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Projeto Comarca: o resgate da língua nativa “Woun-meu” por meio da tecnologia
Em 31, Maio 2024 | Em Notícias, Povos originários | Por IberCultura
[CENZONTLE]
A região Emberá-Wounaan é um território indígena do Panamá, criado em 1983 a partir de dois enclaves localizados na província de Darién, nos distritos de Chepigana e Pinogana, onde coexistiram ancestralmente dois grupos étnicos: os Emberá e os Wounaan. Cada grupo preservou sua própria cultura, tradições e línguas. Os Emberá falam “Emberá”; os Wounaan, o “woun-meu”.
Para preservar o woun-meu e o seu legado histórico, bem como reduzir as lacunas educativas, digitais e de gênero ali encontradas, foi criado o “Projecto Comarca”, um dos selecionados na convocatória Cenzontle: Uma Janela para as Línguas Originárias da Ibero- América, lançada em 2023 pelos programas IberCultura Viva e Ibermemoria Sonora, Fotográfica y Audiovisual.
A iniciativa está capacitando as mulheres Wounaan a se tornarem “escreventes” e usarem a língua nativa para escrever contos, narrar suas histórias e costumes, ou mesmo para se comunicarem no dia a dia, via WhatsApp. Além de fornecer ferramentas tecnológicas que permitam às mulheres escrever na língua originária tanto no celular quanto no computador (teclados físicos e virtuais), o projeto busca educá-las e motivá-las a usar a escrita como meio de expressão pessoal e de resgate cultural, também para que suas tradições não se percam.
No fórum virtual realizado nos dias 21 e 22 de fevereiro, no âmbito do Dia Internacional da Língua Materna, Doris Cheucarama, tradutora Wounaan e membro do Coletivo Comarca, explicou que muitas das mulheres da comunidade, embora continuem a falar woun-meu com os filhos, não sabem escrever as palavras. E as que sabem, até poucos meses atrás não tinham como fazer isso digitalmente, enviando mensagens pelo celular, por exemplo, por falta de um teclado adequado, com os caracteres específicos do seu idioma.
“Há cidades que estão perdendo a língua, as crianças quase não entendem, os pais quase não falam com os filhos na língua materna. Estamos preocupados com a realidade nessa parte. Se não falarmos, poderemos perder a nossa língua e então sentiremos que o grupo Wounaan já não existirá”, comentou Doris Cheucarama no fórum. “Com este projeto percebemos que as mulheres têm interesse em aprender, porque falam a língua, mas não sabem escrever. Fizemos algumas oficinas de um dia, um companheiro mostrou as vogais, como se escrevem, como se traduz, e isso impactou as mulheres que participaram. Ali vimos a necessidade.”
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Problemas e necessidades
O “Projeto Comarca”, portanto, nasceu da necessidade de: 1) Disponibilizar as ferramentas necessárias para a escrita do woun-meu em meio digital, garantindo sua reprodução e utilização cotidiana pela população mais jovem; 2) Promover o desenvolvimento educativo e cultural das mulheres, promovendo as suas competências literárias, pedagógicas e digitais; 3) Promover a apropriação cultural e a geração de memória coletiva através de encontros de cocriação e do desenvolvimento de narrativas literárias coletivas; 4) Mitigar as lacunas digitais e educacionais nas comunidades indígenas.
A proposta baseia-se nos problemas que as mulheres indígenas enfrentam, como o analfabetismo na sua língua materna (e às vezes também no espanhol); a falta de acesso a teclados, fontes ou plataformas que facilitem a escrita na língua originária; a escassez de oportunidades educacionais; a estigmatização do uso da língua fora dos seus territórios; migração para as cidades e a perda geracional de conhecimentos e práticas ancestrais. No caso da língua woun-meu, especificamente, falta documentação escrita para que ela possa ser ensinada às novas gerações.
Na candidatura apresentada à convocatória Cenzontle, o grupo detalha a ideia de aliar o processo de construção da ferramenta tecnológica aos componentes sociais e literários da proposta. Segundo o grupo, o componente social baseia-se em técnicas de educação popular e participativa que reconhecem as mulheres como escritoras, educadoras, criadoras e contadoras de histórias, levando-as a apropriarem-se dos seus processos de aprendizagem. O componente literário, por sua vez, procura promover a expressão cultural e emocional das mulheres Wounaan, a sua formação na escrita tradicional e digital em woun-meu e a divulgação de suas histórias, desejos e costumes.
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Oficinas nas comunidades
O grupo que desenvolve este projeto já conseguiu criar um teclado digital com caracteres para as 20 consoantes e 16 vogais utilizadas na língua woun-meu e realizar oficinas nas comunidades, onde as mulheres fizeram uma análise da história local, do cotidiano, “refrescaram a mente” e narraram sua vida pessoal, inclusive o que ouviam quando eram crianças. O material coletado nessas oficinas estará no livro “Maach Wounaan Hiiu: Nossa cultura Wounaan”, em processo de elaboração. “O livro também será uma ferramenta para os professores ensinarem às crianças o que as mulheres narraram, o que ouviram”, disse a professora Doris Cheucarama.
As oficinas mostraram que a principal motivação dessas mulheres para aprenderem a escrever em woun-meu é poder ensinar seus filhos e filhas a fazê-lo. Segundo a professora wounaan, “falar as línguas maternas é importante porque com elas nos comunicamos, com elas contamos histórias aos nossos filhos, e eles veem que os nossos antepassados contavam essas histórias, e vão se dar conta do que viveram. (…) Esta é a mentalidade que temos para o futuro: que os professores ensinem a nossa língua, e que assim publiquem mais, e que as crianças falem fluentemente. Porque uma língua é como ouro.”
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Primeiro contato
No projeto, o coletivo afirma que a primeira aproximação com a comunidade de mulheres Wounaan ocorreu no âmbito do 8º Laboratório de Inovação Cidadã (LABICPA), que se realizou de 18 a 28 de outubro de 2022 na Cidade do Panamá. Graças ao LABICPA, foi realizado um trabalho de formação e intercâmbio com um primeiro grupo de 25 mulheres Wounaan provenientes de áreas urbanas da Cidade do Panamá. Com este grupo foi desenvolvido um protótipo de teclado físico e digital, com o qual Doris Cheucarama e Chivio Membora puderam testar exercícios de tradução do espanhol para woun-meu de algumas histórias criadas pelas 25 pessoas participantes deste primeiro encontro.
Para Chivio Membora, linguista, tradutor e músico da comunidade Wounaan, “foi uma bênção quando este teclado digital foi criado” para que os falantes do woun-meu pudessem se comunicar e conversar com seus pares através de seus celulares.. “Era muito difícil escrevermos, não tínhamos como fazer (sem teclado), só escrevíamos à mão, mas também não era perfeito por causa da grafia. Agora podemos escrever, enviar mensagens e continuar aprendendo”, comentou o linguista durante o fórum virtual, destacando o trabalho conjunto que foi feito com pessoas como o colombiano Sergio Leandro Aristizabal, designer gráfico especializado em tipografia, e o documentarista Jonathan Álvarez.
Em maio de 2023, graças ao apoio do Post Labic, avançou-se no desenvolvimento de uma versão melhorada do teclado digital em woun-meu para celulares ou tablets. Também foi possível avançar com a elaboração, diagramação e ilustrações da primeira versão do livro digital dos contos criados pelas mulheres Wounaan, assim como a criação da página web básica de onde pretendem difundir o projeto e obter fundos para outros objetivos que ainda faltam conseguir.
Entre as ações previstas está a concepção de recursos audiovisuais e gráficos, de fácil acesso e impressão, para melhorar a aprendizagem da língua Woun-meu da comunidade Wounaan, bem como a tradução de livros educativos (do espanhol para woun-meu), áudios e vídeos instrutivos sobre a linguística. A concepção e produção de conteúdos educativos em woun-meu serão realizadas em colaboração com a comunidade Wounaan, através de um processo participativo e consultivo.
“A médio prazo procuramos continuar a trabalhar com mais mulheres da etnia Wounaan localizadas em territórios urbanos e rurais. Queremos ter uma visão mais completa dos problemas das mulheres indígenas em seu território e verificar se o protótipo inicial é adaptável às necessidades de acordo com os diferentes contextos”, detalhou o grupo no projeto.
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Quem compõe o Coletivo Comarca
- Doris Cheucarama: tradutora Wounaan e gestora indígena
- Chivio Membora: Linguista, tradutor e músico da comunidade Wounaan
- Sergio Aristizabal: Designer gráfico especializado em tipografia
- Zuly Redondo: Antropóloga especializada em povos indígenas
- Sharon Pringle: Educadora e escritora popular
- Jonathan Álvarez: Documentarista e gestor cultural audiovisual
- Julio Roldan: Programador e engenheiro de sistemas
- Mari Sarabi: Pesquisadora e economista
- Víctor Moraes: Linguísta
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Saiba mais sobre a comarca
Com uma área de 4.385 km², a comarca Emberá-Wounaan tem uma população estimada em 9.544 habitantes (censo de 2010), que estão distribuídos em 42 comunidades ao longo das margens dos rios Membrillo, Tupiza, Tuira, Río Sabalo e Jingurundó. Também fora da comarca, em Puerto Lara, Balsas, Jaqué, Sambú e Río Bagre.
A comarca tem como capital Unión Chocó e é administrada através de uma estrutura de governo democrática tradicional, liderada por um cacique geral e pelo presidente do Congresso Geral das Terras Coletivas Emberá-Wounaan, formado pelos caciques das cinco regiões em que se divide a comarca, escolhidos pelas comunidades. As eleições são realizadas com toda a população adulta das comunidades, e cada uma tem voz e voto.
A agricultura é a principal atividade econômica, destacando-se o cultivo de banana, milho e tubérculos, como inhame, mandioca e outros. O artesanato, a pesca, a criação de animais caipiras e a coleta de plantas também são importantes na economia local.
Em abril de 2022, Aulina Ismare Opua, com o lema “Uma mulher para um melhor desenvolvimento e unidade do povo Wounaan”, foi eleita chefe do povo Wounaan. Ismare é formada pela Universidade Central do Chile, em Ciências da Educação, professora especializada em Linguagem e Comunicação. Tem se destacado em diversas atividades profissionais e comunitárias, desenvolvendo programas e projetos que visam o fortalecimento do território Wounaan e de outros povos indígenas, jovens e mulheres.
Fórum virtual reunirá representantes dos projetos ganhadores da convocatória Cenzontle
Em 19, fev 2024 | Em Editais, Notícias, Povos originários | Por IberCultura
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Nos dias 21 e 22 de fevereiro, em comemoração ao Dia Internacional da Língua Materna, será realizado um fórum virtual com os projetos vencedores da convocatória Cenzontle: Uma Janela para as Línguas Originárias da Ibero-América. Representantes dos projetos premiados apresentarão suas propostas, mostrando como valorizam as línguas originárias de alguns dos países da região ibero-americana.
A transmissão será ao vivo na quarta-feira, 21 de fevereiro, e na quinta-feira, 22 de fevereiro, das 16h às 18h (horário da Cidade do México, GMT-6; no Brasil será das 19h às 21h), nas páginas de Facebook do IberCultura Viva e do Ibermemória Sonora e Audiovisual.
Treze projetos vencedores têm presença confirmada no fórum: no primeiro dia serão apresentados 6, e no segundo dia, 7. Um dos projetos a serem apresentados é o “Vocabulário com perspectiva de gênero nas línguas indígenas (Tojolabal, Tseltal e Tsotsil)”, desenvolvido com pessoas de cinco municípios do estado de Chiapas (México): Las Margaritas, Chanal, Oxchuc, Yajalón e Zinacantan.
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Outra experiência que será compartilhada será a do site “Arquivo sonoro mapuche”, projeto apresentado por uma equipe multidisciplinar de ativistas de ascendência indígena localizada no centro do território chileno, em Santiago e em Quilpué-Villa Alemana, chamada pelos mapuches “Ngülümapu”.
Do Uruguai será apresentado “N’orma Ju Onkaiujmar”, projeto de música tradicional que propõe a gravação de canções em língua charrúa e em espanhol, com instrumentos ancestrais, que estarão disponíveis para uso em documentários, animações e propagandas. Esta iniciativa pretende proporcionar uma ferramenta para divulgação da língua e da cultura charrúa.
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Conheça os 16 projetos ganhadores da convocatória
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Confira a programação:
16 projetos foram selecionados na convocatória “Cenzontle, uma janela para as línguas originárias”
Os programas IberCultura Viva e Ibermemória Sonora, Fotográfica e Audiovisual publicaram nesta quinta-feira, 12 de outubro, o resultado da convocatória “Cenzontle, uma janela para as línguas originárias da Ibero-América”. Das 64 candidaturas que haviam sido habilitadas, foram selecionadas 16 propostas de 10 países: México, Argentina, Panamá, Chile, Peru, Uruguai, Colômbia, Costa Rica, Paraguai e Equador.
Esta convocatória, lançada em 21 de fevereiro, Dia Internacional da Língua Materna, teve como objetivo dar visibilidade e destacar as línguas dos povos originários da região ibero-americana, bem como promover a sua utilização e preservação. A iniciativa estava destinada a projetos concluídos, em desenvolvimento ou a serem realizados, voltados a processos de conservação, registro, pesquisa, divulgação, educação, gestão ou valorização das línguas indígenas ou nativas dos países membros do IberCultura Viva e Ibermemória Sonora, Fotográfica e Audiovisual.
Estava prevista a seleção de um projeto por país membro, concedendo um total de 16 prêmios de US$ 950 cada. Com a ausência de candidaturas do Brasil, de Cuba, El Salvador, Espanha, Nicarágua e República Dominicana, foi escolhido um projeto para cada país participante (10) e os outros seis prêmios foram distribuídos entre os projetos que obtiveram as maiores pontuações no processo de seleção, independentemente do país de origem.
O México e a Argentina foram os dois países com maior número de candidaturas habilitadas (24 e 8, respectivamente) e tiveram os projetos com as pontuações mais altas. Desta forma, a lista conta com 6 projetos vencedores do México e 2 da Argentina. Os demais países participantes tiveram uma proposta selecionada. Além do apoio financeiro, os projetos vencedores receberão um reconhecimento, dirigido à comunidade candidata, como “Comunidade que preserva as línguas da Ibero-América”.
A etapa de seleção contou com a participação de representantes (REPPIs) dos países membros do IberCultura Viva e Ibermemória Sonora, Fotográfica e Audiovisual e a avaliação de três jurados: Anahi Rayen Mariluan, cantora mapuche (Argentina); Tupac Amaru Anrango Lema, sociólogo, linguista e cientista kichwa (Equador), e Juan Gregorio Regino, poeta da nação mazateca, professor, etnolinguista e promotor cultural (México).
Na seleção das propostas, foram levadas em consideração a relevância do projeto, a situação de risco em que se encontra a língua nativa, o impacto e a abrangência no tempo e no espaço das ações de preservação realizadas, entre outros critérios estabelecidos no regulamento da convocatória.
Conforme previsto nas bases, projetos destinados a crianças, mulheres, pessoas com deficiência ou idosas, entre outros grupos vulneráveis, e que promovam a perspectiva de gênero e/ou a não discriminação, teriam prioridade no processo de avaliação. Também seriam valorizados aqueles que incorporassem trabalho com arquivos ou produção de documentos sonoros ou audiovisuais.
Os responsáveis pelas propostas selecionadas serão contactados pelas Unidades Técnicas dos programas IberCultura Viva e Ibermemória Sonora, Fotográfica e Audiovisual nos próximos dias para dar seguimento ao projeto, além de realizar os procedimentos que permitem a transferência do prêmio e o envio do reconhecimento correspondente.
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Confira a lista de projetos selecionados na convocatória
64 candidaturas foram habilitadas em “Cenzontle, uma janela para as línguas originarias da Ibero-América”
Em 11, Maio 2023 | Em Cooperação Ibero-americana, Editais, Notícias | Por IberCultura
Os programas IberCultura Viva e Ibermemoria Sonora y Audiovisual publicaram nesta segunda-feira, 29 de maio, os projetos habilitados na primeira fase da convocatória “Cenzontle, uma Janela para as Línguas Originárias da Ibero-América” após o prazo e a análise da documentação enviada durante o prazo de recursos. Das 77 propostas enviadas pela plataforma Mapa IberCultura Viva, 64 foram consideradas habilitadas e seguem para a segunda etapa do processo de avaliação
Uma primeira lista havia sido publicada no dia 11 de maio, com 56 postulações habilitadas e 21 inabilitadas. As pessoas responsáveis pelas inscrições consideradas inválidas tiveram um prazo de cinco dias consecutivos – até 16 de maio – para enviar seus recursos com a documentação e/ou informação faltante por e-mail. Oito recursos foram aceitos.
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O edital
“Cenzontle, uma janela para as línguas originárias da Ibero-América” é uma iniciativa conjunta dos programas IberCultura Viva e Ibermemoria Sonora y Audiovisual, lançada no âmbito do Dia Internacional da Língua Materna e da Década Internacional das Línguas Indígenas. O valor total alocado para esta chamada é de US$ 16.500. Cada um dos projetos selecionados receberá um prêmio de US$ 950. Além do incentivo econômico, os projetos vencedores receberão um reconhecimento dirigido à comunidade candidata como “Comunidade que preserva as línguas da Ibero-América”.
Para participar desta convocatória, as pessoas interessadas deveriam apresentar, em nome ou com o aval de suas comunidades, projetos concluídos, em desenvolvimento ou a serem executados, voltados para processos de conservação, registro, pesquisa, divulgação, educação, gestão e/ou valorização de uma língua indígena em um dos países membros de IberCultura Viva e Ibermemoria Sonora y Audiovisual.
O período de inscrição começou em 21 de fevereiro e terminou no dia 28 de abril. As 77 pessoas que se inscreveram no Mapa IberCultura Viva são provenientes dos seguintes países: México (29), Argentina (12), Colômbia (10), Peru (8), Costa Rica (6), Equador (5), Panamá ( 1), Paraguai (3), Chile (1), Nicarágua (1) e Uruguai (1).
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Processo de seleção
Após a publicação da lista final de candidaturas habilitadas, começa esta semana a etapa de avaliação da convocatória, que estará a cargo do Comitê de Seleção formado por representantes dos países participantes dos programas IberCultura Viva e Ibermemoria Sonora y Audiovisual (REPPIs). Depois as propostas serão avaliadas por um júri formado por especialistas em línguas indígenas.
Na seleção das propostas serão levados em conta a relevância do projeto, a situação de risco em que se encontra a língua nativa, o impacto e abrangência no tempo e no espaço das ações de preservação realizadas, entre outros critérios estabelecidos no regulamento do edital. Serão priorizados no processo de avaliação projetos que se destinem a crianças, mulheres, pessoas com deficiência ou idosos, entre outros grupos vulneráveis, ou que promovam a perspectiva de gênero e/ou a não discriminação. Também serão valorizados aqueles que incorporem o trabalho com arquivos ou a produção de documentos sonoros ou audiovisuais.
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(*) Texto atualizado em 30 de maio de 2023, após o prazo de recursos
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Confira a lista definitiva de candidaturas habilitadas e não habilitadas
Ministério das Culturas do Chile inaugura a sétima edição da Escola de Idiomas Indígenas
Em 09, ago 2022 | Em Notícias | Por IberCultura
Foi inaugurada no dia 6 de agosto a sétima edição da Escola de Idiomas Indígenas, que ministra cursos de línguas e oficinas de artes e ofícios dos povos Aymara, Quechua, Rapa Nui e Mapuche no Chile. A escola é financiada e coordenada pelo Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio, com o apoio da Universidade Católica Silva Henríquez.
Para este ano está contemplada a seleção de 360 pessoas para os 24 cursos e oficinas (cada curso e oficina tem 15 cotas). Entre os nove cursos e oficinas de idiomas previstos estão aimará, quíchua, mapuzugun e rapa nui, de nível básico ou iniciante, intermediário e avançado.
Entre as 15 oficinas de artes e ofícios estão têxteis mapuche, têxteis aimarás, cerâmica mapuche, cerâmica quíchua, ourivesaria mapuche, fabricação de instrumentos musicais indígenas, gastronomia mapuche, dança mapuche, dança rapa nui, música tradicional mapuche e oficina palin (esporte tradicional mapuche) .
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Um espaço de diálogo
Na abertura desta sétima edição, no Centro Cerimonial dos Povos Indígenas de Peñalolén, a ministra das Culturas, das Artes e do Patrimônio do Chile, Julieta Brodsky Hernández, destacou que “a Escola de Idiomas Indígenas tem se constituído como uma iniciativa de participação efetiva e permanente de povos indígenas e não indígenas, conseguindo gerar uma instância real de interculturalidade, onde podemos conversar, dialogar, nos conhecer de forma respeitosa e nos aproximarmos uns dos outros”.
Para ela, esse tipo de iniciativa é muito importante para gerar uma convivência harmoniosa e pacífica entre os diversos povos e culturas que integram o país. “Eles são um avanço para a sociedade que queremos construir”, afirmou.
A Escola de Idiomas Indígenas é a única instância pedagógica indígena não formal de caráter pluricultural, plurilíngue e plurinacional em funcionamento no país, segundo quatro organizações populares reconhecidas pela Lei 19,2
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Revitalização
Criada em 2016, com o objetivo de contribuir para a revitalização linguística, artística e artesanal dos povos indígenas, a escola é uma iniciativa criada e realizada por organizações indígenas da Região Metropolitana participantes do Programa de Revitalização Cultural Indígena e Afrodescendente, implementado pela Subdiretoria de Povos Indígenas do Serviço do Patrimônio Cultural Nacional. No último ciclo (2021-2022), 43 organizações participaram do programa.
Nas seis versões anteriores da escola, mais de 1.200 pessoas participaram dos cursos e oficinas, e aproximadamente 10.000 o fizeram como público nas atividades artísticas e culturais.
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Atividades de extensão
A Escola de Idiomas Indígenas também contempla uma série de atividades de extensão que permitem a divulgação das artes e conhecimentos tradicionais e contemporâneos dos quatro povos que a compõem. Entre eles estão a comemoração do Dia Internacional dos Povos Indígenas, a comemoração do Dia Internacional da Mulher Indígena e Sabores da Memória Ancestral, evento que tem como objetivo divulgar a gastronomia indígena presente na Região Metropolitana.
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(Fonte: Ministério das Culturas, das Artes e do Património)
Edição de “O Pequeno Príncipe” traduzida para o náhuat abre linha editorial de línguas indígenas em El Salvador
Em 28, fev 2022 | Em Notícias | Por IberCultura
O Ministério da Cultura de El Salvador apresentou a primeira edição em náhuat-espanhol do livro “O Pequeno Príncipe”, do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, no Dia Nacional da Língua Náhuat e Dia Internacional da Língua Materna. Esta é a primeira obra literária traduzida para o idioma náhuat na história de El Salvador, e a primeira edição da coleção Yultaketza, uma nova linha editorial em línguas indígenas da Direção de Publicações e Impressão (DPI).
A apresentação desta versão de “O Pequeno Príncipe”, no dia 21 de fevereiro, no foyer do Museu Nacional de Antropologia (MUNA), esteve a cargo da ministra da Cultura, Mariemm Pleitez, da vice-presidente da Assembleia Legislativa, Suecy Callejas, e do tradutor da obra para o náhuat, Valentín Ramírez.
“Esta primeira tradução abre uma possibilidade infinita, porque esta é apenas a primeira de muitas que não apenas manterá o náhuat vivo, mas também manterá viva a memória, a história e o patrimônio de nossa terra”, disse a ministra Pleitez.
“Parte de ser salvadorenho é entender que temos raízes indígenas, sangue indígena e que devemos nos orgulhar disso. Cada um de nós tem um fio para tecer um El Salvador melhor”, afirmou a deputada Callejas.
Por sua vez, Valentín Ramírez, tradutor de “O Pequeno Príncipe” ou “Ne Kunetatuktianitzin”, contou que o processo de tradução começou há dez anos, mas que foi nos últimos meses que traduziu a obra, para a qual teve a apoio de parentes e amigos de Santo Domingo de Guzmán, entre eles seu tio Genaro Ramírez (já falecido) e sua mãe, Gregoria García.
“Estou muito feliz que finalmente se tornou realidade. No começo estava feito, mas tinha sido esquecido, senti que era uma joia que tinha que ser divulgada”, disse Ramírez.
“O Pequeno Príncipe” é o livro, depois da Bíblia, com mais traduções no mundo. Foi publicado em 1943 e traduzido para cerca de 475 idiomas. O autor da obra, Antoine de Saint-Exupéry, era casado com a artista plástica Consuelo Suncín, natural da Armênia, Sonsonate, que possivelmente inspirou o personagem da rosa e influenciou a descrição da cadeia vulcânica feita pelo autor em um dos mundos imaginários que ele visita.
“Esta é uma homenagem a todas aquelas gerações, homens, mulheres, filhos, filhas, irmãos, pais e mães que se calaram no início do século XX”, destacou a ministra Pleitez, aludindo à tragédia que os povos indígenas vivenciaram a partir de 1932, quando o náhuat foi silenciado devido ao massacre ordenado pelo governo do general Maximiliano Hernández Martínez.
“Os poucos falantes de náhuat que ficaram vivos tentaram esconder sua língua e relegá-la ao uso doméstico, por medo. Apesar deste episódio da história, acredito que o presente e o futuro são o nosso refúgio, o momento de recuperar a memória e a grandeza das nossas raízes para lhes dar valor e poder”, completou a ministra.
“O Pequeno Príncipe” conta a história de um jovem que vive no asteroide B 612 com uma rosa orgulhosa e vaidosa. Apesar de suas constantes demandas por atenção desencorajar a personagem, ele não mede esforços para protegê-la de qualquer perigo e viaja por vários mundos em busca de respostas.
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Ministério da Cultura da Colômbia apresenta o Plano Decenal para Línguas Nativas
Em 28, fev 2022 | Em Notícias | Por IberCultura
Nesta segunda-feira, 21 de fevereiro, Dia Internacional das Línguas Indígenas, o Ministério da Cultura colombiano lançou o Plano Decenal das Línguas Nativas, instrumento que visa proteger e evitar a extinção de 65 línguas indígenas, duas crioulas (palenquera e creole) e o romani falado pelo povo cigano (ou rom).
O evento de lançamento, realizado no Teatro Colón de Bogotá com transmissão ao vivo, contou com a presença da ministra da Cultura, Angélica María Mayolo Obregón; do diretor de Populações do Ministério da Cultura, Luis Alberto Sevillano, e de representantes dos povos indígenas, comunidades negras, raizales e palenqueras.
O Plano Decenal de Línguas Nativas da Colômbia está em conformidade com a Lei 1381 de 2010, que o torna um mecanismo que integra e prioriza as medidas apresentadas nos planos de salvaguarda linguística, ao mesmo tempo em que amplia as oportunidades e estratégias de recuperação e fortalecimento cultural.
Segundo a ministra Angélica María Mayolo Obregón, há mais de 12 anos as comunidades indígenas, afrodescendentes e ciganas esperavam por este plano: “Na Colômbia há 68 línguas nativas, 65 indígenas, 2 crioulas – o crioulo falado em San Andrés, Providencia e Santa Catalina, o ri palenque, falado em San Basilio de Palenque, Cartagena e Barranquilla – e a língua romaní do povo cigano. Soma-se a isso a língua de sinais colombiana, que faz parte da diversidade linguística e cultural de nosso território, caracterizada por ser visual, gestual e espacial. Por isso é de vital importância proteger a todo custo esse patrimônio inestimável de nossa nação”.
Para o diretor de Populações do Ministério da Cultura, Luis Alberto Sevillano, o Plano Decenal de Línguas Nativas é uma contribuição gigantesca para o país, pois promove e fortalece o uso e a proteção da diversidade de línguas na Colômbia. “É uma ferramenta fundamental e eficaz para a implementação participativa de políticas públicas, com a qual é possível atingir os objetivos de revitalizar e fortalecer as línguas nativas das etnias da Colômbia, como patrimônio imaterial e como parte substancial da diversidade étnica e cultural da nação colombiana”, afirma.
A data
O Dia das Línguas Nativas foi instituído na Colômbia com a promulgação da Lei 1381 de 2010, que declarou 21 de fevereiro como a data em que destaca a importância da riqueza linguística e cultural da nação. Esta data junta-se à celebração do Dia Internacional da Língua Materna proclamado pela UNESCO em 1999.
O Dia Internacional das Línguas Maternas e Dia Nacional das Línguas Nativas procura também “promover o multilinguismo para a inclusão na educação e na sociedade”, reconhecendo que as línguas e o multilinguismo promovem a inclusão. Além disso, os direitos linguísticos dos povos promovem o reconhecimento, a proteção e o incentivo ao uso das línguas em diferentes ambientes, incluindo o lar, a escola e as comunidades, especificamente no âmbito latino-americano.