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As oficinas do Urbano: formação, consumo e produção cultural para a integração socialAs oficinas do Urbano: formação, consumo e produção cultural para a integração socialAs oficinas do Urbano: formação, consumo e produção cultural para a integração socialAs oficinas do Urbano: formação, consumo e produção cultural para a integração social

Por IberCultura

Em03, fev 2017 | Em | PorIberCultura

As oficinas do Urbano: formação, consumo e produção cultural para a integração social

“Você gosta das oficinas, Nahir?” “Sim, muito”. “De qual você gosta mais?” A resposta vem com um sorriso largo: “Todas!”

São 11 as oficinas que Urbano oferece gratuitamente na casa da rua Paraguay 1190, no centro de Montevidéu. De segunda a sexta, à tarde, em horários variados, há aulas de teatro, dança, expressão corporal, cinema, cine-fórum, coro, composição musical, oficina literária, de teatro de bonecos, artes plásticas e teatro do oprimido.

 

As oficinas deste programa da área Cidadania e Território, da Direção Nacional de Cultura, estão voltados para pessoas em situação de rua ou abrigos  – como é o caso de Nahir (foto), que adora os livros e os exercícios de escrita – mas são dirigidas a toda comunidade. “É uma proposta inclusiva, sempre aberta a todo mundo. São oficinas excelentes, para que qualquer um possa vir”, ressalta o coordenador do Urbano, Walter Ferreira.

Nahir (em primeiro plano) na festa de encerramento de atividades

A seguir, um resumo de cada uma das oficinas oferecidas no espaço.

 

Teatro

As tardes de segunda-feira são dedicadas à oficina de teatro, que oferece um espaço de aproximação às possibilidades das artes cênicas. A oficineira Lorena Cánepa busca desenvolver ferramentas do trabalho autoral a partir de uma metodologia de teatro-laboratório, utilizando diferentes recursos, como máscaras, luz negra, coros gregos e clown. A intenção é indagar sobre diversos planos, o contato com si mesmo, a importância do outro para se sustentar em cena, a criação coletiva e a escuta, como posicionamento de não negar ao outro, e sim construir com o outro.

Dança

Às terças-feiras, o tango ocupa o centro cultural, como eixo da oficina de dança de Gabriela Farías. Como se trata de uma dança de encontro – em que se constrói com e a partir do outro –, o tango permite trabalhar o corpo, o movimento e as relações, construindo habilidades e sensibilidades particulares. Para a oficineira, esta dança complexa, além de uma grande riqueza técnica, contém um forte componente social que permite a integração, a possibilidade de estar juntos, encontrar e abraçar, ativando a apropriação da dança através do desfrute e do afeto.

Criadores

Outra oficina das terças-feiras é a de expressão corporal, oferecida por Mariela Prieto. Com o nome de Criadores, busca treinar a consciência e o contato corporal individual, focalizando os pontos de contato e suas possibilidades de movimento, estimulando e promovendo a escuta grupal. A ideia é aprofundar a linguagem corporal com aportes de outras linguagens artísticas, como a expressão plástica, a escrita, a música e a técnica de dança contato improvisação, na qual o movimento é explorado e desenvolvido por improvisações a partir de determinados pontos de contato físico. Ainda que se tome em conta o produto artístico, o enfoque da proposta está no sujeito da criação e no que ocorre no processo criativo. A coletividade é um aspecto central para a oficina.

Coro

Às quartas-feiras, Roberto Pereira faz do coro uma proposta cultural socioeducativa com vistas a desenvolver valores de convivência, cooperação, sentido de pertencimento, autoestima, contenção, respeito e valorização das diversidades. Este processo é acompanhado pelo aprendizado de técnicas de canto, como colocação da voz, respiração, afinação, postura corporal, dicção e sentido de ritmo. Além disso,  trabalho o manejo do palco, a postura diante do público e a análise e interpretação de textos cantados.

Cinema e cine-fórum

Jorge Fierro, o oficineiro de cinema (às quartas-feiras) e cine-fórum (às quintas-feiras), também busca um passeio eclético em suas aulas, fazendo circular a palavra e trabalhando a criatividade narrativa, com ênfase em como o corpo, as ações ou os olhadores dão conta de sentimentos, sensações ou desejos dos personagens. Além de atuar nas histórias e manejar a câmera, os participantes veem o que foi filmado e fazem uma análise crítica. Eventualmente, troca-se a ficção pelo documentário. Às quintas, o cine-fórum busca explorar o acesso e a reflexão em torno de filmes variados (os participantes podem escolher o que querem ver), tendo em conta que a expressão não se dá unicamente em forma de palavras, e sim também em aplausos, risos, lágrimas, irritação, aprovação e desgosto.

Improvisação e composição sonora

Às quintas-feiras, Valentín Abitante aborda o trabalho musical-sonoro a partir de uma perspectiva não tradicional, sem as noções clássicas de “notas musicais”, “tonalidade”, “compasso”, “afinação” etc. O enfoque está nas características gerais de qualquer som, como altura, intensidade, duração e timbre, o que permite que qualquer pessoa participe, independentemente de ter ou não conhecimentos musicais ou de manejar instrumentos. Na oficina, Abitante apresenta aos alunos alguns compositores do século 20, e paralelamente tenta atender àqueles que contam com algum conhecimento de música tradicional ou tocam algum instrumento clássico e desejam encaminhar suas buscas pelo caminho da composição.

Oficina literária

A oficina literária, outra das atividades oferecidas às quinta-feiras na casa, funciona desde o início do Urbano e atualmente tem Azul Cordo como facilitador. Com uma base estável de integrantes entre vizinhos e usuários de abrigos, se trata de um espaço aberto onde as pessoas se encontram para ler, escrever e compartilhar conhecimentos. Deste processo surgiram várias publicações de autor, de poetas que descobriram suas possibilidades estéticas e expressivas na oficina, e intercâmbios com outros espaços literários e artísticos. Com base na experiência do curso, vem sendo criados bibliotecas e espaços literários em abrigos noturnos, além de espetáculos que unem poesia, música e audiovisual.

Criarte

As sextas-feiras são dias de “Criarte”, oficinas de expressão plástica que busca a aproximação do simbólico, o acesso à representação-abstração, ao descobrimento de novas maneiras de escutar em um grupo, de sentir o corpo e criar novas linguagens com ele. O formato da oficina de Claudia Baico se desenvolve a partir de diversos materiais, tendo como base principalmente o barro (argila) e a pintura. Somam-se outros materiais de desenho e colagem, dependendo das necessidades do grupo. O valor do trabalho está posto no processo e não somente no objeto final; o objeto é testemunha do processo que é sustentado e multiplicado através do trabalho grupal.

Teatro de bonecos

A oficina de marionetes, também ministrada às sextas-feiras, tem como objetivo impulsionar a integração, a inclusão e o encontro entre os participantes, a partir da expressão e produção artística e cultural, considerando-o um âmbito que possibilita o diálogo e a construção das diversas dimensões do social. A cargo de Mariana Fernández, a metodologia de trabalho aponta fundamentalmente para uma construção coletiva, tendo o protagonismo como motor principal de seu processo expressivo e autônomo. Por meio desta linguagem milenar, baseado em “habitar”, “dar vida” ao inanimado, se trabalha a transferência sujeito-objeto, colocando o sujeito à disposição dos objetos, centrando a atenção neles e criando a partir dali uma série de ideias e situações.

Teatro do Oprimido

O Teatro do Oprimido, metodologia lúdica e pedagógica sistematizada pelo dramaturgo brasileiro Augusto Boal (1931-2009), é visto como um instrumento eficaz de comunicação e de busca de alternativas concretas para problemas reais. No Urbano, a oficina surgiu como uma resposta à necessidade de discutir sobre gênero no entorno dos abrigos femininos. Assim se formou o grupo “Las Refugiadas”, com o qual a professora Norina Torres se propõe investigar os diferentes exercícios, jogos e técnicas teatrais que esta metodologia reúne e criar um espetáculo de teatro-fórum sobre a temática que as integrantes encontrem dentro do processo criativo.

Fotos: @UrbanoEspacioCultural

Fonte: Dirección Nacional de Cultura (DNC/MEC)

(*Texto publicado em 3 de fevereiro de 2017)

 

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