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Impressões de viagem (VII): Dois representantes de Pontos de Cultura peruanos contam suas vivências no Congreso de Quito
Em 01, fev 2018 | Em Notícias |
O 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em Quito (Equador) de 20 a 25 de novembro de 2017, reuniu cerca de 450 participantes provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Cinquenta deles foram selecionados no Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017. Receberam passagens aéreas para acompanhar as atividades do congresso e voltaram repletos de histórias para contar sobre os seis dias de encontros, espetáculos, palestras, debates, exposições, círculos da palavra e percursos culturais que tiveram a oportunidade de ver/ouvir/viver lá.
A seguir, compartilhamos algumas das impressões relatadas em informes de viagem por dois representantes de Pontos de Cultura peruanos ganhadores deste edital: Cipriano Huamancayo e Javier Maraví.
Cipriano Huamancayo e os pactos de cultura
Cipriano Huamancayo Aguilar é diretor do Grupo Cultural Pukllay, um Ponto de Cultura de Lima que começou suas atividades em 1999, quando um grupo de jovens decidiu expressar a partir do teatro seu olhar da sociedade. Com o objetivo de criar pontes e se reencontrar com a sua cultura, a sua identidade, esta agrupação passou a dedicar-se não somente à criação de obras de teatro mas também à realização de fóruns, oficinas, festivais, etc.
Ao ganhar o Edital de Mobilidade 2017, Cipriano foi também convidado a participar do 2º Encontro de Redes IberCultura Viva, realizado durante o 3º Congresso Latino-americano de CVC. Além de representantes de governos locais e dos países membros do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva, esta mesa de trabalho contou com a presença de representantes de quatro organizações culturais comunitárias que tiveram incidência no desenvolvimento de políticas públicas em nível local.
Na ocasião, Cipriano apresentou a experiência peruana, contando um pouco dos 18 anos de trajetória do Grupo Pukllay e os pactos de cultura realizados em sua localidade, tendo como base três eixos de trabalho: a promoção dos direitos culturais e da diversidade cultural; o fortalecimento da cidadania através de atividades culturais, e o fomento de uma cultura de paz, reconhecimento e defesa dos direitos humanos.
“A experiência neste 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária foi enriquecedora pelas múltiplas experiências de trabalho comunitário a partir da cultura viva que têm se conglomerado e compartilhado.Também tem contribuído e me motivado a seguir neste trabalho como gestor cultural em minha localidade”, afirmou, em seu informe de viagem.
Além da mesa do 2º Encontro de Redes, Cipriano participou de atividades como as plenárias e assembleias do Conselho Latino-americano de CVC, do círculo da palavra “Legislação e políticas comunitárias”, do encontro de teatro comunitário (onde conheceu a experiência de trabalho das companheiras da Argentina), do “Percurso histórico teatral”, do circuito organizado pelo Espacio 412 em San Antonio-Mitad del Mundo, e das atividades culturais ao ar livre organizadas pelo 3º Congresso.
“A experiência me deu a oportunidade de conhecer uma variedade de experiências de trabalho comunitário tanto em nível social como também político, e isso era o que necessitávamos como organização aqui em minha localidade”, comentou. “Assim poderemos fortalecer nossa organização com nossa localidade e olhar como latino-americanos a contribuição que cada de um de nós dá a partir da Cultura Viva, trocando experiências com amigos de outros países de forma virtual e mais constante.”
Segundo Cipriano, a semana vivida no Equador acabou fortalecendo também a articulação da caravana peruana. “Durante o congresso realizamos várias assembleias para nos integramos melhor e agora estamos em reuniões, mais motivados a formar a Plataforma Nacional de CVC, assim como também a organizar um Congresso Latino-americano de CVC no Peru.”
Javier Maraví e os sonhos reais
Javier Maraví é diretor do Centro Cultural Waytay, uma associação de artistas profissionais que “semeia sonhos reais” desde 1991 a favor da arte e da educação em seus diferentes ramos, como a pesquisa, criação, difusão, publicação, oficinas, eventos e festivais. A organização, que também é um Ponto de Cultura em Lima, abriga agrupações como o Teatro Waytay, os Títeres “Poc Pocs”, as Oficinas “Floreciendo”, os Blocos “Comparsa comunitaria” e a Batucada “Rompiendo el silencio”.
Para ele, foi uma “experiência muito grata” assistir pela primeira vez a um Congresso de Cultura Viva Comunitária. “Poder compartilhar experiências com outras organizações — já que venho do campo teatral, com as duas organizações argentinas que apresentaram obras no congresso (Chacras para Todos encenou “De muros a puentes”, e a Cooperativa La Comunitaria, “Se cayó el sistema”) — foi um aprendizado vivencial, digno de replicar em minha comunidade”, comentou Javier em seu informe de viagem.
Nos dias do congresso no Equador, ele esteve em vários círculos da palavra, nas reuniões de coordenação da delegação peruana, nas sessões teatrais, nos circuitos culturais, na feira multicultural e na plenária final, onde se decidiu que o próximo congresso será na Argentina.
“Quero destacar a articulação que se deu por parte do meu país, as novas organizações, as novas experiências que estão se dando no interior do Peru, assim como também a abertura e a união de vários frentes ou movimentos, como a Plataforma de CVC, Más Cultura Más Perú, os Pontos de Cultura do Ministério de Cultura, a Municipalidade de Lima, e as organizações do interior do país”, destacou.
“Em meu distrito, El Agustino, se elaborou uma Ordenanza (Lei) de Cultura Viva Comunitária. Agora se encontra em revisão pela gerência da Municipalidade, e depois passará à Assembleia de Vereadores, com a esperança de seja aprovada. Estivemos na elaboração dos rascunhos, e quando voltamos do congresso pudemos terminar o último esboço”, contou.
Novos desafios
Além de agradecer aos organizadores do 3º Congresso Latino-americano de CVC, Javier saudou os companheiros da Argentina por solicitar a tarefa de organizar o próximo e celebrou o interesse de Cuba de se somar à rede de cultura viva comunitária que vem ganhando o continente nos últimos anos. “A renovação, a aprendizagem, o intercâmbio nos enriquece e também nos oferecem novos desafios, novos caminhos, novas perguntas. Estamos alegres de ver o movimento crescendo cada vez mais, com vontade de nos interessar por mais temas também”, observou.
“Uma grande tarefa para todos nós, as organizações de CVC: como chegaremos ao 4º Congresso, com que tarefas cumpridas, o que mostraremos e intercambiaremos quando voltarmos a nos ver, como nos reafirmaremos neste grande caminho, de quem podemos compartilhar experiências, como será nosso agir neste tempo que falta? Temos dois anos para seguir amadurecendo nossos processos”.
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