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Masaya: um mundo mais solidário através do teatro e da aprendizagem cooperativaMasaya: um mundo mais solidário através do teatro e da aprendizagem cooperativa

Por IberCultura

Em15, jul 2021 | Em | PorIberCultura

Masaya: um mundo mais solidário através do teatro e da aprendizagem cooperativa

(Fotos: Asociación Masaya)

 

Em Costa Rica existe uma associação sem fins lucrativos integrada por pessoas que estão convencidas de que um mundo mais solidário é possível através da aprendizagem cooperativa e da arte como ferramentas de transformação. Criada em 2007 em Caracas, Venezuela, a Asociación Masaya (Teatro Más Convivencia) está presente desde 2012 em Costa Rica, onde tem capacitado diferentes pessoas (líderes de comunidades e do âmbito educativo) para que possam melhorar as relações, multiplicando espaços de convivência em seus ambientes de trabalho. Essas pessoas são chamadas de “multiplicadoras de solidariedade”.

Na Metodologia Masayera, para alcançar uma convivência saudável em comunidade é necessário que cada pessoa esteja atenta ao autocuidado (ou “auto-cuido”, como dizem em Masaya) e ao que eles chamam de “coleti-cuido”. Ou seja, o autocuidado, aqui entendido como o cultivo e cuidado do “eu” de uma maneira integral, é um conceito trasladado ao coletivo, ao comunitário. “Coleti-cuido”, portanto, é a intenção de uma comunidade de cuidar-se entre si, valorizando e motivando o autocuidado de maneira colectiva.

 

 

 

Uma pessoa masayera, segundo o glossário da organização, é aquela que assume o aprendizado cooperativo como estilo de vida. Com seus erros e acertos, busca possibilitar relações solidárias e desfrutar os diferentes desafios que se dão ao viver e conviver em comunidade. Atenta ao autocuidado, busca manter um equilíbrio entre a energia que sai de si e a que consegue recarregar. E sabe da importância de seguir constantemente em formação.

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Capacitações

Transitando do “auto-cuido” ao “coleti-cuido”, a Asociación Masaya oferece serviços de formação como o Programa Redes de Apoio Mútuo, dirigido a habitantes de comunidades que querem melhorar a forma de autogestionar seus processos de vinculação comunitária. Este programa, organizado em cinco módulos de 5 a 12 horas cada, abarca cinco áreas: integração comunitária, ferramentas de facilitação, gestão de eventos comunitários, plano de gestão para a captação de fundos e tecnologias de informação para o fortalecimento comunitário. 

Outro programa masayero, a Metodologia SEn (Sentir Educando-nos), está centrado em motivar e acompanhar o pessoal do âmbito educativo em seu processo de melhorar a forma com que incentivam e humanizam sua comunidade educativa. Neste programa são abordados temas como “auto-cuido”, “coleti-cuido”, o manejo de personagens dramáticos (participantes com atitudes daninhas para a convivência) e a gestão de trabalho em subgrupos, entre outros.  

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Primeiras oficinas

Quando decidiram criar a organização em Caracas, em 2007, Vyana Preti e Ricardo Salas Correa trabalhavam na produção de musicais. Entre uma sessão e outra, conversando sobre como poderiam a outros lugares o “caos positivo” que vivenciavam com o elenco atrás do palco, decidiram unir a experiência que Vyana tinha desde criança nas artes cênicas, e Ricardo, no trabalho comunitário. E assim passaram a realizar cursos com enfoque em ferramentas de facilitação e coesão grupal.

Outras pessoas foram se incorporando à proposta masayera e rapidamente se deram conta de seu potencial para trabalhar em comunidades sob o estigma da violência. Tendo o teatro como uma ferramenta fundamental de expressão, que potencializa os espaços de convivência, foram brincando e criando ferramentas pedagógicas, técnicas grupais, documentando e compartilhando os aprendizados. 

Quando se referem a técnicas grupais, as e os masayeros o usam como um genérico que abarca exercícios teatrais, dinâmicas de grupo e jogos cooperativos. No site da organização há uma série de técnicas grupais para reproduzir, assim como “5 sugestões” para temas variados. Entre elas, como documentar processos grupais,  como gravar vídeos com celular,  como realizar atividades comunitárias ao ar livre,  como fazer convocatórias em comunidades, como trabalhar em rede entre organizações ou como usar música como recurso pedagógico, por exemplo.

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Pontos de Cultura

A Asociación Masaya foi selecionada três vezes nas convocatórias de Pontos de Cultura lançadas pelo Ministério de Cultura e Juventude de Costa Rica. Em 2016, o projeto desenvolvido foi “Punto Teatro”, que tinha como objetivo criar uma rede de apoio solidário entre organizações provenientes de comunidades estigmatizadas como violentas. Em 2019, o projeto “Removernos” deu continuidade a um projeto realizado na Escola Inglaterra, por parte do Colectivo R3M, onde trabalhavam com crianças a abordagem de habilidades socioemocionais através de aulas de dança. (A associação trabalhava em paralelo com os professores, com a Metodologia SEn).

Em 2021, o projeto ganhador da convocatória de Pontos de Cultura foi  “Conexiones empáticas”, uma série de oficinas prévias ao 3º Festival Internacional Comunitário (FIC): Cultura Periférica, que este ano será realizado de modo virtual, de 6 a 19 de setembro. O 3º FIC é uma produção conjunta de Masaya e dois coletivos brasileiros: o Grupo Levante de Teatro del Oprimido e o grupo de teatro de mulheres negras Morro Encena. A primeira edição do festival foi na comunidade La Carpio, na Costa Rica. A segunda, em 2019, se realizou em Belo Horizonte, Brasil. 

Cori Salas Correa, irmã de Ricardo que vive no Brasil e também faz parte da direção da Asociación Masaya, foi quem fez a conexão com as organizações brasileiras. “Sua disposição a nos conectar com outras iniciativas socioculturais foi fundamental neste processo”, comenta Ricardo em entrevista por e-mail ao programa IberCultura Viva.

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Quem são

Ricardo Salas Correa desde a infância tem estado ligado ao trabalho comunitário e participado de diferentes organizações sociais. Venezuelano que reside em San José (Costa Rica) desde 2012, e que nos últimos anos tem se especializado em formação de formadores, é pedagogo graduado na Universidade Católica Andrés Bello (Caracas, Venezuela), com pós-graduação em Gestão de Empreendimentos e Cidades Criativas (Universidade Nacional de Córdoba, Argentina).

Layly Castillo Lucena, que divide com ele a entrevista, também é uma venezuelana que reside em San José, cofundadora da Asociación Masaya. Educadora com mais de 15 anos de experiência, professora pela Universidade Pedagógica Experimental Libertador (Vargas, Venezuela), tem se dedicado a compartilhar e aprender conhecimentos em diversos cenários educativos, assumindo papéis como coordenadora pedagógica e diretora, além do trabalho em sala de aula com crianças em vários centros de educação inicial.

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Entrevista// Ricardo Salas e Layly Castillo

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Masaya surge em 2007, em um contexto de violência na Venezuela. Como se deu esta relação entre o que acontecia nos musicais em que vocês (Ricardo e Vyana) trabalhavam e o trabalho comunitário?

Ricardo Salas

Ricardo: Me criei num contexto de um movimento cooperativo de base, na cidade de Barquisimeto, Venezuela, chamado Red Cecosesola, o que fez com que trouxesse o comunitário comigo desde antes de nascer. Por isso, quando me formei como pedagogo queria colocar os aprendizados que fosse adquirindo ao serviço de ações com impacto social. Por outro lado, Vyana (Preti) desde criança havia estado ligada ao mundo do teatro, tanto como atriz como produtora. Somado a isso está o fato de que na Venezuela de 2007 as violências urbanas se faziam sentir com muita força em diferentes ámbitos. E em comunidades sob o estigma da violência, promover uma melhor convivência tinha mais relevância. 

Por isso, estando atrás do palco dos musicais, sessão após sessão, Vy e eu fomos conversando sobre como poderíamos fundir o comunitário e as ferramentas teatrais a favor de somar no grande problema das violências na Venezuela.

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Desde o princípio a ideia era capacitar pessoas líderes de comunidades e educadoras? Para que pudessem ser multiplicadoras da metodologia?

Ricardo: Desde 2007 até 2016, fazíamos capacitações tanto para pessoas líderes comunitárias e pessoas educadoras como comunidade em geral (crianças, jovens, pessoas adultas…). Foi a partir de 2017 que identificamos, depois de toda a experiência vivida, que se quiséssemos um maior alcance de nosso impacto social era fundamental centrarmos somente em pessoas que pudessem multiplicar espaços de formação através de nossa Metodologia Masayera. 

Por exemplo, no que diz respeito a processos formativos em comunidades sob o estigma da violência, em vez de dar uma oficina para a comunidade em geral, que fique linda e de excelente qualidade, mas que ao irmos embora não haja muitas possibilidades de que isso gere uma mudança sustentável, agora nos centramos só nas pessoas que lideram os processos grupais dessas comunidades, para assim poder gerar uma maior escalabilidade, já que quando formos, deixamos pessoas das próprias comunidades com ferramentas para que multipliquem o aprendido. 

Como administrar reuniões de vizinhos eficientes? Como gravar vídeos com celular para sistematizar e difundir processos comunitários? Como produzir eventos comunitários? … são parte das interrogações que em coletivo resolvemos em nossas capacitações para pessoas líderes comunitárias.

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Com a mudança da Venezuela para a Costa Rica, houve alguma mudança em relação ao público com que a associação trabalha? Vocês continuam trabalhando na Venezuela ou em colaboração com coletivos venezuelanos?

Layly Castillo

Layly: Mudaram muitas coisas. Na Venezuela, éramos uma cooperativa e o era muito variado o público com que compartilhamos, desde crianças até pessoas adultas educadoras, facilitadoras e líderes de comunidades; muito saboroso ter a possibilidade de explorar o que nos encanta fazer e assim ir descobrindo com o tempo em que nos centraremos. 

Já na Costa Rica registramos Masaya como uma empresa, naquele momento era o mais simples, já que nos permitia seguir em um novo país fazendo o que nos apaixona, requerendo somente duas pessoas para registrá-la. Seguidamente, quando ja éramos uma equipe um pouco maior, nos registramos como uma associação sem fins lucrativos, e continuamos trabalhando com todo público, ou seja, com toda a comunidade ou grupo de pessoas que requeira apoio para obter ferramentas para melhorar sua convivência. Passado o tempo, e depois de muitos acertos e desacertos, fomos centrando nosso trabalho nas pessoas educadoras e líderes comunitárias, a quem gostamos de chamar pessoas multiplicadoras de solidariedade.

Atualmente trabalhamos e colaboramos com pessoas na Venezuela e com venezuelanos que ganham a vida em outros países também. Um exemplo é Cecosesola, com quem compartilhamos muitas experiências presencialmente, e agora também virtualmente.

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Vocês trabalham com oficinas contratadas e também com processos de treinamento gratuitos a pessoas líderes e educadoras. A contratação ajuda a financiar os processos gratuitos?

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Ricardo: É assim, nosso modelo de negócio (diferentemente de muitas ONGs) depende em 99% da venda de serviço (não de doações) a instituições – e pessoas – que contam com o dinheiro para pagar por nossos serviços de formação. Como somos uma organização sem fins lucrativos, o dinheiro adquirido como “ganância” é 100% reinvestido no impacto social do nosso trabalho. Com a venda dos serviços, financiamos as ações que, com baixo custo – ou sem custo algum –, geramos para pessoas líderes e pessoas educadoras. Algumas destas ações são: Banco de Recursos pedagógicos situados em nossa web, produção e difusão de vídeos educativos, realização das sessões de Masaya Puertas Abiertas, doações de vagas para nosso curso assíncrono, chamado Como facilitar aulas virtuais cativantes?, entre outras ações de impacto social.

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Já podem ver os resultados desses anos de trabalho nas comunidades?
 

Ricardo: Em termos de relações humanas, nos contatos que mantemos com estas pessoas, o que vão replicando e a forma como manifestam que lembram positivamente o aprendizado, podemos dizer com toda a certeza que sim. Só devemos reconhecer que precisamos aprofundar a forma com que, desde Masaya, medimos o impacto de nosso trabalho. Nos emociona saber que com nossa experiência de mais de 13 anos, temos impactado mais de 6.000 pessoas, coproduzindo histórias com mais de 70 organizações do setor público e privado, que ganham a vida em diferentes países da América Latina, através de modalidade presencial, virtual e mista.

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Vocês foram selecionados na convocatória de Pontos de Cultura do Ministério de Cultura e Juventude 2021. Já haviam sido selecionados antes com outros projetos, não? Estabeleceram uma boa relação de trabalho colaborativo com o Estado?

 

Layly: Sim, temos a alegria de dizer que somos a primeira associação em Costa Rica a ganhar 3 vezes a convocatória de Pontos de Cultura. A primeira foi em 2015; a segunda em 2019, e agora em 2021, com o projeto “Conexiones Empáticas“. Temos uma relação muito transparente e de confiança com pessoas que fazem parte deste fundo concursável, e isso tem sido possível graças ao bom manejo que temos dado ao apoio de Pontos de Cultura. Aprendemos a ser mais eficientes na aplicação de orçamentos, na sistematização do processo e temos sempre mostrado com evidência o bom uso dos fundos. Nos sentimos agradecidas, já que, sem dúvida, tem sido uma escola.

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Masaya é uma das organizadoras do Festival Internacional Comunitário, em colaboração com dois grupos de Belo Horizonte (Brasil). De que maneira os intercâmbios com grupos de Brasil e Argentina têm contribuído para o trabalho da associação?

 

Ricardo: Na Metodologia Masayera assumimos o aprendizado cooperativo como um estilo de vida, e o fazemos porque estamos convencidas de que trabalhando/aprendendo com outras pessoas a vida se faz mais saborosa, e coproduzir o Festival Internacional Comunitário (FIC) não tem sido diferente. Nas duas primeiras edições, assim como nesta que faremos daqui a poucos meses, poder trabalhar em equipe junto a pessoas de diversas nacionalidades e realidades é uma maravilha. 

É importante ressaltar que em cada edição tem variado as organizações que coproduzem o festival, mas sempre se mantêm o Grupo Levante e nós da Asociación Masaya. Na terceira edição, somamos como organização coprodutora a Morro Encena, e estamos superfelizes de contar com esta grande equipe, mais todas as pessoas que apoiam nosso trabalho de uma maneira ou outra.

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Uma curiosidade: li que desde a infância você tem estado ligado ao trabalho comunitário… De que maneira? Seus pais tinham algum trabalho com/para a comunidade?

 

Ricardo: Meu pai e minha mãe há mais de 40 anos fazem parte da Rede Cecosesola, formada atualmente por mais de 50 organizações comunitárias sem fins lucrativos, em diversas atividades, como abastecimento, funerário, autofinanciamento, saúde, entre outros. Aqui vocês podem conhecer detalhes dessa importantíssima organização, 100% autogerida que gera incidência em mais de 5 estados da Venezuela. 

A Rede Cecosesola tem feito parte de todas as edições do FIC, facilitando uma sessão de oficina/conversatório como organização convidada, tanto em Costa Rica como no Brasil. Por isso não é casualidade que em “Conexões Empáticas”, que estamos administrando atualmente, nas diferentes oficinas que estamos realizando, haja participação de algumas pessoas integrantes desta rede cooperativa.

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De que maneira a pandemia tem afetado o trabalho de vocês? Seguem fazendo capacitações de maneira presencial? A pandemia de Covid-19 tem ressignificado o uso do espaço público nas comunidades onde atuam na Costa Rica?

 

Layly: A pandemia mudou a nossa vida, como a de muitos. Em Masaya buscamos seguir adiante, adaptando-nos ao novo contexto. Vendo que os processos agora estavam sendo virtuais, pensamos em como poder apoiar pessoas que lideram processos grupais, para que suas práticas não perdessem a essência, o dinamismo, e sobretudo o humano. Como o virtual se tornou nossa nova forma de conectar com as pessoas, o presencial por agora é complexo, já que nos cuidar é vital para que Masaya siga sendo operativa. Nossas capacitações têm permitido nos reunirmos com pessoas de vários lugares do mundo para conversar, reflexionar e compartilhar sentires e saberes com aquelas pessoas que, como nós, haviam voltado suas práticas para o virtual.

Atualmente, Costa Rica enfrenta o maior pico de contágios e isso tem feito com que as medidas sejam mais apertadas e que os espaços públicos ainda sigam fechados como prevenção. Esperamos logo retomar com consciência e responsabilidade o uso desses lugares que nos convidavam a viver a partir do encontro. Nos orgulha saber que quando se possa retomar a presencialidade nossa Metodologia Masayera seja mais “todo terreno”, já que poderemos complementar processos presenciais com sessões virtuais síncronas, assim como com ações pedagógicas assíncronas.

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(*Texto publicado em 17 de junho de 2021)

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Saiba mais: www.asociacionmasaya.org/

 

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