Image Image Image Image Image
Scroll to Top

Para o Topo.

Brasil

01

set
2023

Em Notícias

Por IberCultura

Um novo tempo: MinC reativa a Política Nacional de Cultura Viva com o lançamento de dois editais

Em 01, set 2023 | Em Notícias | Por IberCultura

(Fotos: Filipe Araújo/MinC)

.

“Brasil, teu nome é bordado por incontáveis valores, costura de muitos fios, desenho de muitas cores. Cada esquina, uma ribalta, e até onde muito falta, teu povo insiste em cantar, jogando na voz do vento a alma e o sentimento da cultura popular. (…) Sob o azul do teu céu, tudo se transforma em festa na calçada, no terreiro, no altar, no tabuleiro, na cidade ou na floresta. Depois de anos vazios, outra vez a alegria da vida, verde esperança da nossa democracia (…).”

Foi em forma de verso, lembrando que “o Brasil voltou”, que o poeta pernambucano Antônio Marinho deu início à cerimônia de lançamento de dois editais de Cultura Viva, na manhã desta sexta-feira, 1º de setembro, na Concha Acústica Paulo Freire, em Recife. Juntos, o Edital Cultura Viva – Fomento a Pontões de Cultura e o Edital de Premiação Cultura Viva – Sérgio Mamberti somam R$ 61 milhões. É o maior investimento já feito pela Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SCDC/MinC).

Margareth Menezes

“Em seus 19 anos de existência, a Política Nacional de Cultura Viva é uma das principais expressões da ruptura e do avanço institucional no campo das políticas culturais no Brasil, e também com representação em outros países. É uma iniciativa que busca valorizar e fortalecer a diversidade cultural, reconhecendo o papel fundamental dos artistas, artesãos, músicos, dançarinos e de todos aqueles que dedicam suas vidas à criação da expressão artística e à memória da cultura”, ressaltou a ministra da Cultura, Margareth Menezes, durante o lançamento. 

A cerimônia durou três horas e contou com a participação do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida; da secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC, Márcia Rollemberg; do prefeito de Recife, João Campos; do secretário municipal de Cultura, Ricardo Mello; da secretária de Cultura do Estado de Pernambuco, Cacau de Paula; do reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Macedo Gomes; da presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, entre outras autoridades.

Mais de mil pessoas participaram do lançamento, muitas delas representantes de movimentos sociais e culturais, trabalhadores/as e fazedores/as da cultura. No palco, Lydia Lúcia Nunes representou a Comissão Nacional de Pontos de Cultura; Mãe Beth de Oxum, a Rede Nacional de Pontos de Cultura; Joana Corrêa, a Rede Nacional de Culturas Populares e Tradicionais. 

.

Cultura pernambucana

O evento foi entrecortado por apresentações artísticas de grupos locais, como o cortejo do Afoxé Omo Inã, o Maracatu Almirante do Forte, a Escola Pernambucana de Circo, o grupo de frevo Guerreiros do Passo, a Orquestra Só Mulheres, Lucas & Conceição dos Prazeres, e o trio formado por Aglaia Costa (rabeca), Val Janie (violoncelo) e a cantora Gabi do Carmo. No final, a ministra cantou Leão do Norte, do pernambucano Lenine.

Segundo Margareth Menezes, a escolha de Recife para o lançamento dos editais, nesta retomada das ações da Política Nacional de Cultura Viva, deve-se à “capacidade de agregar inovação e tradição, com um modo muito próprio de renovar narrativas e repertórios culturais a partir dos seus territórios, da cidadania, da educação popular”. “A cultura pernambucana é extremamente rica, diversa, vibrante, referindo a história, os costumes e as tradições dos povos do estado localizado na região Nordeste do Brasil. O povo pernambucano tem orgulho das suas manifestações culturais, das suas tradições, das suas modernidades”, agregou.

Ao saudar Mãe Beth de Oxum, ialorixá, percussionista, juremeira, comunicadora popular, ativista cultural e realizadora do Coco de Umbigada no bairro do Guadalupe, a ministra destacou a “capacidade revolucionária” dos Pontos de Cultura. “Eles pautam novas linguagens, desestabilizando padrões culturais impostos. Conseguem ser inovadores, justamente por estarem plugados em suas raízes ancestrais. É isso o que queremos para o Brasil: que essa força transformadora das comunidades resgate valores humanitários, ambientais, civilizatórios; resgatem o Brasil em sua vocação mais profunda”, afirmou.

Ela também destacou que o lançamento desses dois editais celebra o início de um novo tempo para a Política Nacional da Cultura Viva. “Hoje, no Brasil, há cerca de 5 mil grupos culturais reconhecidos e potencializados como Pontos de Cultura. Com o desmonte dos últimos anos, a maior parte desses pontos não conta atualmente com fontes de financiamento. Nesse processo de retomada, temos dois grandes desafios: garantir escala necessária para que a Cultura Viva possa se afirmar como política de base comunitária do Sistema Nacional de Cultura e aperfeiçoar a gestão do Estado para chegar a uma estrutura institucional preparada para lidar com a diversidade cultural brasileira. Teremos o maior investimento que a Cultura Viva já teve em toda a sua história”, garantiu.

.

Primeiros anos

Um pouco antes, a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC, Márcia Rollemberg, lembrou o início desse movimento, quando o então ministro Gilberto Gil ampliou o campo de ação da política pública e o conceito de cultura, trazendo o Brasil de raiz originária, de matriz africana, inter-geracional e plural. “Ele trouxe a política macro do patrimônio imaterial, o campo simbólico. Ele atiçou a cidadania cultural e destacou a potência econômica da cultura. Hoje tentamos consolidar todos esses conceitos, esses princípios, nesse grande momento do Sistema Nacional de Cultura. O programa Cultura Viva vai fazer 20 anos no ano que vem, e a sua história mostra impactos significativos, não só nas comunidades, mas nos processos de gestão pública, de agregação das redes da sociedade civil, no Brasil e no mundo”, observou. 

O modelo brasileiro dos Pontos de Cultura há mais de uma década vem inspirando a criação de políticas públicas de base comunitária em vários países, como Peru, Argentina, Uruguai, Costa Rica e Chile. “A força do movimento no Brasil e na América Latina nos dá ânimo e esperança para a retomada dessas políticas em nível nacional e regional”, comentou Márcia Rollemberg, que também esteve à frente da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC entre 2011 e 2014, período em que participou da criação do programa IberCultura Viva. Em 2014, na cidade de Natal, a secretária presidiu a primeira reunião do Conselho Intergovernamental do IberCultura Viva, durante a Teia de Pontos de Cultura. 

Nesse mesmo período, ela participou da articulação, criação e aprovação da Lei Cultura Viva (Lei 13.018/2014), que transformou o programa Cultura Viva em política de Estado. A Lei Cultura Viva foi sancionada em 22 de julho de 2014, nove dias antes do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (Mirosc). Ambas as leis estabeleceram novos parâmetros da gestão e da democracia, ampliando conceitos como “Estado-rede” (Manuel Castells) e “Estado ampliado” (Antonio Gramsci). “A Política Nacional de Cultura Viva nasce como fruto de um processo dialógico, de encontro de saberes, que reconhece a autonomia, o protagonismo e o empoderamento da sociedade civil”, afirmou.

Marcia Rollemberg

Segundo ela, os Pontos de Cultura hoje são a estrutura mais ativa e mobilizadora das culturas nas comunidades. “Há municípios que não tem uma Secretaria de Cultura, mas certamente tem um Ponto de Cultura. Por isso, estamos trabalhando para que esse processo de retomada evolua para novos meios e instrumentos, para além de ferramentas como estas dos editais”, destacou a secretária, ressaltando que a Política Nacional de Cultura Viva é uma política interfederativa, intrafederativa e de gestão compartilhada.

“Precisamos de fôlego para dar o salto necessário, aprofundando e retomando os conceitos originais dessa política, fortalecendo a pactuação com gestores e sociedade civil, modelando a política com investimentos e construindo uma escala institucional com marcos programáticos que busquem dar conta deste imenso país. Queremos avançar, pensando junto com essa poderosa rede de Cultura Viva, num processo amplo de diálogo, a fim de aperfeiçoarmos a gestão do Estado para chegar a uma estrutura mais preparada para lidar com a diversidade cultural brasileira, evitando perseguições jurídicas aos Pontos de Cultura, conhecendo mais de perto essa diversidade e suas especificidades”, complementou.

Nesses processos que marcam a quinta geração desta política, têm prioridade a inclusão da diversidade cultural, a pluralidade de identidades, a ampliação da acessibilidade e a valorização de mestres e mestras da cultura popular e tradicional. Os dois editais que foram lançados nesta sexta-feira, e que ficam abertos até o dia 16 de outubro* na plataforma Mapa da Cultura, preveem bonificações no processo de seleção para iniciativas que tenham como proponente e/ou público beneficiário: mulheres, pessoas com deficiência, afrodescendentes, indígenas e população LGBTQIA+. 

.

Premiação Sérgio Mamberti

Um dos editais lançados nesta sexta-feira, a Premiação Cultura Viva Sérgio Mamberti, destinará R$ 33 milhões para contemplar 1.117 iniciativas culturais em quatro categorias, com prêmios individuais de R$ 30 mil. O edital presta homenagem ao legado do ator, gestor cultural e defensor dos direitos culturais Sérgio Mamberti (1939-2021). A Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural foi idealizada e liderada por ele, em 2004 (inicialmente com o nome de Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural). 

Carlos Mamberti, filho do ator, compareceu à cerimônia e se emocionou com a homenagem. “Meu pai sempre foi um ator engajado, com um trabalho muito forte, e no primeiro mandato do presidente Lula (2003-2006), ele resolveu assumir uma função importante, de brigar pela cultura. E ele passou quase 12 anos no Ministério da Cultura. Foi presidente da Funarte, passou por várias áreas, mas a parte de que ele mais se orgulhava era a criação desta secretaria, porque ele sabia a importância da diversidade. Ele tinha um olhar muito próprio para quem estava mais excluído; olhou para os quilombolas, para os indígenas, para os ciganos, para o pessoal LGBTQIA+. Este prêmio representa todo esse esforço, essa semente que ele plantou”, comentou.

Uma das quatro categorias deste edital é o Prêmio Culturas Populares e Tradicionais – Mestre Lucindo, que reconhecerá a atuação de mestres e mestras dos saberes e fazeres, grupos, coletivos e instituições culturais que promovem as culturas populares e tradicionais brasileiras. O prêmio homenageia Luiz Rebelo da Costa (1908-1988), conhecido como Mestre Lucindo, figura icônica da cultura musical paraense que se destacou como pescador, compositor e rezador de ladainha em latim. Ele se tornou uma voz proeminente do carimbó, tendo sido o primeiro a gravar um disco de vinil como líder do grupo Os Canarinhos. Suas composições registraram a vida cotidiana da população da região, capturando o conhecimento das comunidades. Renilson Bentes, filho do mestre, estava presente no lançamento.

Outra categoria, o Prêmio Culturas Indígenas – Vovó Bernaldina, presta homenagem a Bernaldina José Pedro, líder do povo Macuxi. Originária da comunidade Maturuca, da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, ela era detentora de conhecimentos ancestrais preciosos, incluindo cantos, danças, artesanato, medicina tradicional e rezas do povo indígena. Foi também uma defensora incansável na luta pela homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e pela denúncia da violência contra os povos indígenas. Morreu aos 75 anos, em junho de 2020, devido à Covid-19. A artista Daiara Tukano e a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, foram convidadas para falar sobre a importância de Vovó Bernardina durante a cerimônia.

Também faz parte deste edital o Prêmio Diversidade Cultural, que reconhecerá e valorizará as iniciativas e produções culturais de pessoas idosas, com deficiência, LGBTQIA+ e em sofrimento psíquico. Já a categoria Prêmio Cultura Viva reconhecerá e incentivará atividades culturais desenvolvidas por Pontos de Cultura e por grupos, coletivos e instituições privadas sem fins lucrativos que querem ser reconhecidas e certificadas com o Selo Cultura Viva, para fazer parte da Rede Cultura Viva e dar destaque às suas atividades culturais e às comunidades onde atuam.

.

Fomento a Pontões

O Edital Cultura Viva: Fomento a Pontões de Cultura, por sua vez, vai investir cerca de R$ 28 milhões em 46 projetos propostos por Pontões de Cultura, para que desenvolvam, articulem e deem continuidade a ações culturais das redes de Pontos de Cultura que sejam relevantes para a diversidade cultural brasileira e para o fortalecimento da Política Nacional de Cultura Viva.

Este edital promoverá a atuação de Pontões de Cultura junto às redes estaduais, distrital, temáticas, setoriais e identitárias de interesse comum, com a participação de Agentes Cultura Viva e de um Comitê Gestor. Cerca de 600 jovens entre 18 e 24 anos serão selecionados como Agentes Cultura Viva para apoiar as ações de diagnóstico, mapeamento, mobilização, articulação de redes e formação. Cada agente receberá uma bolsa de R$ 900 por mês. 

O Comitê Gestor será formado para a realização das ações do projeto de forma compartilhada com os Pontos de Cultura de sua rede de atuação, com o objetivo de desenvolver ações conjuntas de mobilização, articulação, formação, mapeamento, registro e ampliação da Rede Cultura Viva, destinadas a difundir e acompanhar atividades das redes estaduais, distrital, temáticas, setoriais e identitárias.

Serão selecionados 31 projetos de redes territoriais e 15 de redes temáticas, setoriais e identitárias de Pontos de Cultura. Esperam-se projetos nas seguintes áreas: Culturas Indígenas e Mãe Terra; Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana; Culturas Populares e Tradicionais; Cultura Digital, Comunicação e Mídia Livre; Patrimônio e Memória; Linguagens Artísticas; Livro, Leitura e Literatura; Gênero, Diversidade e Direitos Humanos; Acessibilidade Cultural e Equidade; Economia da Cultura, Solidária e Criativa; Cultura e Infância; Formação e Educação Cultural; Territórios Rurais e Cultura Alimentar; Cultura Urbana, Direito à Cidade e Juventudes; e Cultura, Territórios de Fronteira e Integração Latino-americana.

Os projetos contemplados vão celebrar um Termo de Compromisso Cultural (TCC) e receber entre R$ 400 mil e 800 mil, considerando o critério populacional e o tamanho das redes estaduais de Pontos de Cultura. Os Pontões de Cultura situados na Amazônia Legal receberão um acréscimo de R$ 50 mil.


Qual é a diferença entre um Ponto de Cultura e um Pontão de Cultura?

Pontos de Cultura são entidades sem fins lucrativos, grupos ou coletivos com ou sem constituição jurídica, de natureza ou finalidade cultural, que desenvolvam e articulem atividades culturais continuadas em suas comunidades ou territórios.

Já um Pontão de Cultura é uma entidade cultural ou instituição pública de ensino que articula um conjunto de outros pontos ou iniciativas culturais, desenvolvendo ações de mobilização, formação, mediação e articulação de uma determinada rede de Pontos de Cultura e demais iniciativas culturais, seja em âmbito territorial ou em um recorte temático e identitário.

.

(*) Texto atualizado em 29 de setembro de 2023, após o anúncio da ampliação do prazo de inscrições

(**) A cerimônia foi transmitida pelo canal de YouTube da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e está disponível para quem quiser assistir: https://www.youtube.com/live/ZERe6yH-HSc?si=bV_BpHIA7v-XUa5H

.

Inscrições abertas até 02/10/2023:

. Edital Cultura Viva: Fomento a Pontões de Cultura: https://mapas.cultura.gov.br/oportunidade/2086/

. Edital de Premiação Cultura Viva – Sérgio Mamberti

Prêmio Culturas Populares e Tradicionais – Mestre Lucindo: https://mapas.cultura.gov.br/oportunidade/2089/

Prêmio Culturas Indígenas – Vovó Bernardina:

https://mapas.cultura.gov.br/oportunidade/2083/

Prêmio Diversidade Cultural:

https://mapas.cultura.gov.br/oportunidade/2084/

Prêmio Pontos de Cultura Viva:

https://mapas.cultura.gov.br/oportunidade/2085/

Tags | , , ,

21

ago
2023

Em Notícias

Por IberCultura

Ministério da Cultura do Brasil lança edital de Pontos de Leitura, que premiará 300 bibliotecas comunitárias

Em 21, ago 2023 | Em Notícias | Por IberCultura

(Foto: Filipe Araújo/MinC)

.

O Ministério da Cultura (MinC) lançou na última quinta-feira, 17 de agosto, o Prêmio Pontos de Leitura 2023, dirigido a bibliotecas comunitárias que desenvolvem ações para a promoção da leitura nas cinco regiões do Brasil. Serão distribuídos 300 prêmios de 30 mil reais, totalizando 9 milhões de reais. As inscrições devem ser feitas até o dia 18 de setembro pela plataforma Mapa da Cultura

Lançado pela Secretaria de Formação, Livro e Leitura, em parceria com a Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural, o prêmio tem como objetivo fomentar as bibliotecas que são iniciativas coletivas, criadas e mantidas por uma comunidade, sem intervenção do poder público, e que possuem um acervo bibliográfico multidisciplinar, visando ampliar o acesso da comunidade à informação, à leitura e ao livro de forma colaborativa, horizontal e distribuída. 

“O edital visa reconhecer e premiar iniciativas e experiências comunitárias com boas práticas de promoção de leitura em contextos sociais distintos, sejam urbanos, rurais, indígenas, quilombolas, dentre outros territórios e expressões da diversidade cultural brasileira”, ressaltou o secretário de Formação, Livro e Leitura do MinC, Fabiano Piúba, durante o lançamento do prêmio.

Piúba destacou a integração dos Pontos de Leitura com a Política Nacional de Cultura Viva, a primeira política de base comunitária do Sistema Nacional de Cultura. “Gosto de pensar a cultura como solidariedade, como um saber fazer comum, em seus aspectos  de compartilhamento e de potência para a transformação de vidas e realidades”, afirmou o secretário, ao citar o poeta espanhol António Machado, que dizia ter aprendido com um camponês analfabeto da Andaluzia que “tudo o que sabemos, sabemos entre todos, sabemos para todos e todas”.

“É de suma importância rememorar essa prática porque os Pontos de Cultura não podem perder essa dimensão de desenvolvimento comunitário. Um Ponto de Cultura não é um mero endereço em uma determinada rua, um lugar com ações ensimesmadas e desarticuladas dos processos sociais e políticos da comunidade. O Ponto de Cultura é a encarnação da rua, o lugar de sua gente. (…) Uma biblioteca comunitária é um Ponto de Leitura, portanto ela se insere no programa Cultura Viva como um espaço orgânico e social de relevo”, disse Piúba.

“Onde há uma biblioteca comunitária, a vida e o convívio social pulsam. Onde há uma biblioteca comunitária, o espírito solidário resiste. Onde há uma biblioteca comunitária, o pensamento crítico e criativo transborda. Onde há uma biblioteca comunitária, a democracia é exercitada. Onde há uma biblioteca comunitária, existe a promoção da cidadania e da diversidade cultural. Portanto, a biblioteca comunitária é um território de liberdade e de cidadania. Ela é Ponto de Leitura. E sendo Ponto de Leitura, é também um ponto vital do corpo cultural brasileiro”, destacou Piúba.

O secretário de Formação, Livro e Leitura também adiantou que em breve serão lançados editais de Cultura Viva, para Pontos e Pontões de Cultura, incluindo o estabelecimento do Pontão do Livro e da Leitura. “Isso será vital para mobilizar e articular a Rede Nacional dos Pontos de Leitura, que estamos reativando com este edital”, comentou. 

“São políticas que nascem e se retroalimentam e se sintonizam”, disse a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC, Márcia Rollemberg, sobre a integração com a Política Nacional de Cultura Viva e as ações intrasetoriais propostas. Segundo ela, dos 4.300 Pontos de Cultura que existem atualmente no país, cerca de 550 se autodenominam Pontos de Leitura. “É importante fortalecer essa rede no conjunto da Rede Nacional dos Pontos de Cultura. As bibliotecas comunitárias ganham um novo patamar de apoio, na sustentação dos seus trabalhos, com essa ativação direta que o Ministério da Cultura está fazendo”. 

.

Edital

Podem participar do Prêmio Pontos de Leitura 2023 pessoas físicas, jurídicas e coletivos culturais. No caso de pessoa física, é preciso ter mais de 18 anos, residir no Brasil e possuir, no mínimo, dois anos de atividades culturais ligadas à gestão de bibliotecas comunitárias, comprovadas, em território nacional. O mesmo tempo de atividade é exigido das pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, de natureza cultural, e dos coletivos culturais (sem constituição jurídica).

Para a seleção das bibliotecas, serão observados os benefícios culturais, sociais e econômicos oferecidos às comunidades, como a pertinência da ação, a criatividade e o dinamismo, a qualidade e abrangência dos resultados alcançados e o potencial de replicabilidade. Receberão mais pontos os projetos provenientes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. Também terão pontuação extra as ações que contribuam para combater as discriminações étnicas, raciais, religiosas, etc; que apresentem medidas de acessibilidade para pessoas com deficiência, e que  fortaleçam atividades relacionadas às tecnologias de informação e comunicação (TICs).

.

Inscrições: https://mapas.cultura.gov.br/oportunidade/2065/

Veja como foi o lançamento:

Tags | , , ,

27

jun
2023

Em Notícias

Por IberCultura

Cultura quilombola, fé e folia, arte indígena e inteligência artificial: os projetos do Brasil selecionados no Edital de Apoio a Redes 2023

Em 27, jun 2023 | Em Notícias | Por IberCultura

(Imagem do projeto Arte Eletrônica Indígena, que a Thydewá realiza com a Universidade de Leeds)

.

Um projeto que se apropria da inteligência artificial para criar obras de arte indígena e promove “fogueiras digitais” com indígenas de diferentes povos do Brasil, da Argentina e do Chile; um festival cultural de comunidades de remanescentes quilombolas em Rondônia; o encontro de uma rede que mobiliza grupos culturais de Folia de Reis e Folia de São Sebastião no interior da Bahia. Esses são os três projetos propostos por organizações brasileiras selecionados no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023. Um misto de fé e folia, conhecimento ancestral e arte digital, cultura afro-brasileira e identidade plural.


* Nome da rede ou articulação: De Abya Yala com Amor

* Nome do projeto: AIIA – Apropriação indígena da Inteligência Artificial

.

Nove indígenas de diferentes povos/nações – 3 da Argentina, 3 do Brasil e 3 do Chile – vão atuar como comunidade colaborativa de aprendizagem e ação no projeto “AIIA – Apropriação indígena da Inteligência Artificial”, apresentado pela rede De Abya Yala com Amor ao Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2023. A ideia é que o coletivo produza, de modo digital, 10 obras de arte indígena contemporânea e possa levar suas expressões mundo afora.

Com realização prevista entre julho e outubro de 2023, o projeto prevê a capacitação de 10 agentes culturais (há um não indígena no grupo), tanto para a gestão compartilhada como para a utilização da inteligência artificial (IA). Com o uso de programas como Midjourney e Adobe Firefly, espera-se aprender sobre IA para se apropriar dela de forma consciente, crítica, técnica e artística. Além de criar 10 obras de arte digital aproveitando os conhecimentos de IA, a rede pretende dar visibilidade às obras e ao projeto, sensibilizando o público sobre o paradigma do bem viver que os povos indígenas sonham, inspiram e trabalham para que se concretize.

Para o desenvolvimento do projeto, estão previstas 13 “fogueiras digitais”: 10 internas (só para a comunidade) e 3 abertas ao público. As “fogueiras digitais” são encontros on-line, como as videoconferências pela plataforma Zoom, mas com um método próprio que eles criaram em 2020, baseado nas fogueiras indígenas tradicionais, em que cada participante traz sua “lenha” ao fogo comum que tudo transforma.

.

Alquimia indígena

Os dois e-books produzidos pela rede De Abya Yala Com Amor

A rede De Abya Yala com Amor – Diversidade Indígena Viva nasceu em 2021 pela “alquimia” de 15 indígenas (5 da Argentina, 5 do Brasil e 5 do Equador) que se uniram para realizar o projeto selecionado no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2021. A proposta rendeu a produção do e-book “De Abya Yala com Amor”, além de 51 vídeos curtos e vários eventos de diálogo intercultural (que eles chamaram de “fogueiras digitais”). 

Em 2002, a rede foi mais uma vez ganhadora do Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes, desta vez com 18 indígenas, estendendo a alquimia a Chile, Colômbia, México, Paraguai e Bolívia. Com este projeto, foram produzidos um segundo e-book De Abya Yala com Amor, 10 eventos e 22 vídeos. 

Atualmente, 8 indígenas da rede e outros 8 indígenas participam de um projeto de pesquisa relacionado à identidade indígena e os algoritmos de inteligência artificial, liderado pela Universidade de Leeds (Reino Unido) em parceria com instituições do Brasil, da Bolívia e da Irlanda.

Fotos de Arte Eletrônica Indígena (AEI), projeto realizado pela Thydewá com o apoio da Universidade de Leeds

.

Organizações participantes

A organização que apresenta o projeto ao Edital de Apoio a Redes 2022 é a brasileira Thydêwá, criada em 2002 na Bahia. Entre as mais de 70 iniciativas idealizadas e promovidas pela Thydêwá, destacam-se o Canal Mensagens da Terra (coletivo digital com 550 vídeos produzidos), o Ponto de Cultura Índios On-Line, o Pontão Esperança da Terra, a rede e coleção de livros Índios na Visão dos Índios, a Rede Risada, a Rede Pelas Mulheres Indígenas, Kwatiara, AEI – Arte Eletrônica Indígena e AIRE – Arte com Indígenas em Residências Eletrônicas.

O trabalho com comunidades indígenas na Argentina remonta a 2015, ano em que a Thydêwá foi selecionada para o Edital IberCultura Viva de Intercâmbio e deu início aos primeiros projetos em conjunto com Mariela Jorgelina Tulián, casqui curaca da Comunidade Indígena Territorial Comechingón Sanavirón “Tulián”, fundada em 2010. Situada em San Marcos Sierras (Argentina), esta comunidade está presente em escolas, tramitando bolsas de estudos, dando palestras e cursos de cosmovisão, além de integrar a Coordinadora de Comunicación Audiovisual Indígena de Argentina (CCAIA) e o Consejo Continental de Ancianas, Ancianos y Guías Espirituales de América.

A terceira organização que participa da rede é a Asociación Indígena Calaucan, de San Antonio, Quinta Región (Valparaíso, Chile). Fundada em 1999, a associação tem entre suas atividades um projeto de saúde ancestral e intercultural, que vem sendo realizado desde 2008 no Centro Cerimonial de Desenvolvimento Indígena, em Llolleo, onde são ministradas oficinas de cosmovisão mapuche, ervas medicinais, tear mapuche, alimentação saudável, técnicas de arte com relevância indígena e formação de agentes de saúde. Também conta com atividades de educação intercultural bilíngue; cuidado ambiental e ecologia; projetos artísticos e arte-terapia.


* Nome da rede ou articulação: Diversidade Amazônica

* Nome do projeto: Festival Cultural Reconstruindo o Quilombo

.

O Festival Cultural Reconstruindo o Quilombo será realizado em outubro de 2023, na Comunidade Santa Cruz de Remanescentes Quilombolas do município de Pimenteiras do Oeste, em Rondônia, na fronteira do Brasil com a Bolívia. Espera-se a participação de 500 pessoas da comunidade nas atividades que serão desenvolvidas, incluindo oficinas, palestras e apresentações artísticas.

O evento contará com várias atrações culturais, como apresentação de musical, poemas, vídeo documentário, dança, exposição de fotografias e de literatura. Também estão previstas uma palestra sobre a importância da preservação da cultura e identidade quilombola, uma oficina de dança afro-brasileira com 50 vagas e uma oficina de artesanato com palha de buriti com 50 vagas, ensinando a população a produzir biojóias com produtos encontrados na floresta. 

Com este festival, que terá atividades gratuitas para pessoas de todas as idades, a rede Diversidade Amazônica pretende valorizar a cultura afro-brasileira; combater o racismo; incentivar o protagonismo da comunidade de remanescentes quilombolas; propiciar uma convivência harmônica entre as diferenças existentes; promover a cidadania e a questão da igualdade entre os povos.

(Foto: Associação de Remanescentes Quilombolas de Pimenteiras do Oeste)

.

Diversidade Amazônica é uma rede composta por três organizações que atuam no estado de Rondônia: a Associação Cultural, Educação, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Diversidade Amazônica (ACEMDA), Ponto de Cultura e de Memória criado em 2015 na cidade de Vilhena; a Associação de Remanescentes Quilombolas de Pimenteiras do Oeste (ARQOS), fundada em 2011, e o Ponto de Cultura e Ponto de Mídia Livre Serpentário Produções, que existe desde 2009 no município de Vilhena.

A rede trabalha com projetos de valorização cultural de comunidades quilombolas e indígenas da Amazônia Legal, com a produção de livros, revistas, eventos culturais e capacitação, tendo como objetivo a valorização da cultura local.


* Nome da rede ou articulação: Rede Fé e Folia

* Nome do projeto: Encontro: Resistência Fé e Folia

.

A Rede Fé e Folia articula e mobiliza os grupos culturais de Folia de Reis e de São Sebastião, formados por pessoas das comunidades campesinas ou de bairros periféricos de cidades de porte médio no interior da Bahia. A rede se localiza na região chamada de “Costa do Descobrimento”, em um território composto por oito municípios, nos quais estão presentes as comunidades culturais que mantêm a prática religiosa das Folias de Reis, que unem reza, canto e festa no ciclo natalino, de novembro a janeiro.

Grupo de Folia do bairro do Alto, em Guaratinga, Bahia

O projeto “Encontro: Resistência Fé e Folia”, apresentado na oitava edição do Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo, pretende realizar uma ampla mobilização dos grupos comunitários do território, resultando na institucionalização da rede, na produção de um documentário de curta-metragem com imagens do encontro, e na publicação de uma revista sobre as práticas culturais dos grupos das Folias de Reis que celebram a colheita, o trabalho e a alegria de viver.

O Encontro da Rede Fé e Folia se dará no município de Itagimirim no mês de outubro, mas os trabalhos começam antes, em julho, para a mobilização e articulação dos grupos culturais. A intenção é que o projeto seja um exercício de diálogo intercultural entre diferentes realidades, seja dos grupos de periferias dos terreiros de candomblé, seja dos grupos comunitários de povoados, além dos Pataxó e sua cosmovisão. Entre os objetivos propostos estão o fortalecimento da rede e a criação de um calendário anual das assembleias comunitárias.

Embora exista informalmente há muito tempo, pois os grupos há décadas se articulam e se apoiam mutuamente, a Rede Fé e Folia passou a ser assim denominada em 2018, depois de uma assembleia em que os/as agentes decidiram adotar diálogos mais permanentes, participando de ações de lutas políticas voltadas para os direitos das comunidades tradicionais e dos direitos culturais no Brasil.

.

Organizações participantes

Viola de Bolso Arte e Memória Cultural, a organização responsável pela administração do projeto apresentado a IberCultura Viva, foi fundada em 2008 na cidade de Eunápolis. Seu espaço cultural é aberto ao público em geral, que semanalmente participa das oficinas de artes ou das “vivências culturais”, como eles chamam os encontros e atividades que envolvem temas e reflexões sobre a cultura e os saberes locais. Entre as atividades ali realizadas estão oficinas de música, com aulas teóricas e práticas; oficinas de artes visuais, com aulas e dinâmicas criativas que envolvem a utilização de materiais reutilizáveis; rodas de leitura e contação de histórias.

O Centro de Umbanda São Jorge, fundado em 1958 em Itagimirim, é um terreiro de religião de matriz africana, que recebe a visita de pessoas em busca de orientação espiritual e práticas de cura. Seus membros realizam junto à comunidade aulas de percussão, reforço escolar e festejam os orixás em diversas datas no Brasil. O terreiro conta com grupos de música afro; grupo de Folia de Reis, Grupos das Baianas e o Coletivo Jovem de Caboclos, além de um coletivo de jovens que pretende trabalhar com cultura digital.

Quem também participa da rede é a Frente de Resistência e Luta Pataxó, que existe desde 2002 na cidade de Itamaraju, atuando em defesa do território tradicional do Monte Pascoal, lugar símbolo da invasão do Brasil. Essa entidade indígena campesina, que realiza a Folia de São Sebastião, atua também na formação dos jovens Pataxó, realizando encontros e assembleias.

Tags | , , ,

31

mar
2023

Em Notícias
Sin categorizar

Por IberCultura

Brasil e Chile concederão mais bolsas para o Curso de Pós-graduação em Políticas Culturais de Base Comunitária 2023

Em 31, mar 2023 | Em Notícias, Sin categorizar | Por IberCultura

O Ministério da Cultura do Brasil e o Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio do Chile ampliaram sua quantidade de bolsas para a edição de 2023 do Curso de Pós-graduação Internacional em Políticas Culturais de Base Comunitária ministrado por FLACSO-Argentina. Os dois países terão oito bolsas a mais nessa sexta turma do curso virtual, que começará no dia 20 de abril. 

Esta é a quinta vez que as representantes governamentais do Chile e do Brasil decidem ampliar o número de bolsas para pessoas candidatas de seus países usando os recursos de que dispunham no Fundo Multilateral IberCultura Viva para o apoio à formação de organizações culturais comunitárias. As vagas extras foram concedidas especialmente a pessoas que atuam nas organizações da sociedade civil. 

A avaliação realizada no Edital de Bolsas 2023, que distribuiu 96 bolsas para pessoas provenientes dos 12 países participantes, serviu também para a seleção dessas pessoas que receberão as bolsas extras do Brasil e do Chile. 

A lista final do edital, publicada neste 31 de março, trouxe as oito candidaturas mais bem pontuadas de cada país membro, tanto de pessoas gestoras que trabalham em organismos públicos de cultura como de representantes de organizações culturais comunitárias. Para as bolsas extras do Chile e do Brasil foram escolhidas as oito candidaturas seguintes de pessoas que trabalham em comunidades e que obtiveram maior pontuação no processo de seleção. 

O Edital de Bolsas 2023 teve inscrições abertas no Mapa IberCultura Viva de 16 de dezembro de 2022 a 15 de fevereiro de 2023. Do total de 493 postulações recebidas, 65 eram do Brasil e 65 do Chile.

.

Confira os nomes das pessoas que receberão as bolsas extras do Brasil e do Chile:

.

BRASIL

on-506556704  Rafaela Lima

on-1319174684  Cátia Hahn

on-1891708332  Ligia Rodrigues Holanda

on-1824786066  Francisco Luis Teixeira dos Santos 

on-1229131099  Oderval Rodrigues de Oliveira Junior 

on-1780708126   Maíra Martins Frois
on-1185690389   Josefina Chudnobsky

on-1619093105   Marcus Vinicius Bezerra da Silva


CHILE

on-1127643308  Germán Moreira Santana

on-466641833  Paul Andrés Castán Cartagena

on-1456424692  Paula Aguirre Toledo

on-1994929379  Julieta Mazzoni

on-1109091512 Jocelyn Tabilo

on-1321222627 Valentin Zuñiga

on-1404721444 Mariana León Villagra

on-1395875560  Nicole Amneris Ríos Kroyer


Tags | , , ,

15

ago
2022

Em Notícias

Por IberCultura

São Leopoldo recebe a caravana cultural de Canelones

Em 15, ago 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

Fotos: Thales Ferreira

.

Cerca de 3 mil pessoas circularam pelo espaço Sarau do Rio, em São Leopoldo (Rio Grande do Sul, Brasil), neste 14 de agosto, último dia do Intercâmbio Cultural realizado com Canelones (Uruguai) no âmbito da Rede Mercocidades.

A iniciativa teve uma primeira etapa em maio, quando cerca de 40 artistas e gestores culturais de São Leopoldo estiveram em Canelones para oficinas, visitas e apresentações. Nesta que foi a segunda etapa do intercâmbio, uma delegação com 37 artistas uruguaios esteve em São Leopoldo para três dias de atividades, de sexta a domingo.

No domingo, a programação contou com oficinas de artes, criação de grafite e muralismo coletivo, feira criativa, literatura,  gastronomia, fotografia e música, tendo como atração principal Dica Leindeker & Banda. 

No sábado, o Museu do Trem recebeu a comitiva de artistas uruguaios, além da tradicional Feirinha Criativa, para um dia de candombe, música, dança, poesia, grafite e muralismo.  No início das atividades foi instalada a exposição itinerante fotográfica de Noélia Beltran, que retrata aulas de tango. 

A primeira noite do Intercâmbio Cultural com artistas uruguaios em São Leopoldo foi focada na dança e no candombe. O Teatro Municipal foi o palco para a programação de estreia, na sexta-feira.

Tags | , ,

25

maio
2022

Em Notícias

Por IberCultura

Artistas e gestores culturais de São Leopoldo participam de intercâmbio em Canelones, no Uruguai

Em 25, maio 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

Cerca de 40 artistas independentes e gestores culturais da cidade de São Leopoldo (Rio Grande do Sul, Brasil) participaram de um intercâmbio no departamento de Canelones (Uruguai), entre os dias 20 e 22 de maio. As performances ocorreram nos municípios de Canelones, Las Piedras, Salinas, Los Cerrillos e Sauce. A Caravana Cultural foi resultado de um edital promovido pela Rede Mercociudades. Em agosto será a vez de São Leopoldo receber artistas de Canelones para apresentações e oficinas.

O secretário de Cultura e Relações Internacionais de São Leopoldo, Pedro Vasconcellos, avaliou o intercâmbio como muito positivo tanto para os artistas brasileiros quanto para o público uruguaio que acompanhou as apresentações e oficinas. “Nossa tarefa de incentivar a troca cultural entre diferentes manifestações artísticas presentes na nossa cidade foi bem proveitosa. Os espaços para as apresentações foram uma excelente oportunidade para os artistas de São Leopoldo realizarem suas interações estéticas”, afirmou.

Para Vasconcellos, esta primeira caravana cumpriu um papel importante de integração, e deve proporcionar outros intercâmbios com Montevidéu e Porto Alegre, como o Carnaval de 2023, e um seminário no Uruguai, em setembro. “Na segunda etapa deste intercâmbio, em agosto, vamos preparar um grande festival para receber a comitiva de artistas e gestores culturais uruguaios”, destacou o secretário. “Também teremos capacitações realizadas por integrantes do governo uruguaio aqui e de nossos gestores culturais lá. Vamos organizar essas ações para o ano que vem.”

.

Espetáculos e oficinas

Nesta que foi a primeira etapa do intercâmbio, no departamento de Canelones, a programação incluiu visitas a espaços culturais e apresentações e oficinas de dança, teatro, música popular brasileira, música cigana, música latino-americana, samba, fotografia, muralismo, literatura e carnaval. 

A bailarina Alexandra Castilhos, que promoveu uma oficina de dança contemporânea no Centro Cultural de Salinas, no dia 21 de maio, destacou que as linguagens artísticas criam um fluxo próprio de comunicação e de encontro. “Durante a oficina pude me aproximar de bailarinas e professoras de tango, de dança contemporânea. Pude conhecer equipamentos de cultura e vi como o Centro Cultural de Salinas atua como espaço formativo em dança. Esse tipo de política pública é essencial para a difusão e o fortalecimento da dança em um território”, relatou. 

Cris Rosa, que também apresentou em Salinas o espetáculo “Rosa Choque Quase Vermelho”, ao lado de Carolina Willrich e Bianca Weber, disse que foi emocionante voltar à cena depois de dois anos de pandemia, em um intercâmbio cultural no Uruguai. “O trabalho é de 2008 e foi uma experiência incrível de arte coletiva, envolvendo diferentes expressões artísticas. Sou grata pela vivência e pela interação do público, que foi muito sensível. Estou de alma lavada e forças renovadas com tamanha receptividade”, contou.

Para a diretora do Centro Cultural Salinas, Anabel Marichal, a performance  superou suas expectativas. “Me emocionou profundamente. Uma conjunção entre o simbólico, o árido da cena, levado ao mínimo para mover o máximo. Uma finesse absoluta em cada seleção, em cada movimento, sem perder a força e a contundência de corpos super profissionais, permeados de emoção. Uma obra tão linda, tão minimalista e tão comovente, que deixou o público estremecido”, comentou.

.

Visitas técnicas

A comitiva de São Leopoldo que esteve no Uruguai neste fim de semana também participou de visitas técnicas, como as que fizeram a diretora do Museu do Trem, Alice Bemvenuti, e o diretor de Patrimônio da Secretaria Municipal de Cultura de São Leopoldo, Joel Santana, no dia 21 de maio. Guiados por Gabriela Fernandez, responsável pela Rede de Museus de Canelones, eles conheceram primeiro o Museo Ferroviario Don Eduardo Hernandez Peña, na cidade de Empalme Olmos, e depois o Museo del Ferrocarril, em Montevidéu. “Em ambos os museus as peças encontram-se muito bem preservadas, incluindo uma maquete de ferromodelismo com todas miniaturas funcionando”, comentou Alice Bemvenuti.

O Museo Ferroviario Don Eduardo Hernandez Peña, que tem gestão público-privada, conta com uma exposição dentro de um vagão, onde encontram-se objetos da ferrovia, como telégrafo, sistemas de segurança, móveis, uniformes, ferramentas diversas, bilhetes de passagens e carimbadores. O museu situa-se em um pátio ferroviário que ainda está em funcionamento, mas com alguns vagões antigos e locomotivas em desuso. O complexo inclui armazéns – um deles transformado em ginásio municipal, com atividades desportivas -, uma vila com as casas dos ferroviários e um clube ativo, que ocupou uma oficina de locomotiva e que hoje tem um teatro para a comunidade.

Em Montevidéu, o percurso no bairro Peñarol iniciou no Museo del Ferrocarril e depois seguiu para o local de residência dos ingleses, que foram os investidores da ferrovia no Uruguai no período entre 1869 até 1914. Ainda no percurso, os integrantes da comitiva conheceram um centro cultural chamado Centro Artesano. que foi construído pela ferrovia, com um teatro aberto à comunidade. O roteiro foi finalizado em uma rotunda que abriga a garagem de locomotivas, com sistema giratório, algumas máquinas recuperadas e carros restaurados pelos membros do Círculo de Estudos Ferroviários.

.

 (*) São Leopoldo é um do municípios integrantes da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais. Conheça mais sobre a rede: https://iberculturaviva.org/rede-de-cidades/

.

Assista a um trecho de um dos shows:

https://fb.watch/deb0RJMUgv/

.

Leia também:

Artistas leopoldenses apresentam performance cultural no Uruguai

Intercâmbio no Uruguai viabiliza apresentações de artistas leopoldenses

.

(Fonte: Secretaria de Cultura e Relações Internacionais de São Leopoldo)

Tags | , , ,

17

fev
2022

Em Notícias

Por IberCultura

15 indígenas da Argentina, do Brasil e do Equador lançam o e-book “De Abya Yala com Amor”

Em 17, fev 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

 

Em outubro de 2021, 15 indígenas de distintas regiões de Argentina, Brasil e Equador começaram a partilhar experiências, opiniões, visões, saberes e sentimentos através das ferramentas digitais. Ao longo de dois meses, esses sete homens e oito mulheres pertencentes a 12 povos/etnias realizaram seis “fogueiras digitais” de aproximadamente duas horas. Nesses encontros (por Zoom com transmissão por YouTube), deixaram a palavra correr, como tradicionalmente acontece nas comunidades indígenas quando se reúnem ao redor do fogo. 

O e-book “De Abya Yala com Amor”, que o coletivo agora apresenta em sua primeira versão com alguns textos em português e outros em espanhol, é um dos resultados desses intercâmbios digitais desenvolvidos no projeto “Diversidade Indígena Viva”. A iniciativa foi uma das 20 propostas selecionadas no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2021.

Esta semana duas “fogueiras digitais” serão armadas especialmente para o lançamento da publicação, com a participação de algumas das pessoas autoras e transmissão pelo canal  www.youtube.com/mensagensdaterra. O encontro em espanhol será nesta quinta-feira, 17 de fevereiro, às 17h do Equador e 19h da Argentina. A versão em português ficou marcada para a sexta-feira, 18 de fevereiro, às 18h de Brasília. 

.

Mensagens para a humanidade

“De Abya Yala com Amor” é um livro coletivo em que cada autor/a indígena traz uma mensagem para a humanidade que renasce neste momento de crises superpostas (ambiental, econômica, sanitária). Para esta comunidade intercultural de aprendizagem livre, estamos no meio de grandes mudanças, desafiados a mudar nossos paradigmas.

Esta versão original da publicação, com 90 páginas, tem os textos em espanhol ou em portugués, conforme foram enviados por seus autores/as em janeiro de 2022. A ideia é lançar posteriormente uma versão toda em espanhol e outra em português.

Além dos textos para o e-book, as fogueiras digitais realizadas em 2021 renderam mais de 40 vídeos curtos, editados pelo diretor audiovisual Sebastián Gerlic, argentino radicado no Brasil que compartilhou a gestão deste projeto com os indígenas  Mariela Tulián (Argentina), Angel Eras (Equador) e Nhenety Kariri-Xocó (Brasil). Estas “chispas” (em espanhol) ou “faíscas” (em português), com trechos dos depoimentos das pessoas autoras do livro, estão disponíveis no canal www.youtube.com/mensagensdaterra.

Da Argentina participam Tinkina Solita Tonokoté (Santiago del Estero); Lecko e Haylly Zamora Wichi (Chaco); Liliana Claudia Huarpe (Mendoza), e Mariela Comechingón Sanavirón Tulián (Córdoba). Do Brasil: Horopakó Desana (Amazonas); Cacique Kaji Waurá (do Xingu); Morubixabas Itamirim e Weramoru Tupi Guarani (São Paulo); Nhenety Kariri-Xocó (Alagoas) e Maria Pankararu (Pernambuco). Do Equador: Lauro Jerônimo Saant e Yamanua Shuar (Amazonas); José Atupaña Guanolema (kichwa-Puruhá) e Ángel Ramírez Eras, da cultura Palta, da região de Loja.

.

📌Saiba mais sobre o projeto: http://www.thydewa.org/abyayala/

.

Tags | , , , ,

11

fev
2022

Em Notícias

Por IberCultura

Edital da Rede de Pontos de Cultura do Estado de Goiás selecionará 18 projetos

Em 11, fev 2022 | Em Notícias | Por IberCultura

(Foto: Enio Tavares. Congada de Catalão, Goiás) 

.

O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), lançou um edital para a nova Rede de Pontos de Cultura, que contemplará 18 projetos propostos por organizações culturais comunitárias das 10 regiões do estado. A iniciativa visa fortalecer a política cultural em Goiás, com promoção de ações de formação, intercâmbio e participação social. As inscrições estão abertas até o dia 14 de fevereiro.

Os proponentes devem ser instituições privadas sem fins lucrativos, de natureza ou finalidade cultural, com pelo menos três anos de constituição jurídica e de atuação no setor. Para participar desse edital, as entidades não podem ter recebido anteriormente fomento ou premiação como Ponto de Cultura. 

Esta chamada pública conta com um montante de R$ 1.953.196,55, oriundo dos rendimentos da aplicação financeira, saldo remanescente e devolução de recursos de outras parcerias do convênio nº 430/2007, celebrado entre o governo de Goiás e o antigo Ministério da Cultura (MinC), atual Ministério do Turismo (Mtur).

Em 2021, 30 Pontos de Cultura de Goiás foram contemplados pela Lei Aldir Blanc. Cada projeto recebeu R$ 100 mil, o que totaliza investimentos de R$ 3 milhões. O titular da Secult, César Moura, reforça que a ação do governo visa ampliar a rede e levar o programa a mais municípios, descentralizando a cultura no estado. Atualmente, são 40 pontos em 36 cidades. “Queremos fomentar ainda mais a cultura comunitária e torná-la acessível a um maior número de goianos”, ressalta.

.

Política Nacional de Cultura Viva

Os Pontos de Cultura fazem parte da Política Nacional de Cultura Viva. São coletivos e instituições da sociedade civil, sem fins lucrativos, tais como associações, cooperativas e organizações sociais, que desenvolvem atividades culturais em suas comunidades. Entre as áreas atendidas estão música, dança, teatro, circo, audiovisual, capoeira, leitura, cultura digital, culturas popular e tradicional, além de patrimônios material e imaterial.

Em Goiás, os Pontos de Cultura são selecionados a partir de editais públicos, realizados pela Secult Goiás, e multiplicam diversas experiências em todo o estado. Eles são considerados referência de uma rede horizontal de articulação, recepção e disseminação de iniciativas culturais comunitárias, além de produtores e difusores de arte, cultura e cidadania.

.

. Inscrições e consultas: inscricaorpcgo.secult@goias.gov.br

. Confira o regulamento: https://bit.ly/34AAQDt

. Assista às lives “tira-dúvidas” sobre o edital:

(Fonte: Secretaria de Cultura do Estado de Goiás)

Tags | ,

24

nov
2021

Em Notícias

Por IberCultura

Partilhando saberes tradicionais: os dois projetos do Brasil selecionados no Edital de Apoio a Redes 2021

Em 24, nov 2021 | Em Notícias | Por IberCultura

.

 Nome do projeto: Okan Ilu – Tambor do Coração

Dados da rede ou articulação: Rede de Envolvimento Solidário e Multiversidade Mãe Preta dos Povos da Terra

.
O Okan Ilu (Tambor do Coração), uma das propostas brasileiras selecionadas no Edital de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2021, é um momento de encontro da Rede de Envolvimento Solidário, um momento de partilha cultural e artística dos povos negro e indígenas. Realizado anualmente desde 2015 em Triunfo (Rio Grande do Sul), é um ritual de culminância das atividades da Comunidade Kilombola Morada da Paz – Território de Mãe Preta (CoMPaz), um coletivo constituído majoritariamente de mulheres negras.

A Morada da Paz é “um modo de ser e de viver”, como dizem as mais velhas da comunidade, e tem como projeto existencial a defesa da vida e da diversidade. O calendário da comunidade é constituído por datas sagradas voltadas tanto para ritualísticas de atendimento espiritual, quanto para atividades voltadas para a preservação e disseminação da cultura afro-brasileira. Ali são promovidos encontros entre diferentes lideranças dos povos originários e comunidades tradicionais, com o intuito de construir redes de articulação política, cultural e espiritual em defesa da vida. 

Fotos: Okan Ilu 2020

.

O projeto apresentado ao Edital de Apoio a Redes tem entre seus objetivos reconhecer as tradições, a memória, a história e a cultura afro-brasileira e celebrar a vida dos povos e comunidades tradicionais através dos tambores sagrados na CoMPaz; salvaguardar, transmitir e honrar a força ancestral dos povos de terreiro e quilombolas; construir ações em unidade, como redes, projetos conjuntos, parcerias e alianças que derivam desses encontros.

A proposta prevê a realização de oficinas e vivências de partilha de saberes e fazeres ancestrais dos povos e comunidades participantes do Okan Ilu, e ipàdés (círculos sagrados de diálogos) com a participação dos anciões e anciãs da Comunidade Morada da Paz. Também estão previstas apresentações artísticas e culturais dos diversos povos e coletivos presentes, como o Grupo Semente de Baobá, formado por jovens da Comunidade Morada da Paz, os tambores do candombe uruguaio da Nação Zumbalelê, as maracas e flautas indígenas e declamações de poesias, cirandas e a contação de histórias e lendas dos povos tradicionais pelos mestres da Cultura Viva, além de rodas de capoeira.

.

Organizações participantes

A Comunidade Kilombola Morada da Paz trabalha com a recuperação da história, da memória e da cultura ancestral afro-brasileira desde 2003, sendo sede do Omorodê Ponto de Cultura da Infância e da Escola CoMKola Kilombola Epè Layiè. Desenvolve oficinas e vivências tanto na sede como em outros espaços, inclusive em ambiente virtual, trabalhando com a educação, a espiritualidade, a cultura, a arte e a saúde holística. 

O Instituto CoMPaz, que faz parte deste projeto, realiza desde 2015 cursos, palestras e oficinas nas áreas de cultura, educação, espiritualidade, permacultura, agroecologia e ciências, com crianças e jovens de escolas de Montenegro, Triunfo e da região metropolitana de Porto Alegre. Também desenvolve projetos de empreendedorismo sociocomunitário com jovens da Comunidade Morada da Paz e de sua biorregião.

(Foto: Nación Zumbalelé)

Outra organização participante é Nación Zumbalelé, de Salinas (Uruguai). Este Ponto de Cultura uruguaio trabalha desde 2001 com pesquisa, educação e prática do candombe, cultura afro-uruguaia e equidade racial, realizando intercâmbios pela América Latina, inclusive com uma participação do Okan Ilu, na Comunidade Morada da Paz, em 2019.

Já o Ponto de Cultura A Bruxa tá Solta, de Boa Vista (Roraima), começou em 1992 como um grupo de teatro. Em 2016, ampliou suas atividades como Ponto de Cultura, e em 2017 se reorganizou novamente, agregando comunidades e grupos numa rede focada na gestão cultural, com ênfase nas tradições populares da Amazônia, com recorte em Roraima. Dessa aliança com o Ponto de Cultura fazem parte 25 grupos/comunidades de seis municípios.

.

Assista ao vídeo do Okan Ilu realizado em 2020:


 * Nome do projeto: Fórum Sagarana: Saberes Tradicionais, Cultura e Mudanças Climáticas

* Nome da rede ou articulação: Fórum Sagarana: Saberes Tradicionais, Cultura e Mudanças Climáticas

.

O Fórum Sagarana: Saberes Tradicionais, Cultura e Mudanças Climáticas é uma proposta de articulação em rede para a produção de uma série de atividades, diálogos e formações, focando no fortalecimento institucional de organizações e comunidades presentes no território do Vale do Rio Urucuia, na Região Norte-Noroeste do estado de Minas Gerais, Brasil. 

Com sede na cidade de Arinos, o projeto visa – a partir de três eixos de atividades –, o diálogo sobre temáticas que permeiam a conservação dos saberes tradicionais, o desenvolvimento sociocultural, as juventudes, a comunicação e o impacto das mudanças climáticas na agenda global até 2030. O objetivo é criar um ambiente de debate que fomente reflexões e gere impactos positivos nas estruturas das organizações e comunidades alvo do fórum.

A proposta privilegia os princípios da pedagogia griô, buscando dialogar e abordar de forma efetiva e integrada com a realidade e a visão de mundo dos diferentes atores das comunidades cerratenses, sertanejas e interioranas, assim como quilombolas, respeitando seus modos de vida e criando pontes entre a oralidade e o conhecimento formal. 

A ideia é que as rodas de prosa, os círculos dialógicos, as oficinas de elaboração do conhecimento e produção partilhada e as formações técnicas sejam realizadas com a comunidade – nunca para a mesma –, dialogando também com metodologias de cocriação artística, de mapeamento afetivo, de pesquisa-ação e de economia solidária.

.

Vila de Sagarana (Foto: CineBaru)

.

A escolha da Vila de Sagarana para o fórum foi pensada como uma ação para reconhecer e fortalecer a identidade geraizeira e dos povos do Cerrado. A pequena vila de 300 habitantes está localizada no sertão de Veredas, narrado por João Guimarães Rosa, na mata seca, fitofisionomia única e rara do cerrado, um território altamente biodiverso, rico em tradições e de culturas únicas, ainda pouco conhecido e já muito ameaçado. Segundo o Sexto Relatório de Avaliação (AR6/WG1), do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, esse território tem enfrentado secas mais intensas e temperaturas mais altas, sendo uma das áreas do mundo onde a mudança do clima provocará efeitos mais drásticos.

Como resultados do projeto, espera-se o fortalecimento de articulações, em nível regional, para a constituição dos espaços de diálogos entre comunidades, organizações e instâncias de governança em prol da valorização do sentimento de pertencimento, da atenção aos impactos ambientais provocados pelas mudanças climáticas, assim como para a conscientização para a conservação da memória e histórica socioculturais dos povos tradicionais presentes no território do Vale do Rio Urucuia.

.

Histórico da rede

A rede do Fórum Sagarana possui um amplo histórico de diálogos, debates e atividades construídas em prol do desenvolvimento social, cultural, ambiental e econômico do território, agindo conjuntamente com instâncias governamentais e da sociedade civil. 

Dentre as atividades promovidas conjuntamente por instituições presentes na construção da proposta do Fórum Sagarana, estão as sete edições do Encontro dos Parceiros do Vale do Rio Urucuia (2009-2015); sete edições do Festival Sagarana (2008-2015); cinco edições do projeto O Caminho do Sertão (2014-2019), cinco edições da Mostra Sagarana de Cinema (2017-2021), além de diversas propostas de formações, parcerias público-privadas, emendas parlamentares e dinâmicas de articulação comunitárias.

.

Organizações participantes

Uma das organizações que apresentam o projeto é o Portal de Cultura Grande Sertão Veredas – Agência de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Vale do Rio Urucuia (ADISVRU). Criado em fevereiro de 2001, o Portal de Cultura, enquanto Ponto de Cultura, tem como proposta principal identificar e fortalecer a cultura local e regional na sua diversidade tendo como foco os grupos de teatro, música, dança, os núcleos de artesanato, cultura digital e familiares de quilombolas e ciganas. Enquanto parte da Instituição ADISVRU, realiza ações de fortalecimento da diversidade cultural, economia criativa, sentimento de pertencimento e diálogos entre patrimônios imateriais, materiais e meio ambiente.

Já o Coletivo Ecos do Caminho, criado em 2015, é uma associação de pessoas físicas sem fins lucrativos (não formalizada) que promove iniciativas, em geral independentes, em um processo de intensa convivência com as comunidades locais, contando com a parceria de instituições e ONGs do Território Baiangoneiro. O coletivo é composto por produtores culturais, fotógrafos, cineastas, jornalistas, historiadores, biólogos, pesquisadores e artistas, oriundos de diferentes territórios e vivências. Eles mantêm uma sede na vila de Sagarana e realizam há sete anos atividades socioculturais e ambientais na região, tal como as cinco edições da Cinebaru (entre 2017 e 2021) e a 7ª edição do Festival Sagarana, em 2015. 

Também participa do projeto a Associação do Cresertão – Centro de Referência em Tecnologias Sociais do Sertão, fundada em 2010, com a proposta de demonstrar, divulgar e aplicar as tecnologias sociais – soluções de baixo custo e ecologicamente corretas, capazes de gerar trabalho e renda e melhorar a vida das comunidades. As tecnologias sociais refletem um novo conceito de desenvolvimento, que alia saberes populares e conhecimento científico. 

.


Tags | , , ,

03

nov
2021

Em Notícias

Por IberCultura

Prefeitura de Niterói lança a Carta de Direitos Culturais da cidade e o portal “Cultura é um Direito”

Em 03, nov 2021 | Em Notícias | Por IberCultura

Neste 5 de novembro, Dia Nacional da Cultura, será lançada a Carta de Direitos Culturais de Niterói. O documento, que foi elaborado de maneira participativa ao longo deste ano, será apresentado no Encontro “Cultura é um Direito”, promovido pela Prefeitura de Niterói, por meio da Secretaria Municipal das Culturas. Além da Carta, serão lançados o portal “Cultura é um Direito” e um edital de fomento para o setor cultural. O evento marcará também a abertura da plenária final da 5ª Conferência Municipal de Cultura de Niterói. 

Niterói é a primeira cidade brasileira a produzir uma Carta de Direitos Culturais. Nesta proposta que levou em conta experiências realizadas em outras cidades, como Roma (Itália), Mérida (México) e Barcelona (Espanha), a principal inspiração foi o processo de construção da Carta de Direitos Culturais da cidade de San Luis Potosí, no México, desenvolvida em parceria com a UNESCO e o programa IberCultura Viva, por meio da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais.

Assim como a iniciativa de San Luis Potosí, que teve todo o seu processo de construção e implementação registrado no site “La cultura es un derecho”, Niterói agora também terá seu portal “Cultura é um direito”. Além de ser o principal registro e repositório da Carta de Niterói, o portal será um instrumento público de difusão de conteúdos relacionados aos temas das políticas culturais e abrigará uma base de dados com perfis/portfólios dos/das agentes culturais de Niterói.

Para 2022, com o apoio do programa IberCultura Viva, também como parte das atividades de divulgação das Cartas de Direitos Culturais de Niterói e de San Luis Potosí, está prevista a realização do webinar “Direitos Culturais e Cultura Comunitária”, com a presença de gestores, especialistas e agentes culturais de diversos países. 

.

Construção participativa

Para a construção da Carta de Niterói foram realizados 21 encontros com a sociedade civil, instituições e governo. As reuniões envolveram as câmaras setoriais do Conselho Municipal de Política Cultural (CMPC), os Pontos e Pontões de Cultura que integram a Rede Cultura Viva de Niterói, o Fórum de Capoeira de Niterói, as expressões culturais religiosas, as lideranças comunitárias, o Fórum Popular Permanente dos Direitos da Criança e do Adolescente de Niterói, a Secretaria Municipal das Culturas (SMC) e a Fundação de Arte de Niterói (FAN).

Durante os seis meses de debates, participaram desse processo mais de 800 pessoas. As mais de 200 propostas recebidas se materializaram em seis capítulos do documento. O primeiro deles discute o que é a Carta e como ela se relaciona com as declarações e pactos internacionais e com as demandas individuais e coletivas dos cidadãos e cidadãs niteroienses.

A Carta de Niterói toma como base a Declaração Universal de Direitos Humanos; o Pacto Internacional Sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; a Declaração Universal Sobre a Diversidade Cultural; a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988; o Sistema Nacional de Cultura; o Sistema Estadual de Cultura do Rio de Janeiro, e o Sistema Municipal de Cultura de Niterói.

As leis municipais de Niterói relativas à arte e à cultura estão reunidas no segundo capítulo da Carta. O terceiro, por sua vez, apresenta políticas públicas de cultura que, embora não se configurem necessariamente como legislação, constituem e/ou abordam direitos culturais demandados/conquistados pela população.

No quarto capítulo são apresentadas a metodologia de debate e as características das reuniões realizadas. No quinto estão as diretrizes construídas a partir de observações comuns feitas nessas 21 reuniões. Por fim, no sexto capítulo, são listadas as metas e as estratégias indicadas em cada reunião, com o objetivo de reconhecer, proteger, promover e garantir o exercício dos direitos culturais por cidadãs e cidadãos em Niterói.

 .

(*) O encontro “Cultura é um direito” será realizado de maneira presencial, a partir das 10h, na Sala Nelson Pereira dos Santos. Para participar, é preciso preencher este formulário: https://forms.gle/fan5egw4ynDGjAHy7

.

Leia também:

Carta dos Direitos Culturais de Niterói: uma construção participativa inspirada na experiência de San Luis Potosí

“La cultura es un derecho”: la experiencia potosina como inspiración de procesos participativos

Carta da Cidade de San Luis Potosí pelos Direitos Culturais agora é lei

Carta da Cidade de San Luís Potosí pelos Direitos Culturais: uma construção participativa 

Tags | , , ,