliar a série de podcasts “Saberes Comunitários”, iniciada nas edições anteriores a partir de conversas surgidas durante e antes dos encontros. A ideia é agregar vozes de outros atores do território, iniciando um banco de experiências e entrevistas sobre processos culturais territoriais do setor.
As apresentações que serão feitas no âmbito desta terceira edição dos intercâmbios deverão estar relacionadas com as seguintes problemáticas ou ferramentas: medição de impacto, empoderamento local, sustentabilidade, sistematização, educação popular, comunicação popular e não violenta, diversidade, memória comunitária e justiça restaurativa, Cultura Viva Comunitária (esta lista foi extraída dos formulários de avaliação feitos por participantes dos intercâmbios de 2021 e 2022).
(Fotos: 2ª Edição dos Intercâmbios de Saberes para a Gestão Cultural Comunitária, 2022)
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Organizações participantes
El Cántaro BioEscuela Popular, a organização responsável pelo projeto, é uma comunidade de aprendizagem, local de união entre cultura e comunidade, de oficinas de artes, artesanato e conscientização socioambiental na cidade de Areguá. O espaço conta com biblioteca popular, salão polivalente (Oga Guasú), sala de produção artesanal e gastronomia, sala de tecnologia social e armazém de arte, onde são oferecidos produtos artesanais.
Criada em 2007, a bioescola foi construída pela própria comunidade e oferece a mais de 1.000 meninos, meninas, jovens e adultos a oportunidade de desenvolver não apenas expressões artísticas, mas também aspectos integrais dos valores comunitários. Isso é feito por meio de uma ampla variedade de oficinas, atividades socioculturais e palestras de acesso gratuito que conectam pessoas de todas as idades.
O Grupo Tradicional San Baltazar de Kamba Cua, que participa deste projeto com El Cántaro, foi criado em 2011 na cidade de Fernando de la Mora, tendo como área de atuação o resgate e valorização da cultura afro. Sua dança e seus tambores são um instrumento de desenvolvimento comunitário para os moradores afrodescendentes de Kamba Cua e do Paraguai.
A proposta também conta com a participação de Emerger Teatro, organização que foi criada em 2018 em San Antonio e que se define como uma organização comprometida com a comunidade e que presta serviços a outras organizações e instituições com responsabilidade social, através da arte.
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* Nome da rede ou articulação: Red EscuCha (Espaços Culturais do Centro Histórico de Assunção)
* Nome do projeto: Festi Feria de la Red EscuCha 2023
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A Rede de Espaços Culturais do Centro Histórico de Assunção (Rede EscuCha) reúne 10 espaços autogeridos, cuja área territorial está delimitada no Centro Histórico da capital paraguaia: La Caósfera, Mango Tango, La Chispa, El Agujero de Vysoka , Casa Karaku, Literaidade, Multiarte, Nhi-Mu, Sala La Correa e Obradora Cultural. Desde a sua formação em 2018, a rede tem realizado diversas atividades, com destaque para as feiras, nas quais participam artesãos/ãs e artistas de diversas disciplinas (música, performance, dança, etc.).
Em 2021, foram realizados cinco Festi Ferias da Rede EscuCha. Em 2022, foram três. Nestes dois anos, as feiras contaram com o apoio da Secretaria Nacional de Cultura, através do programa Pontos de Cultura. Para 2023, a Rede EscuCha propõe a realização de uma edição única da Festi Feria, em um evento de 12 horas na Plaza de los Desaparecidos, no mês de outubro.
As Festi Feiras contemplam três espaços: o palco, onde artistas emergentes e consagrados/as expõem os seus trabalhos; a feira, onde artesãos e artesãs oferecem a sua produção, e onde também são oferecidos outros tipos de produtos (gastronomia, economia circular); as oficinas e palestras, que acontecem paralelamente e oferecem atividades de interação com o público (oficina de percussão, oficina de graffiti, etc.).
Nesta edição de 2023, pretende-se consolidar o evento como local de referência para a população do Centro Histórico de Assunção, após (nas edições anteriores) fortalecer os vínculos dos espaços em rede com os bairros próximos, integrando a participação dos bairros na organização das apresentações, além de proporcionar atividades interativas de participação (rodas de leitura, aulas de dança, minioficinas abertas, etc.).
Entre os resultados esperados estão a ativação do espaço público no Centro Histórico de Assunção, a revitalização de propostas de acesso à produção artística e cultural local, bem como a consolidação do processo de crescimento da Rede EscuCha e a reafirmação do vínculo dos espaços que compõem a rede com os bairros. Além de fazer parte do programa Pontos de Cultura, a Rede EscuCha participa da Mesa Técnica de Cultura Viva, organizada pela Secretaria Nacional de Cultura do Paraguai.
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Organizações participantes
La Caosfera, fundada em 2015 na cidade de Assunção, é um espaço cultural autogerido e multidisciplinar, com ênfase nas artes cênicas. Ali são realizadas oficinas, concertos, peças teatrais e outras apresentações teatrais, além de feiras, encontros organizacionais e encontros comunitários e culturais em geral. No pátio existe uma horta biológica, iniciada para promover o autoconsumo e a viabilização da alimentação saudável na cidade.
O espaço também funciona como centro de coleta e distribuição da Rede Agroecológica, proposta de troca de comércio justo que reúne dezenas de produtores agroecológicos, artesãos, empreendimentos culinários e outras áreas, à qual La Hilaria adere desde 2019. Em 2021, torna-se um espaço multidisciplinar onde atua La Mutante Taller, na área da carpintaria, outra área de manutenção do espaço.
La Chispa, que também existe desde 2015 em Assunção, tem sido palco de diversas expressões artísticas e culturais e espaço de encontro de artistas com conteúdo político e dissidente. Todas as suas atividades são gratuitas e na rua. La Chispa busca incentivar o uso dos espaços públicos, recuperar a rua e devolvê-la à população, para que o Centro Histórico de Assunção possa voltar a ser o coração da cidade. A intenção é que toda a rua seja palco de novos espaços culturais e artísticos para ampliar e enriquecer esta experiência, onde sejam promovidas práticas em prol de espaços de proteção contra a violência e contra todos os tipos de discriminação.
Nhi-Mu Teatro Aéreo, grupo de Assunção criado em 1997, é inspirado na companhia argentina ‘De la Guarda’, abrindo um leque de oportunidades aos amantes do teatro aéreo e aos aspirantes a intérpretes de palco. A principal proposta do Nhi-Mu é apostar no teatro alternativo e promover uma rede de oficinas, para que quem queira fazer teatro alternativo tenha um espaço de formação e aulas específicas de representação, como as oficinas de alpinismo, trapézio e cordas acrobáticas.
Outros espaços culturais da Rede EscuCha são: Manga Tango, centro cultural que nasceu em 2016 em um pátio do Bairro Jara e que hoje chamam de “Casa Cultura” no Centro Histórico de Assunção; Multi Arte, galeria de arte e espaço cultural alternativo e autogerido que foi fundadi em 1997 e oferece oficinas para crianças, jovens e adultos; Obradora Cultural, espaço sociocultural que surgiu em 2019 e desenvolve suas atividades em torno de três eixos temáticos: Arte, Consciência e Permacultura.
A rede também conta com a participação de Literaity, espaço fundado em 2017 que acolhe encontros literários, recitais de poesia, concertos, oficinas, rodas de conversas, peças de teatro, exibição de filmes, exposições, festas, entre outras atividades. O Centro Cultural Comunitário El Agujero de Vysoka, inaugurado em 2019, é outro integrante dessa articulação, assim como a Sala La Correa, espaço teatral do circuito independente iniciado em 2020, e a Casa Karaku, um espaço cultural autogerido de convívio comunitário, criado em 2015 por um grupo de teatro e que tem realizado iniciativas de diversas disciplinas (literatura, teatro, dança, música, audiovisual, artes plásticas).
Um encontro de mulheres rurais e dois eventos nacionais de CVC: os projetos mexicanos selecionados no Edital de Apoio a Redes 2023
Em 24, ago 2023 | Em Notícias | Por IberCultura
(Foto: Delegação mexicana no 5º Congresso Latino-americano de CVC, no Peru)
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Um encontro de mulheres rurais para promover o diálogo, o intercâmbio e a criação coletiva a partir da comunicação popular e dos feminismos. Esse é o objetivo do 1º Encontro COMAL – Comadres Comunicadoras Comunitárias e Populares da América Latina, que se realizará em novembro com mulheres indígenas e camponesas do território de Oaxaca (México) e da região de Sumapaz (Colômbia). O evento foi um dos três selecionados no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos Colaborativos 2023. Os outros dois, além de fortalecer o Movimento de Cultura Viva Comunitária do México, servirão como eventos preparatórios para o 6º Congresso Latino-Americano de CVC, que acontecerá no México em 2024. Um deles é o 3º Encontro Nacional de Cultura Viva Comunitária, que a rede CVC México se propõe a realizar em outubro em Tatahuicapan de Juárez (Veracruz). O outro é o Congresso Nacional de Culturas Vivas Comunitárias do México, que será realizado em novembro nas cidades de Guadalajara e Zapopan (Jalisco).
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* Nome da rede: RED COMAL – Comadres Comunicadoras Comunitarias y Populares de América Latina
* Nome do projeto: 1º Encontro COMAL – Comadres Comunicadoras Comunitarias y Populares de América Latina
O 1º Encontro COMAL – Comadres Comunicadoras Comunitárias e Populares da América Latina reunirá mulheres rurais, indígenas e camponesas, dos territórios de Oaxaca (México) e Sumapaz (Colômbia). A partir de círculos da palavra, intercâmbio de saberes e criação coletiva, serão compartilhadas experiências e estratégias da comunicação popular e dos feminismos, com o intuito de cuidar e defender seus corpos-territórios e tecer um terreno comum para fortalecer e articular uma rede de mulheres rurais comunicadoras populares.
A reunião será realizada na Casa da Mulher das Organizações Indígenas de Direitos Humanos de Oaxaca (OIDHO), localizada em Santa María Atzompa, de 5 a 11 de novembro. A ideia é convocar três mulheres de cada uma das três escolas das Doñas Paramunas em Sumapaz (Cidade 20, Veneza e Pandi), além de nove mulheres do Istmo, da Mixteca, da Costa e dos Vales Centrais. Serão cerca de 35 mulheres no total, incluindo a equipe executora.
O projeto parte da necessidade de reconhecer e fortalecer a identidade cultural das mulheres do campo como sujeito importante dentro de seus processos organizacionais, territoriais e pessoais, que são -ou podem ser- fortalecidos e sustentados a partir dos exercícios de comunicação popular e das reflexões a partir do gênero e dos feminismos.
O evento foi pensado como um encontro entre mulheres de diferentes nacionalidades, territórios e idades, com potencial curativo, já que é possível que as participantes ressignifiquem suas vidas narrando a partir de sua própria voz e de suas formas de comunicação, e também podem se reconhecer em suas diferenças.
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A rede
A Rede COMAL é uma rede de mulheres, comadres, comunicadoras comunitárias e populares da América Latina que defendem o “comadreo” como um encontro com o outro em lugares comuns, para entender os processos cotidianos onde os sentires das mulheres são gestados. A rede foi criada para que comadres mexicanas e colombianas se reúnam em torno do comal (A palavra “comal” vem do nahuatl “comalli”, utensílio em forma de disco onde a comida é tostada.). As comadres se reúnem ao redor de fogo, milho, lama, tortilhas, feijão, arepas e café.
As quatro organizações/coletivos que apresentaram esta proposta ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023 são a mexicana Comunicación Indígena S.C. (Ojo de Agua Comunicación) e as colombianas Las Doñas Paramunas, Equipe Colombiana de Pesquisa em Conflito e Paz (ECICP)) e La Partida Feminista.
Comunicación Indígena S.C. (Ojo de Agua Comunicación) nasceu em 1998 em Oaxaca de Juárez com o objetivo de transformar os meios de comunicação em ferramentas úteis para os povos indígenas e cidadãos. Por meio de acompanhamento, informação, conscientização, produções próprias, incidência política e divulgação de materiais, a organização criou e acompanhou conteúdos de rádio e vídeo que dão visibilidade aos povos e mulheres indígenas, valorizam a vida comunitária, defendem direitos e promovem a justiça com dignidade. Na última década, Ojo tem investido no empoderamento das mulheres e, em 2023, a terceira geração de rádios comunitárias segue capacitando-se sobre violência de gênero, masculinidades não hegemônicas e vida livre de violência.
Las Doñas Paramunas é uma escola de comunicação popular com mulheres camponesas da ecorregião de Sumapaz que desenvolve laboratórios de vídeo e rádio para fomentar o diálogo e a criação coletiva, promovendo narrativas próprias de mulheres em torno da defesa do corpo-território. Em 2020, a primeira versão da escola foi realizada em conjunto com o Conselho Local de Mulheres da Localidade 20, onde foram produzidos dois curtas-metragens: Historias del campo e El legado de las doñas. Em 2021, uma segunda versão ocorreu em Venecia, Cundinamarca, com outros dois curtas: Mercedes e Respirando felicidad en los campos de Colombia. Para encerrar 2021, foi promovido um evento no Centro de Memória, Paz e Reconciliação como uma socialização aberta do processo. Em 2022, houve um segundo módulo na Localidade 20, focado na produção de rádio. Em 2023 decidiu-se fazer uma terceira versão da escola em Pandi, Cundinamarca.
A Equipe Colombiana de Pesquisa em Conflito e Paz (ECICP)), criada em Bogotá (Colômbia) em 2012, estrutura seu trabalho em áreas de pesquisa e abordagens transversais com o objetivo de gerar uma incidência integral nos territórios. A organização atua na coordenação, formulação, execução e acompanhamento de projetos e relatórios de pesquisa; promove espaços educativos e de acompanhamento às comunidades e processos sociais e implementa uma estratégia de comunicação que contribui para a visibilidade dos processos territoriais.https://www.facebook.com/ECICP
La Partida Feminista foi criada em 2019, em Bogotá, a partir do Laboratório Comunitário de Cinema e Audiovisual Ojo Semilla, organizado por El Churo Comunicación no Equador (2018). Entre as atividades realizadas a partir de metodologias de pedagogia popular, cinema comunitário e feminismos, estão Minga Audiovisual: mulheres criando e narrando a partir de seus territórios em Praia Renaciente, Cali (2021), Começando pelas Raízes em Ciudad Bolívar, Bogotá (2021), o 1º Encontro Latino-americano As que gravam: mulheres, cinema e audiovisual comunitário entre Ciudad Bolívar e a Cinemateca de Bogotá (2022), e Potoescuela: Laboratório de artes visuais para meninas e mulheres em Ciudad Bolívar (2023).
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* Nome da rede: Cultura Viva Comunitaria México – Plataforma Puente
* Nome do projeto: 3º Encuentro Nacional Cultura Viva Comunitária México
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O 3º Encontro Nacional de Cultura Viva Comunitária, que a rede CVC México se propõe a realizar em outubro em Tatahuicapan de Juárez (Veracruz), pretende unir esforços para a produção do 6º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, que será realizado em México em 2024.
A proposta apresentada ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023 prevê uma etapa de “Pré-Encontro” a partir de agosto, com o desenvolvimento de atividades virtuais, como o “Diálogo Meso-americano e Caribenho para a Cultura Viva Comunitária”; sessões com o círculo da palavra “Gênero e Diversidades” para revisar e adaptar o protocolo de prevenção da violência de gênero e diversidade para congressos, bem como sessões informativas sobre a história e os princípios do movimento CVC no México e na América Latina.
O projeto prevê ainda a criação de um “rali fotográfico” sobre as intervenções e/ou experiências culturais comunitárias que cada grupo tem vivido nos seus territórios. Também haverá apresentações artísticas de cada coletivo participante com a finalidade de compartilhar suas experiências no palco, seus processos, e abrir um diálogo que permita conhecer outros contextos a partir dessas manifestações, as formas com que essa intervenção tem permitido impactar nos territórios, somar propostas, entre outras.
Seguindo uma metodologia participativa, durante o encontro presencial serão realizadas duas rodas temáticas ou laboratórios. A primeira terá como foco o desenho da produção do 6º Congresso Latino-americano de CVC; o segundo servirá para a orgânica da rede CVC México. Além disso, serão integrados espaços de convivência comunitária para as organizações participantes e a comunidade habitante de Tatahuicapan. A programação artística e cultural será moldada pelas ações das organizações participantes ou coletivos ligados ao movimento.
A soma desses esforços, propostas e conclusões será apresentada na assembleia geral do encontro nacional e ao Tejido de Culturas Vivas Comunitarias de México, grupo impulsor encarregado da produção do 6º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária.
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A rede
A rede Cultura Viva Comunitaria México começou a ser tecida em 2009 com a troca de experiências com organizações da Guatemala (Caja Lúdica) e do México (Coletivo Altepee). Em 2011 Habitajes A.C. participa do encontro Juventude e Arte Comunitária, onde foram instaladas a Plataforma Ponte CVC e as diretrizes da rede latino-americana em Medellín, Colômbia. A partir de 2014, foram realizadas reuniões nacionais, regionais e metropolitanas com organizações culturais de base comunitária de diferentes latitudes do México. Além disso, foram promovidas assembleias, colóquios, ciclos de diálogo em parceria com a Comissão de Direitos Humanos do Distrito Federal (CDDHF) e a Prefeitura de Tlalpan. A rede esteve presente nos últimos três Congressos Latino-americanos de Cultura Viva Comunitária no Equador (2017), Argentina (2019) e Peru (2022).
O projeto apresentado pela rede tem Habitajes – Centro de Estudos e Ações do Espaço Público como organização responsável pela gestão de recursos. Também participam da proposta os coletivos Altepee, Rses Crew e Kejtsitani.
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Organizações participantes
A Fogata Kejtsitani Mujeres por la Memoria de Cherán foi criada em 2015, ano em que seus membros consolidaram um projeto de história oral na comunidade de Cherán K’eri. Através do Coletivo Kéjtsitani, eles pretendem investigar, documentar, salvaguardar e divulgar seus valores, usos e costumes, bem como lutas passadas e presentes. Com a coleta de testemunhos orais, espera-se produzir uma narrativa própria que capte a natureza complexa do esforço de Cherán K’eri para desenvolver instituições políticas, educacionais e culturais autônomas. A narrativa da comunidade é recriada nas mídias digitais, buscando criar uma linguagem mais acessível para jovens.
O projeto também foi apresentado pelo Colectivo Altepee, fundado em 2013 em Acayucan por jovens interessados na música de cordas do sul de Veracruz. O coletivo foi criado por um grupo de amigos que se reuniam em torno de suas jaranas pelo prazer de tocar, e que perceberam que a tradição do fandango (festa que congrega músicos e sapateadores em torno do palco) era uma forma natural de a comunidade se organizar e de se aproximar dos conhecimentos dos avós. Além de fazer um programa de rádio todas as quartas-feiras, os integrantes do Altepee produzem podcasts e vídeo-aulas sobre diversos temas, como saúde, culinária tradicional e promoção de sistemas alimentares locais.
Rses Crew é outro participante da rede. Criado em 2014, na Cidade do México, o coletivo se encarrega de propor e trabalhar expressões visuais e artísticas ligadas às comunidades, tendo como principal ferramenta a técnica do graffiti. Neste processo de reconstrução simbólica do espaço social, a reflexão transferiu-se para os desafios que se colocam às pessoas da terceira idade na apropriação do espaço público e privado. Em 2019, foi realizado um projeto de caravana cultural com um grupo de mulheres bordadeiras que criaram, compartilharam saberes e experiências de vida na oficina “Bordado da Memória”.
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* Nome da rede ou articulação: Tejido de Culturas Vivas Comunitarias de México
* Nome do projeto: Congresso Nacional de Culturas Comunitárias Vivas do México
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Em outubro de 2022, diversas organizações e redes culturais mexicanas se reuniram no 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, no Peru, e chegaram a um importante acordo para reafirmar o México como sede do próximo Congresso Latino-Americano de CVC. Após o congresso no Peru, formou-se o Grupo Impulsor, que desde fevereiro se chama “Tejido de Culturas Vivas Comunitarias de México” e que vem se dedicando a uma agenda comum, com reuniões regulares de trabalho colaborativo.
O evento que este tecido propôs ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023 é o Congresso Nacional de Culturas Vivas Comunitárias do México, que será realizado em novembro nas cidades de Guadalajara e Zapopan (Jalisco).
Com o objetivo de fortalecer o movimento Cultura Viva Comunitária no México, o congresso incluirá atividades como a apresentação de um fanzine histórico educativo sobre o movimento na América Latina e no México, além de círculos da palavra e uma assembleia nacional que reunirá organizações, coletivos culturais e atores sociais com sólida atuação comunitária. A intenção é reunir pelo menos 150 pessoas de organizações culturais de base.
Também estão previstas apresentações artísticas e uma feira de saberes/mercado cultural. As atividades serão compostas por diversas expressões culturais, com a intenção de gerar um círculo de economia solidária, promover as identidades culturais e suas relações interculturais e, sobretudo, o fortalecimento da organização comunitária por meio do conhecimento do trabalho realizado nos territórios e da aprendizagem coletiva resultante dos intercâmbios.
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Organizações participantes
A Cooperativa Cultural El Arbolillo Cuautepec iniciou seu trabalho em 2015, na Cidade do México, como um coletivo de jovens artistas urbanos que buscavam criar espaços e promover a cultura pintando murais e dando oficinas. Em 2018 constituíram-se como cooperativa, tendo a possibilidade de oferecer as suas práticas como serviço cultural de apoio à educação artística a diferentes ONGs, instituições e empresas a partir da perspetiva da economia social e solidária.
No estado de Jalisco, a ONG Mais Música, Menos Balas há mais de uma década desenvolve projetos culturais e comunitários que promovem a comunidade, a solidariedade, o voluntariado e a transformação social por meios pacíficos, intermediando a arte, a cultura, a educação e o esporte. Alguns de seus projetos são o Ciclo Itinerante de Música e Arte Mais Música, Menos Balas, realizado desde 2012, e o SaludArte, programa de saúde mental com arteterapia, para atender mulheres vítimas de violência e seus filhos.
O coletivo CulturAula, criado em 2013 na cidade de Guadalajara, é uma organização transdisciplinar dedicada à pesquisa, formação e defesa da gestão e desenvolvimento sociocultural a partir de vários enfoques. Seu trabalho é direcionado a agentes, movimentos e organizações de base comunitária, artistas, educadores e instituições.
Quem também participa como integrante do projeto é a rede de Cultura Viva Comunitária de Jalisco, uma rede colaborativa nascida em 2014 em Guadalajara, formada por organizações culturais de base comunitária e pessoas aliadas que se unem no fortalecimento da cultura comunitária e seus processos derivados.
Um festival da palavra e um encontro da rede de teatro comunitário: os projetos espanhóis selecionados no Edital de Apoio a Redes 2023
Em 03, ago 2023 | Em Notícias | Por IberCultura
(Foto: Asociación Conciencia Afro)
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* Nome da rede ou articulação: SOMOS
* Nome do projeto: SOMOS. Festival de la palabra
SOMOS é um festival artístico, literário e cultural, antirracista, dissidente e inclusivo que se realizará de forma intensiva durante dois dias em Madri (Espanha), na sede das associações Espacio Afro e La Parcería. O objetivo é gerar um espaço de conhecimento e promoção da criação em torno da palavra, em toda a sua dimensão poética, de migrantes, racializados e dissidentes sexuais.
O festival tem um programa de atividades variadas (formação, intercâmbio cultural e criativo, debate e geração de conhecimento) e apresenta-se como uma oportunidade de contribuir para o diálogo intercultural por meio das artes, e valorizar práticas artísticas e culturais de pessoas marginalizadas ou excluídas de uma narrativa dominante.
A rede SOMOS é baseada em uma concepção não hegemônica, mas híbrida, de identidade cultural. A ideia de reunir comunidades migrantes, racializadas e dissidentes sexuais em uma única iniciativa veio da constatação de que essas comunidades se juntam em seus trabalhos para que reconheçam sua sobrevivência e pela necessidade de outras epistemologias para que o mundo seja inclusivo e justo. A divulgação de suas criações seria uma forma de fortalecer o processo de escrita de suas próprias histórias e narrativas.
Desse modo, foram propostas atividades de oficinas, leituras coletivas e diálogos interculturais com a participação de artistas e criadores/as, editoras, instituições públicas com responsabilidades pelas políticas culturais, livrarias, entre outras, e o público em geral.
Com estas atividades espera-se estreitar os laços das pessoas que compõem a rede SOMOS, bem como a participação de novos agentes culturais de comunidades migrantes, racializadas e dissidentes sexuais que tenham interesse em contribuir para que a rede e o festival continuem e tenham impacto social, artístico e cultural em Madri, com o objetivo de se estender para o resto da Espanha.
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A rede
SOMOS é uma rede formada por migrantes e pessoas racializadas, organizada nas associações La Parcería e Espacio Afro e Plataforma Cero, que trabalham pelo reconhecimento de suas práticas culturais na Espanha.
La Parcería e Espacio Afro realizaram a pesquisa “Intersticios”, sobre artistas migrantes e racializados em Madri, e têm programado eventos culturais conjuntos. Com a Plataforma Cero, eles trabalham para abrir espaços para escritores migrantes e racializados na cena editorial e literária da Espanha. As três entidades concordam com os princípios do pensamento crítico que se situa no campo do discurso decolonial e da ação antirracista, feminismos e questões de gênero, ambientalismo e economia social e solidária.
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Fundada em 2014 em Madri, a Asociación Cultural La Parcería se tornou um centro cultural independente a partir do qual articula seu trabalho e o das comunidades que o compõem. O Centro Cultural de Experimentación y Documentación Artística de La Parcería, que abriu suas portas em 2021, é um local que pode ser ocupado por residências artísticas, oficinas, exposições, edição, leitura e apresentação de livros, música e dança, entre outras expressões; onde a infância tem lugar de destaque, e onde se apagam as fronteiras de idades, géneros ou geografias.
A Asociación Afroconciencia (Espacio Afro) está em Madri há mais de seis anos trabalhando no campo da criação artística, na concepção de projetos culturais e na promoção de processos comunitários. No Centro Cultural Espacio Afro são realizadas conferências afro, aulas de dança e música, apresentação de livros, exposições, monólogos, exibição de filmes, um espaço que tem artistas residentes, onde se aprende, se diverte e se debate.
Plataforma Cero, por sua vez, é uma iniciativa que surge 2019 na cidade de Barcelona, com o objetivo de criar uma intermediação entre autores e editores com serviço de impressão próprio, para a realização de projetos coletivos e individuais.
* Nome da rede ou articulação: Red Estatal de Teatro Comunitario de Vecinos/as
* Nome do projeto: Encuentro de la Red Estatal de Teatro Comunitario de Vecinos/as
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O principal objetivo do Encontro da Rede Estadual de Teatro Comunitário de Vizinhos/as, que acontecerá de 26 a 28 de outubro na sede do Teatro del Barrio de Madri, é compartilhar metodologias e experiências, além de planejar ações de promoção da rede e suas atividades no território espanhol. Estão previstas duas mesas de trabalho e uma oficina em que se incorpora a metodologia corporal e vivencial.
O primeiro dia de atividades será voltado para a autoformação em metodologias e ferramentas de criação artística comunitária. O segundo dia, destinado apenas a coordenadores dos grupos que compõem a rede, será dedicado à elaboração de um plano estratégico para o ano de 2024. Serão discutidos temas como a incorporação de novos grupos parceiros e a preparação do próximo encontro da rede. A intenção é ampliar em 20% a participação das entidades da rede no próximo ano e estabelecer pelo menos três novos projetos conjuntos entre as entidades da rede em 2024 e 2025.
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A rede
A Rede Estatal de Teatro Comunitário é uma iniciativa espanhola focada na promoção e divulgação do teatro comunitário como meio de promover a coesão social e a convivência intercultural. Essa rede busca conectar e apoiar grupos comunitários de teatro em todo o país, produzindo festivais, oficinas e capacitações para desenvolver habilidades e recursos.
Nascida em 2020, a rede reúne 10 grupos de teatro comunitário nas cidades de Madri, Bilbao e Zaragoza. Desde sua implementação, foram realizados dois encontros presenciais: em 2021, na cidade de Zaragoza, um encontro de coordenadores/as, e em 2022 um encontro de grupos e espetáculos em Bilbao.
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Organizações participantes
Mosaicos Teatro Comunitário é uma iniciativa que desde 2017 reúne diferentes grupos e profissionais de teatro social de Madri para promover a divulgação do teatro comunitário nos bairros da cidade como ferramenta de relacionamento, escuta e diálogo entre vizinhos e vizinhas. O projeto trabalha em cinco comunidades em diferentes bairros de Madri: San Pascual-La Concepción (Ciudad Lineal), Ventilla-Almenara (Tetuán), Poblado San Cristóbal (Chamberí), Lavapiés (Distrito Central) e Comillas (Carabanchel). Mosaicos tem promovido a criação coletiva de peças teatrais, envolvendo vizinhos/as, pesquisando a história de suas ruas, enriquecendo a vida cultural da comunidade e fortalecendo a identidade coletiva. Desde 2017 foram criados 11 espetáculos originais.
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Teatro Comunitário de Zaragoza é um projeto que engloba as atividades de três grupos de teatro comunitário de bairro da província de Zaragoza: os grupos dos bairros de El Gancho e San José, da cidade de Zaragoza, e o grupo de Teatro Comunitário El Frago, de uma pequena cidade do interior. Desde 2015 os três grupos se reúnem semanalmente para formação e criação de espetáculos, desfiles, etc. São grupos grandes (entre 28 e 53 participantes, cerca de 140 no total) e diversos (em capacidades, idades e origens). Os grupos atuam como agentes do território e se envolvem com outros agentes sociais e educacionais para o desenvolvimento de projetos e eventos que melhorem a vida social e cultural da comunidade.
Criado em 2012 em Bilbao, Aullidos de Otxar tem o compromisso de ministrar aulas de teatro e produzir peças de teatro de vizinhos/as para vizinhos/as, além de ações teatrais que o bairro necessita em seu cotidiano para seu aprimoramento. Dois grupos se reúnem semanalmente: o grupo adulto tem 27 moradores/as de 13 a 70 anos; o infanto-juvenil, criado há dois anos, é formado por oito meninos e meninas. Os espetáculos que produzem falam do bairro, procurando captar as preocupações e necessidades dos vizinhos e vizinhas. Este ano trabalham em torno do tema da velhice com o espetáculo “Ser mais velho num mundo milenar”.
De Madri também participa o Teatro Comunitário de Tetuán, nascido em 2012 como um projeto da Associação de Bairros Cuatro Caminos-Tetuán para a convivência e integração de vizinhos/as de diferentes origens. Seu âmbito de ação é o distrito de Tetuán: centros para idosos/as, centros culturais, salas de aula para adultos/as, residências, parques. Além de encontros semanais para práticas como relaxamento dinâmico, respiração e trabalho de voz, ginástica expressiva e técnicas de improvisação, são oferecidos espetáculos, leituras dramatizadas, caminhadas teatrais e intervenções em outras áreas.
Uma série de festivais para celebrar a cultura comunitária: os projetos de El Salvador selecionados no Edital de Apoio a Redes 2023
Em 03, ago 2023 | Em Notícias | Por IberCultura
(Foto: TNT. 26º Festival Artístico Chalateco e 16º Festival del Maíz, Chalatenango, 2022)
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Os projetos salvadorenhos selecionados no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023 preveem a realização de uma série de festivais até novembro de 2023. No departamento de Chalatenango serão realizados 27º Festival Artístico Chalateco e 17º Festival do Milho, e o Encontro Regional de Cultura Viva Comunitária e Festival Artístico “Tierra Viva”. Para o município de Panchimalco, estão programados quatro festivais no âmbito do projeto “Panchimalco, Tutechan, tuyulu”: o 1º Festival Gastronômico “Ichan Takwal: a comida dos antigos”; o 2º Festival Anona, San Isidro 2023; o 2º Feira de Milpa, Azacualpa 2023, e o 1º Festival de Artesanato “María Cleofes Rivera”.
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* Nome da rede ou articulação e do projeto: 27º Festival Artístico Chalateco e 17º Festival del Maíz
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O 27º Festival Artístico Chalateco e 17º Festival del Maíz, que ocupará o Anfiteatro San Antonio Los Ranchos de 24 a 26 de novembro, é um encontro que tem a arte comunitária como meio fundamental para traçar o vínculo entre as comunidades. Neste espaço é reforçada a ação social comunitária, onde crianças, jovens e adultos se tornam promotores da arte e da educação sociocultural.
O Festival Artístico Chalateco é realizado desde 1996 (suas três primeiras edições foram realizadas com o nome “Festival de Teatro Popular Chalateco”). O evento surgiu da necessidade de criar espaços que apresentassem as produções dos grupos comunitários de teatro. Com o tempo, evoluiu para se tornar uma referência nas artes cênicas, com vários grupos profissionais emergentes no país.
Em 2007, a Asociación Tiempos Nuevos Teatro (TNT), juntamente com outras entidades do município de San Antonio Los Ranchos, decidiu lançar o Festival del Maíz (Festival do Milho) como um esforço para resgatar uma das tradições perdidas no município durante o conflito armado interno salvadorenho. A partir dessas duas iniciativas juntaram-se esforços para criar espaços de encontro comunitário, de fruição das artes e de degustação de pratos da gastronomia local à base de milho.
O programa do festival inclui espetáculos multidisciplinares (teatro, dança, contação de histórias, música, palhaços, magia, etc.) e mostras de oficinas artísticas e psicossociais desenvolvidas pela Associação TNT. Através da estratégia “O festival em sua comunidade”, são realizadas apresentações artísticas em diferentes pontos do departamento de Chalatenango (comunidades e cidades em desenvolvimento), como forma de facilitar o acesso à arte e à cultura para as pessoas da região.
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A rede
A Associação de Teatro Novos Tempos, que apresentou este projeto ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023, existe desde 2004 no departamento de Chalatenango. É uma associação de gestão cultural voltada para crianças, adolescentes, jovens, mulheres e idosos, criadora de espaços artísticos e socioculturais, inclusão, participação, organização, atendimento psicossocial e educação popular, permitindo melhorar a qualidade de vida da população por meio da arte transformadora.
A TNT realiza este festival artístico em conjunto com a Associação de Desenvolvimento Comunitário San Antonio Los Ranchos desde 2008, e a proposta deste ano também integra a Universidade Doutor Andrés Bello. As outras duas entidades participantes deste projeto são o coletivo La Voz de Romero e o Centro Cultural e Artístico Monseñor Romero.
Fundada em 2009, A Voz de Romero (La-VoR) é um coletivo de artistas de palco que promove a cultura e a dança contemporânea, a palhaçaria e o teatro no município de El Paraíso.O Centro Cultural e Artístico Monseñor Romero (Clamor), por sua vez, conta com escolas de artes voltadas para crianças e jovens, com teatro, violão, pintura, dança folclórica e oficinas psicossociais, serviços de biblioteca e espaços de encontro comunitário em Nueva Concepción.
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* Nome da rede ou articulação: Coletivos e Organizações CVC em El Salvador
* Nome do projeto: Encuentro Regional de Cultura Viva Comunitaria y Festival Artístico “Tierra Viva”
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Em 2022, Irreal Teatro, Agrupación Folclórica Maquilishuat e Asociación de Desarrollo Comunal María Asunción (Adescoma) de Izalco foram selecionados para participar do 5º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitaria no Peru. O evento, que passou por Lima e Huancayo de 8 a 15 de outubro, permitiu a estas três organizações articular trabalhos e trocar experiências sobre as atividades que desenvolvem nos seus territórios, em suas diferentes áreas, desde as artes cénicas até a conservação das tradições e culturas indígenas de El Salvador.
O Encontro Regional de Cultura Viva Comunitária e Festival Artístico “Tierra Viva”, que os três apresentaram no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalhos Colaborativos 2023, também é resultado dessa articulação iniciada no Peru. Além de fortalecer a rede, este evento no município de Chalatenango tem como objetivo dar visibilidade à celebração da Cultura Viva Comunitária no mês de outubro, quando completam oito anos do 2º Congresso Latino-americano de CVC em El Salvador e um ano do 5º Congresso no Peru.
A intenção das organizações, coletivos e participantes salvadorenhos que estiveram no 5º Congresso de CVC é reacender e fortalecer os vínculos de trabalho colaborativo e articulado das diferentes expressões da Cultura Viva Comunitária na zona central de El Salvador e, assim, proporcionar um espaço de reflexão e análise dos pontos que os unem para continuar contribuindo para os processos de transformação social da comunidade por uma cultura de convivência cívica, de paz da e para a comunidade.
A iniciativa busca contribuir para o fortalecimento dos processos de cultura comunitária em El Salvador, tanto pela possibilidade de compartilhar experiências e aprendizados, quanto na perspectiva de lançar estratégias coletivas, no campo social e institucional, e promover a campanha continental por 0,1% dos orçamentos nacionais para a Cultura Viva Comunitária.
Rodas de conversa, uma programação artística e cultural e uma feira gastronômica e artesanal estão previstas para o evento no município de Chalatenango. O Teatro Cayaguanca, uma das sedes do festival, é um espaço pertencente ao Ministério da Cultura onde se realizam diversas atividades para a população de Chalatenango e comunidades e cantões vizinhos.
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Organizações participantes
A Associação Cultural Teatro Irreal, responsável pela administração do projeto, é uma entidade colombiano-salvadorense que tem quatro linhas de trabalho: cênica, negócios, educação e responsabilidade social. Nascida em Cartagena (Colômbia) em 2009, estabeleceu-se em El Salvador em 2011 com o objetivo de usar a arte como ferramenta de prevenção da violência, cultura de paz, reinserção social, educação, saúde mental e promoção dos direitos humanos. Desde 2015, a entidade atua junto à população privada de liberdade, gerando segundas chances a partir da arte.
O projeto também conta com a participação da Comunidade Indígena das Mesas Altares Maiores Nossa Senhora Maria Assunção e Pai Eterno, pertencente ao município de Izalco (departamento de Sonsonate), e a Agrupação Folclórico Maquilishhuat, criado em 2011 no município de Nueva Concepción (Chalatenango). Dedicada ao desenvolvimento de oficinas de danças folclóricas em centros educativos e à organização (desde 2018) do Festival Internacional Dançando en Pareja, Maquilishuat tem como principal objetivo tornar visíveis as raízes e os costumes dos povos por meio da dança, gerando espaços de participação que conduzam a uma cultura de paz.
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* Nome da rede ou articulação: Conselho das Comunidades para a Transformação de Panchimalco
* Nome do projeto: Panchimalco, Tutechan, Tuyulu!
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“Panchimalco, ¡Tutechan, tuyulu” (“nossa cidade, nosso coração”), proposta apresentada pelo Conselho de Comunidades para a Transformação de Panchimalco (COCOPAN), é uma iniciativa colaborativa das comunidades indígenas e não indígenas do município de Panchimalco, de El Salvador, que busca tornar visível o patrimônio cultural indígena de seu povo, fortalecer sua identidade e organização comunitária e posicionar a produção agrícola e artesanal local.
Para isso, quatro atividades serão realizadas neste segundo semestre de 2023: o 1º Festival Gastronômico “Ichan Takwal: a comida dos antigos”; o 2º Festival Anona, San Isidro 2023; a 2ª Feira de Milpa, Azacualpa 2023, e o 1º Festival de Artesanato “María Cleofes Rivera”.
Programado para o mês de junho, o 1º Festival Gastronômico “Ichan Takwal: a comida dos antigos” foi criado com a intenção de promover a revitalização de práticas gastronômicas ancestrais baseadas na recuperação de técnicas culinárias pré-hispânicas, pratos com valor ritual de comunidades indígenas, dentro de uma estratégia de fortalecimento organizacional.
A 2ª Festa da Anona, San Isidro 2023, a realizar-se em agosto, apresenta-se como um espaço de promoção da produção agrícola da zona sul do município e, especificamente, da produção de anona (anona diversifólia), da qual Panchimalco é o principal produtor do departamento.
A 2ª Feira Milpa, Azacualpa 2023, prevista para outubro, procura visibilizar e revalorizar a importância da cultura rural, da agricultura e dos saberes ancestrais das comunidades indígenas, como pilares da cultura indígena contemporânea.
Por fim, o 1º Festival de Artesanato “María Cleofes Rivera”, programado para novembro, será uma homenagem aos artesãos indígenas de Panchimalco, cujo legado ainda vive no município, com demonstrações de processos artesanais e comercialização de produtos.
Com estes quatro festivais culturais, a rede espera reunir 400 crianças, jovens, pessoas adultas e idosas das comunidades de Panchimalco, participando ativamente, partilhando experiências, fortalecendo suas identidades e espaços organizacionais através do diálogo.
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A rede
O Conselho das Comunidades para a Transformação de Panchimalco (COCOPAN) é uma rede colaborativa das comunidades indígenas e não indígenas do município de Panchimalco, fundada em março de 2021, e que atualmente reúne nove organizações. Seu principal objetivo é fortalecer a identidade cultural do município de Panchimalco, por meio da preservação, promoção e divulgação das manifestações culturais de suas comunidades.
Em 2021, foram realizados dois projetos coletivos. O primeiro, destinado às mulheres indígenas de suas comunidades, beneficiou mais de 100 mulheres, fortalecendo suas capacidades produtivas. No segundo, foram realizadas três festas comunitárias com o objetivo de divulgar a cultura indígena de Panchimalco. Em 2022, foram realizados a 1ª Tarde de Flores e o 1º Encontro de Mulheres Indígenas de Panchimalco.
(Fotos: Cocopan. 1ª Tarde de Flores, maio de 2022)
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Participam do COCOPAN: Associação de Desenvolvimento Comunitário Indígena do Cantão San Isidro (ADESCOINSA); Associação de Desenvolvimento Comunitário Indígena do Cantão Azacualpa (ADESCOINAZ); Associação de Desenvolvimento Comunitário Indígena do Cantão Los Troncones (ADESCOINTRO); Associação de Mulheres Indígenas de Panchimalco (ASMUIPAN); Comissão de Artesãos e Empresários de Panchimalco; Comitê Indígena do Cantão Los Pajales; Comitê Indígena do cantão El Divisadero; Comitê Indígena do cantão Las Crucitas; Associação de Desenvolvimento Comunitário Prados de Amayón (ADESCO Amayón); Associação Cooperativa de Produção Industrial, Comercialização e Fornecimento de Bordados de Panchimalco Responsabilidade Limitada (Acopanchi de R.L.)
Criando pontes, reivindicando a memória: os projetos equatorianos selecionados no Edital de Apoio a Redes 2023
Em 10, jul 2023 | Em Notícias | Por IberCultura
(Foto: Archivas & Documentas)
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Um espaço artístico-cultural-literário para valorizar e promover a produção da literatura indígena contemporânea. Um festival intercultural com manifestações artísticas dos povos afro-equatorianos Chachi e Épera, uma feira de artesanato e uma feira gastronômica e de soberania alimentar. Um espaço de pesquisa, produção, circulação e reflexão sobre as práticas da arte e dos direitos humanos para visibilizar e fortalecer a luta de familiares de pessoas desaparecidas. Conheça os três projetos de redes equatorianas selecionados no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023.
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* Nome da rede ou articulação: Red de Creación Intercultural Mingas de la Imagen
* Nome do projeto: II Encontro Internacional Corazonando: curando a palavra e a memória
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O II Encontro Internacional “Corazonando: Sanar la palabra y la memoria” será realizado nas cidades de Quito e Otavalo (província de Imbabura, Equador), nos dias 6, 7 e 8 de setembro. Neste espaço artístico-cultural-literário comunitário e global, artistas, coletivos e grupos culturais se reunirão para trocar experiências e espalhar sementes que multipliquem o trabalho de animação cultural em diferentes campos. A iniciativa nasce da necessidade de valorizar, divulgar e promover a produção da literatura indígena contemporânea, a reivindicação da memória, da oralidade e de outras formas de escrita e texto desconhecidas e desvalorizadas.
O projeto contempla a concepção e implantação do site da Biblioraloteca Cultural MUYU, onde serão exibidas produções literárias em línguas nativas, além de um repositório acadêmico, livros comunitários e uma galeria de vídeo-poemas indígenas. Ali também estará abrigada a produção de memórias em vídeo e fotografias resultantes desse encontro internacional, com depoimentos, entrevistas e materiais públicos.
Esta proposta de articulação também visa apoiar os trabalhos de produção do encontro, em oficinas de formação comunitária em auto-edição de livros, ilustração infantil indígena, têxteis de simbologia Embera em chaquira e recitais de poesias-contos. As atividades atenderão comunidades dos povos indígenas Embera, Wayuu, Yanakuna e Camentsa, na Colômbia; o povo Tsotsil Maya, do México, e os povos Kitu Kara e Otavalo, de nacionalidade Kichwa, do Equador.
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Organizações participantes
A Red de Creación Intercultural Mingas de la Imagen, que apresentou esta proposta ao IberCultura Viva, é um processo que acontece desde 2016 em Mocoa-Bogotá, e já envolveu comunidades indígenas e colaboradores da Colômbia, Panamá, Equador, Estados Unidos, Uruguai, México e Itália. Seus integrantes realizam encontros, conversas, trabalhos colaborativos e oficinas de criação intercultural, em diálogos comunitários que buscam efetivar seu potencial artístico por meio da cooperação e construção coletiva entre diferentes linguagens, artes, espiritualidades e saberes.
Este projeto é uma articulação da Rede de Criação Intercultural Mingas de la Imagem com a Fundação Biblioraloteca Cultural Literária MUYU (Equador); o Coletivo de Comunicações Wainpirai (Guajira, Colômbia), formado por jovens e mulheres Wayuu, e o Coletivo Snichimal Vayuchil (Chiapas, México), que reúne tradutores maias e produtores independentes de materiais literários.
O Coletivo Snichimal Vayuchil nasceu em 2016 como uma oficina de criação literária. Em coordenação com casas de cultura e escolas de comunidades rurais, o coletivo promove oficinas, recitais de poemas e poesias e realiza concurso de oralidade-poesia e pintura, entre outras atividades. Em 2022, em colaboração com a Red de Creación Intercultural Mingas de la Imagen, participou da produção de um livro coletivo indígena, “Ritual de Palabras”, com poesias e histórias em dez línguas.
O Coletivo Wainpirai começou a se organizar em Guajira em 2013, a partir de uma escola de formação política e cultural. Formada por jovens e mulheres do povo Wayuu dos municípios de Hato Nuevo e Barrancas, no sul da Guajira, expandiu seu trabalho para a média e alta Guajira (Manaure, Uribia, Riohacha e áreas rurais de Maicao) e trabalha em comunicação em suas diferentes formas e linguagens: desenho, tecido, teatro, audiovisual.
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* Nome da rede ou articulação: Coalición Intercultural do Río Cayapas
* Nome do projeto: Esmeraldas viva, Viva Esmeraldas! V Festival Intercultural del Río Cayapas
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O V Festival Intercultural del Río Cayapas, que acontecerá na comunidade intercultural de Santa Maria del Cayapas, reunirá de forma inédita as manifestações artísticas dos povos afro-equatorianos Chachi e Épera em um diálogo de cosmovisões tecidas em torno da vida em a selva ocidental equatoriana. Também será dado espaço à poética da vida através da arte culinária local e da feira de artesanato intercultural, marca identitária do festival.
A intenção é realizar três apresentações artísticas no festival, além da feira de soberania alimentar e gastronômica e da feira de artesanato das comunidades do Rio Cayapas. Está prevista a participação de 60 jovens de diferentes culturas nas manifestações artísticas de música e dança, e um total de 600 pessoas nas atividades. Esta edição contará com o apoio da equipe de documentação audiovisual da Fundação Ochún, que acompanhará todos os eventos para a realização de um minidocumentário.
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Organizações participantes
A Coalición Intercultural del Río Cayapas é uma organização que trabalha desde 2018 articulando de forma coordenada entidades que prestam apoio estratégico em diferentes áreas relacionadas com a interculturalidade, educação, manifestações artísticas e soberania alimentar. O objetivo da coalizão é criar pontes de fortalecimento, conhecimento e distribuição de conhecimentos entre os afrodescendentes do Equador e as nacionalidades indígenas Chachi e Épera que habitam a Selva Ocidental do país.
Em 2018, em aliança com o Festival del Sur e o Movimento de Cultura Viva Comunitária, a organização promoveu o I Festival Intercultural do Rio Cayapas. Em 2019, a segunda edição do festival contou com a participação de indígenas Chachi e brasileiros da comunidade Ilê Baru (Grupo Senzala Foz), que viajaram ao Equador com o apoio do IberCultura Viva, em um dos intercâmbios realizados no âmbito do edital IberEntralaçando Experiências.
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Para promover esta quinta edição do festival, a coalizão se articulou com CVC Equador e a Fundação Cultural e Artesanato Afro-Equatoriana Ochun Funcuao. A Rede Equatoriana de Cultura Viva Comunitária, formada em 2013, reúne artistas, gestores, lideranças comunitárias, redes colaborativas e processos culturais de base comunitária que trabalham para fortalecer a memória, a história e a identidade por meio de expressões criativas e organização social.
A Fundação Cultural e Artesanal Afro-Equatoriana Ochun Funcuao, criada em Quito em 2007, tem como principal missão gerar fortalecimento identitário em crianças, jovens e mulheres afros e refugiadas, em setores periféricos da cidade. A fundação articula projetos relacionados à arte e cultura afro, escolas de música e dança, oficinas: têxtil, turismo, gastronomia e realiza capacitações em ofícios e direitos com abordagem de gênero e intergeracional.
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* Nome da rede ou articulação: Situar: Arte, Activismos y Derechos Humanos
* Nome do projeto: I Encuentro Situar: Arte y Derechos Humanos
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O Encontro Situar: Arte e Direitos Humanos, a ser realizado na cidade de Quito, gira em torno da ativação da memória crítica ligada ao fenômeno dos desaparecimentos no Equador. Para isso, propõe-se o desenvolvimento de uma série de atividades culturais dentro de um espaço multiplicador de reflexões, questionamentos, solidariedade e afeto, e apoio à luta por melhores políticas públicas para erradicar esse problema. O processo deverá culminar em agosto, Mês das Vítimas de Desaparecimentos Forçados.
O evento inclui uma chamada pública, um laboratório, uma intervenção pública e algumas palestras/conversatórios. O laboratório teórico-prático de ativismo foi pensado como um espaço de reflexão coletiva sobre a memória do corpo ausente e a luta por dignidade e justiça. Foram propostas duas oficinas, a primeira de escrita experimental para a elaboração de um manifesto de slogans e biografias de mulheres desaparecidas; a segunda, de memória-bordado para a elaboração de um manifesto-bandeira em grande formato. As duas oficinas serão destinadas a familiares e amigos dos desaparecidos.
A ideia é realizar uma intervenção pública da bandeira a partir do manifesto coletivo e da leitura em voz alta de biografias de mulheres desaparecidas. Além disso, várias palestras serão realizadas durante as oficinas, permitindo uma aproximação com o tema, as experiências e as ações, e será elaborado um mapa de memória do desaparecimento no país. Especialistas e ativistas, artistas e familiares serão convidados para esses diálogos.
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Articulação
As organizações que se articulam para realizar este projeto possuem um histórico de colaborações em torno do tema. São elas: Situar: Arte, Activismos y Derechos Humanos; Asociación de Familiares y Amigos de Desaparecidos en Ecuador (Asfadec) e Archivas y Documentas.
Coletivo formado em 2009 e formalizado como organização em julho de 2022, Situar tem concentrado sua atuação em programas e atividades de ação social e desenvolvimento, bem como na criação, acompanhamento e produção de espaços de pesquisa e educação não formal vinculados a processos comunitários. Também tem se dedicado ao acompanhamento de organizações para o apoio e desenvolvimento de propostas ligadas ao resgate da memória social e patrimonial a partir da participação cidadã e dos direitos humanos.
Em 2015, Situar e Asfadec iniciaram o projeto “Desaparecendo”, que buscava dar visibilidade ao fenômeno dos desaparecimentos no Equador por meio de encontros, oficinas e uma exposição artística itinerante, que percorreu vários espaços culturais durante quatro anos. Organização sem fins lucrativos nascida em 2012, a Asfadec assessora e acompanha familiares de desaparecidos em buscas e ações de demanda em instituições do Estado. Além disso, trabalha em conjunto com organizações de direitos humanos para criar políticas públicas que atendam casos de pessoas desaparecidas e realiza campanhas de conscientização sobre o tema, entre outras atividades.
O outro proponente do projeto é Archivas y Documentas, uma organização feminista que pesquisa e publica o trabalho de mulheres artistas equatorianas, e que desde 2016 desenvolve projetos e ações com foco na visibilidade da mulher e na dissidência na arte. As ações que realiza (inclusive em colaboração com a Situar) buscam questionar as relações de poder no sistema artístico e reivindicar espaços mais justos e uma vida digna para os trabalhadores da cultura.
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Trocando saberes, construindo uma cultura de paz: os projetos da Colômbia selecionados no Edital de Apoio a Redes 2023
Em 06, jul 2023 | Em Notícias | Por IberCultura
Os três projetos apresentados por redes colombianas no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023 serão desenvolvidos em diferentes departamentos do país, com diferentes populações, mas com objetivos comuns para a construção de uma cultura de paz. Uma das propostas reunirá novos criadores literários e lideranças comunitárias da região conhecida como “Bolívar Grande”, em um espaço de diálogo e intercâmbio intercultural. Outro projeto prevê a realização de sessões educativas e o intercâmbio de práticas de bem viver e soberania alimentar entre organizações com longa história e lideranças e organizações nascentes da Região Cafeeira Colombiana. Uma terceira proposta consiste em três encontros, em três comunas populares de Medellín, onde serão abordados temas como trabalho comunitário, cuidado, solidariedade, gestão cultural e a importância de tecer uma rede de apoio entre organizações.
*Nome da rede ou articulação: Robledo Corporação Social e Cultural Venga Parchemos
* Nome do projeto: Tejido Comunitario Por la Vida
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O “Tejido Comunitario Por la Vida”, um dos três projetos que serão realizados na Colômbia este ano com o apoio do IberCultura Viva, consiste no desenvolvimento de dois encontros territoriais para o intercâmbio de saberes que promovem práticas de cuidado e solidariedade entre crianças, jovens e adolescentes, e de um encontro na cidade que contribuirá para tecer redes de apoio entre as organizações.
O projeto será promovido em três comunidades populares da cidade de Medellín, territórios que hoje continuam recebendo vítimas do conflito armado e onde vivem populações vulneráveis. Um desses territórios é o bairro El Paraíso, localizado na Comuna 7, Robledo, local onde seus habitantes não têm acesso a serviços básicos como água e luz, o controle social é exercido por grupos associados ao narcotráfico, e a violência múltipla agrava as condições de desigualdade, vulnerabilidade e acesso à cidade.
O segundo território será o bairro Las Palmas e o setor Niquitao do bairro Colón, na comuna 10 de Medellín. Niquitao é uma área com grandes problemas sociais no centro da cidade, onde profissionais do sexo, migrantes venezuelanos e a comunidade indígena Embera vivem em cortiços, em condições precárias, sujeita a diversos tipos de violência.
O terceiro encontro será realizado no Centro de Desenvolvimento Cultural da Morávia, na comuna 4, Aranjuez, um espaço central e conhecido por suas lutas políticas e organização comunitária em torno da defesa de seu território, que começou como um bairro dentro de um lixão, e seus habitantes se tornaram recicladores de seu contexto. Este lugar é reconhecido pelos processos e organizações sociais, culturais e comunitárias da cidade.
O primeiro dia, na comuna 7, terá como tema “O corpo, o autocuidado e a não violência contra a mulher”. O segundo, na comuna 10, terá como tema “Narrativas Comunitárias, as cores da solidariedade em um trecho de muralismo coletivo”. Nesses espaços, serão construídas narrativas visuais (fotografia, vídeos), escritas (mensagens) e orais (podcast) a partir dos temas e propostas compartilhadas por cada território. A intenção é trabalhar a importância da solidariedade, cooperação e apoio mútuo para o trabalho conjunto, a não violência e o autocuidado. As organizações participantes esperam receber cerca de 40 crianças, jovens e adolescentes nesses dois dias.
Após os dois encontros territoriais, será realizado um terceiro, o Encontro Tecendo Saberes e Práticas Comunitárias para a Vida. Será aberta uma chamada para ampliar o tecido com organizações relacionadas a esses processos, e também com a participação do público em geral para discutir temas como trabalho comunitário, cuidado, solidariedade, gestão cultural e a importância de construir uma rede de apoio entre as organizações. A iniciativa visa destacar a importância das organizações de bairro em torno da arte e da cultura que contribuem para a dignidade da vida em uma cidade como Medellín, onde crianças, adolescentes e jovens são constantemente vítimas de várias violações.
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Organizações participantes
Este projeto reúne três organizações de base que vêm se reunindo em várias ocasiões em Medellín desde 2019: a Corporação Social e Cultural Robledo Venga Parchemos, a Corporação Cultural Marabuntas -Casa Cultural El Hormiguero- e a Corporação Fecisla.
A Corporação Social e Cultural Robledo Come Parchemos, fundada em 2014, oferece espaços de formação em clown, teatro, acrobacias, malabares e jogos de palco, transversalizados por temáticas de não violência e resolução de conflitos, bem como espaços como rodas de mulheres, novas masculinidades, identidade e diversidade sexual. Também organiza eventos culturais de grande formato, como a Lunada Artística y Cultural e o Circo al Puente, e outros menores para a formação do público, como o Canelazo literário, Temporadas de Teatro, Cinema-fóruns, Circo de Variedades e Música Acústica Unplugged. e Poesia que abordam temas como antimilitarismo, tecidos comunitários, resistência, bem viver, ecofeminismos e economias solidárias.
Já a Corporação Fecisla desde 2015 organiza o Festival Internacional de Cinema na Ilha, um evento de cinema e formação que acontece na Isla Fuerte, no Caribe colombiano. Desde a formação audiovisual eles têm trabalhado com diversas instituições públicas e privadas, com o objetivo de que a criação audiovisual seja um pretexto para comunicar, expressar e fortalecer a mensagem das comunidades através da narração das suas histórias em sua própria voz.
Também criado em 2015, a Corporação Cultural Marabuntas tem criado espaços de encontro, conversas, séries cinematográficas, poesias, espaços literários, planos culturais, oficinas, espetáculos circenses e musicais, tertúlias, grupos de estudos, murais, espaços de discussão sobre questões territoriais, econômicas, socioculturais, feministas e agroecológicas, comunicação, feiras de economia solidária, oficinas artísticas e educativas para compartilhar conhecimento. Em seu espaço confluem iniciativas populares, organizações sociais, indivíduos, crianças e jovens que participam da dinâmica dos processos comunitários da cidade.
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* Nome da rede ou articulação: Bolívar Grande Unido por las Nuevas Narrativas Identitarias
* Nome do projeto: “Estrategia (Ruta) de promoción de lectura y circulación de la antología Bolívar Literal: Contando el barrio desde nuestra piel”
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No segundo semestre de 2022, 14 novos criadores literários e líderes comunitários de oito municípios e corregimentos da região colombiana chamada “Bolívar Grande” se reuniram em um laboratório de escrita criativa. O principal resultado deste encontro foi a produção de uma antologia de contos. Para dar continuidade ao trabalho em laboratório para a produção do texto, quatro entidades propuseram uma “Estratégia (percurso) para promover a leitura e circulação da antologia Bolívar Literal: Contando o bairro a partir da nossa pele”.
Esta proposta, selecionada no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023, foi concebida como uma rota de modalidade híbrida, a ser realizada por meio de nove atividades em municípios e corregimentos dos departamentos de Bolívar e Sucre. Estão previstas reuniões e jornadas de sensibilização em municípios como Turbaco, Arjona e Simití (Bolívar) eSan Onofre (Sucre); e nos corregimentos de Santa Ana-Isla de Barú, El Níspero-Marialabaja, Cascajal-Magangué e Canutalito (Ovejas).
Com essas atividades, além de distribuir a antologia Bolívar Literal nos espaços das redes regionais de bibliotecas públicas, a rede espera ampliar o alcance dos resultados obtidos na execução da primeira fase do projeto em termos de formação humana e diminuição das brechas da desigualdade.
O projeto e a antologia constituem um espaço de encontro, diálogo e intercâmbio intercultural entre diversas populações (populações urbanas, rurais, étnicas, deslocadas pela violência, vítimas do conflito armado, migrantes e comunidade LGBTI+); servindo também como ponte intergeracional em torno do fechamento de brechas de desigualdade, convivência comunitária, construção do tecido social e da paz protagonizada por habitantes de um território comum.
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A rede
A Rede Unida Bolívar Grande para as Novas Narrativas Identitárias visa trabalhar para o desenvolvimento humano através da cultura, literatura, promoção da leitura e divulgação de novas narrativas identitárias de criadores e líderes literários da região bolivariana, como uma contribuição para a concepção e implementação de soluções destinadas a diminuir desigualdades e assegurar o exercício de direitos culturais.
As três iniciativas que compõem a rede e a Corporación Literatura para Todos E.S.A.L., responsável pela gestão do projeto, têm um histórico de trabalho colaborativo estabelecido desde 2016 nos departamentos de Bolívar e Sucre. No âmbito intersetorial, as quatro entidades têm trabalhado em conjunto com o ICULTUR, o Ministério da Cultura da Colômbia, a Manos Visibles Corporation e a Rede RELATA.
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A Fundação Cascajal- CuidArte, que desde janeiro de 2022 está no município de Cascajal (Magangué, Bolívar), trabalha em colaboração com a biblioteca comunitária, apoiando a gestão de doações de livros e aparelhos eletrônicos para a educação da população estudantil e organizando atividades culturais, recreativas e concursos literários.
A Corporación Plan Transformando Ideas (C.P.T.I.), fundada em 2016 no município de Arjona (Bolívar), atua como uma plataforma de liderança juvenil, com apoio ao empreendedorismo e iniciativas comunitárias lideradas por jovens e participação em espaços interinstitucionais com prioridade em questões juvenis (desenvolvimento humano, educação , empregabilidade, saúde pública).
A Biblioteca Rural Itinerante Nido de Letras foi criada em 2015 no distrito de Canutalito (Ovejas, Sucre). É uma biblioteca comunitária rural com cobertura de serviços bibliotecários, educativos e culturais para povos, aldeias e povoados da zona fronteiriça de Montes de María, entre os departamentos de Bolívar e Sucre. Seu trabalho enfatiza a primeira infância e adolescência, com ações voltadas para a promoção da leitura, resgate das tradições e preservação da memória histórica ancestral e rural.
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* Nome da rede ou articulação: Red de Organizaciones de la Semilla al Plato
* Nome do projeto: Encuentro de la semilla al plato: culturas para el buen vivir, soberanía y salud alimentaria
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Na Colômbia, a região do Eje Cafetero reúne os departamentos de Quindío, Caldas e Risaralda, com mais de 46 municípios. Seis anos depois da assinatura do Acordo de Paz, esta região acolhe organizações, movimentos e iniciativas que surgiram deste processo, interessados em ativar e articular espaços culturais, comunitários e cívicos. O projeto “Encontro da Semente ao Prato: culturas do bem viver, da soberania e da saúde alimentar”, apresentado no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes 2023, reúne iniciativas comunitárias da Região Cafeeira que buscam fortalecer identidades e culturas territoriais.
Este encontro se realiza no âmbito do Diploma Da Semente ao Prato, liderado pela Fundação Educar de Ida y Vuelta. A intenção é conectar a experiência de organizações comunitárias e culturais que trabalham pelo bem viver e a soberania alimentar nos territórios com organizações juvenis, lideranças juvenis nascentes ou emergentes, organizações de vítimas e ex-combatentes interessados em fortalecer suas capacidades de organização, liderança de iniciativas e buscar espaços para colocar sua vocação a serviço.
Tanto o encontro quanto os espaços de interação do curso de graduação estão voltados para a geração de jornadas pedagógicas e troca de práticas de bem viver e soberania alimentar. Entre as atividades que acontecerão entre agosto e novembro de 2023 estão oficinas culinárias com sementes e frutas típicas da região; oficinas de desenho de hortas urbanas e rurais, oficinas de fortalecimento das capacidades de saúde alimentar em ambientes complexos; oficina de biofertilizantes e biocontrole; oficina para abordagem da reprodução e uso de plantas medicinais; oficina de governança territorial e geração de acordos para a sustentabilidade e a boa convivência de territórios e comunidades.
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Organizações participantes
Por meio da Fundação Educar de Ida y Vuelta, várias organizações pertencentes aos departamentos de Quindío, Caldas e Risaralda realizam atividades territoriais que incentivam o conhecimento, resgate, uso e integração dos frutos do território, como forma de gerar culturas de bem-estar e saúde. Entre eles estão a Red de Familias Quindianas Custódia de Semillas Libres, EcoGenova e o Mercado Agroecológico de Quindío, que apresentaram esta proposta ao edital.
A Red de Familias Quindianas Custódia de Semillas Libres, criada em 2013 na cidade de Armênia, é formada por 30 famílias que se dedicam a resgatar, plantar e cuidar das sementes crioulas e nativas, principalmente aquelas que correm risco de desaparecer. Além de realizar reuniões bimensais em diferentes municípios do departamento de Quindío, a iniciativa apóia atividades educativas sobre essas sementes em estabelecimentos de ensino e em comunidades urbanas e rurais.
EcoGenova, fundada em 2017 em Gênova, é uma organização que trabalha pela defesa das águas, montanhas e rios, e também pela defesa dos direitos das pessoas que habitam esses territórios. Entre as atividades realizadas estão o “Cabildo Aberto pela Defesa dos Rios e contra as Pequenas Centrais Hidrelétricas” (2021), documentários e peças de teatro, além da Rede de Mulheres Diversas Semeando Igualdade, onde organizam fóruns e encontros com oficinas de empoderamento da mulher rural.
O Mercado Agroecológico do Quindío, por sua vez, existe na cidade de Armênia desde o ano 2000. Todos os meses são realizadas duas feiras onde são expostos diferentes produtos agroecológicos da região, incentivando a produção local, o bom uso do território, a dignidade do campesinato colombiano e o resgate das tradições ancestrais.
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Celebrando infâncias e comunidades migrantes, construindo outros mundos possíveis: os projetos do Chile selecionados no Edital de Apoio a Redes 2023
Em 04, jul 2023 | Em Notícias | Por IberCultura
(Foto: Centro de Promoción Cinematográfica de Valdivia. Celebra!, agosto de 2022)
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Um projeto para gerar espaços de encontro e exposição entre organizações que desenvolvem criações artísticas no contexto da privação de liberdade na América Latina. Um evento para comemorar os direitos das crianças e adolescentes no Chile de hoje. Uma feira intercultural para apresentar a cultura chilena aos migrantes e sensibilizar a comunidade chilena sobre a contribuição da migração. Estes são os três projetos apresentados por organizações chilenas que foram selecionadas no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023. A seguir, detalhamos as propostas que receberão apoio financeiro de até 5 mil dólares cada para serem utilizados na produção e/ou despesas de comunicação dos eventos propostos.
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* Nome da rede ou articulação: Red Celebra!
* Nome do projeto: Celebra! Derechos de niñas, niños y adolescentes
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Todos os anos, em agosto, a infância e a adolescência são celebradas no Chile. A comemoração costuma ser exacerbada pelo marketing consumista de objetos ou alimentos que, longe de valorizar a infância e a adolescência, as determina em estereótipos culturais e sociológicos. Por isso, há nove anos, em Valdivia, alguns atores culturais do território se articulam em favor de gerar uma atividade que celebre e valorize as infâncias.
No começo, eram organizadas mostras de cinema diferenciadas por faixa etária, convocando o público de crianças e adolescentes (NNA) por meio de um trabalho conjunto com estabelecimentos de ensino. Com o passar do tempo, e a necessidade de proporcionar um espaço de debate e reflexão crítica, surgiu o PichiKawin (em mapudungun, pichi=menino e kawin=conversa), um espaço de conversa entre crianças e adolescentes. No ano passado, esta atividade foi coordenada com os gabinetes comunais de proteção de menores.
Da experiência das versões anteriores, surgiu a proposta apresentada no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023. Celebra!, o evento proposto pela rede de mesmo nome, será uma atividade comemorativa dos direitos de crianças e adolescentes no Chile de hoje. Durante um dia de agosto serão realizadas oficinas de criação artística, cultural e científica, exposições audiovisuais (presenciais e virtuais), apresentações artísticas (dança, teatro, música, circo, entre outras) e um espaço de debate e reflexão crítica (PichiKawin), liderados por jovens participantes das organizações de base convocadas.
A atividade contará com sessões prévias de trabalho articulado, que resultarão na definição conjunta das temáticas artístico-culturais a serem concretizadas em oficinas, em apresentações e no PichiKawin. Essa iniciativa também inclui uma oficina de criação audiovisual em microfilme com crianças e adolescentes das organizações comunitárias participantes. Os trabalhos resultantes serão apresentados no Celebra!
O projeto espera atingir: 800 participantes na atividade; 5 sessões de criação e programação conjunta; 2 oficinas de criação audiovisual para adolescentes sobre questões de direitos; exibição de curtas-metragens realizados por adolescentes; rotativo MicroCine, com foco nos direitos da criança; exibição de curtas-metragens de animação para a primeira infância via Zoom; 3 oficinas artístico-culturais para crianças e adolescentes; 1 PichiKawin, debate conduzido por jovens das entidades, e 2 apresentações artísticas de crianças e adolescentes.
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Organizações participantes
Para implementar a rede Celebra!, o Centro de Promoção Cinematográfica de Valdivia (CPCV), responsável pela administração do projeto, articula-se com as organizações comunitárias Migrantes Los Ríos, Cambiando Destinos e Kasa Wenuleufu e três instituições públicas: o Centro de Criação Los Ríos do Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio, o Conselho Nacional de Jardins de Infância e a Fundação Integra (Rede de Creches e Jardins de Infância).
O Centro Cultural de Promoción Cinematográfica de Valdivia, fundado em 2002, é uma organização comunitária funcional, sem fins lucrativos, que concentra suas atividades na promoção e no desenvolvimento das artes audiovisuais. Suas linhas estratégicas são formação de público, cidadania, indústrias criativas, educação e formação. Nessas áreas, a abordagem de direitos humanos é transversal no plano de gestão sobre inclusão, perspectiva de gênero, povos indígenas, relevância territorial, promoção de crianças e adolescentes.
Migrantes de Los Rios é uma ONG criada por migrantes para migrantes, refugiados e todos que apoiam o direito de migrar. Fundada em 2017 com o objetivo de prestar serviço social, comunitário, cultural e incluir a comunidade migrante na sociedade da região de Los Ríos, seu trabalho se concentra na gestão do apoio jurídico, educacional, social e de inclusão intercultural. Nos últimos anos, implementou cinco projetos de criação artístico-cultural que buscam fortalecer a integração das comunidades.
O Espaço Cultural Kasa Wenuleufu nasceu em 2015 na cidade de Niebla, na serra costeira, território habitado ancestralmente por comunidades Mapuche Lafkenche. É este território, sua essência e seu saber, que Kasa Wenuleufu divulga e promove, convidando os habitantes da costa a mergulhar na cultura local, em sua natureza e riqueza cultural. O espaço tem se destacado nos últimos anos por promover ofícios típicos do território, como a cestaria de fibras naturais, a produção de produtos alimentares artesanais, a utilização de ervas medicinais, a agricultura biológica e biodiversa, além de desenvolver uma série de oficinas artístico-culturais para crianças e adolescentes.
Já a Corporação Cambiando Destinos, fundada em 2017, é uma organização que se dedica ao apoio socioeducativo a crianças e adolescentes em instituições de proteção e guarda de menores. Destaca-se pela criação da primeira escola de ofícios Cambiando Destinos, que promove ofícios com identidade local para integração social e promoção da cultura regional.
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* Nome da rede: Red de Organizaciones de Migrantes
* Nome do projeto: Mi Chile Lindo
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A opinião negativa a respeito da comunidade estrangeira, em consequência da situação nas fronteiras, com a entrada irregular de pessoas e os confrontos constantes entre migrantes e chilenos devido a diversas situações, como famílias com crianças mendigando nas ruas e atos criminosos perpetrados por estrangeiros, são algumas das causas que motivam o projeto “Mi Chile Lindo “, apresentado pela Red de Organizaciones Migrantes ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023.
Com o objetivo de apresentar a cultura chilena aos migrantes e sensibilizar a comunidade chilena sobre a contribuição da migração, as organizações participantes propõem a realização de uma mostra cultural, gastronômica e artesanal da cultura migrante com elementos chilenos. Nesta feira intercultural, que eles chamaram de “Mi Chile Lindo”, haverá danças folclóricas chilenas realizadas pela comunidade estrangeira, “cozinha fusion” e artesanato comum a várias culturas. Como atividades prévias ao evento central do projeto, estão previstas aulas de culinária, palestras sobre histórias e casos dos povos.
A iniciativa tem como propósito promover e fomentar espaços interculturais constantes que busquem a coesão social e interação entre a comunidade chilena e migrante, para melhorar sua convivência, integração e inclusão nos territórios e espaços sociais onde os problemas convergem e são vivenciados. Desta forma, a rede proponente espera conseguir mudanças na percepção, imagem e reconhecimento de ambas as comunidades a partir de sua riqueza, contribuição cultural e econômica que é feita ao país.
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Organizações participantes
O trabalho da Red de Organizaciones Migrantes gira em torno da geração de políticas públicas que promovam a cidadania, a democracia e a cooperação. Além de integrar vários conselhos da sociedade civil, onde são geradas propostas ao governo e outras plataformas de trabalho colaborativo, a rede tem experiência na realização de atividades, como cinco feiras interculturais e outros 15 eventos relacionados à inclusão de migrantes.
A Associação Compromisso Migrante, fundada em 2020 em Santiago, é uma organização sem fins lucrativos que visa integrar cidadãos estrangeiros na sociedade chilena por meio de treinamento e assessoria em questões como migração, saúde, empregabilidade, entre outras, a fim de contribuir para o desenvolvimento da sociedade em suas diferentes dimensões. A entidade também organiza mostras gastronômicas, feiras culturais de empreendedorismo e outras atividades com apelo massivo.
A Federação Mesa Nacional de Organizações de Migrantes e Refugiados (FENAMIR) atua desde 2019 como aglutinadora de outras organizações, desenvolvendo ações voltadas para a promoção de políticas públicas de inclusão. A FENAMIR oferece um programa de educação e treinamento para líderes migrantes, suas organizações e comunidades, focado no fortalecimento do conhecimento em regulamentação migratória, gestão de procedimentos, criação e legalização de organizações sociais, alfabetização digital e oferta público-privada de serviços e acesso a direitos.
A Fundação Esperanza de Mujer (FEM) é uma organização sem fins lucrativos focada em fornecer as ferramentas necessárias para o enfrentamento da violência contra a mulher em todas as suas esferas. Por isso, coloca ênfase em proporcionar às usuárias diversas redes de apoio, concentrando seus objetivos e competências profissionais para capacitar cada mulher que necessita de um local onde seja sempre acolhida, sem preconceitos, conscientizando-a sobre a importância que está fazendo mudanças em suas vidas para vencer os obstáculos que se interpõem no caminho de alcançar melhores oportunidades. A fundação desenvolve atividades há mais de um ano e foi formalizada em março de 2023.
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* Nome da rede e do projeto: Arte en Fuga 2023 – Encontro Internacional de Artes nas Prisões: Diálogos sobre experiências artísticas com mulheres encarceradas e dissidentes para construir outros mundos possíveis
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Arte en Fuga 2023 – Encontro Internacional de Artes nas Prisões (“Diálogos sobre experiências artísticas com mulheres encarceradas e dissidentes para construir outros mundos possíveis”) é um projeto que se realiza de forma híbrida, entre os meses de setembro e novembro, com o objetivo de gerar espaços de encontro e exposição entre organizações que desenvolvem criações artísticas no contexto da privação de liberdade em toda a América Latina.
A primeira parte é realizada em formato virtual, através de uma plataforma onde decorrem as conversas promovidas pela rede. Este ciclo de diálogos, além de problematizar a existência do cárcere e as questões em volta dele, busca tornar visíveis as vivências artísticas, a camaradagem e os afetos de mulheres e dissidentes privados de liberdade. Estão previstos três espaços de diálogo: os conversatórios “Sociedades de controle” (25 de setembro) e “Justiça alternativa e experiências reparadoras a partir das artes” (12 de outubro) e a oficina virtual “Narrativas artísticas com mulheres e dissidentes de fora e dentro do confinamento” (16 de novembro).
A segunda parte é realizada presencialmente no Parque Cultural de Valparaíso – Ex Cárcel, no dia 23 de novembro, com o encontro de entidades que atuam nesse contexto penitenciário. Durante este encontro será realizada a oficina “Estratégias Comunitárias de Resolução de Conflitos” e contemplada a criação de um documento comunitário que manifeste os diálogos e experiências resultantes da gestão colaborativa da rede. Por fim, no dia 25 de novembro, será inaugurada a galeria Arte en Fuga no Parque Cultural de Valparaíso, um espaço expositivo de criações artísticas em contexto prisional.
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Organizações participantes
O projeto foi apresentado por três organizações que trabalham no contexto da privação de liberdade em três países da região: Pájarx Entre Púas (Chile), Mujeres Tras Las Rejas (Argentina) e Mujeres de Frente (Equador). Essa articulação é baseada nas ações de articulação que vêm sendo realizadas entre os coletivos colaboradores, somadas à experiência do encontro Arte en Fuga, realizado com sucesso por três anos consecutivos.
Fundação e coletivo que desde 2016 trabalha em prisões para mulheres e dissidências sexuais na região de Valparaíso, Chile, Pájarx Entre Puas tem como missão criar redes de ativismos feministas interseccionais, formadas por mulheres e diversidades privadas de liberdade, libertadas da prisão, seus filhos e famílias. Nas oficinas artivistas que acontecem nos presídios, são abordados temas coletivos mediados por ferramentas artísticas como artes cênicas, dança, música, leitura e escrita, performance, artes plásticas e ofícios.
Mujeres de Frente é um coletivo feminista e comunidade de cooperação e cuidado criado em 2004 em Quito, Equador. É formado por ambulantes, catadoras de lixo, trabalhadoras domésticas, universitárias, professoras, artistas, mulheres em liberdade e familiares de presidiárias. Entre as atividades desenvolvidas estão o Espaço Wawas, onde crianças e adolescentes frequentam voluntariamente atividades educativas, recreativas, artísticas e esportivas; um refeitório popular e oficinas para mulheres.
A ONG Mujeres Tras las Rejas trabalha com mulheres privadas de liberdade em Rosário, Argentina, para tornar visíveis as situações de desigualdade que vivem. Criada em 2006, a entidade já realizou oficinas artísticas em presídios (saúde reprodutiva, sexualidade, arte, maternidade, fotografia, rádio, teatro); um programa de rádio (“Tire a voz dos que não têm voz: mulheres na cadeia, rádio na prisão”), onde as mulheres do presídio têm voz numa rádio comunitária, e uma oficina que aborda técnicas têxteis através de diferentes ferramentas artísticas e troca de conhecimentos.
Cultura quilombola, fé e folia, arte indígena e inteligência artificial: os projetos do Brasil selecionados no Edital de Apoio a Redes 2023
(Imagem do projeto Arte Eletrônica Indígena, que a Thydewá realiza com a Universidade de Leeds)
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Um projeto que se apropria da inteligência artificial para criar obras de arte indígena e promove “fogueiras digitais” com indígenas de diferentes povos do Brasil, da Argentina e do Chile; um festival cultural de comunidades de remanescentes quilombolas em Rondônia; o encontro de uma rede que mobiliza grupos culturais de Folia de Reis e Folia de São Sebastião no interior da Bahia. Esses são os três projetos propostos por organizações brasileiras selecionados no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023. Um misto de fé e folia, conhecimento ancestral e arte digital, cultura afro-brasileira e identidade plural.
* Nome da rede ou articulação: De Abya Yala com Amor
* Nome do projeto: AIIA – Apropriação indígena da Inteligência Artificial
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Nove indígenas de diferentes povos/nações – 3 da Argentina, 3 do Brasil e 3 do Chile – vão atuar como comunidade colaborativa de aprendizagem e ação no projeto “AIIA – Apropriação indígena da Inteligência Artificial”, apresentado pela rede De Abya Yala com Amor ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023. A ideia é que o coletivo produza, de modo digital, 10 obras de arte indígena contemporânea e possa levar suas expressões mundo afora.
Com realização prevista entre julho e outubro de 2023, o projeto prevê a capacitação de 10 agentes culturais (há um não indígena no grupo), tanto para a gestão compartilhada como para a utilização da inteligência artificial (IA). Com o uso de programas como Midjourney e Adobe Firefly, espera-se aprender sobre IA para se apropriar dela de forma consciente, crítica, técnica e artística. Além de criar 10 obras de arte digital aproveitando os conhecimentos de IA, a rede pretende dar visibilidade às obras e ao projeto, sensibilizando o público sobre o paradigma do bem viver que os povos indígenas sonham, inspiram e trabalham para que se concretize.
Para o desenvolvimento do projeto, estão previstas 13 “fogueiras digitais”: 10 internas (só para a comunidade) e 3 abertas ao público. As “fogueiras digitais” são encontros on-line, como as videoconferências pela plataforma Zoom, mas com um método próprio que eles criaram em 2020, baseado nas fogueiras indígenas tradicionais, em que cada participante traz sua “lenha” ao fogo comum que tudo transforma.
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Alquimia indígena
A rede De Abya Yala com Amor – Diversidade Indígena Viva nasceu em 2021 pela “alquimia” de 15 indígenas (5 da Argentina, 5 do Brasil e 5 do Equador) que se uniram para realizar o projeto selecionado no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2021. A proposta rendeu a produção do e-book “De Abya Yala com Amor”, além de 51 vídeos curtos e vários eventos de diálogo intercultural (que eles chamaram de “fogueiras digitais”).
Em 2002, a rede foi mais uma vez ganhadora do Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes, desta vez com 18 indígenas, estendendo a alquimia a Chile, Colômbia, México, Paraguai e Bolívia. Com este projeto, foram produzidos um segundo e-book De Abya Yala com Amor, 10 eventos e 22 vídeos.
Atualmente, 8 indígenas da rede e outros 8 indígenas participam de um projeto de pesquisa relacionado à identidade indígena e os algoritmos de inteligência artificial, liderado pela Universidade de Leeds (Reino Unido) em parceria com instituições do Brasil, da Bolívia e da Irlanda.
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Organizações participantes
A organização que apresenta o projeto ao Edital de Apoio a Redes 2022 é a brasileira Thydêwá, criada em 2002 na Bahia. Entre as mais de 70 iniciativas idealizadas e promovidas pela Thydêwá, destacam-se o Canal Mensagens da Terra (coletivo digital com 550 vídeos produzidos), o Ponto de Cultura Índios On-Line, o Pontão Esperança da Terra, a rede e coleção de livros Índios na Visão dos Índios, a Rede Risada, a Rede Pelas Mulheres Indígenas, Kwatiara, AEI – Arte Eletrônica Indígena e AIRE – Arte com Indígenas em Residências Eletrônicas.
O trabalho com comunidades indígenas na Argentina remonta a 2015, ano em que a Thydêwá foi selecionada para o Edital IberCultura Viva de Intercâmbio e deu início aos primeiros projetos em conjunto com Mariela Jorgelina Tulián, casqui curaca da Comunidade Indígena Territorial Comechingón Sanavirón “Tulián”, fundada em 2010. Situada em San Marcos Sierras (Argentina), esta comunidade está presente em escolas, tramitando bolsas de estudos, dando palestras e cursos de cosmovisão, além de integrar a Coordinadora de Comunicación Audiovisual Indígena de Argentina (CCAIA) e o Consejo Continental de Ancianas, Ancianos y Guías Espirituales de América.
A terceira organização que participa da rede é a Asociación Indígena Calaucan, de San Antonio, Quinta Región (Valparaíso, Chile). Fundada em 1999, a associação tem entre suas atividades um projeto de saúde ancestral e intercultural, que vem sendo realizado desde 2008 no Centro Cerimonial de Desenvolvimento Indígena, em Llolleo, onde são ministradas oficinas de cosmovisão mapuche, ervas medicinais, tear mapuche, alimentação saudável, técnicas de arte com relevância indígena e formação de agentes de saúde. Também conta com atividades de educação intercultural bilíngue; cuidado ambiental e ecologia; projetos artísticos e arte-terapia.
* Nome da rede ou articulação: Diversidade Amazônica
* Nome do projeto: Festival Cultural Reconstruindo o Quilombo
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O Festival Cultural Reconstruindo o Quilombo será realizado em outubro de 2023, na Comunidade Santa Cruz de Remanescentes Quilombolas do município de Pimenteiras do Oeste, em Rondônia, na fronteira do Brasil com a Bolívia. Espera-se a participação de 500 pessoas da comunidade nas atividades que serão desenvolvidas, incluindo oficinas, palestras e apresentações artísticas.
O evento contará com várias atrações culturais, como apresentação de musical, poemas, vídeo documentário, dança, exposição de fotografias e de literatura. Também estão previstas uma palestra sobre a importância da preservação da cultura e identidade quilombola, uma oficina de dança afro-brasileira com 50 vagas e uma oficina de artesanato com palha de buriti com 50 vagas, ensinando a população a produzir biojóias com produtos encontrados na floresta.
Com este festival, que terá atividades gratuitas para pessoas de todas as idades, a rede Diversidade Amazônica pretende valorizar a cultura afro-brasileira; combater o racismo; incentivar o protagonismo da comunidade de remanescentes quilombolas; propiciar uma convivência harmônica entre as diferenças existentes; promover a cidadania e a questão da igualdade entre os povos.
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Diversidade Amazônica é uma rede composta por três organizações que atuam no estado de Rondônia: a Associação Cultural, Educação, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Diversidade Amazônica (ACEMDA), Ponto de Cultura e de Memória criado em 2015 na cidade de Vilhena; a Associação de Remanescentes Quilombolas de Pimenteiras do Oeste (ARQOS), fundada em 2011, e o Ponto de Cultura e Ponto de Mídia Livre Serpentário Produções, que existe desde 2009 no município de Vilhena.
A rede trabalha com projetos de valorização cultural de comunidades quilombolas e indígenas da Amazônia Legal, com a produção de livros, revistas, eventos culturais e capacitação, tendo como objetivo a valorização da cultura local.
* Nome da rede ou articulação: Rede Fé e Folia
* Nome do projeto: Encontro: Resistência Fé e Folia
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A Rede Fé e Folia articula e mobiliza os grupos culturais de Folia de Reis e de São Sebastião, formados por pessoas das comunidades campesinas ou de bairros periféricos de cidades de porte médio no interior da Bahia. A rede se localiza na região chamada de “Costa do Descobrimento”, em um território composto por oito municípios, nos quais estão presentes as comunidades culturais que mantêm a prática religiosa das Folias de Reis, que unem reza, canto e festa no ciclo natalino, de novembro a janeiro.
O projeto “Encontro: Resistência Fé e Folia”, apresentado na oitava edição do Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo, pretende realizar uma ampla mobilização dos grupos comunitários do território, resultando na institucionalização da rede, na produção de um documentário de curta-metragem com imagens do encontro, e na publicação de uma revista sobre as práticas culturais dos grupos das Folias de Reis que celebram a colheita, o trabalho e a alegria de viver.
O Encontro da Rede Fé e Folia se dará no município de Itagimirim no mês de outubro, mas os trabalhos começam antes, em julho, para a mobilização e articulação dos grupos culturais. A intenção é que o projeto seja um exercício de diálogo intercultural entre diferentes realidades, seja dos grupos de periferias dos terreiros de candomblé, seja dos grupos comunitários de povoados, além dos Pataxó e sua cosmovisão. Entre os objetivos propostos estão o fortalecimento da rede e a criação de um calendário anual das assembleias comunitárias.
Embora exista informalmente há muito tempo, pois os grupos há décadas se articulam e se apoiam mutuamente, a Rede Fé e Folia passou a ser assim denominada em 2018, depois de uma assembleia em que os/as agentes decidiram adotar diálogos mais permanentes, participando de ações de lutas políticas voltadas para os direitos das comunidades tradicionais e dos direitos culturais no Brasil.
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Organizações participantes
Viola de Bolso Arte e Memória Cultural, a organização responsável pela administração do projeto apresentado a IberCultura Viva, foi fundada em 2008 na cidade de Eunápolis. Seu espaço cultural é aberto ao público em geral, que semanalmente participa das oficinas de artes ou das “vivências culturais”, como eles chamam os encontros e atividades que envolvem temas e reflexões sobre a cultura e os saberes locais. Entre as atividades ali realizadas estão oficinas de música, com aulas teóricas e práticas; oficinas de artes visuais, com aulas e dinâmicas criativas que envolvem a utilização de materiais reutilizáveis; rodas de leitura e contação de histórias.
O Centro de Umbanda São Jorge, fundado em 1958 em Itagimirim, é um terreiro de religião de matriz africana, que recebe a visita de pessoas em busca de orientação espiritual e práticas de cura. Seus membros realizam junto à comunidade aulas de percussão, reforço escolar e festejam os orixás em diversas datas no Brasil. O terreiro conta com grupos de música afro; grupo de Folia de Reis, Grupos das Baianas e o Coletivo Jovem de Caboclos, além de um coletivo de jovens que pretende trabalhar com cultura digital.
Quem também participa da rede é a Frente de Resistência e Luta Pataxó, que existe desde 2002 na cidade de Itamaraju, atuando em defesa do território tradicional do Monte Pascoal, lugar símbolo da invasão do Brasil. Essa entidade indígena campesina, que realiza a Folia de São Sebastião, atua também na formação dos jovens Pataxó, realizando encontros e assembleias.
Encontros de feminismos, candombes e formação em cultura viva: os projetos da Argentina selecionados no Edital de Apoio a Redes 2023
Em 26, jun 2023 | Em Notícias, Sin categorizar | Por IberCultura
(Foto: Instituto Rodolfo Kusch. 1º Encontro de Feminismos Comunitários Campesinos e Populares, 2022)
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Três propostas de eventos apresentadas por redes argentinas foram selecionadas no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo. A convocatória, que este ano chegou à oitava edição, destina um total de 174 mil dólares a 34 projetos provenientes dos 12 países integrantes do programa (cada projeto recebe até 5 mil dólares). Da Argentina entraram na lista o Segundo Encontro Internacional de Feminismos Comunitários Campesinos e Populares em Abya Yala, marcado para agosto em Tilcara (província de Jujuy); o Encontro Internacional de Candombes, que será realizado também em agosto na cidade de Rosário (província de Santa Fé), e a Formação de Formadores em Cultura Viva Comunitária, que espera reunir cerca de 250 pessoas na cidade de Moreno (província de Buenos Aires).
* Nome da rede ou articulação: Red Quilla
* Nome do projeto: Segundo Encontro Internacional de Feminismos Comunitários Camponeses e Populares em Abya Yala
O Segundo Encontro Internacional de Feminismos Comunitários Campesinos e Populares de Abya Yala, proposto pela Red Quilla, está programado para acontecer em Tilcara (província de Jujuy, Argentina) de 18 a 20 de agosto de 2023. O evento visa dar continuidade ao espaço de reflexão e troca de experiências que se deu na primeira edição do encontro em Tilcara, na Quebrada de Humahuaca, por onde passaram mais de 2 mil mulheres entre os dias 13 e 15 de agosto de 2022.
A programação inclui oficinas, conferências, apresentação de trabalhos, vivências e apresentações, performances poéticas, apresentação de livros, cinema, teatro e música, além de feira de artesanato e feira de troca de sementes. A coordenação das atividades estará a cargo de membros de comunidades indígenas, camponesas e/ou populares.
Os eixos de trabalho serão quatro: 1) O comunal como opção política; 2) A alimentação como questão ético-política; 3) Estética feminista; 4) Epistemologias feministas do cuidado. Um dos objetivos do evento é construir epistemologias anticolonialistas que recuperem saberes e práticas ancestrais, bem como criar um espaço de articulação entre ativismo, prática política e teorização.
A intenção é abrir espaço para rever as culturas organizacionais patriarcais, capitalistas e colonialistas, e propor novas formas de gestão da vida cotidiana a partir dos feminismos: O que fazer? Como fazer? Com quem fazer?
A proposta inclui o lançamento de convocatórias para oficinas coordenadas por organizações, coletivos e instituições interessadas, bem como a publicação de um livro (físico ou digital) que reúna as apresentações/experiências dos/das participantes e das conferências centrais. Será feito também um registro fotográfico e em vídeo das atividades.
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Trabalho colaborativo
A Red Quilla realiza um trabalho colaborativo desde 2021. Seus objetivos incluem a criação de espaços formativos e educativos, a promoção do encontro de mulheres e do coletivo LGBTQIA+ e o resgate das narrativas dos feminismos. Na Universidade Nacional de Jujuy (UNJu), por meio do Instituto Rodolfo Kusch, a rede nos últimos três anos a Diplomatura em Feminismos Comunitários Campesinos e Populares em Abya Yala, que convocou mais de mil mulheres em cada uma de suas edições (2020, 2021 e 2022).
Neste projeto apresentado ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023, a rede conta com a participação do Instituto Rodolfo Kusch, da Casa Mama Quilla e da Fundandes, que será a entidade responsável pela administração dos recursos.
Criada em 1990 em Tilcara, a Fundandes tem como objetivo desenvolver atividades de gestão cultural comunitária, recuperação e resgate do patrimônio e da memória dos povos indígenas. A fundação tem desenvolvido projetos de formação, pesquisa e produção, com perspectiva de gênero, ecológica e sustentável para as comunidades.
O Instituto Rodolfo Kusch, da Universidade Nacional de Jujuy, tem como atribuições a pesquisa e a formação. Tem desenvolvido múltiplos projetos de formação, como diplomaturas, cursos, seminários, conferências, encontros com caráter de difusão e divulgação do pensamento americano. Fundado em 2017, o instituto sediou o primeiro Encontro de Feminismos em 2022 e sediará também este segundo encontro.
A Casa Mãe Quilla, por sua vez, existe desde 2022 e conta com uma equipe de 22 pessoas, entre ativistas, professores/as, alunos/as, gestores/as comunitários, membros da comunidade, acadêmicos/as e profissionais de Jujuy, Argentina e da comunidade internacional. Com um modelo de gestão comunitária feminista, a casa conta com o Espaço de Atendimento e Acompanhamento de Mulheres e Dissidentes em Situação de Violência de Gênero e tem prestado esse serviço à comunidade de Quebrada e Puna. Na Área de Gestão Cultural Comunitária, tem promovido oficinas de arte e cultura indígena.
(*) Inscrições para participar do encontro: https://forms.gle/QmvtbwwjHET3jFdf9
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*Nome da rede ou articulação: Movimento Argentino de Cultura Viva Comunitária
* Nome do projeto: Formação de Formadores em Cultura Comunitária Viva
A Formação de Formadores em Cultura Viva Comunitária, proposta apresentada pelo Movimento Argentino de CVC, foi concebida como um evento integral de cinco dias, dirigido a um total de 250 formadores/promotores de processos de Cultura Viva Comunitária nos territórios. A ideia é que participem pessoas de todas as províncias argentinas e que o encontro permita vivenciar oficinas e atividades integradoras para que tenham uma visão global dos temas e possam produzir ferramentas e diálogos que fortaleçam suas tarefas comunitárias.
A atividade será realizada em Moreno, nas instalações da Associação Civil El Culebrón Timbal e da Escola Primária Mil Pueblos Jóvenes, que funcionam em uma propriedade de dois hectares, apta para acampamentos, atividades ao ar livre, debates, feiras e oficinas, facilitando o alojamento e a alimentação dos participantes no mesmo local.
Pretende-se explorar as diferentes linguagens e disciplinas que são a espinha dorsal dos processos de Cultura Viva Comunitária para abordá-las em conjunto, fazendo-as dialogar entre si e valorizando suas contribuições diferenciais nos processos locais de liderança popular e participação cidadã, reforçando a dimensão pedagógica de cada proposta.
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A rede
Uma das organizações que inscreveram esta proposta no Edital de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023 foi a Cooperativa La Comunitaria de Rivadavia. Esta organização social, que nasceu há 17 anos nos pampas argentinos, atualmente conta com 16 sedes autogeridas em áreas rurais e cidades das províncias de Buenos Aires e La Pampa. As mais de 120 oficinas artísticas e propostas comunitárias desenvolvidas nesses espaços envolvem cerca de 2 mil pessoas. O grande motor da cooperativa La Comunitaria sempre foi o teatro comunitário, mas ao longo do tempo foram-se incorporando oficinas de diferentes artes e ofícios, comedores, merenderos e desenvolvimento rural.
Outro participante é a Fundação de Apoio à Infância e Juventude Che Pibe, de Lomas de Zamora (província de Buenos Aires), que desde 1987 em Villa Fiorito busca fortalecer as famílias e a comunidade articulando-se com organizações, movimentos, redes e o Estado para o cumprimento e gozo dos direitos humanos, por meio de projetos e atividades de promoção social envolvendo aspectos culturais, educacionais, esportivos e recreativos.
A Asociación Civil Clericó Cultura Viva Comunitaria, de Devoto (província de Córdoba) é a terceira organização que apresenta este projeto. Fundada em janeiro de 2015, tem entre as suas actividades a promoção e o incentivo às expressões culturais e artísticas através da organização de mostras, exposições, oficinas, cursos, palestras, seminários, congressos, feiras, festivais, palestras, intervenções e todo o tipo de eventos e instâncias de capacitação. A organização responsável pela gestão do projeto é a Associação Civil El Culebrón Timbal, que sediará o evento.
*Nome da rede ou articulação: Rede Latino-Americana de Candombes
* Nome do projeto: Encontro Internacional de Candombes
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O Encontro Internacional de Candombes ocupará a cidade de Rosário, de 18 a 21 de agosto de 2023, reunindo diferentes grupos e organizações que abordam e divulgam as expressões de matriz afro denominadas “candombe”. O evento busca estimular o diálogo entre as comunidades candombeiras, reconhecendo os diferentes contextos culturais, promovendo uma troca respeitosa e convidando à construção de uma rede comunitária com uma perspectiva antirracista e transfeminista.
A proposta fala de “candombes” no plural, já que, transcendendo as fronteiras do atual estado-nação, existem diferentes expressões afro-latinas na região denominada “Cuenca del Plata”, cuja história é comum. Para essas comunidades, os candombes são parte viva de sua história, pela qual existem e resistem.
O projeto busca fortalecer e ampliar a rede já existente de candombes, entendendo-os como formas de expressão cultural e artística de origem afro-latino-americana. As organizações envolvidas propõem espaços de oficinas e bate-papos em torno dos saberes específicos de cada comunidade e das diferentes formas de construção comunitária (suas contribuições e problemáticas) em cada território.
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Organizações participantes
Cinco organizações (quatro argentinas e uma paraguaia) estão envolvidas neste projeto. Criado em Corrientes em 2003, Camba Cuá Candombes tiene como principal objetivo manter vivas a tradição e a história relacionadas ao culto a São Baltazar, principalmente nas comemorações dos dias 5 e 6 de janeiro, no bairro Camba Cuá, e durante o ano em escolas, eventos culturais e sociais, centros comunitários e centros culturais. No culto a São Baltazar, cada família de santo recebe o toque do candombe e danças como oferenda principal. Também são distribuídos doces, comidas e a bebida do santo chamada “sangría”.
A Casa da Cultura Indo-Afro-Americana Mario Luis López existe desde 1989 na cidade de Santa Fé, tendo como área de atuação o resgate, a defesa, o desenvolvimento, a divulgação e a valorização das raízes culturais, destacando-se as dos povos nativos e as dos africanos transplantados para a América pela escravidão, e promover o resgate da memória histórica. A organização promove apresentações de livros, palestras, debates e oficinas, bem como intervenções em espaços culturais, escolas e espaços públicos.
A Associação Misibamba, por sua vez, é uma comunidade afro-argentina de Buenos Aires que desde 2008 trabalha em torno de ações territoriais e propostas educativas que promovam maior reconhecimento e visibilidade das raízes afrodescendentes argentinas. O Misibamba procura fortalecer a luta contra o racismo, a discriminação e a xenofobia na sociedade e promover o respeito pelas diferentes culturas que compõem a identidade nacional.
A Associação Casa da Memória, responsável pela administração dos recursos, é a organização territorial que reúne a rede para esse encontro. A atual Casa da Memória, em Rosario, foi a residência do casal Etelvino Vega e María Ester Ravelo, ambos cegos, ativistas sociais sequestrados e desaparecidos pela ditadura no país. Desde sua recuperação jurídica, social e política, em 1994, tem contribuído para a preservação da memória coletiva e se tornou um centro de promoção e desenvolvimento do patrimônio imaterial de Rosario, relacionado com práticas democráticas e defesa dos direitos humanos. Neste espaço ocorrem diversas atividades artísticas e culturais, como oficinas, ensaios, palestras, debates, biblioteca e rádio.
Já a Associação Grupo Tradicional Kamba Cúa, que atua em uma comunidade afro-paraguaia na cidade de Fernando de la Mora, se dedica desde 1980 ao resgate e divulgação da cultura, dança e música de afrodescendentes em espaços educativos, culturais, oficinas e eventos nacionais e internacionais festivais. O grupo também é conhecido como “Ballet Kamba Cúa de Lázaro Medina”.