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Associação Chacras para Todos: o teatro como ferramenta de transformação social e empoderamento da comunidadeAssociação Chacras para Todos: o teatro como ferramenta de transformação social e empoderamento da comunidadeAssociação Chacras para Todos: o teatro como ferramenta de transformação social e empoderamento da comunidadeAssociação Chacras para Todos: o teatro como ferramenta de transformação social e empoderamento da comunidadeAssociação Chacras para Todos: o teatro como ferramenta de transformação social e empoderamento da comunidadeAssociação Chacras para Todos: o teatro como ferramenta de transformação social e empoderamento da comunidade

Por IberCultura

Em06, dez 2015 | Em | PorIberCultura

Associação Chacras para Todos: o teatro como ferramenta de transformação social e empoderamento da comunidade

Não existe um papel principal nas obras de teatro comunitário criadas na Associação Chacras para Todos, que atua desde 2008 na província de Mendoza, na Argentina. Qualquer um pode tomar o lugar do outro no palco. E os tipos ali são os mais diversos, em gostos, vontades, idades e condições sociais. “É disso que se trata o coletivo, da celebração, da  memória, da pluralidade de gente e de pensamentos”, afirma a presidenta da organização, Silvia Bove.

Desde que o grupo se formou no território de Chacras de Coria (Luján de Cuyo) foram criadas várias obras, a maioria com a participação de aproximadamente 40 vizinhos em cena. A primeira foi El corazón en la botella (“O coração na garrafa”, 2008). Depois vieram Aroma de mil colores (“Aroma de mil cores”, 2009), ¿Chacras sobre ruedas? (“Chacras sobre rodas?”, 2011), De muros a Puentes (“De muros a pontes”, 2013), De esto no se habla (“Disso não se fala”, 2014), Una higuera para contar (“Uma figueira para contar”, 2014)… Como muitas das obras contam coisas que passam pela comunidade, é importante que sejam muitos os atores-vizinhos e de todas as idades. Às vezes há famílias completas em cena.

chacras-10Silvia Bove conta que a criação dos espetáculos é feita de maneira coletiva, com contribuições dos vizinhos, e depois se realiza a dramaturgia pela equipe de coordenadores. “As obras nunca ficam fechadas, vão sempre mudando.” A maioria tem forte conteúdo social e fala do que passa na comunidade. Na verdade, não há muito texto falado nas obras. Utiliza-se como recurso expressivo a voz coletiva e o cardume (agrupamento de pessoas) por meio do canto.

chacras13“Todos se comprometem, já que são parte da criação”, assegura a presidenta da associação. “Com a obra saímos às praças, que é o lugar de pertencimento e que dá vida à comunidade, uma reivindicação pós-ditadura, já que o processo militar, de 1976 a 1982, proibiu que a comunidade se reunisse, e suprimiu o carnaval.” (Há quatro anos eles trabalham em rede para fortalecer o carnaval na comunidade).

O teatro Chacras para Todos faz parte de várias redes, entre elas a Rede Nacional de Teatro Comunitário, a Rede Mendocina de Teatro Comunitário, os Pontos de Cultura da Argentina e o movimento de Cultura Viva Comunitária. O grupo se define como independente, com uma política comunitária, não partidária, já que a arte é uma ferramenta de transformação social e empoderamento da comunidade. “Se colocarmos uma cor partidária, perderemos uma parte dos vizinhos”, explica Silvia.

Os vizinhos em geral vão e vêm, os atores vão se revezando no palco. Atualmente, são cerca de 120 vizinhos que vão aos diversos cursos da associação. Participam do elenco uns 35, algumas vezes mais outras menos. E eles adoram o palco, ainda que sejam pessoas com profissões que nada têm a ver com o teatro. “A verdade é que se transformaram em grandes profissionais e gestores culturais. Quando o vizinho se empodera do teatro, a força viva comunitária flui”, destaca Silvia, que divide a equipe de coordenação com Pía Santarelli e Maria Lacau. O projeto conta com 17 professores.

Círculo de Cultura

chacras6 (2)Em 2012, a Associação Chacras para Todos foi reconhecida pelo Ministério da Cultura da Argentina como Círculo de Cultura. Um dos objetivos era a formação de três cooperativas culturais no território, com vistas à independência e a autogestão. Conseguiram. Sendo Círculo de Cultura, a organização pôde contribuir com a formação de três cooperativas com financiamento do programa, e de mais quatro sem financiamento. São cooperativas de diversos ramos: murgas ao estilo uruguaio, circo aéreo, um centro cultural, uma banda de “música flamenca impura”, como eles chamam, e um centro de pesquisa da cultura africana.

“Além de trabalhar em nosso espaço cultural e arredores, contamos com uma equipe de trabalho linda, a maioria jovens estudantes de distintas carreiras artísticas e de comunicação da Universidade Nacional de Cuyo. Isso (ser Círculo de Cultura) ajudou a eles e a nós, e nos permitiu firmar mais no território. Demanda bastante trabalho, mas é muito lindo o que devolve (das pessoas)”, acrescenta Silvia.

chacras11“O programa continua e esperamos nesta etapa poder nos fortalecer mais por meio da geração de redes que temos formado, irmanando com eles ainda mais”, comenta a presidenta, ressaltando também que o fato de ser Círculo de Cultura lhes deu autoestima e um vínculo com o Estado e com a Rede de Pontos de Cultura, além de ajudar a sistematizar as informações e ver tudo o que eles têm feito ao longo destes anos.

Segundo Silvia, nestes oito anos de trabalho em praças, espaços comunitários e teatros, muita coisa mudou na vida dos integrantes e na cultura local da zona onde vivem. “Somos as maiores referências em teatro comunitário na provincia de Mendoza, já que temos podido nos sustentar nesse tempo, crescer, nos reinventar, nos adaptar às mudanças, trabalhar em rede”, festeja.

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Primeiros passos

chacras-radioDesde o começo das atividades em Chacras de Coria, em 2008, o projeto artístico comunitário Chacras para Todos foi declarado de interesse do estado pela Câmara de Senadores da Provincia de Mendoza. Em 2010, a organização de vizinhos ganhou sede no antigo cinema Splendid (hoje Teatro Leonardo Favio), e desde 2012 atua também em bairros afastados de Chacras de Coria, como parte dos Projetos de Inclusão Social e Igualdade de Oportunidades Gustavo Andrés Kent y Mauricio López.

A associação, além de contribuir com o projeto de lei de Cultura Viva Comunitária e a  Lei Federal de Cultura, se encarrega de organizar encontros de coordenadores de teatro comunitário da Argentina, favorecendo a construção da Rede Nacional de Teatro Comunitário, que conta com 52 teatros distribuídos em todo o país.

Difundir a Cultura Viva Comunitária “pela região, pela província, o país e o mundo”, realizando e participando de atividades, congressos e encontros de CVC, é um dos  principais objetivos da instituição. Assim como “construir e formar redes de trabalho com o espírito da Cultura Viva Comunitária” e “incluir a maior quantidade de vizinhos, empoderando-os em sua força viva”. “Temos a convicção de que a transformação se dá desde a base, de baixo para cima, e desde o fazer cotidiano e da entrega comunitária”, afirma Silvia. A voz coletiva, ela acredita, “é a força que derruba fronteiras e constrói pontes”.

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(*Texto publicado em 6 de dezembro de 2015)

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Saiba mais:

www.facebook.com/chacras.paratodos