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Encontro Nacional de Organizações Culturais Comunitárias do Chile: um balanço positivo
Em 07, jun 2018 | Em Notícias |
Representantes de 99 Organizações Culturais Comunitárias (OCCs), voceros de mesas provinciais e regionais do setor, e artistas que trabalham nos territórios de todo o Chile, se reuniram durante três dias em Mantagua, na Região de Valparaíso, para refletir sobre as realidades de seus trabalhos e articular um sistema conjunto e colaborativo que permita estabelecer uma política pública para o setor das OCCs.
O Primeiro Encontro Nacional de Organizações Culturais Comunitárias, organizado pelo Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio, através do Departamento de Cidadania Cultural, marcou o encerramento de um ciclo, após quatro anos de vinculação com centenas de OCCs, com as quais estreitaram-se os laços a partir das equipes regionais do Programa Red Cultura.
O subsecretário das Culturas e das Artes, Juan Carlos Silva, agradeceu a presença de todas as pessoas representantes das OCCs “neste importante encontro que nos permite trocar experiências a partir das distintas realidades locais, e saber quais são as necessidades, os problemas e as vantagens que existem nas distintas localidades, regiões ou comunas, e também ver sinergias e oportunidades comuns”.
“É a partir das comunidades que nós, como nova institucionalidade cultural do país, poderemos fazer mais efetivos os planos e programas que desenvolvemos. Nossos planejamentos necessitam estar validados pelas comunidades, e não reduzir-se ao assistencialismo”, disse Silva, convocando as organizações culturais comunitárias a empoderar-se em seus territórios e exigir também dos governos municipais o apoio às ações de arte e cultura, assim como a implementação dos Programas Municipais de Cultura.
Balanço do encontro
Ao fazer o balanço deste primeiro encontro em nível nacional, a representante do programa IberCultura Viva, Begoña Ojeda, diretora de Programas Culturais e coordenadora da Área Cidadania Cultural da Direção Nacional de Cultura do Ministério de Educação e Cultura do Uruguai, ressaltou que “foi muito importante participar deste encontro enfocado no fortalecimento das OCCs, porque os valores do IberCultura Viva são, precisamente, promover o fortalecimento das redes, e aqui marcou-se um rito porque começou a articulação de uma rede nacional de organizações, com as tensões necessárias que têm que existir na conformação de redes”. “É muito importante a articulação do Ministério das Culturas com a sociedade civil organizada para poder gerar uma transformação para um melhor viver”, destacou Ojeda.
A maioria dos representantes de OCCs presentes neste primeiro encontro nacional concordou com a necessidade de criar uma rede que lhes permita identificar-se, conhecer-se, trabalhar colaborativamente e influir, unidos, no desenvolvimento da política cultural do país.
Durante os três dias do encontro, o trabalho de mesas levantou propostas em matéria de financiamento, legislação e política pública. As OCCs discutiram a necessidade de buscar diversos mecanismos de estímulo e apoio para o trabalho comunitário, analisando, entre outras vias, o financiamento direto e a distribuição equitativa de recursos nas comunidades, levando em conta as características locais; por exemplo, a situação das zonas e regiões extremas.
Pamela Rodríguez, do Consejo de Cultura de Puyuhuapi, na Região de Aysén, assegurou que “levamos um grande desafio, um grande peso. Nem tudo tem sido fácil, mas foi um primeiro passo para nos reconhecermos e avançar. É importante que possamos nos unir em rede”. Nicolás Vega, representante de várias organizações culturais em Lota, na Região do Biobío, expressou que “foi muito gratificante participar do espaço de diálogo, construção e retroalimentação da cultura comunitária. Voltamos com conhecimentos metodológicos e muitos desafios para profissionalizar nosso trabalho nos territórios”.
Carolina Carrera, representante da mesa de OCC em Talca, Região do Maule, comentou que chegou a este primeiro encontro “com a esperança de encontrar a energia dos gestores culturais que estão trabalhando nas comunidades”, e volta contente porque viu que há muita vontade de trabalhar unidos e criar redes. Por sua parte, Fernando Puente, da Compañía La Maquinaria, de Graneros, na Região de O’Higgins, disse estar “muito satisfeito e esperançoso”. “Vim com muita disposição e me vou com muitas expectativas do que resultará. Volto para minha comunidade para expor e por em prática o aprendido com tantas experiências”.
Os participantes do Primeiro Encontro Nacional de Organizações Culturais Comunitárias regressaram a seus territórios com vários desafios, entre eles o de repassar às comunidades os temas debatidos e a necessidade de seguir se organizando.