26 dezembro 2025

Quando a educação é pensada como um território vivo, o diálogo deixa de ser um trâmite e se transforma em projeto comum. Foi com esse espírito que, no dia 22 de dezembro, a Rede Educativa do Programa IberCultura Viva realizou sua última reunião virtual do ano, reafirmando sua vocação de articulação regional, fortalecendo acordos estratégicos e projetando as principais linhas de ação para 2026.

O encontro reuniu representantes de universidades, instituições educativas comunitárias, enlaces técnicos nacionais e a equipe da Unidade Técnica do Programa, provenientes do Brasil, Argentina, México, Equador e Paraguai. Mais do que uma instância formal, a reunião funcionou como um espaço de síntese política e pedagógica sobre o sentido da Rede, seu crescimento recente e os desafios que se colocam para o próximo ano.

Na abertura, o consultor em Redes e Formação, Diego Benhabib, destacou o ritmo de consolidação alcançado pela Rede, que em apenas oito meses passou a contar com 18 instituições integrantes. “A Rede está sendo construída a partir da diversidade de trajetórias, saberes e práticas. Cada instituição traz um percurso próprio, e é esse capital coletivo que permite pensar processos formativos mais situados, mais vivos e mais conectados com os territórios”, afirmou, sublinhando a importância do intercâmbio entre pares como um dos pilares do trabalho em rede.

Caminhos para 2026

Durante a reunião, foram compartilhados os principais acordos do Plano de Ação da Rede para 2026 e apresentado o Plano Operativo Anual aprovado pelo Conselho Intergovernamental do Programa. Entre os eixos centrais, reafirmou-se a formação como linha estratégica, com a projeção de um curso virtual curado pela própria Rede, reunindo conteúdos, metodologias e experiências desenvolvidas pelas instituições participantes. Soma-se a isso o apoio aos processos formativos impulsionados pelos países membros e a realização de oficinas de transferência de conhecimentos, valorizando o saber acumulado pelo Consórcio Universidade Cultura Viva do Brasil.

A secretária técnica do Programa, Flor Minici, colocou em perspectiva o processo coletivo que permitiu chegar a esse ponto e o horizonte que se abre a partir de agora. “Este espaço é resultado de um trabalho sustentado, muitas vezes invisível, no qual foram construídos estatutos, critérios de adesão e acordos comuns com forte compromisso. Todo esse caminho começa a se materializar em ações concretas que ganharão ainda mais força a partir de 2026”, afirmou, destacando a transversalidade da Rede no conjunto das linhas do POA do Programa.

Outro ponto relevante foi a reafirmação do modelo de funcionamento da Rede, organizado a partir de grupos de trabalho específicos, com objetivos e produtos definidos, e com participação optativa conforme os interesses e disponibilidades de cada instituição. Esse formato busca garantir flexibilidade, corresponsabilidade e uma participação realista, respeitando os diferentes contextos institucionais e territoriais.

A reunião também permitiu projetar a participação da Rede em espaços estratégicos, como a TEIA 2026 e o 7º Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária, além de fortalecer a articulação com a Rede de Cidades e Governos Locais do Programa. A aposta é clara: construir sinergias entre redes para incidir de forma mais consistente nas políticas públicas, nos processos de participação social e nas práticas formativas da região.


Nova coordenação
Nesse contexto de consolidação, um dos momentos centrais do encontro foi a eleição da nova coordenação da Rede para o próximo ano. De acordo com o estatuto aprovado, o modelo prevê instituições coordenadoras com mandato anual, responsáveis por dinamizar o trabalho interno e atuar como vínculo direto com o Programa e com atores externos. Por consenso do plenário, foram eleitos como coordenadores Diego Pigini, representante da Universidade Nacional de Córdoba, Argentina, e Joe Giménez, da BioEscola Popular “El Cántaro”, de Areguá, Paraguai.

Ao assumir a função, Diego Pigini sintetizou o espírito da coordenação como uma tarefa coletiva, orientada a impulsionar processos e sustentar o movimento da Rede: “uma responsabilidade compartilhada, que não se exerce de cima para baixo, mas a partir do compromisso cotidiano com as ações acordadas”.

Ao assumir a coordenação junto a Diego, Joe Giménez destacou o valor da Rede como espaço de aprendizagem entre instituições, de intercâmbio de processos e de construção coletiva. Nesse sentido, ressaltou que a coordenação deve ser entendida como uma tarefa de articulação e cuidado do trabalho comum, mais do que como um lugar de representação formal.

O encerramento do encontro foi marcado por um clima de reconhecimento mútuo e projeção compartilhada. Ficou acordada a realização de uma nova reunião no início de fevereiro de 2026, considerando a intensa agenda prevista para o próximo ano. Assim, a Rede Educativa reafirma seu lugar como um espaço estratégico no âmbito do IberCultura Viva, orientado a fortalecer uma educação enraizada nos territórios, no intercâmbio de saberes e na cooperação cultural ibero-americana.