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Ministério de Cultura da Argentina lança Identidades, site de conteúdos e saberes culturais comunitários
Em 13, Maio 2021 | Em Notícias |
Organizações e projetos comunitários de todo o território argentino agora contam com um espaço de encontro virtual para compartilhar seus conhecimentos, experiências e produções. O site Identidades, que já está disponível com cerca de 500 publicações (em sua maioria, material audiovisual e de rádio), é uma iniciativa da Secretaria de Gestão Cultural do Ministério de Cultura da Argentina levada a cabo pela Direção Nacional de Diversidade e Cultura Comunitária.
Mais de 130 pessoas participaram do evento de lançamento do site, via Zoom, na sexta-feira, 7 de maio. Além de representantes de organizações culturais comunitárias de diferentes regiões do país, a apresentação contou com intervenções do ministro da Cultura, Tristán Bauer; do secretário de Gestão Cultural, Maximiliano Uceda, e do diretor nacional de Diversidade e Cultura Comunitária, Gianni Buono.
María Cabrejas, coordenadora de comunicação da Direção Nacional de Diversidade e Cultura Comunitária e responsável pelo site, abriu o encontro virtual destacando o trabalho conjunto realizado para a construção de Identidades, e o propósito de que este espaço continue a se multiplicar, dando visibilidade às iniciativas culturais comunitárias, ajudando a estabelecer redes.
“Identidades nasceu com o objetivo de dar visibilidade à diversidade das organizações comunitárias, fortalecendo os laços de solidariedade. É uma janela para o setor comunitário comunicar suas ações, suas ideias, seus projetos, e compartilhar experiências socioculturais em âmbito federal. Projetos que nos façam pensar, emocionar, fazer circular a memória coletiva, as vozes, a arte, as lutas e as culturas das comunidades”, afirmou a comunicadora. “(…) Apesar da situação difícil que estamos passando, as comunidades nos ensinam em cada projeto, em cada documentário, em cada programa de rádio que nos mandam, a enfocar o que é importante: a solidariedade, a verdade, a justiça e a beleza.”
Eixos de atuação
O site hospeda documentários, ficções, spots, entrevistas, palestras, podcasts, peças de rádio, videodança e musicais, entre outros materiais produzidos por grupos, organizações e projetos culturais, além de órgãos e programas estaduais. Cada conteúdo é acompanhado de informações sobre a origem, gênero, tema e canais de contato de seus realizadores, para facilitar o intercâmbio e promover a construção de vínculos colaborativos entre os/as usuários/as.
Os conteúdos são organizados em seções que representam as principais linhas de trabalho da cultura comunitária. “Territoriales”, por exemplo, é dedicado a experiências de trabalho coletivo, lutas e construções comunitárias, projetos sociais e de economia popular. “Raíces”, por sua vez, reúne produções e experiências que valorizam o conhecimento das comunidades indígenas, cultura afro, coletividades e migrantes.
Há também seções como “Diversxs” (para projetos com perspectiva de gênero e ativismos LGBTQI+), “Em Memória” (para a construção coletiva da memória histórica), “Em movimento” (para expressões teatrais, esportivas e artísticas, de corporalidades), “Rádio” (conteúdos sonoros e produções coletivas para rádios comunitárias), “Histórias” (projetos narrativos e experimentais, literários, fotográficos e cinematográficos), “Musicais” (produções musicais solo e coletivas vinculadas a organizações comunitárias) e “Caixa de ferramentas” (recursos educacionais, recreativos e experiências educacionais comunitária).
Uma perspectiva federal e solidária
Como as autoridades apontaram no evento de lançamento, Identidades é um convite para compartilhar histórias, experiências e projetos que promovam uma perspectiva federal e a construção de uma sociedade mais solidária, justa e inclusiva. “Valorizemos este conhecimento diverso, esta heterogeneidade cultural que nos tornou tão fortes e tão diferentes no mundo. Esta é mais uma ferramenta para colocar a Argentina de pé com uma perspectiva federal e solidária”, disse Gianni Buono, diretor nacional de Diversidade e Cultura Comunitária, esperando que este espaço seja “o início de um caminho muito próspero e, sobretudo, muito participativo por parte das organizações”.
Para Maximiliano Uceda, secretário de Gestão Cultural, “estas plataformas permitem-nos amplificar a voz que já existe, que é a voz dos territórios, que é a voz que se produz constantemente e que é o que configura uma identidade coletiva”. Ao comentar a importância de políticas públicas como a dos Pontos de Cultura, que legitimam o que já tem legitimidade territorial, Uceda disse que Identidades será uma grande janela para se chegar a uma política com a capilaridade necessária aos territórios. “E que entendamos e nos colocamos à disposição do territorial como grande configurador do comunitário, do cultural, como grande parte do que significa ser argentina e argentino”.
Antes da intervenção do ministro da Cultura, representantes de organizações culturais comunitárias que enviaram conteúdo para o novo site falaram sobre a iniciativa e a importância de ter um espaço como este para compartilhar suas experiências. Ariel Ogando falou em nome do Wayruro, um coletivo de comunicação popular fundado em 1994 em Jujuy. Mariana Villani, pelo coletivo feminista Red Magdalenas; Julian Rossini, pela Orquestra La Casita de los Pibes; Nacho Aguilar, por La Mosquitera, rádio comunitária de Mendoza; Estela Calvo, pelo Res o no Res, grupo de teatro comunitário de Buenos Aires; e os jovens rappers Fabian e Luis, pelo projeto intercultural Ha’e Kuera Ñande Kuera, de Puerto Iguazú, Misiones.
Além deles, Gustavo Cataldi apresentou Birritácora, documentário transmídia sobre o cineasta Fernando Birri (1925-2017), um dos conteúdos que se destaca em Identidades. “Birritácora pretende abranger toda a obra artística de Birri, que foi um artista multifacetado, cineasta, pintor, titereiro, ator, poeta. A ideia é reunir toda a sua arte e sua marca, numa construção comunitária e coletiva, (…) e ter neste espaço um ponto de encontro onde possamos nos conhecer, armar redes e continuar a expandir e manter viva a chama do Fernanda”, comentou Cataldi.
Ao tomar a palavra, o ministro Tristán Bauer celebrou as iniciativas culturais comunitárias apresentadas e afirmou como é fundamental, nos tempos em que vivemos, continuar com o trabalho territorial. “Somos filhos desses encontros, dessas mobilizações massivas, desses encontros, desses abraços, desse marchar juntos, mas nos últimos anos, e ainda mais agora na pandemia, é imprescindível habitar esse território virtual, povoá-lo, vivê-lo”, ressaltou.
Segundo Bauer, Identidades é uma nova ferramenta para continuar construindo esse entramado cultural no território virtual. “Estamos dando um primeiro passo muito importante. Façamos crescer este espaço entre todos nós, pela memória de tantos colegas que, dos seus bairros, das suas casas, dos seus centros culturais, dos seus teatros independentes, das suas escolas, constroem dia a dia esta trama. (…) Em tempos de pandemia, e quando sairmos mais fortes desta pandemia, vamos encontrar no Identidades um local para partilhar os nossos conhecimentos e para gerar, criar e promover uma verdadeira cultura comunitária”.
(*) Pessoas interessadas em enviar conteúdo, compartilhar projetos ou experiências dentro do site devem escrever para identidades@cultura.gob.ar.