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Anunciados os projetos selecionados na primeira etapa do Plano de Compromisso Cultural de Córdoba
Em 17, jun 2020 | Em Notícias | Por IberCultura
Mais de 600 pessoas foram beneficiadas na primeira etapa do Plano de Compromisso Cultural lançado pela Subsecretaria de Cultura da Municipalidade de Córdoba (Argentina). A iniciativa consiste em uma série de ações destinadas a atender os/as trabalhadores/as da cultura em Córdoba capital na atual conjuntura de pandemia por Covid-19.
A primeira etapa consistiu na implementação de três programas: “Arte hoje”, destinado a artistas visuais e multimídia; “Cultura em movimento”, destinado a artistas e fazedores em artesanato, letras, audiovisuais, gastronomia, design e gestão cultural, entre outras disciplinas; e “Cenas para o encontro”, destinado a artistas que vão se apresentar em artes cênicas, musicais e sonoras.
Foram recebidos 830 formulários, dos quais 741 reuniram os requisitos estabelecidos no regulamento da convocatória. Desses 741, foram selecionados 527 projetos em suas apresentações individuais e grupais, o que chega a um total de aproximadamente 670 pessoas beneficiadas.
Em todos os casos se trata de contratação de cursos, seminários, sessões, apresentações musicais e/ou exibições visuais para serem desenvolvidas em formato virtual ou presencial. Grande parte destas atividades darão corpo à programação do Circuito Social Barrial (centros culturais, centros de vizinhos, parques educativos, escolas, etc.), a se realizar quando a atividade for habilitada.
Próximas etapas
O programa Territórios, cuja convocatória se encerra na próxima sexta-feira, 19 de junho, representa a segunda fase do Plano de Compromisso Cultural, com a apresentação de projetos socioculturais por parte das organizações sociais de bairro.
Na terceira etapa será a vez do programa Desafios, que terá seu edital aberto de 3 a 17 de agosto, contemplando atividades formativas de promotoras culturais comunitárias, através de um programa de capacitação destinado a mulheres de organizações culturais territoriais.
Já o Programa de Formação Contínua de Carnavais, que terá inscrições abertas de 10 a 24 de agosto, oferecerá capacitação para a elaboração de estratégias para a organização de festejos comunitários de carnaval, atendendo uma crescente celebração popular da cidade.
Comissões avaliadoras
Representantes da Universidade Nacional de Córdoba, da Universidade Provincial de Córdoba, da Subsecretaria de Cultura e da Direção de Direitos Humanos da Municipalidade de Córdoba formaram as comissões encarregadas de avaliar os casos dos postulantes na primeira etapa do plano. Os critérios atendidos para a seleção das propostas foram a situação socioeconômica do/da postulante e a pertinência, viabilidade e interesse da proposta a ser desenvolvida em cada caso.
Confira a lista de propostas beneficiadas
Fuente: Municipalidad de Córdoba
(*) Córdoba é uma das municipalidades integrantes do Grupo de Trabalho de Governos Locais de IberCultura Viva. Saiba mais sobre o GT em https://bit.ly/2qfWWqB
Governo de Zapopan lança convocatória do fundo de emergência para o setor cultural do município
Em 09, jun 2020 | Em Notícias | Por IberCultura
O Governo Municipal de Zapopan (Jalisco, México) lançou o programa Ânimo Zapopan!, com algumas ações para a situação de emergência sanitária provocada pela Covid-19. A iniciativa conta com um fundo de 2 milhões de pesos mexicanos para apoiar a comunidade artística e cultural através de estímulos financeiros que lhe permita contar com um suporte para seguir criando conteúdo cultural e manter sua atividade econômica.
O edital para a primeira etapa do Fundo de Emergência para o Setor Cultural do município foi publicado na terça-feira passada, 2 de junho, e segue com inscrições abertas até 30 de junho. Para poder participar é necessário ser maior de idade; mostrar experiência de pelo menos três anos no âmbito que se postula; ser residente, ter seu espaço de produção em Zapopan, ou ter participado como executante, criativo, instrutor ou especialista em alguma atividade artística ou acadêmica organizada pelo governo municipal.
As categorias são: I) Educação Artística (Oficinas artísticas educativas); II) Profissionalização Artística (Taller de elaboração de portfólios de artes visuais e Oficina de museografia e montagem de exposições plásticas); III) Fomento e Difusão Artística (Intervenção de espaços públicos dos centros culturais; Produções cênicas independentes para companhias ou coletivos; Difusão de montagens cênicas infantis; Difusão de conteúdos cênicos); IV) Cultura Viva Comunitária (Laboratório de projetos e ações culturais comunitárias em Zapopan e Mediador comunitário).
Cultura comunitária
Na categoria de Cultura Viva Comunitária, serão concedidos 20 mil pesos por projeto selecionado no “Laboratório de projetos e ações culturais comunitárias”. Esta convocatória está dirigida a organizações, associações, coletivos, agrupações e iniciativas culturais ou de vizinhos, com o sem personalidade jurídica, que estejam interessadas em desenvolver projetos de cultura viva comunitária. As organizações devem contar com pelo menos dois anos de trabalho contínuo e comprovável em uma comunidade do município, e ser formadas por um mínimo de três pessoas (ao menos duas delas devem viver na comunidade onde trabalham).
As atividades devem ser realizadas em algum dos seguintes âmbitos: Comunicação e integração comunitária; Economia social e cooperativismo; Direitos de crianças e adolescentes; Cultura de paz; Processos artísticos comunitários; Recuperação da memória comunitária; Agroecologia, hortas comunitárias e cuidados com o meio ambiente; Herbolário e medicina tradicional; Costumes e saberes da cozinha tradicional; Projetos lúdicos e de fomento à leitura; Arte para a transformação social; Inclusão de grupos indígenas, migrantes e afrodescendentes; Equidade e diversidade sexual e de gênero.
As propostas selecionadas para “Mediador comunitário”, por sua vez, vão receber 30 mil pesos cada uma. Nesta categoria poderão postular gestores culturais que contem com experiência em elaboração, coordenação ou avaliação de projetos culturais comunitários, em trabalho com grupos e em articulação de redes colaborativas. Essas pessoas devem acompanhar o processo das organizações culturais comunitárias selecionadas no laboratório para a conceitualização, elaboração, acompanhamento em território e avaliação dos projetos.
Pontos de Cultura
Zapopan é uma das municipalidades integrantes da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais. A Direção de Cultura do Governo Municipal lançou recentemente, por meio do programa Zapopan Comunitária, o registro de organizações e agrupações culturais comunitárias e o registro de agentes aliados de Pontos de Cultura. Estes registros buscam identificar, reconhecer, fortalecer e propiciar a articulação em rede das organizações sociais que mantêm um trabalho contínuo a partir da arte e das culturas, contribuindo para atender necessidades locais (como a melhora de educação, saúde e segurança) e fomentar processos de desenvolvimento individual e comunitário.
Saiba mais sobre a convocatória
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GT de Governos Locais: algumas ações desenvolvidas nos territórios diante da emergência sanitária
Em 21, Maio 2020 | Em Notícias | Por IberCultura
O Grupo de Trabalho de Governos Locais do programa IberCultura Viva se reuniu por videoconferência no dia 7 de maio para discutir dois temas centrais: a proposta de criação da Comissão de Emergência COVID-19, sugerida por San Luís Potosí (México), e a elaboração do 4º Encontro de Redes IberCultura Viva, que se realizará de modo virtual no segundo semestre de 2020. Participaram da reunião 22 pessoas: 19 representantes de governos locais, dois da Unidade Técnica (Rosario Lucesole e Emiliano Fuentes Firmani), e o coordenador de Pontos de Cultura de Argentina e representante da presidência do programa, Diego Benhabib.
Um dos principais acordos deste encontro foi a formação da Comissão de Emergência desde a perspectiva da cooperação cultural, visando o intercâmbio de recursos técnicos e boas práticas que contribuam para enfrentar as repercussões da contingência de saúde pública. Para isso, se estabeleceu o compromisso de completar um formulário elaborado pelo governo de San Luis Potosí. Além disso, se decidiu pela criação de um banco de ferramentas para compartilhar conteúdos, módulos e capacitações para o uso de recursos digitais, destinados a organizações culturais comunitárias dos 25 governos locais integrantes do GT.
A respeito da construção do próximo Encontro de Redes IberCultura Viva, foram propostas temáticas que incluem o retorno ao território pós-pandemia, o aporte das políticas culturais ante a crise social e a conectividade como direito, entre outras. Os participantes da reunião também realizaram um breve diagnóstico das condições de cada um de seus territórios e compartilharam as ações que estão desenvolvendo para atender o setor cultural em geral, e comunitário em particular, ante a emergência provocada pela pandemia de COVID-19.
A seguir, algumas ações desenvolvidas pelos governos locais integrantes do GT ante a emergência sanitária.
Almirante Brown (Argentina)
Em Almirante Brown se está utilizando o Fundo Municipal das Artes para apoiar artistas e espaços culturais. Segundo Damián Albarracín, diretor de Cidadania Cultural, a municipalidade trabalha com dois registros – Registro Único de Artistas de Almirante Brown (RUAB) e Registro de Espaços Culturais (REC) – e tem acompanhado a inscrição de iniciativas locais nas convocatórias nacionais, como a do programa de Pontos de Cultura.
Eles também lançaram uma proposta digital, “Sem Sair de Casa”, onde são mostradas produções de artistas e artesãos locais pela página do Instituto Municipal de la Cultura, e um programa, “Desafio Cultura”, em que vizinhos e vizinhas enviam suas atividades artísticas. “Também seguimos com as oficinas. Assim, nossos companheiros e companheiras oficineiros/as podem seguir recebendo neste momento de crise. Elas dão as oficinas em suas casas e publicamos na página”, completou o diretor, que também estuda a possibilidade de iniciar recitais no Teatro Municipal, para transmitir para a localidade, atendendo medidas sanitárias e com uma equipe mínima.
Arica (Chile)
Na cidade de Arica foi feito um cadastro para levantamento de artistas, e com ele um festival on-line chamado “Festival Arica Vive Cultura em Casa”. Estas ações são realizadas junto com o Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio do Chile, através de uma linha de apoio econômico para artistas da cidade. “O que fizemos foi nos vincular com outras direções do município, como a de Desenvolvimento Comunitário, buscando dar apoio imediato aos artistas que estão mais vulneráveis. (…) Todos os sábados fazemos apresentações de artistas locais por meio de nossas redes sociais. Esses artistas que se apresentaram até agora foram os que estavam mais precarizados, segundo o cadastro que realizamos”, destacou Víctor Rebolledo, diretor de Cultura de Arica.
Canelones (Uruguai)
Manuel Meléndez, diretor geral de Cultura da Intendência de Canelones, ressaltou a importância de políticas de Estado que nos últimos anos foram implementadas no país, não só em matéria de saúde, mas também em questões de conectividade, o que permitiu melhores condições para o desenvolvimento do teletrabalho e o diálogo com as famílias e comunidades neste contexto de adversidade. Também comentou que atualmente eles trabalham para unificar as ações da Direção de Cultura, através de propostas de artistas. A Unidade de Animação Cultural, por exemplo, trabalha a partir do jogo lúdico com propostas que buscam, por meio de redes sociais, página web, Whatsapp ou Telegram, criar outro tipo de vínculo entre as famílias e com a comunidade.
Segundo Meléndez, eles também seguem com atividades pedagógicas para a comunidade que participava das oficinas, propondo estratégias para gerar trabalho para os artistas do departamento de Canelones mediante concursos. “São artistas emergentes em sua grande maioria, que se não trabalham não comem”, afirmou o diretor de Cultura, ressaltando o apoio com cestas de alimentos e uma convocatória para que artistas possam projetar seus vídeos nas redes sociais e receber por isso. Os prêmios para os ganhadores de cada categoria são contratações por parte da Intendência de Canelones para atividades que vão se realizar depois de terminadas as medidas sanitárias.
Córdoba (Argentina)
Na cidade de Córdoba, a primeira ação foi cobrir a demanda de alimentos. Em seguida, a Subsecretaria de Cultura da Municipalidade de Córdoba colocou em ação o Plano de Compromisso Cultural, composto por medidas extraordinárias que contemplam alívio fiscal, prêmios e fundos de estímulo, programas, atividades e capacitações destinadas a distintos setores do campo cultural. “Há três programas basicamente, que constam da contratação antecipada de oficinas, produções cênicas e artes visuais, para poder gerar algum ingresso aos trabalhadores e trabalhadoras, aos artistas que hoje estão parados”, resumiu Marihem Soria, diretora de Cultura Viva da Municipalidade de Córdoba.
Outra etapa, iniciada em 18 de maio, é a abertura de Territórios, um programa similar a Cultura de Bairro e Pontos de Cultura que beneficia projetos de organizações culturais comunitárias. A Subsecretaria de Cultura também está trabalhando no desenvolvimento de duas instâncias de formação: uma para promotoras culturais territoriais, com perspectivas de gênero e o objetivo de repensar coletivamente estratégias e ferramentas para o reencontro em território pós-pandemia, e outra de formação para organizações de carnaval, buscando fortalecer as logísticas e propostas de celebração nos bairros. Ademais, continua-se trabalhando no Centro Cultural Comunitário La Piojera, de cogestão entre a municipalidade e organizações comunitárias, com plenários virtuais e produções digitais, que incluem entrevistas, espetáculos e uma campanha solidária.
Ensenada (Argentina)
Entre as ações desenvolvidas em Ensenada se encontram o apoio à apresentação de projetos locais a convocatórias nacionais; o apoio ao trabalho de comedores, merendeiros e espaços comunitários, com instâncias de educação a distância e cadernos para aqueles que não contam com acesso à internet; a transmissão de oficinas pela internet, e a difusão do trabalho feito por distintos artistas desde suas casas.
“Por outro lado, vimos trabalhando em um conjunto de capacitações com a Universidade Nacional de la Plata, sobre manejo de redes, produção audiovisual e produção vinculada às novas tecnologias, buscando também aportar ferramentas aos e às artistas da cidade para poder adaptar-se a esta nova etapa”, comentou Esteban Bravo, diretor de Cultura do município.
Entre Rios (Argentina)
Na província de Entre Ríos se lançou um observatório de atividades culturais e organizações culturais, com o fim de fazer um diagnóstico acerca da realidade que vem atravessando os coletivos, espaços e/ou agentes que habitam e trabalham no território provincial. “Muitos desses coletivos se encarregam não apenas do aspecto artístico e cultural, mas também oferecem possibilidades de alimento ou de outras questões necessárias para a comunidade”, observou Federico Prieto, diretor de Diversidade e Formação Cultural.
Prieto também comentou o trabalho conjunto com o Ministério de Desenvolvimento Social da província, no programa Poder popular, com vistas a abrir uma convocatória para coletivos, e ol trabalho na difusão das convocatórias lançadas pelo Ministério de Cultura da Argentina para apoiar as/os trabalhadores da cultura nesta emergência sanitária. “Outra questão que ativamos é um conselho provincial de cultura, inicialmente integrado por todas as áreas de cultura municipal e juntas de governo da província, mas que também está sendo estendida a coletivos, organizações, espaços culturais, agentes e redes que trabalham na província”, comentou o diretor.
Lima (Peru)
Na Municipalidade de Lima fez-se uma pesquisa de impacto e iniciou-se a implementação de uma área de pesquisa que permitirá gerar informação em matéria de cultura, de maneira articulada com o Ministério de Cultura do Peru. Também se lançou uma programação digital, “Cultura desde casa”, para a qual se fez uma primeira convocatória para artistas e criadores e se pretende continuar trabalhando com os diferentes atores do setor cultural.
Lima desenvolve um programa de cultura viva comunitária desde 2013, e conta com um registro das organizações que estão trabalhando nas comunidades, a maioria em situação informal. “Lima tem uma informalidade laboral de 70% de sua capacidade de trabalho, e isso tem gerado toda uma problemática social durante esses dias de quarentena. Temos tido reuniões com as organizações para ver com elas o caminho a seguir, sem desvirtuar a lógica do programa, e sim tratar de assumir os desafios e ver de que maneira o programa pode se fortalecer ou ampliar desde estas novas perspectivas”, comentou Fabiola Figueroa, gerente de Cultura da Municipalidade de Lima.
Marcos Juárez (Argentina)
Na Municipalidade de Marcos Juárez fez-se um mapeamento e um diagnóstico da comunidade, em que detectaram a desigualdade em torno do acesso às tecnologias e as dificuldades de trabalhar nesta época de confinamento. “Apresentamos um orçamento ao prefeito para realizar uns programas de TV que possam chegar a toda a comunidade, porque vimos uma brecha digital importante nestes tempos de conectividade forçada. (…) Nem todas as famílias contam com celulares ou PC nos territórios nos quais estamos trabalhando com as oficinas culturais de base comunitária”, contou Carola González, coordenadora de Cultura Comunitária da Direção de Ação Cultural e Esportiva de Marcos Juárez.
Medellín (Colombia)
Herman Montoya, coordenador da Área de Biblioteca, Leitura e Patrimônio de Medellín, comentou as três ações centrais que estão sendo realizadas no município: 1) um grande pacote de convocatórias para apoiar organizações culturais comunitárias, museus, artistas e outros atores do campo cultural; 2) a migração de conteúdos de biblioteca e da rede de Casas de Cultura para a modalidade virtual, com ênfase no trabalho com livrarias para a compra de exemplares; e 3) uma aliança internacional, com organizações e com cooperativas financeiras, para que apoiem as organizações sociais comunitárias, conseguindo empréstimos de recursos. “Também vamos fazer, com três cidades da Colômbia, com Barcelona e Havana, um exercício de formação virtual para bibliotecários, textos dos três países e sobretudo bibliotecários de caráter comunitário”, adiantou.
Niterói (Brasil)
Em Niterói, Alexandre Santini, diretor do Teatro Popular Oscar Niemeyer, contou que desde março está sendo realizado um conjunto de ações frente a crise sanitária. Algumas ações gerais da prefeitura incluem trabalhadores profissionais da cultura, empreendedores individuais, artesãos, trabalhadores da cultura tradicionais, como pescadores, e outros do setor, chegando a mais ou menos 50 ou 60 mil pessoas. Especificamente no setor da cultura, estão trabalhando com um programa chamado “Arte na Rede”, que, através de convocatória pública, selecionou 200 artistas para fazer entrevistas ou apresentações nas redes sociais de Cultura Niterói. Outro programa, “Boleto solidário”, consiste em uma pré-venda de propostas para espaços culturais.
“Começamos a juntar um grupo de trabalho para reflexionar sobre a perspectiva de abertura dos espaços culturais, pensar que tipo de ação se pode fazer”, comentou Santini, citando como exemplo a possibilidade de converter o pátio do Teatro Popular em um cine drive-in, com as pessoas dentro dos carros. “Além da ação local, está se juntando de novo uma potente rede de articulação em nível nacional com a Lei de Emergência Cultural, uma possibilidade de chegar a apoiar 20 mil espaços culturais de todo o país com fundos do orçamento nacional e também outras ações de convocatórias”.
Quilmes (Argentina)
Na cidade de Quilmes, além do trabalho através de redes sociais, estão sendo realizadas ações culturais nos centros de isolamento sanitários, para que aquelas pessoas que caem doentes e têm que atravessar a quarentena isolados de suas famílias possam ter acesso a livros e projeções audiovisuais. Também se criou um programa chamado Quilmes Educa, que conta com conteúdos preparados por distintas direções da Secretaria de Educação, Culturas e Esportes, e estão por lançar Enlace, um programa que oferece assistência a projetos culturais locais, vinculados a editais nacionais.
O município também está iniciando uma primeira pesquisa para o setor cultural da localidade, em articulação com o Sistema de Informação Cultural Argentino (SInCA) e o Mestrado de Indústrias Culturais da Universidade Nacional de Quilmes. “Acreditamos que com isso vamos poder ter um panorama melhor da realidade das instituições e das organizações culturais”, comentou Ezequiel Varela, diretor geral de Políticas Socioculturais da Subsecretaria de Cultura de Quilmes.
Salta (Argentina)
Na cidade de Salta foram realizados censos para a comunidade artística, e implementada uma plataforma digital, “Cultura em seu Bairro”, para fazer uma ponte entre artesãos, artistas e trabalhadores com a comunidade. Eles também estão desenvolvendo a “Feira 90”, uma feira de arte baseada no sistema de troca; apoiando atividades em restaurantes comunitários; trabalhando em um projeto de cine drive-in, para cinema e recitais; transmitindo aulas de teatro e um pequeno ciclo chamado ‘Desde o terceiro’, onde cada artista vai mostrando sua atividade e como segue trabalhando desde casa, e oferece sua obra. Contam, ainda, com um ciclo de música a distância e concursos de literatura.
“Temos um observatório onde vamos vendo que necessidades têm os bairros, e trabalhamos com 14 oficinas, onde gravamos música, artes plásticas, literatura, e publicamos isso nas redes”, contou Gabriel Miremont, secretário de Cultura de Salta. “O que mais estamos investindo agora é em tecnologia, para poder publicar todo nosso trabalho. (…) Basicamente, o que fazemos é socorrer diretamente a comunidade artística no que ela necessita, em como comer hoje e vender, nesta situação de emergência; e para aqueles que tem um pouco mais de margem, ir contratando serviços de música, de teatro, de letras, comprando produtos”.
San Luís Potosí (México)
A Direção de Cultura de San Luís Potosí lançou em abril “Resiliências”, um plano de ação de emergência que consiste em uma série de medidas com as quais busca contribuir para a salvaguarda e proteção do setor, com um investimento aproximado de US$ 83 mil para apoiar 2.615 expressões culturais através de algumas convocatórias. “Não tivemos até o momento nenhuma restrição ou recorte orçamentário, o que nos colocou numa situação favorável para poder dar uma resposta imediata em matéria da cultura”, explicou Cecilia Padrón, diretora de Cultura do governo municipal.
Em Resiliências está se trabalhando de uma maneira ativa em quatro componentes: 1) a Agenda Cultural Digital da Cidade (um canal de difusão alojado no portal cultura.sanluis.gob.mx, que se amplifica por redes sociais); 2) o “Kit de resistência cultural” (uma caixa com material didático que estimula o fomento à leitura, a criatividade do jogo e algumas atividades artísticas, e que se entrega a meninos e meninas que não contam com acesso à internet; 3) o Programa de Proteção e Fortalecimento às Culturas Vivas Comunitárias, que busca fomentar e proteger iniciativas de base comunitária com capacitação on-line e apoios econômicos; 4) a plataforma a distância UNESCO San Luis, um espaço para promover a reflexão coletiva e prosseguir com a construção da Carta da Cidade pelos Direitos Culturais (uma iniciativa que começou em dezembro com rodas de conversas e teve que ser suspenso devido à necessidade de isolamento social).
Zapopan (México)
Luisa Velásquez, chefa do Departamento de Cultura Comunitária da Direção de Cultura de Zapopan, comentou que eles estavam prestes a lançar o programa de cultura comunitária do município, mas tiveram que suspender as ações, dadas as circunstâncias da pandemia, e direcionar os fundos para fins de atenção da saúde. “Todos os fundos hoje estão indo para o programa de saúde e de assistência social, então a partir da cultura estamos buscando formas de apoiar as organizações, uma vez que começamos com um diagnóstico e um pré-registro a partir de um encontro realizado em dezembro”, ressaltou Velásquez, que pouco depois recebeu a confirmação do lançamento do registro dos Pontos de Cultura.
A Direção de Cultura de Zapopan também está trabalhando em capacitações de organizações para a inscrição em editais nacionais e planejando uma roda de conversa sobre economia social e solidária, em uma capacitação com a Rede Mexicana de Economia Comunitária (REMECC). Além disso, eles estão fazendo uma pesquisa com avós e organizações comunitárias, para levantar questões de resistência histórica: alimentares, de guerra, da revolução, da independência, da guerra cristera, e de como vem se conservando o patrimônio imaterial.
⇒Confira a ata da reunião do GT de Governos Locais
Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais conta com um novo espaço de cooperação: a Comissão COVID-19
Em 25, abr 2020 | Em Notícias | Por IberCultura
A Comissão COVID-19 da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais é um espaço a mais de cooperação e intercâmbio, extensivo ao Grupo de Trabalho de Governos Locais do Programa IberCultura Viva. Seu propósito é o de motivar a criação coletiva de estratégias que, a partir do local e em reconhecimento à diversidade de cada território, atuem em favor do setor cultural, com foco particular em suas comunidades, organizações, grêmios, coletividades, agrupações e agentes que movimentam, sustentam e impulsionam processos culturais de base comunitária.
Neste espaço de trabalho, os estados e municípios que fazem parte da Rede IberCultura Viva de Cidades e do GT de Governos Locais podem trocar experiências a respeito de recursos técnicos e boas práticas para enfrentar as repercussões da contingência sanitária ocasionada pela COVID-19. A intenção é sistematizar as medidas de nível local colocadas em funcionamento pelo setor público, voltadas para favorecer o exercício dos direitos culturais e motivar a participação na vida cultural.
Pensa-se a Comissão COVID-19 como um depósito de ferramentas compartilhadas, das quais os governos locais podem dispor, para elaborar ou fortalecer iniciativas públicas que contribuam para a proteção do setor cultural, diante do atual panorama de adversidades. A iniciativa foi proposta pela Direção de Cultura do Governo Municipal de San Luis Potosí (México), que acaba de lançar “Resiliencias”, seu Plano de Ação Emergente para o setor cultural local, e que coordenará as ações desta comissão.
Num primeiro exercício de coleta de informação, será distribuído por correio eletrônico um formulário que pode ser respondido pela pessoa ou instituição vinculada ao IberCultura Viva, da Rede ou do GT. Neste documento, os governos locais poderão descrever o cenário de saúde pública ou situação sanitária local em que surge a política, estratégia, plano, programa ou medida cultural emergente; comentar as problemáticas identificadas e as principais ações propostas, assim como informar o orçamento estimado e as estratégias de comunicação utilizadas, entre outros temas.
Espera-se como resultado desta aposta um “prontuário colaborativo”, de publicação e distribuição digital, que contribua para fortalecer a inteligência coletiva da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais.
. Consulta o documento “ponto de partida” da Comissão
- Conheça o Plano de Ação Emergente da Direção de Cultura de San Luis Potosí
- Consulte cuarentenacultural.org, iniciativa da sociedade civil que reuniu uma série de estratégias, recursos e diálogos, tanto do âmbito público, privado e social, para a proteção do setor cultural frente à emergência do COVID-19.
- Confira #CultureCOVID19 da Comissão de Cultura do CGLU, que enumera e enlaça os planos e programas culturais emergentes de mais de 30 cidades do mundo.
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San Luis Potosí lança pacote inicial de medidas para o setor cultural diante da COVID-19
Seminário em Niterói debate a gestão de políticas culturais na América Latina
Em 29, nov 2019 | Em Notícias | Por IberCultura
O Seminário Internacional Cultura e Democracia, que começou ontem (28/11) na cidade de Niterói (Rio de Janeiro), busca refletir e aprofundar o debate em torno das políticas culturais no Brasil, a partir de experiências locais e também de outros países da América Latina. As mesas de debate, que hoje ocupam vários espaços da cidade, como o Museu de Arte Contemporânea (MAC), o Solar do Jambeiro e o Museu Janete Costa de Arte Popular, contam com a participação de convidados da Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Portugal.
Diego Benhabib, coordenador do Programa Puntos de Cultura da Argentina e representante da presidência do IberCultura Viva, esteve na mesa “Desafios da Gestão de Políticas Culturais na América Latina”, ao lado de Ana María Restrepo (Colômbia), María Inés Silva (Chile) e Úrsula Rucker (Argentina). O debate terminou com uma apresentação da Sinfônica Ambulante.
Esta sexta-feira (29/11), das 18h às 19h, Rosario Lucesole, consultora de projetos de IberCultura Viva, ministrará a oficina “Mapeamento colaborativo de organizações culturais comunitárias” no Museu de Arte Contemporânea. Antes, das 15h30 às 18h, Benhabib e Lucesole participam do debate “Construindo uma política municipal de cultura viva”, com Leonardo Giordano (vereador, autor da Lei Cultura Viva de Niterói), Dani Pabón (Rede Cultura Viva Comunitária Equador) e Dani Oliveira (representante do Comitê Gestor de Cultura Viva em Niterói).
Niterói é uma das cidades integrantes do Grupo de Trabalho de Governos Locais do IberCultura Viva, formado em Quito (Equador) em novembro de 2017. Amanhã (30/11), dia do encerramento do seminário, o município formalizará sua participação na Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais com a assinatura da carta de adesão.
Confira a programação do seminário:
➡️ https://culturaniteroi.com.br/blog/?id=4529&equ=cultura
Fotos: Cultura Niterói
Uma “Varieté Comunitária” para encerrar o ano de Cultura de Bairro na cidade de Córdoba
Em 12, nov 2019 | Em Notícias | Por IberCultura
Nesta sexta-feira 15 de novembro, na cidade de Córdoba (Argentina), haverá uma “Varieté Comunitária” para compartilhar as produções e processos artístico-culturais vividos em distintos bairros do município. Esta feira de organizações sociais contará com estandes de alimentos e produtos, oficinas, intervenções artísticas, espetáculos, narrações de histórias, projeções e rádio aberta. O evento terá entrada gratuita e se realizará das 18h às 21h na Plaza Seca del Paseo de las Artes (entre Achával Rodríguez e Belgrano, B° Güemes).
As propostas que serão apresentadas na feira representam projetos apoiados pelo programa municipal Cultura de Bairro durante o ano 2019. A iniciativa apoia projetos culturais realizados por organizações de base, mediante uma convocatória aberta e pública da Municipalidade de Córdoba. Este ano foram beneficiados 24 projetos:
- . “Activando contra la violencia” Bº Villa Boedo. Organização: Mujeres Activando.
- “Construcción de Narrativas Audiovisuales Colectivas con perspectiva de Género” B° Los Naranjos. Organização: Cooperativa de Trabajo Caleidoscopio Ltda.
- “En la Memoria de les Niñes”. Bº IPV Arguello. Organização: Proyecto S. E. Abrapalabra y Escuela Primaria Hugo Leonelli.
- “Creación de la Mesa de G.C. del CIC Cabildo”. B° Cabildo. Organização: Espacio de Artistas Locales-Mesa de gestión CIC.
- “Jóvenes Sintonizados”. B° Villa Retiro. Organização: Jóvenes en Sintonía.
- “Interculturalidad, Sabores y Saberes Culturales”, B° Güemes. Organização: Grupo de Mujeres Concretando Sueños (mujeres migrantes cordobesas).
- “El Bajo Templa Candombe”. B° Bajo Pueyrredon. Organização: A.C. Un Nuevo Comienzo C.C El Chapón.
- “La Nelly Editora”. B° Los Bulevares. Organização: Asociación Civil Biblioteca Popular Nelly Llorens.
- “Narrativas Disidentes en la Escuela”. B° Juan Pablo II y Centro. Organização: Enfoca- Colectivo de Fotógrafas, Comunicadoras y Diseñadoras.
- “Las Niñas y los Niños de la Julio Cortázar se preguntan a Viva Voz” B° San Vicente. Organização: Biblioteca Popular Julio Cortázar y radio Comunitaria La Quinta Pata.
- “De Historias y Resistencias de Lxs Wachxs del Tropezón” B° Villa El Tropezón, Villa El Sauce y La Toma. Organização: Lxs Wachxs del Tropezón.
- “Payaseria Comunitaria en Bº San Martin” B° San Martin. Organização: Las Napias Encuentro de Mujeres Payasas.
- “Taller de Iniciación Musical y Ejecución de Instrumentos”. B° Zepa B. Organização: Comedor El Polito con El Encuentro de Organizaciones.
- “Serigrafiando Ando” B° Márquez Anexo y Alrededores. Organização: Mesa de Niñez del Márquez Anexo.
- “Pachamama, Madre Tierra. Otro Modo de Encontrarnos” B° Villa 9 de Julio. Organização: Red Villa 9 de Julio.
- “La Favela Donde los Niños y las Niñas Intercambian saberes” B° La Favela. Organização: Favelita.
- “Nuestro Grito de Carnaval” B° Los Cortaderos. Organização: Murga Poderoso carnaval.
- “Acuerparse- Taller de Exploración y Memoria del Movimiento Destinado a la Población Trans de Córdoba Capital, Bº Centro, Transversal. Organização: Danza Munata en Asociación con Ser Trans.
- “Cuerpas en Movimiento” Bº Villa El Sauce y El Tropezón. Organização: Fundación La Morera, Centro de Salud 99 Bº Los Robles.
- “Las Voces del Barrio” Bº Villa Bustos. Organização: La Minga.
- “Entramándonos por el derecho a la Belleza” Bº Márquez Anexo. Organização: Grupo de Mujeres “Encuentro de lilas, mujeres en libertad”, Mesa de Gestión y Red de Mediadores Literarios VaiVen.
- “Ludobiblioteca andariega” Bº Villa El Tropezón. Organização: Red del Tropezón y el Sauce: “Remando entre barrios”
- “Mototeca biblioteca barrial móvil” Bº Rivera Indarte. Organização: Centro Vecinal de Villa Rivera Indarte.
- “Revista barrial La Vox de l@s chic@s de Cabildo. Bº Cabildo. Organização: Sedronar, Centro de Salud 97 y Centro de Acceso a la Justicia-Mesa de Gestión del C.I.C. Cabildo.
Mais sobre Cultura de Bairro
O programa surgiu como resposta a necessidades específicas de numerosas organizações culturais de bairros que vêm levando a cabo projetos nascidos das próprias comunidades, de maneira independente, e com dificuldades para dar continuidade a eles em virtude das limitações econômicas.
Neste sentido, o município somou uma modalidade de apoio, modificando o paradigma habitual de o Estado propor algo para os vizinhos, começando a dar lugar a projetos que surgem nas organizações e instituciones de base, verdadeiros protagonistas e conhecedores do território.
Cultura de Bairro busca fortalecer projetos culturais que promovem o acesso à cultura, à participação cidadã e o trabalho em rede para a resolução da complexidade de problemas enfrentados pelos territórios. Os distintos projetos funcionam como espaços recreativos que impactam positivamente em situações sociais complexas, ampliando direitos nos bairros da cidade.
Fonte: Municipalidad de Córdoba
* A Municipalidade de Córdoba é uma das integrantes do Grupo de Trabalho de Governos Locais de IberCultura Viva, formado em Quito (Equador) em 2017, para a articulação da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais. Saiba mais sobre o GT em: https://iberculturaviva.org/rede-ibercultura-viva-de-cidades-e-governos-locais/
San Luís Potosí: uma mesa intersetorial para a construção participativa da política cultural local
Em 26, jun 2019 | Em Notícias | Por IberCultura
San Luis Potosí (México) foi um dos primeiros municípios a aderir à Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais. A carta de adesão foi entregue ao programa por Gerardo Daniel Padilla González, coordenador de Inovação e Desenvolvimento Institucional, em representação de Cecilia Padrón Quijano, diretora de Cultura do Governo Municipal, durante o 3º Encontro de Redes IberCultura Viva, realizado nos dias 16 e 17 de maio na cidade de Buenos Aires (Argentina).
Gerardo Padilla foi um dos quatro expositores do painel sobre experiências de gestão cultural comunitária participativa que encerrou o primeiro dia do encontro. Em sua apresentação, explicou como se deu o processo de construção participativa da política cultural potosina. A experiência realizada no município com a Mesa Intersetorial e de Desenho da Governança Cultural (MID) está em processo de validação para que se integre entre as boas práticas da Agenda 21 da Cultura.
Antecedentes
Para contextualizar os antecedentes que deram lugar às ferramentas e ações que vêm sendo implementadas desde 2018 em San Luis Potosí, a apresentação começou com uma retrospectiva da evolução das políticas culturais no México, desde o início do século XX até a atualidade, ressaltando pontos importantes, como a criação (em dezembro de 2015) da Secretaria de Cultura do Governo Federal e a aprovação (em junho de 2017) da Lei Geral de Cultura e Direitos Culturais.
Padilla comentou que, na história recente, o modelo de promoção cultural dos governos mexicanos ganhou força e expertise em aspectos focalizados da cultura: 1) patrimônio cultural; 2) difusão e promoção das expressões artísticas; 3) culturas populares, indígenas e urbanas (de maneira intermitente); 4) turismo cultural; 5) indústria cultural. Segundo seu estudo, a discussão sobre os direitos culturais vem de uns 50 anos, tendo ganhado relevância por volta de 2015, após a criação da Secretaria de Cultura, entendida como o órgão encarregado de desenhar, executar e coordenar as políticas públicas nacionais em matéria de arte e cultura (seu antecedente imediato foi o Conselho Nacional para a Cultura e as Artes – Conaculta).
Estas recentes mudanças de enfoque estão relacionadas com a reforma de um artigo da Constituição Política de los Estados Unidos Mexicanos, o artigo 4º, que estabelece o direito de toda pessoa ao acesso à cultura e ao desfrute dos bens e serviços prestados pelo Estado na matéria, assim como o exercício de seus direitos culturais.
Ante a essas reflexões nacionais, foi criada a Lei Geral de Cultura e Direitos Culturais, publicada no Diário Oficial da Federação em 19 de junho de 2017. As disposições desta lei “são de ordem pública e interesse social e de observância geral no território nacional”, como diz o Artigo 1. Por isso, em função desta normativa, muitos governos locais estão tentando reconfigurar-se em termos programáticos de políticas públicas.
Rastreabilidade e traçabilidade
Segundo Padilla, o desafio que supõe uma história de desenvolvimento institucional com momentos políticos tão diversos é a impossibilidade de identificar, à primeira vista, critérios importantes na evolução das agendas culturais nacionais, como os critérios de rastreabilidade e traçabilidade. No primeiro caso, para saber como se desenvolveram no tempo as políticas públicas; e no segundo, para conhecer como contribuíram, nas estratégias culturais conjuntas, os níveis federal, estadual e municipal.
“No caso de San Luís Potosí, não havia instituição cultural nem política cultural. Ou seja, zero traçabilidade, zero rastreabilidade”, comentou o coordenador de Inovação e Desenvolvimento Institucional. “O departamento encarregado de Cultura estava vinculado ao departamento de Turismo, reafirmando a política de turismo cultural que permeava o país. (…) Com a intenção de criar uma Direção de Cultura com um enclave não no turismo cultural, e sim em direitos culturais, tivemos que detectar algumas coisas.”
“Padecíamos de ‘eventites’. A estratégia de atuação pública em matéria cultural centrava-se exclusivamente na programação de eventos de animação de alto impacto para a promoção turística. Era um festival atrás de outro festival […], todos com a intenção de elevar os indicadores de turismo da cidade”, afirmou.
Um modelo hipotético
Uma vez assegurada que a nova aposta local seria por “democracia cultural e direitos culturais”, criou-se um modelo hipotético para a construção de uma nova política pública em matéria de cultura. Foi contemplada uma série de componentes: a cultura como direito humano; o enfoque de prioridades para comunidades historicamente invisibilizadas; as artes deixando de ser o centro para ser mais um elemento do desenvolvimento cultural; a cultura deixando de ser impulsionada como projeto, para fortalecer-se como processo; a estruturação das equipes de governança baseada em critérios de diversidade cultural (em vez da perspectiva da disciplinaridade artística).
“Uma das tarefas era identificar o papel da cultura como pilar de desenvolvimento e baixar a carga de imposição da agenda cultural (governamental), para fortalecer a agenda cultural das organizações”, ressaltou Padilla. “E, finalmente, mudar a medição dos indicadores, porque os indicadores estavam em termos de quantidade de boletos vendidos, quantidade de pessoas que comparecem, a evidência era uma fotografia… Começamos a reconfigurar a medição como um processo qualitativo, para saber, por exemplo, como a cultura estava transformando vidas.”
A mesa intersetorial
Estava claro, então, que a aposta na política cultural local requereria, pelo menos, a criação de uma nova agenda programática, de novos indicadores e a garantia de um pacote orçamentário. Faltava, no entanto, abrir um diálogo permanente, substantivo e vinculante para o que se queria fazer. Assim nasceu a Mesa Intersetorial e de Desenho para a Governança Cultural (MID).
A MID é um órgão colegiado representativo, técnico, consultivo, honorário e temporal, entendido como um instrumento auxiliar e de colaboração para definir assertivamente o rumo da política cultural do município em matéria de governança e participação social na cultura, aproximando a perspectiva de outras realidades socioculturais para o fazer público encabeçado pelo governo da cidade.
São 33 cadeiras, e existe o compromisso de incorporar outras duas, em matéria de cultura comunitária. A organização é por setores (conta com um secretariado técnico, representantes do setor público, do setor acadêmico, do terceiro setor, do setor privado, da comunidade artística) e por temas/matérias (direitos humanos, paz, território e cidade, juventudes, gênero e igualdade, povos originários, patrimônio e memória, espaços culturais independentes, indústrias criativas, inovação e desenho, etc).
Trata-se de um órgão temporário, porque chegará um momento em que terminará sua atividade de desenho e prototipado para dar lugar a um órgão cidadão institucionalizado e auxiliar da administração pública municipal. “A MID enfrenta um dilema todos os dias: o de aproximar-se de seu objetivo. É temporal, mas possivelmente depois se transformará em um Conselho de Cultura para que seja permanente”, explicou Padilla antes de detalhar um pouco mais este exercício que atualmente estão propondo para a Agenda 21 da Cultura.
“É uma mesa porque dispõe de cadeiras de representação, e seus integrantes acodem a ela. É um espaço sério e animoso, que reúne vontades e aglutina pessoas para dialogar, reflexionar, intercambiar e chegar a consensos. Tentamos que seja o menos governamentalista possível, partindo de que os que aí estamos somos agentes culturais”.
“É intersetorial porque articula agentes e atores de diferentes setores da sociedade, favorecendo a abordagem multidisciplinar que merece a cultura, desde os diferentes níveis e poderes de governo, a academia, a sociedade civil organizada, a iniciativa privada e a comunidade artística.
“É de desenho porque se baseia em um modelo que aposta pela inovação governamental, não se assimila como um espaço passivo e vertical que dá anuência das decisões de uma única voz; ao contrário, é participativa, deliberativa, engenhosa, imaginativa. É uma oficina de protótipos e de desenho social.
“E é de governança cultural porque vê na governança e na garantia da participação social seu fim último, como uma busca adequada para que o governo seja de todos e de todas”.
A construção da política
O primeiro trabalho da MID foi a construção da política cultural local. Com as propostas coletadas nos diferentes espaços de consulta e diálogo realizados em San Luís Potosí em 2018 foi elaborado um documento rascunho (em código aberto) com as linhas estratégicas que poderiam integrar o Capítulo de Cultura do Plano de Desenvolvimento Municipal 2018-2021. Ao longo do mês de novembro, vários fóruns temáticos foram celebrados com o propósito de consultar a organizações, câmaras, coletivos, agrupações gremiais, grupos organizados, comunidades indígenas, mulheres, representações profissionais, comerciais, industriais, crianças e adolescentes e a população em geral a respeito dos componentes estruturais da política pública para o desenvolvimento local.
O total de participantes chegou a 276, entre atores, atrizes e agentes culturais no município. No final, as propostas para a construção do Plano de Desenvolvimento chegaram a 320, considerando aquelas recebidas em dias posteriores à celebração dos fóruns, remetidas via postal ou entregues nos escritórios da Direção de Cultura; assim como as opiniões recuperadas de outros fóruns temáticos.
Com este material chegou-se à articulação das propostas em 26 linhas estratégicas transversalizadas. As linhas se dividiram em quatro matérias: 1) Democracia cultural (Governo aberto, Planejamento participativo, Governança cultural); 2) Direitos culturais (Cultura comunitária, Acessibilidade cultural, Patrimônio cultural e memória histórica, Participação na vida cultural, Capital semente e fortalecimento de processos, Digitalidade); 3) Equidade territorial (Espaço público, Infraestrutura comunitária, Modelo metropolitano de cultura, Planejamento territorial e desenvolvimento urbano); 4) Fomento da criatividade (Desenvolvimento artístico e liberdade de criação, Fomento à leitura, Educação e formação artística, Economia cultural e criativa, Turismo cultural sustentável).
“(Na MID e nas outras mesas de trabalho) passamos por processos de contundência, de muita efervescência, mas também por processos muito gratificantes”, comentou Padilla. “No princípio, naturalmente houve muito ceticismo […], chegaram a nos perguntar ‘qual era o truque?’. Tivemos que começar a criar alianças com cada um dos atores, e nos demos conta que o grande ponto de sustentação do diálogo cultural não é, de fato, que todos estejam a seu favor, e sim procurar manter sempre uma mirada crítica e uma reflexão construtiva. Nos demos conta de que construir justamente no meio (de cima para baixo e de baixo para cima), é um ponto de negociação muito bom.”
Confira o Capítulo de Cultura do Plano de Desenvolvimento Municipal 2018-2021 de San Luís Potosí: bitly.com/YoRetroalimento
*A apresentação de Gerardo Padilla teve transmissão ao vivo em 16 de maio de 2019:
https://www.facebook.com/iberculturaviva/videos/2097231490569360/