Arquivos afrodescendentes - IberCultura Viva
IberCultura Viva apoiará projetos de redes de povos indígenas, afrodescendentes e comunidades migrantes
(Foto: Oliver Kornblihtt)
.
Nesta segunda-feira, 14 de junho, abre-se o prazo de inscrição do Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2021. A iniciativa tem como objetivo fomentar e fortalecer o trabalho e a articulação das redes culturais de base comunitária integradas por povos originários, indígenas, afrodescendentes e/ou coletivos de comunidades migrantes no âmbito ibero-americano. O edital conta com um montante de 68 mil dólares, provenientes do Fundo Multilateral IberCultura Viva, e está destinado aos 11 países que formam parte do programa: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Espanha, México, Peru e Uruguai.
Podem inscrever-se projetos de articulação em rede ou trabalho colaborativo para a realização de atividades que promovam o diálogo intercultural, a promoção cultural comunitária, circuitos de economia social para bens e serviços culturais ou instâncias de formação sobre diversidade cultural, gênero, comunicação comunitária e outros saberes ou tecnologias sociais que ajudem a promover o diálogo intercultural ou a promoção cultural comunitária. Cada proposta selecionada poderá receber até 3 mil dólares para utilizar em gastos de produção e comunicação do projeto.
As atividades devem ter entrada livre e gratuita e ser executadas num prazo máximo de 6 meses, entre outubro de 2021 e março de 2022. Pelo contexto sanitário atual, os projetos devem adaptar suas atividades às normas de cada país, respeitando as exigências das autoridades competentes, incluindo as de segurança e higiene, nas localidades onde serão realizadas.
.
Inscrições
As inscrições estarão abertas na plataforma Mapa IberCultura Viva até 31 de agosto (*), às 18h, considerando o horário de Brasília e Buenos Aires (Argentina). Os projetos devem ser apresentados por uma rede ou articulação de pelo menos três membros que contemplem povos originários, indígenas ou afrodescendentes, coletivos migrantes e/ou organizações culturais comunitárias que trabalham com estes grupos. A organização responsável pela inscrição deverá ter personalidade jurídica vigente e ser de tipo sem fins lucrativos. No caso dos povos originários, indígenas e/ou afrodescendentes, as personalidades jurídicas serão validadas pelos/las REPPIs (representantes de países nos programas e iniciativas) de cada país durante o processo de habilitação.
No caso do Brasil, só podem participar como organizações responsáveis aquelas reconhecidas e certificadas como Pontos de Cultura, devendo ter inscrição atualizada na plataforma Rede Cultura Viva. No caso do Equador, a pessoa responsável do projeto deve estar inscrita no Registro Único de Atores Culturais (RUAC). No caso do México só podem participar como organizações responsáveis aquelas que se encontrem inscritas no Registro Nacional de Espaços, Práticas e Agentes Culturais (TELAR).
.
Avaliações
O processo de avaliação das propostas apresentadas compreenderá duas etapas: habilitação e seleção. A primeira julgará o cumprimento da documentação exigida no regulamento. As postulações enviadas com os documentos requeridos (formulário devidamente preenchido, certificado de personalidade jurídica (CNPJ), carta aval das organizações e/ou coletivos, orçamento e cronograma adequados ao formato detalhado) passarão à fase seguinte. Na etapa de seleção, as propostas serão avaliadas conforme os critérios estabelecidos no regulamento do edital. Os projetos que obtiverem a maior pontuação em cada país serão os selecionados.
Entre os critérios que contam pontos na seleção se encontram a adequação aos objetivos estratégicos do programa IberCultura Viva, os impactos artístico-culturais, econômicos e/ou sociais do projeto, a experiência da rede ou articulação proponente, a avaliação da proposta técnica, e a coerência e adequação do orçamento e do plano de trabalho.
As redes/articulações candidatas deverão aportar um mínimo de 25% dos custos totais do projeto. Esta porcentagem pode ser cumprida com aportes não financeiros, como estruturas, equipamentos, espaços, insumos, ferramentas ou serviços, através de cartas de compromisso. As postulações também deverão ser acompanhadas por cartas aval onde se estabeleçam as responsabilidades de cada organização ou coletivo dentro do projeto.
.
(*) Texto atualizado no dia 9 de agosto de 2021
.
Confira o regulamento do edital: https://bit.ly/3gmGDje
Inscrições: https://mapa.iberculturaviva.org/oportunidade/169/
Como inscrever-se no Mapa IberCultura Viva: https://iberculturaviva.org/manual/
Consultas: programa@iberculturaviva.org
Resistência, identidade e ancestralidade: os premiados no Concurso “Comunidades Afrodescendentes”
“Resistência” talvez seja a palavra que mais venha à mente depois de assistir aos 10 vídeos ganhadores do Concurso de Curtas-metragens “Comunidades Afrodescendentes: Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento”. Resistência em vários sentidos, inclusive o da recusa de submissão à vontade de outrem. Da luta que se mantém como ação de defender-se. Da reação a uma força opressora. Da qualidade de quem demonstra firmeza, persistência. Da força que anula os efeitos de uma ação destruidora. Ou como diz a narradora de um dos vídeos premiados: “Resistir é trabalhar dia a dia na conformação de nossa identidade”.
O concurso foi lançado em novembro de 2017 pelo programa IberCultura Viva em colaboração com o Escritório de Representação da UNESCO no Brasil, como uma das ações promovidas pela Década Internacional para os Afrodescendentes (2015-2024), declarada pelas Nações Unidas em 2015, com o tema “Povos afrodescendentes: reconhecimento, justiça e desenvolvimento”.
Entre 20/11/2017 e 15/02/2018, o programa IberCultura Viva recebeu 132 inscrições para o concurso. Desse total, foram habilitados 90 trabalhos. Os 10 vídeos que tiveram as maiores pontuações da Comissão de Avaliação foram divulgados na última terça-feira (08/05), e receberão prêmios de 500 dólares. O prazo de recursos terminou nesta quinta-feira (10/05).
Foram levados em conta na seleção critérios como a criatividade e a originalidade temática, assim como a consideração da organização comunitária dos coletivos afrodescendentes, a reflexão sobre práticas culturais racistas e a ênfase na centralidade da cultura afrodescendente no desenvolvimento cultural comunitário, nacional e/ou regional.
Diante da grande quantidade, qualidade e diversidade dos vídeos recebidos, a Comissão de Avaliação decidiu incorporar 10 menções honrosas (sem prêmios em dinheiro). Os vídeos selecionados expressam uma grande diversidade de comunidades e práticas culturais da região ibero-americana e serão divulgados junto con os vídeos ganhadores pelos canais de comunicação da cooperação ibero-americana.
Confira a lista com o resultado definitivo dos selecionados e conheça os 10 vídeos premiados, que apresentamos a seguir. São histórias de luta, força, fé e resistência, com duração máxima de 3 minutos, gravadas no Brasil, na Argentina e no Chile.
OS PREMIADOS
1. ABAYA | resistência e ancestralidade (Brasil) – Frederico Moreira
Curta-metragem de autoria de Grazie Pacheco, Frederico Moreira e Renan Vasconcelos, ABAYA apresenta o encontro de integrantes da associação Ilú Obá de Min com mulheres do movimento Mães de Maio e do grupo de cultura afro-brasileira UMOJA – a união, a luta, os ideais e as resistências em uma noite onde a Rainha Mãe toma forma para denunciar a falsa abolição da escravatura.
“A abolição da nossa escravatura foi assinada a lápis, uma lei que qualquer um apaga (…) neste país racista, que mata pobres e persegue negros”, afirma Débora Silva, uma das Mães de Maio. “Pela nossa negritude, a gente luta sempre. Amo a minha cor, mas só quem é da cor sabe o que é ser negro”, diz Rose Eloy, integrante do UMOJA.
ABAYA é uma produção do DocVozes, coletivo de documentaristas formado em São Paulo, em 2013, e que se propõe a reverberar narrativas de impacto social. O primeiro filme do grupo foi lançado no YouTube em 2014: Uma tarde no shopping, um retrato da resistência da juventude periférica em São Paulo. Também são deles os documentários AI-5 da democracia, Procura-se: a negra do cartaz e PsicoApatia, entre outros. A primeira obra de ficção do coletivo, Mortalha, será lançada em 2018.
2. 111 tiros na alma negra (Brasil) – Pedro Henrique Lima de Oliveira
Em 28 de novembro de 2015, 111 tiros foram disparados por policiais contra cinco jovens negros em Costa Barros, na zona norte do Rio de Janeiro. Carlos, Cleiton, Roberto, Wesley e Wilton voltavam de uma lanchonete no Parque Madureira, onde foram comemorar o primeiro salário de Betinho, quando o carro em que estavam foi parado por policiais. Segundo a Polícia Militar, foram disparados 81 tiros de fuzil e 30 de pistola.
O curta 111 tiros na alma negra, dirigido por Pedro Oliveira e Filó Oliveira, mostra a mobilização da juventude negra após a chacina em Madureira. Vestidas de preto, centenas de pessoas andaram pelas ruas com cartazes (“Racismo, não!”) e palavras de ordem contra o genocídio da população negra no Brasil. De acordo com o Atlas da Violência 2017 (Ipea/FBSP), a cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negros.
A produção faz parte do Acervo Cultne, lançado em 2009. Esse acervo digital reúne 3 mil horas de material sobre cultura negra registrado nos últimos 38 anos.
3. Alma crespa (Brasil) – Rebecca Joviano
O filme de Paulo China e Rebecca Joviano gira em torno de Iza (Raphaela Joviano), uma jovem carioca que sonha ser reconhecida por sua alma, e não por sua cor. Em um passeio pelo Rio de Janeiro, cidade com fama de ter pessoas livres e tolerantes (será mesmo?), a jovem se pergunta por que sempre olham para ela de forma estranha (“vai alisar esse cabelo, garota!”).
Caminhando em frente aos antigos sobrados, Iza lembra que ali, em outros tempos, eram os escravos e escravas que faziam tudo: cozinhavam, costuravam, varriam o assoalho, limpavam a prataria, serviam de brinquedo. “Não tinha justificativa: uma pessoa, só por causa de sua cor, servir a um senhor branco e trabalhar até suas últimas forças… Séculos se passaram e ainda temos muito o que conquistar. Mas, apesar dos pesares, agradeço a todos os que lutaram e lutam pela nossa liberdade de expressão. A minha, luto diariamente para conquistar.”
Alma crespa é um curta-metragem da produtora Memory Audiovisual, com sede no Rio de Janeiro.
4. Afrografías (Argentina/Brasil) – Denise Braz
O que é resistir? “É construir em nossos entornos cotidianos”. “É nos nutrirmos de nossa história e nos apropriarmos de nossos saberes ancestrais”. “É legitimar nossa presença em espaços institucionais e políticos”. “É reconstruir estereótipos acerca de nossos corpos”. “É trabalhar dia a dia na conformação de nossa identidade como mulheres afro”. “É a sua história.”
É assim, com muitas respostas para uma pergunta, que a Colectiva Afrovisual Luz Negra (Lia Castillo Espinosa, Sandra Milena Forero Rojas, Maryury Díaz, Lisset González Batista, Leticia Sánchez Garris, Denise Luciana de Fátima Braz, Bruna Stamato dos Santos, Natalia Pinilla Rodríguez) aparece pelas ruas de Buenos Aires, buscando legitimar e dar visibilidade à presença das mulheres negras em espaços comuns e cotidianos na Argentina. Com o curta Afrografías, elas pretendem reconhecer a identidade afro como construção política, algo que se constrói e reinventa dia a dia.
5. Bate Folha: identidade ancestral (Brasil) – Carla Maria Ferreira Nogueira
Realizado com o apoio da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o vídeo apresenta o Terreiro Bate Folha, uma casa de culto de religião de matriz africana (de origem Congo-Angola) localizada no bairro da Mata Escura, em Salvador. Fundado há 102 anos por Manoel Bernardino da Paixão, o terreiro situa-se numa zona urbana com 15 hectares de Mata Atlântica e foi tombado em 2003 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“Entendemos que nosso desenvolvimento depende do desenvolvimento do bairro, da nossa comunidade, e de todo o povo negro”, afirma Carla Nogueira, uma das “filhas” do Bate Folha. “Por isso, com compromisso cidadão, desenvolvemos atividades para a juventude negra, procurando relacionar noções de empreendedorismo e iniciativas pessoais à luta contra o racismo e a intolerância religiosa, como forma de preparar os jovens para os novos tempos, sem a perda dos referenciais identitários e de pertencimento.”
6. Nyotas (Brasil/Chile) – Paulina Victoria Fernandez Quintana (Pola Fernandez)
Pola Fernandez é uma artista visual chilena que vive no Brasil. Pedagoga e fotógrafa, é especialista em artes visuais, intermeios e educação, com especial interesse pelo tema da cultura africana e pela memória da mulher negra brasileira. Em sua experimentação visual, ela produz fotografias híbridas, impressas em diversos suportes, que ganham contornos e relevos em intervenções da técnica do bordado.
O projeto “Navio Atavos”, proposto por ela, reuniu um grupo de mulheres negras da cidade de Salto, no interior de São Paulo, na montagem de um grande painel com aplicação de bordados com trechos do poema “Navio Negreiro”, de Castro Alves. São os depoimentos dessas mulheres, todas com mais de 50 anos, que compõem o curta-metragem Nyotas. “É um nome de origem africana. Nyota significa guerreira, que é o que nós somos”, diz uma das entrevistadas. “Descobrimos isso juntas: que nós podemos.”
7. Tu cultura te pertenece, estés donde estés… (Chile/Colômbia) – Sor Angela Popo Mejia
Sor Angela Popo Mejía é uma colombiana que vive na cidade de Iquique, no Chile. O preconceito a acompanha desde o primeiro momento fora de seu país. “O senhor do ônibus que me trouxe disse que por ser negra e colombiana não me deixariam passar na fronteira”, conta. Passou, mas esta primeira impressão segue até os dias de hoje. “Desde que cheguei ao país, o que senti foi isso”.
Com roteiro de Mariela Muñoz Pérez, Tu cultura te pertenece, estés donde estés… mostra um dia na vida da migrante em Iquique, e seu relato sobre discriminação e salvaguarda de sua identidade. Sor Angela ingressou na universidade em março de 2017, mas diz que as pessoas são muito fechadas e que se sente discriminada em sala de aula. “É muito duro”, afirma a colombiana, que trabalha orientando outros migrantes na organização dos documentos, no conhecimento dos direitos trabalhistas, etc. “Esteja onde estiver, tenha presentes seus valores culturais, sua gastronomia, e reúna-se com seus companheiros para recordar”, ensina.
8. Argentina negra (Argentina) – Federico Fernando Pita
Em Argentina negra, nove entrevistados, mulheres e homens afrodescendentes, refletem sobre o racismo em seu país e o orgulho de ser negro. Dois dos depoimentos são de Dora Cuello e Elsa Cuello, gêmeas nascidas na Argentina, netas e bisnetas de argentinos, ainda que muitos não queiram acreditar.
“As pessoas sempre perguntam: de onde vocês são? Dizem que tenho sotaque estrangeiro. Mas se nasci aqui, que acento posso ter? Argentino!”, reclama uma delas. A irmã também não se conforma: “Vejo essa gente como ignorante. Porque sou negra tenho que vir de outro lado, não posso ser da Argentina? Sou igual aos demais. Ser negra, para mim, é um orgulho”.
O vídeo é uma produção da organização Diáspora Africana de la Argentina. A autoria é de Federico Fernando Pita, e a direção de Franco De Nunzio.
9.Sem folhas não tem orixás (Argentina/Brasil) – María Fernanda Sáenz
Gravado em Salvador (Bahia), o vídeo realizado por Natalia Favre e María Fernanda Sáenz trata do candomblé, o culto aos orixás, uma das religiões de matriz africana mais importantes do Brasil. Uma entrevista com Sandra Bispo, da Casa de Oxumaré, entremeada por imagens de cerimônias, aborda temas como ancestralidade, o processo de ser e existir (“Você não é, você está sendo. Você é resultado de todo um processo histórico, vivencial, de sua família, de seu povo”), os princípios e valores dessa caminhada.
Com um discurso de paz, amor, acolhimento e irmandade, Sem folhas não tem orixás passeia pelos fundamentos do candomblé e sua importância na construção da identidade brasileira e na desconstrução de preconceitos instaurados.
10. Na ponta dos pés (Argentina/Brasil) – Sebastián Gil Miranda
Tuany Nascimento é professora de balé no Morro do Adeus, Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Moradora do bairro, dá aulas para meninas de 4 a 18 anos num projeto social que ela mesma criou, chamado Na Ponta dos Pés. A iniciativa nasceu em 2012 e, de lá para cá, mudou a vida de mais de uma centena de meninas, a maioria afrodescendentes, ajudando a desenvolver habilidades, aptidões, oportunidades e reforço positivo em relação à sua origem e identidade.
“O balé é uma das artes mais belas e transformadoras, capazes de moldar alguém”, afirma a professora no vídeo dirigido por Sebastián Gil Miranda. “Fazer balé, para elas, é uma experiência de vida: elas sabem que vão encontrar desafios, que podem não conseguir algo hoje, mas se persistirem conseguem. O balé transforma a vida delas e faz com que sejam mais capazes de enfrentar os desafios que tenham pela frente.”
AS MENÇÕES HONROSAS
1.Tambores afro uruguaios (Brasil) – Rafael Ferreira
Os tambores trazidos pelos africanos escravizados durante a colonização espanhola sobreviveram e ganharam novas forças no Uruguai. O candombe, símbolo de um povo reprimido pelos colonizadores, se tornou uma necessidade de expressão e liberdade dos africanos e hoje tem presença especial no carnaval uruguaio, como mostra o vídeo de Naouel Laamiri e Rafael Ferreira, readaptação de uma produção da TV Caiçara e do Canal Futura.
“No início, candombe era música religiosa, ritmo, canto e dança para oferendar aos orixás ou aos ancestrais, ou a entidade que fosse. Depois, a história se encarregou de tapar com alegria toda aquela grande força religiosa que tinham nossos antepassados e convertê-la somente em um ritmo recreativo”, conta Chabela Ramírez, educadora, cantora e diretora do coro Afrogama. “Para nós, o candombe serviu para fortalecer e também para dizer nossas coisas.”
2. Cuerpos sin frontera. Migrantes afro en Santiago de Chile (Chile) – Isabel Araya Morales
Com roteiro e pesquisa de Isabel Araya, Pablo Mardones e Lissien Salazar, o curta narra a vida de um grupo de migrantes africanos e afrodescendentes estabelecidos em Santiago, no Chile. Todos ele são cultores e professores de dança e música de seus países de origem: Cuba, República da Guiné, Haiti, Peru e Venezuela. Radicados no Chile, país conhecido por não dar visibilidade às raízes afro, eles buscam fazer do corpo e de sua expressão canais para desconstruir estereótipos.
Em seus relatos, Brian Montalvo, Diarra Conde, Evens Clercema, Rosa Vargas e Yoxelin Rivas falam de como sentem o racismo e a xenofobia no Chile, e do que significa representar a arte e o patrimônio cultural afro no país em que hoje vivem. Cuerpos sin frontera é uma produção do Centro de Pesquisa Africarte, em parceria com Alpaca Producciones.
3. Antares de mujeres. Encuentro de danza afrocandombe (Uruguai) – Tania Ramírez
A segunda edição de Antares de Mujeres – Encuentro de Danza Afrocandombe foi realizada em 28 e 29 de outubro de 2017, na Escola de Candombe de Melo (Cerro Largo) e no Espaço Cultural Nación Zumbalele de Salinas (Canelones), no Uruguai. Participaram dos encontros mulheres que são referência no que diz respeito à cultura afro-uruguaia, e que aproveitaram este espaço de diálogo e intercâmbio para reforçar o reconhecimento da dança afro do candombe como patrimônio imaterial.
O vídeo realizado por Tania Ramírez, Juan Platero e Florencia Cesilia é um registro desses dois encontros de dança que giraram em torno da identidade de mulheres afrodescendentes e do candombe. O curta é uma realização do Mizangas Mujeres Afrodescendientes, coletivo de feministas que lutam contra o racismo, o machismo e a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero.
4. Margarita (Argentina) – Gaby Messina
Bem-me-quer ou mal-me-quer? Brincando com uma margarida, tirando pétala por pétala, a artista visual e realizadora audiovisual Gaby Messina segue neste curta com seu projeto de pesquisa estética sobre visibilidade afro na Argentina.
“Margarita é uma proposta discursiva para pensar a contemporaneidade argentina”, escreve Boubacar Traoré, professor e pesquisador, especialista em história da arte africana e afro-americana.
“Cada vez mais um setor da sociedade argentina está convencida de que os afro-argentinos que descendem diretamente de escravos africanos representam também o presente, ainda que para muitos foram desaparecendo gradualmente. (…) Se muitos acreditam que a presença de negros está vinculada a estrangeiros de origem africana que se radicaram na Argentina nos últimos tempos, Gaby Messina propõe um olhar para desconstruir e despotencializar o discurso sobre a desaparição deste coletivo.”
Para assistir: MARGARITA – Visibilidad Afro en Argentina from Gaby Messina on Vimeo.
5. Ser livre (Brasil) – Alessandra Martins Souza
Em 2017, foram lançadas no Rio de Janeiro duas antologias poéticas com diversas expressões femininas de 40 poetisas. As duas publicações (da editora Quártica Premium) estão vinculadas ao Movimento Mulheres Reais (MMR), um coletivo de mulheres que escrevem formado em 2016.
Alessandra Martins, que assina a direção e o roteiro de Ser livre, participa de uma dessas antologias, Mulheres Reais: Linguagens Plurais. “Mostro em meus versos a vulnerabilidade que se encontra a luta e resistência do corpo negro. Ser mulher negra viva em uma sociedade tão racista e machista é um ato revolucionário”, afirma.
Ser livre, o curta, é poesia declamada por vozes negras. “Sou preta”, gritam as mulheres ouvidas por Alessandra no vídeo. Segundo ela, trata-se de um grito de liberdade. “É o grito do corpo negro que vem há anos sendo morto e estigmatizado por um sistema racista, machista, opressor.”
6.Mestres Jongueiros (Brasil) – Luciano Santos Dayrell
Editado por Luciano Dayrell, o vídeo é uma realização da Rede de Jovens Lideranças Jongueiras do Sudeste, com o apoio do Pontão de Cultura do Jongo/Caxambu. Trata-se de uma homenagem aos mestres jongueiros, em especial aos que faleceram nos últimos tempos. O curta mostra que é preciso cuidar dessa memória, lembrar, reviver, e transformar a dor em força e alegria.
O Pontão de Cultura do Jongo é um programa desenvolvido pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em parceria com 15 comunidades jongueiras do Sudeste e a Rede de Jovens Lideranças Jongueiras. Esta, por sua vez, surge da necessidade do envolvimento intergeracional entre mestres, lideranças e jovens jongueiros, para que a tradição continue viva. Em 2005, o jongo do Sudeste foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio cultural brasileiro.
7. Ni sí, ni no, ni blanco, ni (Argentina) – Mónica Graciela Champredonde
O curta se propõe a dar visibilidade ao conteúdo afro na configuração da identidade e da cultura nacional dos argentinos, assim como de promover uma reflexão acerca da matriz racista que modela o pensamento do cidadão comum. O recurso é o de explicitar as evidências que, por uso ou omissão, se manifestam na linguagem cotidiana.
Por que se diz humor negro? Negro de alma, mercado negro, dia negro, ovelha negra, magia negra? Por outro lado, por que bandeira branca? Mentira branca, magia branca, pomba branca? Por que negro e não branco? Por que branco e não negro?
A realizadora Mónica Champredonde criou e organizou em 2010 o Festival Nacional de Cultura Afro-argentina na cidade de La Plata, província de Buenos Aires. A segunda edição foi realizada em 2017.
8. Alabados y Arrullos en la Pablo Neruda (Equador) – Rocío Rodríguez
Dona Insita Quintero desempenha um papel importante.em sua comunidade, em um bairro ao sul da cidade de Guayaquil (Equador). Durante 12 anos, foi coordenadora de plano internacional e atendeu 33 partos na comunidade como comadrona. Os cantos tradicionais da cultura afro, no entanto, aprendeu dos vizinhos e não em sua província natal, Esmeraldas.
Faz 29 anos que vive na cooperativa Pablo Neruda de Guasmo Sur, e “os Alabados y Arrullos” ali ouvidos têm mais de uma década em seus lábios, para consolo e orgulho de suas amigas/os e vizinhos/as. “Eu me sinto bem orgulhosa de viver aqui, e ainda compartilho isso com os jovens, que estão sempre ao meu lado”, afirma.
Como reforça Rocío Rodríguez, que assina a direção, o roteiro, a produção, a edição e a fotografia do curta, “as culturas não morrem enquanto todas as gerações as valorizem e se deem o trabalho de praticá-las e difundi-las dia a dia”.
9. Herederos del calypso (Costa Rica) – José Pablo Román Barzuna
No povoado limonense de Cahuita, em Costa Rica, existe um coletivo de calypsonians que se esforçam para criar o Instituto Nacional do Calipso, com o objetivo de manter vivo o canto de seus antepassados. A intenção é criar uma escola de calipso para meninos e meninas, um museu da história do calipso, um estudo de gravação e uma plataforma para a organização de concertos.
“O calipso é um ritmo que nasce justamente no mar do Caribe, no contexto da diáspora africana na América, partindo de algum porto de Trinidad e Tobago em companhia do mento jamaicano para encalhar, entre outros rincões da região, na província de Limón em Costa Rica”, explica o realizador do vídeo Herederos el calypso, José Pablo Román Barzuna.
“A música, como ato de expressão coletiva, encarna o núcleo essencial da cultura dos povos caribenhos. Para quem tem enfrentado as mais ásperas condições de vida, a arte se volta assim uma reivindicação da identidade, seja individual ou coletiva.”
10. Siembra de tambores (Argentina) – Mariela Elisa Carrera
A agrupação Fuerza Mayor, um coletivo de música integrado por 70 adultos da terceira idade, mantém viva a chama dos afrodescendentes em Córdoba (Argentina) por meio da fabricação de tambores que oferecem como presentes a escolas de baixos recursos com o objetivo de semear a música neles.
“Venho de afrodescendentes, levo eles no sangue. Por isso, cada vez que estou em um tambor, é um sentimento muito profundo. (…) O tambor é a projeção de nosso corpo, e o tambor é o corpo em si de alguém”, comenta uma das integrantes da agrupação. “Levar tambores a crianças, como agora, é fazer que acenda essa chama neles também, para que surjam novas sementes.”
O curta Siembra de tambores, realizado por Mariela Elisa Carrera, Mariano Salinas, Franco Colamarino e Iván Guerrero, é uma produção de “Artistas que cambian el mundo”, produtora audiovisual que visibiliza personagens, organizações e ações sociais.
Veja a lista dos selecionados:
Informação aos Interessados IV: Etapa de Seleção – Seleção Definitiva – Concurso de curtas audiovisuais “Comunidades Afrodescendentes: Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento”
Confira os 10 selecionados do Concurso de vídeos sobre comunidades afrodescendentes
O programa IberCultura Viva informa os 10 vídeos selecionados no Concurso de curtas-metragens “Comunidades Afrodescendentes: Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento”. Os que tiveram maior pontuação são de realizadores do Brasil (5), da Argentina (3) e do Chile (2). As pessoas ganhadoras receberão prêmios de US$ 500.
O prazo de apresentação de recursos terminará na próxima quinta-feira, 10 de maio, às 23h59 (horário de Brasília). Candidatos interessados em interpor recursos deverão enviar um texto com os motivos para a reconsideração da avaliação para o e-mail programa@iberculturaviva.org, indicando no assunto “Recurso” e a identificação da pessoa responsável. A relação definitiva de selecionados será divulgada após o prazo de análise dos recursos.
Objetivo
Lançado pelo programa IberCultura Viva e o Escritório de Representação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (UNESCO no Brasil), o concurso teve como objetivo selecionar vídeos que promovessem uma reflexão sobre as comunidades afrodescendentes e a busca do pleno exercício de seus direitos culturais e/ou valorizassem sua contribuição para a constituição, a promoção e o desenvolvimento da cultura ibero-americana.
As inscrições estiveram abertas de 20/11/2017 a 15/02/2018. O edital era destinado a pessoas maiores de 18 anos dos países membros do programa IberCultura Viva: Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, Equador, Guatemala, El Salvador, Espanha, México, Peru e Uruguai.
Os vídeos podiam pertencer a qualquer gênero audiovisual (documentário, ficção, animação, jornalístico, etc) e deveriam ter duração de um a três minutos. Eles precisavam ter classificação indicativa livre e ser voltados ao público em geral. Segundo o regulamento, vídeos realizados por afrodescendentes e/ou por mulheres teriam maior pontuação.
Habilitados
Dos 132 vídeos inscritos, foram habilitados 90. Desse total, 57 são do Brasil, 16 da Argentina, 6 do Chile, 3 da Costa Rica, 3 do Equador, 3 do Uruguai, 1 do Peru e 1 do México. (A comissão organizadora decidiu habilitar a participação de dois vídeos produzidos por pessoas migrantes, procedentes de países fora do âmbito do concurso, mas com residência em países que formam parte do programa e com conteúdos ali realizados.)
Este foi o segundo concurso de vídeos realizado pelo IberCultura Viva e o primeiro a contar com a colaboração do Escritório da UNESCO no Brasil. Em 2016, o programa lançou o Concurso de Videominuto “Mulheres: culturas e comunidades”, que premiou 10 vídeos de realizadoras de quatro países (Brasil, Argentina, Peru e México). Esse edital teve como objetivo dar visibilidade ao papel fundamental das mulheres na cultura e na organização comunitárias, enfrentando atitudes e estereótipos que contribuem para a desigualdade de gênero e a violência.
Veja a lista de vídeos selecionados:
Informação aos Interessados III: Etapa de Seleção – Concurso de curtas audiovisuais “Comunidades Afrodescendentes: Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento” – Resultado
Confira a lista definitiva de habilitados do Concurso de vídeos sobre comunidades afrodescendentes
A Unidade Técnica do programa IberCultura Viva informa a lista de pessoas candidatas habilitadas a seguir para a próxima etapa do Concurso de curtas-metragens “Comunidades Afrodescendentes: Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento”. O prazo de recursos para completar a documentação terminou às 23h59 de sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018.
Dos 132 vídeos inscritos, foram habilitados 90. Desse total, 57 são do Brasil, 16 da Argentina, 6 do Chile, 3 da Costa Rica, 3 do Equador, 3 do Uruguai, 1 do Peru, e 1 do México. A comissão organizadora decidiu habilitar a participação de dois vídeos produzidos por pessoas migrantes, procedentes de países fora do âmbito do concurso, mas com residência em países que formam parte do programa e com conteúdos ali realizados.
Lançado pelo programa IberCultura Viva e a Representação no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO no Brasil), o concurso teve inscrições abertas de 20 de novembro de 2017 a 15 de fevereiro de 2018.
O objetivo da convocatória é selecionar vídeos que promovam uma reflexão sobre as comunidades afrodescendentes e a busca do pleno exercício de seus direitos culturais e/ou valorizem sua contribuição para a constituição, a promoção e o desenvolvimento da cultura ibero-americana. Dez vídeos receberão prêmios de 500 dólares.
(**Texto atualizado em 26 de fevereiro de 2018)
Confira a lista de vídeos habilitados:
Informação aos Interessados II: Etapa de Habilitação – Concurso de curtas audiovisuais “Comunidades Afrodescendentes: Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento” – Relação definitiva
Inscrições abertas para concurso de vídeos sobre comunidades afrodescendentes
O programa IberCultura Viva e a Representação no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO no Brasil) lançam neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, o concurso de curtas-metragens “Comunidades Afrodescendentes: Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento”. As inscrições estarão abertas de 20/11/2017 a 15/02/2018.
O concurso tem como objetivo selecionar vídeos que promovam uma reflexão sobre as comunidades afrodescendentes e a busca do pleno exercício de seus direitos culturais e/ou valorizem sua contribuição para a constituição, a promoção e o desenvolvimento da cultura ibero-americana. O valor total destinado ao edital é de 5 mil dólares. Dez vídeos receberão prêmios de 500 dólares.
O edital está destinado a pessoas maiores de 18 anos dos países membros do programa IberCultura Viva: Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, Equador, Guatemala, El Salvador, Espanha, México, Peru e Uruguai.
Os vídeos podem pertencer a qualquer gênero audiovisual (documentário, ficção, animação, jornalístico etc) e devem ter duração de um a três minutos. Eles precisam ter classificação indicativa livre e ser voltados ao público em geral. Vídeos realizados por afrodescendentes e/ou por mulheres receberão maior pontuação.
Este é o segundo concurso de vídeos realizado pelo IberCultura Viva e, nesta edição, conta com a colaboração da UNESCO no Brasil, que no mês de novembro reforça as ações promovidas pela Década Internacional dos Afrodescendentes, declarada na ONU em 2015, sob o lema “Povos afrodescendentes: reconhecimento, justiça e desenvolvimento”.
Em 2016, o programa lançou o seu primeiro concurso de vídeos, o Concurso de Videominuto “Mulheres: culturas e comunidades”, que premiou 10 vídeos de realizadoras de quatro países (Brasil, Argentina, Peru e México). Este edital teve como objetivo dar visibilidade ao papel fundamental das mulheres na cultura e na organização comunitárias, enfrentando atitudes e estereótipos que contribuem para a desigualdade de gênero e a violência.
Baixe o regulamento do edital e o Formulário de inscrição
Consultas: programa@iberculturaviva.org