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Manifesto: IberCultura Viva + 10 anos
Em 26, nov 2024 | Em Destaque |
[Tecer Memórias, Celebrar a Diversidade, ampliar redes e construir o futuro]
O IberCultura Viva completou uma década em 2024! Mais do que celebrar o êxito do programa de cooperação entre países, os 10 anos do IberCultura Viva são um convite para cada nação integrante puxar o fio e tecer a memória de suas experiências com a Cultura Viva e refletir sobre esse movimento de entrelaçar as políticas culturais de base comunitária na Ibero-América. Mas, o fio desta história é ancestral; começa com os modos de vida, tradições, saberes e fazeres dos povos originários e de matriz africana. Como o próprio nome desta política sugere: a cultura é viva, pulsante e está em constante transformação nas comunidades, seja nos centros urbanos, nas áreas rurais, em todos os biomas, nas periferias. Portanto, celebrá-la é um exercício de reflexão dos países sobre suas identidades e diversidade cultural.
É também um chamado para a reafirmação da autonomia e do protagonismo dos grupos culturais, que tanto contribuem para o bem-viver, a transformação social e a conexão entre as pessoas nos locais onde atuam. Essas iniciativas culturais são a representação das raízes culturais mais profundas da sociedade, mas também da inovação, da força da criatividade, com suas múltiplas manifestações e linguagens.
Isso é a Cultura Viva Comunitária, hoje presente com políticas ativas em 13 países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Espanha, México, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai. Embora esses territórios sejam tão diversos e até mesmo separados pela geografia, eles se unem em suas histórias e perspectivas e pelo entendimento comum sobre a importância das culturas existentes nas comunidades. Essa conexão ultrapassa o campo das ideias e se materializa em encontros presenciais, diálogos, ações conjuntas e o intercâmbio cultural entre os agentes e as redes de organizações comunitárias, de Pontos de Cultura.
Quando se fala em IberCultura Viva, é preciso pensar além das representações governamentais dos Estados membros. Assim como na natureza, onde cada árvore, rio e ser vivo desempenha um papel essencial no equilíbrio do ecossistema, todos os grupos culturais fortalecidos, fazedores e fazedoras de cultura, pessoas impactadas por essas ações e suas experiências compõem essa grande teia Cultura Viva que se formou na região ibero-americana.
O momento de resgatar a história tecida com a Cultura Viva inevitavelmente nos leva a pensar no futuro, assim como uma flecha, que quanto mais a puxamos para trás, mais a projetamos para a frente. Dessa analogia indígena, surge a pergunta: qual o mundo que almejamos alcançar?
Embora a cultura não seja um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, ela dá significado a todos eles, pois a cultura é a forma de compreender o mundo e a própria existência, de respeitar as diferenças e ampliar o olhar sobre a humanidade. Além disso, a Cultura Viva tem em seu DNA o compromisso de preservar e promover o acesso aos saberes e práticas advindas especialmente dos povos indígenas e de matriz africana, que se veem como parte da natureza, possuem cosmovisão diferenciada e há séculos dominam essa relação mais harmônica na qual os seres humanos são parte da natureza.
Vamos seguir lado a lado, trabalhando irmanados, construindo o Ibercultura Viva que traz resultados muito positivos nessa trajetória. Agora miramos no horizonte e lançamos com força a flecha adiante, para conquistar mais uma década de travessia, com cooperação, política cultural de base comunitária e participação social.
Vamos seguir tecendo esse futuro, linha a linha, ponto a ponto, numa grande teia para enfrentar os desafios da emergência climática, para habitarmos um mundo cada vez mais sustentável, igualitário, sem preconceitos e guiado por valores democráticos e de justiça social.
Viva a Cultura Viva!
Viva as comunidades!
Viva os pontos de Cultura!
Viva os países do IberCultura!
Viva a Cooperação Ibero-Americana!