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Arquivos Pontos de Cultura - IberCultura Viva

16 propostas de intercâmbio foram selecionadas no edital IberEntrelaçando Experiências 2024

Em 17, out 2024 | Em Destaque, Editais, IberEntrelaçando Experiências, Intercâmbios, Notícias | Por IberCultura

(Foto: Arquivo do Colectivo Runapacha e Kusikui, atividade autogestionada)

 

O programa IberCultura Viva publicou nesta quinta-feira, 17 de outubro, o resultado final da edição 2024 da convocatória IberEntrelaçando Experiências. Das 21 propostas de intercâmbio enviadas à plataforma Mapa IberCultura Viva durante o período de inscrição, 16 foram selecionadas.

Este edital, que coloca em circulação os projetos do Banco de Saberes Culturais e Comunitários IberCultura Viva, tem um valor total de 31 mil dólares. Como estabelecia o regulamento, a seleção final contemplou como critério a  diversidade cultural, garantindo que fossem selecionados, em primeiro lugar, projetos provenientes de diferentes países. 

As 16 propostas selecionadas têm como anfitriãs organizações culturais comunitárias de Argentina (2), Brasil (2), Colômbia (2), Costa Rica (1), Equador (1),  Espanha (2), México (3), República Dominicana (1) e Peru (2). Esses intercâmbios serão realizados entre novembro e janeiro de 2025

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Confira a ata com a lista de propostas selecionadas

 


A seguir apresentamos as propostas selecionadas nesta edição da chamada. Os países destacados são os das organizações que se apresentam como anfitriãs.

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 ARGENTINA

O Centro Cultural La Piojera recebe “Itinerarte – Oficina de Planejamento e Produção de Eventos Comunitários, Culturais e Artísticos em Espaços de Bairro”, de Más Música, Menos Balas (México)

Onde será realizado o intercâmbio: Cidade de Córdoba (Argentina)

Quem viaja

Pessoas facilitadoras: Gabriela Belén Palacios e Claudio Germán García

Organização responsável: Más Música, Menos Balas

Más Música, Menos Balas é um movimento que busca promover a paz e a prevenção da violência por meio da música e outras expressões artísticas. Começou em 2011 em Acapulco (Guerrero, México), e também teve impacto em Jalisco, com atividades como intervenções artísticas em espaços públicos, exposições de arte, concertos, apresentações de livros, oficinas culturais, educativas e recreativas para a comunidade, além de projetos de desenvolvimento comunitário e espaços de diálogo e organização de feiras. Atualmente, a organização faz parte do Grupo Impulsor do 6º Congresso Latino-americano de Culturas Vivas Comunitárias, que será realizado em abril de 2025 no México.

A proposta: Com a oficina “Itinerarte”, a organização pretende mostrar como os eventos comunitários, culturais e artísticos em espaços de bairro podem ser ferramentas poderosas para fortalecer a coesão social e promover a paz. Alguns aspectos-chave incluem a identificação das necessidades locais e a concepção criativa de eventos que reflitam a diversidade cultural e incentivem a participação ativa. No final da oficina, as pessoas participantes estarão mais bem preparadas para organizar eventos culturais inclusivos e significativos nos seus bairros, em diferentes formatos que permitem a itinerância.

Quem recebe

O Centro Cultural La Piojera é um cinema e teatro histórico recuperado por iniciativa e luta de vizinhas e vizinhos. Por meio da Portaria nº 12.976, La Piojera adquiriu uma modalidade de administração única na Argentina, baseada em um espaço de cogestão e participação comunitária. A experiência de governança do município com organizações e instituições da cidade de Córdoba é um marco de participação comunitária para a região. La Piojera é um “Bem de Interesse Histórico Nacional”, declarado pela Comissão Nacional de Monumentos, Lugares e Bens Históricos.

Desde a sua reabertura, em 2019, ali se desenvolve intensa atividade, focada na ampliação do acesso a experiências culturais para setores populares. Escolas, centros de repouso, vizinhos e vizinhas reúnem-se ali com diferentes expressões artísticas, como cinema, dança, teatro e música, gratuitamente. 

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A Associação Diversidad Valiente Santiagueña (Di.Va.S) recebe a “Clínica Intensiva de Práticas Arquivísticas Pessoais”, da associação Archivo Memoria Trans (Buenos Aires)

Onde será realizado o intercâmbio: Santiago del Estero (Argentina)

Quem viaja

Facilitadora: Carolina Nastri

Organização responsável: Arquivo da Associação Civil da Memória Trans

A Associação Civil Archivo de Memória Trans é um espaço de proteção, construção e reivindicação da memória trans. O material gravado vai do início do século XX até o final da década de 1990. Seu acervo preserva uma coleção que inclui memórias fotográficas, cinematográficas, sonoras, jornalísticas e peças diversas, como carteiras de identidade, passaportes, cartas, bilhetes, arquivos policiais, artigos de revistas e diários pessoais. 

A proposta: A “Clínica Intensiva de Práticas Arquivísticas Pessoais” prevê duas sessões, nas quais se abrirá um processo de trabalho colaborativo, como laboratório de ideias, para refletir sobre as possibilidades e limitações oferecidas pelos documentos arquivísticos, e compreender seu valor documental e historiográfico das fotografias e documentos. (Quando e como criamos arquivos? Quais são os nossos percursos, as nossas referências, as nossas bibliografias? Quem nos ensina? Quem escreve as histórias?) 

Quem recebe

Diversidad Valiente Santiagueña (Di.Va.S) é uma associação civil sem fins lucrativos cujas atividades centrais são a sensibilização, informação e formação em torno da defesa dos direitos das pessoas LGBTIQ+.  Sua sede, a Casa da Diversidade, na capital Santiago del Estero, é referência provincial e regional no tema e conta com um Arquivo da Memória das Mulheres Trans em Santiago del Estero, que constitui um espaço de conservação e construção do coletivo.

Este intercâmbio visa capacitar a comissão responsável pelo arquivo, a fim de: a) Aumentar os registros digitais (fotos, histórias, documentos) para outras dissidências, como lésbicas, homens trans e pessoas não binárias; b) Reforçar as capacidades de gestão, saberes e conhecimentos sobre questões arquivísticas; c) Abordar os problemas enfrentados pelas dissidências, desenvolvendo conteúdos que dêem visibilidade aos direitos sexuais, reprodutivos e laborais, à militância do grupo na sua luta pelo prolongamento da esperança de vida, pelo acesso à educação, à habitação digna e a uma maior participação política.

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BRASIL

O Ponto de Cultura Oficinativa/AfroEscola recebe a oficina “Criação de livros infantis com visão intercultural”, da Associação Runapacha (Colômbia) 

Onde será realizado o intercâmbio: Santo André, São Paulo (Brasil)

Quem viaja

Pessoas facilitadoras: Tisoy Tandioy e Juan Camilo Ruiz Eraso

Organização responsável: Asociación Runapacha (Colômbia) 

A Associação Runapacha é um grupo formado por mulheres e homens da comunidade Inga de Santiago Putumayo, que desde 2019 buscam promover o fortalecimento do conhecimento ancestral por meio da cultura, das artes, da literatura e do audiovisual, com foco especial nas línguas ancestrais ​​das comunidades (Inga, Kichwa ou Runa Shimi). Na Biblioteca Rural Itinerante Taita Gabriel Tisoy, localizada em seu território, desenvolvem atividades culturais baseadas em suas tradições e língua ancestral. 

A proposta: O objetivo da oficina proposta pela Associação Runapacha no Banco de Saberes IberCultura Viva é fornecer princípios para a criação de livros infantis a partir do conhecimento das comunidades, de suas experiências, de seu território e de suas línguas. 

Quem recebe

A AfroEscola existe como coletivo e iniciativa sociocultural desde 2006 e se preocupa em dar visibilidade e valorização às africanidades, originais e da diáspora, ancestrais e contemporâneas, pesquisando e compartilhando tecnologias, saberes e fazeres em diversas áreas da vida: alimentação, habitação, mobilidade, educação, saúde, turismo, lazer, geração de renda/trabalho, etc. 

Segundo eles, o intercâmbio com a Associação Runapacha será importante para poder aprender/melhorar a questão das publicações de suas próprias memórias, de modo sustentável e criativo, e também como estímulo para investigar mais profundamente as línguas afro e indígenas de seus territórios. 

Com os facilitadores da oficina pretendem realizar estudos sobre suas origens ancestrais indígenas; produzir itens de literatura étnica; apreciar materiais e conteúdos dos povos ameríndios; coletar depoimentos e imagens para seu acervo memorial e promover o intercâmbio de materiais simbólicos de suas culturas.

O Centro Cultural Ilê Asé Iya Oju Omi recebe a oficina “Bem viver na cidade: recuperação de saberes ancestrais, práticas bioculturais e artes comunitárias”, do Ponto de Cultura Arena y Esteras (Peru)

Onde será realizado o intercâmbio: São Pedro da Aldeia, Rio de Janeiro (Brasil)

Quem viaja

Pessoas facilitadoras: Ana Sofia Pinedo Toguchi e Cesar Arturo Mejia Zuñiga

Organização responsável:  Asociación Taller de Educación y Comunicación a través del Arte Arena y Esteras (Peru)

Criada em 1992, Arena y Esteras é uma organização formada por pessoas de Villa El Salvador e Lima Sul, que, por meio do teatro comunitário, do circo social, das artes vivas e da comunicação popular, buscam tornar visíveis os problemas estruturais, valorizar as culturas locais e promover processos de recuperação de saberes ancestrais para fortalecer as comunidades. 

A proposta: A Escola de Bem Viver Urbano é uma proposta que integra práticas bioculturais: hortas, compostagem, ligações com rios, morros, junto com rituais urbanos (cerimônias, huacas, mitos), bem como a recuperação de saberes e artesanatos (tecelagem, cura com ervas, alimentos tradicionais, sementes). Essas aprendizagens são articuladas por meio de processos criativos que incluem o teatro comunitário e o circo social como alavancas que permitem processar afetivamente os saberes e compartilhá-los em ambientes urbanos de forma lúdica e dinâmica. 

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Quem recebe

Criado há mais de 20 anos, o Ilê Asé Iya Oju Omi é o primeiro Ponto de Cultura afro e indígena de São Pedro da Aldeia (Rio de Janeiro), também reconhecido como “Ponto de Memória” pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). É uma comunidade matriarcal voltada para o sagrado feminino que reverencia Oxum e Oxóssi, um terreiro de acolhimento, ativista das causas raciais, preservando a memória coletiva afro-diaspórica e dos povos originários. O terreiro atua na região das baixadas litorâneas como um polo de salvaguarda do patrimônio afro brasileiro, beneficiando diretamente em torno de 50 agentes comunitários.

O intercâmbio com o Ponto de Cultura Arena y Esteras busca valorizar saberes ancestrais, se reconectar com a natureza e a cultura, além de fortalecer as/os integrantes do Ilê por meio do teatro comunitário, do circo social e de práticas bioculturais. Estas atividades reforçarão o papel da casa como espaço de preservação cultural e fortalecimento comunitário.

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COLÔMBIA

A Fundação Changuito Visual recebe o projeto “Ponto de Gestão Cultural Comunitário”, da Fundación Comunidad Contemporánea (Argentina)

Onde será realizada o intercâmbio: Vale do Cauca, Cali (Colômbia)

Quem viaja

Facilitador: Cristian Coronel 

Organização responsável: Fundación Comunidad Contemporánea

Comunidad Contemporánea

A Fundación Comunidad Contemporánea teve início em 2004, em Quilmes (Argentina), e foi oficialmente instituída em 2019. Tem como missão promover a cidadania ativa e participativa por meio de programas educacionais, artísticos, sociais, culturais, de pesquisa e cooperação, abrangendo seis eixos estratégicos: Cultura Livre, Soberania Audiovisual, Comunicação Alternativa, Arquitetura Comunitária, Práticas Sociais Educacionais e Redes de Cooperação. 

A proposta: O Ponto de Gestão Cultural Comunitário busca trabalhar problemas relacionados à aprendizagem de práticas comunitárias e construir metodologias baseadas na autogestão, na ajuda mútua e no território. É um espaço de encontro de agentes culturais, focado no aprendizado comunitário por meio de oficinas, buscando a criação de projetos conjuntos. Está previsto um sistema de práticas que incentive o intercâmbio e a implementação de projetos no território.

Quem recebe

Changuito Visual é um laboratório itinerante de educomunicação da cidade de Cali, empenhado em promover projetos político-pedagógicos de participação de crianças e adolescentes, focados no real protagonismo nas questões que os afetam. O objetivo é proporcionar espaços de aprendizagem, reflexão e ação onde as crianças desenvolvam, potencializem e fortaleçam competências criativas e socioemocionais baseadas em diferentes técnicas de comunicação, que lhes permitam, por um lado, reconhecerem-se como sujeitos de direito, e por outro, expressar livremente seus sentimentos e pensamentos em relação ao contexto em que vivem. A fundação criou diferentes metodologias de pesquisa-ação participativa com as crianças de Cali e suas periferias, como a Amarelinha da Participação Infantil, a Gincana Abya Yala e os Colaboradores Transmídia de Gráfica “Anti-adultista”.

Segundo a organização anfitriã, este intercâmbio será uma oportunidade valiosa para fortalecer os laços entre agentes sociais, artistas e associações civis e enriquecer novas práticas pedagógicas a partir de seus enfoques na cultura livre, na soberania audiovisual e na comunicação alternativa.

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A Associação Runapacha recebe o laboratório/oficina “Dance do seu jeito, o corpo como texto”, da Asociación Cultural Akántaros (Espanha)

Onde será realizado o intercâmbio:  Santiago, Putumayo (Colômbia)

Quem viaja

Pessoas facilitadoras: Laura Szwarc e Mario Muñoz

Organização responsável: Asociación Cultural Akántaros

Akántaros é uma associação multicultural e transdisciplinar dedicada à arte e à educação. Um coletivo que realiza ações baseadas em metodologia laboratorial como espaço de pesquisa, experimentação e criação, em constante diálogo com o contexto e seus imprevistos. O trabalho de Akántaros é realizado desde 2000 em constantes ações participativas e processos comunitários. 

A proposta: A dança nos mostra a linguagem do corpo. Cada corpo, através da dança, amplia e investiga suas possibilidades de movimento e quietude, seus gestos, posturas, tons, destrezas e habilidades. A proposta consiste em criar um laboratório/oficina onde a dança é refletida e colocada em prática como manifestação de fruição e o corpo como texto. Uma oportunidade de dançar sem limites de idade, fisionomia corporal ou capacidades físicas. A ideia é oferecer às pessoas participantes ferramentas para descobrir e fortalecer um canal de comunicação e expressão.

Quem recebe

A Associação Runapacha é um grupo formado por mulheres e homens da comunidade Inga de Santiago Putumayo, que desde 2019 buscam promover o fortalecimento do conhecimento ancestral por meio da cultura, das artes, da literatura e do audiovisual, com foco especial nas línguas ancestrais ​​das comunidades (Inga, Kichwa ou Runa Shimi). Na Biblioteca Rural Itinerante Taita Gabriel Tisoy, localizada em seu território, desenvolvem atividades culturais baseadas em suas tradições e língua ancestral. Além disso, apoiam a linha de pesquisa escrita, ilustrada e audiovisual em três línguas (inga, kichwa e espanhol) de símbolos da tecelagem artesanal “chumbe” em sua comunidade Inga. O livro “Historias cortas en inga y kichwa para niñas y niños”, de autoria do coletivo, foi apresentado na Feira Internacional do Livro de Bogotá, em abril de 2024.

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COSTA RICA

A Prefeitura de Alajuelita, em parceria com a Fundação Keme, recebe o projeto “EVA (Em Voz Alta): Redes Feministas de Bairro”, da Associação Civil Ni Una Menos Santiago del Estero (Argentina)

Onde será realizado o intercâmbio: Alajuelita, San José (Costa Rica)

Quem viaja

Facilitadoras: Gabriela del Pilar Yauza e Ana Virgínia Sequeira 

Organização responsável: Associação Civil Ni Una Menos Santiago del Estero (Argentina)

Um dos objetivos do Ni Una Menos é capacitar, promover e divulgar a perspectiva de gênero, os direitos humanos e a inclusão social a partir da interseccionalidade. Propõe-se também conceber, gerir e implementar projetos de intervenção social que permitam desenvolver e/ou sistematizar experiências feministas em diferentes territórios. 

A proposta: “EVA (em voz alta): Redes Feministas de Bairro” é um espaço de cuidado para quem cuida, é uma oficina que desenvolve conteúdos sobre desigualdades de gênero, incentiva a escuta e a produção de histórias que contem experiências de mulheres em bairros populares. Essa experiência vem se desenvolvendo desde 2019.

Quem recebe

A Municipalidade de Alajuelita/Unidade de Gestão Cultural propôs este intercâmbio em coordenação com a Fundação Keme, uma organização sem fins lucrativos cujo objetivo principal é usar a arte e a ecologia como ferramentas para a mudança social. 

Desde 2019, o governo local conta com uma política cultural que foi construída a partir da base comunitária e que tem levado o cantão a participar de espaços para fortalecer diferentes processos culturais no território. 

As comunidades de Alajuelita têm uma longa história de trabalho conjunto e estão passando por um processo de reorganização para o qual, segundo elas, conhecer e se apropriar do EVA como ferramenta seria estratégico, oportuno e valioso. O público-alvo desta proposta serão os membros da Rede de Gestores Culturais de Alajuelita, os cinco Núcleos de Ação Cultural Comunitária, organizações comunitárias, coletivos locais e funcionários públicos.

EQUADOR

O Centro Shuar Samikim/Comunidade Samikin recebe a oficina “Patrimônio cultural no palco: Jogo cênico para contar histórias”, do Coletivo Alcapate (El Salvador)

Onde será realizado o intercâmbio: Paróquia Macuma, Cantão Taisha, Província Morona Santiago (Equador)

Quem viaja

Pessoas facilitadorasAstrid Francia e Oscar Guardado

Organização responsável: Coletivo Alcapate (El Salvador)

O Coletivo Alcapate surgiu em 2011 a partir de um projeto de formação de elenco de teatro comunitário na comunidade indígena do cantão Sisimitepet, no município de Nahuizalco, a partir da revalorização das expressões de seu patrimônio cultural imaterial. Posteriormente continuaram a realizar estas ações em comunidades das zonas urbanas e rurais de El Salvador, nos distritos de Soyapango, Ilopango, Panchimalco e Usulután.

A proposta: O objetivo desta oficina é realizar um trabalho de reflexão coletiva com base no que significa cultura e identidade na comunidade, nas expressões do património imaterial local, para ter consciência da valorização ou reconhecimento social deste património e de sua importância na comunidade. A partir disso, serão identificadas expressões culturais que apresentam ameaças ao seu desenvolvimento e serão partilhadas estratégias de salvaguarda da memória coletiva. No final, será criado um exercício cênico com a comunidade.

Quem recebe

O Centro Shuar Samikim, também conhecido como Comunidade Samikim, é uma organização comunitária Shuar que reúne os bairros Yamaram, San José, San Juan, Chiriap e Wisum. Com uma área de 2.450 hectares, é habitada por cerca de 40 famílias, que juntas somam cerca de 400 pessoas. A comunidade tem 20 anos de história e conta com dois grupos de dança tradicional Shuar (Yusa Dance Group e Tiwia Culture Dance Group) e um grupo de teatro. Em 2023, a Escola de Teatro Intercultural Shuar foi realizada por iniciativa do Grupo de Teatro Tsapnin Jintia. 

Pela proposta apresentada, o intercâmbio de saberes será mútuo. Os três grupos artísticos Samikim compartilharão suas danças e apresentações teatrais no início e no encerramento da oficina e ensinarão à dupla de facilitadores como dançar a dança Shuar. Além disso, durante os seis dias de convivência, serão compartilhados a visão de mundo, o conhecimento, o artesanato e a paisagem cultural da Cachoeira Samikim.

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ESPANHA

O Teatro Comunitário El Gancho recebe a oficina “Gestão e produção de projetos comunitários: Uma arte essencial e quase sempre invisível”, da Associação Civil Matemurga (Argentina)

Onde será realizado o intercâmbio: Zaragoza (Espanha)

Quem viaja

Facilitadora: Andréa Hanna

Organização responsável: Asociación Civil Matemurga (Argentina)

A Matemurga nasceu em 2002 a partir de um apelo da sua diretora, Edith Scher, aos ouvintes do programa de rádio “Mate Amargo”. Com o tempo, o grupo se tornou independente do programa e em 2006 começou a se enraizar em Villa Crespo, onde é formado por 90 vizinhos e vizinhas de todas as idades. O grupo tem em seu repertório uma série de espetáculos (“Herido barrio” é o maior, com mais de 50 apresentações já realizadas), uma orquestra (La Orquesta del Mate, formada por 25 vizinhos/as), um grupo de vizinhos/as marionetistas (Los Títeres del Mate), um espaço de dança e outro espaço de teatro para adolescentes. Além disso, possui três livros publicados: Matemurga 2002-2012, Matemurga 15 anos e Matemurga com a alma. Histórias das janelas.

A proposta: A oficina “Gestão e produção de projetos comunitários: Uma arte essencial e quase sempre invisível” se propõe como um espaço teórico-prático que se baseia em projetos específicos que as organizações anfitriãs estão realizando ou pretendem realizar. Os conteúdos serão abordados através da partilha, como testemunho, da área de gestão e produção do grupo de teatro comunitário Matemurga Asociación Civil, como boa prática de democracia cultural.

Quem recebe

O Teatro Comunitário El Gancho (Asociación Cultural Promoción del Teatro Comunitario) é um grupo de Zaragoza, em funcionamento desde 2015. Seguindo a linha do teatro comunitário argentino, já que seus coordenadores foram formados em grupos de lá, eles realizam espetáculos e eventos com forte cunho territorial. É um grupo intergeracional, com pessoas dos 10 aos 72 anos, e que trabalha em rede com outros grupos artísticos comunitários e organizações sociais de seu bairro e cidade. Fundadores da Rede de Teatro Comunitário, que integra grupos com características semelhantes na Espanha, seus membros trabalham numa perspectiva de transformação social e com o objetivo de melhorar a vida das pessoas e do bairro, recuperando a memória e reforçando a identidade do território.

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O Teatro Social e de Gênero Calincha recebe a oficina “Eros e Thanatos em Gabo –  Narrar para curar: um legado da Colômbia para o mundo”, do Encuentro de Voces (Colômbia)

Onde será realizado o intercâmbio: Comarca de la Vera, província de Cáceres (Extremadura, Espanha)

Quem viaja

Facilitadora: Liliana Zapata

Organização responsável: Encuentro de Voces (Colômbia)

O “Encontro de Vozes, onde a sua voz é a minha voz” é um espaço de contação de histórias que nasceu em 2009 em Medellín, como resposta à crescente onda de mortes e insegurança na cidade. Este espaço artístico e cultural nasceu no bairro Castilla, com a missão de ser um lugar para sonhar com um mundo ideal, “cheio de fantasia e cor, cheiro e sabor”, onde, através das palavras e da interação, se “possa voar através lugares mágicos”, como alternativa para aproveitar o tempo livre de forma saudável, positiva e produtiva.

A proposta: Inspirado na obra de Gabriel García Márquez, o projeto “Contar histórias para curar” visa usar a narrativa e o realismo mágico como ferramentas para capacitar emocionalmente as comunidades. Entre os conteúdos a serem desenvolvidos estão oficinas de escrita criativa; leitura de obras de García Márquez em espaços comunitários; bate-papo sobre o poder curativo das histórias e da criação de bibliotecas comunitárias. Por fim, será proposta uma discussão sobre as histórias compartilhadas, explorando temas comuns, emoções partilhadas e como as histórias podem ser ferramentas poderosas para a cura pessoal e coletiva.

Quem recebe

Calincha é uma associação de profissionais que trabalham com teatro social e de gênero há mais de 18 anos. Situada na província de Cáceres (Extremadura), a organização trabalha a coeducação como modelo para construir relações de equidade, sem discriminação nem violência de gênero, promovendo o teatro social como ferramenta de intervenção, favorecendo a igualdade de oportunidades para todos. A Rota do Teatro Mulheres de La Vera é uma das atividades que têm se desenvolvido nos últimos anos.

Suas integrantes valorizam o realismo mágico e, com esse intercâmbio, esperam oferecer um espaço para as mulheres imaginarem novas possibilidades e transformações em suas vidas. A intenção é que os elementos fantásticos deste estilo narrativo possam servir como metáforas para as suas lutas e esperanças, ajudando as participantes a recontextualizar a sua dor e a encontrar significado nas suas histórias.

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MÉXICO

Más Música, Menos Balas recebe a oficina “Como construir participação autêntica das comunidades”, do Ponto de Cultura El Cántaro BioEscuela Popular (Paraguai)

Onde será realizado intercâmbio: Zapopan, Jalisco

Quem viaja

Pessoas facilitadoras: Joe Giménez e Gustavo Diaz

Organização responsável: Fundação El Cántaro BioEscuela Popular

El Cántaro BioEscuela Popular é uma comunidade de aprendizagem sem fins lucrativos localizada em Areguá, Paraguai, que desde 2007 trabalha pela transformação social por meio da arte, da educação crítica e da cultura. A organização é um Ponto de Cultura que oferece diversas oficinas criativas populares e atividades socioculturais com acesso gratuito a crianças, jovens e adultos da comunidade. 

A proposta: O que se propõe é compartilhar a experiência desses 17 anos de trabalho para motivar outras iniciativas, acrescentar outras perspectivas e também partilhar erros. Com uma metodologia participativa e experiencial, combinando sessões teóricas com atividades práticas, a proposta prevê uma introdução à cartografia social como ferramenta de compreensão do território; a elaboração de mapas simbólicos que representam a identidade, os valores e os desafios das comunidades participantes, e um percurso pelo território para observar e documentar as suas características, recursos e dinâmicas sociais. Serão também partilhadas técnicas de realização de entrevistas e enquetes participativas, além dos conceitos e princípios da mediação cultural comunitária como ferramenta para resolver conflitos e promover a interculturalidade. 

Quem recebe

Más Música, Menos Balas

Más Música, Menos Balas é um movimento cultural e social que busca promover a paz e a prevenção da violência por meio da música e outras expressões artísticas. Originou-se em 2011 em Acapulco (Guerrero, México), e também teve um impacto significativo em Jalisco, onde cresceu e se tornou uma ONG chamada Más Música, Menos Balas Guadalajara. Atualmente, é uma das 14 organizações que fazem parte da plataforma Cultura Viva Comunitária no México, além de fazer parte da equipe impulsionadora do 6º Congresso Latino-Americano de Culturas Vivas Comunitárias. 

Entre as atividades que realizam estão intervenções artísticas em espaços públicos para promoção da cultura de paz, exposições de arte, concertos, apresentações de livros, oficinas culturais, formativas e recreativas para a comunidade, bem como projetos de desenvolvimento comunitário e espaços de diálogo e feiras das organizações.   

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Bibliotecarro El Colibrero recebe a oficina “Bibliotecas fazem cinema”, da Fundación Territorios, Arte y Paz (Colômbia)

Onde será realizado o intercâmbio: El Lencero, Veracruz (México)

Quem viaja

Pessoas facilitadoras: Heidy Helena Mejía Sánchez e Adolfo García Correa

Organização responsável: Fundación Cultural Territorios, Arte y Paz

Territorio, Arte y Paz

A Fundación Cultural Territorios, Arte y Paz foi criada com o propósito de conceber e implementar laboratórios culturais de transformação social por meio de estratégias de apropriação das artes, da leitura, da escrita, da oralidade, do teatro social, do cinema comunitário, da realidade virtual e aumentada e da pedagogia da paz. Além de criar a Rede de Bibliotecas Comunitárias Livros Gratuitos para Todos, com a qual abriram mais de 150 pontos de leitura na Colômbia, seus membros trabalham o cinema comunitário com crianças, adolescentes e jovens, e os acompanham em todo o processo de criação,  filmagem e pós-produção. 

A proposta: Através deste laboratório de formação e cinema comunitário, a organização quer convidar as bibliotecas a abrirem as portas à criação e à produção de conteúdos audiovisuais como estratégia para narrar os contextos territoriais dos espaços que habitam, para que as pessoas tenham a oportunidade de contar suas próprias histórias, sobre personagens, ofícios, paisagens e saberes do seu entorno. Esta proposta conta com duas partes: 1) Conversa e seminário/oficina para mediadores de leitura e animadores socioculturais; 2) Laboratório de cinema comunitário infanto-juvenil. 

Quem recebe

El Colibrero é uma biblioteca móvel que desde 2017 presta serviços em localidades do município de Emiliano Zapata, Veracruz, com o objetivo de criar uma comunidade em torno do livro e da leitura. El Chico é a comunidade onde se pretende realizar o projeto “Bibliotecas fazem cinema”. É uma comunidade semi-rural, que conserva uma grande população dedicada à agricultura. Ali se plantam principalmente milho, limão e um pouco de café, e realizam-se atividades relacionadas à pecuária. 

Tequio Creación Colectiva recebe a oficina “Enredando saberes, pedagogias de esperança para o cuidado das crianças através da arte e da cultura”, de CulturAula (México)

Onde será realizado o intercâmbio: San Cristóbal de Las Casas, Chiapas (México)

Quem viaja

Pessoas facilitadoras: Rocío Orozco e Vicko Arcienega

Organização responsável: CulturaAula (México)

CulturaAula é um coletivo transdisciplinar

Seminario de Animación Sociocultural

dedicado à pesquisa, formação e incidência da gestão e do desenvolvimento sociocultural a partir de diversas abordagens. Seu trabalho é direcionado a agentes, movimentos e organizações de base comunitária, artistas, educadores/as e instituições. Sua ação procura tornar visível a desigualdade e gerar mecanismos para desmantelar a violência, promover a descentralização da educação, da cultura e o fortalecimento da incidência política e pública.

Quem recebe

A Rede Cultural e Artística Tequio é uma organização formada em 2014, com o objetivo de ativar e revitalizar o cenário cultural e artístico de Chiapas, no México, por meio da comunicação e do intercâmbio consciente, oferecendo oficinas, consultorias e material de divulgação. Para cumprir este objetivo, desenvolvem estratégias que reúnem diferentes agentes na gestão e na produção de atividades de promoção cultural, como festivais, apresentações literárias e concertos, e na realização de atividades de formação. Além disso, ajudam artistas e organizações a reconhecerem os próprios recursos, organizarem as suas ideias para melhorar a comunicação e reconectarem-se com o seu propósito.

Segundo a organização, no contexto de San Cristóbal de Las Casas (região onde tem havido uma situação crescente de violência devido ao crime organizado e ao deslocamento forçado), um processo metodológico como o proposto pelo CulturAula pode fornecer ferramentas poderosas para os que  estão próximos e orientar processos com crianças, jovens e população adulta por meio das artes e da cultura.

PERU

A Biblioteca Intercultural Bikut da Comunidade Nativa de Listra recebe a oficina “Bibliotecas fazem cinema”, da Fundación Cultural Territorios, Arte y Paz (Colômbia)

Onde será realizado o intercâmbio: Comunidade nativa de Listra, Imaza, Bagua, Amazonas (Peru)

Quem viaja

Pessoas facilitadoras: Heidy Helena Mejía Sánchez e Adolfo García Correa

Organização responsável: Fundación Cultural Territorios, Arte y Paz

A Fundación Cultural Territorios, Arte y Paz foi criada com o propósito de conceber e implementar laboratórios culturais de transformação social por meio de estratégias de apropriação das artes, da leitura, da escrita, da oralidade, do teatro social, do cinema comunitário, da realidade virtual e aumentada e da pedagogia da paz. Além de criar a Rede de Bibliotecas Comunitárias Livros Gratuitos para Todos, com a qual abriram mais de 150 pontos de leitura na Colômbia, seus membros trabalham o cinema comunitário com crianças, adolescentes e jovens, e os acompanham em todo o processo de criação,  filmagem e pós-produção. 

Quem recebe

O Grupo Bikut Impulsor é um coletivo formado por acadêmicos/as, ativistas, gestores/as culturais e professores/as que se unem para homenagear a sabedoria de seus ancestrais e criar espaços que funcionem como portais para a educação relacional ecossocial, baseada na visão amazônica de inter-relação entre os humanos. e não-humanos. Esta abordagem promove uma visão holística da educação que respeita a natureza e procura soluções para os problemas atuais, ouvindo diversas vozes e perspectivas. 

Segundo o coletivo, este espaço de intercâmbio permitirá revalorizar a cultura Awajún, criando materiais contextualizados, promovendo a produção local e recuperando a memória coletiva a partir das suas próprias cosmovisões e narrativas. Além disso, com abordagem inclusiva e adaptativa, a biblioteca irá capacitar os jovens Awajún, proporcionando-lhes as ferramentas necessárias para serem agentes de mudança em suas comunidades, preservando e promovendo sua identidade cultural num contexto que os respeita e valoriza.

A Associação Cultural Asimtria recebe a oficina “Ler para narrar: um passeio por experiências metodológicas para reconhecer as vozes das crianças através das linguagens literárias”, de Libros Buenos a la Vereda (Colômbia)

Onde será realizado o intercâmbio: Yanahuara, Urubamba, Cusco (Peru)

Quem viaja

Facilitadoras: Erika Jannethe Barrera Botero e Leydy Jhoana Díaz Salas

Organização responsável: Libros Buenos a la Vereda

A organização Libros Buenos a la Vereda realiza experiências de promoção da leitura e da escrita para meninos e meninas que vivem na zona rural de Usme, Bogotá (Colômbia). Sua itinerância começou em maio de 2021 e desde 2022 foram abertos quatro espaços denominados “Cantinhos de Leitura”, localizados em casas rurais e equipados com mobiliário e livros para que possam funcionar como bibliotecas comunitárias rurais. Este ano (2024) pilotaram a Escola Rural de Mediadores Culturais, que projetam como um espaço de formação em Mediação e Direitos Culturais para crianças e jovens rurais e camponeses. 

A proposta: “Ler para nos narrar” é um espaço de formação que busca reconhecer as vozes de meninos, meninas e jovens por meio da literatura infantil. O objetivo é compartilhar o desenho metodológico com o qual Libros Buenos a la Vereda desenvolve experiências literárias, que favorecem os processos de leitura, escrita e oralidade no âmbito comunitário e/ou rural. A intenção é que a comunidade tenha as ferramentas para conceber as suas próprias experiências, abordando temas e problemas locais a partir da literatura. 

Quem recebe

A Associação Cultural Asimtria é uma plataforma focada na aprendizagem, realização, transferência e partilha de possibilidades de criação coletiva baseadas no livre desenvolvimento de tecnologias, aplicadas ao audiovisual e à escuta. Além disso, busca contribuir para a criação de mídias e espaços que mantenham em constante circulação os conhecimentos e experiências necessárias para que diversas comunidades atinjam de forma autônoma seus propósitos, a partir da exploração da memória e do território. A organização iniciou suas ações em 2006 na cidade de Arequipa, e desde então desenvolve projetos de forma descentralizada nas cidades de Cusco, Ayacucho, Piura, Cajamarca, Puno, Abancay, Huaraz e Trujillo, além de Chile, México, Equador e Colômbia.

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REPÚBLICA DOMINICANA

A Associação de Profissionais de Cabrera (Aprodeca) recebe a “Oficina de cinema comunitário para crianças”, do coletivo CinemaTequio (México)

Onde será realizado o intercâmbio: Cabrera, província de María Trinidad Sánchez

Quem viaja

Pessoas facilitadoras: José Eduardo Bravo Macías e Alejandra Domínguez

Organização responsável: CinemaTequio

Cinematequio

O CinemaTequio é um coletivo artístico focado no fortalecimento do patrimônio cultural dos povos e comunidades indígenas por meio de oficinas de cinema comunitário, realizadas a partir de histórias da tradição oral da comunidade anfitriã e, principalmente, em sua língua nativa.

A proposta: A oficina baseia-se no desejo manifestado por uma comunidade de realizar um curta-metragem baseado em histórias de sua tradição oral. O trabalho começa com a adaptação da(s) história(s) em um roteiro que posteriormente servirá de eixo para compartilhar, refletir e colocar em prática os fundamentos técnicos e artísticos. No processo, meninos e meninas podem participar como elenco ou na produção, operando a câmera, gravando som, etc. 

Quem recebe

A Associação dos Profissionais de Cabrera (Aprodeca), fundada em 1981, tem como principal missão reunir diferentes profissionais de Cabrera para buscar soluções para os problemas básicos do município. A associação desenvolve atividades sociais, culturais e educativas, possui uma casa-abrigo em Santo Domingo para acolher estudantes e intervém em qualquer atividade social que possa contribuir para o desenvolvimento social e cultural do município e seus habitantes.

Com esta oficina, as crianças de Cabrera poderão captar em um curta-metragem as histórias locais que desejam contar, fortalecendo assim sua identidade como afrodescendentes. Além de reativar a memória comunitária em torno de histórias da sua tradição oral, das suas referências e significados, espera-se incentivar a revalorização do património cultural local e movimentar a comunidade em torno de um projeto comum que parte dos meninos e meninas, mas que convida à participação das suas famílias, professores, autoridades locais e educativas.

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27

set
2024

Em Cultura Viva
Notícias
Países membros

Por IberCultura

MinC lança Editais Cultura Viva no Espírito Santo com R$ 3,7 milhões em investimentos

Em 27, set 2024 | Em Cultura Viva, Notícias, Países membros | Por IberCultura

(Foto: William Caldeira Hub/ES – Texto: MinC)

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O Ministério da Cultura (MinC), em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo (Secult/ES), lançou nesta quinta-feira, 26 de setembro, em Vitória, três Editais Cultura Viva, que vão apoiar 103 Pontos de Cultura no estado. Com investimento de R$ 3,7 milhões, provenientes da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), a iniciativa visa fortalecer a identidade cultural e a cidadania de base comunitária, com foco em projetos de relevância local.

Os recursos serão direcionados à Política Nacional de Cultura Viva (PNCV). Além de fortalecer a atuação de agentes culturais, os editais buscam valorizar a diversidade cultural e destacar projetos de relevância no estado, como a Instituição de Tradições e Cultura Afro-Brasileira São Judas Tadeu, que receberá R$ 400 mil.

“Desde que o presidente Lula decidiu recriar o Ministério da Cultura, sob a liderança da ministra Margareth Menezes, sabíamos que teríamos uma tarefa gigantesca pela frente: reconstruir o conjunto de políticas que haviam sido descontinuadas. Temos orgulho de fazer parte de um legado que remonta aos anos de 2003 a 2015, quando consolidamos políticas fundamentais para a cultura no Brasil”, afirmou Márcio Tavares, secretário-Executivo do MinC.

“Esse edital que lançamos hoje é o resultado dessa parceria entre o Governo Federal, estados e municípios, capitalizando e territorializando iniciativas culturais em todo o território nacional. A cultura é uma ferramenta poderosa para a promoção da identidade, da democracia e da superação das desigualdades. Este edital representa mais um passo nesse caminho, envolvendo todos os agentes que fazem da cultura um motor de transformação social”, complementou.

A secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC e presidenta do IberCultura Viva, Márcia Rollemberg, reforçou a importância da participação social e da gestão compartilhada. “A Política Cultura Viva ganha adesão cada vez mais forte de estados e municípios e o Espírito Santo dá o exemplo de como fazer a política crescer”, afirmou.

Segundo Fabrício Noronha, secretário de Estado da Cultura (Secult/ES), o impacto internacional da política dos Pontos de Cultura ganhou força além das fronteiras brasileiras. “Temos poucas políticas públicas que foram incorporadas em outros países, mas a dos Pontos de Cultura é uma delas. É uma grande alegria ver uma política dessa envergadura, agora, após 20 anos, sendo retomada com tanta força por meio da Política Nacional de Cultura Viva”, lembrou.

Thais Souto, gerente do setor de Territórios e Diversidade (GETD) da Secult/ES, o momento atual do fomento vai além dos editais. “É fundamental refletirmos sobre a importância do território e de uma política que seja verdadeiramente territorializada. Esse é o marco mais importante que temos discutido e aprendido, especialmente com aqueles que já estão à frente dos Pontos de Cultura. Não somos apenas fazedores de cultura; nós somos a cultura. E essa cultura se manifesta em suas diversidades, territorialidades e pluralidades, desde o funk até os terreiros. Precisamos reconhecer a ancestralidade e a mobilização comunitária que impulsionam essa força cultural”, declarou.

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Editais

Os editais serão divididos por três temáticas: Premiação por Trajetória, Fomento a Projetos Continuados de Pontos de Cultura e Fomento a Projetos Continuados de Pontões de Cultura. Ao todo, serão premiados e financiados mais de 50  projetos que têm impacto direto nas comunidades, em um esforço contínuo para descentralizar e democratizar o acesso à cultura. As inscrições começam no dia 1º de outubro e vão até o dia 30 do mesmo mês. 

  • Edital de Premiação por Trajetória –  Dividido em duas categorias: Pontos de Cultura sem constituição jurídica e Pontos de Cultura com constituição jurídica, os prêmios visam reconhecer a trajetória de coletivos e entidades que, há anos, promovem o desenvolvimento cultural de suas comunidades, mesmo sem estrutura formalizada. O intuito é fomentar a continuidade de suas atividades, fortalecendo suas raízes locais. Para ambas as modalidades, é necessário comprovar, no mínimo, dois anos de atuação cultural na comunidade local, por meio de fotos, materiais gráficos, publicações impressas ou eletrônicas, entre outros documentos comprobatórios.
Pontos de Cultura sem constituição jurídica: Serão concedidos 30 prêmios no valor de R$ 30 mil cada.
Pontos de Cultura com constituição jurídica: Serão distribuídos 20 prêmios no valor de R$ 60 mil cada.
  • Edital de Fomento a Projetos Continuados de Pontos de Cultura O edital vai selecionar quatro entidades que receberão o valor de R$ 120 mil cada para a execução de projetos continuados que promovam o acesso aos bens e serviços culturais em seus territórios de atuação. O objetivo é fortalecer iniciativas culturais que já estão em andamento, garantindo que a população local continue a ter acesso a atividades artísticas e educativas, nos termos da Política Nacional de Cultura Viva.
  • Edital de Fomento a Projetos Continuados de Pontões de Cultura – Voltado para projetos de maior envergadura, esse edital selecionará quatro entidades, que receberão R$ 30 mil cada. Os Pontões de Cultura têm como foco a articulação e mobilização de redes culturais regionais e temáticas. O objetivo é promover o desenvolvimento de atividades em parceria com redes de Pontos de Cultura, bem como a mobilização e articulação com governos locais. Esses projetos buscam capacitar, mapear e executar ações conjuntas em nível estadual, regional ou temático, sempre visando o fortalecimento da cultura local.

Consultas: culturaviva@secult.es.gov.br e culturaviva.secult@gmail.com

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(*Texto publicado originalmente no site do MinC)

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31

jul
2024

Em Notícias
Países membros
Pontos de Cultura

Por IberCultura

Ministério das Culturas do Chile abre edital para apoiar planos de fortalecimento dos Pontos de Cultura

Em 31, jul 2024 | Em Notícias, Países membros, Pontos de Cultura | Por IberCultura

(Foto: Galpão do Ponto de Cultura Nosso Circo de Arica)

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O Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio do Chile, por meio do Departamento de Cidadania Cultural, abriu na última terça-feira, 23 de julho, a Convocatória para Apoiar os Planos de Fortalecimento dos Pontos de Cultura  Comunitária (PCC) 2025. As organizações selecionadas neste processo poderão sustentar e fortalecer suas práticas socioculturais, e assim contribuir para o desenvolvimento da cultura comunitária em suas respectivas localidades, com a cobertura de vários tipos de gastos. A convocatória representa uma oportunidade para as organizações, clubes desportivos, associações de bairro, coletivos e grupos que promovem a cultura nos seus ambientes comunitários.

Até o momento, existem 294 PCCs validados pelo Registo Nacional de Pontos de Cultura Comunitária, distribuídos por 149 comunas, em todas as regiões do país. O corte de 2024 (que terminou em 30 de junho) recebeu 506 inscrições de organizações que este ano buscam ser validadas por seu trabalho cultural comunitário. Durante o mês de agosto, as Secretarias Ministeriais Regionais (Seremis) do país entregarão os certificados dos novos PCCs reconhecidos. Os selecionados este ano poderão se inscrever em uma das linhas desta chamada, tendo um prazo maior para apresentar sua postulação.

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Datas de inscrição
As duas linhas de aplicação entregarão recursos no valor de 3,2 bilhões de pesos chilenos (cerca de 3,5 milhões de dólares), que deverão ser executados entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2025.

Linha do Plano de Fortalecimento de Continuidade

O objetivo desta linha é continuar durante 2025 com o apoio aos Planos de Fortalecimento dos Pontos de Cultura Comunitária, que já receberam este apoio em 2023, através de procedimento sujeito a avaliação.

Prazo de inscrição: de 23 de julho a 22 de agosto de 2024, às 17h.

Linha do Plano de Fortalecimento de Novos PCC

O objetivo desta linha é apoiar o financiamento de um Plano de Fortalecimento, a ser executado entre janeiro e dezembro de 2025, de um Ponto de Cultura Comunitária validado em 2023 ou 2024. A lista de PCCs reconhecidos durante 2024 será divulgada em cada região do país. durante o mês de agosto.

Prazo de inscrição: de 23 de julho a 11 de setembro de 2024, às 17h.

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⇒Regras e inscrições neste link:

https://www.fondosdecultura.cl/convocatoria-de-apoyo-a-los-planes-de-fortalecimiento-a-puntos-de-cultura-comunitaria-pcc/

(Fonte: Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio)

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14

jul
2024

Em Cultura Viva
Notícias
Países membros

Por IberCultura

20 Anos de Cultura Viva: um ato de celebração da “história vitoriosa” da política nacional de base comunitária

Em 14, jul 2024 | Em Cultura Viva, Notícias, Países membros | Por IberCultura

(Fotos: Amanda Tropicana/MinC)

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Depois de três dias de reflexões, diálogos, debates e rodas de saberes – e tambores, cantos e danças e amorosidades –, o Encontro Nacional Cultura Viva 20 Anos chegou ao fim com um cortejo e um ato de celebração em Salvador (Bahia), no sábado 6 de julho. Participaram do encerramento a ministra da Cultura, Margareth Menezes; o ex-ministro Juca Ferreira; a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura e presidenta do IberCultura Viva, Márcia Rollemberg, entre outras autoridades, gestores/as, pesquisadores/as, mestres/as e fazedores/as de cultura de todas as regiões do Brasil.

No palco da Casa Rosa, além de citar algumas pessoas que contribuíram para a construção “dessa história vitoriosa que é a política de Cultura Viva”, a ministra lembrou as Bases de Apoio Cultural, que acabaram sendo uma semente para a construção e implementação da política Cultura Viva. Mandou, também, um abraço a todos os Pontos e Pontões de Cultura, “que são protagonistas e potencializadores das expressões e manifestações culturais, da memória, da identidade cultural do Brasil, a partir dos territórios”.

“Como chamas acesas em nosso país, ponteiros e ponteiras representam a pluralidade da nossa diversidade cultural em todas as mais diversas expressões e manifestações e pensares culturais, nas periferias, nas favelas, nas comunidades indígenas, nos quilombos, nas comunidades tradicionais, nas comunidades ribeirinhas, nas florestas, no campo, nas cidades. Cultura digital, cultura tradicional, cultura popular, cultura contemporânea, das juventudes, das infâncias, dos idosos. São espelhos da potencialidade cultural brasileira”, complementou.

Margareth Menezes também destacou que a Política Nacional Cultura Viva é resultado de um longo processo de escuta, de diálogo, de debate, envolvendo a sociedade civil, Pontos de Cultura, parlamentares, gestores municipais e estaduais e universidades. “É uma política construída por muitas pessoas. É um legado do povo brasileiro. A Cultura Viva materializa a conexão entre cultura, educação, desenvolvimento, inclusão social, cidadania, como política de cultura abrangente e descentralizada, em rede e em diálogo, junto com as comunidades, com os territórios, com todo o Brasil”.

Segundo ela, ao longo desses 20 anos, a política Cultura Viva demonstrou “a resiliência das pessoas, a força do fazer cultural de base comunitária, como ferramenta de transformação social, inclusão, e geradora também de emprego e renda”. “De maneira significativa, esta política parte da necessidade de construção de um mundo mais justo, mais igualitário, guiado por valores democráticos e justiça social. (…) “Como disse um dia Gilberto Gil, se a partir de um ponto a gente pode refazer o mundo, a partir de muitos pontos reunidos, fortes e visíveis, presentes, ativos, vamos desenhar muitas linhas para mudar as coisas e derrotar os preconceitos”.

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Uma ideia que surgiu numa conversa informal

Juca Ferreira, que em 2004, ano de lançamento do Cultura Viva, era secretário-executivo do ministro Gilberto Gil, contou que a ideia do programa nasceu nos primeiros meses do governo Lula. Segundo ele, depois de assumir o Ministério da Cultura em janeiro de 2003, Gil criou uma rotina com sua equipe: todos os dias, em torno das 18h, havia uma conversa informal na sala do ministro. Nessa roda, sem ordem pré-estabelecida, as pessoas que tinham saído para fazer suas tarefas contavam o que tinham visto, as ideias que haviam tido, as ideias que alguém havia sugerido. “Foi um dos momentos mais ricos do Ministério da Cultura”, lembrou Ferreira, que assumiria a Pasta em 2008.

Numa dessas conversas, Gil disse que por todo lugar onde andava era procurado por mestres da cultura popular. Uma turma que até então não era lá muito considerada no Ministério da Cultura, sempre cheio de confetes para a “arte consagrada”, para a elite brasileira. E ele foi logo perguntando aos gestores e gestoras: o que fazer com isso? “Essa provocação de Gil gerou uma conversa animadíssima. Todo mundo que estava ali tinha contato com grupos de capoeira, cineclubes, grupos de arte urbana, maracatus, era uma quantidade enorme. Aí, depois de muita conversa, ele me disse: ‘Juca, tome conta disso’”. Pesquisando aqui e ali, o então secretário-executivo chegou ao nome de Célio Turino para conduzir esse projeto, à altura da grandeza que queriam que tivesse. 

As dificuldades, no entanto, foram muitas, “imensas”. Inclusive porque o Estado, segundo ele, muitas vezes não está organizado para prestar serviços, mesmo quando tem a intenção de fazê-lo. “É preciso revolucionar o Estado brasileiro, colocá-lo a serviço do conjunto da sociedade. É preciso interromper essa continuidade da escravidão, do colonialismo. Somos uma das sociedades mais diversas e ricas culturalmente do mundo. A riqueza cultural da América Latina é gigantesca”, ressaltou.

Para Juca Ferreira, uma sociedade precisa de uma base cultural diversa, capaz de representar o conjunto da população. “O Brasil é uma Babilônia em termos de reunião de povos de todo lugar do mundo. Isso não é um problema, isso é uma riqueza. E os Pontos de Cultura são as expressões dessa rica diversidade cultural que nós temos. É preciso fortalecê-la, incentivá-la, valorizar os mestres, valorizar esses grupos culturais. Não existe coesão nacional de nenhum povo se a cultura não une. A cultura está acima da política nesse aspecto. O gaúcho, o mato-grossense, o baiano, o carioca, o paulista, o mineiro, o paraense tem que desenvolver o sentimento de pertencimento a uma mesma nação e saber que nós somos diferentes, mas aí é que está a nossa riqueza.”


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Uma política com quatro dimensões

Márcia Rollemberg, secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC, ressaltou que essa política tem quatro dimensões importantes: sua poética, sua estética, sua métrica e sua ética. Segundo ela, a poética vem do conceito do “do-in antropológico” lançado por Gilberto Gil, quando reconhece a relevância de incluir “os pontos de cultura” no fomento cultural. A métrica (“que agora tem que ter o tamanho do Brasil”) vem com a ministra Margareth Menezes, neste momento de “maioridade” e investimento histórico. A dimensão estética, por sua vez, garante a gestão compartilhada e participativa, da sociedade civil e do poder público. Já a dimensão da ética tem a ver com o seu propósito, de impactar de forma positiva a vida das pessoas e de suas comunidades.

“Cultura Viva é o exercício do amor, como diz Cris Alves. Cultura Viva são as culturas indígenas, as culturas populares e tradicionais, as culturas de matriz africana, as culturas ciganas, tantas vezes invisibilizadas e ainda necessitando seu lugar, seu espaço. E esse Brasil precisando compreender a sua história, a sua afro-latinidade, a sua essência como país, para poder andar para frente, mirar o futuro e construir um país menos desigual, com menos violência, com uma juventude viva. Cultura viva, sociedade viva”, completou a secretária.

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Um evento com quatro eixos estruturantes

O Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural, foi uma das entidades organizadoras deste encontro, que teve como base quatro eixos estruturantes: Memória, Reflexão, Futuro e Celebração. Buscando dialogar com elementos do passado para refletir sobre o presente e seguir tecendo o futuro, o evento procurou dar aos mestres e mestras das culturas populares e tradicionais um lugar de destaque em todas as atividades realizadas. A programação foi feita em conjunto com a Comissão Nacional dos Pontos de Cultura (CNPdC) e o Consórcio Universitário Cultura Viva.

Formado para a realização do projeto “20 anos de Cultura Viva: pesquisa e formação”, que será desenvolvido ao longo de dois anos e meio, o Consórcio integra estudantes de graduação e de pós-graduação, professores/as e pesquisadores/as de três universidades: Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Federal do Paraná (UFPR). A ideia do grupo é contribuir para a reformulação conceitual e institucional da ação governamental da Política Nacional Cultura Viva. 

“A gente queria muito deixar esse gesto de como é importante que o poder público olhe para a universidade como um parceiro. Um parceiro que pode ajudar a implementar a política pública, pode ajudar na conexão entre o saber acadêmico e o saber tradicional e comunitário”, comentou Guilherme Varela, professor da UFBA.

“Aprendemos com essa rede a repensar a troca, a prática tradicional, a prática comunitária, mas ainda precisamos aprender muito mais. E aqui nos colocamos, consorciadamente, a serviço da sociedade, das comunidades, para que a gente consiga dar toda a potência que essa política merece”, completou Deborah Rebello Lima, representante da UFPR no Consórcio Universitário.

Em nome da Comissão Nacional de Pontos de Cultura, Marcelo das Histórias abriu o ato de celebração lembrando que “a cultura nasceu irmanada, germinada com a natureza” e que tem o poder de gerar a dominação ou libertação dos povos. “Ponteiros e ponteiras, numa trajetória de 20 anos, reconectando e ressignificando cultura e natureza, chegaram a vários países da América Latina. E quando a pandemia chegou, os Pontos de Cultura seguraram o rojão com a (Lei de) Emergência Cultural. Depois a gente construiu, junto com o Congresso Nacional, a Lei Paulo Gustavo, a Política Nacional Aldir Blanc. Agora que fazemos 20 anos, temos um grande desafio no pensar, no sentir, no agir. Que cada um de nós carregue no coração, na mente e no corpo, a alegria e o amor que a Cultura Viva tem e proporciona.”

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Confira o vídeo da transmissão do ato de encerramento no canal do MinC no YouTube:

https://www.youtube.com/live/MLpBmf7-2Z4?si=ejrIgLvTohuvh8ns

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Leia também:

Cultura Viva 20 anos: memória, reflexão, futuro e celebração. (Caderno digital elaborado pelo Consórcio Universitário Cultura Viva)

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08

jul
2024

Em Cultura Viva
Notícias
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Por IberCultura

Comissão Nacional dos Pontos de Cultura entrega “manifesto político poético” à ministra Margareth Menezes

Em 08, jul 2024 | Em Cultura Viva, Notícias, Países membros | Por IberCultura

(Fotos: Amanda Tropicana/MinC)
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Antes do ato de celebração que encerrou o Encontro Nacional Cultura Viva 20 Anos na Casa Rosa, em Salvador (Bahia), no último sábado (06/07), a ministra da Cultura, Margareth Menezes, esteve reunida com a Comissão Nacional dos Pontos de Cultura (CNPdC), que lhe entregou um  “manifesto político poético” sobre a Política Nacional Cultura Viva (PNCV). Iniciado com um cordel para trazer o “encantamento da diversidade cultural”, o documento destaca alguns desafios transformadores e propõe estratégias para aprimorar a implementação da PNCV.

Entre essas estratégias estariam a institucionalização do Movimento Nacional Cultura Viva; a simplificação dos processos burocráticos que regulamentam a política; a capacitação dos agentes culturais da Rede dos Pontos de Cultura, “para fortalecer suas capacidades produtivas e de interatividade com a comunidade de seus territórios”; a criação de um Cadastro Único dos Trabalhadores da Cultura por meio das inscrições da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB); a elaboração do Plano Nacional Cultura Viva, e a realização da• Teia Nacional Cultura Viva e 5º Fórum Nacional Cultura Viva, em julho de 2025.

“Para tecer e avançar com todas estas propostas e propósitos, com ampla participação e encantamento social, convidamos todas as mestras e mestres, ponteiras e ponteiros, gestores públicos municipais e estaduais de todo o Brasil, a realizarem seus respectivos Fóruns e Teias Municipais, Regionais e Estaduais, com etapas preparatórias e essenciais para a realização do V Fórum Nacional dos Pontos de Cultura”, convoca a comissão.

O documento também propõe a formação do Comitê Gestor de Pactuação da Política Pública Cultura Viva, coordenado pela CNPdC, pela Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SCDC/MinC), pelo Consórcio Universitário Cultura Viva (composto por representantes da Universidade Federal da Bahia – UFBA, da Universidade Federal Fluminense – UFF e da Universidade Federal do Paraná – UFPR), além de gestores e gestoras municipais e estaduais.

O Encontro Nacional Cultura Viva 20 anos, realizado entre os dias 3 e 6 de julho na Casa Rosa, em Salvador, foi organizado pelo MinC e o Consórcio Universitário Cultura Viva, em parceria com a Comissão Nacional dos Pontos de Cultura. A iniciativa teve o apoio do Governo do Estado da Bahia, da Prefeitura de Salvador, da Pró-Reitoria de Extensão Universitária da Universidade Federal da Bahia (Proext) e da Casa Rosa.

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⇒Leia o Manifesto Político Poético da CNPdC sobre a Política Nacional Cultura Viva

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07

jul
2024

Em Cultura Viva
Notícias
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Por IberCultura

Cortejo marca celebração dos 20 anos da Cultura Viva no Brasil

Em 07, jul 2024 | Em Cultura Viva, Notícias, Países membros | Por IberCultura

(Texto: MinC/ Fotos: Amanda Tropicana)

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Ao som de tambores, afoxés e outras expressões artísticas, um cortejo seguiu neste sábado (06/07) pela orla do bairro do Rio Vermelho, em Salvador, para marcar os 20 anos da Política Nacional Cultura Viva (PNCV), com a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes. A caminhada teve início na Casa de Yemanjá e seguiu até a Casa Rosa, onde o ato celebrativo reuniu cerca de 250 pessoas, entre parlamentares, autoridades, mestres/as, gestores/as e fazedores/as de cultura de todas as regiões do país.

“É uma política construída por muitas pessoas. A Cultura Viva materializa a conexão entre cultura, educação, desenvolvimento, inclusão social, cidadania como política de cultura abrangente e descentralizada, em rede, em diálogo e escuta com as comunidades, com os territórios e com o povo brasileiro”, afirmou a ministra.

Segundo ela, ao longo das duas últimas décadas, a PNCV tem demonstrado a resiliência das pessoas e a força do fazer cultural de base comunitária como ferramenta de transformação social, de inclusão e geração de renda e emprego. “Quero deixar um abraço a todos os Pontões e Pontos de Cultura, que são os protagonistas e potencializadores das expressões e manifestações culturais, da memória e da identidade cultural do Brasil”, parabenizou.

Ela citou ainda a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), que vai irrigar o Brasil por cinco anos, até 2027, com um investimento recorde, que beneficiará, inclusive, os mais de 5.900 Pontos de Cultura espalhados pelo país. A PNCV receberá anualmente R$ 388 milhões da PNAB. O recurso será destinado pelo MinC a estados e municípios para investirem em seus territórios. Mas é preciso, segundo a ministra, que a sociedade civil se aproprie da política e acompanhe a execução do investimento.



Presente na celebração, o ex-ministro da Cultura Juca Ferreira também ressaltou que os Pontos de Cultura são a representação da diversidade brasileira. “O Brasil é uma babilônia interna de tudo, a reunião de povos de todo o mundo. Os Pontos de Cultura são as expressões dessa rica diversidade cultural que nós temos. É preciso fortalecê-la, incentivá-la, valorizá-la. Não existe coesão nacional de nenhum povo sem a cultura no mundo. A cultura está acima da política nesse aspecto. O gaúcho, o baiano, o paulista, o paraense têm que desenvolver um sentimento de pertencimento a uma mesma nação e saber que nós somos diferentes, nós somos desiguais, mas aí está a nossa riqueza”, explicou.

Para Márcia Rollemberg, secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC, a PNCV pode contribuir para o desenvolvimento do Brasil e o reconhecimento de sua identidade. “Cultura Viva são as culturas indígenas, as culturas populares e tradicionais, as culturas ciganas, as culturas de matriz africana tantas vezes invisibilizadas e que ainda necessitam do seu espaço. E esse Brasil precisando compreender a sua história, a sua essência como país para poder andar para frente, mirar o futuro e construir um país menos desigual e com menos violência”, completou.

O ato deste sábado contou também com uma programação artística, com a cantora Márcia Castro, os afoxés Filhos de Gandhi e Filhos do Congo, Bankoma, Charanga da Cultura Viva, Mãe Beth de Oxum, Ponto de Cultura Mestre Didi, Tambores de Maracás, Tambores do Tocantins, Treme Terra Esculturas Sonoras e Zambiapunga.

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Diálogo

Antes do cortejo, a ministra se reuniu com membros da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura (CNPdC). Das mãos de ponteiros e mestres, recebeu uma carta com sugestões de ações estratégicas para fortalecer a PNCV nos próximos 20 anos. Entre as demandas estão a institucionalização do Movimento Nacional Cultura Viva, a capacitação dos agentes culturais, a simplificação dos processos para acessar os recursos federais e a realização da Teia Nacional Cultura Viva e V Fórum Nacional Cultura Viva.

 

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Encontro

O ato celebrativo fez parte do Encontro Nacional Cultura Viva 20 anos, realizado entre os dias 3 e 6 de julho, com uma programação de debates sobre os avanços, desafios e o futuro da PNCV, além da capacitações da rede. O evento foi organizado pelo MinC e pelo consórcio formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Federal do Paraná (UFPR), em parceria com a Comissão Nacional dos Pontos de Cultura (CNPdC) e o apoio do Governo do Estado da Bahia, da Prefeitura de Salvador, da Pró-Reitoria de Extensão Universitária da Universidade Federal da Bahia (Proext) e da Casa Rosa.

 

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05

jul
2024

Em Cultura Viva
Notícias
Países membros

Por IberCultura

IberCultura Viva é tema de duas mesas do Encontro Nacional Cultura Viva 20 Anos, em Salvador

Em 05, jul 2024 | Em Cultura Viva, Notícias, Países membros | Por IberCultura

(Fotos: Amanda Tropicana/MinC)

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O terceiro dia do Encontro Nacional Cultura Viva 20 anos foi também o dia do IberCultura Viva nas duas mesas da programação na Casa Rosa, em Salvador. A primeira, “Políticas de base comunitária na cultura: rumos da Rede Cultura Viva e os desafios de fortalecimento da Política Nacional de Cultura Viva”, contou com a participação de Ana María Elosúa, profissional do Ministerio de las Culturas, las Artes y el Patrimonio do Chile, que veio a Bahia representando a vice-presidência do IberCultura Viva.

Na segunda, “O futuro e as novas fronteiras do Cultura Viva”, quem falou sobre o programa foi Márcia Rollemberg, secretária de Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura e presidenta do Conselho Intergovernamental do IberCultura Viva.   Márcia foi a primeira presidenta do programa, há 10 anos, e está de volta ao cargo desde março deste ano.

Ana Elosúa fez uma apresentação do programa IberCultura Viva (o que é, como funciona, valores, principais convocatórias, etc) e também do programa Puntos de Cultura Comunitaria, lançado no Chile em 2022. Contou que o processo de participação começou em 2014, quando se lançou o programa IberCultura Viva, e Chile foi um dos primeiros países a aderir.

Em 2015, por meio do programa Red Cultura, o governo chileno apresentou um fundo de iniciativas culturais comunitárias que apoia o fortalecimento da participação nas comunidades, gerando mesas de trabalho, encontros, pesquisas, etc. Em 2022, vieram os instrumentos formais, decretos, resoluções, para criar o programa de Puntos de Cultura no Chile. “Foi um rito histórico, um rito muito importante, tanto para o ministério como para as comunidades”, comentou.

Em 2023, primeiro ano de implementação do programa no Chile, 538 organizações quiseram ser parte do registro nacional e 294 foram reconhecidas como Puntos de Cultura Comunitaria pelo Ministerio de las Culturas, las Artes y el Patrimonio. Desse total, 223 receberam financiamento para seus planos de fortalecimento e articulação. Em 2024, 506 solicitaram a inscrição no programa e estão em processo de avaliação e validação. O programa espera contar com cerca de 170 novos Puntos de Cultura Comunitaria este ano. 

Outro ponto importante que ela destacou foi o forte trabalho que vem sendo desenvolvido com o consórcio de universidades públicas do Chile, em várias regiões do país, onde estão desenvolvendo assessorias técnicas para colaborar com prestação de contas, âmbitos jurídicos, para apoiar as organizações nos processos formais e no vínculo com o MInisterio de las Culturas da maneira mais simples e colaborativa possível.

“Se olharmos o caminho percorrido, nos detemos no presente, refletimos em conjunto sobre o que fizemos e olhamos para o futuro. Podemos dizer que os países que  compõem o espaço Iber desenvolveram um compromisso, compenetrado e sem volta atrás, com a resistência dos territórios, com respeito pela Mãe Terra e todos os seus habitantes, com um profundo sentido de transformação social através da cultura e das artes, a liberdade de expressão, a igualdade e a inclusão, honrando a nossa herança cultural. Assim, convido vocês a não nos soltarmos, porque esse caminho se faz entre todos”, afirmou.

Vídeo exibido durante a apresentação de Ana Elosúa:

Na mesa da tarde,  “O futuro e as novas fronteiras do Cultura Viva”, Márcia Rollemberg destacou que a Política Nacional Cultura Viva é também uma política ancestral, por ter raízes em outras políticas, e falou da importância do Ibercultura Viva, como “uma das ações mais efetivas de impulsionamento dessa política de base comunitária na América Latina”. Nos 13 países que o integram (incluindo a República Dominicana, que está como país convidado em 2024), segundo a secretária, “há um sentido muito forte de que não somente o destino nos une, mas também o passado e esse reconhecimento da nossa história, das nossas tradições comuns, da nossa afro-latinidade, da nossa ocupação indígena, nos territórios que não tinham fronteiras, como têm hoje”.

Para ela, o IberCultura Viva traz para o Brasil a ideia de se ver como região, como América Latina, para ter essa força ampliada. “O Brasil tem um papel estratégico na América Latina, mas ele tem que estar incorporado a essa irmandade, ao sentimento da importância de dar as mãos. O IberCultura Viva nos deu as mãos quando estávamos em tempos sombrios, e agora a gente dá as mãos aos países que passam pelos percalços.”

Márcia Rollemberg comentou, ainda, uma fala do mestre Wertemberg Nunes (Comissão Nacional de Pontos de Cultura) sobre a importância de saber sensibilizar aqueles que não nos compreendem. “Este é um grande desafio no futuro: como a gente fura as bolhas, como a gente fala para os outros, não só para nós, como é que a gente sensibiliza corações”, afirmou. 

“E aí eu acho que a arte tem um grande papel”, assinalou. “A arte é a pedagogia da alma, como dizia Lygia Pape. A arte nos faz ampliar o sensorial, ampliar a capacidade sensível, que nos faz humanidade, que nos faz humano, porque somos animais. Nossa dimensão humana é nossa dimensão cultural. Daí a importância de dar significado ao que fazemos, dar significado aos nossos dias, porque não estamos aqui em vão. Estamos aqui para uma missão. Eu acredito muito nisso, isso nos move”.

IberCultura Viva na Bahia: Flor Minici, Ana María Elosúa, Márcia Rollemberg, Teresa Albuquerque e Diego Benhabib

 

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05

jul
2024

Em Cultura Viva
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Por IberCultura

Encontro Nacional Cultura Viva 20 Anos: um dia dedicado à memória (e à resistência)

Em 05, jul 2024 | Em Cultura Viva, Notícias, Países membros | Por IberCultura

(Fotos: Amanda Tropicana/MinC)
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O Encontro Nacional Cultura Viva 20 Anos, que começou ontem em Salvador e segue até sábado, tem como base quatro eixos estruturantes: Memória, Reflexão, Futuro e Celebração. A primeira mesa desta quinta-feira (04/07), “Cultura Viva 20 anos: do do-in antropológico à política nacional e latino-americana”, foi dedicada ao primeiro desses eixos: a memória. 

No palco da Casa Rosa, Célio Turino (Instituto Casa Comum), Davy Alexandrinsky (Comissão Nacional de Pontos de Cultura – CNPdC), João Pontes (Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura – SCDC/MinC), Lia Calabre (Fundação Casa de Rui Barbosa/MinC) e Zulu Araújo (Universidade Federal da Bahia – UFBA). A mediação ficou a cargo de Luana Vilutis (Consórcio Universitário/UFBA).

Célio Turino começou sua apresentação lembrando como as ideias de Paulo Freire inspiraram a Cultura Viva e tirando o chapéu para a plateia, numa reverência a todos os ponteiros e ponteiras, gestores e gestoras que – apesar dos pesares – seguiram com esta política pública “que se mantém pela força das ideias, do compromisso e do encantamento social”. 

“Pessoas passaram por processos, por desrespeitos ao longo de anos, e ainda assim iam lá e abriam a porta do Ponto de Cultura de qualquer maneira. Com o Estado, contra o Estado, apesar do Estado, estavam lá, se mantendo. Esse é o maior legado da Cultura Viva”, afirmou o ex-secretário de Cidadania Cultural do MinC (2004-2010), um dos idealizadores do programa Cultura Viva, que tendo como base de apoio os Pontos de Cultura, estabeleceu novos parâmetros de gestão e democracia, aplicando conceitos como “Estado-rede” (Manuel Castells) e “Estado ampliado” (Antonio Gramsci).

Segundo Turino, o conceito de Estado é muito significativo para a Cultura Viva. “No primeiro texto, isso já estava escrito, que era necessário um Estado ampliado, moldado à imagem do povo. Hoje acrescento mais um conceito, que é o Estado ampliado e ‘obedencial’. O povo manda, o Estado obedece. Porque é o Estado que tem que se adequar à sociedade”, afirmou, somando também o conceito da gestão compartilhada e transformadora, “porque o que se faz a partir das potências da comunidade é buscar a transformação da sociedade. É buscar a revolução”. 

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O aprendizado da incompletude

Davy Alexandrisky, o segundo a tomar a palavra na mesa, lembrou a organização das Teias, a magia dos primeiros encontros, e o fórum para a criação da Comissão Nacional de Pontos de Cultura, a “loucura” que foi criar uma comissão com 60 pessoas de todos os estados do Brasil, e como o então secretário de Cidadania Cultural do MinC, Célio Turino, bancou essa ideia, porque achava importante a gestão compartilhada. 

“Este programa foi uma decisão mais política do que burocrática. Ele feria todos os princípios das atividades-meio, e a gente embarcou nesta nave. Era uma nave que podia rodar pelas estradas, mas você tinha que trocar pneu com ela andando. Que podia alçar altos voos, mas você tinha que terminar de fazer a asa com ela voando, ou podia dar mergulhos profundos e você tinha que estar parafusando a escotilha. Era assim, mas era feita com muito esmero, porque esse inacabamento era um aprendizado do Paulo Freire, a incompletude era isso, era algo que precisava ser daquela maneira”, comentou o fotógrafo de Niterói, do Ponto de Cultura Campus Avançado.

Davy terminou sua intervenção citando trechos do discurso de posse de Gilberto Gil como ministro da Cultura, lido em 2 de janeiro de 2003 e sempre lembrado, principalmente pela menção ao “do-in antropológico”, que aparece no nome da mesa realizada nesta quinta-feira. Como destacou o representante da Comissão Nacional de Pontos de Cultura, Gil dizia que o Ministério da Cultura não podia ser apenas “uma caixa de repasse de verbas para uma clientela preferencial” e que não cabia ao Estado fazer cultura, “a não ser num sentido muito específico e inevitável: no sentido de que formular políticas públicas para a cultura é, também, produzir cultura”. 

Ao ouvir a citação do “do-in antropológico” que massageia pontos vitais do corpo cultural do país, “para avivar o velho e atiçar o novo”, a pesquisadora Luana Vilutis lembrou também o ponteiro Franklin, de Minas Gerais, que fala da expansão da noção do do-in para o cafuné. “É com essa amorosidade, essa solidariedade, no sentido da alteridade, que está na gênese da Cultura Viva, que a gente precisa mais do que nunca se nutrir, se inspirar. Neste tempo de guerra cultural, de disputas de extrema violência, viver é resistência. É por meio desse cafuné, dessa generosidade, que a gente vai conseguir combater o fascismo e manter a Cultura Viva como ela é, sempre foi e precisa continuar sendo: pulsante”, ressaltou a mediadora. 

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“Juntos somos muito mais”

Dialogando com a fala inicial de Célio Turino, a pesquisadora Lia Calabre destacou que os Pontos de Cultura são ideias, compromissos e resistência social. “Ideias criativas, ideias múltiplas, ideias diversas que permitem, que transparecem, que pautam, que dão o ritmo das dinâmicas locais. É nos territórios onde a potência efetivamente acontece”, disse a diretora do Setor de Estudos de Políticas Culturais da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB). 

Segundo Lia, a territorialização do programa trouxe muitos problemas a princípio, dificuldades, desafios, mas foi o que permitiu que o programa continuasse a existir. “Passamos por um momento de guerra cultural, um cabo de guerra em que a gente ficou o tempo inteiro se defendendo daquilo que explodia contra nós. Havia a ideia de que fazíamos ‘marxismo cultural’, que deveríamos retornar o fomento da cultura com ‘C maiúsculo’. Mas quanto mais a gente está no território, mais as pessoas enxergam que aquilo que elas fazem é a cultura, e não tem esse maiúsculo ou minúsculo”. 

Para ela, cada vez mais o conjunto dos cidadãos precisa se apropriar do conceito de democracia e cidadania cultural: “Todos têm direito à cultura: o direito a assistir, a fazer, a se envolver, a se profissionalizar, o direito que queira ter. Quanto mais a gente conseguir nos territórios que as pessoas se apropriem de seus direitos, mais a gente evita que ações como tivemos, de desmontes de políticas, aconteçam na mesma intensidade. Quanto mais as pessoas se apropriam dos direitos, elas serão mais resistência. Isolados nos nossos territórios individualizados, somos menos. Juntos, somos muito mais”. 

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De volta ao passado para pensar no futuro

Emocionado por estar neste encontro, nesta mesa dedicada à memória, João Pontes lembrou que a Comissão Nacional de Pontos de Cultura estava reunida na cidade de Salvador em 2016, ano em que Dilma Rousseff deixou a presidência da República e o Ministério da Cultura quase foi extinto (o que realmente aconteceria dois anos depois). “Foi a Bahia que nos acolheu, para pensar no futuro. Mas naquele momento era um futuro de medo, de indignação, de percepção da necessidade de resistência, de solidariedade. Eu estava aqui, lembro das pessoas chorando, se afastando. Pois estamos aqui, companheiros e companheiras. Resistimos, lutamos, reconquistamos e vamos avançar muito mais”.

Segundo o diretor da Política Nacional Cultura Viva, é a pressão popular, é a luta política que faz acontecer os processos da política pública. “Que bom que houve pessoas importantes, que tiveram sensibilidade e produção intelectual, mas, acima de tudo, a luta política é feita pelo povo, pelo movimento social organizado. Se a gente está celebrando 20 anos de Cultura Viva, é porque teve quem lutou, quem reivindicou”, afirmou Pontes, ressaltando o papel do povo da capoeira da Bahia nesse lugar de cobrança e luta. E também a participação dos três baianos que foram ministros da Cultura e apoiaram fortemente essa política pública de base comunitária: Gilberto Gil, Juca Ferreira e Margareth Menezes.  “A Cultura Viva deve muito ao povo da Bahia”.

Para João Pontes, no entanto, “por mais que tenha tido um avanço programático, institucional, extremamente rico e potente com a experiência do Ministério da Cultura, com a criação do Cultura Viva, talvez a gente não tenha tido a centralidade necessária, naquele momento histórico, para a dimensão do simbólico, da disputa de valores que o Brasil precisava, e agora precisa mais ainda do que nunca”. 

Os recursos trazidos pela Lei Paulo Gustavo (LPG) e pela Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), segundo ele, são marcos de um novo tempo dessa política. “É uma oportunidade histórica construída por nós na luta e que nos dá uma estrutura institucional, e também uma infraestrutura, capazes de dar suporte e intensificação da luta popular, da luta social no Brasil a partir do Cultura Viva, a partir das várias experiências que a gente tem desenvolvido”.

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O resgate da ancestralidade

O baiano Zulu Araújo, pesquisador e militante do movimento negro, ex-presidente da Fundação Palmares e ex-diretor do Grupo Olodum, começou sua intervenção citando Achille Mbembe, filósofo, cientista político e historiador da República dos Camarões. Zulu destacou um trecho de “A Era do Humanismo”, em que o autor diz que outro longo e mortal jogo começou. “O principal choque da primeira metade do século XXI não será entre religiões ou civilizações. Será entre a democracia liberal e o capitalismo neoliberal, entre o governo das finanças e o governo do povo, entre o humanismo e o niilismo”, escreve Achille Mbembe. Mais adiante, ele diz que as desigualdades continuarão a crescer em todo o mundo.

Neste contexto, o pesquisador da UFBA diz que a nossa memória de hoje, pensando no passado, está comprometida pelo presente. “O presente que nós vivemos é este. O neoliberalismo é o que comanda hoje o país. Nenhuma política pública, seja ela de que ordem for, terá sucesso no Brasil se antes de qualquer coisa nós não garantirmos o Estado democrático de direito. Não há mágica, não tem sonho que resista ao autoritarismo, à violência, à indignidade que nós vivemos recentemente no nosso país. Nós não estamos isolados do mundo. Os Pontos de Cultura não estão isolados do mundo nem da política brasileira.” 

Para ele, existem duas coisas que unem a América Latina: o colonialismo e a escravidão. “Nessas duas coisas, nós somos as vítimas”, ressaltou, lembrando que no preconceito, no viés atravessado com a população negra, indígena e periférica, também está a gênese do conservadorismo brasileiro. “Fingem que estão nos incluindo, mas continuam pensando e agindo para nos excluir. Hoje, no Brasil, não vai bastar apenas o sonho. O sonho é fundamental para que a gente possa impulsionar a cultura brasileira. Mas a gente vai precisar ter os pés no chão e saber que o nosso sonho estará ancorado na política, no que ela tem de mais essencial, que é a democracia”.

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O vídeo da transmissão desta mesa está disponível no canal do MinC no YouTube: https://www.youtube.com/live/CIMIEhs1G_Y?si=1gK_QwFvsHfg0ZJY

O Encontro Nacional Cultura Viva 20 Anos é uma realização do Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC), do Consórcio Universitário Cultura Viva (UFBA-UFF-UFPR) e da Comissão Nacional de Pontos de Cultura (CNPdC). Conta também com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, da Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador, da Pró-Reitoria de Extensão Universitária da Universidade Federal da Bahia (PROEXT) e da Casa Rosa.

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03

jul
2024

Em Cultura Viva
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Por IberCultura

Encontro Nacional Cultura Viva 20 Anos começa com roda de encantamento de mestres em Salvador

Em 03, jul 2024 | Em Cultura Viva, Notícias, Países membros | Por IberCultura

 
(Fotos: Amanda Tropicana/MinC)

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Uma roda de encantamento de mestras e mestres de diferentes regiões do Brasil deu início ao Encontro Nacional Cultura Viva 20 Anos, na Casa Rosa, em Salvador (Bahia), nesta quarta-feira, 3 de julho. Cerca de 250 pessoas participaram deste primeiro dia de atividades, que incluiu painéis com grupos de trabalho (GTs) de gestoras e gestores públicos e de representantes dos 42 Pontões de Cultura selecionados no edital lançado em 2023 pelo Ministério da Cultura (MinC) para reativar a Rede Cultura Viva.

Pai Lula Dantas, Mestra Doci dos Anjos, Mestre Alcides de Lima, Mestra Nádia Akawã, Mestre Paulo Ifátide, Mestra Iara Aparecida, Mãe Carmen de Oxalá, Mestra Fatinha do Jongo e Mestra Susana Kaingang foram os/as responsáveis pelas palavras de boas-vindas, as saudações a Iemanjá, as louvações, os cantos e as danças que marcaram o começo do evento, nesta manhã. A programação segue até o próximo sábado (06/07), com atividades de formação, rodas de conversa, mesas de debate e apresentações artísticas.

O baiano Pai Lula, mestre de cerimônias do ato de abertura, estava emocionado por estar ali, podendo “rever, reencontrar, rediscutir, repensar, repactuar, neste momento de renovar nossas esperanças e expectativas”. “Este espaço é nosso, para que possamos construir o início das celebrações dos 20 anos de Cultura Viva e construir um novo momento para a política cultural brasileira”, destacou.

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A baiana-paraibana Mestra Doci lembrou que a criação do programa Cultura Viva, em 2004, foi feita com base em quatro pilares: os Pontos de Cultura, a Ação Griô Nacional, Cultura Digital e Escola Viva. Representante da Comissão Nacional de Griôs e Mestres, ela ajudou a construir a proposição da Lei Griô, um processo que mobilizou 700 mestras e mestres de todas as regiões do Brasil e que considera uma das coisas mais importantes que fez na vida. (O Projeto de Lei nº 1786/2011, que institui a Política Nacional Griô, “para proteção e fomento à transmissão dos saberes e fazeres de tradição oral”, foi recentemente desarquivado.)

“Não gosto de sair de casa, mas por conta desse projeto da Cultura Viva, caminhei o Brasil inteiro. Foi muito importante porque conheci e reconheci minhas irmãs e meus irmãos de alma que estão espalhados pelo Brasil. Uma coisa linda. Foram produzidos muitos materiais e, por fim, nós criamos a Lei Griô. Foi um aprendizado maravilhoso escrever uma lei para nós mesmos, e uma lei que chega dentro das escolas. Infelizmente, não somos políticos e ficamos apensados. Desde lá eu penso sobre isso e tenho colocado minhas pernas mais ágeis para estar lá na frente”, comentou, sobre a esperança de ver esse projeto de lei aprovado no Congresso Nacional.

Neste evento que marca o 20º aniversário do programa Cultura Viva no Brasil (o lançamento foi em 6 de julho de 2004), ela diz que espera poder “honrar este momento de aconchego, de celebração, de encontros e reencontros”, cheia de vida e esperança. “Sejamos esperança, mão segurando na mão. Sejamos mais irmãos. Sejamos pessoas melhores, para nós, e para poder olhar para o outro e ver que a diferença é que é o gostoso”, ensina a mestra fundadora da Escola Viva Olho do Tempo, que há 20 anos trabalha com crianças e adolescentes das comunidades do Vale do Gramame, na área rural de João Pessoa (Paraíba).

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O mineiro-paulista Mestre Alcides lembrou que a celebração é pelos 20 anos de Cultura Viva, mas que este é “um processo de germinação de séculos”. De volta ao tema trazido por Mestra Doci, ele falou da importância de agir, não ficar só na discussão. “A lei dos mestres (Lei Griô) está parada. A gente tem que trazer elementos propositivos, que funcionem; senão a gente vai ficar 100 anos discutindo políticas públicas, os povos de culturas tradicionais, os povos originários. Estou com 77 anos e quero dançar mais 77 anos; para isso é preciso ter política pública, ter garantia de território”, destacou o fundador do Centro de Estudos e Aplicação da Capoeira (Ceaca), de São Paulo, depois de cantar e dançar um ponto de congado de Minas Gerais.

Mestre Alcides chamou a atenção para a necessidade de garantia de território, porque nas culturas tradicionais, os terreiros, os espaços dos congados, dos quilombos, das aldeias, são lugares sagrados. “Estou há 25 anos numa escola e não consigo formar multiplicadores. Porque é um lugar por que todo mundo passa, ninguém fica. Nos terreiros, não. É um lugar sagrado. No meu terreiro, eu posso estar dormindo e estou produzindo, estou pensando”, afirmou.

Pedindo bênção aos mais velhos e aos seus iguais, Fatinha do Jongo, da cidade de Pinheiral (Rio de Janeiro), começou sua intervenção lembrando que conheceu o Cultura Viva por meio de Célia Dupin, de Vassouras. “Ela disse: ‘Fatinha, esse programa é a cara de vocês, é o que vocês fazem’. Por quê? Porque a gente trabalha isso a vida inteira; como o mestre Alcides disse, comunidade tradicional é vivência. A gente vive a nossa cultura, nossas tradições, 24 horas por dia”, destacou a mestra do Jongo de Pinheiral, que desde os anos 80 vem trabalhando a tradição dentro das escolas, levantando a autoestima das crianças pretas.

Para ela, que também integrava a Comissão Nacional de Griôs e Mestres, o trabalho em torno da elaboração da Lei dos Mestres foi de grande enriquecimento, porque lhe deu a oportunidade de conhecer leis de outros estados. “A Ação Griô foi um trabalho com o Brasil todo, com vários povos, várias manifestações. Foi lindo. Tenho muito orgulho de trabalhar nossa cultura afro, e o Cultura Viva é algo que a gente avançou, mas ainda precisa melhorar muito. É preciso ter novas visões, trabalhar as políticas públicas, porque é o que o nosso povo precisa. Quem faz cultura popular, tradicional, está lá na ponta, e os recursos dificilmente chegam lá. É preciso falar a linguagem do povo.”

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Já a Mestra Nádia Akawã Tupinambá destacou a importância dos saberes e fazeres dos povos originários e de dar visibilidade a eles, para que não sigam invisibilizados, despercebidos. “Não precisa do título, eu sou cultura viva. Eu nasci numa aldeia e essa aldeia é um pontão de cultura, ainda que não seja reconhecido como tal. O que é orgânico não precisa ter registro. Somos povos originários. A palavra cultura, ela vem depois de nós”, comentou.

Segundo Nádia, organicamente, todos os povos originários deste país são parte desse movimento, ajudaram a construí-lo. “Mas sinto falta, por exemplo, dos maracás, que não estão aqui”, reclamou a mestra da tradição oral, educadora e condutora de cerimônias com as medicinas da terra. “Precisamos mostrar realmente quem somos, usar os adereços, os artefatos que nos representam. A gente precisa dar nome a quem realmente, de fato, traz as origens, carrega esse movimento, carrega esse movimento cultural nas suas veias, do lugar de onde vem.

Mestre Paulo Ifatide, do Centro Cultural Orúnmilá/ Ponto de Cultura Ilê Lati Ede Dudu (Casa da Cultura Negra), chamou a atenção para a questão da ancestralidade, ao lembrar um vídeo exibido no Encontro Paulista Cultura Viva 20 Anos, em junho, com homenagens a mestres que já partiram, como Mestre Lumumba, Mestre Alceu, Mãe Isabel e Doné Eleonora. “Fiquei imaginando o que seria o Cultura Viva sem mestras e mestres da tradição. Talvez um grupo de tecnicistas discutindo outras coisas, computação, etc”, comentou, recordando também a Teia de Guarulhos, o momento em que o maracatu entrou no teatro e aquilo “pegou fogo”. “Nesse dia eu escrevi: Os europeus civilizaram a África com pólvora. Nós civilizamos o Brasil com nossos tambores.” 

Dizendo estar ali mais para cobrar do que para aplaudir (“é preciso política pública para nosso povo”), Mestre Paulo ressaltou que, durante séculos, a cultura foi colocada como “algo menor” neste país, e que esses 20 anos do Cultura Viva devem muito aos mestres e mestras. “Duvido que alguém aqui, um dos mestres e mestras, parou um dia de fazer suas coisas nesses anos sombrios que nós passamos sem apoio nenhum. Porque nós somos isso. Como eu já disse, meus antepassados dormem na minha língua, formam minhas palavras, pensamento que não pensei, me acompanham e me sustentam. É a minha cultura.”

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Mestra Iara Aparecida, da cidade de Uberlândia (Minas Gerais), se apresentou como filha da Mãe Preta, mulher que acolhe muita gente em seu terreiro, seu lugar sagrado, e que ela um dia gostaria de levar a um desses encontros, inclusive para falar dos antepassados, algo que lhes orgulha muito. Antes de cantar um ponto de congado, ela chamou ao palco algumas pessoas que ajudaram a fazer essa história: Damiana Campos, João Pontes, Leandro Anton, Marcelo das Histórias, Aderbal Ashogun, Márcia Rollemberg, Tião Soares. A eles, dirigiu um só verbo: resistir. 

“Nesses 20 anos de Cultura Viva, o que mais a gente fez foi resistir. Se estamos aqui hoje, foi porque resistimos a todos os atropelos que tivemos que passar. Fizemos uma marcha para que a Lei Cultura Viva fosse implementada como Plano Nacional de Cultura Viva, e isso acontece agora. Se falo de oralidade e memória, a gente não pode esquecer desses momentos importantes. Não temos dinheiro para ir? Vamos a pé, de carona. mas vamos”, disse a mestre mineira, madrinha do Ponto de Cultura Moçambique Estrela Guia.

Mestra Susana Kaingáng falou um pouco de seu povo, o terceiro maior povo indígena do Brasil (o país conta com 305 povos originários), e do Ponto de Cultura Kaingáng Jãre (significa “Raiz Kaingáng”), criado há 18 anos no município de Ronda Alta, no Rio Grande do Sul. Primeiro Ponto de Cultura situado em uma terra indígena a receber o reconhecimento do Ministério da Cultura, esta organização promove ações de valorização da cultura e conhecimentos tradicionais com os Kanhgág Kófa (ou anciãos Kaingáng), trabalhando em parceria com escolas e universidades.

“Nossa Raiz Kaingang está centrada no saber dos nossos velhos. Trazer a memória dos nossos ancestrais é muito importante para nós, povos indígenas, porque se a história é escrita aos olhos do colonizador, nós também temos que escrevê-la através dos nossos olhos, através da tradição oral, sentando com nossos velhos. São eles que nos ensinam, são eles que trazem a sabedoria dos nossos povos, nossa tecnologia, nossa ciência”, contou Mestra Susana.

Encerrando a roda, Mãe Carmen de Oxalá disse que é hora de dar início a um novo momento de fortalecimento da Política Nacional de Cultura Viva, por meio da palavra. “Que a gente consiga desenvolver o bom ebó da compreensão através da fala. Porque é conversando que a gente se entende, é conversando que a gente vai construindo caminhos.  Foi dessa forma, conversando, que houve a resistência do povo do batuque do sul. Tem horas que a fala fica mais apimentada, outras com um pouco de mel, mas a gente continua conversando”, disse a mestra gaúcha, representante do primeiro terreiro a ser reconhecido como Ponto de Cultura pelo MinC e do primeiro Pontão de Cultura de Matriz Africana no Estado do Rio Grande do Sul: a Associação Beneficente Cultural Africana Templo de Yemanjá (Assobecaty).

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O Encontro Nacional Cultura Viva 20 anos, que se realiza entre os dias 3 e 6 de julho na Casa Rosa, em Salvador, foi organizado pelo Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC/MinC), e pelo Consórcio Universitário Cultura Viva, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Federal do Paraná (UFPR), em parceria com a Comissão Nacional dos Pontos de Cultura (CNPdC).

A iniciativa teve o apoio do Governo do Estado da Bahia, da Prefeitura de Salvador, da Pró-Reitoria de Extensão Universitária da Universidade Federal da Bahia (Proext) e da Casa Rosa.

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Aqui o video da transmissão desta mesa no canal do MinC no YouTube: https://www.youtube.com/live/U4B4df9ZZKA?si=SAt57mQ6f3yzyv8a

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13

nov
2023

Em Notícias
Países membros

Por IberCultura

Ministério das Culturas do Chile abre convocatória para Pontos de Cultura Comunitária

Em 13, nov 2023 | Em Notícias, Países membros | Por IberCultura

(Foto: Espaço Cultural FB La Feria)

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O Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio do Chile, por meio do programa Pontos de Cultura Comunitária (PCC) do Departamento de Cidadania Cultural, abriu a convocatória que apoiará a gestão realizada pelos Pontos de Cultura validados no Registro Nacional, bem como sua articulação e gestão de redes que possam contribuir para a sua sustentabilidade. As organizações candidatas poderão apresentar seus planos de fortalecimento e articulação até o dia 23 de novembro de 2023.

O programa Pontos de Cultura Comunitária foi criado com o propósito de contribuir para o reconhecimento e visibilidade das organizações de base comunitária, procurando apoiar a sustentabilidade, tanto das práticas socioculturais geradas e desenvolvidas nos territórios, urbanos e rurais, como também no reconhecimento de suas ações e importância como parte do ecossistema cultural.

O concurso 2023 para inscrição no Registro Nacional de Pontos de Cultura Comunitária esteve aberto até 7 de agosto. Foram apresentadas 537 organizações de todo o país, das quais 295 cumpriram os requisitos para serem validadas. O Registro permanece aberto, com o próximo encerramento em 30 de junho de 2024.

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Duas linhas de aplicação

Esta convocatória visa financiar total ou parcialmente planos de fortalecimento e estratégias de articulação dos Pontos de Cultura Comunitária que integram o Registro de Pontos de Cultura Comunitária.

A chamada será composta por quatro etapas: candidatura, avaliação, seleção e assinatura do termo de execução, em duas linhas de postulação:

A linha Plano de Fortalecimento de Pontos de Cultura Comunitária visa financiar a implementação de planos de fortalecimento que contenham os objetivos, estratégias e ações necessárias para fortalecer o desenvolvimento e a sustentabilidade das práticas socioculturais dos PCCs no território em que estão inseridos. Esses planos podem incluir despesas operacionais e de pessoal. Somente poderá se inscrever quem fizer parte do Registro de Pontos de Cultura Comunitária.

Esta linha tem um orçamento total de 2,6 bilhões de pesos chilenos e financia projetos de até 10 milhões de pesos para organizações com trajetória entre 3 e 10 anos, e até 15 milhões para aquelas com mais de 10 anos de experiência.

A linha Plano de Articulação Regional visa interligar os Pontos de Cultura Comunitária de forma coletiva e colaborativa, permitindo a formação gradativa de uma rede regional que atue de forma coordenada no ecossistema sociocultural regional. Através do financiamento de um Plano de Articulação por região, cada Ponto de Cultura Comunitária poderá manifestar a sua vontade de participar na Rede Regional de Pontos de Cultura Comunitária, espaço coletivo a partir do qual será desenvolvido o plano de articulação. Esta iniciativa busca estabelecer o desenho de ações que visem cumprir e fortalecer um objetivo comum gerado pela rede e que contribua para o desenvolvimento cultural local. Para formar uma rede regional, devem participar pelo menos quatro PCCs.

Esta linha tem um orçamento total de 240 milhões de pesos chilenos e financia projetos de até 15 milhões de pesos.

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Inscrições e regulamento

Para se inscrever em ambas as linhas, deve-se acessar o site https://puntos.cultura.gob.cl/documentos/ e seguir as instruções nele estabelecidas. Os Pontos de Cultura candidatos podem apresentar os seus planos de reforço e articulação até o dia 23 de novembro de 2023.

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Prioridades

Os planos de fortalecimento e articulação serão avaliados e priorizados por uma comissão conforme critérios estabelecidos nas bases. Caso o plano seja priorizado, terá início o processo de assinatura do convênio, contra a garantia estabelecida nas bases, e a correspondente entrega de recursos para que os Pontos de Cultura possam iniciar a correspondente implementação.

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Aconselhamento e consultas

Para orientar e esclarecer dúvidas, a equipe do programa oferecerá encontros virtuais na segunda-feira, 13 de novembro, e na sexta-feira, 17 de novembro, às 17h. Os links serão compartilhados pelas respectivas Secretarias Regionais Ministeriais (Seremis), onde o atendimento também é prestado por e-mail.

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Saiba mais: https://bit.ly/3QF42gN

Confira o regulamento: https://bit.ly/47aOl80

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