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Na Costa Rica, a Municipalidade de Jiménez aprova a Política Cantonal Cultural
Em 06, mar 2018 | Em Notícias | Por IberCultura
Texto: Comunicación Dirección de Cultura MCJ-CR
Foto: Federación de Municipalidades de Cartago
Desde 2017, a Federação de Municipalidades de Cartago e a Direção Regional do Ministério de Cultura e Juventude de Costa Rica – junto com a Municipalidade de Jiménez, o Conselho Municipal de Distrito de Tucurrique e grupos culturais da comunidade – trabalharam no projeto de formação para uma Política Cantonal Cultural no cantão (unidade administrativa) de Jiménez.
Esta política foi aprovada no dia 26 de fevereiro pela Municipalidade de Jiménez, para que o governo local possa orientar o desenvolvimento de planos e projetos culturais, assim como responder às necessidades das organizações que trabalham na área.
A política cantonal respeita os direitos culturais, entendendo a diversidade de culturas que contribuem para o desenvolvimento local. Assim, pode-se criar um espaço nas municipalidades de gestão cultural que permita incentivar e promover o resgate de tradições gastronómicas, de história, música e celebrações próprias da província.
“Para nós, é importante contar con este tipo de políticas públicas em cultura porque assim definimos o que queremos para o futuro, não apenas para nós agora, e sim para as novas gerações que vêm. Também serve para identificar todas essas coisas que temos no cantão que talvez passem despercebidas porque não estão determinadas em nenhuma parte”, comentou Lissette Fernández, prefeita de Jiménez.
São quatro os eixos de trabalho da Política Cultural de Jiménez: 1) Fortalecimento institucional para a gestão cultural cantonal; 2) Gestão da infraestrutura cultural cantonal; 3) Participação cidadã na gestão cultural cantonal; 4) Formação artístico-cultural.
No ano que vem, o governo local e a Federação de Municipalidades de Cartago desejam construir uma estratégia de capacitação focada em gerar destrezas na formulação, execução, avaliação e sistematização de projetos culturais. Uma estratégia de capacitação dirigida aos governos locais afiliados e as organizações culturais da região.
“A gestão cultural comunitária não pode nem deve recair somente nos governos locais. Esta é uma tarefa compartilhada, que busca potenciar a participação cidadã na definição, formulação, execução e avaliação de suas próprias iniciativas culturais, com o acompanhamento dos governos locais, instituições públicas, empresas privadas e demais atores envolvidos”, acrescentou Mario Camacho, sociólogo responsável pelo Escritório Regional de Gestão Cultural.
Atualmente, a maioria das municipalidades não conta com escritórios de gestão cultural. Por isso, foi solicitado aos prefeitos (via acordo do Conselho Diretivo da Federação) que designassem uma pessoa para assistir permanentemente às reuniões deste foro cultural durante 2017, a fim de motivá-los e convidá-los a criar políticas como estas em suas comunidades.
Fonte: www.dircultura.go.cr
Costa Rica anuncia os 21 projetos selecionados no terceiro edital de Pontos de Cultura
Em 26, set 2017 | Em Notícias | Por IberCultura
Texto e fotos: Comunicación Dirección de Cultura MCJ-CR
Intercâmbios de saberes, salvaguarda do entorno natural e cultural, festivais comunitários, arte em comunidades vulneráveis, apropriação de espaços públicos no centro de San José, e até um intercâmbio entre povos originários do sul de Costa Rica e Panamá, formam parte dos 21 projetos selecionados na terceira edição do fundo “Puntos de Cultura”, em Costa Rica. Os projetos começam a ser executados em novembro deste ano e seguem até o final de 2018.
O fundo, administrado pela Direção de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude, é um programa de estímulos e sinergias dirigido ao fortalecimento das organizações, redes, iniciativas coletivas e espaços socioculturais vinculados com a promoção da diversidade cultural, da economia social solidária e da salvaguarda do patrimônio cultural e natural.
“Para minha organização, ser selecionada como Ponto de Cultura é uma forma de fazer democracia, é uma forma de empoderar as mulheres, é um respaldo a todo este esforço cultural que as mulheres rurais viemos fazendo toda a vida”, ressaltou Matilde Gómez, representante da Red Sancarleña de Mujeres Rurales.
A terceira edição deste fundo concursável recebeu 43 propostas de projetos, dos quais foram selecionados 21 como ganhadores. Eles devem ser executados durante o período 2017 – 2018.
As organizações socioculturais selecionadas receberão um valor máximo de 10 milhões de colones (o equivalente a 17 mil dólares), segundo as necessidades e os orçamentos estabelecidos nos projetos. No total, serão entregues 190,5 milhões de colones (cerca de 330.000 dólares), distribuídos entre os 21 projetos.
Os projetos ganhadores estão distribuídos nas seguintes categorias:
- Cultura para o Bem Viver: 7 projetos
- Meios e Propostas de Comunicação Comunitária: 1 projeto
- Arte para a Transformação Social: 8 projetos
- Fortalecimento Organizacional: 5 projetos
A execução dos projetos selecionados beneficiará a uma grande variedade de comunidades de San José (5), Heredia (2), Limón (1), Zona Sur (2), Nacional (1), Zona Norte (4), Puntarenas (3), Cartago (1) y Guanacaste (2).
Uma das grandes apostas desta edição é o projeto da Asociación de Artistas y Creadores de Monteverde, cujo objetivo consiste em desenvolver nos grupos e iniciativas culturais existentes em Monteverde capacidades de planejamento, gestão cultural e integração de esforços, com o fim de contribuir para a integração de uma comunidade com alta diversidade e riqueza de expressão artística.
“Puntos de Cultura acredita que a melhor maneira de propiciar a vitalidade dos processos culturais comunitários é apostando nestas iniciativas e projetos, que existiam desde antes, desenvolvidos por grupos, redes e distintos tipos de organizações socioculturais. É nessa força viva que nasce a possibilidade da transformação cultural e o cuidado da convivência, da identidade e do ambiente. Além disso, Puntos reforça os direitos culturais ao reconhecer o protagonismo da participação civil”, destaca Fresia Camacho, diretora de Cultura do Ministério da Cultura e Juventude.
A escolha dos projetos foi realizada pela Comissão Selecionadora, composta por representantes da Direção de Cultura do MCJ, universidades públicas e organizações culturais inscritas no SiCultura (Sistema de Informação Cultural do MCJ).
Projetos selecionados
- Asociación Cultural de Guácimo Respirarte, com o projeto “Desde la raíz articulando arte y comunidad”, na provincia de Limón.
- Asociación Para el Desarrollo Empresarial para las Mujeres de Acosta, com o projeto “Creando espacios socioeducativos y culturales en la casa de la mujer de Acosta”, na provincia de San José.
- Asociación de Desarrollo Integral San Jerónimo de Esparza, com o projeto “Semillas Artísticas Esparzanas”, na provincia de Puntarenas.
- Liceo Ambientalista, com o projeto “Aula a cielo abierto para el desarrollo de una cultura ambiental”, no cantão de Sarapiquí da provincia de Heredia.
- Guanared, com o projeto “El telar en movimiento”, de alcance nacional.
- FECON (Federación Costarricense para la Conservación del ambiente), com o projeto “Cultura, árboles, semillas”, na Zona Norte.
- World Vision Costa Rica, com o projeto: “Pazarte: Transferencia de la cultura de paz entre jóvenes utilizando la comunicación y el arte como vehículos de promoción social”, na Zona Norte.
- Asociación Administradora del Acueducto Rural de Poás y Barrio Corazón de Jesús, Aserrí, com o projeto “Recreos Pasados por Agua II edición 2018” em San José.
- ADEPA, com o projeto “Santo Domingo Cultural”, em Heredia.
- Pausa Urbana, com o projeto “La noche vive la plaza”, em San José.
- ARS Monteverde, com o projeto “Tejiendo Cultura en Monteverde”, em Puntarenas.
- Asociación Renuevos com o projeto “Generando procesos de autoencuentro y autoconocimiento para los niños, niñas y jóvenes de la Carpio”, em San José.
- Asociación Patriótica Específica de Purral, com o projeto “Fortalecimiento de la Casa de La Cultura Purral APEP II Etapa”, em San José.
- Asociación Cámara de Turismo Río Zapote, com o projeto “Fiesta Cultural Upala Casa Grande”, na Zona Norte.
- FUNLEER, com o projeto “Verde que te quiero verde”, em Cartago.
- Asociación de desarrollo para la inclusión social y vida independiente de las personas con discapacidad del Cantón de Coto Brus, Puntarenas, com o projeto “La discapacidad en vuelo”, na Zona Sur.
- Asociación de Desarrollo Especifica de Cultura Popular de Playas del Coco, com o projeto “El Coco, Construyendo Cultura”, em Guanacaste.
- Asociación Red Sancarleña de Mujeres Rurales, com o projeto “Santuario de Semillas como la Gastronomía Rural”, na Zona Norte.
- Mujeres Mano de Tigre, Orcuo Dobön, com o projeto “Fortalecimiento de la Cultura Térraba”, em la Zona Sur.
- La voz de Guanacaste, com o projeto “Cine en mi Barrio” en Guanacaste.
- Asociación de Desarrollo Integral Isla de Chira, com o projeto “Aula Cultural e Interactiva Isla de Chira”, em Puntarenas.
Mais informações: puntos@dircultura.go.cr
Encontro de Pontos de Cultura em Costa Rica dá início ao intercâmbio de gestores públicos
Em 30, ago 2017 | Em Notícias | Por IberCultura
(Fotos: DirCultura/MCJ)
A primeira experiência de intercâmbio entre países integrantes do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva se deu em San José, Costa Rica, de 10 a 14 de julho. Diego Benhabib e Estefanía Lay Guerra, coordenadores dos programas Puntos de Cultura da Argentina e do Peru (respectivamente), participaram de um encontro de Pontos de Cultura costarricenses que reuniu representantes da sociedade civil e membros das equipes dos Departamentos de Fomento Cultural e Promoção Cultural da Direção de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude.
A proposta de trabalho colaborativo teve como eixo central a possibilidade de servir de base para a criação de uma rede de Pontos de Cultura em Costa Rica. “O objetivo foi trocar experiências e conhecimentos, saber como se formaram as redes na Argentina e no Peru, e que os gestores dos Pontos de Cultura em Costa Rica também pudessem comentar como os imaginam”, comentou Irene Morales, coordenadora do Departamento de Fomento Cultural, que esteve presente neste espaço de diálogo ao lado de Fresia Camacho Rojas, diretora de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude.
Trabalho conjunto
A reunião de capacitação constou de três dias de trabalho. Para o argentino Diego Benhabib, o encontro permitiu um diálogo sobre como armar a rede nacional de Pontos de Cultura em suas distintas fases e componentes, que vão desde as convocatórias até a metodologia.
“Viemos para contribuir com nossa experiência na Argentina, pois no ano passado formamos a Comissão Nacional de Pontos de Cultura, que é um âmbito de representação da Rede Nacional de Pontos de Cultura, hoje em dia com 650 organizações participantes”, detalhou Benhabib.
O objetivo de tal comissão é trabalhar em conjunto com o programa Pontos de Cultura para melhorar a política e participar de um Conselho Comunitário que se proponha pensar uma política nacional de cultura comunitária a médio e longo prazo.
Por sua parte, Estefanía Lay, coordenadora de Projetos e Gestão Cultural para Pontos de Cultura do Ministério de Cultura do Peru, ressaltou que foi uma experiência proveitosa, que permite a cada país a sistematização dos avanços do trabalho de cada entidade.
Lições e recomendações
Segundo Lay, antes do intercâmbio foi feito um balanço dos resultados, que acabou rendendo algumas lições e recomendações. A partir daí, foi possível contrastar a experiência peruana com a da Argentina e a de Costa Rica para ver como se pode adaptar e o que se pode incorporar.
“No caso da Argentina, há um desenvolvimento maior; no Peru, é muito acentuada a ação participativa, e agora temos que dar este salto para a gestão de redes. Costa Rica tem esse ímpeto de querer fazê-lo e aprender com estas duas referências”, destacou Lay.
A gestora peruana também comentou o que considera bonito no programa IberCultura Viva e na lógica das políticas de base comunitária. Para ela, diante dos outros sectores, cuja lógica é “isso é meu, eu sei fazer e não quero que ninguém mais o faça”, os Pontos de Cultura têm como princípio compartilhar as lições do processo e seus avanços para cruzar informação.
Alianças e fortalecimento
Neste encontro na Costa Rica, o objetivo geral foi abrir um espaço de reflexão em nível conceitual e metodológico sobre as implicações de uma rede de Pontos de Cultura (que inclua a informação, a gestão do conhecimento, a comunicação) e os papéis dos atores envolvidos nas etapas do processo.
A Direção de Cultura requer apoio técnico e conhecimento de como tem sido a experiência de construção em outros países de uma rede de Pontos de Cultura, fundamentada na necessidade de constituir-se num espaço de alianças e fortalecimento das organizações socioculturais.
“Mesmo quando as organizações não são aquelas beneficiadas pelo fundo (Puntos de Cultura), seguem sendo parte de um tecido social e cultural que permite um intercâmbio de experiências e conhecimentos, que também gera alianças para fortalecer seus respectivos projetos”, disse Irene Morales.
Para isso, a Direção de Cultura deve criar um mecanismo inicial para a articulação da rede, que depois possa se desenvolver de maneira independente, pois os gestores vão se apropriar de uma parte importante deste processo de inter-relação. “Buscamos construir, de maneira conjunta, uma nova forma de articulação entre o Estado e as organizações, destacou Morales.
De acordo com a coordenadora, as organizações das zonas rurais e inclusive da Grande Área Metropolitana trabalham “com as unhas, com muitas carências econômicas, dando muito de seu tempo”. “Nos parece muito importante que a Direção de Cultura promova esta plataforma de articulação, como um meio para o fortalecimento destas iniciativas”.
Ações de intercâmbio
Os processos de intercâmbio dos países membros do Conselho Intergovernamental estão entre as ações estratégicas do programa IberCultura Viva para este ano, com vistas ao fortalecimento institucional das políticas de base cultural comunitária na região ibero-americana. O encontro de Pontos de Cultura na Costa Rica foi a primeira experiência do programa neste sentido.
A segunda se deu também no mês de julho, entre os dias 19 e 28, com a visita da consultora de comunicação do IberCultura Viva a quatro cidades do Chile (Santiago, Valparaíso, La Serena e Concepción). Além de encontros com as equipes regionais do Conselho Nacional da Cultura e das Artes (CNCA), houve algumas rodas de conversa com representantes de organizações culturais comunitárias (OCC), com o objetivo de visibilizar as iniciativas desenvolvidas pelas chamadas OCCs nas diferentes regiões do país.
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Programa “Somos Cultura” entra na programação do Canal Iberoamericano
Em 28, ago 2017 | Em Notícias | Por IberCultura
Desde agosto, o programa de televisão Somos Cultura, coproduzido pelo Sistema Nacional de Radio y Televisión (SINART) e a Direção de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude (MCJ) de Costa Rica, faz parte da programação do Canal Iberoamericano (“Sinal que nos une”), e poderá ser baixado na plataforma digital ibe.tv
Somos Cultura nasceu com o fim de levar ao público dos meios estatais de comunicação as dinâmicas e a pluralidade das comunidades, suas práticas sociais, diversidade cultural, história e tradições. O programa convida a audiência a viajar pelas diferentes comunidades do território nacional e conhecer assim a Costa Rica diversa, multiétnica, recheada de expressões culturais.
Para Sylvie Durán Salvatierra, ministra de Cultura e Juventude de Costa Rica, Somos Cultura é parte de um “grupo de projetos virtuosos de articulação entre o ministério, o setor audiovisual e o SINART, que são fundamentais para promover a diversidade cultural do país”. A revista é transmitida desde 26 de agosto de 2016 no Canal Trece (20 na televisão digital aberta), às sextas-feiras, às 19h.
O Canal Iberoamericano – por satélite – e o portal digital ibe.tv são as principais plataformas de difusão do Programa de la Televisión Educativa y Cultural Iberoamericana (TEIb) e da Asociación de las Televisiones Educativas y Culturales Iberoamericanas (ATEI). Foram criados para contribuir com a construção de um relato comum no espaço audiovisual ibero-americano, ajudar a fortalecer o trabalho das televisões de serviço público da região. Ambas as plataformas constituem uma televisão de televisões: uma janela por satélite e uma janela de TV On-line, de estrutura e dimensão ibero-americana.
Fonte: SINART/MCJ
Fresia Camacho: “Nossas expressões culturais se parecem com um bosque biodiverso, o húmus efervescente”
Em 21, jun 2017 | Em Notícias | Por IberCultura
Texto e fotos: Comunicação DC/MCJ-CR
Há três anos Fresia Camacho encabeça a Direção de Cultura (DC) do Ministério de Cultura e Juventude (MCJ) de Costa Rica. Ao falar sobre o trabalho da instância dedicada à gestão, ao fomento e acompanhamento das organizações culturais comunitárias, utiliza a metáfora de que a cultura é como um bosque diverso.
“Nossas expressões culturais se parecem com um bosque biodiverso: a diferença entre um monocultivo e um bosque diverso está no tecido da vida; o bosque biodiverso se manifesta a partir do que está na terra, o húmus efervescente, que nem se vê que ali está, mas está, e só com uma lupa se pode ver os bichinhos trabalhando, e depois as plantas maiores e maiores, e as árvores, e todos estão nessa convivência muito voluptuosa. Com a cultura é igual”, compara a diretora.
Para Camacho, a vivência cultural das comunidades é efervescente, com capacidade de regeneração. E se você se aproxima, pode identificar as histórias daqueles que são seus atores, com ou quais são os valores que estão cuidando, como a solidariedade, o cuidado da vida em todas as suas manifestações e o cultivo dos vínculos.
“Agora há tantos coletivos que fazem coisas nos espaços públicos, caminhadas ou passeios em bicicletas às margens dos rios, feiras, festivais. O que prima é a festa da cultura, por isso há que se reconhecer a importância do encontro. Há que se estimular essa corrente”, continua Camacho.
A seguir, a diretora de Cultura faz um balanço sobre os alcances e desafios do setor.
Qual é a linha política em que se insere o trabalho da Direção de Cultura?
Quando entrei na Direção de Cultura, vinha trabalhando com as organizações culturais, especialmente com o movimento Cultura Viva Comunitária, e em uma época muito dinâmica, porque foram os anos da elaboração da política (de direitos culturais), que foi participativa, e outras organizações que levaram muito a sério a ideia de participar dessa elaboração. Houve muitos espaços de reflexão, também conectados em nível continental com gestores como o brasileiro Célio Turino e o colombiano Jorge Melguizo, que haviam estado à frente de políticas públicas trabalhadas com as comunidades. Foi muito rica esta fase de discussão. Houve encontros nacionais e internacionais, rodas de conversa, foi-se elaborando uma agenda continental que emerge em cada espaço de reflexão.
Quais são os aspectos desta agenda?
Um tem a ver com o reconhecimento e a visibilidade das iniciativas culturais comunitárias organizadas. Porque as políticas culturais haviam considerado, até muito recentemente, o Estado como fazedor de cultura e como aquele que leva cultura às comunidades. E estava bastante invisibilizado o fato de que nas comunidades há iniciativas culturais que estão dinamizando a cultura de baixo para cima. Isso se traduz em mapeamentos, inventários de todos estes sujeitos culturais ativas, que estão conscientemente trabalhando em processos e iniciativas culturais. O segundo tema são os recursos, com a ausência de estímulos por parte do Estado para esse tipo de iniciativas, porque os grandes investimentos eram feitos em outros campos, e além disso, no caso de Costa Rica, um investimento muito concentrado na Grande Área Metropolitana e uma falta de investimento no resto do território. Em todos estes processos que existem, apesar de ou pela própria ausência do Estado, as pessoas se auto-organizam para fazer suas coisas quando o Estado não está presente, surgem outras maneiras de resolver as necessidades.
O Estado deve apoiar estas iniciativas?
Fiz um diagnóstico há uns dez anos, e as pessoas diziam: “Trabalhamos com as unhas e parece que não existimos, como se fôssemos invisíveis para a política pública”. O tema dos estímulos, dos recursos, dos procedimentos entravados para poder fazer as coisas… O Estado dialoga consigo mesmo em termos de ordenar seu funcionamento, de maneira que muitas vezes é alheia e não sensível às dinâmicas culturais das comunidades: fazer os trâmites, tirar as permissões se converte em uma odisseia. A simplificação de trâmites era outro grande desafio. Também o tema da formação: as organizações estão trabalhando, fazem as coisas por paixão, por amor à comunidade, mas necessitam de formação para ter melhores ferramentas, espaços de gestão do conhecimento e intercâmbio de experiências, porque é vital este crescimento do trabalho a partir de uma melhor preparação para encará-lo. Outro tema é o das municipalidades que tinham sido surdas a essas demandas e necessidades, e quando se estabelecia uma política cultural em uma municipalidade não se fazia de maneira participativa, e sim em um escritório que muitas vezes se dedicava à produção de eventos, e outra vez se invisibilizava esse tecido cultural organizado. Além da questão das redes, da importância do trabalho colaborativo, do trabalho em rede, da importância de estabelecer vínculos, de trabalhar em alianças, de maneira conjunta, de romper essa surdez, esses isolamentos dos diferentes setores em função de objetivos que são comuns. Também tem a questão de economia e cultura, dos empreendedores, das pessoas que querem viver como gestor cultural ou com seu empreendimento cultural, mas não encontram a maneira de articulá-lo para ter uma vida digna a partir daí. Sejam os artistas, sejam os gestores de iniciativas culturais de diferentes tipos a partir da comunidade.
Estas dimensões se convertem em um guia integral para o trabalho da Direção de Cultura?
Uma das primeiras coisas que para mim foi clara, em termos da vida das comunidades e suas organizações no campo cultural, é que não serve muito segmentar, fazer políticas separadas, ter ofertas muito diferenciadas para a comunidade, porque nas comunidades os processos são holísticos, estão conectados. Não serve muito compartimentar — só para patrimônio imaterial, só para museus, só para gestão de processos de convivência e paz, entre outros –, porque o que as organizações culturais comunitárias fazem é ir alinhavando esses elementos. São visões integradoras e que também estão em transformação, não são estáticas nem rígidas. O Estado tende a colocar tudo em caixas, ordenado como em grandes compartimentos, mas na vida da comunidade, a vivência da cultura vai sendo tecida nas diferentes dimensões. O que convinha era estruturar umas propostas que atendam essa realidade rica e complexa tal como é. Na medida em que eles conseguem compreender o tema da interculturalidade e das riquezas culturais que existem em seu entorno, começam de maneira muito criativa a ir tecendo estratégias. É muito importante a reflexão, a formação, porque muitas iniciativas culturais, como as casas da cultura, são feitas à moda antiga, com o modelo velho. O papel do Estado é enriquecer a mente, as práticas e os fazeres, o diálogo com os protagonistas, os atores-chave; é acompanhar, identificar, reconhecer, visibilizar, estimular esses atores-chave, porque quando o Estado sai, quem fica trabalhando na comunidade é a própria organização comunitária.
O Estado deve sair?
Claro, porque o trabalho do Estado é de acompanhamento, de assessoria, de fortalecimento de capacidades e visibilização, que é o que requerem as organizações para fazer melhor seu trabalho. É muito interessante que as declaratórias de interesse cultural, por exemplo, apesar de não terem um benefício concreto associado, são por si mesmas simbólicas e apreciadas por muitos grupos, porque são uma chave que abre muitas portas.
Como a Direção de Cultura propõe a abordagem prática destes eixos?
A Direção de Cultura se pergunta qual é seu papel nas comunidades, porque contamos com recursos humanos e econômicos escassos. Onde nos colocamos nesta árvore da diversidade, me coloco nas ramas onde está um gestor, uma expressão, um portador de tradição ou nas ramas mais grossas, onde há um conjunto de instituições e organizações, empresas que podem contribuir com o fortalecimento deste tecido? Essa mudança no enfoque tem permitido que coloquemos maior atenção a ver o que existe nas regiões e como acompanhamos. Quais são estes outros pares que estão trabalhando, fortalecendo essas manifestações culturais e como apoiamos estes protagonistas de maneira articulada, em aliança, em um tecido mais sólido? Isso coincide com as novas leis do Ministério do Planejamento (Mideplan), do Instituto de Desenvolvimento Rural (INDER), onde se fala dos territórios e dos conselhos de territórios. Nos reconhecemos como um ator-chave neste tecido. Tem havido uma mudança suave, porque estamos falando de pessoas que já vêm fazendo um trabalho comprometido e com carinho. O enfoque é ter maior influência e presença apesar de ter recursos escassos, como, por exemplo, ao criar o fundo Puntos de Cultura, que nos permite fazer uma injeção muito forte em organizações socioculturais, mapeá-las, porque é uma diversidade enorme de iniciativas. A ideia do fundo não é apenas que seja um estímulo econômico, e sim criar uma rede, isso é o mais importante, porque permite estabelecer esse vínculo entre todas essas organizações e de alguma maneira creditá-las como motores culturais importantes; quer dizer, reconhecer seu protagonismo, propiciar a conexão e o trabalho em rede, e identificar recursos e outros valores agregados para potenciar seu trabalho. Essa é uma força vital impressionante que está em todo o país. É muito importante em termos da política de direitos culturais porque contribui de maneira central para a desconcentração.
Também injetamos recursos em Becas Taller, porque Puntos de Cultura exclui organizações que não têm personalidade jurídica, então estas becas (“bolsas”) são um excelente complemento, porque são para pessoas ou coletivos, não importa se têm ou não personalidade jurídica. Além disso, procuramos que os gestores culturais das regiões tenham melhores recursos, então estamos integrando as equipes regionais, casas de cultura, os centros cívicos para a paz, e este ano estamos conseguindo que todos se vejam como uma mesma equipe. Sabíamos que tínhamos que fazer para vencer essa sensação de solidão que os companheiros tinham no território.
Esta possibilidade de encaminhar estes processos, como fazer para que não se burocratizem, e sim que sejam um círculo virtuoso?
Há gente que pensa que ser autossustentável é jogar só com meus próprios recursos, mas eu não estou de acordo com isso. Organizações autossustentáveis têm muito clara sua visão, o sonho que querem construir, e vêm conseguido formar uma equipe de trabalho para lutar juntos por este sonho; que também está conectado com as necessidades de uma comunidade, é pertinente para a vida de uma comunidade, de uma região, e é capaz de identificar as possíveis fontes de recursos e ir tecendo isso para realizar este sonho. O que acontecia historicamente e ainda acontece é que as instituições chegavam com suas próprias ofertas, e as comunidades não tinham suas visões tão precisas, e umas senhoras que queriam fazer cerâmica terminavam aprendendo a fazer pão.
Responde a uma demanda das mesmas comunidades, é orgânico…
Te dou outro exemplo: La Peña de San Ramón tem sido autossustentável toda vida; agora tem um Ponto de Cultura, em algum momento a universidade dava recursos, os vizinhos, o comércio do centro da cidade… La Peña começou com um espaço de expressão artística, como uma festa cultural, agora tem feira de empreendedores, espaços para brincadeira, cinema comunitário e vai se transformando permanentemente. A iniciativa Pausa Urbana é outro belo exemplo. O que permite que eles não se endureçam? Eles têm seus sonhos muito claros, seguem defendendo-os. O fato de que eles consigam se armar com o programa de formação, de ferramentas, com acesso a recursos, fará com que queiram fazer Pausa Urbana em outros parques, em outras cidades. Ou que Pausa Urbana já não seja somente um espaço cultural, e sim uma feira, inclusive se transformam em projetos que na institucionalidade seriam inimagináveis.
Neste sentido, como vem mudando a visão dos Prêmios Nacionais?
Está conectado com esta grande discussão da política pública; no caso de Prêmios Nacionais também foi impactado por essas reflexões, porque o que a nova lei faz é democratizar o estímulo. Por um lado, a conformação do júri, porque o fato de que diferentes instâncias deleguem personas faz com que a visão dos jurados seja muito mais ampla e imprevisível do que era antes. Por outro, nasceram prêmios que não existiam: gestão cultural e pesquisa cultural, que vêm a legitimar a importância dos processos socioculturais, que é o enfoque do trabalho da Direção de Cultura. O interessante com a cultura comunitária é que se tem uma visão muito global de cultura, que tem a ver com o bem comum, com valores de solidariedade, de cuidado, da natureza, da convivência. Lideram o exercício dos direitos culturais de colocar a vida no centro. Estamos mudando o paradigma.
As pessoas reconhecem essas mudanças, mas isso é lento?
É que requer que os cidadãos tenham um maior compromisso, então é algo que nos vai levar tempo. Mas nós decidimos abrir o espaço e tentar fazer com que as pessoas participem, agora há que andar promovendo a integração do júri dos Prêmios Nacionais de Cultura, mas dentro de uns anos as pessoas vão estar acostumadas a integrar estas instâncias e vão se sentir comprometidas e identificadas com estes processos.
A Direção de Cultura tem se proposto a acompanhar setores vulneráveis, em concordância com o estabelecido pela política cultural?
Totalmente. Essa foi a ênfase no Plano Nacional de Desenvolvimento. Nos impusemos metas que tivessem a ver com populações que requerem atenção especial. O trabalho com comunidades indígenas já vinha sendo feito, mas visibilizamos este aporte, com comunidades vulneráveis, que ligamos ao urbano, e cantões prioritários que têm o índice de desenvolvimento mais baixo. Dar acompanhamento às pessoas da terceira idade, comunidades indígenas, pessoas com deficiência, mulheres, populações e territórios que têm sido excluídos. Esta deve ser a prioridade da política cultural.
Quais são os desafios da Direção de Cultura?
Há desafios que transcendem a Direção de Cultura, que têm a ver com a maneira como as instituições pertinentes cuidam destas agendas. A Direção de Cultura segue sendo o menor programa do ministério — apesar de ter crescido em recursos –, pois o investimento está em outra instâncias. É um desafio do ministério, e não só do ministério, da institucionalidade. Por exemplo, no campo da educação, o MEP deve liderar os processos de educação e cultura com o acompanhamento do Ministério de Cultura, e já há passos dados nesta direção. Outro fator que se detectou no processo de elaboração da política foi a desarticulação entre as instâncias do ministério, então à medida que consigamos articular melhor, essa agenda poderá ser mais bem atendida. Como diz a ministra (Sylvie Durán), o trabalho conjunto é o leitmotiv desta época, a sinergia, as relações colaborativas e o trabalho conjunto com a sociedade civil, romper as barreiras, e que todas as pessoas, todos os que estamos interessados nos mesmos objetivos, trabalhemos juntos para alcançá-lo. Esta é a ferramenta mais poderosa que podemos ter.
“Guía para semilleros y semilleras”: um livro em defesa da agricultura consciente
Em 08, maio 2017 | Em Notícias | Por IberCultura
“As sementes são a base do sustento dos seres humanos, fim e princípio da cultura camponesa. Ocupação e artesanato de milhões de mãos capazes de colher seus frutos, símbolo e evidência dos conhecimentos e saberes que têm sustentado a humanidade.”
É assim que a Red de Semilleros Campesinos de Costa Rica apresenta seu “Guía para semilleros y semilleras”, uma compilação de textos lançada com o objetivo de demonstrar sua aposta pelo livre intercâmbio, troca ou comercialização das sementes fora de qualquer sistema de patente e/ou certificação.
O livro, já disponível em versão digital, é um dos produtos da Red de Semilleros Campesinos realizados com o apoio do programa IberCultura Viva, como parte de um dos projetos selecionados no Edital de Apoio a Redes IberCultura Viva 2016. Este projeto também propôs a realização de encontros nacionais da rede, com vistas a capacitar 30 camponeses/as na multiplicação e no resguardo de sementes.
Com 89 páginas divididas em três capítulos (“Defesa das sementes”, “Produção e conservação das sementes nativas” e “Métodos de conservação de sementes”), o “Guía para semilleros y semilleras” é um esforço coletivo realizado em 2016 pela Red de Semilleros Campesinos, o Centro Nacional Especializado en Agricultura Orgánica del Instituto Nacional de Aprendizaje e a Red de Coordinación en en Biodiversidad.
A compilação e a edição dos textos estiveram a cargo de Henry Picado Cerdas, Eduardo Agüero Coto e Daniela Muñoz Solano. As ilustrações que acompanham os textos são de Silvia Astorga Monestel.
Sementeiros e sementeiras
A Red de Coordinación en Biodiversidad, responsável pelo projeto da Red de Semilleros Campesinos, reúne organizações ecologistas de mulheres camponesas, acadêmicos/as, organizações indígenas e ativistas dos direitos humanos. Desde 1998 trabalha de forma autogerida e colaborativa em prol da defesa do conhecimento tradicional associado à biodiversidade e aos povos que a protegem. Seu enfoque está no fortalecimento organizativo para a proteção da cultura associada à alimentação, ao cuidado do bosque, à cultura da conservação da biodiversidade e os direitos dos povos.
Além de ter sido selecionada no Edital de Apoio a Redes IberCultura Viva, a Red de Coordinación en Biodiversidad foi escolhida em 2016 uma das 22 organizações ganhadoras da segunda convocatória do fundo Puntos de Cultura lançada pela Direção de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude de Costa Rica.
Para baixar o livro: https://agroecologa.org/…/uplo…/2017/05/libro-de-Semillas.pdf
Carpio Cultural, uma visita à comunidade durante a 4a Reunião Intergovernamental
Em 17, jun 2016 | Em Notícias | Por IberCultura
Em dezembro de 2015, com a inauguração do parque “Criando um Melhor Futuro”, os vizinhos da comunidade La Carpio, em San José (Costa Rica), enfim ganharam um lugar aonde levar suas crianças. A estrutura, localizada em um terreno de 750 metros quadrados, contempla áreas de jogos para crianças, anfiteatro e aparelhos de exercícios para adultos. Os 23 mil habitantes da comunidade, fundada há 19 anos, nunca haviam tido nada parecido ali. A primeira semana de funcionamento do parque foi de filas e filas de meninos e meninas.
E foi por esta grande conquista comunitária que começou a excursão “Carpio Cultural”, uma das visitas a comunidades programadas para o segundo dia da 4a Reunião Intergovernamental do programa IberCultura Viva em San José, Costa Rica. Três grupos se dividiram na manhã de quarta-feira, 8 de junho, cada um rumo a um destino: La Carpio, Heredia e Purral de Goicoechea. Os que se dirigiram a La Carpio foram recebidos com o baile folclórico do grupo Cosibolka e os jogos tradicionais dos jovens do projeto “Aprende a brincar”, apoiado pelo programa Becas Taller, da Direção de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude de Costa Rica.
No parque, a presidenta da Asociación Comunal de La Carpio (Asocodeca), Northellen Jimenez, contou aos visitantes um pouco da história da comunidade, que começou há quase 20 anos como uma invasão de 25 famílias e hoje conta com 5,800. Segundo o censo, são 23 mil habitantes (os moradores acreditam que passam dos 30 mil, somando-se os que estão em situação irregular) — deste total, estima-se que 50% são costarricenses e 49% nicaraguenses (o 1% restante seria de salvadorenhos, guatemaltecos, árabes e chineses).
“Foi muito difícil no início, não tínhamos luz, as ruas eram só barro, mas graças à grande necessidade de moradia, de oportunidades, de estudos, seguimos”, comentou Northellen. “Tem sido difícil, mas não impossível. Conseguimos tudo o que temos graças ao apoio comunitário e muito também às líderes mulheres. Graças à organização da comunidade, conseguimos fazer as ruas. Todas as intervenções que o governo devia fazer, nós, carpianos, temos feito com as mãos, em união. Temos feito desta comunidade uma comunidade multinacional, multicultural, com muitas riquezas que qualquer comunidade deseja ter.”
As boas iniciativas
Há apenas uma via de acesso para La Carpio. Uma rua estreita para entrada e saída, onde dezenas de caminhões passam ao longo do dia e centenas de bares aparecem à noite, clandestinos, nas salas das casas ao longo do caminho. O ruído, o lixo, ainda são um problema, mas a comunidade hoje se orgulha de muitas iniciativas que ali se desenvolvem com o apoio da Direção de Cultura. O Ponto de Cultura Sifais, por exemplo, é uma das experiências mais bem-sucedidas do bairro.
Conhecido como “ a escola de música” da região,o Sifais é muito mais do que isso. Criado há cinco anos, é um “espaço de transformação social de via dupla” com mais de 130 cursos e programas em diversas áreas. A “Cova de Luz”, como é chamado o edifício onde está o Centro de Integração e Cultura (antes era “Cova do Sapo”, algo um tanto pejorativo), oferece atividades de segunda a segunda, com vistas a promover a inclusão social.
Dirigido a todos “os que tenham vontade de ensinar o que sabem e aos que tenham vontade de aprender”, conta atualmente com 602 alunos e 192 voluntários e colaboradores que doam seu tempo (de forma gratuita) em classes de música, dança, jogos, empreendedorismo, etc.
Durante a excursão, os visitantes puderam conhecer alguns dos jovens recém graduados ali como técnicos em animação sociocultural comunitária. Luis Rivera “Wichi”, por exemplo, apresentou seu projeto sobre jogos tradicionais binacionais, como “bolero”, “tropo” e “caballito”. Dayana Venegas Hernández, por sua vez, falou do mapeamento de iniciativas culturais que fez em 2015 e de seu projeto para 2016, um censo de herança cultural de La Carpio.
A visita terminou com um baile urbano na rua, com os jovens da Asociación Cultura y Arte Urbana (ACAU). “Começamos com umas cartolinas na rua, há um ano e meio”, contou Cynthia Avilés Saenz, 19 anos, uma das criadoras do projeto “Empoderando-nos das esquinas”. “Nos colocávamos para dançar na rua, as pessoas gostavam, então surgiu a ideia de ter um projeto para intervir nas principais esquinas da comunidade. Eram uns cinco garotos, agora são 20, 30 meninos e meninas aprendendo as disciplinas urbanas, o rap, o breaking, o “popping”, o grafite… As pessoas se aproximam, elas gostam muito.”
- El grafitero Cesar Maltez
- El rapero Zeck
- Cynthia Avilés, de la ACAU
4ª Reunião Intergovernamental: construção participativa, estratégias e ações para o desenvolvimento do programa
Em 15, jun 2016 | Em Notícias | Por IberCultura
Vinte pessoas participaram da 4a Reunião Intergovernamental do Programa IberCultura Viva, em 7 de junho, no Centro Nacional de la Cultura (Cenac), em San José, Costa Rica. Foi a primeira vez, desde o começo do programa, que delegados dos 10 países membros estiveram presentes em uma reunião do Comitê Intergovernamental. Também foram convidadas três representantes do Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária para acompanhar os debates como observadoras da sociedade civil.
A manhã de trabalho começou com um vídeo enviado pelo coordenador do Espaço Cultural Ibero-americano, Enrique Vargas, cumprimentando os participantes e falando da 23ª Conferência Ibero-americana de Ministros de Cultura, realizada em maio em Cartagena das Índias (Colômbia), onde se tratou dos avanços, da consolidação e dos desafios do sistema de cooperação. “Ainda em crise podemos crescer, podemos e devemos seguir fortalecendo a institucionalidade, junto com a sociedade, com transparência. O sentido de pertencimento e apropriação que todos temos ao redor do sistema de cooperação é a força que temos para seguir adiante”, afirmou.
Em seguida, a consultora da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib) Ana Cirujano informou aos presentes sobre a incorporação da perspectiva de gênero no Espaço Ibero-americano — o contexto em que trabalham, a proposta e os avanços realizados. “Este é um tema fundamental para o sistema de cooperação e desenvolvimento”, disse Ana, destacando também que a igualdade de gênero está ancorada na Convenção sobre Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais (Unesco, 2005) e é uma prioridade global, que se reflete no Plano de Ação da Unesco para a prioridade “Igualdade de Gênero” (2014-2021).
Daniel Castro, secretário substituto de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura e representante da presidência do IberCultura Viva, reforçou a determinação de dar continuidade e fortalecimento ao programa e à cooperação ibero-americana, assim como o interesse em manter o processo de participação social no âmbito governamental. “É uma forma mais ativa de gestão, que incomoda a quem não está acostumado, mas é uma exigência boa”, afirmou.
Reconhecendo o outro
Carolina Picado, uma das convidadas da sociedade civil, comentou que o diálogo é uma construção para alcançar “comun unidade” e que “ser diferente é o natural”. “Reconhecer o outro é reconhecer sua diversidade como legítima”, disse a costarricense, que é membro do Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, uma plataforma de 17 países que abrange mais de 3 mil iniciativas culturais de base comunitária da América Latina.
Segundo ela, entre as recomendações que o Conselho faz para a participação da sociedade civil no programa estão a diversidade (redes de base comunitária, organizadas, territoriais, com processos de incidência política) e a historicidade de trabalho articulado com o Estado. “Queremos fazer políticas culturais de forma distinta. Hoje temos a possibilidade, somos nós que estamos construindo as políticas públicas, desde nossos bairros. Buscamos horizontalidade e processos de participação reais. Sabemos que é necessário confiar para construir. Se não confiamos, não vamos poder construir nunca.”
Fresia Camacho, diretora de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude de Costa Rica, lembrou como se deu a experiência de um comitê intersetorial em seu país, as discussões de estratégias (que acabaram influenciando diretamente nos conteúdos das políticas dos direitos culturais), a formação dos chamados “círculos de ressonância”. “O movimento inclui a política, mas a política não pode ser para o movimento, é para toda a cidadania”, alertou. “A política cultural deve ser inclusiva para todos. Inclusiva, ampla e transparente”.
Informes e balanços
Ainda pela manhã, Telma Teixeira, gerente de projetos do Escritório Regional de Brasília da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), apresentou um balanço de execução do fundo administrado pela OEI. Antía Vilela, consultora da Unidade Técnica do programa, fez um informe do Edital IberCultura Viva de Intercâmbio, lançado em 2015. E Emiliano Fuentes Firmani, secretário executivo da Unidade Técnica, apresentou a proposta de línhas estratégicas de ação para o Plano Operativo Anual (POA 2016-2017).
À tarde, os participantes se dividiram em duas mesas de trabalho: uma para discutir o tema das convocatórias, outra para debater as iniciativas de formação e comunicação. No fim do dia, os representantes do Comitê Intergovernamental, além de aprovar o informe financeiro, decidiram aprovar o POA 2016-2017 apresentado pela Unidade Técnica, com algumas recomendações. Entre elas, buscar incorporar a perspectiva de gênero em cada uma das linhas de ação e constituir comissões especiais de trabalho para apoiar o desenvolvimento do POA.
Resoluções
Com vistas a apoiar processos e redes nacionais/regionais, a segunda edição do Edital de Intercâmbio foi aprovada com duas linhas: a) apoio à realização de encontros das redes e plataformas do movimento já consolidadas e aos preparatórios para o 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária (que será realizado em Quito, Equador, em 2017) e/ou outros encontros de redes; b) apoio a outras atividades ou empreendimentos (festivais, encontros de caráter temático e/ou territorial) de organizações que trabalham a partir das comunidades. A comissão de trabalho para essa atividade estará composta por México, El Salvador, Peru e Uruguai.
A estratégia de formação também foi aprovada com duas linhas fundamentais de ação: a) formação em políticas culturais de base comunitária para gestores públicos, com o objetivo de incidir no âmbito público; b) formação em políticas culturais de base comunitária para organizações, agentes, coletivos e atores culturais. As propostas serão apresentadas pelos países, em forma individual ou coletiva, sem necessariamente requerer recursos, e sim apoio na elaboração de programas e/ou ações que fortaleçam os processos na linha de formação.
Entre as ações estratégicas para dar visibilidade ao programa, o Comitê aprovou a criação de vídeos promocionais para divulgação das políticas culturais de base comunitária, e a edição de um livro sobre cultura comunitária, cuja proposta de conteúdo será construída por uma comissão especial integrada por México, Espanha e Chile. Esta comissão definirá suas bases — podem ser integradas por artigos de especialistas e ensaios ou experiências, selecionados mediante convocatória aberta.
Sobre os avanços na construção de um espaço de diálogo com a sociedade civil, será produzido um documento de propostas para o diálogo com a sociedade e o estabelecimento de uma mesa de diálogo intersetorial, reconhecendo os compromissos preexistentes, os aportes realizados pelas delegadas do Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária e a necessidade dos países de consolidar os processos participativos em nível nacional, além do diálogo com redes e instâncias de âmbito supranacional na América Latina e na Ibero-América.
Também se recomendou que cada país organize espaços de discussão e metodologias de articulação com a sociedade civil em escala nacional nos próximos seis meses, e que se mantenha a presença de observadores em cada reunião presencial do Comitê Intergovernamental. Estes delegados podem ser residentes do país anfitrião da reunião e devem estar coordenados com os movimentos e plataformas de CVC existentes, e com outras redes ligadas a políticas culturais de base comunitária.
Os participantes
Participaram da reunião Diego Benhabib, do Ministério de Cultura da Argentina; Daniel Castro, do Ministério da Cultura do Brasil; Sylvie Durán e Fresia Camacho, do Ministério de Cultura e Juventude de Costa Rica; Patricia Rivera Ritter, do Conselho Nacional de Cultura e Artes do Chile; Germán Alexander Córdova, da Secretaria de Cultura da Presidência de El Salvador; Pilar Torre Villaverde, do Ministério de Educação, Cultura e Esportes da Espanha; Rodolfo Candelas Castañeda, da Secretaria de Cultura do México; Zulma Masi, da Secretaria Nacional de Cultura do Paraguai; Estefanía Lay, do Ministério de Cultura do Peru; Begoña Ojeda, do Ministério de Educación e Cultura do Uruguai; Ana Cirujano, da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib), e Telma Teixeira, da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI Brasil).
Como delegadas observadoras, representando o Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, estavam a peruana Luisa Martínez, a costarriquenha Carolina Picado e a argentina María Emilia de la Iglesia. Por parte da Unidade Técnica do programa, Emiliano Fuentes Firmani, Antía Vilela, Teresa Albuquerque e Juan Espinoza.
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Políticas públicas e participação cidadã foram o tema do evento que encerrou a 4ª Reunião Intergovernamental
Em 14, jun 2016 | Em Notícias | Por IberCultura
Afinal, o que é cultura viva comunitária? Como se pode gerar melhores condições para o empoderamento comunitário? Como construir políticas que realmente aportem em uma relação com as comunidades?
Questões como essas foram levantadas no encontro “Políticas públicas e participação cidadã: experiências de gestão sociocultural”, realizado no encerramento da IV Reunião do Comitê Intergovernamental do programa IberCultura Viva, em 8 de junho, em San José. O evento, que reuniu cerca de 100 pessoas no auditório do Centro Cultural del Este, contou com a participação da ministra da Cultura de Costa Rica, Sylvie Durán; de representantes governamentais dos 10 países membros do programa, além de organizações e redes centro-americanas.
“Uma política de base comunitária tem que permitir uma aproximação entre gestores públicos e comunidades a partir da escuta, do reconhecimento e do respeito. É uma relação de maior equidade”, afirmou Fresia Camacho, diretora de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude de Costa Rica, na abertura do evento. “E entendemos que comunitário é mais que comunal. É construir vida em comum. Tem a ver com convivência, com vínculos, com colaboração entre vizinhos. Queremos construir Comunidade com ‘c’ maiúsculo, não apenas um conjunto de casas onde vive um montão de gente que por acaso se cumprimenta.”
Como avançar na recuperação do espaço perdido do comunitário, do coletivo, e como mostrar que a organização cidadã é fundamental para a autonomia e para o empoderamento foram temas da fala da diretora. Fresia também citou os programas desenvolvidos pela Direção de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude — Promoção Cultural e Fomento Cultural (onde estão os Puntos de Cultura e as Becas Taller) –, que lhes têm permitido trabalhar junto às organizações socioculturais e discutir os caminhos a seguir.

Mauren Pérez, André de Paz, Carmen Romero Palacios, Fresia Camacho, Sylvie Durán e Emiliano Fuentes Firmani (Foto: Guillermo Venegas)
“O governo levava coisas para as comunidades, mas nunca havíamos perguntado como pode ser uma relação diferente, uma relação de colaboração, onde se reconheça que as comunidades decidam sobre o que fazer e como fazê-lo. Quando falamos de empoderamento comunitário é porque as pessoas sabem o que querem, sabe onde vão”. ressaltou. “E estamos falando também de autonomia, porque historicamente o Estado dava, mas pedia muito em troca. Quando falamos de empoderamento e autonomia, falamos de como construir uma relação de respeito, de escuta, onde cada um tem a própria identidade, o próprio projeto e consegue construir uma aliança com o outro sem que haja oportunismo.”
Também participaram da mesa no auditório do Centro Cultural del Este Emiliano Fuentes Firmani, secretário executivo da Unidade Técnica de IberCultura Viva; Carmen Romero Palacios, do grupo Mensuli (do território indígena Coto Brus-Gnöbe); Mauren Pérez, vocera do Círculo de Resonancia de Occidente; e André De Paz, membro do coletivo Caja Lúdica e da Rede Maraca (Movimento de Arte Juvenil Centro-americano).
A integração centro-americana
Sociólogo, gestor cultural, bailarino e coreógrafo, André De Paz lembrou o começo da Rede Maraca, em 2006, quando os coletivos Caja Lúdica (Guatemala), Tiempos Nuevos Teatro (El Salvador) e Arte Acción (Honduras) se encontraram em Guatemala para uma experiência do fazer cultural e decidiram se unir para articular e gerar um processo de fortalecimento da integração centro-americana. Em 2013, quando se reuniram durante o I Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária em La Paz, já eram sete os países centro-americanos representados na rede, de Belize ao Panamá. Hoje, com a recente integração do México, são oito.
“A estratégia é entender que a cultura é um dos motores do desenvolvimento que se vive cotidianamente”, afirmou o guatemalteco André. “Nossa rede é uma aposta pela cultura viva comunitária, pelas culturas que estão se movendo cotidianamente. Não por essas construções estáticas que nós mesmos ou outros campos da sociedade nos fizeram crer que somos um fator folclórico de adorno ou entretenimento, mas sim geramos vida, desenvolvimento, recursos, processos significativos e mudanças nos seres humanos.”
O projeto de intercâmbio
André De Paz também falou da mesa intersetorial que se propôs para o programa IberCultura Viva durante o II Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária em El Salvador, em outubro de 2015, e do II Forum Educativo Centro-americano, um dos sete projetos ganhadores da categoria 1 do primeiro Edital IberCultura Viva de Intercâmbio, lançado no ano passado.
O Forum, proposto por Rede Maraca e Guanared, teve duas fases. A primeira foi realizada em setembro de 2015, em Honduras, com aportes das organizações da Rede Maraca e teve como fim o que chamaram de “desenho curricular”. “Tinha a ver com consolidar o imaginário das propostas do fazer cultural que nós temos em nossos países, a partir de uma proposta de educação baseada em metodologias alternativas, em arte e cultura”, explicou.
A segunda fase, em que se utilizaram os recursos do IberCultura Viva, havia terminado um dia antes ali mesmo, em San José, onde representantes de organizações da Rede Maraca se reuniram de 4 a 7 de junho para formular o que denominaram “desenvolvimento curricular”, com vistas a concretizar o que deve conter uma proposta de consolidação educativa centro-americana.
“Nosso fim é criar uma certificação do fazer cultural na região centro-americana”, afirmou André, ressaltando “os milhares de graduados em gestão cultural, animação sociocultural, empreendedores, líderes, formadores e referentes comunitários” que têm aportado saberes e dignificado os processos em todas as organizações da Rede Maraca.
“Este resultado do II Forum Regional responderá a necessidade de elevar e reconhecer os profissionais da cultura. É uma experiência a partir da gente, para a gente e pela gente. Quer dizer, o que nós concebemos como culturas vivas comunitárias. Como Rede Maraca, nos corresponde difundir e terminar a formulação; aos fazedores da cultura, somar-se. Parte do trabalho está feito. Que nos encontremos e sigamos fazendo rede.”
Saiba mais:
O evento teve transmissãopela internet. Confira uma parte da gravação: https://www.youtube.com/watch?v=FwvpQGQ47xI
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Em 10, jun 2016 | Em Notícias | Por IberCultura
“Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas. — O mundo é isso — revelou —. Um montão de gente, um mar de fogueirinhas. Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.”
O mundo (“O livro dos abraços”), de Eduardo Galeano
Fresia Camacho, diretora de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude de Costa Rica, citou o escritor uruguaio Eduardo Galeano para referir-se aos companheiros na cerimônia de abertura da IV Reunião do Comitê Intergovernamental do programa IberCultura Viva, em San José, nesta segunda-feira (06/06). “Estas fogueirinhas aqui reunidas trabalham para potencializar os talentos em nossas comunidades, em toda Ibero-América. São fogueiras doces, disso não tenho a menor dúvida. O que não nos disse Galeano é que quando as fogueiras se conectam — e podemos nos conectar à consciência quando queremos –, quando o fazemos, se acende uma trama de luz. Espero com esta reunião que possamos construir para acender esta trama de que tanto necessita a Ibero-América”.
Participaram da abertura do encontro, no Instituto México, representantes dos 10 países membros do IberCultura Viva (Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, El Salvador, Espanha, México, Paraguai, Peru e Uruguai), da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI Brasil), do Conselho Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, a equipe da Unidade Técnica do programa e alguns convidados. Foi a primeira vez que uma reunião presencial do IberCultura Viva contou com a participação de todos os países membros. Outra novidade foi a participação de três representantes da sociedade civil em toda a programação: a costarriquenha Carolina Picado Pomarth, a peruana Lula Martinez Cornejo e a argentina María Emília de la Iglesia.
“Para nós, do Conselho Latino-americano, este é um momento importante. Faz três anos que nos encontramos pela primeira vez em La Paz, Bolívia, no I Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária. Ali criamos este espaço de diálogo, de escuta, uma mesa intersetorial onde vários de nós nos encontramos para aprofundar as políticas culturais do que hoje chamamos de cultura viva comunitária”, lembrou Lula Martínez. “Estamos orgulhosas de estar presentes como observadoras desta reunião do IberCultura Viva, tomara que nossa participação ajude no seguimento do programa em 2017.”
Enrique Vargas, coordenador do Espaço Cultural Ibero-americano, gravou uma mensagem em vídeo aos participantes, saudando a todos e desejando uma boa jornada de trabalho nos dois dias de encontro que viriam. “O trabalho de vocês, as políticas públicas que estão desenvolvendo em seus países, estão contribuindo de maneira efetiva para reverter os índices de delinquência, a falta de entendimento entre uns e outros. O trabalho digno que estão levando a cabo, a maneira que estão se relacionando com a sociedade civil, é uma maneira exemplar que mostra ao mundo como em Ibero-América sabemos dialogar, construir e levar adiante projetos maravilhosos”, destacou.

Fresia Camacho, Carolina Picado, Emília de la Iglesia, Sylvie Durán e Lula Martinez (foto: Dircultura MCJ)
Experiência coletiva
Daniel Castro, secretário substituto da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura do Brasil e representante da presidência do programa, lembrou que o que se chama de “cultura viva comunitária” se trata de uma nova forma de fazer política pública, inspirada na experiência brasileira dos Pontos de Cultura, iniciada em 2004, mas que há milhares de anos existe na prática em toda a região.
Castro também ressaltou conquistas “específicas do Brasil, mas que parecem importantes para o fortalecimento da política no âmbito ibero-americano”, como a sanção da Lei Cultura Viva, em 2014. E reforçou o compromisso de continuidade das políticas culturais, das políticas transversais e complementares do campo social. “É importante que haja fortes políticas de cidadania no campo dos direitos humanos, igualdade racial, reforma agrária, defesa dos povos originários, dos afrodescendentes, de igualdade de gêneros, de distribuição de renda, da comunicação. Para nós, não se separa a cultura de tudo isso.”
Reconhecendo diferenças
A ministra de Cultura da Costa Rica, Sylvie Durán, que antes de assumir o cargo já acompanhava o movimento de cultura viva comunitária, como sociedade civil, falou sobre estar nesta zona liminar, dentro e fora das instituições, a dificuldade de sustentar crenças e encontrar o equilíbrio, a necessidade de reconhecer as diferenças. “A agenda da cultura viva se parece com a das mulheres. Muitas coisas são feitas em realidades de posições ideológicas e sensibilidades muito diversas, e o resultado que todos queremos é algo que transcende, é para todos e todas”.
Segundo a ministra, é isso que se passa com o processo de cultura viva comunitária. É o que se passa com este programa, “com as necessidades de cada país, através das politicas de Pontos de Cultura, que não são exatamente as mesmas, e que se sustentam em sua diversidade, no reconhecimento de muitos e na generosidade daqueles que tomam a responsabilidade de ser interlocutores”. “Que mantenhamos o desapego e a claridade de espírito para que o crescimento se dê mais além de nossas singularidades, de nossas necessidades particulares, em nosso curto tempo de vida institucional.”
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